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COMEÇANDO DO ZERO

Direito Constitucional - Aula 2


Orman Ribeiro

(MATERIAL ATUALIZADO ATÉ A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 95, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2016)

OBS. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. NENHUMA PARTE DESTE MATERIAL PODERÁ SER REPRO-
DUZIDA POR FOTOCÓPIA MICROFILME, PROCESSO FOTOMECÂNICO OU ELETRÔNICO SEM PERMISSÃO
EXPRESSA DO AUTOR.

MENSAGEM DO PROFESSOR

Amigos,

É um grande prazer conhecê-los ou reencontrá-los em mais esse curso de Direito Constitucional “Começando do
Zero”.

Temos adiante uma longa e árdua jornada. A preparação para concurso público é um desafio cuja superação re-
quer muito sacrifício.

Nos dias de hoje, a estabilidade financeira proporcionada pelo cargo público é um bem desejado por muitos, o que
torna a concorrência cada vez maior.

Entretanto, os testemunhos de pessoas que se sacrificaram, em determinado período de suas vidas, e que con-
seguiram a aprovação nos mais variados concursos públicos, me dão a convicção de que vale à pena passar por
esse momento de renúncia.

Neste curso, estaremos juntos na matéria Direito Constitucional, básica para a grande maioria dos concursos pú-
blicos.

O material que vocês têm em mãos reúne o conteúdo básico da nossa disciplina. Não temos a pretensão de esgo-
tar a matéria, mas tão somente de trazer os pontos mais relevantes de cada tema, visando oferecer condições
para o acerto das questões de direito constitucional nas provas a que se submeterão.

Contem comigo e tenham certeza de que estarei à inteira disposição de todos e de cada um para fazer com que
brilhemos juntos.

O sucesso e a felicidade de vocês nessa empreitada serão também meus.

Um grande abraço.

ORMAN RIBEIRO FILHO – FEVEREIRO/2017


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“Pelos campos há fome em grandes plantações


Pelas ruas marchando, indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão...
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”
(GERALDO VANDRÉ)

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MATERIAL DE APOIO DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Elaboração: Prof. Orman Ribeiro

CAPÍTULO I – NOÇÕES DE DIREITO

1. INTRODUÇÃO

Antes de estudarmos o Direito Constitucional, é preciso ter uma noção geral do papel do Direito como um todo na
nossa sociedade. É costume dividi-lo em vários ramos, como Direito Civil, Administrativo, Constitucional, Penal e
outros, como se ele fosse várias coisas distintas.

Na verdade, o Direito é uma coisa só, todos os ramos estão entrelaçados e só podem ser adequadamente enten-
didos de maneira integrada. As inúmeras divisões propostas servem apenas para fins didáticos, ou seja, para
sistematizar melhor o estudo.

O papel do Direito na sociedade é o de estabelecer limites à vida das pessoas. Ele diz a todas as pessoas aquilo
que elas podem fazer ou não no seu cotidiano. Nesse sentido, a noção usual e muito difundida de que “a minha
liberdade vai até onde começa a do outro”, é correta.

Em princípio, qualquer um pode fazer o que bem quiser, contanto que não invada a liberdade do outro. O Direito
surge exatamente para dizer qual é o seu limite, ou seja, a partir de quando é que você estará invadindo a liber-
dade alheia. E ele faz isso através de uma coisa muito conhecida de todos nós, que são as Leis. Elas nada mais
são do que o limite colocado pelo Direito, as regras do jogo para o convívio em sociedade.

Por tudo isso é que se costuma dizer que o Direito é um instrumento de controle da vida em sociedade. Não o
único, já que existem outras coisas por aí que também limitam o comportamento das pessoas, como a religião, a
moral, a família, e tantas outras. A única diferença entre o Direito e as demais é que ele é imposto pelo Estado.
Quem vive em sociedade é obrigado a respeitar as regras colocadas pelo Direito, para que não sejam desrespei-
tados interesses alheios, sob pena de ser sancionado em represália.

Já os outros instrumentos de controle da vida em sociedade não possuem o caráter impositivo por parte do Esta-
do.

2. DIREITO OBJETIVO X DIREITO SUBJETIVO

Costuma-se utilizar a palavra Direito em duas perspectivas.

A primeira é quando a usamos no sentido de Lei, como por exemplo ao afirmarmos que “O Direito brasileiro proí-
be o aborto”. Note-se que em tal situação é perfeitamente possível substituí-la pela palavra “lei” ou pela expressão
“conjunto de leis”.

Mas é ainda possível usarmos a palavra direito em um outro significado, como por exemplo quando dizemos ”eu
tenho o direito de receber o produto que comprei em perfeita ordem” . Nessa hipótese, ela está significando poder
de exigir, liberdade , possibilidade, e não lei como no primeiro exemplo.

Direito Objetivo é exatamente o direito encarado como Lei, ou conjunto de leis. Já Direito Subjetivo é a possibi-
lidade, a liberdade, o poder de exigir.

3. FONTES DO DIREITO

A pergunta que se faz agora é de onde o Direito vem. Qual sua fonte, sua base, de onde as regras de convivência
social são retiradas? Quando, por exemplo, um Juiz de Direito está decidindo em um processo quem tem razão
(Autor ou Réu), de onde ele retirará suas conclusões?

O Direito no caso concreto surgirá das chamadas fontes do Direito, que são as seguintes: Lei, Doutrina, Jurispru-
dência, Costumes e Princípios Gerais do Direito.

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Lei: é uma norma imposta pelo Estado com o objetivo de regrar a vida em sociedade. Deve sempre refletir os
principais valores da sociedade em cada momento histórico. No sistema jurídico brasileiro, é a mais importante
fonte. Por isso é chamada de fonte material ou imediata do Direito.

Doutrina: São estudos feitos por especialistas do Direito (chamados de Doutrinadores) a respeito dos mais varia-
dos temas de interesse jurídico. Ex: Livros jurídicos, artigos jurídicos etc.

Jurisprudência: São as decisões do Poder Judiciário, emitidas nos processos judiciais pelos seus vários órgãos.

Costumes: São as práticas repetidas da sociedade ou simplesmente “a vida como ela é”. Essa fonte tem um pa-
pel muito importante pelo fato de que as leis nada mais são do que os costumes regrados. É preciso que uma
situação seja um costume para só depois vir a se tornar uma lei.

Princípios Gerais do Direito: São algumas idéias gerais que estão presentes no Direito e que, apesar de não se
encontrarem normatizadas (por isso não são leis), devem reger o comportamento das pessoas. Derivam do bom
senso, como a idéia de que o recebimento de qualquer valor deve ser precedido de uma causa, sob pena de ser
indevido.

CAPÍTULO II – NOÇÕES DE ESTADO

1. INTRODUÇÃO

Para o estudo proveitoso do Direito Constitucional, cujo objeto – a Constituição – trata da organização do Estado,
é imprescindível o conhecimento de algumas noções básicas da sua teoria geral. Por isso é que optamos por ini-
ciar o nosso curso tratando da noção de Estado e suas formas, formas de governo, sistemas de governo e regi-
mes políticos.

2. ESTADO

O conceito de Estado tem sido bastante discutido pela ciência política, não havendo consenso entre os diversos
autores. De todo modo, não nos interessa adentrar nesta discussão, sendo suficiente que conheçamos as suas
principais particularidades frente a outras organizações.

Assim, o Estado é uma sociedade política dotada dos seguintes elementos essenciais:

Povo: É o elemento humano do Estado, o conjunto de pessoas que mantém com ele um vínculo jurídico, formal,
político, que é o vínculo da nacionalidade. É povo brasileiro, portanto, quem possui nacionalidade brasileira. Este
conceito não se confunde com os de população e nação. População é o conjunto de pessoas que se encontram
no território de um determinado Estado, submetidas às suas leis, ao seu poder, à sua força, sejam nacionais ou
estrangeiros. Trata-se de conceito meramente numérico, demográfico, instantâneo, e não jurídico, político, formal.
Já Nação é o conjunto de pessoas que formam uma comunidade unida por laços históricos e culturais, uma reali-
dade sociológica, independentemente do território em que se encontrem (Ex: Bascos, que vivem no norte da Es-
panha).

Território: É o elemento geográfico do Estado. Pode-se dizer que território é o espaço geográfico dentro do qual
o Estado exerce sua Soberania. É conceito jurídico e não meramente geográfico, já que envolve não somente o
espaço delimitado entre as fronteiras do Estado, mas também o mar territorial (parcela do oceano que integra o
território de certo Estado), a plataforma continental (para alguns autores), o espaço aéreo, navios e aeronaves
civis em alto-mar ou sobrevoando espaço aéreo internacional e navios e aeronaves militares ou a serviço do Es-
tado onde quer que estejam.

Soberania: O conceito de soberania está intimamente ligado à noção de poder. É a supremacia exercida pelo
Estado sobre as pessoas que residem em seu território. É um poder de ordem absoluta. Possui tanto uma conota-
ção interna (poder exercido internamente pelo Estado) como externa (poder do Estado nas suas relações interna-
cionais).

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Finalidade: Tal elemento tem sido apresentado por uma parte da doutrina mais moderna, e significa a existência
de um governo (que exerce a soberania do Estado), com a função de proporcionar o bem da coletividade. É a
busca do bem comum.

3. FORMAS DE ESTADO

De acordo com o modo pelo qual o Estado se estrutura, ele pode ser simples/unitário ou composto/complexo.

Estado simples ou unitário: É o Estado onde há uma unidade de poder político interno, cujo exercício ocorre de
maneira centralizada nas mãos de um ente central. Pode até haver algum grau de descentralização do poder, mas
somente se houver a concordância do poder central. Ex: Brasil–Império e a maioria do países europeus na atuali-
dade.

Estado Composto ou complexo: Há uma pluralidade de poderes políticos internos. As principais formas de Es-
tado complexo são a Federação e a Confederação.

Federação: é a união de dois ou mais Estados (chamados de Estados membros da Federação ou Estados fede-
rados) para a formação de um novo, em que as unidades conservam autonomia política, enquanto a soberania é
transferida para o Estado Federal. Ex: Brasil atual, EUA.

O Estado Federal possui sempre algumas características marcantes, a saber:

a) Sempre é estabelecido oficialmente por uma Constituição. No caso da nossa, a previsão se encontra logo no
art. 1º;
b) Existe internamente mais de um centro de decisões políticas e administrativas. No caso da federação brasileira
tem-se a União, os Estados membros, os Municípios e o Distrito Federal;
c) Cada uma das entidades componentes da federação possui autonomia política e administrativa, vale dizer, a
possibilidade de cuidar dos seus próprios assuntos políticos e administrativos, nos termos e limites estabelecidos
pela Constituição Federal, sem sofrer interferências alheias;
d) Na divisão de atribuições (chamadas pela Lei Maior de “competências”), fica a cargo da União o exercício das
atribuições nacionais; aos Estados membros as atribuições regionais; aos Municípios as atribuições locais; e ao
Distrito Federal tanto atribuições locais quanto regionais;
e) O vínculo existente entre as unidades federadas (Estados membros) é indissolúvel, ou seja, não se permite
que uma delas abandone a Federação para originar um Estado independente.

IMPORTANTE - Os componentes internos da Federação (inclusive a União) não possuem soberania (atributo
apenas do Estado brasileiro), mas tão somente autonomia política e administrativa.

Confederação: é a união contratual de Estados soberanos que se ligam para fins de defesa externa, paz interna
e outras finalidades ajustadas. Os Estados confederados conservam a soberania, sendo-lhes possível a qualquer
tempo se desligar da Confederação. Ex: CEI – Comunidade dos Estados Independentes, que se formou após o
fim da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

4. FORMAS DE GOVERNO

De acordo com o modo de organização política do Estado, existem duas formas básicas de governo: Monarquia e
República.

Monarquia: A origem da palavra monarquia é grega (monarchía), significando “governo de um só”. Caracteriza-se
pela vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade do Chefe de Estado. Isto porque o monarca governa en-
quanto viver; a escolha é feita dentro de uma linha de sucessão hereditária; e o rei não responde politicamente
pelos seus atos.

Monarquia Absoluta: todo o poder está concentrado nas mãos de uma só pessoa, que o exerce de forma ilimita-
da, sem qualquer controle. A figura do rei se confunde com a figura do próprio Estado. Lembre-se da célebre frase
de Luís XIV: “O Estado sou eu”

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Monarquia Relativa: também chamada limitada ou constitucional, é a monarquia onde o poder do soberano é
delimitado pela Constituição. Ex: Brasil-Império, Japão e todas as monarquias modernas.

República: Palavra de origem latina (res publica = coisa pública), caracteriza-se pela eletividade, temporariedade
e responsabilidade do Chefe de Estado. Isto porque são feitas eleições periódicas para a escolha deste, que cum-
prirá um mandato certo e determinado (cujo tempo pode variar), devendo prestar contas de seus atos para o povo
que o elegeu ou para um órgão de representação popular.

É ainda uma marca da República a necessidade de prestação de contas por parte da Administração Pública.

5. SISTEMAS DE GOVERNO

No que diz respeito ao grau de relacionamento existente entre os Poderes Executivo e Legislativo, existem 03
(três) sistemas de governo: presidencialismo, parlamentarismo e diretorialismo.

Presidencialismo: É o sistema de governo em que os Poderes Executivo e Legislativo são independentes entre
si. Possui as seguintes características básicas:

a) As funções de Chefe de Estado (atividades de representação interna e externa do Estado) e Chefe de Gover-
no (atividade de governo, administração, gestão do Estado) estão reunidas em uma só pessoa, que é o Presiden-
te da República.

b) O Presidente da República é eleito pelo povo, seja de forma direta ou indireta (através de seus representan-
tes).

c) Mandato certo, sem a possibilidade de destituição do Presidente por motivos meramente políticos.

d) Participação do Poder Executivo no Processo Legislativo.

e) Separação entre os Poderes Executivo e Legislativo.

f) O Presidente da República não depende da maioria do Congresso Nacional para permanecer no poder, não
podendo ser destituído do cargo, a menos que cometa crime de responsabilidade que autorize o processo de im-
peachment, ou crime comum.

Parlamentarismo: É o sistema de governo em que o Executivo e o Legislativo são interdependentes. Possui as


seguintes características básicas:

a) As funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo não estão reunidas na mesma pessoa. O Chefe de Esta-
do é o rei (Monarquia) ou o Presidente da República (República). O Chefe de Governo é o Primeiro-Ministro.

b) O Chefe de Governo é responsável politicamente, permanecendo no cargo somente enquanto tiver o apoio da
maioria dos parlamentares.

c) Ausência de mandato do Chefe de Governo.

d) Possibilidade de dissolução do Parlamento pelo Chefe de Estado, com a convocação de novas eleições ge-
rais, em situações estabelecidas por cada Constituição.

e) Interdependência entre os Poderes Executivo e Legislativo, já que compete ao Legislativo a escolha do Pri-
meiro-Ministro, que só permanece no cargo enquanto gozar da confiança dos parlamentares, independente de
prazo.

Vale ressaltar que o Brasil viveu uma breve experiência de parlamentarismo no início da década de 60, quando o
Presidente João Goulart foi apenas chefe de Estado, ao passo que tivemos como Primeiro Ministro Tancredo Ne-
ves, que viria a se eleger Presidente da República em 1985.

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Sistema Diretorial ou Convencional: Caracteriza-se pela absoluta subordinação do Poder Executivo ao Legisla-
tivo, já que a função executiva é exercida por pessoas escolhidas por este. Ex: Suíça

6. REGIMES POLÍTICOS

No que tange ao grau de respeito à vontade do povo nas decisões do Estado, os regimes políticos podem ser
classificados em democráticos e não-democráticos.

Democracia: Significa governo do povo (demos = povo / arché = governo). Classicamente é definida como o go-
verno do povo, para o povo e pelo povo. Neste regime, todo o poder emana da vontade popular.

a) Democracia direta: as decisões são tomadas pelo próprio povo, diretamente, sem intermediários, em assem-
bléias, o que é praticamente inviável nos presentes dias, dado o aumento populacional e a dinâmica das relações.
Ex: antigas cidades gregas.

b) Democracia representativa: as decisões são tomadas também pelo povo, mas não diretamente. São eleitos
representantes que atuarão em nome do povo.

c) Democracia semi-direta: também chamada de “Democracia participativa”, é o regime onde se combinam


ambas as formas de Democracia. É a Democracia representativa com alguns instrumentos de Democracia direta
(plebiscito, referendo e iniciativa popular). É o caso do Brasil, por força do art. 1º, § único, da CF.

Regimes não-democráticos: São os regimes em que a vontade popular é desconsiderada, em maior ou em me-
nor grau, chamados de ditaduras. O Brasil viveu ao longo do século XX dois períodos de autoritarismo (1937 a
1945 – ditadura civil do Estado Novo e 1964 a 1985 – ditadura militar).

CAPÍTULO III – DIREITO CONSTITUCIONAL

1. CONCEITO

É ramo do direito público interno que estuda a Constituição, ou seja, a lei de organização do Estado, em seus
aspectos fundamentais (formas de Estado e de governo; sistemas de governo; modos de aquisição do poder polí-
tico; órgãos de atuação do Estado; principais regras da ordem econômica e social; limites à atuação do Estado).

O direito constitucional é a base do direito público interno. Direito público porque se refere a questões que dizem
respeito a interesses imediatos do Estado, e não de particulares. Interno porque as normas se referem ao direito
de um único Estado, internamente considerado.

Ocupa uma posição de superioridade em relação aos demais ramos do direito, pois os princípios fundamentais
dos outros ramos jurídicos estão todos inseridos na Constituição. Desta forma, existe uma relação de hierarquia
entre a Constituição (topo do ordenamento) e as demais normas jurídicas, que não podem contrariá-la em hipóte-
se alguma, como será estudado no momento oportuno.

2. OBJETO

O objeto de estudo do direito constitucional é a Constituição dos diversos países. Assim, o direito constitucional
brasileiro tem por objeto a Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988,
que será objeto de todo o nosso curso.

3. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO

A constituição é a lei fundamental de um país, já que constitui, define, apresenta, concebe o próprio Estado. É ela
que estrutura e delimita os seus poderes políticos, bem como os principais aspectos da sua estrutura. Trata, as-
sim, das formas de Estado e de governo, dos sistemas de governo e outras questões fundamentais e estruturais
do Estado.

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Lembre-se que o Estado, assim como seus agentes, não possui poderes ilimitados, já que devem ser exercidos
nos limites impostos pelas normas jurídicas, encabeçadas pela Constituição Federal. Por isso é que ela tem a
importante função de servir de norte, limite e guia para o exercício do poder.

No Brasil, a Constituição é também chamada de Carta Magna, Lei Fundamental, Código Supremo, Lei Máxima,
Lei Maior, Carta Política, Lei das leis etc.

4. CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES

São inúmeros os critérios utilizados pela doutrina para classificar as constituições. São apresentados a seguir
apenas os mais tradicionais e freqüentes nas provas dos diversos concursos:

4.1 QUANTO À ORIGEM

a) Promulgadas, populares, democráticas ou votadas: Elaboradas por um órgão constituinte composto de repre-
sentantes legitimamente eleitos pelo povo. Ex: Brasil (atual)

b) Outorgadas: São as elaboradas sem a participação popular. São impostas pelo governante e típicas de regi-
mes não-democráticos. Ex: Constituição brasileira de 1937

4.2. QUANTO À FORMA

a) Escritas: As regras estão codificadas em um texto único.

b) Não-escritas ou costumeiras: As regras não estão codificadas em um texto único, mas sim em leis esparsas,
na jurisprudência ou nos costumes. Ex: Constituição da Inglaterra.

4.3. QUANTO À EXTENSÃO

a) Sintéticas ou Concisas: Dispõem somente sobre os aspectos fundamentais de organização do Estado, tra-
zendo seus elementos estruturais (formas de governo e Estado, sistemas de governo, regime político, principio da
separação dos poderes e direitos fundamentais), deixando todos os demais assuntos para as leis comuns. Possui
sempre poucos artigos. Ex: Constituição americana, que tem 34 artigos.

b) Analíticas ou prolixas: Dispõem também sobre os elementos estruturais do Estado, mas vai além, tratando de
diversos aspectos da organização do Estado que poderiam ser objeto de legislação comum. Possui sempre mui-
tos artigos. Ex: Constituição brasileira de 1988, que tem 250 artigos na sua parte permanente.

4.4. QUANTO AO CONTEÚDO

a) Material: conjunto de normas que tratam de matéria relacionada à estrutura fundamental do Estado e da soci-
edade, estejam ou não inseridas no texto da Constituição. Ex: Constituição Inglesa, justamente por não estar codi-
ficada num único texto.

b) Formal: conjunto de normas que estão inseridas no texto escrito e solene denominado Constituição, indepen-
dentemente da matéria tratada. É o caso do Brasil. Aqui só é considerado Constituição o que fizer parte do texto
solene promulgado em 1988 e denominado Constituição da República Federativa do Brasil. Mesmo que não trate
de matéria afeita à estrutura fundamental do Estado.

4.5. QUANTO AO MODELO DE ELABORAÇÃO

a) Dogmáticas: São as Constituições fruto de um determinado momento histórico preciso, delimitado. A Consti-
tuição escrita é sempre dogmática. Ex: Brasil.

b) Históricas ou Costumeiras: São produto da lenta transformação histórica da sociedade, baseando-se em cos-
tumes, convenções, precedentes jurisprudenciais e textos esparsos. Está sempre em elaboração, jamais fica pron-
ta. A Constituição não escrita é sempre histórica ou costumeira. Ex: Inglaterra.

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4.6. QUANTO AO PROCESSO DE ALTERAÇÃO / ALTERABILIDADE / ESTABILIDADE

a) Rígidas: são rígidas as Constituições que exigem um procedimento especial de alteração dos preceitos consti-
tucionais, mais rigoroso que o das leis comuns. Ex: Brasil atual.

b) Flexíveis ou plásticas: São as que não exigem procedimento especial para modificação. As normas constitu-
cionais se alteram pelo mesmo procedimento das leis ordinárias.

c) Semi-rígidas ou semi-flexíveis: Contêm uma parte rígida e outra flexível, ou seja, algumas normas constitucio-
nais exigem procedimento especial para modificação e outras não. Ex: Constituição brasileira do Império – art.
178.

d) Imutáveis: São as que não permitem qualquer tipo de alteração. Nos dias de hoje é inconcebível este tipo de
Constituição, dada a dinâmica moderna das relações, que faz com que a realidade social se modifique com muita
rapidez, sendo necessário que uma Constituição tenha mecanismos de alteração que lhe permitam se adequar às
constantes modificações dos valores da sociedade.

Obs. Há na doutrina o entendimento minoritário de que a CF brasileira é super-rígida, por conter um núcleo de
assuntos considerado por muitos como imutáveis (cláusulas pétreas). Prevalece, entretanto, o entendimento de
que nossa Constituição é rígida.

4.7. QUANTO AO CRITÉRIO IDEOLÓGICO

a) Ortodoxas ou Simples: São as Constituições influenciadas por uma só ideologia. Ex: Constituição socialista da
antiga URSS.

b) Ecléticas, complexas ou compromissárias: São as influenciadas por ideologias e tendências diversas, a partir
de um pacto entre as forças políticas presentes em determinado momento histórico. Ex: Constituição brasileira
atual.

5. A CONSTITUIÇÃO DO BRASIL

A partir das classificações apresentadas, podemos afirmar que a atual Constituição brasileira é: promulgada (qto.
à origem); escrita (qto. à forma); analítica (qto. à extensão); formal (qto. ao conteúdo); dogmática (qto. ao modelo
de elaboração); rígida (qto. ao processo de alteração);e eclética (quanto ao critério ideológico).

6. CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA DAS CONSTITUIÇÕES

Tal critério classificatório, proposto por Karl Loewenstein, leva em conta a real produção de efeitos de uma deter-
minada Constituição, ou seja, o fundo fático, real.

6.1. Constituição normativa – é a Constituição cumprida à risca, em todos os seus termos. As normas dela
dominam todo o processo político, que se desdobra com a estrita observância da lei maior.

