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O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Dimensões, corolários, em especial no processo civil

Prática Jurídica Interdisciplinar – Turma A


• Afonso Ferreira, 003562
• Diogo Sampaio, 003581
• Flávia Pereira, 003537
• Luana Santos, 003621
ARTIGO 13.º CRP
PRINCÍPIO DA IGUALDADE

1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. 

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de
qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções
políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
1. QUAIS SÃO AS TRÊS DIMENSÕES DO PRINCÍPIO DA
IGUALDADE QUE SE PODEM ASSOCIAR,
RESPETIVAMENTE, ÀS IDEIAS DE ESTADO LIBERAL,
ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO E ESTADO
SOCIAL?
ESTADO LIBERAL

REVOLUÇÃO
FRANCESA (1789) Liberdade, Igualdade e
Fraternidade
Rei
Burguesia
Nobreza

IGUALDADE FORMAL
LEIS GERAIS E ABSTRATAS

APLICAÇÃO UNIFORME A TODAS AS


CLASSES SOCIAIS

Submissão de todos perante a lei Diminuição da discriminação


“DIREITOS DE PRIMEIRA
GERAÇÃO”

PLANO DO SER

ABSTENÇÃO DO ESTADO

CIDADÃOS
SÚBDITO
S
ESTADO SOCIAL

IGUALDADE FORMAL
ABSTENCIONISMO DO ESTADO LIBERAL

EXPANSÃO DO
CAPITALISMO

AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA


REVOLUÇÃO REVOLUÇÃO RUSSA
INDUSTRIAL (1917)

INTERVENCIONISMO ESTATAL

MELHORAR AS CONDIÇÕES
DE VIDA

IGUALDADE MATERIAL
IGUALDADE MATERIAL

JUSTIÇA SOCIAL

TRATAR DE FORMA DESIGUAL AS PESSOAS


DESIGUAIS, NA MEDIDA DA SUA DESIGUALDADE

“O que é que nos leva a afirmar que uma lei trata dois indivíduos de uma forma
igualmente justa? Qual o critério de valoração para a relação de igualdade?”

Gomes Canotilho em Direito Constitucional e Teoria da Constituição


”DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO”

PLANO DO TER

INTERVENCIONISMO DO ESTADO

POSTURA POSITIVA, DIRIGENTE, ATIVISTA DO ESTADO

GARANTIA DO BEM-ESTAR MÍNIMO DA POPULAÇÃO


ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO

TENTATIVA DE COLMATAR FALHAS


INERENTES AO ESTADO SOCIAL

DIREITO FUNDAMENTAL DA LIBERDADE


DEMOCRACIA
“DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO”

CARÁTER FRATERNAL

DIREITOS COLETIVOS,
DIFUSOS, SUPRA-
INDIVIDUAIS
2. QUE COROLÁRIOS DECORREM DE CADA UMA
DESSAS DIMENSÕES DO PRINCÍPIO DA
IGUALDADE?
COROLÁRIOS DO PRINCÍPIO DA
IGUALDADE

Art 13.º CRP

1.Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer
dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou
ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
IGUALDADE DOS CIDADÃOS PERANTE A
LEI

• Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
IGUAL POSIÇÃO EM MATÉRIA DE DIREITOS
E DEVERES

• Proibição de atribuição de privilégios/Isenção de qualquer dever.

• Proibição de privação de direitos


PROIBIÇÃO DO ARBÍTRIO

• Tratamento igual das situações que são de facto iguais

• Tratamento diferente do que é de facto diferente


PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÕES

• Art. 13º nº2 CRP

• Caráter Enunciativo
OBRIGAÇÃO DE DIFERENCIAÇÃO

• Possibilidade de criação de normas


discriminatórias positivas.

• Art. 69nº2
• Art.70nº1
• Art.59nº2
NA LEGISLAÇÃO

• Igualdade de acesso dos cidadãos à jurisdição art.º 20 nº1 CRP

• Igualdade dos cidadãos perante os tribunais

• Igualdade de aplicação dos direitos aos cidadãos através dos


tribunais.
  
3. SERÁ QUE TODAS AS DIMENSÕES DO
PRINCÍPIO DA IGUALDADE PODEM SER
TRANSPOSTAS PLENAMENTE PARA O PLANO
PROCESSUAL CIVIL?
QUAIS AS MANIFESTAÇÕES DO PRINCÍPIO DA
IGUALDADE NO PROCESSO CIVIL PORTUGUÊS?

• Direito a um processo justo e equitativo;


• Princípio do contraditório;
• Princípio da igualdade de armas.
DIREITO A UM PROCESSO JUSTO E EQUITATIVO

• Art. 20º, n.º 1, CRP: “Todos têm direito a que uma causa em que intervenham seja
objeto de decisão em prazo razoável e mediante processo equitativo.”

• Art. 6º, n.º 1, CEDH: “Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada,
equitativa e publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e
imparcial (...)”
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO

• Lombardo: “A garantia da possibilidade abstrata de interferir em qualquer questão


que possa resultar relevante para a decisão da controvérsia.”
• Princípio da igualdade de armas 
• Lopes do Rego: “(...) a lei de processo não pode estabelecer regimes discriminatórios
para as partes ou sujeitos da mesma ação (...)”
COMO EFETIVAR ESTES PRINCÍPIOS NA
PRÁTICA?

