NORMA OPERACIONAL DE CONTROLE DISCIPLINAR – MÓDULO
GERAL:
Antes de falar sobre a Norma Operacional de Controle Disciplinar, é
necessário nos deter um momento sobre o contexto em que a Ebserh está inserida, pois a aplicação de penalidade ao empregado de uma empresa privada difere da aplicação de penalidade ao empregado público. Embora ambas estejam ancoradas no Poder Disciplinar do empregador, o que significa dizer que o empregador pode impor sanções aos empregados diante do descumprimento das suas obrigações contratuais, há duas diferenças consideráveis. A primeira é que enquanto o empregador privado tem a opção de apurar ou não o descumprimento das obrigações do empregado, a Ebserh, por ser uma entidade da Administração Pública Indireta, por imposição dos princípios constitucionais e administrativos, dentre eles os Princípios da Eficiência e da Indisponibilidade do Interesse Público, tem o dever de apurar qualquer conduta irregular. Dessa forma, a apuração de responsabilidade na Ebserh visa obedecer os princípios da Constituição Federal e no ordenamento infra-legal, não com o objetivo único de imposição de sanções, mas principalmente com a finalidade de “restabelecer, de forma equilibrada e justa, a normalidade dos serviços prestados pelos empregados”, visando a máxima produtividade da entidade, segundo nos ensina o Manual de Direito Disciplinar para Empresas Estatais da Controladoria-Geral da União. A segunda diferença primordial é que, de acordo com a atual jurisprudência, o empregado público não poderá ser dispensado sem que haja uma motivação expressa. Em todo caso, a aplicação de qualquer pena disciplinar ao empregado público deve estar fundada em elementos de convicção tão fortes e consistentes que não permitam dúvidas quanto ao cometimento de falta funcional. E embora as estatais não necessitem realizar o processo disciplinar nos moldes do previsto pela Lei nº 8.112/90, se a estatal definir em seu regulamento interno que há necessidade de realização de prévio processo para a aplicação de pena disciplinar, nenhum empregado poderá sofrer sanção sem que seja submetido a tal processo, no qual inclusive deverá ser resguardada a observância aos Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa. Esse é o caso da Ebserh, pois o seu Regulamento de Pessoal prevê no art. 54, parágrafo único o seguinte: “A aplicação de penalidade disciplinar será precedida de procedimento apuratório conforme estabelecido em norma específica.” Assim, a edição desta Norma Operacional de Controle Disciplinar cumpre regulamento interno da Ebserh. Por isso se caracteriza como o único procedimento de apuração de fatos irregulares através do qual é possível responsabilizar o agente público em exercício na Ebserh. Da mesma forma que o art. 55 do Regulamento de Pessoal da Ebserh prevê uma gradação de penalidades de acordo com a gravidade da falta cometida, havendo ou não reincidência, sendo que as únicas penalidades possíveis são a advertência, a suspensão por até trinta dias e a rescisão contratual por justa causa, também a Norma Operacional de Controle Disciplinar prevê diferentes procedimentos de acordo com a gravidade da conduta praticada. Para as infrações leves poderá ser utilizado o Rito Sumário, que é um procedimento menos formal e mais rápido para a aplicação de advertência. Para as infrações leves (se já tiver sido aplicada anteriormente uma penalidade de advertência por fato diverso) e para as infrações médias, poderá ser ofertado ao empregado a possibilidade de realizar um acordo com a Administração Pública, desde que obedecidos determinados pré-requisitos. Ou seja, para evitar a instauração do Processo Administrativo Sancionador, o empregado celebrará um Termo de Ajustamento de Conduta, com duração entre 6 meses a 2 anos, e no qual se compromete a ter comportamento não reprovável. Para as infrações médias ou graves deverá ser instaurado inicialmente a Investigação Preliminar para apuração do fato, sendo que nesta não se considera ainda a acusação de qualquer empregado, pois a investigação servirá para definir a materialidade do fato e a autoria. Nesta fase não há contraditório e ampla defesa porque não há empregado público denunciado. Terminada a Investigação Preliminar, e constatadas tanto a materialidade quanto a autoria do fato, deverá ser instaurado o Processo Administrativo Sancionador, ao fim do qual será possível a absolviçãoou aplicação de penalidade (advertência, suspensão ou rescisão por justa causa). Nessa fase é concedida ao empregado público da Ebserh todo tipo de garantia processual, desde o direito de acompanhar o processo, de participar da produção de provas até a garantia de ser representado por defensor dativo nomeado pela Ebserh, caso não responda à citação para apresentar defesa escrita. É possível, inclusive, que ao final do processo, o empregado tenha direito a interpor recurso, caso não concorde com a decisão emitida. Importante ressaltar também que as principais inovações desta Norma Operacional de Controle Disciplinar não são somente estes novos instrumentos de correição, mas também o julgamento colegiado, tanto nos HUs quanto na Sede, para diminuir o risco de desvios de entendimento e de parcialidade das decisões. Destaque-se que a apuração disciplinar é concorrente entre a Corregedoria- Geral e os HUs, pois em determinadas situações há a instauração direta pela Corregedoria-Geral, como para apuração de condutas irregulares que envolvam Superintendentes e Gerentes ou que tenham repercussão nacional, dentre outras. Apesar da necessidade de sigilo para o público em geral, enquanto não seja publicada a decisão final de qualquer processo, a Corregedoria-Geral espera que haja transparência no uso dos instrumentos correcionais e, da mesma forma, que a prática da correição seja mais um dos elementos que a Ebserh possa se utilizar para garantir o cumprimento de sua missão de gerir os HUs, de prestar saúde de excelencia e de garantir um cenário de prática adequado ao ensino e pesquisa para docentes e discentes.