6.2. Constituição nominal – é aquela cujo caráter normativo não é levado em conta como uma verdade abso-
luta. A Constituição é muito mais uma orientadora do Estado e deve ser confirmada na prática. Tem função edu-
cativa e visa converter-se em uma Constituição normativa.

6.3. Constituição semântica – é a que, embora seja aplicada na prática, reflete tão somente a vontade exclu-
siva dos detentores do poder.

7. PODER CONSTITUINTE

7.1. CONCEITO

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É o poder de elaborar uma nova Constituição, bem como de reformar (alterar) a vigente. A palavra “poder” deve
sempre ser entendida como a faculdade de impor, de fazer prevalecer a sua vontade em relação a outras pesso-
as. O Poder Constituinte, desta forma, inaugura uma nova ordem jurídica fundamental para o Estado.

7.2. PODER CONSTITUINTE X PODERES CONSTITUÍDOS

É importante distinguir o Poder Constituinte dos chamados poderes constituídos. Aquele, como dissemos, é o
poder de elaborar uma nova constituição, ou de reformar a vigente. Já os poderes constituídos são os previstos
pela Constituição (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), sendo fruto do Poder Constituinte.

7.3. ESPÉCIES

O Poder Constituinte pode ser dividido em originário e derivado.

P. C. Originário: É o poder de elaborar uma nova Constituição, o qual é convocado em situações de revolução ou
consenso entre as diversas forças sociais. Estabelece uma nova ordem jurídica, fazendo nascer um novo Estado,
extinguindo completamente a ordem jurídica anterior. Por isso é que se diz tratar-se de um poder inicial, além de
ser também um poder ilimitado e incondicional, já que não está sujeito a limites nem condições.

Note-se que o P. C. Originário é convocado para a elaboração de uma nova Constituição justamente porque a
anterior já não corresponde aos valores sociais vigentes. Ora, se é assim, parece claro que não faria sentido que
uma Constituição que já não representa os valores sociais viesse a limitar ou condicionar a atividade do P. C.
Originário.

Por isso, quando surge uma nova Constituição em um País, ela poderá tratar do assunto que quiser e do jeito que
quiser, inclusive contrariando a anterior.

P. C. Derivado: É o poder de reformulação do texto constitucional, bem como o do Estado-Membro de uma Fede-
ração de elaborar sua própria Constituição. Ao contrário da espécie anterior, trata-se um poder limitado e condici-
onado, já que há limitações e condições para a alteração da Constituição, previstos nela própria.

No que tange às limitações impostas à atuação do Poder Constituinte Derivado, podem ser de três tipos:

a) Limitações materiais: são algumas matérias sujeitas a regras especiais de alteração. Podem ser explícitas
(art. 60, §4º - cláusulas pétreas) ou implícitas (art. 60, exceto o § 4º e arts. 1º, I a V, e 3º).

b) Limitações circunstanciais: consistem na regra do art. 60, §1º, que proíbe que se façam alterações na
Constituição na vigência de Estado de Defesa, Estado de Sítio e Intervenção Federal.

c) Limitações procedimentais: consistem na regra do art. 60, §5º, que impõe uma proibição ao exame, na
mesma sessão legislativa, das propostas de emenda constitucional rejeitadas ou havidas por prejudicadas.

Quando o P. C. Derivado se refere ao poder de reforma constitucional, é chamado de Poder de Reforma, enquan-
to que o poder dos Estados membros de elaborarem a sua própria Constituição é chamado de Poder Decorrente.
Esse último está previsto no art. 25 da CF.

Há ainda um último tipo de Poder Constituinte Derivado. É o chamado Poder Revisional, já que se refere à cha-
mada revisão constitucional, prevista no art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, nos
seguintes termos:

“A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo
voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.”

O Poder Revisional não mais de manifesta, já que foi previsto para atuar uma única vez, o que já ocorreu no ano
de 1993 (cinco anos após a promulgação da CF).

7.4. TITULARIDADE

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A doutrina majoritária aponta que o titular do Poder Constituinte, teoricamente, é sempre o povo, que elabora ou
reforma a Constituição por meio de representantes legitimamente eleitos.

8. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO À SUA EFICÁCIA / APLICABILIDADE

Todas as normas constitucionais possuem, em alguma medida, eficácia jurídica. Ocorre que, em alguns casos, a
maior ou menor produção de efeitos imediatos pode depender da complementação de outras normas, o que ense-
ja algumas classificações feitas pela doutrina no que tange à aplicabilidade de normas da Constituição.

A mais tradicional e conhecida é a classificação do Prof. José Afonso da Silva, trazida a seguir.

8.1. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA

São as de aplicabilidade imediata, direta e integral, não dependendo da edição de qualquer legislação posterior.
Produzem efeitos imediatamente, e não possibilitam o advento de leis restritivas do seu alcance. Ex: Art. 5º, caput,
da CF.

8.2. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA

São as de aplicabilidade imediata, mas cujos efeitos podem ser contidos pela legislação infraconstitucional. Ex: a
liberdade profissional assegurada pela CF, no art. 5º, XIII, com a seguinte redação: “...atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer.”

8.3. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA

São as que dependem de complementação do legislador infraconstitucional para que se tornem exequíveis. Po-
dem ser de dois tipos:

- Declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: estabelecem o esquema geral de estruturação e atri-


buições de órgãos, entidades ou institutos públicos, para que o legislador ordinário as regulamente. Ex: art. 33.

- Declaratórias de princípios programáticos: são as que fixam princípios, programas e metas a serem alcança-
das pelos órgãos do Estado. Ex: art.196 da CF.

Note-se que, mesmo as normas de eficácia limitada, que não são exequíveis de imediato, possuem uma eficácia
mínima, na medida em que: a) revogam a legislação ordinária que seja contrária à mesma; b) impedem a edição
de leis contendo dispositivos contrários ao mandamento constitucional; c) estabelece um dever legislativo para os
Poderes Constituídos.

9. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA CONSTITUCIONAL

A Constituição é a lei maior do país, o vértice do sistema jurídico. Como já dissemos, contém todas as normas
fundamentais do Estado, sujeitando todos ao seu império. Sua supremacia decorre da sua própria origem, pois é
fruto do Poder Constituinte Originário - cujo titular é o povo - que possui natureza absoluta.

Todo o conjunto das demais leis (legislação infraconstitucional) é menos importante que a Lei Maior, de tal modo
que qualquer lei comum que porventura venha a contrariar a Constituição será inconstitucional, e como tal, inváli-
da.

Existem mecanismos para fazer valer essa supremacia da Constituição perante as demais leis, estudados no as-
sunto Controle de Constitucionalidade.

10. RECEPÇÃO NO DIREITO CONSTITUCIONAL

Quando uma Constituição entra em vigor em determinado Estado, surge uma importante questão para a ordem
legal vigente, ou seja, saber-se se as leis vigentes perante a Constituição anterior são automaticamente revoga-
das ou permanecem ainda vigentes.

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A legislação infraconstitucional anterior, desde que não conflitante com a nova Constituição, permanecerá em
vigor, de onde se diz que haverá, nesse caso, a recepção constitucional das leis anteriores. Obviamente, em ra-
zão do princípio da supremacia constitucional, as leis antes vigentes que se mostrarem em desacordo com o novo
texto magno estarão automaticamente revogadas e, portanto, não recepcionadas. Ex: O Código Penal brasileiro,
de 1940, ainda hoje se encontra em vigor, já que foi recepcionado por todas as Constituições que se seguiram.

Importante registrar que o processo de recepção se dá automaticamente, não havendo qualquer órgão a quem
caiba a tarefa de verificar cada lei anterior à nova Lei Maior. Havendo dúvidas quanto à ocorrência de recepção de
determinada lei, caberá ao Poderá Judiciário a solução no caso concreto.

Além disso, vale frisar que, para a ocorrência de recepção, só serão considerados aspectos materiais (assunto
tratado pela lei anterior), e não aspectos formais (procedimentos de elaboração observados na época em que
aquela lei surgiu). Assim, se a matéria tratada pela lei se mostrar compatível com a nova CF, a mesma será re-
cepcionada, ainda que o procedimento de elaboração observado na época de sua elaboração seja distinto do
previsto pela nova Lei Maior.

11. DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO

Chama-se desconstitucionalização a possibilidade de uma Constituição revogada ter alguns dos seus dispositivos
(os compatíveis com a nova ordem) recebidos pela nova Constituição com o status de legislação infraconstitucio-
nal.

No Brasil, este fenômeno é absolutamente inadmissível, de modo que, sempre que for promulgada uma nova
Constituição, estará automaticamente revogada toda a Constituição anterior, aproveitando-se apenas a legislação
infraconstitucional que não se mostre incompatível (recepção constitucional).

12. REPRISTINAÇÃO

Ocorrerá a chamada repristinação quando uma lei revogada por outra voltar a vigorar por força de revogação da
lei revogadora.

No Brasil, a Lei de Introdução ao Código Civil veda, em regra, a repristinação (art. 2º, §3º), ao dizer que “Salvo
disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.”

No Direito Constitucional, também não se admite o fenômeno da repristinação, de modo que uma lei revogada por
uma Constituição não voltará a viger, mesmo que esta Constituição que a revogou seja também revogada por
outra, e esta outra não se mostre incompatível com aquela lei.

Caso, no entanto, a nova Constituição traga uma disposição expressa no sentido da restauração dos efeitos da lei
antes revogada, haverá a repristinação. Ou seja, só haverá a repristinação se for expressa, jamais podendo ser
automática.

13. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL

Chama-se de mutação constitucional o processo de alteração informal da Constituição, a partir das novas interpre-
tações do seu texto que vão sendo apresentadas, sobretudo, pelo Poder Judiciário.

Como os valores sociais são modificáveis, é necessário que também a interpretação das normas constitucionais
vá sendo constantemente alterada, para que a CF seja aplicada de modo condizente com os novos valores da
sociedade. Isso, muitas vezes, conduz a uma alteração do sentido dado à norma, independentemente de altera-
ção formal do seu texto.

14. “VACATIO CONSTITUTIONIS”

Denomina-se vacatio constitutionis o lapso temporal que vai do momento em que uma Constituição é publicada
até o momento em que ela efetivamente começa a viger. Ex: A Constituição brasileira de 1967 foi outorga-
da/publicada em 24 de janeiro de 1967, mas só entrou em vigor do dia 15 de março do mesmo ano.

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Importante notar que, no período de vacatio constitutionis, continua vigendo a Constituição anterior.

CAPÍTULO IV – INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

1. INTRODUÇÃO

Como já tivemos a oportunidade de dizer, o Direito é ciência humana e, como tal, a ciência da discussão, da con-
trovérsia. E isto ocorre porque ele parte de uma tarefa eminentemente subjetiva que é a interpretação. Para que a
Constituição Federal seja aplicada, é necessário que ela seja antes interpretada, ou seja, que seja extraído pelo
intérprete o seu significado.

É nesse momento que o Direito se depara com seu grande drama. Interpretar não é uma tarefa matemática. Não
existe interpretação 100% certa ou 100% errada. Quase sempre haverá mais de um significado possível.

No caso da Constituição, lei mais importante de todas, a tarefa ganha ainda maior relevância pela repercussão
que pode ser produzida para toda a ordem jurídica. Por isso é que a doutrina aponta algumas técnicas de interpre-
tação, a seguir explicadas.

2. MÉTODOS CLÁSSICOS DE INTERPRETAÇÃO

2.1. INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL

Qualquer interpretação de lei deve partir do exame do significado de cada palavra presente na norma. Esse méto-
do, portanto, consiste na base de qualquer interpretação. Apesar de isso parecer óbvio, tal técnica, na maioria das
vezes, será insuficiente, podendo até conduzir a situações de interpretação completamente despropositadas.

2.2. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA

Consiste na análise de qualquer texto de lei levando-se em conta o contexto no qual está inserido. Nenhuma nor-
ma surge isoladamente. Ela sempre faz parte de um sistema maior. Interpretar sistematicamente é extrair o senti-
do que a norma assume dentro do contexto normativo de onde ela emana.

2.3. INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA

É o exame dos registros históricos da lei, investigando-se as discussões travadas no Congresso Nacional no mo-
mento em que ela foi elaborada. O intérprete volta suas atenções para a vontade do legislador, manifestada por
ocasião da criação da lei.

2.4. INTERPRETAÇÃO FINALÍSTICA OU TELEOLÓGICA

Consiste da análise de qualquer norma levando-se em consideração a finalidade para a qual ela foi criada. Busca-
se identificar o sentido, o objetivo da norma, o bem jurídico protegido por ela, para que se lhe possa aplicar a situ-
ações concretas apenas quando relacionadas com o seu intuito inicial.

3. PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

3.1. PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU DA CEDÊNCIA RECÍPROCA (HARMONIZAÇÃO)

Quando houver uma situação de conflito entre duas ou mais normas da Constituição, deve-se buscar a solução
interpretativa que implique no menor sacrifício possível para os bens jurídicos envolvidos. Sempre que possível,
deverá o intérprete fazer compressões recíprocas, de modo a conciliar os valores conflitantes.

3.2. PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO

A interpretação de qualquer artigo da Constituição deve ser feita levando-se em conta que o texto constitucional
forma um sistema integrado e harmonioso em todas as suas partes. Com isso, eliminam-se os aparentes conflitos
entre normas constitucionais.

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3.3.PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE OU DA EFICIÊNCIA

Deve-se interpretar as normas constitucionais adotando-se a solução interpretativa que confira à mesma a maior
aplicabilidade e produção de efeitos possíveis.

3.4. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO DAS LEIS CONFORME A CONSTITUIÇÃO

Deve-se dar às leis sempre um significado interpretativo, dentre vários possíveis, que esteja conforme a Constitui-
ção Federal, já que ela é a Lei mais importante de todas e que não pode ser contrariada pela legislação comum.

CAPÍTULO V – EVOLUÇÃO CONSTITUCIONAL BRASILEIRA

O Brasil teve, ao longo de sua história política, 08(oito) Constituições (se considerada a CF de 1969, que não foi
formalmente uma Constituição, como se explica a seguir), cujas características básicas e traços marcantes traze-
mos a seguir:

1. CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO – 1824

- Foi outorgada;
- Sofreu forte influência da Constituição portuguesa;
- Governo hereditário, constitucional e monárquico;
- Catolicismo como religião oficial;
- Voto censitário (baseado na renda) e descoberto(não-secreto);
- Eleição indireta;
- Quatro Poderes Constituídos: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador (o titular era o Imperador, a quem
cabia velar pela independência e harmonia entre os outros Poderes);
- Era semi-rígida, pois havia normas alteráveis pelo mesmo processo das leis comuns (art.178);
- Apesar do seu cunho autoritário, foi a primeira Constituição mundial a trazer os direitos individuais fundamen-
tais.

2. CONSTITUIÇÃO DE 1891

- Foi promulgada;
- Primeira Constituição da República;
- Teve como principal modelo a Constituição norte-americana;
- Adotou como forma de governo a República Federativa (o Brasil era constituído de 20 Estados);
- Presidencialismo;
- Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário;
- Voto descoberto, direto, universal para cidadãos maiores de 21 anos. Proibido aos mendigos, analfabetos e
mulheres.

3. CONSTITUIÇÃO DE 1934

- Foi promulgada;
- Influenciada pela Constituição alemã de Weimar;
- Regime presidencial e federativo;
- Caráter extremamente nacionalista;
- Voto direto, proporcional, secreto (pela primeira vez) e feminino (pela primeira vez);
- Autonomia dos sindicatos e representação profissional;
- Senado era um órgão colaborador da Câmara dos Deputados.

4. CONSTITUIÇÃO DE 1937

- Foi outorgada no mesmo dia do golpe;


- Ficou conhecida com “a Polaca”, dada a grande influência que sofreu da Constituição polonesa;
- Centralizava o poder político, criando um Estado autoritário e unitário;
- Presidente eleito por eleição indireta;
- Previsão de pena de morte;

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- Censura;
- Previu uma série de direitos trabalhistas, tais como salário mínimo, repouso semanal e anual, jornada de tra-
balho de 08 horas diárias, licença à gestante etc.;
- Proibição de greve.

5. CONSTITUIÇÃO DE 1946

- Foi promulgada;
- Regime republicano, federativo, presidencialista e representativo;
- Eleições diretas para Presidente;
- Voto secreto, universal e obrigatório para maiores de 18 anos, exceto analfabetos, soldados e cabos;
- Tripartição dos Poderes;
- Liberdade de opinião e de pensamento;
- Defesa da propriedade privada.

6. CONSTITUIÇÃO DE 1967

- Assemelha-se à Carta de 1937;


- Outorgada;
- Deu maiores poderes à União e especialmente ao Presidente;
- Teve cunho extremamente autoritário, já que permitia a suspensão de direitos e garantias individuais;
- Eleições indiretas para presidente e diretas e secretas apenas para Deputados e Senadores;
- Definiu os direitos dos trabalhadores.

7. CONSTITUIÇÃO DE 1969

- Foi outorgada como se fosse a Emenda Constitucional nº 01 à Constituição de 1967;


- Manteve basicamente a anterior;
- Eleições indiretas para governador;
- Prefeitos nomeados pelo Governador ou pelo Presidente da República;
- Possibilidade de o Presidente expedir Decretos-lei;

8. CONSTITUIÇÃO DE 1988

- Foi promulgada;
- Elaborada pela Assembléia Nacional Constituinte presidida por Ulisses Guimarães;
- Sistema presidencialista com voto secreto, direto e obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para
os maiores de 16 e menores de 18 anos;
- Direito de voto para os analfabetos;
- Direitos e garantias individuais e coletivos amplamente assegurados;
- Direito de greve;
- Proíbe distinções entre filhos havidos fora e dentro do casamento.

CAPÍTULO VI – PREÂMBULO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

1. PREÂMBULO

Chama-se preâmbulo o texto que precede os dispositivos constitucionais propriamente ditos. Faz parte da própria
Constituição e tem o seguinte texto:

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para insti-
tuir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, pro-
mulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL”.

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Neste texto introdutório, como se observa, estão consagradas basicamente as seguintes questões: a) quem fez a
Constituição; b) com qual autoridade; e c) quais os princípios fundamentais que influenciaram na sua elaboração.

Por ter emanado do mesmo Poder Constituinte Originário, que elaborou a Constituição, o preâmbulo possui um
importante valor interpretativo das normas constitucionais.

Muito se discute na doutrina constitucionalista se os efeitos do preâmbulo são somente estes, vale dizer, interpre-
tativos, ou se possui valor normativo, vinculante das normas infraconstitucionais. No Brasil, esta discussão perdeu
a relevância, porque todos os valores enunciados pelo preâmbulo estão presentes também no restante do texto
constitucional.

De qualquer sorte, vale apontar a posição do STF a respeito do tema, que é a de que o texto preambular não pos-
sui força normativa, estando muito mais no domínio da política do que no domínio do direito.

2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

2.1. INTRODUÇÃO

O Título I da Constituição brasileira é inteiramente dedicado aos chamados “princípios fundamentais”, que nada
mais são do que as regras gerais informadoras de todo o sistema jurídico brasileiro.

É sobre tais princípios, dotados de inegável força normativa, que se construirá todo o arcabouço normativo da
própria Constituição, nas suas outras partes, além de toda a legislação infraconstitucional, por via de conseqüên-
cia.

Na ordem jurídica moderna, os princípios constitucionais possuem basicamente três funções: fundamentadora,
interpretativa e supletiva.

Pela função fundamentadora, os princípios servem de fundamento de validade para todas as outras normas do
ordenamento jurídico, que só serão válidas se com eles se mostrarem compatíveis.

A função interpretativa é a que tem os princípios como instrumento para que se alcance os reais valores e finali-
dades de cada lei no momento de sua aplicação.

Por fim, a função supletiva revela a importantíssima tarefa atribuída aos princípios constitucionais de integrar o
ordenamento jurídico, preenchendo as eventuais lacunas legais que se apresentarem.

2.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS

O art. 1º, caput, da CF, proclama como princípios informadores do Estado Brasileiro os princípios:

- republicano (forma de governo - República);

- federativo (forma de Estado - Federação);

- democrático (regime político - Democracia).

Além disso, estabelece como fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, incisos I a V):

- a soberania;

- a cidadania;

- a dignidade da pessoa humana;


- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

- o pluralismo político;

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No art. 2º, a CF proclama também como princípio fundamental constitucional a separação dos poderes, ao passo
em que, no art. 3º, a CF prevê os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, quais sejam:

- construir uma sociedade livre, justa e solidária;

- garantir o desenvolvimento nacional;

- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-
criminação.

2.3. DENOMINAÇÃO ATUAL DO ESTADO BRASILEIRO

O nome adotado pela CF ao Estado brasileiro, atualmente, é REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, como se
observa logo no caput do seu art. 1º.

Com isso, revelam-se, de saída, a forma federativa de organização do Estado brasileiro e a republicana de orga-
nização do governo. Note-se que a forma federativa constitui cláusula pétrea (art. 60, §4º, I), não podendo ser,
portanto, abolida ou modificada pelo legislador constituinte derivado, mas tão somente pelo legislador constituinte
originário.

Já a forma republicana de organização de governo não é cláusula pétrea à luz da nossa atual CF, valendo lem-
brar, inclusive, a realização, em 1992, de um plebiscito acerca da questão, onde o povo soberano decidiu por am-
pla maioria pela República como forma de governo.

Os contornos e peculiaridades da Federação e da República já foram dados no início do nosso curso, e serão
desdobrados no decorrer dos demais pontos.

2.4. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

A expressão Estado Democrático de Direito, utilizada pela CF no seu art. 1º, quer significar que o Estado brasileiro
adotou o regime político da Democracia, cujos contornos essenciais já foram estudados, além de se pautar pelo
respeito absoluto à legalidade.

Em resumo, diz-se deste tipo de Estado que é aquele regido por leis, em que o governo está nas mãos de repre-
sentantes legitimamente eleitos pelo povo.

2.5. FUNDAMENTOS DO ESTADO BRASILEIRO

Soberania. Como já tivemos a oportunidade de explicar, a soberania constitui um dos elementos do Estado, signi-
ficando a supremacia do Estado brasileiro na ordem política interna e a independência na ordem política externa.

Cidadania. Abrange a titularidade de direitos políticos (votar e ser votado, por exemplo) e civis (saúde, educação
etc).

Dignidade da pessoa humana. É o absoluto respeito aos direitos fundamentais de todo ser humano, devendo ser
assegurado a todos condições dignas de sobrevivência.

Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Revelam a intenção da CF de estabelecer uma harmonia entre
capital e trabalho, fundamentos do modo de produção vigente (capitalismo).

Pluralismo político. É o respeito à livre formação de correntes políticas no País, vedando-se, em regra, qualquer
limitação na formação e funcionamento dos partidos políticos, salvo os limites impostos pela própria Constituição.

2.6. SEPARAÇÃO DE PODERES

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O princípio da separação de poderes do Estado significa a divisão funcional do exercício do poder político no seu
âmbito interno, atribuindo-se cada função governamental básica a um órgão independente e especializado.

Reconhece-se, a partir das idéias de Montesquieu, que três são as funções básicas do Estado: legislativa, execu-
tiva e judiciária. Assim, cada órgão responsável pelo desempenho de uma dessas funções recebe a denominação
relacionada, qual seja, Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário.

Assim, temos a seguinte divisão de funções:

Poder Legislativo ► Legislar e Fiscalizar

Poder Executivo ► Administrar

Poder Judiciário ► Julgar

Vale, todavia, explicar que, embora as funções atribuídas pelo Estado a cada Poder sejam bastante nítidas, todos
realizam um pouco das funções reservadas aos outros, de maneira atípica.

As funções atípicas de cada Poder (típicas dos outros) demonstram a inexistência de exclusividade no desempe-
nho das mesmas, sendo verdadeiro mecanismo de controle recíproco entre os Poderes. Evita-se, com esse entre-
laçamento de funções, que um deles sobressaia perante os demais.

É o que o direito americano chama de cheks and balances, conhecido entre nós como sistema de freios e contra-
pesos. Este ponto será melhor tratado quando enfrentarmos, no momento próprio, as características de cada Po-
der.

