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Sumário:
afirmativa de que, recebendo semanalmente, tem o empregado a sua vida financeira mais bem
organizada. Na realidade, as dificuldades monetárias são as mesmas, quer se trate de empregado
que receba por semana, como por quizena ou mês. Igualmente, o fato de receber por semana não
torna o empregado mais facilmente substituível do que aquêle que perceba mensalmente.
Quanto ao fundamento jurídico da graduação do prazo do aviso prévio pelo tempo do pagamento,
parece que se assenta na tese de Rubem de Couder, citado por Bento de Faria, para o qual os
contratos de trabalho sem estipulação de prazo renovam-se continuamente, de pagamento a
pagamento. Assim, de acordo com essa tese, o aviso prévio constitui uma denúncia do contrato
de trabalho, feita sempre por ocasião do pagamento, implicando na sua não renovação, a partir do
próximo pagamento.3
Sem embargo de terem Sussekind-Lacerda-Viana aceito esse fundamento, ao admitirem que
“alguma razão assiste a tais autores, porque a estipulação do prazo para pagamento, constitui, a
nosso ver, um compromisso que se realiza em etapas sucessivas, não havendo como se negar que
tal compromisso, assumido antecipadamente, como cláusula contratual, se tornaria efetivo desde,
e sempre, o início de cada prazo, implicando a obrigatoriedade da terminação dêste, só depois da
qual se poderia falar em rescisão do contrato”,4 a verdade é que tal conclusão somente poderia
nascer, como de fato nasceu, antes do advento do moderno Direito do Trabalho. Atualmente, o
princípio da renovação sucessiva do contrato de trabalho por tempo indeterminado, de pagamento
a pagamento, é inaceitável, pois, se admitido faltaria apoio ao instituto da indenização por
despedida injusta. De fato, se o contrato de trabalho por tempo indeterminado se renovasse de
pagamento a pagamento, ao rescindi-lo o empregador, mediante o aviso prévio, ainda que o
empregado tivesse mais de um ano de serviço, sem o cometimento de qualquer falta grave, não
cometeria qualquer abuso de direito, razão pela qual não se justificaria a sua condenação ao
pagamento de uma indenização ao empregado despedido. Isso, no entretanto, não ocorre, porque,
de acordo com os princípios aceitos pela nossa legislação do trabalho, o tempo de serviço do
empregado, que tenha trabalhado continuamente sob o regime do contrato por tempo
indeterminado, é indivisível, gerando importantes direitos como, por exemplo, o da estabilidade no
emprêgo.
Não se justifica, portanto, a aceitação por parte da Consolidação do sistema adotado pelo Código
Civil (LGL\2002\400). Como se vê pelo art. 487 da Consolidação, esta se limitou a aumentar os
prazos do aviso prévio estabelecidos pelo art. 1.221 do Código Civil (LGL\2002\400), para três dias
se o empregado percebe diàriamente o seu salário; oito, se o pagamento fôr efetuado por semana
ou tempo inferior; e de trinta, nos demais casos. Foi, nessas condições, mantida a tradição da
legislação anterior, de se graduar o prazo do aviso prévio pelo tempo que medeia entre um
pagamento e outro do salário, tradição essa inteiramente condenável, como demonstramos.
Não pretendemos com isso avançar até o ponto onde chegou Barassi,5 para o qual o aviso prévio
deveria abranger todo o tempo em que o empregado permanecesse à procura de novo emprêgo,
somente cessando quando o trabalhador conseguisse, a final, nova colocação.
Da mesma maneira, de acordo ainda com o insigne jurista, somente poderia o empregado se retirar
definitivamente do emprêgo depois da admissão de um substituto por parte do empregador.
A nosso ver, a solução apontada se apresentaria como um verdadeiro ideal, caso não fôsse
impraticável devido às numerosas dificuldades que se antepõem à sua realização.
Resta, pois, a solução que se nos afigura como a mais acertada, a qual é encontrada na lei
italiana. O prazo do aviso prévio, segundo essa legislação, é graduado de acordo com o tempo de
serviço e a categoria do empregado.6
Não há dúvida que êsse sistema atende muito mais às realidades sociais. O empregado de
categoria elevada, ao ser dispensado, encontra, na maioria dos casos, dificuldades muitíssimo
maiores do que o simples operário para conseguir um novo emprêgo, pois tem que lutar contra o
fator confiança, enorme em seu caso, e se munir de tôda sorte de apresentações. Igualmente, ao
se retirar do emprêgo um trabalhador braçal, quase imediatamente consegue o empregador um
substituto. Tal, no entretanto, não acontece no caso de demissão de empregado de categoria
elevada, onde o fator confiança ou alta especialização exige uma cuidadosa seleção que, para ser
efetivada, requer um prazo mais ou menos longo.
Daí decorre que seria salutar a introdução dêsse sistema no futuro Código do Trabalho, o qual
poderia estabelecer uma graduação do prazo do aviso prévio de acordo com as diferentes
categorias, tendo em vista a escala hierárquica, e o tempo de serviço do empregado.
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17/04/13 Envio | Revista dos Tribunais
3 Bento de Faria, “Código Comercial Brasileiro (LGL\1850\1)”, 3.ª ed., pág. 104.
4 Sussekind-Lacerda-Viana, “Direito Brasileiro do Trabalho”, Rio, 1943, 2.º vol., pág. 420.
5 Ludovico Barassi, “II Diritto dei Lavoro”, Milão, 1936, 2.º vol., pág. 410.
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