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NB 206.560.861-1
Simplesmente REAFIRMANDO A DER para a DCB ou até mesmo alguns dias antes, o Sr.
Celso já havia preenchido os requisitos para Aposentadoria por Tempo de Contribuição – Regra
de transição Pontos com um coeficiente de 102%.
Art. 222.
Art. 589.
§ 1º Na hipótese de o segurado ter implementado todas as condições para mais de uma espécie
de aposentadoria na data da entrada do requerimento e em não tendo sido lhe oferecido o
direito de opção pelo melhor benefício, poderá solicitar revisão e alteração para espécie que
lhe é mais vantajosa.
Portanto, por mais que o INSS não tenha reconhecido alguns períodos essenciais,
somente com a Reafirmação da DER para antes da data de concessão, o requerente já teria um
benefício muito superior ao que foi deferido.
DO PERÍODO DE EXPERIÊNCIA
O requerente iniciou seu vínculo com a empresa Chesterton do Brasil em 05/04/2000 e
não em 06/07/2000, como considerou a Autarquia previdenciária.
Apesar de estar, por todo o período, exposto ao ruído no chão de fábrica, a Perícia
Médica não enquadrou 04 (quatro) períodos, dos quais, trarei a refutação de cada um em
ordem cronológica, com o recorte dos itens 13, 14 e 15 do PPP:
Não obstante, nas observações do PPP, consta que, além do documento ser
contemporâneo, os resultados expostos no item 15 (Exposição a fatores de risco) são
resultantes de uma exposição habitual e permanente, não ocasional nem intermitente.
Todavia, este período não foi enquadrado pela perícia do INSS, com a seguinte
justificativa:
Primeiramente a fundamentação aponta para “nos termos da legislação vigente à
época” e o decreto mencionado na fundamentação para a negativa é de 11/2003, sendo que o
período analisado remete aos anos 80. Dessa forma, não merece prosperar a fundamentação
aqui apresentada com base no Decreto nº 4.882 de 18/11/2003.
Além disso, aponta que não é possível caracterizar a permanência de exposição ao ruído
apenas com base em trecho recortado da atividade.
Ora, o médico perito esqueceu de completar a citação, na qual o documento afirma que
as atividades eram feitas no local de trabalho e não em uma sala de aula afastada do ruído.
Visto que, a descrição do trabalho como aprendiz de mecânico geral implica necessariamente
em exposição contínua ao ruído, já que a atividade prática em um ambiente mecânico
geralmente envolve o uso constante de máquinas e ferramentas que emitem muito barulho.
Para refutar os argumentos trazidos pela Autarquia, no próprio PPP, que apontado
(Observações), indica a exposição de modo habitual e permanente, não ocasional nem
intermitente para os níveis de ruído apresentados.
Mas, mesmo assim o INSS negou o reconhecimento deste período, com o seguinte
fundamento:
Não tem fundamento o não enquadramento do referido período pela perícia do INSS.
Isso porque não há nenhum embasamento técnico ou legal para desconstruir o PPP dessa
forma. Não foi citado o que está em desacordo com a NR 15, tampouco o que deveria constar
para que houvesse o enquadramento, apresentando assim, argumentação genérica e não
precisa, diante do PPP que apresenta todos os elementos para comprovação da exposição.
Em relação ao código GFIP não informado ou o seu preenchimento com 00, não deve
impedir o enquadramento do período como especial, uma vez que o obreiro não deve ser
duplamente penalizado por ato que não é de sua responsabilidade.
“E isto porque, inda que conste o código zero no campo do PPP relativo à GFIP, não há
impedimento à consideração da atividade como especial, em que pese o INSS entender que
tal reconhecimento ficaria sem custeio específico, ante a ausência das contribuições
dispostas nos arts. 57, §§ 6.º e 7.º, da Lei n.º 8.213/91, e art. 22, inc. II, da Lei n.º 8.212/91,
porquanto, se estiver comprovado o trabalho em condições adversas à saúde do trabalhador,
a mera ausência do código ou o preenchimento equivocado no referido documento não
obsta o direito do trabalhador ao cômputo do tempo especial, uma vez que o INSS possui os
meios necessários para sanar eventual irregularidade constatada na empresa, não podendo
o segurado ser penalizado por falha do empregador. (Relator Des. JOÃO BATISTA PINTO
SILVEIRA. APELAÇÃO CÍVEL Nº 5001600-80.2015.4.04.7118/RS. 03/05/2018).”
Veja a análise feita no mesmo processo mas para o período compreendido entre
01/11/1983 até 31/08/1984, o qual abarca a mesma legislação que o período totalmente não
enquadrado que acabamos de ver:
Colocarei agora o que está contido no PPP, tanto deste período que foi INTEGRALMENTE
ENQUADRADO como do anterior que foi totalmente não enquadrado.
Mesmo Fator de risco (15.3), mesma Técnica Utilizada (15.5) e ambos com GFIP 00.
Ora, se neste o perito federal enquadrou devido a NR 15 anexo I, como pode o período
anterior, conter as mesmas indicações no PPP que este, e ter sido totalmente não enquadrado?
Não consigo responder, mas venho requerer que os conselheiros de Junta de Recursos
reconheçam a atividade especial dos períodos não reconhecidos pelo INSS.
A negativa do INSS para o enquadramento deste período não deve prosperar, pois há
elementos para convicção. O Documento traz a exposição a 91 dB(A), informa que a exposição
é habitual e permanente, não ocasional nem intermitente.
Sendo assim, passa-se à análise detalhada das atividades especiais desenvolvidas, bem
como das razões pelas quais a decisão deve ser revista.