Convém, ademais, atentar para o texto da Constituição, que, no art. 2º, declara: “São Poderes da União, indepen-
dentes e harmônicos entre si, O Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”

Fala-se em independência e harmonia entre os Poderes, ou seja, cada Poder desempenha suas funções de ma-
neira autônoma e independente em relação aos demais Poderes, não havendo que se falar em qualquer relação
de subordinação entre um e outro.

Por fim, atente-se que essa independência deve ser permeada pela relação de harmonia entre os Poderes, ou
seja, as relações devem se desenvolver com o necessário respeito institucional de cada Poder para com os de-
mais.

2.7. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS

Como já dissemos no início deste capítulo, a Constituição brasileira estabeleceu quatro objetivos para a República
Federativa do Brasil, a saber:

a) Construir uma sociedade livre, justa e solidária – O Estado deve desenvolver suas atividades baseadas nos
princípios da liberdade, justiça e solidariedade;

b) Garantir o desenvolvimento nacional – Deve-se entender desenvolvimento nacional como o desenvolvimento


em todos os sentidos, incluindo-se aí os aspectos econômico, social, educacional, científico etc.

c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais – Sendo a pobreza uma
característica de todos os países do chamado terceiro mundo, é salutar que a CF tenha estabelecido este objeti-
vo, segundo o qual as atividades do Estado devem ter presentes a necessidade de se criarem mecanismos para
diminuir a pobreza e as desigualdades.

d) Promover o bem de todos, sem preconceitos de qualquer natureza – Revela a preocupação com a garantia do
tratamento igual entre as pessoas, o que se encontra desdobrado em muitos outros dispositivos constitucionais.

2.8. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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O art. 4º da Constituição brasileira, encerrando o Título I, enumera dez princípios que devem ser observados pela
República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, a saber:

“Art. 4º. (...)


I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.”

Note-se que em todos eles está presente o contexto internacional, vale dizer, sempre trarão uma idéia ligada à
soberania do País. Ressalte-se que os mesmos deverão ser observados pelo Brasil nas relações internacionais
com qualquer outro País do mundo.

Já o parágrafo único do mesmo art. 4º traz uma orientação a ser seguida pelo Estado brasileiro especificamente
nas suas relações internacionais com os países da América Latina, ao afirmar:

“Art. 4º.

(...)

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cul-
tural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.”

Exemplo de atuação do País no sentido recomendado pelo dispositivo acima é a sua participação no MERCO-
SUL, que nada mais é do que entidade criada com o propósito de integrar econômica, política, social e cultural-
mente os Países participantes.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

ARTIGOS RELACIONADOS:

“PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir
um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade,
a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma so-
ciedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

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Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;


II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.”

CAPÍTULO VII – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

1. INTRODUÇÃO

O Título II da Constituição Brasileira de 1988 é dedicado aos direitos e garantias fundamentais. É dividido em cin-
co capítulos: “I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; II – Dos Direitos Sociais; III – Da Nacionalidade;
IV – Dos Direitos Políticos; e V – Dos Partidos Políticos”.

Todas as Constituições escritas modernas, no particular deste assunto, se inspiraram na Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, proclamada após a Revolução Francesa, em 1789, que dizia que o Estado que não
possuísse separação de poderes e um enunciado de direitos individuais não teria Constituição.

2. CONCEITO

Direitos Fundamentais são os considerados indispensáveis à pessoa humana, sendo necessários para assegurar
a todos uma existência digna, livre e igual. Não basta, contudo, ao Estado reconhecê-los formalmente; deve con-
cretizá-los, incorporá-los no dia-a-dia dos cidadãos e de seus agentes.

3. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

A nossa atual Constituição foi a primeira a estabelecer direitos não só de indivíduos, mas também de grupos soci-
ais, os denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser coletivamente consideradas. Por outro lado,
pela primeira vez, junto com direitos foram estabelecidos deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos quanto
os indivíduos têm obrigações específicas, inclusive a de respeitar os direitos das demais pessoas que vivem na
ordem social.

4. DIREITOS INDIVIDUAIS BÁSICOS

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São considerados direitos individuais básicos os expressamente previstos no art. 5º, caput, ou seja: vida, liberda-
de, igualdade, segurança e propriedade.

Além destes, o próprio art. 5º da Carta Magna traz, nos seus setenta e oito incisos, uma extensa relação de direi-
tos individuais, que, diga-se de passagem, não é exaustiva. Isto quer dizer que eles existem em outras normas da
própria Constituição, a exemplo do art. 150, que traz garantias individuais relativas à ordem tributária.

Uma importante característica dos direitos individuais previstos no art. 5º da CF é o seu caráter auto-aplicável, ou,
relembrando a classificação estudada das normas constitucionais, tratam-se, na sua maioria, de normas de eficá-
cia plena ou contida, com aplicabilidade imediata. Assim, não dependem da edição de norma regulamentadora
para que possam ser exercidos, salvo algumas poucas exceções. É o que está expressamente previsto no art. 5º,
§1º.

IMPORTANTE:

Embora o texto constitucional não faça menção expressa aos estrangeiros não residentes no País, é pací-
fico o entendimento de que os mesmos também gozam da proteção constitucional quanto aos direitos
fundamentais.

O mesmo se pode dizer das pessoas jurídicas, também merecedoras da proteção constitucional quanto
aos direitos fundamentais (tanto as de direito público quanto as de direito privado).

4.1. DIREITO À VIDA

A) ABRANGÊNCIA

O direito à vida é o principal direito individual, o bem jurídico de maior relevância protegido pela Constituição, pois
o exercício dos demais direitos depende de sua existência. Seria inútil proteger a liberdade, a igualdade, o patri-
mônio de uma pessoa sem que fosse assegurada a sua vida. Consiste no direito à existência do ser humano.
Segundo o renomado doutrinador do Direito Constitucional José Afonso da Silva, o direito à vida deve ser com-
preendido de maneira extremamente abrangente, incluindo o direito de nascer, de permanecer vivo, de defender a
própria vida, enfim, de não ter o processo vital interrompido senão pela morte espontânea e inevitável.

B) DECORRÊNCIAS DO DIREITO À VIDA

Do direito à vida decorre uma série de direitos, como o direito à integridade física e moral, a proibição da pena de
morte e da venda de órgãos, a punição como crime do homicídio, da eutanásia, do aborto e da tortura.

EUTANÁSIA

Eutanásia é uma palavra composta de dois termos de origem grega (eu = bom e thanatos = morte), significando a
chamada morte boa, ou homicídio piedoso, em que se mata alguém para abreviar o sofrimento de uma agonia
dolorosa e prolongada. No Brasil, onde a vida é um bem jurídico indisponível, a eutanásia é crime, punido como
homicídio privilegiado, em virtude de relevante valor moral na conduta do agente (Código Penal, art. 121, §1º).

Como variação da eutanásia, há a ortotanásia, outra palavra composta de dois termos de origem grega (orthos =
justo e thanatos = morte), significando a chamada morte justa, ou eutanásia passiva, em que o médico deixa de
prolongar artificialmente a vida de um doente terminal, desligando os aparelhos que realizam as funções de respi-
ração e circulação. A ortotanásia também é crime perante a nossa legislação penal.

PENA DE MORTE

A pena de morte é expressamente vedada pela nossa Constituição, salvo em caso de guerra declarada (CF, art.
5º XLVII). Inúmeras são as razões que justificam a proibição constitucional de pena de morte. Vejamos algumas.

Seu uso não diminui a criminalidade, conforme comprovam as estatísticas oriundas dos países que adotaram
essa modalidade de imposição de pena. Há o risco de erro judiciário, sempre presente. Ademais, a violência do

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Estado pode gerar ainda mais violência, pois o criminoso que não tem nada a perder poderia tornar-se ainda mais
cruel.

DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA

Não basta assegurar às pessoas o simples direito à vida. É imprescindível defender este direito com o máximo de
dignidade e qualidade na existência do ser humano. A integridade física deve ser entendida como o absoluto res-
peito à integridade corporal e psíquica de todo e qualquer ser humano. Em diversos dispositivos do art. 5º a CF
reflete esta preocupação.

Estabelece, por exemplo, o inciso III que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou de-
gradante. O inciso XLIX dispõe que “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”.

Não é demais ressaltar que todo e qualquer ser humano deve ser tratado com dignidade e respeito, inclusive os
que atentaram contra as próprias leis. O preso só deve cumprir as penas que lhe foram impostas na sentença,
não permitindo a Constituição a imposição de penas cruéis (art. 5º, XLVII, e).

Para assegurar a integridade do preso, a CF estabelece uma série de outros direitos: LXII – comunicação imediata
de qualquer prisão ao juiz competente, à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII – dever de informar o
preso de seus direitos, inclusive o de permanecer calado, assegurando-se-lhe assistência à família e advogado;
LXIV – direito do preso à identificação dos responsáveis pela sua prisão, ou pelo interrogatório judicial; e LXV –
relaxamento imediato pelo juiz da prisão feita de forma ilegal.

DIREITO À INTEGRIDADE MORAL

A vida não deve ser protegida somente nos seus aspectos materiais. Existem atributos morais a serem preserva-
dos e respeitados por todos. A Constituição assegura expressamente “a indenização por dano material, moral ou
à imagem” (art. 5º, V).

VENDA DE ÓRGÃOS

Considerando o princípio do absoluto respeito à integridade física, que é um bem jurídico indisponível, a CF veda
qualquer tipo de comercialização de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplantes, pesquisa e
tratamento (art. 199, §4º). O absoluto respeito ao corpo humano, além de bem jurídico tutelado de forma individu-
al, é um imperativo de ordem estatal. Trata-se de bem fora do comércio por expressa previsão constitucional.

O que se permite é a doação de sangue e órgãos, em vida ou após a morte, para fins de transplante ou tratamen-
to, respeitados os termos das Leis nº 9.434/97 e 10.211/01.

TORTURA

A preocupação com a integridade física é evidenciada em diversos dispositivos constitucionais. Considerando a


prática corriqueira de tortura em presos comuns e políticos durante os anos do regime militar, a Constituição de
1988, em diversos incisos do art. 5º, deixou patente seu repúdio a essa forma de investigação. No inciso III, esta-
beleceu que “ninguém será submetido a tortura”, mas em outros dispositivos o tema foi tratado direta ou indireta-
mente.

A tortura, no nosso sistema penal, deve ser entendida como a imposição de qualquer sofrimento físico ou mental,
mediante violência ou grave ameaça, com a finalidade de obter informações ou confissão; para provocar qualquer
ação ou omissão de natureza criminosa; em razão de discriminação racial ou religiosa; ou como forma de aplica-
ção de castigo pessoal.

4.2. DIREITO À LIBERDADE

A) ABRANGÊNCIA

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Liberdade é a faculdade que uma pessoa possui de fazer ou não fazer alguma coisa. Envolve sempre um direito
de escolher entre duas ou mais alternativas, de acordo com sua própria vontade. O direito de liberdade não é ab-
soluto, pois a ninguém é dada a faculdade fazer tudo o que bem entender, o que fatalmente levaria à sujeição dos
mais fracos aos mais fortes.

Para que uma pessoa seja livre, é necessário que os outros respeitem sua liberdade. Em termos jurídicos, é o
direito de fazer ou não fazer alguma coisa senão em virtude da lei. Um indivíduo é livre para fazer tudo aquilo que
a lei não proibir. Considerando o princípio da legalidade (art. 5º, II), apenas as leis podem limitar a liberdade indi-
vidual.

B) DIVERSAS LIBERDADES

Alguns autores do direito constitucional preferem tratar de direito às liberdades, pois existem diversas modalida-
des, com conceitos e tratamentos distintos. Há liberdades de pensamento, de locomoção, de expressão e de ação
profissional. Vejamos os incisos relacionados.

LIBERDADE DE PENSAMENTO E VEDAÇÃO DO ANONIMATO

O pensamento é absolutamente livre. Ninguém possui condições de controlá-lo, de conhecer o que o outro pensa.
O pensamento pertence ao próprio indivíduo, sendo uma questão de foro íntimo. A proteção constitucional surge
no momento em que ele é exteriorizado com sua manifestação.

Assim é que o art. 5º, IV, estabelece que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.

Se a CF assegura a liberdade de manifestação de pensamento, as pessoas são obrigadas a assumir a responsa-


bilidade por aquilo que exteriorizarem. Ninguém pode fugir da responsabilidade do pensamento exteriorizado,
escondendo-se sob a forma do anonimato. O direito de manifestação do pensamento deve ser manifestado de
forma responsável, não se tolerando o exercício abusivo deste direito em detrimento da honra das demais pesso-
as.

DIREITO DE RESPOSTA

No art. 5º, V, a CF assegura “o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano materi-
al, moral ou à imagem”. Trata-se do exercício o direito de defesa da pessoa que foi ofendida pela imprensa em
razão da publicação de uma notícia inverídica.

LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, CRENÇA E CULTO

A liberdade de consciência é de foro íntimo, interessando apenas ao indivíduo. Por sua própria natureza, é de
caráter indevassável e absoluto e não está sujeita a qualquer forma de controle pelo Estado. Abrange a liberdade
de crença religiosa (art. 5º, VI) e a liberdade de consciência em sentido estrito, que se refere ao pensamento não
relacionado a questões religiosas.

A liberdade de crença é de foro íntimo, em questões de ordem religiosa. É importante salientar que inclui o direito
de professar ou não uma religião, de acreditar ou não numa ou mais divindades ou de ser ateu. A liberdade de
culto é a exteriorização daquela, na forma da lei, como estabelece o art. 5º, VI.

PROIBIÇÃO DA CENSURA E DA LICENÇA

A CF de 1988, preocupada em assegurar ampla liberdade de manifestação de pensamento, veda expressamente


qualquer atividade de censura ou licença (art. 5º, IX). Por censura entende-se a verificação da compatibilidade
entre um pensamento que se pretende exprimir e as normas legais vigentes. Por licença, a exigência de autoriza-
ção de qualquer agente ou órgão para que um pensamento possa ser exteriorizado.

LIBERDADE ARTÍSTICA E OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

A Constituição assegura ampla liberdade na produção da arte, nas suas mais variadas formas: literatura, música,
teatro, cinema, televisão, fotografia, artes plásticas etc. Determinadas expressões artísticas, como artes plásticas,

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literária e musical, gozam de ampla liberdade, não estando sujeita a qualquer restrição por parte do Estado. Con-
tudo, nas expressões artísticas feitas por veículos de comunicação social (imprensa, rádio e televisão) ou de for-
ma pública (cinemas, teatros, casas de espetáculos), que atingem pessoas indeterminadas, a Constituição admite
certas formas de controle. Tratando-se de diversões e espetáculos públicos, o Poder Público poderá estabelecer
faixas etárias recomendadas, locais e horários para apresentação.

Ao mesmo tempo, lei federal deverá estabelecer meios para que qualquer pessoa ou família possa defender-se de
programações de rádio e televisão que atentem contra os valores éticos vigentes (CF, art. 220, §3º, I e II).

DIREITO DE INFORMAÇÃO

O direito de informação contém basicamente duas vertentes: o direito de se informar (informação pessoal) e o de
ser informado (informação jornalística). A CF, em diversos incisos do art. 5º, tutela o direito de informação, a
exemplo dos incisos XIV, XXXIII e LXXII.

LIBERDADE DE INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA

A CF assegura a “plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social”. Com-
preende o direito da imprensa de informar bem como o direito do cidadão de ser devidamente informado. Assim,
qualquer legislação infraconstitucional que constitua embaraço à atividade jornalística deve ser declarada inconsti-
tucional (CF, art. 220, §1º).

SIGILO DA FONTE

A Constituição, ao mesmo tempo em que assegura o direito de informação, resguarda o sigilo da fonte quando
necessário ao exercício profissional da atividade jornalística (CF, art. 5º, XIV). O sigilo da fonte é indispensável
para o êxito de certas investigações jornalísticas, possibilitando a ampla apuração de fatos comprometedores.
Este direito encontra-se regulamentado pela Lei nº 5.250/67.

LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO

Consiste no direito de ir e vir. Obviamente o direito de permanecer no lugar em que se encontra está incluído no
de ir e vir. No art. 5º, XV, a Constituição estabelece que “é livre a locomoção no território nacional em tempo de
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. Somente
em tempo de guerra podem ser feitas restrições à liberdade de locomoção.

A CF prevê, como garantia da liberdade de locomoção a ação de habeas corpus (art. 5º, LXVIII), que pode ser
impetrada por qualquer pessoa que esteja sendo impedida de ir, vir ou permanecer, independentemente de advo-
gado.

LIBERDADES DE EXPRESSÃO COLETIVA

As liberdades de expressão coletiva são modalidades de direitos individuais, abrangendo o direito ou a liberdade
de reunião e o direito ou a liberdade de associação (art. 5º, XVI e XVII a XXI). São considerados direitos individu-
ais por pertencerem ao indivíduo, e de expressão coletiva, porque pressupõem uma pluralidade de pessoas para
que possam ser exercidos.

A) LIBERDADE DE REUNIÃO

A liberdade de reunião deve ser entendida como agrupamento de pessoas, organizado, de caráter transitório, com
uma determinada finalidade. Em locais abertos ao público, a CF assegura, no art. 5º, XVI, desde que observados
certos requisitos: a) reunião pacífica, sem armas; b) fins lícitos; c)aviso prévio à autoridade competente; e d) reali-
zação em locais abertos ao público.

O aviso prévio de que fala a CF não se confunde com a necessidade de prévia autorização do Poder Público. Sua
finalidade é unicamente evitar a frustração de outra reunião previamente marcada para o mesmo local. O direito
de passeata é também assegurado pela CF, pois esta nada mais é do que uma reunião em movimento.

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B) LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO

Deve ser entendida como o agrupamento de pessoas, organizado e permanente, para fins lícitos. Este direito
abrange o direito de associar-se a outras pessoas para a formação de uma entidade, o de aderir a uma associa-
ção já formada, o de desligar-se da associação, bem como o de auto-dissolução das associações. É o que está
previsto no art. 5º, XVII e XXI.

LIBERDADE DE AÇÃO PROFISSIONAL

Consiste na faculdade de livre escolha de trabalho que se pretende exercer (CF, art. 5º, XIII). É o direito de cada
indivíduo exercer qualquer atividade profissional, de acordo com as suas preferências e possibilidades. Para o
exercício de algumas profissões, a CF estabelece que podem ser feitas algumas exigências pela legislação infra-
constitucional.

4.3 DIREITO DE IGUALDADE (ISONOMIA)

O direito à igualdade está consagrado no art. 5º, caput, da Constituição Federal, que diz: “ Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)”. Seu significado é intuitivo, vale dizer, proíbe-se toda e
qualquer forma de discriminação injustificada entre as pessoas.

Em muitos outros dispositivos constitucionais o princípio em tela encontra-se presente, o que demonstra a preo-
cupação do legislador constituinte com esta questão, certamente fruto de uma lamentável experiência histórica
vivida pelo Brasil durante o regime militar, época em que o princípio da igualdade, a exemplo de outros, foi siste-
maticamente desrespeitado.

A idéia fundamental do princípio da igualdade é a que todos devem ser tratados de forma igual perante a lei, ou
seja, todos nascem e vivem com os mesmos direitos e deveres perante a coletividade e o Estado.

É importante notar que o conteúdo deste princípio não impõe uma igualação absoluta entre todas as pessoas, já
que há situações em que é inegável a necessidade de se desigualar pessoas que se encontrem em situações
desiguais, visando exatamente conferir aquilo que se chama de igualdade material. Por isso é que se fala que
respeitar o princípio da igualdade é igualar os iguais, na medida das suas igualdades, e desigualar os desiguais,
na medida das suas desigualdades.

Um exemplo pode facilmente ilustrar a questão. Imagine-se um concurso para o preenchimento de vagas na polí-
cia militar feminina, em que o edital traz a exigência de que só as mulheres serão aceitas a participar do certame.
É induvidoso que tal exigência constitui uma discriminação entre as pessoas, pois excluiu todos os homens do
concurso. Diante disso, poderia algum homem alegar a quebra do princípio da isonomia por ter sido impedido de
se submeter às provas? A resposta é sem dúvida negativa. Para efeito do cargo que se pretende ocupar (polícia
feminina), homens e mulheres são sim desiguais, sendo razoável que se limite o concurso à participação das mu-
lheres. O que terá feito o edital, numa situação como esta, é sim desigualar pessoas, mas na exata medida da sua
desigualdade, o que não afronta, e sim consagra, o princípio em tela.

Outros muitos exemplos do dia-dia podem ser mencionados, em que se desigualam pessoas sem que haja qual-
quer mitigação do princípio da isonomia: lugar reservado à gestante nos ônibus, tratamento diferenciado ao idoso
em instituições bancárias etc.

IGUALDADE FORMAL E MATERIAL

Existem duas espécies de igualdades: a igualdade formal e a material.

Por igualdade formal se entende a igualdade de todos perante a lei, sendo, portanto, uma igualdade considerada
abstratamente. Impede-se que a lei trate de maneira desigual pessoas que se encontrem em igual situação.

Já a igualdade material é a efetiva, real, que é observada no caso concreto. É a busca da igualdade na vida eco-
nômica e social das pessoas. A igualdade material é preocupação do legislador constituinte em diversos momen-
tos, já que ele reconheceu que não basta assegurar às pessoas a igualdade formal, sendo imperioso que o Esta-
do crie instrumentos hábeis a efetivamente conferir igualdade às pessoas. Exemplo: Não basta que a CF tenha

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assegurado a todos o acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV) se não criar mecanismos concretos para permitir
o efetivo acesso às pessoas àquele Poder. Por isso é que o legislador constituinte previu no art. 5º, LXXIV a assis-
tência judiciária gratuita, amparando as pessoas que não podem arcar com os custos do processo. Trata-se de
típico instrumento em favor da igualdade material, efetiva, real.

IGUALDADE NA LEI E PERANTE A LEI

Os destinatários do princípio da igualdade são tanto o próprio legislador quanto os operadores do direito, que são
os intérpretes da lei.

Quando se entende a igualdade como direcionada ao próprio legislador, impedindo-o de elaborar qualquer ato
normativo que discrimine indevidamente pessoas, fala-se em igualdade na lei.

Por outro lado, quando se tem em conta a impossibilidade de se utilizar critérios discriminatórios na aplicação da
lei, atividade desenvolvida não pelo legislador mas todos os operadores do direito, fala-se em igualdade perante a
lei.

IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES

O art. 5º, I, da CF, estabelece que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição”. O objetivo deste dispositivo é espancar de vez todo e qualquer resquício de prevalência masculina
em nossa sociedade, construída em cima de valores nitidamente machistas.

Tamanha foi a preocupação do legislador, que ele trouxe novamente a questão da igualdade entre homens e mu-
lheres proclamada no art. 226, §5º, da CF, com o seguinte texto: “Os direitos e deveres referentes à sociedade
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”.

Como já foi dito, a regra da igualdade entre homens e mulheres não é absoluta, já que se tratam de seres huma-
nos com peculiaridades próprias que, em certos casos, podem ensejar justificadamente uma discriminação. Aliás,
a própria CF estabeleceu alguns casos de discriminação válida entre homens / mulheres, a exemplo das regras de
aposentadoria, diferentes para um e outro (art. 40 da CF).

IGUALDADE TRIBUTÁRIA

O art. 150, II, da CF, traz, em matéria tributária, um nítido desdobramento do princípio da isonomia ao vedar “tra-
tamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente”.

DISTINÇÕES EM RAZÃO DE RAÇA, COR, ETNIA, RELIGIÃO E PROCEDÊNCIA NACIONAL

Qualquer discriminação em razão dos elementos raça, cor, etnia, religião e procedência nacional é repudiada pelo
nosso ordenamento jurídico, já que é desprovida de qualquer razoabilidade. Por isso é que o legislador constituin-
te previu, no art. 5º, XLII, da CF, que a prática de racismo constitui “crime inafiançável, sujeito à pena de reclusão,
nos termos da lei”.

Trata-se, como é evidente, de clara decorrência do princípio da igualdade.