• Ónus de alegar uma violação dos princípios, concedido às partes, mas...


• ...o tribunal tem a faculdade de convidar as partes ao aperfeiçoamento das peças e
garantir oficiosamente a igualdade das mesmas;
• Acesso à justiça: apoio judiciário, nas modalidades de patrocínio judiciário, consulta
jurídica, dispensa do pagamento de taxas de justiça.
 
4. À LUZ DAS RESPOSTAS ANTERIORES
RESOLVAM O SEGUINTE CASO PRÁTICO

Partes da ação declarativa:

•Autor – António
•Réu - Banco

PEDIDOS: CAUSA DE PEDIR:

1.Declaração de invalidade parcial do 1.Contrato de mútuo com hipoteca


contrato de mútuo (art.º 1142 CC)
2.Condenação do Banco à restituição 2.Invalidade das cláusulas do contrato
dos 50.000,00 (juros indevidos) relativamente ao pagamento dos juros
• Na audiência prévia o advogado do Banco junta parecer de um professor de Direito Civil e Bancário –
Prof. Pardal - €50.000,00
• Carlos, advogado de António, informa este de que contactou o Prof. Pinto e que este se disponibilizou
para dar um parecer favorável à pretensão de António - € 25.000,00

“Eu não tenho dinheiro para lhe pagar € 2.500,00 de honorários quanto mais para pagar um
parecer ao Prof. Pinto de € 25.000,00. Acho isto injusto, mas não tenho dinheiro para isso. Faça o
melhor que puder Dr. Carlos!”
ARTIGO 426.º CPC
JUNÇÃO DE PARECERES

Os pareceres de advogados, professores ou técnicos podem ser juntos, nos tribunais de 1.ª
instância, em qualquer estado do processo.

Os pareceres constituem prova documental? Terão força


probatória plena?

•Acórdão 197/14.2 do Tribunal da Relação do Porto de 7.04.2016


•Acórdão 96B174 do Supremo Tribunal de Justiça de 26.09.1996
PRINCÍPIOS EM CAUSA

• Princípio da igualdade
• Princípio da igualdade de armas
• Princípio do acesso à justiça (tutela jurisdicional efetiva)
• Princípio do processo justo e equitativo
• Princípio do contraditório
PRINCÍPIO DA IGUALDADE
DUAS TESES

IGUALDADE FORMAL IGUALDADE SUBSTANCIAL


Identidade de meios Correção de desigualdades fáticas entre
processuais e de sanções e as partes, decorrentes de fatores
cominações aplicáveis às extraprocessuais como a diferente
partes condição económica
POSIÇÃO DA DOUTRINA MAIORITÁRIA

• Encara o princípio da igualdade das partes de forma restrita


• O juiz deve assegurar a igualdade formal sempre que:
• as partes se encontrem na mesma situação processual ou;
• quando o tratamento diferenciado tenha justificação objetiva, o “equilíbrio global do
processo”

Princípio da Igualdade Princípio da Cooperação


Princípio da igualdade das partes Garantir a igualdade formal das
partes (posição equiparável no
processo)

CORREÇÃO DAS DESIGUALDADES


SOLUÇÃO (FATORES EXTERNOS – CONDIÇÃO
Correção a nível legislativo ECONÓMICA)?

DIRETIVA 2003/8/CE DO CONSELHO DE 27


DE JANEIRO DE 2003
APOIO JUDICIÁRIO
Regime de Acesso ao Direito e aos Tribunais
REDUÇÃO/ISENÇÃO DAS CUSTAS PROCESSUAIS
OPÇÕES PROCESSUAIS

• Requerimento de apoio judiciário à SS (fazer referência nos autos do processo a esse pedido de apoio
judiciário para ficar apenso ao processo no caso de um eventual recurso)
• Requerimento ao tribunal para que seja o juiz a requisitar tal parecer
• Pedido subsidiário de desconsideração do parecer do Prof. Pardal?

• https://e-justice.europa.eu/content_taking_of_evidence-76-pt-pt.do#toc_1_3
REQUERIMENTO
O Estado de direito tem como um dos seus pilares fundamentais a ideia de igualdade entre os cidadãos. Não
obstante, observarmos na realidade vivida em todos os Estados de direito frequentes e gritantes
desigualdades.

Qual será então o valor do reconhecimento formal da ideia de igualdade? Terá apenas uma função
decorativa e legitimante de interesses dominantes de um sistema que se quer apresentar como justo e
igualitário?

Ou será que o processo de realização da igualdade ainda está em curso e que as desigualdades existentes
apenas assinalam a falta de maturidade do sistema, competindo-nos a todos um trabalho de aperfeiçoamento
incessante, nomeadamente pela constatação, denúncia e combate das situações de desigualdade na lei e na
vida real?

O princípio da igualdade no Estado de Direito


António Francisco de Sousa (professor da Faculdade de Direito da Universidade do Porto)

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