No que se refere à prova da atividade especial, cabe tecer breves considerações sobre o
chamado “Adicional do SAT”. Tal espécie de contribuição deve ser recolhida em percentual
proporcional ao grau de nocividade da exposição do empregado aos agentes agressivos,
exclusivamente sobre a remuneração do segurado.
Neste ponto, importante mencionar que o esmero do segurado em obter o PPP cessa
seu dever de comprovação, cabendo ao INSS FISCALIZAR o empregador, bem como consagrar
o direito do segurado requerente ao melhor entendimento e enquadramento, conforme
obriga a Portaria INSS/DIRBEN Nº 991 DE 28/03/2022:
(...)
Art. 5º A Perícia Médica dará ciência ao segurado, por meio da Carta de Comunicação
ao Segurado de Inspeção no Ambiente de Trabalho (Anexo IV), da data e hora de
realização da inspeção, informando-lhe da possibilidade da participação do
representante do sindicato da categoria e/ou do seu médico assistente.
Por outro lado, caso restem frustradas as diligênicias fiscalizatórias, deverá ser
promovida justificação administrativa para sanar eventuais pendências remanescentes. Sobre a
justificação administrativa, tem-se que[1]:
[...] é possível utilizar esse procedimento para qualquer tipo de fato alegado no
processo administrativo que não possua provas suficientes, exceto nos casos de fatos
confirmados por registros públicos. (sem grifos no original)
Empresa: ${informacao_generica}
Por sua vez, nos demais interregnos, o Recorrente apresenta regular registro em sua
CTPS, constando a informação que desempenhou o ofício de auxiliar de armazém, em
estabelecimento de comércio e indústria de cereais. Outrossim, os formulários de PPPs desses
lapsos também informam que o Segurado trabalha no setor de recebimento do arroz,
desempenhando as atividades de carga e descarga de produtos e limpeza do ambiente de
trabalho.
${informacao_generica}
Consta, ainda, que os empregados que trabalhavam nesse setor estavam expostos aos
agentes nocivos ruído (89,7 dB) e sílica. Perceba-se:
${informacao_generica}
${informacao_generica}
Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de
agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de
concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.
(...)
Ocorre que a referida lista de agentes cancerígenos foi recentemente editada pelo
Ministério do Trabalho (Portaria Interministerial MTE/MS/MPS nº 9, de 07 de outubro de 2014 -
DOU 08/10/2014), na qual consta que a poeira de sílica cristalina é reconhecidamente
cancerígena!
Empresa: ${informacao_generica}
${informacao_generica}
${informacao_generica}
Além disso, repise-se que a poeira que o Segurado estava exposto (poeira de sílica),
conforme Portaria Interministerial MTE/MS/MPS nº 9, de 07 de outubro de 2014 - DOU
08/10/2014, é reconhecidamente cancerígena!
Empresa: ${informacao_generica}
${informacao_generica}
A respeito da última atividade desempenhada, perceba-se também a descrição
constante no LTCAT emitido em 2004 pela empresa:
${informacao_generica}
Nesse sentido, o laudo citado é claro em afirmar que o Recorrente estava exposto a
ruído e sílica:
${informacao_generica}
Empresa: ${informacao_generica}
${informacao_generica}
Por fim, no último período o Recorrente desenvolveu o ofício de operador industrial II,
conforme registro em sua CTPS.
No formulário de PPP apresentado, o qual abrange os dois lapsos, consta a descrição
das atividades desenvolvidas, bem como a menção de que o Segurado estava exposto aos
agentes nocivos ruído, calor e poeira não fibrogência:
${informacao_generica}
(...)
II - processar JA; e
Por fim, a tabela a seguir demonstra, de forma objetiva, que o Recorrente implementou
os requisitos indispensáveis a concessão de aposentadoria especial:
04 anos, 04 meses e 04
Aux. Atividade considerada n
${data_generica} ${data_generica} ${informacao_generica}
Armazém base Decreto 53.831/64
e 2.5.6.
01 ano e 05 meses e 01
${data_generica} ${data_generica} ${informacao_generica} Aux. industrial Atividade considera noc
no Decreto 3.048/99, ite
Outrossim, registre-se que esse julgado passou a ser PRECEDENTE VINCULANTE com o
advento com Código de Processo Civil de 2015, conforme dicção do artigo 927. Destarte,
inaplicável o disposto no artigo 57, § 8º, da Lei 8.213/91.
Ademais, nos termos do art. 15 do códex referido, as disposições do CPC serão aplicadas
supletiva e subsidiariamente nos processos administrativos.
Desta forma, verifica-se que os precedentes judiciais deverão ser fielmente observados
pelos tribunais administrativos, sobretudo porque a interpretação sistemática do ordenamento
jurídico pátrio não deixa qualquer dúvida a respeito da ilegalidade/inconstitucionalidade da
inserção de norma que tenha por objetivo deixar de observar os precedentes
supramencionados.
Trata-se de regra que deve ser interpretada extensivamente para concluir-se que é
omissa a decisão que se furte em considerar qualquer um dos precedentes obrigatórios nos
termos do art. 927 do CPC.[3]
e) Caso não seja apurado tempo de serviço especial do benefício até a DER,
requer o cômputo dos períodos posteriores, e a concessão de aposentadoria especial,
com a DER para a data em que o segurado preencheu os requisitos do benefício, com
fulcro no art. 577 da Instrução Normativa INSS/PRES nº 128/2022;
Nesses termos,
Pede deferimento.
[1] MAUSS, A.; TRICHES, A.S. Processo administrativo previdenciário. 3. ed. rev. atual. e
ampl. Caxias do Sul: Plenum, 2015. p. 269.
[2] Didier Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito
probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da
tutela. Salvador: Jus Podivm, 2015. v. 2. p. 455.