4.4. DIREITO À SEGURANÇA

O direito à segurança nada mais é do que o direito de usufruir dos demais direitos fundamentais com a necessária
tranqüilidade.

Convém, de logo, esclarecer que o sentido de segurança aqui utilizado não é somente o de segurança pública, do
ponto de vista da integridade física do indivíduo. Envolve também o direito à legalidade, à segurança nas relações
jurídicas, o respeito à liberdade pessoal, a inviolabilidade da intimidade, do domicílio e das comunicações pesso-
ais e a segurança em matéria jurídica.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

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Este importantíssimo princípio constitucional vem proclamado no art. 5º, II, que declara: “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. É a base primordial dos chamados Estados de
Direito, como o Brasil, que primam por garantir a todos os que estiverem sob sua Soberania a segurança de que
só se verão obrigados a praticar certa conduta ou a se abster de fazer algo se assim a lei previr.

A idéia deste princípio, consagrado pela Revolução Francesa, é a de que a vontade individual das pessoas só
pode ser limitada por lei, que é a expressão da vontade coletiva, geral. A exemplo de outros, este princípio está
presente em diversos outros momentos da ordem legal brasileira, a exemplo do princípio da legalidade administra-
tiva, que será estudado mais adiante.

SEGURANÇA DAS RELAÇÕES JURÍDICAS

Quando se fala em segurança das relações jurídicas, fala-se no direito que todos têm de saber as conseqüências
exatas dos atos jurídicos que venham a praticar. É a segurança conferida aos indivíduos de que não serão pegos
de surpresa por novas e inesperadas situações que lhe prejudiquem.

Em nome desta segurança é que o princípio geral acerca da aplicação das leis é o da irretroatividade, ou seja, as
leis só alcançam as situações posteriores à sua elaboração. Poderão retroagir somente nos casos em que não
prejudiquem ao direito adquirido, ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI).

Direito adquirido: considera-se adquirido o direito se ele já tiver se incorporado ao patrimônio do seu titular, que
o pode exercer a qualquer tempo, só não o tendo feito ainda porque não quis.Ex: Indivíduo que já cumpriu todos
os requisitos legais vigentes para se aposentar, mas ainda não o fez. Se advier uma lei nova mudando as regras
de aposentadoria e estabelecendo um novo requisito que ele não possui, não poderá ser aplicada ao seu caso,
sob pena de prejudicar um direito adquirido.

Ato jurídico perfeito: é o ato jurídico já realizado e consumado de acordo com todos os requisitos que a lei vigen-
te prevê. Ex: Determinado contrato é formalizado sem uma certa exigência que só passou a existir depois da sua
consumação. Neste caso, deu-se um ato jurídico perfeito, que não pode ser alcançado pela lei nova e mais exi-
gente.

Coisa julgada: é a decisão judicial definitiva, ou seja, da qual já não caiba recurso. Depois de transitada em jul-
gado (ultrapassadas todas instâncias de recurso), a sentença proferida num processo judicial confere às partes a
certeza de que não será modificada. Obs. Há exceções raríssimas.

SEGURANÇA EM MATÉRIA PESSOAL

Em matéria pessoal, a segurança compreende inúmeros direitos relacionados ao ser humano considerado sob o
ponto de vista individual, como a inviolabilidade da intimidade, do domicílio e das comunicações pessoais, assim
como inúmeras garantias em matéria penal e processual.

DIREITO À PRIVACIDADE

O art. 5º, X, da CF, estabelece que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Pelo texto da Constituição se percebe que o direito à privacidade compreende a tutela da intimidade, vida priva-
da, honra e imagem das pessoas.

Intimidade e vida privada - Intimidade é aquilo que é interior de cada ser humano. É o direito de estar só, de ser
respeitado em sua vida particular. Diz respeito a cada indivíduo individualmente considerado, como seus segre-
dos, seu diário, sua lista de e-mails. Já a vida privada constitui a convivência do indivíduo com seus amigos e
família, ou seja, a que se vive no lar ou em locais fechados, É o direito de conduzir a vida familiar e social sem a
interferência indesejada de terceiros, como vizinhos, jornalistas, curiosos etc.

Honra – É um atributo pessoal de todo indivíduo. Abrange sua auto-estima, ou seja, aquilo que cada pessoa pen-
sa de si mesma (honra subjetiva) e o conceito do indivíduo perante os outros, a reputação que possui no meio
social (honra objetiva).

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Imagem – Compreende a imagem-retrato, a imagem-atributo e a imagem-voz. A chamada imagem-retrato é a


representação gráfica, fotográfica, televisionada ou cinematográfica do indivíduo. Neste sentido, é o direito que
todos têm de não ver sua representação reproduzida por qualquer meio de comunicação sem a devida autoriza-
ção. A imagem-atributo é o retrato moral do indivíduo, o conjunto dos seus traços caracterizadores, seus compor-
tamentos reiterados. Por sua vez, a imagem-voz é o timbre sonoro do indivíduo.

INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

O art. 5º, XI, da CF, proclama que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial”.

Como se observa no próprio texto constitucional, a inviolabilidade de domicílio não é absoluta, já que há casos em
que é possível o ingresso na casa do indivíduo sem sua autorização.

Ressalte-se que as três primeiras exceções (prisão em flagrante, prestação de socorro e desastre) podem se dar
a qualquer hora do dia ou da noite, enquanto que a última (cumprimento de ordem judicial) só pode ocorrer duran-
te o dia.

Embora haja discussão acerca do que se considera como sendo “durante o dia”, o STF, capitaneado no assunto
pelo Ministro Celso de Melo, tem considerado como sendo o intervalo compreendido entre o amanhecer do dia
(aurora) até o por do sol (crepúsculo).

Ademais, vale ressaltar que, embora a Constituição utilize a palavra “casa”, dando a idéia de âmbito residencial, a
doutrina e a jurisprudência têm ampliado este conceito para incluir também na inviolabilidade os locais privados
onde se exerça atividade profissional (ex. escritórios de advocacia; consultórios médicos etc.), além dos locais de
hospedagem provisória (hotéis, motéis, pousadas, hospedarias etc.).

IMPORTANTE:

Há alguns anos, o STF passou a admitir uma hipótese de ingresso à noite no domicílio, sem consentimen-
to dos envolvidos, para o cumprimento de ordem judicial de instalação de escuta ambiental.

De fato, em caso de investigação levada a efeito em face de empresa, seria provavelmente inócua a insta-
lação, em sua sede, durante o dia, de equipamentos de escuta de ambiente. Para que a providência se
mostre útil, a instalação, na maioria das vezes, terá que ocorrer fora do seu horário de funcionamento (à
noite), o que foi reconhecido pelo STF.

Com isso, foi trazida uma exceção à regra de que o ingresso, sem consentimento, para o cumprimento de
ordem judicial só pode ocorrer durante o dia.

INVIOLABILIDADE DAS COMUNICAÇÕES PESSOAIS

É a segurança conferida a todos os indivíduos de que suas comunicações pessoais não serão interceptadas por
outras pessoas. Esta garantia está prevista no art. 5º, XII, da CF, que diz: “é inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.

Embora a CF não faça referência expressa aos meios de comunicação virtuais (e-mail, MSN etc), hoje muito co-
muns, é inegável que os mesmos gozam da proteção constitucional quanto à inviolabilidade, já que são também
comunicações pessoais.

Note-se também que as comunicações telefônicas podem ter seu sigilo flexibilizado por ordem judicial, tanto no
tocante aos registros das chamadas feitas e recebidas (quebra do sigilo telefônico) quanto no tocante ao conteúdo
das chamadas (interceptação telefônica).

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Segundo a jurisprudência do STF, também a inviolabilidade do sigilo das correspondências, das comunicações
telegráficas e dos dados não é absoluta, sendo possível sua interceptação, sempre excepcionalmente, com fun-
damento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem pública, quando
este direito estiver sendo exercido para acobertar práticas ilícitas.

SEGURANÇA EM MATÉRIA JURÍDICA

É o conjunto de garantias concernentes às matérias penal e processual previstas no art. 5º, da CF, a seguir enun-
ciadas:

- Princípio da inafastabilidade (inciso XXXV);


- Proibição dos tribunais de exceção (inciso XXXVII);
- Julgamento no Tribunal do Júri em crimes dolosos contra a vida (inciso XXXVIII);
- Princípio do Juiz Natural (inciso LIII);
- Princípio da anterioridade ou da reserva de lei penal (inciso XXXIX);
- Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa (inciso XL);
- Princípio da personalização da pena (inciso XLV);
- Princípio da individualização da pena (inciso XLVI);
- Proibição de determinadas penas (XLVII);
- Princípios relativos à execução da pena privativa de liberdade (incisos XLVIII a L);
- Restrições à extradição de nacionais e estrangeiros (incisos LI e LII);
- Proibição da prisão civil por dívidas, salvo no caso de devedor de pensão alimentícia ou do depositário infiel (in-
ciso LXVII);
- Princípio do devido processo legal (inciso LIV);
- Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (inciso LV);
- Proibição de prova ilícita (inciso LVI);
- Princípio da presunção de inocência (inciso LVII);
- Proibição da identificação criminal da pessoa já civilmente identificada (inciso LVIII);
- Garantia da legalidade e da comunicabilidade das prisões (incisos LXI a LXVI);

4.5. DIREITO DE PROPRIEDADE

O direito de propriedade encontra-se assegurado no art. 5º, XXII, da Lei Maior, sendo conceituado tradicionalmen-
te pelo art. 1.228 do Código Civil (Lei 10.406/02), como sendo o direito conferido a todos “de usar, gozar, e dispor
de seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua”.

Esta antiga e tradicional definição, todavia, hoje precisa ser revista, tendo em vista que a Constituição de 1988
trouxe a figura da função social da propriedade, a teor do seu art. 5º, XXIII, que diz: “a propriedade atenderá a sua
função social”.

Isto quer dizer que não se concebe mais o direito de propriedade como um direito absoluto do seu titular que pode
ser exercido à revelia dos interesses sociais. Ao contrário, a função social da propriedade impõe a utilização da
coisa de acordo com a conveniência social e os interesses da sociedade. Há casos, inclusive, em que prevalecerá
o interesse coletivo / social sobre o particular. Ex: em razão da função social da propriedade, é prevista pela CF a
desapropriação, para fins de reforma agrária, de uma propriedade rural improdutiva, com o pagamento de indeni-
zação.

No art. 5º, da CF, diversos são os incisos que tratam do direito de propriedade, considerado nos seus mais varia-
dos aspectos, a saber:

- Requisição administrativa (inciso XXV);


- Pequena propriedade rural (inciso XXVI);
- Direitos do autor (inciso XXVII);
- Direitos conexos aos direitos do autor (inciso XXVIII);
- Propriedade industrial (inciso XXIX);
- Direito de herança (inciso XXX);

5. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

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Costuma-se chamar de remédios constitucionais os instrumentos postos pela Carta Magna à disposição dos cida-
dãos para solucionar situações de eventual desrespeito a direitos fundamentais. Com exceção da Ação Civil Pú-
blica, que está prevista no art. 129, da CF, encontram-se todos previstos no art. 5º da Lei Maior.

São eles:

- Habeas corpus (inciso LXVIII);


- Habeas data (inciso LXXII);
- Mandado de segurança individual (inciso LXIX);
- Mandado de segurança coletivo (inciso LXX);
- Direito de petição (inciso XXXIV, a);
- Direito à certidão (inciso XXXIV, b);
- Mandado de injunção (inciso LXXI);
- Ação popular (inciso LXXIII);
- Ação civil pública (art. 129, III).

5.1. HABEAS CORPUS (inciso LXVIII)

É a modalidade de ação constitucional prevista para tutelar a liberdade de locomoção do indivíduo, seu direito de
ir e vir. Desta forma, sempre que alguém se achar cerceado, ou na ameaça de sê-lo, no seu direito de se locomo-
ver livremente, poderá se valer de habeas corpus.

Importante notar que o cidadão comum é legítimo para valer-se de habeas corpus independentemente de advo-
gado. Além disso, o HC pode ser impetrado em face de ato de autoridade pública e de particular.

Existem basicamente duas modalidades de HC: o HC preventivo e o HC repressivo. Será preventivo quando o
constrangimento ilegal ao direito de ir e vir ainda não tenha ocorrido, mas esteja na iminência de sê-lo, ao passo
em que será repressivo, ao contrário, quando o HC for impetrado após a prática do constrangimento ilegal.

5.2. HABEAS DATA (inciso LXXII)

Trata-se de ação posta à disposição do cidadão com o fim de tutelar o seu direito de informação pessoal, assegu-
rando-se-lhe o conhecimento de registros/informações relativos à sua pessoa, constantes de bancos de dados
públicos ou abertos ao público. O habeas data assegura, também, o direito de retificação desses dados, acaso
equivocados.

Este remédio constitucional foi regulamentado pela Lei nº 9.507/97. Qualquer pessoa, seja física ou jurídica, brasi-
leira ou estrangeira, pode valer-se de habeas data. No pólo passivo podem estar entidades governamentais da
Administração direta ou indireta ou pessoas jurídicas de direito privado que mantenham banco de dados aberto ao
público (Ex: SPC, SERASA etc.).

IMPORTANTE:

A concessão do habeas data está condicionada à comprovação da negativa administrativa de acesso aos
dados a respeito do Impetrante ou da retificação dos dados.

5.3. MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL (inciso LXIX)

É ação constitucional para a tutela de direito líquido e certo do Impetrante, quando desrespeitado, ou na ameaça
de sê-lo, por ilegalidade ou abuso de direito de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público.
Terá vez o MS sempre que não for cabível o habeas corpus ou o habeas data, ou seja, sempre que o direito líqui-
do e certo do Impetrante não for nem sua liberdade de locomoção (HC) nem seu direito de informação / intimidade
(HD).

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O MS poderá ser, assim como o HC, preventivo ou repressivo. Será preventivo se a lesão a ilegalidade ou abuso
de poder contra direito líquido e certo do Impetrante não tiver ainda ocorrido, e repressivo se for impetrado após a
efetiva ocorrência da ilegalidade ou abuso de poder.

Por último, a impetração do MS está sujeita a prazo decadencial de 120 dias a partir da ciência do ato impugnado
por parte do interessado.

5.4. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (inciso LXX)

É a ação constitucional prevista para a tutela de direitos coletivos líquidos e certos, que não sejam amparados
pelo HC e o HD. Enquanto o MS individual tutela direitos individuais, pertencentes a um indivíduo, o MS coletivo
tutela os chamados direitos coletivos, que são os pertencentes a coletividades de pessoas.

Importante notar que a CF conferiu legitimidade para valer-se do MS coletivo somente aos seguintes entes:

- partido político com representação no Congresso Nacional;

- organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo me-
nos um ano (Obs. O prazo só se refere à associação), em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

5.5. DIREITO DE PETIÇÃO (inciso XXXIV, A)

É o direito de peticionar, se dirigir à Administração Pública, formulando-lhe pedidos e denunciando a eventual


prática de atos ilegais cometidos por Agentes do Estado. Pode ser exercido por qualquer pessoa, física ou jurídi-
ca, maior ou menor, nacional ou estrangeira. O órgão público tem o dever jurídico de responder o quanto solicita-
do.

O pedido deve ser apresentado de forma escrita, podendo ser individual ou coletivo (ex: abaixo-assinados dirigi-
dos ao Poder Público).

A CF garante a total gratuidade no exercício deste direito, sendo vedada ao Poder Público cobrança de toda e
qualquer taxa, seja a qualquer título ou pretexto.

5.6. DIREITO DE CERTIDÃO (inciso XXXIV, B)

Trata-se aqui do direito conferido ao cidadão de obter do Poder Público, certidão visando a defesa de direitos ou
esclarecimento de situações de interesse pessoal. Por certidão deve-se entender um documento apto a compro-
var a existência de fato(s), expedido pela Administração pública, e que por isso mesmo, goza de fé pública, até
prova em contrário.

A Lei nº 9.051/95, que regulamentou este direito, prevê o prazo improrrogável de 15(quinze) dias para a expedição
da certidão pela Administração Pública. Ultrapassado este prazo, poderá o cidadão valer-se de Mandado de Se-
gurança Individual, por violação a direito líquido e certo.

Assim como o direito de petição, ao direito de certidão é assegurada a gratuidade para o seu exercício. Tem-se
entendido, todavia, que, nos casos de certidão que não visa diretamente preservar direitos ou interesses pessoais,
poderá haver a cobrança de preço público que reponha os custos da expedição por parte da Administração.

5.7. MANDADO DE INJUNÇÃO (inciso LXXI)

Visa proteger qualquer direito, liberdade ou as prerrogativas constitucionais relativas a nacionalidade, soberania e
cidadania, que não possam ser exercidos em razão da falta de norma regulamentadora (normas de eficácia limi-
tada).

Pode ser proposto por qualquer pessoa física ou jurídica que seja titular de direito previsto pela Constituição, e
que ainda não tenha sido regulamentado por lei. Alcança tanto os direito individuais quanto os coletivos. Deverá
ser proposto contra a pessoa ou órgão responsável pela omissão normativa que inviabilize a concretização do
direito previsto na CF, ou seja, de regra, o Poder Legislativo.

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Durante muitos anos, o STF entendeu que a decisão proferida no Mandado de Injunção tão somente constituía o
Poder Legislativo em mora. Notificava-se o Congresso Nacional da sua omissão legislativa para que tomasse as
providências necessárias à elaboração da norma regulamentadora. O problema é que não se estabelecia prazo
nem sanção para o descumprimento, em razão do princípio da separação de poderes, resultando o MI em provi-
dência inócua aos interesses do cidadão. Tal entendimento, tradicional no STF, é chamado pela doutrina de “cor-
rente não concretista”.

Mais recentemente o STF tem adotado o entendimento de que o Judiciário pode, reconhecendo a omissão legisla-
tiva, além de notificar o Poder Legislativo, também adotar providências práticas no sentido de suprir a ausência da
lei regulamentadora. É a chamada “corrente concretista”. Tal providência, adotada apenas no caso concreto do
Impetrante, ora produzirá efeitos somente para ele (corrente concretista individual), ora também para terceiros, por
tabela (corrente concretista geral).

A corrente concretista individual ainda pode ser direta ou intermediária. Na primeira, o Impetrante já pode gozar do
direito não regulamentado de imediato, a partir de parâmetros definidos pelo Poder Judiciário. Já na segunda, o
Judiciário fixa um prazo para o Poder Legislativo atuar na regulamentação do direito, ao fim do qual, diante da sua
inércia, poderá o Impetrante se valer do direito.

5.8. AÇÃO POPULAR (INCISO LXXIII)

A Ação Popular é a ação constitucional posta à disposição dos cidadãos para a defesa do patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio histó-
rico e cultural, mediante a anulação do ato lesivo.

Através deste importante instrumento, todo cidadão atua como fiscal da atividade administrativa do Estado. Sãos
três os requisitos para a propositura da Ação Popular: condição de eleitor (só pode ser proposta por cidadão brasi-
leiro no gozo dos direitos políticos); ilegalidade (o ato do Poder Público que esteja sendo impugnado deve ser
contrário ao ordenamento jurídico); e lesividade (o ato impugnado deve ser lesivo a um dos quatro interesses aci-
ma descritos).

Em razão do primeiro requisito acima, não pode ser proposta Ação Popular por pessoa jurídica. Podem ser réus:
as pessoas jurídicas de direito público e privado em nome das quais foi praticado o ato; autoridades, funcionários
ou administradores que houverem participado do ato ilegal e lesivo; e os beneficiários do ato, mesmo que particu-
lares, sejam nacionais ou estrangeiros.

5.9.AÇÃO CIVIL PÚBLICA (ART. 129, III)

Esta Ação é prevista pela CF para a tutela dos interesses difusos e coletivos, a exemplo do patrimônio público e
social, do meio ambiente, direitos do consumidor, direitos da criança e do adolescente, das pessoas portadoras de
deficiência física, dentre outros.

Pode ser proposta pelos seguintes entes: a) Ministério Público; b) Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios); c) Associações constituídas há mais de um ano que tenham por
finalidade a defesa de interesses difusos e coletivos (ONGs); d) Defensorias Públicas.

Poderão ser réus tanto pessoas e órgãos integrantes da Administração Pública quanto pessoas e entes privados,
desde que realizem atos nocivos aos interesses difusos / coletivos tutelados por esta ação constitucional.

O MP, na condição de órgão incumbido da defesa da ordem jurídica e dos direitos sociais e individuais indisponí-
veis, intervirá sempre nas Ações Civis Públicas, quer como autor, quer como fiscal da lei.

6. DIREITOS SOCIAIS

Os direitos sociais são aqueles que consistem em prestações positivas do Estado em benefício das camadas mais
pobres da sociedade, visando uma melhora das suas condições de vida e de trabalho. Possuem conteúdo eco-
nômico – social e podem ser tanto individuais quanto coletivos.

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Os direitos fundamentais já vistos até aqui consistem numa abstenção estatal, ou seja, não exigem do Estado
qualquer conduta positiva, mas que apenas se abstenha de praticar atos que os violem. Não é o caso dos direitos
sociais, surgidos em um momento histórico posterior ao dos primeiros, onde se verificou que não bastava ao Es-
tado se abster de praticar atos atentatórios dos direitos individuais (Estado Liberal), impondo-se que desempe-
nhasse uma série de funções em benefício das camadas menos favorecidas da população (Estado Social).

A Constituição de 1988, elaborada na esteira da redemocratização do país, se preocupou por demais com a ques-
tão, dedicando um capítulo exclusivo ao tratamento dos direitos sociais, inserido no Título II, denominado “DOS
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS”.

Dessa forma, os direitos sociais relativos aos trabalhadores urbanos e rurais estão assegurados nos arts. 7º a 11.
Os demais direitos sociais são mencionados no art. 6º e desdobrados em vários outros dispositivos do Título VIII
da nossa lei maior, denominado “DA ORDEM SOCIAL”.

As provas de concurso costumam centrar as atenções no art. 7º da CF, sem descerem aos detalhes da legislação
infraconstitucional, cujo estudo fica a cargo do direito do trabalho.

A nós, portanto, interessa apenas estarmos familiarizados com a relação genérica dos direitos do trabalhador,
sem a necessidade de conhecermos os pormenores de cada um.

Convém também atentarmos para os arts. 8º a 11, que, embora não sejam tão freqüentes, também costumam ser
cobrados.

Importante:

Em 2013, a Emenda Constitucional nº 72 alterou a redação do art. 7º, parágrafo único, aumentando a lista
de direitos sociais assegurados aos trabalhadores domésticos.

Além disso, também recentemente, a Emenda Constitucional nº 90/2015 acrescentou á lista do art. 6º o
direito social ao TRANSPORTE.

7. NACIONALIDADE

Entende-se por Nacionalidade o vínculo jurídico existente entre o Estado e o indivíduo, por meio do qual este se
torna parte integrante do povo daquele. Cada Estado deve definir quem são seus nacionais, chegando-se sempre
por exclusão ao conceito de estrangeiro.

No caso do Brasil, é a própria CF, com exclusividade, quem define os critérios para aquisição e perda da naciona-
lidade brasileira.

7.1. MODOS DE AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA

Há duas formas de se adquirir a nacionalidade brasileira: um chamado primário ou originário, e outro chamado
secundário ou derivado.

Nacionalidade Primária Ou Originária

Pelo modo primário ou originário, se adquire a nacionalidade sempre com o nascimento do indivíduo, ou seja, ao
nascer, o indivíduo imediatamente adquire sua nacionalidade originária.

No caso do Brasil, o art. 12, I, da CF, estabelece quem são os brasileiros natos, ou seja, aqueles com nacionali-
dade originária brasileira. São três os casos:

a) Nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) Nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço do
Brasil;

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c) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

A primeira das três hipóteses leva em conta apenas o local ou o solo do nascimento (jus solis). Esse critério é
também chamado de territorialidade. Já as duas outras hipóteses levam em conta a filiação do indivíduo, ou seja,
o mesmo é brasileiro nato pelo fato de ter sangue brasileiro (jus sanguinis).

Nacionalidade Secundária ou Derivada

É o modo de aquisição da nacionalidade pelo qual esta é adquirida não no momento do nascimento, mas sim ao
longo da via do indivíduo. Resulta sempre de um ato de vontade.

O Brasil prevê um único caso de aquisição de nacionalidade secundária: a naturalização (art. 12, II), que nada
mais é do que o ato pelo qual uma pessoa adquire a nacionalidade de outro país.

A nossa CF prevê duas hipóteses de naturalização: uma ordinária (art. 12, II, a) e uma extraordinária (art. 12, II,
b).

A naturalização ordinária é aquela concedida a estrangeiros que, na forma da lei, adquiriram a nacionalidade bra-
sileira, exigidas aos originários dos países de língua portuguesa somente a residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral. A Lei nº 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) é quem estabelece os requisitos para a sua aquisi-
ção, valendo lembrar que a concessão deste tipo de naturalização estará sempre sujeito a ato discricionário do
chefe do Poder Executivo.

A naturalização extraordinária é concedida ao estrangeiro residente no País há mais de 15 (quinze) anos ininter-
ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Preenchidos estes requisitos, o
estrangeiro será titular de um direito subjetivo, de modo que a concessão da naturalidade não se sujeitará a ato
discricionário do chefe do Executivo. O ato será, ao contrário, vinculado.

DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS

Somente a Constituição Federal pode estabelecer discriminações entre os brasileiros natos e naturalizados, sob
pena de se afrontar o princípio da isonomia, já estudado. E assim ela o fez nos seguintes casos:

a) Alguns cargos estratégicos, dada a sua relevância, são privativos de brasileiros natos: Presidente e Vice-
Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do Su-
premo Tribunal Federal, carreira diplomática, oficial das Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa (art. 12,
§3º).

b) Não se admite a extradição de brasileiro nato, mas somente do naturalizado, por crime cometido antes da natu-
ralização ou por comprovado envolvimento com tráfico de entorpecentes (art. 5º, LI).

c) Alguns dos integrantes do Conselho da República (órgão pertencente ao Poder Executivo) precisam ser brasi-
leiros natos (art. 89, VII).

d) A propriedade de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiro


nato ou naturalizado há mais de dez anos (art. 222).

7.2. MODOS DE PERDA DA NACIONALIDADE

A Constituição, assim como estabelece os modos de aquisição da nacionalidade, seja originária ou derivada, tam-
bém estabelece os modos pelos quais se perde a nacionalidade. Essa perda poderá se dar de maneira necessária
ou voluntária.
A perda necessária da nacionalidade é aquela ocorrida independentemente da vontade do indivíduo, e se dará no
caso de cancelamento da naturalização por atividade nociva ao interesse nacional, em razão de sentença judicial
transitada em julgado. Exige-se sempre um processo judicial proposto pelo Ministério Público Federal onde se
assegure o amplo direito de defesa. Não pode ser aplicada ao brasileiro nato.

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A perda voluntária da nacionalidade, por sua vez, se dará pela aquisição voluntária de outra nacionalidade, à
exceção dos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou de imposição de natura-
lização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência
em seu território ou para o exercício de direitos civis. Pode se dar a perda voluntária da nacionalidade tanto aos
brasileiros natos quanto aos naturalizados.

Por último, vale apontar as duas hipóteses de reaquisição da nacionalidade brasileira que tenha sido perdida: a)
se houver ação rescisória procedente em relação à sentença que reconheceu a atividade nociva ao interesse na-
cional (perda necessária); b) por Decreto do Presidente da República para os casos de brasileiros, natos ou natu-
ralizados, que tenham perdido a nacionalidade por terem adquirido outra nacionalidade (perda voluntária).

8. DIREITOS POLÍTICOS

Chamam-se direitos políticos os direitos de participar da vida política do País, da formação da vontade nacional,
incluindo os de votar e ser votado. Abrangem o exercício da soberania popular nas mais variadas formas, como os
direitos de iniciativa popular no processo legislativo, o de propor ação popular e o de organizar e participar de
partidos políticos.

Classificam-se os direitos políticos em:

- Direitos políticos positivos;

- Direitos políticos negativos.

8.1. DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS

São os direitos de participar da vida política do País, incluindo os direitos de votar e ser votado.Relaciona-se, des-
ta forma, com as seguintes questões: soberania popular, voto, plebiscito, referendo, iniciativa popular e elegibili-
dades.

SOBERANIA POPULAR

A soberania popular é a base do regime democrático brasileiro, como já tivemos oportunidade de falar. O art. 1º,
da Lei Maior, estabelece que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente”. É a consagração da Democracia representativa, tendo em vista a impossibilidade prática do exercí-
cio direto do poder pelo seu titular, o povo.

Lembre-se ainda que qualquer regime democrático funda-se na idéia de que o poder, como emana do povo (seu
titular), só será legitimamente exercido por meio de um governo “do povo, para o povo e pelo povo”.

VOTO

O art. 14, caput, c/c art. 60, §4º, II, da CF, estabelece que o voto terá as seguintes características: direto, secreto,
igual, universal e periódico.

Voto direto: Escolhem-se os representantes do povo pelos próprios eleitores, sem a presença de intermediário. Há
uma única exceção a essa regra, prevista pela própria CF, no seu art. 81, §1º, que é a possibilidade de eleição
indireta do Presidente e Vice-Presidente da República pelo Congresso Nacional, no caso de ocorrer a vacância
desses dois cargos nos dois últimos anos de mandato.

Voto secreto: Há mecanismos que garantem o mais absoluto sigilo do voto, não sendo qualquer eleitor obrigado a
revelar em quem votou. Trata-se de garantia em favor da ampla liberdade de escolha.

Voto igual: Todos os votos possuem o mesmo valor, inexistindo votos com pesos diferenciados.

Voto universal: Não se admitem restrições ao direito de votar dos cidadãos derivadas de condições de nascimen-
to, critérios econômicos ou capacidade especial da pessoa.

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Voto periódico: O direito de voto é exercido em espaços determinados, em razão da periodicidade dos mandatos,
que é característica do sistema republicano.

Importante notar que o voto não se confunde com o alistamento eleitoral. Trata-se de dois momentos distintos.
Enquanto este é o momento em que o indivíduo se inscreve perante a justiça eleitoral, passando a ter título de
eleitor, aquele é o momento em que o indivíduo, agora já alistado, elege seu representante político.

Segundo o art. 14, §1º, I e II, da CF, ambos os momentos são obrigatórios para os maiores de dezoito anos e
facultativos para os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, os maiores de setenta anos e para os anal-
fabetos.

Portanto, ao contrário do que muitos imaginam, o alistamento eleitoral, quando facultativo, se for realizado, não
torna o voto obrigatório (questão da última prova de auditor da receita – 2005). Isso porque, não é demais repetir,
é momento distinto do momento do voto.

Na mesma linha de raciocínio e sempre partindo da literalidade do dispositivo constitucional referido, convém
atentar para o fato de que os maiores de setenta anos têm o alistamento eleitoral facultativo.

PLEBISCITO

Trata-se de consulta prévia ao povo, antes da elaboração de um ato legislativo ou administrativo sobre matéria de
acentuada relevância constitucional, legislativa ou administrativa. Por meio do plebiscito, o povo é chamado a
votar, aprovando ou denegando a questão que lhe tenha sido submetida.

Há determinados temas cuja consulta por meio de plebiscito foi considerada obrigatória pela nossa CF. São os
casos de incorporação, subdivisão e desmembramento de novos Estados (art. 18, §3º) e de criação, incorporação,
fusão e desmembramento de novos Municípios (art. 18, §4º).

REFERENDO

É instrumento de consulta feita ao povo a posteriori, após a aprovação de um determinado ato legislativo ou admi-
nistrativo sobre matéria de relevância constitucional, legislativa ou administrativa. O povo é chamado a se pronun-
ciar pelo voto sobre determinada providência que já foi tomada pelo Poder Público, ratificando ou rejeitando a
medida.

A Lei nº 9.709/98 regula os procedimentos para a convocação e realização de plebiscitos e referendos. Deve ser
convocado por decreto legislativo, devendo a proposta estar assinada por, no mínimo, 1/3(um terço) dos membros
de qualquer das casas do Congresso Nacional.

INICIATIVA POPULAR

É a competência legislativa, vale dizer, a capacidade de dar início a um projeto de lei, atribuída a uma parcela
significativa do eleitorado. Encontra-se prevista pelo art. 61, §2º, da CF. Importante salientar que os projetos de lei
apresentados por iniciativa popular deverão estar adstritos a um só assunto, não podendo ser rejeitados em razão
de vícios de forma, sob pena de se mitigar indevidamente o princípio da soberania popular. Caberá ao Legislativo,
portanto, sanar eventuais equívocos de forma e/ou de redação.

A CF permite também, expressamente, a iniciativa popular no âmbito dos Municípios (art. 29, XIII). No que tange
aos Estados, embora não haja dispositivo expresso na Lei Maior, nada impede que as respectivas Constituições
Estaduais disponham sobre o assunto.

ELEGIBILIDADE

É o direito de ser votado, de eleger-se. Nem todos os eleitores podem ser eleitos. A CF estabelece alguns requisi-
tos específicos no seu art. 14, §3º, a saber:

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a) Nacionalidade brasileira. Estrangeiros não possuem direitos políticos no Brasil, salvo os portugueses com resi-
dência permanente em razão da reciprocidade firmada entre Brasil e Portugal (art. 12, §1º).

b) Pleno exercício dos direitos políticos. Para o exercício da chamada cidadania passiva (capacidade de eleger-
se), impõe-se que a pessoa não tenha incorrido em qualquer das causas de perda ou suspensão dos direitos polí-
ticos.

c) Alistamento eleitoral. Para que haja a cidadania passiva, é necessário o alistamento na Justiça Eleitoral.

d) Domicílio eleitoral na circunscrição. É necessário que o pretenso candidato tenha domicílio eleitoral na localida-
de onde pretende se eleger.

e) Filiação partidária. É necessário, para candidatar-se, que o indivíduo seja filiado a partido político.

f)Idade mínima. A CF impõe idade mínima para que o cidadão possa candidatar-se a determinados cargos, a sa-
ber: trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República; trinta anos para Governador e Vice-
Governador de Estado e do Distrito Federal; vinte e um anos para Deputado Federal, Estadual ou Distrital, Prefei-
to, Vice Prefeito; dezoito anos para Vereador.

g) Não incorrer em inelegibilidades específicas. Há causas específicas de inelegibilidades previstas na própria CF


ou na legislação infraconstitucional, a saber:

Analfabetos – possuem apenas o direito de votar, mas não o de serem votados (art. 14, §4º, da CF);

Menores de dezoito anos de idade – entre dezesseis e dezoito anos, o jovem tem apenas a cidadania ativa (direito
de votar), mas não a cidadania passiva (direito de ser votado), só adquirida quando completar dezoito anos.

Inelegibilidades do art. 14, §§6º, 7º e 9º, da CF – serão tratadas logo a seguir, no ponto destinados aos direitos
políticos negativos.

8.2. DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS

São as normas que impedem a participação no processo político e nos órgãos governamentais, abrangendo a
perda e suspensão dos direitos políticos e as inelegibilidades. Vale lembrar que a cassação dos direitos políticos
não é admitida em regimes democráticos, sendo instituto típico dos regimes autoritários.

PERDA DOS DIREITOS POLÍTICOS

A Constituição, no art. 15, prevê duas hipóteses de perda dos direitos políticos, a saber:

a) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

b) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta, bem como de prestação alternativa (art. 5º, VIII). É o caso das
pessoas que se recusam a cumprir seus deveres com a pátria, que, não obstante mantenham sua nacionalidade,
perdem a condição de votar e serem votados.

A doutrina aponta ainda a existência de uma terceira hipótese de perda dos direitos políticos, não contemplada
pelo art. 15 da CF, mas sim pelo seu art. 12, §4º, II, que é o caso de perda da nacionalidade brasileira por natura-
lização voluntária em outro país.

SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

O mesmo art. 15, da Lei Maior, prevê três hipóteses de suspensão dos direitos políticos, a saber:

a) Incapacidade civil absoluta;

b) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os efeitos da condenação;

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c) Prática de atos de improbidade administrativa (art. 37, §4º da CF).

PERDA E SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS DE PARLAMENTAR

Em regra, a perda dos direitos políticos importa na perda do mandato legislativo. Todavia, em se tratando de De-
putados Federais e Senadores, a CF estabelece que a perda do mandato não será automática, dependendo de
declaração a ser feita pela Mesa da Casa respectiva, por provocação de qualquer Membro, ou partido político com
representação no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa (art. 55, IV e §3º).

Tratando-se de condenação criminal transitada em julgado, a perda do mandato legislativo do Deputado Federal
ou Senador será decidida pela Casa legislativa respectiva, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provo-
cação da Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa (art. 55, VI
e §2º).

INELEGIBILIDADES

São os impedimentos à capacidade eleitoral passiva, vale dizer, ao direito de ser votado. Podem ser absolutas
(art. 14, §4º, da CF), que são os impedimentos à ocupação de qualquer cargo eletivo, ou relativas (art. 14, §§5º a
9º, da CF), que se direcionam a certos cargos eletivos, em razão de situações específicas.

Inelegibilidades absolutas:

a) Inalistáveis;

b) Analfabetos;

c) Jovens entre dezesseis e dezoito anos.

Inelegibilidades relativas:

a) reeleição para um único período subseqüente do Presidente da República, Governador dos Estados e Distrito
Federal e Prefeitos, ou quem os houver sucedido no curso do mandato;

b) inelegibilidade por motivo funcional;

c) inelegibilidade por motivo de parentesco, casamento ou afinidade (chamada pela doutrina de inelegibilidade
reflexa);

d) militar, nas condições previstas pelo art. 14, §8º, da CF;

e) inelegibilidade para evitar influência do poder econômico ou abuso do exercício de cargo, emprego ou função
da administração direta ou indireta (§9º - regulamentado pela LC 64/90, que estabelece minuciosamente diversas
formas de impedimentos à capacidade eleitoral passiva).

9. PARTIDOS POLÍTICOS

Segundo a doutrina dominante, partidos políticos são associações instituídas para a participação na vida política
do país, com objetivo de propagação de idéias e de conquista, total ou parcial, do poder político.

Todo partido político visa a conquista do poder político. Aliás, no Brasil só é possível a conquista do poder político
através dos partidos políticos, já que não é possível a existência de candidaturas avulsas. Por isso é que se diz
que tais associações possuem o monopólio das candidaturas.

A natureza jurídica dos partidos políticos é de pessoa jurídica de direito privado, como deixa claro, aliás, a Consti-
tuição Federal, que, no art. 17, §2º, dispõe que “os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na
forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral”. De igual modo, a Lei 9.096/95, que
trata dos partidos políticos, declara expressamente a natureza privada dessas organizações, logo no seu art. 1º.

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9.1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA

A Lei Maior Brasileira adotou dois grandes princípios em matéria de partidos políticos, quais sejam, o princípio da
ampla liberdade partidária e o princípio da autonomia partidária.

AMPLA LIBERDADE PARTIDÁRIA

No Brasil, é assegurada pela Constituição a ampla liberdade de organização de partidos políticos, o que abrange
a liberdade de sua criação, fusão, incorporação e extinção.

Note-se, contudo, que não se trata de liberdade absoluta, já, que por imposição constitucional, haverão que ser
resguardados nos estatutos de todo e qualquer partido político a soberania nacional, o regime democrático, o plu-
ripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana (art. 17, caput, da CF).

Além disso, todo partido político haverá que respeitar as seguintes regras (art. 17, incisos I a IV):

- caráter nacional;
- proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a
estes;
- prestação de contas à Justiça Eleitoral;
- funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

AUTONOMIA PARTIDÁRIA

O art. 17, §1º, da CF, assegura aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento, o que abrange normas de eleição para os cargos internos, criação de cargos na sua própria estru-
tura interna etc.

As únicas normas obrigatórias são as de fidelidade e disciplina partidária, vale dizer, que se relacionam ao respei-
to ao programa do partido político e às decisões dos seus órgãos dirigentes.

Vale frisar que este princípio teve seus contornos alterados pela EC nº 52/2006, que operou a então chamada
“quebra da verticalização eleitoral”. Isso quer dizer que, a partir de então, os partidos políticos passaram a ser
livres para estabelecerem suas coligações eleitorais, sem a necessidade de se coligarem uns com outros da
mesma maneira nas esferas federal, estadual, distrital e municipal.

9.2. ORGANIZAÇÃO PARAMILITAR

O art. 17, §4º, da CF, veda a utilização, pelos partidos políticos, de organizações paramilitares, que são grupos
armados paralelos aos instituídos oficialmente pelo Estado. Isto significa que os partidos devem buscar os seus
objetivos ideológicos respeitando o princípio democrático, e não pela força.

9.3. MODELOS DE ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA

Existem três grandes modelos para a organização partidária em um determinado Estado: Unipartidarismo, Biparti-
darismo e Pluripartidarismo.

Unipartidarismo – É o modelo político em que há um partido político único. Típico de regimes autoritários, em que
só se admite um partido, que defende e divulga a ideologia do grupo político dominante.

Bipartidarismo – Modelo em que há dois grandes partidos políticos, com programas bem definidos e distintos, e
que se revezam na titularidade do poder político. Este modelo admite a presença do outros partidos políticos, mas
sem qualquer representatividade política.

Pluripartidarismo ou multipartidarismo – É o modelo que admite a co-existência de inúmeros partidos políticos, que
representam todas as correntes político–ideológicas da sociedade. É o modelo adotado pelo Brasil, por força do
art. 1º, V, da CF.

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9.4. FUNÇÕES DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Como já se disse, os partidos políticos visam divulgar idéias e conquistar o poder político. Dentro desse contexto,
a depender da posição em que se encontrem, poderão adotar uma postura de partido de situação ou de oposição.

Aos partidos de situação compete, além de propagar as idéias presentes nos seus estatutos, dar sustentação
política ao governo no Parlamento, aprovando os projetos de seu interesse.

Aos partidos de oposição, por sua vez, cabe propagar suas idéias e lutar pela conquista do poder político, fiscali-
zando os atos do governo e propondo políticas alternativas às vigentes.

ARTIGOS RELACIONADOS:

“TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran-
ça e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos reli-
giosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares
de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou políti-
ca, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente


de censura ou licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina-
ção judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica-
ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

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XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais
que a lei estabelecer;

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional;

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente
de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sen-
do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo


vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por
decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar
seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será ob-
jeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre
os meios de financiar o seu desenvolvimento;

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,


inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem
como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros sig-
nos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

XXX - é garantido o direito de herança;

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XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício
do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalva-
das aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de po-
der;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações


de interesse pessoal;

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o trá-
fico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático;

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
até o limite do valor do patrimônio transferido;

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

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b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e
o sexo do apenado;

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o
período de amamentação;

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade


competente;

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
em lei;

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
resse social o exigirem;

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei;

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LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegu-
rada a assistência da família e de advogado;

LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório polici-
al;

LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
sem fiança;

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
cusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violên-
cia ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido


e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há


pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe-
rania e à cidadania;

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de regis-


tros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administra-
tivo;

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patri-
mônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência;

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
fixado na sentença;

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

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b) a certidão de óbito;

LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessá-
rios ao exercício da cidadania.

LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equi-
valentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua con-
dição social:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com-
plementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

III - fundo de garantia do tempo de serviço;

IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-
porte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada
sua vinculação para qualquer fim;

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-


ção na gestão da empresa, conforme definido em lei;

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XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da
lei;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
(vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-
ciação coletiva;

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;

XXIV - aposentadoria;

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
balho;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador


portador de deficiência;

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respec-
tivos;

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

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XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
avulso.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas
as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributá-
rias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos
incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 72, de 2013)

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no
órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou emprega-
dores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas;

IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será desconta-
da em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independente-
mente da contribuição prevista em lei;

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de dire-
ção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo
se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias
de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.

§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públi-
cos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante des-
tes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE

Art. 12. São brasileiros:

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I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a servi-
ço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em re-
partição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qual-
quer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 54, de 2007)

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de lín-
gua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de


quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasilei-
ra.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasilei-
ros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constitui-
ção.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos pre-
vistos nesta Constituição.

§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
3, de 1994)

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal de Revisão nº 3, de 1994)

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b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,


como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.

§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.

§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigató-
rio, os conscritos.

§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária;

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
paz;

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d) dezoito anos para Vereador.

§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os


houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subseqüente.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)

§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Dis-


trito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou


afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Terri-
tório, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao
pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa
do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados
da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma


da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando
à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4,
de 1993)
CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e obser-
vados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional;

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II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi-


nação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funci-
onamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatorie-
dade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo
seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 52, de 2006)

§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televi-
são, na forma da lei.

§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.”

CAPÍTULO VIII – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

1. O BRASIL COMO UMA FEDERAÇÃO

Já tivemos oportunidade de dizer que o Brasil é uma Federação, forma de Estado caracterizada pelos seguintes
traços:

- A Federação é forma de Estado cujo objetivo é manter reunidas autonomias regionais;

- Assenta-se numa Constituição;

- Daí porque não se pode confundi-la com outra forma de união de Estado que é a Confederação, mantida por
tratado internacional;

- Na Federação, a Constituição é soberana, enquanto que os Estados federados são apenas autônomos politi-
camente, nunca soberanos;

- Na Confederação, cada Estado aliado é soberano;

- O pacto, na Federação, é indissolúvel, ao passo em que na Confederação é dissolúvel;

- Estado Federal (Federação) e Estado Unitário não se confundem. No primeiro há sempre forte descentraliza-
ção política com a participação da vontade regional na vontade nacional e com a existência de Constituições Es-
taduais. Já no Estado Unitário, quase não existe descentralização política, participação da vontade regional na
vontade nacional e muito menos Constituições Estaduais;

2. COMPONENTES DO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO

Segundo o art. 18 da Constituição brasileira, a organização político-administrativa da República Federativa do


Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Importante notar que, conforme o texto constitucional, os quatro componentes da Federação brasileira são dota-
dos de autonomia, que não pode ser confundida com soberania (atributo do Estado brasileiro).

Passemos à análise das suas principais peculiaridades.

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2.1. UNIÃO

No conceito de José Afonso da Silva, consagrado doutrinador do direito constitucional, União é “a entidade federal
formada pela reunião das partes componentes, constituindo pessoa jurídica de direito público interno, autônoma
em relação às unidades federadas e a que cabe exercer as prerrogativas de soberania do Estado brasileiro.”

A reunião das partes da Federação brasileira forma, no seu conjunto, um todo harmonioso que gerencia cada
parte integrante e que tem um “espírito” próprio. É justamente este todo harmonioso que se chama União.

Na qualidade de pessoa jurídica, a União é titular de direitos e sujeito de obrigações. Está sujeita, como qualquer
pessoa, à responsabilidade pelos atos que pratica por seus órgãos e agentes e pode ser submetida aos tribunais.

Assunto muito cobrado em concursos públicos são as competências da União, presentes nos arts. 21 a 24, da CF,
cuja leitura atenta fica de logo recomendada.

2.2. ESTADOS FEDERADOS

O Brasil é uma federação desde 15 de novembro de 1889. De lá para cá, salvo entre os anos de 1937 a 1945,
sempre se buscou preservar a autonomia dos Estados mediante a possibilidade de editarem suas próprias Consti-
tuições, o que, aliás, constitui um dos pressupostos do federalismo, como já dito.

A Constituição de 1988 preserva esta autonomia. Assim, o Estado federado detém competências (arts. 25, §1º, e
155) e autoridades próprias (arts. 27, 28 e 125), que decidem – Executivo, Legislativo e Judiciário - acerca dos
negócios locais.

As autoridades dos Estados são: os deputados estaduais (art.27), que compõem as Assembléias Legislativas,
órgãos do Poder Legislativo estadual; os governadores e vice-governadores (art.28), integrantes do Poder Execu-
tivo estadual; e os magistrados estaduais (art.125), integrantes do Poder Judiciário estadual.

O governador e vice-governador são eleitos por meio de voto direto e secreto. O vive-governador é eleito na elei-
ção do candidato a governador, considerando-se eleito automaticamente se o candidato com ele registrado o for.
É o que determina os arts. 28 e 77 da Lei Maior.

Somente será considerado eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos, podendo haver segundo
turno de votação para que se atinja este patamar.

A eleição dos deputados estaduais também é feita pelo voto secreto e direto. O mandato será de 04 anos. O art.
27 estabelece que o número de deputados corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara Fede-
ral e, atingindo o número de 36, será acrescido de tantos quantos forem os deputados federais acima de 12.

Quanto aos integrantes do Poder Judiciário estadual, nele ingressam por duas vias: a) concurso público de provas
e títulos (art. 93, I, da CF); b) quinto constitucional para advogados e membros do Ministério Público (art. 94, da
CF).

Já foi dito acima que os Estados, no exercício do Poder Constituinte Decorrente, estão aptos a elaborarem suas
próprias Constituições, que, no entanto, hão de observar os princípios estabelecidos pela Constituição Federal. A
atividade do constituinte estadual é subordinada e condicionada às limitações impostas pelo constituinte nacional.

Vale ainda dizer que a Constituição estadual é o ápice do sistema jurídico estadual, de modo que toda a legisla-
ção ordinária que venha a ser elaborada pelo Poder Legislativo estadual deverá estar compatível com os seus
preceitos.

2.3. MUNICÍPIOS

A Constituição consagrou os Municípios como entidade federativa indispensável ao nosso sistema federativo,
integrando-o na nossa organização político-administrativa e garantindo-lhe plena autonomia.

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Esta autonomia, assim como a dos Estados, configura-se pela capacidade de auto-organização e normatização
própria, autogoverno e auto-administração.

Dessa forma, os Municípios se auto-organizam, através de sua Lei Orgânica Municipal, e, posteriormente, através
da edição de leis municipais; se auto-governam, mediante a eleição do prefeito, vice-prefeito e vereadores, sem
qualquer influência do governo federal ou estadual; e, finalmente, se auto-administram, no exercícios de suas
competências administrativas, legislativas e tributárias, nos limites diretamente conferidos pela Constituição Fede-
ral.

O prefeito é o chefe do Poder Executivo, cabendo-lhe a direção administrativa e política do Município. Conforme a
Constituição Federal prevê, será eleito, juntamente com o vice-prefeito, para um mandato de 04 anos, permitindo-
se a reeleição para um único período subseqüente, nos termos da Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/1997.

2.4. DISTRITO FEDERAL

A exemplo do que ocorre com os Estados Membros e com os Municípios, a Constituição reservou ao Distrito Fe-
deral o papel de ente federativo autônomo, conferindo-lhe também as capacidades de auto-organização, auto-
governo e auto-administração (CF, arts. 1º, 18, 32, 34), vedando-lhe a possibilidade de sub-dividir-se em Municí-
pios.

Dessa forma, não é Estado Membro e nem Município, situando-se numa zona intermediária entre ambos.

A auto-organização se dá através de uma Lei Orgânica. Além dela, também se regerá pela edição de leis distritais
(CF, art.32). Já a capacidade de auto-governo se revela pela eleição de um governador e um vice-governador,
para um mandato de 04(quatro) anos.

O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Distrital, composta pelos deputados distritais.

3. TERRITÓRIOS

Os territórios não são entes federativos, mas sim simples descentralização administrativo -territoriais da própria
União.

Na data da promulgação da Constituição de 1988, existiam 03(três) territórios no Brasil: Roraima, Amapá e Fer-
nando de Noronha. Ocorre que o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) transformou os Territó-
rios de Roraima e Amapá em Estados (art.14) e extinguiu o Território de Fernando de Noronha, sendo sua área
reintegrada ao Estado de Pernambuco (art.15).

4. INTERVENÇÃO

Após a análise das normas que regem o Federalismo Brasileiro, percebe-se que a regra é a autonomia dos entes
federativos (União/Estados/Distrito Federal e Municípios), caracterizada pela tríplice capacidade de auto-
organização, auto-governo e auto-administração. Excepcionalmente, porém, a Constituição permite o afastamento
desta autonomia política, com a finalidade de preservação da existência e unidade da própria Federação. É o que
se chama de intervenção.

A intervenção consiste, portanto, em medida excepcional de suspensão temporária da autonomia de determinado


ente federativo, em casos taxativamente previstos no texto constitucional, e que visa à unidade e preservação da
soberania do Estado Federal e das autonomias da União, Estados, Município e Distrito Federal.

A União, em regra, só poderá intervir nos Estados Federados e Distrito Federal, enquanto os Estados somente
poderão intervir nos Municípios integrantes do seu território.

A única hipótese de intervenção da União em Municípios é se o mesmo se localizar dentro de algum Território (art.
35, da CF), já que é este apenas descentralização territorial daquela, como já visto.

As hipóteses que poderão ocasionar a intervenção são as taxativamente previstas pelo art. 34 ou 35 da CF.

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É importante fazer referência aos chamados “princípios sensíveis” da Constituição, que são exatamente aque-
les cuja observância se busca garantir nos casos de intervenção. Estão previstos no art. 34, VII, alíneas “a” a “e”,
da CF, a saber:

- forma republicana, sistema representativo e regime democrático;


- direitos da pessoa humana;
- autonomia municipal;
- prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
- aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de trans-
ferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

As condições e prazo para a intervenção serão fixados pelo Decreto que a determinar, que será submetido ao
Congresso ou à Assembléia Legislativa, conforme o caso, em até 24 horas, em regra.

5. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

A autonomia das entidades federativas pressupõe repartição de competências legislativas, administrativas e tribu-
tárias, sendo, pois, um dos pontos caracterizadores e asseguradores do convívio do Estado Federal.

Em palavras simples, competência é a faculdade de emitir decisões sobre determinadas matérias, atribuída a uma
entidade, órgão ou agente público.

A própria Constituição Federal é quem estabelece as matérias próprias de cada ente federativo, a partir do que
acentua a centralização de poder, ora na própria Federação, ora nos entes federativos.

O princípio geral que norteia a repartição de competência é o da predominância do interesse, segundo o qual à
União caberão aquelas matérias e questões relativas ao interesse geral, ao passo em que aos Estados Membros
caberão as matérias afeitas aos interesses regionais, e aos Municípios caberá tratar das questões locais. O Distri-
to Federal, por sua vez, em regra, acumulará as competências dos Estados Membros e dos Municípios (art. 22,
XVII, da CF), já que é um ente intermediário entre ambos.

ARTIGOS RELACIONADOS:

“TÍTULO III
Da Organização do Estado
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

§ 1º - Brasília é a Capital Federal.

§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração


ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a ou-
tros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, den-
tro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Munici-
pal, apresentados e publicados na forma da lei.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

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I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter


com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola-
boração de interesse público;

II - recusar fé aos documentos públicos;

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

CAPÍTULO II
DA UNIÃO

Art. 20. São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares,
das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham,
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceâ-
nicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 46, de 2005)

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

VIII - os potenciais de energia hidráulica;

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a ór-
gãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natu-
ral, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respec-
tivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação finan-
ceira por essa exploração.

§ 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designa-
da como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e
utilização serão reguladas em lei.

Art. 21. Compete à União:

I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

II - declarar a guerra e celebrar a paz;

III - assegurar a defesa nacional;

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IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;

V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;

VII - emitir moeda;

VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especial-
mente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;

IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento


econômico e social;

X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomuni-


cações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador
e outros aspectos institucionais;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº


8, de 15/08/95:)

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em


articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012)

XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal,
bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por
meio de fundo próprio;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito na-
cional;

XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e tele-
visão;

XVII - conceder anistia;

XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e
as inundações;

XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de
direitos de seu uso;

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XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e trans-
portes urbanos;

XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;

XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal so-
bre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios
nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante apro-
vação do Congresso Nacional;

b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pes-
quisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de


meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associ-
ativa.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do traba-
lho;

II - desapropriação;

III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

V - serviço postal;

VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;

VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

VIII - comércio exterior e interestadual;

IX - diretrizes da política nacional de transportes;

X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

XI - trânsito e transporte;

XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;

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XIV - populações indígenas;

XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;

XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 69, de 2012);

XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

XX - sistemas de consórcios e sorteios;

XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das
polícias militares e corpos de bombeiros militares;

XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;

XXIII - seguridade social;

XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;

XXV - registros públicos;

XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públi-
cas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o dis-
posto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art.
173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;

XXIX - propaganda comercial.

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das
matérias relacionadas neste artigo.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio
público;

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumen-
tos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histó-
rico, artístico ou cultural;

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

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VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de sane-


amento básico;

X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos


setores desfavorecidos;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos


hídricos e minerais em seus territórios;

XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II - orçamento;

III - juntas comerciais;

IV - custas dos serviços forenses;

V - produção e consumo;

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, prote-
ção do meio ambiente e controle da poluição;

VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino e desporto;

X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

XI - procedimentos em matéria processual;

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;

XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;

XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

XV - proteção à infância e à juventude;

XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas ge-


rais.

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§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe
for contrário.

CAPÍTULO III
DOS ESTADOS FEDERADOS

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.

§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canaliza-
do, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 5, de 1995)

§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações


urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organi-
zação, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na


forma da lei, as decorrentes de obras da União;

II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domí-
nio da União, Municípios ou terceiros;

III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do


Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos
forem os Deputados Federais acima de doze.

§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Consti-
tuição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, im-
pedimentos e incorporação às Forças Armadas.

§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na
razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Fe-
derais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º - Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços admi-
nistrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.

§ 4º - A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.

Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-
se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em

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primeiro de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77.(Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 16, de1997)

§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na administração pública direta
ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e
V.(Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por lei
de iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

CAPÍTULO IV
Dos Municípios

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os prin-
cípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:

I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito
direto e simultâneo realizado em todo o País;

II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao tér-
mino do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais
de duzentos mil eleitores;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de1997)

III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição;

IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de: (Redação dada pela
Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de efeito)

a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda
Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta
mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cin-
quenta mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000
(oitenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000
(cento e vinte mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até
160.000 (cento sessenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de
até 300.000 (trezentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até
450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº
58, de 2009)

i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitan-
tes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58,
de 2009)

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j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até
750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
2009)

k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes
e de até 900.000 (novecentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
2009)

l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58,
de 2009)

m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitan-
tes e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Consti-
tucional nº 58, de 2009)

n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitan-
tes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitui-
ção Constitucional nº 58, de 2009)

o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habi-
tantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição
Constitucional nº 58, de 2009)

p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habi-
tantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição
Constitucional nº 58, de 2009)

q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habi-
tantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição
Constitucional nº 58, de 2009)

r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil)
habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constituci-
onal nº 58, de 2009)

s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de
até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
2009)

t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e
de até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58,
de 2009)

u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e
de até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
2009)

v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de
até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
2009)

w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de
até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
2009)

x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
(Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

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V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câ-
mara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação
dada pela Emenda constitucional nº 19, de 1998)

VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para
a subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na res-
pectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, de
2000)

a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
ponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
25, de 2000)

c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
ponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 25, de 2000)

d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
ponderá a cinqüenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 25, de 2000)

e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Consti-
tucional nº 25, de 2000)

f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 25, de 2000)

VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco
por cento da receita do Município; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do Município; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta


Constituição para os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para os
membros da Assembléia Legislativa; (Renumerado do inciso VII, pela Emenda Constitucional nº 1, de
1992)

X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; (Renumerado do inciso VIII, pela Emenda Consti-
tucional nº 1, de 1992)

XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal; (Renumerado do inciso IX,
pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

XII - cooperação das associações representativas no planejamento municipal; (Renumerado do inciso X,


pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros,
através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; (Renumerado do inciso XI, pela
Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único. (Renumerado do inciso XII,
pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

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Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e ex-
cluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório
o
da receita tributária e das transferências previstas no § 5 do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente
realizado no exercício anterior: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada
pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de efeito)

II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil)
habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (qui-
nhentos mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população entre 500.001 (qui-
nhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição
Constitucional nº 58, de 2009)

V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000
(oito milhões) de habitantes; (Incluído pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população acima de 8.000.001 (oito
milhões e um) habitantes. (Incluído pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)
o
§ 1 A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento,
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
o
§ 2 Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
25, de 2000)

I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
25, de 2000)

II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
2000)

III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 25, de 2000)
o o
§ 3 Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1 deste
artigo.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de


interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e
de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

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VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saú-
de da população;

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscaliza-


dora federal e estadual.

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle ex-
terno, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

§ 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

§ 3º - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer con-
tribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.

§ 4º - É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

CAPÍTULO V
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Seção I
DO DISTRITO FEDERAL

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois
turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a pro-
mulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municí-
pios.

§ 2º - A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados


Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.

§ 3º - Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.

§ 4º - Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e
do corpo de bombeiros militar.

Seção II
DOS TERRITÓRIOS

Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.

§ 1º - Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto
no Capítulo IV deste Título.

§ 2º - As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio
do Tribunal de Contas da União.

§ 3º - Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma
desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério
Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua
competência deliberativa.

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CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente


de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saú-
de.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de
2000)

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indi-
cados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido,
ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal,


do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;

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III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na


hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 45, de 2004)

§ 1º - O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que,


se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia
Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º - Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação


extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.

§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou
pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida bastar ao restabelecimento da normalidade.

§ 4º - Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, sal-
vo impedimento legal.”

CAPÍTULO IX – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. INTRODUÇÃO

O art. 37 da Constituição Federal indica que a Administração Pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

É válido observar, não obstante, que os princípios enunciados não são os únicos a regerem a atividade adminis-
trativa do Estado, havendo outros igualmente importantes e que serão certamente estudados no programa da
disciplina Direito Administrativo.

Dito isso, em primeiro lugar, é preciso que saibamos a noção do que vem a ser Administração Pública, para que
em seguida possamos tratar de cada um dos princípios enunciados.

Segundo Hely Lopes Meirelles, importante doutrinador que tratou da matéria, numa visão global, “a Administração
é todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessi-
dades coletivas.”

Nada mais é, portanto, do que a máquina estatal que caminha constantemente para prestar serviços à coletivida-
de. De fato, se observarmos, o poder público está permanentemente prestando serviços às pessoas, desde o
momento em que coloca um sinal de trânsito para disciplinar o tráfego da cidade, ou quando fornece uma certidão
requerida pelo cidadão etc. O que parece claro é que a máquina administrativa do Estado jamais pode parar, sob
pena de ocasionar o caos total.

Pois bem. É justamente essa máquina do Estado que recebe o nome de Administração Pública, e que é financia-
da pelos recursos provenientes dos impostos pagos por todos os cidadãos. As pessoas que trabalham nesta
grande engrenagem são exatamente os servidores públicos.

Note-se que toda a atividade desenvolvida pela Administração Pública gira em todo da prestação de serviços à
coletividade com o emprego de recursos públicos. É justamente por tratar de bens e serviços que não são particu-
lares, mas sim públicos, que a Constituição estabeleceu as diretrizes dessa atividade através dos princípios gerais
da Administração Pública, referidos acima.

A função de tais princípios, desta maneira, é nortear todo o complexo de atos praticados pelo Poder Público, ser-
vindo de guia e limite a todos os servidores públicos.

2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.1. LEGALIDADE

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O princípio da legalidade na Administração Pública impõe a regra de que toda a atividade administrativa realizada
pelo Poder Público deve encontrar amparo na lei. O administrador público não pode praticar nenhum ato que não
esteja expressamente autorizado pela lei, sendo ela o seu limite.

Em outras palavras, a função dos atos da Administração é a realização das disposições legais.

Este princípio é uma garantia do cidadão contra atos arbitrários que poderiam ser praticados pelo detentor do
poder se não estivessem limitados pela lei. É o que ocorre nos regimes ditatoriais, onde o princípio da legalidade é
posto em segundo plano, quando não desconsiderado totalmente. Lamentavelmente, o Brasil já viveu este tipo de
situação algumas vezes ao longo de sua história.

2.2. IMPESSOALIDADE

O princípio da impessoalidade é aquele que impede o tratamento desigual entre os administrados. Não se conce-
be atividade administrativa pessoal, ou seja, dirigida para alguém ou alguns em particular. O próprio conceito de
Administração Pública, como já visto, está marcado pela noção de coletividade, através da realização de ativida-
des dirigidas a todos, não sendo compatível com a concessão de privilégios a determinados grupos.

Todo o tratamento oferecido pela Administração deve ser impessoal, sem discriminações.

Além disso, o princípio em tela proíbe que os agentes públicos captem benefícios pessoais a partir de atos prati-
cados na qualidade de agentes do Estado. Nesse passo, o art. 37, §1º, da CF, estabelece:

“Art. 37. (...)

§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servi-
dores públicos.”

2.3. MORALIDADE

Este princípio impõe a observância de princípios éticos no desempenhar da atividade administrativa. Não se admi-
te a imoralidade, a falta de ética, a deslealdade nos atos praticados pelo poder público.

2.4. PUBLICIDADE

O princípio da publicidade tem como principal objetivo assegurar a transparência da atividade administrativa. Parte
do pressuposto de que o administrador público é responsável por bens que não lhe pertencem, mas sim à coleti-
vidade, daí resultando o seu dever de portar-se com a mais absoluta transparência, possibilitando aos administra-
dos, cidadãos em geral, o conhecimento pleno de todas as condutas administrativas.

Por isso não se admite a existência de segredos entre os atos praticados pela Administração, salvo em situações
excepcionalíssimas autorizadas pela própria lei e que visam proteger o interesse público.

Em razão deste princípio é que a maior parte dos atos administrativos só tem validade e eficácia após a sua publi-
cação, normalmente feita no Diário Oficial, que visa justamente dar conhecimento à coletividade acerca de deter-
minado ato praticado pela Administração.

2.5. EFICIÊNCIA

O último dos princípios previstos no art. 37 da Constituição, caput, é o da eficiência, que impõe a realização da
atividade administrativa com presteza, perfeição e rendimento funcional. Como diz Hely Lopes Meirelles, “é o mais
moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalida-
de, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comuni-
dade e de seus membros.”

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3. AGENTES E CARGOS PÚBLICOS

O art. 37, I, da Constituição assegura que os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros
que preencham os requisitos estabelecidos em lei, e aos estrangeiros, na forma da lei.

Quanto ao acesso a tais cargos, empregos ou funções públicas, o inciso II do mesmo artigo impõe que seja atra-
vés de concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
em questão.

Fala ainda este dispositivo dos cargos em comissão, que são aqueles para os quais não se exige concurso públi-
co, sendo de livre nomeação e livre exoneração. Esta é a primeira de duas exceções feitas à regra geral do con-
curso público para o provimento de cargos e funções públicas.

Todo órgão público tem na sua estrutura de cargos alguns que são denominados cargos em comissão. Para tais,
o administrador pode nomear qualquer pessoa, independentemente de concurso público, como também pode
exonerá-la a qualquer tempo, por quaisquer motivos.

A segunda e última exceção à regra do concurso público é a prevista no inciso IX do mesmo art. 37, que diz: “a lei
estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepci-
onal interesse público.” Isto quer dizer que a lei infraconstitucional poderá prever hipóteses em que se justifica a
contratação sem concurso público, em razão de uma situação de urgência tal que não poderia a Administração
aguardar a realização de concurso público.

Outro importante dispositivo do art. 37 é o inciso VI, que confere aos servidores públicos o direito de livre associa-
ção sindical. Assim também o inciso VIII, que impõe a reserva de uma parte dos cargos e empregos públicos aos
portadores de deficiência física, nos termos da lei, que definirá os critérios para admissão.

4. SERVIDORES PÚBLICOS

Os servidores públicos desfrutam da garantia de irredutibilidade de vencimentos, sendo o teto remuneratório o


equivalente a 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento) do subsídio mensal dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, que é fixado por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara, do
Senado e do próprio STF.

No que tange à estabilidade dos servidores públicos, tem-se que esta só será atingida após o decurso do estágio
probatório, que compreende os três primeiros anos de efetivo exercício em cargo público de provimento efetivo,
ou seja, acessível através de concurso público. É o que determina o art. 41 da Lei Maior. Antes de ultrapassado o
período de estágio probatório, o servidor concursado é efetivo, mas não estável.

Como condição para a aquisição de estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
instituída para essa finalidade, nos termos do art. 41, §4º.

Uma vez adquirida a estabilidade, determina o art. 41, §1º, que o servidor só poderá perder o cargo nas seguintes
situações: a) em virtude de sentença judicial passada em julgado, ou seja, da qual não caiba mais recurso; b)
mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada a ampla defesa; c) por insuficiência de desempe-
nho, apurada por procedimento de avaliação periódica, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa.

ARTIGOS RELACIONADOS:

CAPÍTULO VII

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção I

DISPOSIÇÕES GERAIS

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publi-
cidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 19, de 1998)

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de pro-
vas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;

IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso públi-
co de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assu-
mir cargo ou emprego, na carreira;

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os


cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; (Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência
e definirá os critérios de sua admissão;

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade tempo-
rária de excepcional interesse público;

X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser
fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 19, de 1998) (Regulamento)

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração


direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proven-
tos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Minis-
tros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li-mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos
Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
dos Deputados Es-taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o sub-sídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio men-
sal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores
aos pagos pelo Poder Executivo;

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remu-
neração de pessoal do serviço público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados
para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressal-
vado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)

a) a de dois cargos de professor; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empre-
sas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indi-
retamente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;

XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as
áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades menciona-
das no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os con-
correntes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos
prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o comparti-
lhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autori-
dade responsável, nos termos da lei.

§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, re-
gulando especialmente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de


serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o
disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
na administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da


função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos res-
ponderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração


direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 19, de 1998)

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e


indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder públi-
co, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dis-
por sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri-


gentes;

III - a remuneração do pessoal."

§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas


subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts.
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea-
ção e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de
2005)

§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Or gânica, como limite
único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa in-
teiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Fede-
ral, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos
Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

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Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou
função;

II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado op-
tar pela sua remuneração;

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de


seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibi-
lidade, será aplicada a norma do inciso anterior;

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço
será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;

V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como
se no exercício estivesse.

(...)

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimen-
to efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegu-
rada ampla defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em
outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho


por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

CAPÍTULO X – PODER LEGISLATIVO

1. INTRODUÇÃO

Cada um dos três Poderes constituídos do Brasil possui funções típicas, que são as suas principais, e atípicas,
que são as desempenhadas de forma secundária.

Assim é que o Poder Legislativo tem por função típica legislar, ou seja, elaborar as leis do país, na forma prevista
pela nossa Constituição. Possui ainda a função típica de fiscalizar o Poder Executivo.

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De forma secundária, é certo que este Poder também realiza atividades que são típicas dos outros Poderes, a
exemplo do julgamento do Presidente da República no caso do cometimento de crimes de responsabilidade, o
que se trata de atribuição típica do Poder Judiciário (julgar). Também realiza o Legislativo, como função atípica,
atividades administrativas e executivas no âmbito interno de seus órgãos, o que é típico do Poder Executivo.

2. ESTRUTURA

No Brasil, a estrutura do Poder Legislativo é bicameral, ou seja, o Poder é composto por duas casas legislativas:
Câmara dos Deputados e Senado Federal.

A Câmara dos Deputados é integrada pelos Deputados Federais, representantes do povo, conforme definição
dada pelo art. 45 da Lei Maior, que são eleitos pelo sistema proporcional e para um mandato de 04(quatro) anos.
Este sistema leva em consideração a população existente em cada Estado para a escolha do número de vagas de
deputado na Câmara Federal. Nenhum Estado terá menos que oito nem mais que setenta deputados, por força do
art. 45, §1º.

Para eleger-se Deputado Federal, é necessário ser brasileiro, gozar de direitos políticos, estar alistado eleitoral-
mente, filiado a um partido político e possuir mais do que vinte e um anos.

O Senado Federal, por sua vez, compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, conforme o art.
46 da Constituição, eleitos pelo sistema majoritário de maioria relativa.

Cada Estado e o Distrito Federal contam com três Senadores, cada um eleito com dois suplentes para um manda-
to de oito anos. A cada quatro anos, o Senado é renovado por 1/3 e 2/3, alternadamente, conforme artigo 46, §2º.

Para eleger-se Senador, é necessário ser brasileiro, gozar de direitos políticos, estar alistado eleitoralmente, filia-
do a partido político e possuir mais do que trinta e cinco anos de idade.

3. SISTEMAS ELEITORAIS

São dois os sistemas eleitorais existentes no Brasil: Majoritário e Proporcional. Não nos interessa aqui descer a
detalhes a respeito de cada um deles, o que seria da alçada do direito eleitoral, mas tão somente traçar os seus
contornos gerais.

O sistema majoritário é utilizado no Brasil para a eleição de Senadores, Prefeitos, Governadores e Presidente da
República. Possuindo raciocínio simples, leva em consideração unicamente o número absoluto de votos, estando
eleito o candidato que obtiver maior quantidade. No caso de Senadores, não há possibilidade de segundo turno,
estando eleitos o(s) candidato(s) que receber o maior número de votos em cada Estado.

O sistema proporcional, utilizado no Brasil para a eleição dos Deputados Federais, Deputados Estaduais/Distritais
e Vereadores, ao contrário, leva em consideração não apenas o número absoluto de votos conseguidos por cada
candidato, mas também a proporção alcançada por cada partido político e/ou coligação.

Por isso é que é possível, a título de exemplo, que um candidato que recebeu 50.000 votos se eleja, ao passo em
que um outro que recebeu 60.000 não se eleja.

3. ÓRGÃOS INTERNOS DE CADA CASA E DO CONGRESSO

3.1. MESAS

Tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal é dirigido por suas Mesas Diretoras, eleitas pelos res-
pectivos membros para um mandato de dois anos, vedada a recondução para o período subseqüente ao término
do mandato (art. 57, § 4º). A função das mesas é essencialmente administrativa, cabendo-lhes a direção e admi-
nistração do Poder Legislativo.

Há também uma mesa do Congresso Nacional, presidida pelo Presidente do Senado, e composta por membros
das duas casas (art.57, §5º).

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3.2. COMISSÕES PARLAMENTARES

As Comissões, segundo José Afonso da Silva, “são organismos constituídos em cada Câmara, compostos por
número geralmente restrito de membros, encarregados de estudar e examinar as proposições legislativas e apre-
sentar pareceres”.

Podem ser:

- Permanentes: são as comissões que subsistem por toda a legislatura, tendo atividades ininterruptas (art.
58).

- Temporárias: são as constituídas apenas para opinar acerca de determinada matéria m,as que não per-
duram por toda a legislatura.

- Mistas: são as comissões formadas por membros das duas casas legislativas (Ex: art. 166, §1º).

- Representativa: é a comissão formada por deputados e senadores para, durante o recesso parlamentar,
representar o Congresso Nacional (art. 58, §4º). Terá as suas atribuições específicas determinadas pelo regimen-
to comum.

- Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs): O art. 58, §3º, previu as chamadas CPIs, que serão
criadas, em conjunto ou separadamente, por cada uma das casas legislativas. São Comissões que visam investi-
gar, com poderes próprios das autoridades judiciais, fato determinado por um prazo certo. A forma de criação é
somente por requerimento de 1/3 dos membros de cada casa, ou de ambas, no caso de CPI conjunta. Embora a
CPI possua poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, como diz a Constituição, ela não pode
aplicar penas ou punições, tarefa que cabe unicamente ao Poder Judiciário. Por isso é que as conclusões a que
chegar uma CPI, se for o caso, serão enviadas ao Ministério Público para que este promova a responsabilização
civil ou penal dos envolvidos, ou seja, pleiteie, junto ao Judiciário, as punições que forem devidas.

Assunto freqüente em provas são as providências que as CPIs podem adotar, como conseqüência dos poderes
de investigação próprios das autoridades judiciais, a exemplo de:

a) determinar a quebra do sigilo fiscal e bancário;

b) determinar a quebra de sigilo telefônico, para ter acesso somente aos registros das chamadas feitas e recebi-
das pelo investigado;

c) realizar acareação entre testemunhas;

d) convocar depoimentos;

e) efetuar prisão em flagrante (providência que pode ser adotada por qualquer pessoa do povo).

Do mesmo modo, convém apontar algumas ações vedadas às CPIs, segundo entendimento jurisprudencial e dou-
trinário dominante:

a) busca domiciliar de documentos incriminadores;

b) interceptação telefônica (acessar o conteúdo de conversa telefônica);

c) proibição de o investigado se ausentar do país;

d) proibição de o investigado se comunicar com seu advogado durante a sua inquirição;

e) seqüestro de bens mediante ato fundamentado em provas de desvio de bens públicos;

f) anular atos do Poder Executivo;

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g) decretar a prisão preventiva de seus investigados, por prática de crime, no passado, relacionado com o objeto
da CPI;

h) decretar a indisponibilidade ou a perda de bens de investigados, quando descobrem prova de desvio de recur-
sos públicos.

3.3. POLÍCIA

O Congresso Nacional possui a sua própria polícia, a quem está atribuída a função de promover a segurança do
Poder, na forma estabelecida pelo regimento interno (art. 51, IV, e 52, XIII).

3.4. SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS

São todas as atividades de apoio aos senadores e deputados, a exemplo dos seus gabinetes, que possuem a
função de assessorá-los nas suas atividades, bem como os demais setores administrativos do Poder.

4. FUNCIONAMENTO DO CONGRESSO NACIONAL

4.1. LEGISLATURA

É o período correspondente ao mandato dos deputados federais, que dura quatro anos. O mandato do Senador
compreende duas legislaturas.

4.2. SESSÃO LEGISLATIVA

É o período de cada ano em que ocorrem as atividades do Poder Legislativo. A sessão legislativa poderá ser:

- Ordinária (art. 57, caput): Compreende o período que vai de 02 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agos-
to a 22 de dezembro de cada ano.

- Extraordinária (art. 57, §§6º a 8º): São os casos de convocação extraordinária, que se dará nos períodos
de recesso parlamentar.

4.3. SESSÃO

São as reuniões de rotina do plenário de cada uma das casas. Podem ser:

- Ordinárias: previstas ordinariamente no regimento, ocorrem independentemente de convocação.


- Extraordinárias: são as sessões marcadas excepcionalmente, em razão de necessidades momentâneas
das casas. Precisam ser convocadas pelo respectivo Presidente, já que não estão ordinariamente previstas nos
regimentos.

4.4. SESSÃO CONJUNTA

São as sessões realizadas conjuntamente entre o Senado e a Câmara, nas hipóteses previstas pelo art. 57, §3º,
da CF.

4.5. SESSÃO PREPARATÓRIA

São as sessões realizadas por cada uma das casas legislativas no início de cada legislatura para a eleição da
respectiva Mesa, para mandato de dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamen-
te subseqüente. Esta(s) sessão(s), por força do art. 57, §4º, deve ser realizada a partir do dia 1º de fevereiro.

5. COMPETÊNCIAS DO PODER LEGISLATIVO

A CF atribuiu algumas competências exclusivas ao Congresso Nacional (art. 49), outras privativas à Câmara dos
Deputados (art. 51) ou ao Senado Federal (art. 52).

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O art. 48 da CF também elenca algumas atribuições do Congresso Nacional, relativas à elaboração de leis sobre
os assuntos de competência da União. Como as competências legislativas da União são privativas (art. 22) ou
concorrentes (art. 24), pode-se concluir que as tarefas mencionadas no art. 48 não são exclusivas.

6. ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS

É formado pelo grupo de regras trazidas pela Constituição que estabelecem um regime jurídico próprio para os
membros do Congresso Nacional, disciplinando direitos, deveres, impedimentos, incompatibilidades, imunidades,
prerrogativas etc.

A primeira regra a respeito é a do art. 53, caput, que prevê a chamada imunidade material, ou inviolabilidade
civil e penal dos Parlamentares, ao declarar que “os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente,
por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.

Este dispositivo protege os Parlamentares, quando no exercício do mandato, conferindo-lhes total independência
quanto às opiniões, palavras e votos.

Os demais parágrafos do art. 53 estabelecem as chamadas imunidades formais, ou seja, que dizem respeito a
procedimentos processuais específicos para casos que envolvam Deputados ou Senadores. É o caso do foro
privilegiado no Supremo Tribunal Federal, desde a expedição do diploma (§2º), ou da possibilidade de sustação
da ação, nos casos de denúncia por crime cometido após a diplomação.

O art. 54 estabelece uma série de proibições dirigidas aos Deputados e Senadores, que, se desrespeitadas, oca-
sionarão a perda do mandato, nos termos do art. 55.

No que diz respeito às hipóteses de perda do mandato, o art. 55 prevê hipóteses de extinção (incisos III a V) e de
cassação (incisos I, II e VI).

Segundo a doutrina, os casos de extinção são aqueles em que se dá um fato ou ato que torna automaticamente
inexistente a investidura eletiva, como por exemplo a morte, a renúncia, o não comparecimento a certo número de
sessões, a perda e a suspensão dos direitos políticos, ou a determinação pela Justiça Eleitoral. Estes casos oca-
sionam a perda do mandato de maneira praticamente automática, sendo simplesmente declarada pela Mesa da
casa respectiva, como determina o §3º do mesmo art. 55.

Já os casos de cassação são os resultantes de falta funcional cometida pelo parlamentar e que é punível com
esta sanção. São os casos de infringência ao art. 54 (Proibições), assim como os casos de quebra de decoro par-
lamentar ou por condenação criminal. Nesta hipótese, somente a Mesa da respectiva casa ou partido político com
representação no Congresso Nacional poderão propor a aplicação da sanção de perda do mandato, o que será
decidido pelo plenário e por maioria absoluta dos integrantes. É o que manda o §2º do mesmo artigo.

ATENÇÃO: Por força da Emenda Constitucional nº 76/2013, a votação para decidir pela cassação ou não
do mandato passou a ser ABERTA.

7. PROCESSO LEGISLATIVO

Chama-se de processo legislativo o conjunto de procedimentos previstos pela Constituição para a elaboração das
diversas espécies normativas elencadas no seu art. 59, quais sejam:

- emendas à Constituição (art. 60);

- leis complementares (art.69);

- leis ordinárias;

- leis delegadas (art.68);

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- medidas provisórias (art.62);

- decretos legislativos (art.49);

- resoluções (arts. 68; 52, X; 155, §2º, IV).

Discutiu-se muito na doutrina acerca da existência ou não de hierarquia entre as espécies normativas referidas,
principalmente entre as leis complementares e leis ordinárias. No que tange às emendas constitucionais, logica-
mente, ocupam posição superior perante as demais espécies, já que, depois de promulgadas, passam a integrar
o próprio texto da Constituição.

Aliás, é importante logo dizer que as emendas constitucionais não estão sujeitas à sanção presidencial, como se
dá com as leis ordinárias e complementares.

A maior parte da doutrina moderna entende que não há hierarquia entre estas duas espécies normativas (lei com-
plementar e lei ordinária), já que ambas se fundam na Constituição, sendo diferenciadas apenas quanto às maté-
rias tratadas por cada uma e quanto ao quorum necessário de votação. Enquanto as leis ordinárias são aprovadas
por maioria simples (art.47), as leis complementares o são por maioria absoluta (art.69). Alem disso, as leis ordi-
nárias podem tratar de qualquer matéria, menos as reservadas à lei complementar, cujo conteúdo é expressamen-
te previsto pela Lei Maior.

No que se refere às leis delegadas, a Constituição determina que as mesmas são elaboradas pelo Poder Executi-
vo como fruto de uma delegação concedida anteriormente pelo Legislativo. Assim, as mesmas tratam de matérias
reguláveis pelo Legislativo, que, em cada caso concreto, delega esta função para o Executivo.

Quanto ao Decreto Legislativo, seu conteúdo é basicamente o tratado pelo art. 49, valendo ressaltar que não está
prevista a fase da sanção ou veto para esta espécie normativa.

As Resoluções são espécie normativa que se referem à delegação de competência do Legislativo ao Executivo
(art. 68 – Leis Delegadas), suspensão de lei declarada inconstitucional (art.52, X) e alguns outros casos. Também
não se submetem à sanção.

Por último, as Medidas Provisórias serão melhores tratadas um pouco mais adiante.

7.1. TIPOS DE QUÓRUM

A palavra quorum se refere à quantidade de votos necessários para a aprovação de determinada matéria ou para
a prática de determinado ato. A Constituição se refere aos seguintes tipos de quorum:

- Maioria simples: é a regra geral das votações e deliberações de cada uma das casas do Congresso Na-
cional (art. 47, da CF). Significa a maioria dos votos presentes à sessão, sendo que para que possa haver qual-
quer votação deverá estar presente a maioria absoluta dos membros da casa, ou seja, mais da metade do núme-
ro de integrantes. Assim, possuindo a Câmara dos Deputados atualmente 513 parlamentares, para que haja a
aprovação de uma matéria sujeita a quorum de maioria simples, deverão estar presentes à votação pelo menos
257 deputados (maioria absoluta), estando a matéria aprovada se obtiver 129 votos (maioria dos presentes). É o
caso das leis ordinárias.

- Maioria absoluta: leva em consideração não o número de presentes, mas sim o número de integrantes
da respectiva casa. Desta forma, toda vez que se falar em maioria absoluta da Câmara, se estará falando de, no
mínimo, 257 votos, ou seja, mais da metade do número de Deputados. É o caso das leis complementares (art.
69).

- Maioria qualificada/quorum qualificado: toda vez que se falar em quorum qualificado, estar-se-á refe-
rindo à necessidade de 3/5 dos votos, levando-se em consideração o número total de membros da respectiva
casa. É o caso típico das emendas constitucionais, que só são aprovadas por este tipo de quorum, segundo o art.
60, §2º, da CF.

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- 2/3 do total de membros da casa: Este quorum será utilizado nos casos previstos nos seguintes artigos
da Constituição: 51, I; 52, parágrafo único;e 86.

7.2. ATOS DO PROCESSO LEGISLATIVO DAS LEIS COMPLEMENTARES / ORDINÁRIAS

7.2.1. Iniciativa legislativa

É a capacidade atribuída a uma determinada pessoa ou grupo de pessoas pela Constituição de iniciar o processo
legislativo, através da apresentação do projeto de lei ao Poder Legislativo. Há casos de competência privativa de
determinada autoridade (Ex: art. 61, §1º, da CF), outros de iniciativa concorrente, ou seja, qualquer das pessoas
elencadas pode iniciar o processo legislativo (Ex:art. 60, I, II e III, da CF), e, por fim, casos de iniciativa conjunta,
onde as pessoas referidas devem apresentar o projeto de lei conjuntamente (Ex: art. 48, XV, da CF).

7.2.2. Emendas

O projeto de lei, após apresentado ao Poder Legislativo por algumas das pessoas permitidas pela Constituição,
será submetido à discussão em comissões e no plenário, podendo ser alterado neste momento através de emen-
das, que podem ser propostas por qualquer Parlamentar ou comissão do Senado ou Câmara.

7.2.3. Votação

A votação da matéria legislativa é ato coletivo das casas do Congresso, e geralmente é precedida de estudos e
pareceres de comissões técnicas e de debates em plenário, constituindo, portanto, um ato de decisão. O art. 58, I,
da CF, prevê uma hipótese excepcional de votação apenas nas comissões, sem passar pelo plenário.

Nos casos de leis complementares ou ordinárias, as votações se iniciam na Câmara dos Deputados, salvo se o
projeto tiver sido apresentado por Senador, passando, após, ao Senado Federal (casa revisora), que terá três
opções: aprovar o projeto nos termos em que chegou da Câmara; rejeitá-lo, caso em que o mesmo será arquiva-
do; ou apresentar emendas e votá-las, caso em que o projeto retornará à Câmara para apreciação das emendas
feitas. É o que está determinado nos arts. 65 e 64, §3º, da CF.

Se o projeto de lei for apresentado por Senador, a votação se iniciará no Senado Federal, sendo a Câmara a casa
revisora. Neste caso, se a mesma proceder a emendas, as mesmas retornarão ao Senado para serem apreciadas
também em dez dias. A casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da
República, que o sancionará ou vetará. É o que se vê no art. 66, caput, da CF.

Por último, vale ressaltar que a votação das emendas constitucionais, ao contrário do que ocorre com as leis ordi-
nárias e complementares, por importar em modificação da própria Lei Maior, deverá ser feita em dois turnos em
cada casa legislativa, por força do art. 60, §2º, da CF.

7.2.4. Sanção e veto

O Chefe do Executivo participa do processo de formação das leis ordinárias e complementares através da oportu-
nidade sanção ou veto dos respectivos projetos de lei, nos termos do art. 66, da CF.

Sancionando, o Chefe do Executivo demonstra aquiescência ao texto aprovado pelo Poder Legislativo. A sanção
pode ser expressa (o Chefe do Executivo assina o projeto) ou tácita (Chefe do Executivo não se pronuncia duran-
te 15 dias – art. 66, §§1º e 3º, da CF).

Através do veto, o Chefe do Executivo exterioriza seu entendimento de que o ato oriundo do Legislativo é, no todo
(veto total), ou em parte (veto parcial), inconstitucional ou contrário ao interesse público. O veto parcial somente
pode abranger o texto total de artigo, parágrafo ou alínea, não sendo possível o veto de palavra (art. 66, §2º). Vale
ressaltar que o veto deve ser sempre motivado. Portanto não há veto tácito.

Quando o Chefe do Executivo vetar (total ou parcialmente) um projeto de lei, comunicará o fato, em quarenta e
oito horas, ao Presidente do Senado com os motivos do veto.

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O veto será apreciado em sessão conjunta do Congresso Nacional, e poderá ser rejeitado pelos Deputados e
Senadores, por maioria absoluta (art. 66, §4º, da CF). Atenção para o fato de que esta votação passou a ser
ABERTA, após a emenda constitucional nº 76/2013.

Vale reafirmar que as emendas constitucionais não são submetidas ao veto ou sanção.

7.2.5. Promulgação e Publicação

A rigor, tais atos não fazem parte do processo de formação da lei, já que, após sancionada, a lei já existe no mun-
do jurídico, apenas não podendo ser aplicada antes da promulgação/publicação.

A promulgação nada mais é do que o ato solene através do qual se comunica aos destinatários da lei acerca da
sua elaboração e do seu conteúdo. Trata-se de ato obrigatório e da competência do Chefe do Poder Executivo,
mesmo quando se tratar de leis que tenham sido por ele vetadas e o veto rejeitado pelo Congresso. Se o Presi-
dente da República não promulgar a lei em até quarenta e oito horas, caberá esta tarefa ao Presidente do Senado
(art. 66, §7º).

A doutrina costuma falar com razão que as leis delegadas e as medidas provisórias não comportam os atos de
iniciativa, votação, sanção, veto ou promulgação, já que são espécies normativas sujeitas à simples edição pelo
Chefe do Executivo.

Quanto à publicação, nada mais é do que a notícia da promulgação, levada aos destinatários da lei por intermédio
do Diário Oficial. Sem a publicação, nenhuma lei entra em vigor, permanecendo sem eficácia.

7.3. REGIME DE URGÊNCIA NOS PROJETOS DE INICIATIVA DO EXECUTIVO

A Constituição estabeleceu, no art. 64, §1º, a possibilidade de haver um procedimento especial a ser adotado nos
casos de projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo, quando este requerer o chamado regime de urgência para
a apreciação dos projetos de sua autoria.

Caso isto ocorra, segundo o art. 64, §2º, a Câmara e o Senado, sucessivamente, deverão se pronunciar acerca da
matéria em até quarenta e cinco dias cada, sob pena de trancamento da pauta destas duas casas até que se ulti-
me a votação, salvo os casos que tenham prazo constitucional estabelecido.

7.4. MEDIDAS PROVISÓRIAS

As medidas provisórias são uma criação da nossa Constituição atual de 1988, em substituição ao antigo Decreto-
lei, na forma do art. 62 da Lei Maior.

O Presidente da República, diante de situação de urgência e relevância, pode expedir Medidas Provisórias, que,
segundo a Constituição, possuem força de lei pelo período de sessenta dias. De imediato, logo após a sua expe-
dição pelo Presidente da República, a MP será submetida ao Congresso Nacional. Já na casa legislativa, será
submetida a uma comissão mista, para emissão de parecer, nos termos do §9º, do art. 62. Em seguida a MP é
enviada à Câmara dos Deputados para apreciação e, depois, ao Senado Federal.

Se não apreciada em sessenta dias, poderá haver uma única prorrogação. Caso a MP não seja apreciada em
quarenta e cinco dias, a mesma entrará em regime de urgência, com a interrupção das demais deliberações da
respectiva casa.

Nem todas as matérias podem ser objeto de Medida Provisória. O art. 62, §1º, trouxe algumas vedações, a exem-
plo das matérias relativas a nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos, direito eleitoral, direito
penal, processual penal e processual civil, dentre outras.

Não é permitida a reedição, na mesma sessão legislativa, de Medida Provisória que tenha sido rejeitada ou que
tenha perdido sua eficácia. Além disso, Medida Provisória não convertida em lei em sessenta dias ou rejeitada
perde seus efeitos desde sua edição (efeitos ex tunc). O Congresso Nacional, neste caso, tem o prazo de sessen-
ta dias para disciplinar as relações decorrentes do período em que a MP produziu efeitos, o que fará mediante
Decreto legislativo (art. 62, §3º).

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IMPORTANTE:

É importante salientar que, embora a CF não se refira à possibilidade de MPs estaduais, é pacífico na dou-
trina e jurisprudência a sua possibilidade, editada pelo respectivo Governador, desde que a Constituição
Estadual preveja a hipótese.

8. DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA.

8.1. CONTROLE INTERNO X CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO

Como já tivemos a oportunidade de dizer, a administração pública lida com bens que pertencem não a determina-
do ente, mas sim à coletividade, razão pela qual deverá ter as suas atividades controladas e fiscalizadas.

Há basicamente duas formas de exercer um controle fiscalizatório sobre determinado ente. A primeira é o chama-
do controle interno, ou seja, feito pelo próprio órgão controlado através de sua própria estrutura. A outra forma é o
controle externo, ou seja, feito por terceiros que não integram o próprio ente fiscalizado.

A Constituição prevê, no art. 70, que a fiscalização contábil, financeira e orçamentária da União e entidades da
administração pública, será exercida pelo Congresso Nacional mediante controle externo, o que fará com o auxílio
de um órgão chamado de Tribunal de Contas da União (art. 71, caput).

8.2. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO - TCU

Portanto, a primeira conclusão que se extrai do texto constitucional é que o Tribunal de Contas da União é um
órgão auxiliar do Congresso Nacional. Portanto não integra o Poder Legislativo, já que suas atividades não são
legislativas, mas sim técnico-administrativas. Além disso, trata-se de um tribunal que não faz parte do Poder Judi-
ciário, já que suas decisões são meramente administrativas, e não judiciais. Portanto, seus atos possuem nature-
za de atos administrativos.

As atribuições do Tribunal de Contas da União estão previstas no art. 71 da Constituição federal, sendo todas
relacionadas ao seu papel auxiliar do Congresso Nacional na sua atribuição constitucional de exercer o controle
externo da União e órgãos da administração pública.

O art. 73 estabelece a composição do TCU, que é integrado por nove Ministros, nomeados em parte pelo Presi-
dente da República (1/3) e em parte pelo Congresso Nacional (2/3), dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e
menos de sessenta e cinco anos de idade, com idoneidade moral e reputação ilibada, além de notórios conheci-
mentos jurídicos, contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública, e que possuam mais de dez
anos de experiência em atividades relacionadas a tais áreas de conhecimento.

O TCU tem sede no Distrito Federal, e seus Ministros terão as mesmas garantias, prerrogativas impedimentos,
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 73, §4º.

Por último, estabelece o art. 75 da Constituição que “as normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que
couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem
como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.”

Como se vê, o legislador constitucional conferiu ao Poder Constituinte Decorrente uma ampla liberdade para dis-
por acerca da estrutura interna dos respectivos Tribunais de Contas dos Estados e Municípios, limitando-o unica-
mente quanto ao número de Conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados, que, por força do parágrafo único
do art. 75, será de sete.

ARTIGOS RELACIONADOS:

TÍTULO IV
Da Organização dos Poderes

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CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
Seção I
DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputa-
dos e do Senado Federal.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcio-
nal, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.

§ 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessá-
rios, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito
ou mais de setenta Deputados.

§ 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados.

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo
o princípio majoritário.

§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.

§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alter-
nadamente, por um e dois terços.

§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões
serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Seção II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente
sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e
emissões de curso forçado;

III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;

VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respec-


tivas Assembléias Legislativas;

VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;

VIII - concessão de anistia;

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IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos


Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; (Redação dada pela Emen-
da Constitucional nº 69, de 2012)

X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabele-
ce o art. 84, VI, b; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

XII - telecomunicações e radiodifusão;

XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, por lei de iniciativa conjunta dos
Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal,
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 19, de 1998)

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39,
§ 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangei-
ras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previs-
tos em lei complementar;

III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência


exceder a quinze dias;

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
uma dessas medidas;

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;

VI - mudar temporariamente sua sede;

VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts.
37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, obser-
vado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 19, de 1998)

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
execução dos planos de governo;

X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluí-
dos os da administração indireta;

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XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Po-
deres;

XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e


lavra de riquezas minerais;

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares.

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar
Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República
para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de
responsabilidade a ausência sem justificação adequada. (Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 2, de 1994)

§ 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a


qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para
expor assunto de relevância de seu Ministério.

§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de
informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando
em crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a pres-
tação de informações falsas. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994)

Seção III
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
Presidente da República e os Ministros de Estado;

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso


Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;

IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, obser-
vados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 19, de 1998)

V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Seção IV
DO SENADO FEDERAL

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

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I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem


como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)

II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Jus-
tiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral
da União nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

c) Governador de Território;

d) Presidente e diretores do Banco Central;

e) Procurador-Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
missão diplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo
Poder Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito
externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da Re-
pública antes do término de seu mandato;

XII - elaborar seu regimento interno;

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
gos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

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XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus


componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal
e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribu-
nal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado
Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuí-
zo das demais sanções judiciais cabíveis.

Seção V
DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o


Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo
em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à
Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supre-
mo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representa-
do e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cin-
co dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou pres-
tadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
informações. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tem-
po de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 35, de 2001)

§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser


suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados
fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:

I - desde a expedição do diploma:

a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade
de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a
cláusulas uniformes;

b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad
nutum", nas entidades constantes da alínea anterior;

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II - desde a posse:

a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;

b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a";

c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";

d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;

II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;

III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a
que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;

IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;

VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso
das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.

§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo
Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Redação dada pela emenda constitucio-
nal nº 76, de 28 de novembro de 2013)

§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofí-
cio ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Con-
gresso Nacional, assegurada ampla defesa.

§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos
termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 6, de 1994)

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito


Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;

II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse
particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.

§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou
de licença superior a cento e vinte dias.

§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quin-
ze meses para o término do mandato.

§ 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato.

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Seção VI
DAS REUNIÕES

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e
de 1º de agosto a 22 de dezembro. (Redação dada pela Emenda Constituicional nº 50, de 2006)

§ 1º - As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente,
quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.

§ 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamen-
tárias.

§ 3º - Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal
reunir-se-ão em sessão conjunta para:

I - inaugurar a sessão legislativa;


II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.

§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano
da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois)
anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 5º - A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais car-
gos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados
e no Senado Federal.

§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 50, de 2006)

I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção fede-
ral, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do
Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República;

II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a
requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público re-
levante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas
do Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a
qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizató-
ria, em razão da convocação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional,


serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
32, de 2001)

Seção VII
DAS COMISSÕES

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na
forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.

§ 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representa-
ção proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.

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§ 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo
se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;

II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;

III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;

IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omis-
sões das autoridades ou entidades públicas;

V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;

VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles
emitir parecer.

§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autorida-
des judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara
dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um ter-
ço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se
for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal
dos infratores.

§ 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas
Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum,
cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.

Seção VIII
DO PROCESSO LEGISLATIVO
Subseção I
Disposição Geral

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição;

II - leis complementares;

III - leis ordinárias;

IV - leis delegadas;

V - medidas provisórias;

VI - decretos legislativos;

VII - resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das
leis.

Subseção II
Da Emenda à Constituição

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

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II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou
de estado de sítio.

§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, conside-
rando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fe-
deral, com o respectivo número de ordem.

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto
de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Subseção III
Das Leis

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câma-
ra dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo
Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e
nos casos previstos nesta Constituição.

§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;

II - disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de


sua remuneração;

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal


da administração dos Territórios;

c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e
aposentadoria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a
organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó-
rios;

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84,
VI; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

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f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, re-
muneração, reforma e transferência para a reserva. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados,
com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias,
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001)

I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressal-


vado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

III – reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do
Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts.
153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em
lei até o último dia daquele em que foi editada.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se


não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por
igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas
delas decorrentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se duran-


te os períodos de recesso do Congresso Nacional.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias
dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação,
entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, fi-
cando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que
estiver tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

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§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de ses-
senta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso
Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas
emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do
Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou
que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de
eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante
sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-
á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 32, de 2001)

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e
§ 4º;

II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.

Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.

§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.

§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a propo-
sição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais delibera-
ções legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até
que se ultime a votação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez
dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.

§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos
projetos de código.

Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e
votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.

Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República,
que, aquiescendo, o sancionará.

§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrá-


rio ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data
do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os moti-
vos do veto.

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§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.

§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.

§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só po-
dendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. (Redação dada pela emen-
da constitucional nº 76, de 28 de novembro de 2013)

§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.

§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da ses-
são imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos
dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-
Presidente do Senado fazê-lo.

Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto,
na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas
do Congresso Nacional.

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação
ao Congresso Nacional.

§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de


competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei comple-
mentar, nem a legislação sobre:

I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que es-
pecificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.

§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação
única, vedada qualquer emenda.

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

Seção IX
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entida-
des da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e
pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arre-
cade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda,
ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 19, de 1998)

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas da União, ao qual compete:

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I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ad-
ministração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetua-
das as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentado-
rias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou
de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo-
nial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de
forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erá-
rio;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa-
dos e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que soli-
citará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executi-
vo.

§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas ativida-


des.

Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados,
poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclare-
cimentos necessários.

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§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao


Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.

§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano
irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições
previstas no art. 96. .

§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os
seguintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II - idoneidade moral e reputação ilibada;

III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;

IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimen-
tos mencionados no inciso anterior.

§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:

I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente
dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribu-
nal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento;

II - dois terços pelo Congresso Nacional.

§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimen-


tos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à
aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)

§ 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e,


quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo
e dos orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,


financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de re-
cursos públicos por entidades de direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da
União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ile-


galidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

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Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conse-
lhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que se-
rão integrados por sete Conselheiros.

CAPÍTULO XI – PODER EXECUTIVO

1. FUNÇÃO

O Poder Executivo tem como função típica a realização da atividade administrativa do Poder Público. Neste senti-
do, sua tarefa consiste em aprimorar os comandos normativos, sendo, portanto, um aplicador da lei, na gerência
dos negócios públicos.

De forma atípica, o Poder Executivo também exerce funções de conteúdo legislativo, a exemplo da edição de
Medidas Provisórias, dentre outras.

Segundo o art. 76 da Constituição, o Chefe do Executivo é o Presidente da República, que é auxiliado pelos Minis-
tros de Estado.

Vale ainda acrescentar que, no sistema presidencialista adotado no Brasil, o Presidente da República é, a um só
tempo, o Chefe de Estado e o Chefe de Governo.

2. PRESIDENTE DA REPÚBLICA

2.1. ATRIBUIÇÕES

As atribuições do Presidente da República estão previstas no art. 84 da Constituição Federal, que elenca algumas
atividades típicas do Chefe de Estado (incisos VII, VIII, XIX e XX) – atividades de representação do país - e outras
típicas do Chefe de Governo (demais incisos) – atividades de governo -, tendo em vista que, como já dissemos
antes, ambas as funções, no nosso sistema presidencialista, estão reunidas na pessoa do Presidente.

2.2. PROCESSO ELEITORAL

Segundo o art. 12, §3º, somente os brasileiros natos poderão ocupar o cargo de Presidente da República, sendo
que, para que possam se eleger, deverão atender às condições genéricas de elegibilidade previstas no art. 14,
§3º, ou seja, possuir: a)nacionalidade brasileira; b)pleno exercício dos direitos políticos; c) alistamento eleitoral;
d)domicílio eleitoral na circunscrição; e)filiação partidária; e, f)idade mínima de trinta e cinco anos de idade.

A eleição será direta, realizada no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outu-
bro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente (art. 77, caput).

Será considerado eleito na eleição o candidato a Presidente que obtiver a maioria absoluta dos votos, não compu-
tados os em branco e os nulos (art. 77, §2º). Caso nenhum dos candidatos atinja a maioria absoluta dos votos no
primeiro turno, será feita nova eleição onde concorrerão os dois candidatos mais votados, considerando-se eleito
o que obtiver a maioria dos votos válidos (art. 77, §3º).

Se antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, será con-
vocado, dentre os remanescentes, o de maior votação (art. 77, §4º).

O mandato do Presidente e do Vice-Presidente da República será de quatro anos, tendo início em 1º de janeiro do
ano seguinte ao da eleição (art. 82).

O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, onde prestarão
o compromisso previsto no art. 78, da Lei Maior. Caso decorram dez dias da data fixada para a posse sem que o

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Presidente ou o Vice-Presidente assuma o cargo maior do País, salvo motivo de força maior, este será declarado
vago. É o que manda o art. 78.

Por último, vale acrescentar que o Presidente e Vice-Presidente não poderão se ausentar do País por período
superior a quinze dias sem a licença do Congresso Nacional, sob pena de perda do cargo (art. 83).

2.3. CRIME DE RESPONSABILIDADE (ART. 85)

Crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas, cuja incidência pelo Presidente da República
enseja a instauração do chamado processo de impeachment.

A idéia central do impeachment é a de que a autoridade processada deve ser destituída do cargo que ocupa em
função de conduta que revele incompatibilidade com os interesses que necessitem ser protegidos pelo seu cargo.

Assim sendo, deve-se entender por impeachment tanto o processo de apuração dos crimes de responsabilidade
quanto a pena ao final aplicada, que será a de destituição do cargo, com inabilitação por 08 (anos) para o exercí-
cio de qualquer função pública. O texto constitucional não deixa dúvidas quanto ao fato de tais penalidades são
cumulativas e não alternativas.

Com efeito, aplicada que venha a ser esta penalidade, dispõe o art. 52, parágrafo único, que o Presidente da Re-
pública deve ser afastado do cargo, bem como impossibilitado de ocupar o mesmo ou qualquer cargo ou função
pública por oito anos.

OBSERVAÇÃO: No processo de impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Roussef, em 2016, houve
uma separação das penalidades, tendo sido aplicada a perda do cargo, sem a inabilitação por 08 anos
para funções públicas. Parece claro que houve descumprimento da CF pelo Senado Federal, o que terá
que ser enfrentado pelo STF – Supremo Tribunal Federal no julgamento de processos sobre o tema que já
tramitam na corte.

Somente os atos que caracterizam crime de responsabilidade podem provocar o impeachment, valendo ressaltar
que os mesmos não constituem propriamente crimes, no sentido penal da palavra, mas sim meras infrações políti-
co-administrativas, como já dito. Caso fossem tecnicamente crimes, a apuração e julgamento dos crimes de res-
ponsabilidade seriam feitas pelo Poder Judiciário, e não por órgãos eminentemente políticos (Câmara dos Depu-
tados e Senado Federal).

A Constituição Brasileira nomeia, no art. 52, I e II, expressamente, as autoridades que podem cometer crimes de
responsabilidade e serem destituídas de seus cargos por meio de impeachment. São as seguintes: Presidente da
República, Governadores, Prefeitos, Ministros do STF, Procurador Geral da República, Advogado Geral da União,
Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Diz a Constituição, no art. 86, que a acusação contra o Presidente pela prática de crime de responsabilidade só
será admitida por dois terços dos votos na Câmara dos Deputados, caso em que o julgamento será feito pelo Se-
nado. Após a instauração do processo no Senado, o Presidente ficará suspenso de suas funções por até cento e
oitenta dias. Passado esse prazo, não tendo sido concluído o julgamento, o mesmo retornará ao exercício de suas
funções, sem prejuízo da continuação do processo.

IMPORTANTE: Não existe prazo para o julgamento do processo de Impeachment, o que pode ocorrer ain-
da no decorrer do afastamento do Presidente da República (por no máximo 180 dias) ou após o seu retor-
no ao exercício das funções.

2.4. CRIMES COMUNS

Poderá o Presidente da República praticar crimes comuns, que são aqueles tipificados pelo Código Penal e leis
penais. Ao contrário do que se dá com os crimes de responsabilidade, que podem ser praticados apenas pelas
autoridades expressamente enumeradas na Lei Maior, os crimes comuns podem ser praticados por qualquer pes-
soa.

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No caso do Presidente da República, o processo criminal estará sujeito a um regramento próprio, definido no art.
86 da Constituição.

Inicialmente, assim como ocorre com os crimes de responsabilidade, o processo só prosseguirá com a autoriza-
ção de dois terços da Câmara dos Deputados, após o que o julgamento será feito pelo Supremo Tribunal Federal.

Recebida a denúncia ou queixa-crime pelo STF, o Presidente ficará suspenso de suas funções por até cento e
oitenta dias, período durante o qual deverá haver o julgamento. Caso contrário, o mesmo retornará normalmente
ao cargo, prosseguindo o julgamento até a sua conclusão final.

O §4º do art. 86 previu uma imunidade penal temporária para o Presidente pela prática de crimes comuns não
relacionados ao cargo durante a vigência do mandato, ao estabelecer que “O Presidente da República, na vigên-
cia de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.”

3. MINISTROS DE ESTADO

O Presidente da República é auxiliado pelos Ministros de Estado, que deverão ter no mínimo vinte e um anos de
idade e estar no pleno exercício dos seus direitos políticos (art. 87). Trata-se de cargos em comissão, ou seja, os
Ministros são investidos e demitidos livremente pela vontade exclusiva do Presidente, sem que haja estabilidade.

As principais atribuições dos Ministros estão previstas na Constituição, no art. 87, parágrafo único, a seguir trans-
crito:

“I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na


área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;

II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;

III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;

IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
República.”

4. CONSELHO DA REPÚBLICA

O Conselho da República, regulado pelos artigos 89 e 90 da Constituição, é um órgão consultivo do qual fazem
parte o Vice-Presidente da República, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal,
os líderes da maioria e da minoria da Câmara e do Senado, o Ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros natos,
com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo que, desses seis, dois são indicados pelo Presidente da Repúbli-
ca, dois são eleitos pela Câmara dos Deputados e dois pelo Senado Federal, todos com mandato de três anos,
sendo vedada a recondução.

Tratando-se de órgão meramente consultivo, as deliberações do Conselho da República não vinculam os atos a
serem praticados pelo Presidente da República.

Este Conselho deverá ser ouvido nos casos de intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio, além de
casos relevantes para a manutenção da estabilidade das instituições democráticas (art.90).

5. CONSELHO DE DEFESA NACIONAL

O Conselho de Defesa Nacional, regulado pelo artigo 91 da Constituição da República, é composto pelo Vice-
Presidente da República, pelo Presidente da Câmara dos Deputados, pelo Presidente do Senado Federal, pelo
Ministro da Justiça, pelo Ministro de Estado da Defesa, pelo Ministro das Relações Exteriores, pelo Ministro do
Planejamento e pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Será convocado para se pronunciar a respeito dos assuntos previstos no art. 91, §1º. A exemplo do Conselho da
República, é órgão consultivo do Presidente da República, não havendo vinculação entre suas deliberações e as
decisões tomadas pelo Presidente da República.

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ARTIGOS RELACIONADOS:

CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
Seção I
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no pri-


meiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 1997)

§ 1º - A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.

§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria
absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.

§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até
vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e consideran-
do-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candida-
to, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.

§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato
com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.

Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.

Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente,
salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.

Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por
lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,
serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o
do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias
depois de aberta a última vaga.

§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os car-
gos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional,
ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

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Seção II
Das Atribuições do Presidente da República

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X - decretar e executar a intervenção federal;

XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
bunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os
diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei;

XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;

XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;

XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;

XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referenda-
do por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar,
total ou parcialmente, a mobilização nacional;

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XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;

XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;

XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;

XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstos nesta Constituição;

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

Seção III
Da Responsabilidade do Presidente da República

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Consti-
tuição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes consti-
tucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e
julgamento.

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados,
será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou
perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;

II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

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§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afasta-
mento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República
não estará sujeito a prisão.

§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.

Seção IV
DOS MINISTROS DE ESTADO

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exer-
cício dos direitos políticos.

Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Consti-
tuição e na lei:

I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na


área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;

II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;

III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;

IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
República.

Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

Seção V
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
Subseção I
Do Conselho da República

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele partici-
pam:

I - o Vice-Presidente da República;

II - o Presidente da Câmara dos Deputados;

III - o Presidente do Senado Federal;

IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;

V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;

VI - o Ministro da Justiça;

VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo
Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, to-
dos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:

I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;

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II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

§ 1º - O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do Conse-
lho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.

§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.

Subseção II
Do Conselho de Defesa Nacional

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos
relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como mem-
bros natos:

I - o Vice-Presidente da República;

II - o Presidente da Câmara dos Deputados;

III - o Presidente do Senado Federal;

IV - o Ministro da Justiça;

V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

VI - o Ministro das Relações Exteriores;

VII - o Ministro do Planejamento.

VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº


23, de 1999)

§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:

I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição;

II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;

III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacio-
nal e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preserva-
ção e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;

IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independên-


cia nacional e a defesa do Estado democrático.

§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.”

CAPÍTULO XII – PODER JUDICIÁRIO

1. FUNÇÃO

O Poder Judiciário pode ser definido pelo conjunto de órgãos públicos que detém, com exclusividade, a função
jurisdicional, ou seja, de dizer o direito. Dessa definição pode-se extrair que a realização da atividade jurisdicional
consiste na aplicação da lei ao caso concreto. Essa é a função típica do Poder Judiciário, que também exerce
funções atípicas, como ocorre com os demais Poderes.

Assim, por exemplo, este Poder executa tarefas de administração e gestão dos seus próprios órgãos (função exe-
cutiva), como também pode baixar instrumentos normativos para regular matérias internas (função legislativa).

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2. GARANTIAS DA MAGISTRATURA

Para garantir que o Judiciário, ao julgar, tenha em conta exclusivamente as disposições legais, é que foi criado um
sistema de garantias que asseguram ao juiz, individualmente, e ao Poder Judiciário, enquanto instituição, condi-
ções de exercer sua função com imparcialidade e independência.

As garantias asseguradas aos magistrados, individualmente, são as seguintes (art. 95):

a) Vitaliciedade: é a garantia que assegura ao membro do Poder Judiciário a prerrogativa de só ser demiti-
do do seu cargo por sentença judicial passada em julgado. A vitaliciedade é adquirida, no primeiro grau, após
dois anos de estágio probatório. No segundo grau – nomeação pelo quinto constitucional – com a posse.

b) Inamovibilidade: significa a impossibilidade de remoção de um membro do Poder Judiciário de um local


para outro, salvo por interesse público pelo voto da maioria absoluta dos membros do tribunal respectivo ou do
Conselho Nacional de Justiça, assegurada a ampla defesa (art. 93, III).

c) Irredutibilidade de subsídio: o membro do Poder Judiciário não pode ter seus vencimentos reduzidos,
garantia que, aliás, é comum a todos os servidores públicos (art. 37, XV) e traduz uma irredutibilidade nominal de
rendimentos, ou seja, o juiz não pode ter reduzido nominalmente seus vencimentos.

Tais garantias de independência e imparcialidade dizem respeito ao magistrado para o exercício de suas funções
institucionais. Porém, paralelamente, a Constituição outorgou ao Poder Judiciário como um todo garantias institu-
cionais para assegurar a autonomia desse órgão em relação aos demais Poderes. Em termos concretos, servem
par assegurar a observância da tripartição de funções, ou seja, a independência e harmonia entre os Poderes.

Tais garantias podem ser resumidas da seguinte forma:

a) Capacidade de auto-governo: o Judiciário tem prerrogativa de eleição de seus órgãos diretivos, de or-
ganização de suas secretarias, de provimento dos cargos da carreira e dos serviços auxiliares e de realização dos
atos internos, como concessão de férias, afastamentos etc.

b) Capacidade normativa interna: o funcionamento dos tribunais é disciplinado por um regimento interno. A
competência para a sua edição pertence a cada tribunal respectivo, na forma do art. 96, I, da CF.

c) Autonomia administrativa: os atos internos de administração ordinária independem de manifestação dos


outros Poderes.

d) Autonomia financeira: é a prerrogativa que tem o Poder Judiciário de elaboração da sua proposta orça-
mentária, dentro dos limites estabelecidos com os demais Poderes na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Sendo a
iniciativa do projeto orçamentário do Chefe do Executivo, a proposta orçamentária do Judiciário, após elaborada,
deve ser encaminhada ao mesmo, que deflagrará o processo legislativo da lei orçamentária.

3. VEDAÇÕES

Ao lado das citadas garantias, a Constituição, pensando igualmente na independência e isenção dos juízes, criou
as seguintes vedações (art. 95, parágrafo único):

- exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

- receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

- dedicar-se à atividade política partidária;

- receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou priva-
das, ressalvadas exceções previstas em lei;

- exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do
cargo por aposentadoria ou exoneração.

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4. ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO

A Constituição, ao dispor sobre o Poder Judiciário, enumerou, no seu art. 92, quais os seus organismos, fixando
ainda as linhas mestras da divisão de competências judiciárias.

Assim, são órgãos do Poder Judiciário os seguintes:

- Supremo Tribunal Federal - STF;

- Conselho Nacional de Justiça;

- Superior Tribunal de Justiça - STJ;

- Tribunal Superior do Trabalho (incluído expressamente pela Emenda Constitucional 92/2016);

- Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

- Tribunais e Juízes do Trabalho;

- Tribunais e Juízes Eleitorais;

- Tribunais e Juízes Militares;

- Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

O que se observa, de logo, é que a Constituição estabeleceu uma primeira linha divisória que separa a Justiça
Especializada (matérias específicas) da Justiça Comum (matérias restantes). Dentro da Justiça Comum, fez uma
nova divisão em Justiça Federal (casos de interesse da União) e Justiça local ou estadual (casos onde não há
interesse da União).

Além disso, observa-se que a Lei Maior elevou ao ápice do sistema judiciário brasileiro dois tribunais nacionais,
com jurisdição em todo o território nacional e sede no Distrito Federal: o STF e o STJ (art. 92, §§1º e 2º).

QUINTO CONSTITUCIONAL

Antes de adentrarmos na competência e composição dos tribunais, é importante entender a regra do art. 94 da
CF, que assegura que um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Estaduais, do Dis-
trito Federal e dos Territórios será composto de membros do Ministério Público com mais de dez anos de carreira
e de advogados de notório saber jurídico e reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissio-
nal, indicados por lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

A refira lista sêxtupla será enviada ao tribunal respectivo, que a reduzirá a três nomes, enviando a lista tríplice ao
Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação (art. 94,
parágrafo único).

4.1. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

A Emenda Constitucional nº 45 (chamada de Reforma do Judiciário) criou, para alguns, um órgão de controle ex-
terno do Poder Judiciário denominado Conselho Nacional de Justiça. Para outra parte da doutrina, no entanto, ao
nosso ver acertadamente, não se trata de controle externo, já que este Conselho integra o próprio Poder Judiciá-
rio, a teor do art. 92 da Constituição.

Cabe a ele controlar a atuação administrativa e financeira deste Poder e o cumprimento dos deveres funcionais
dos juízes, de acordo com as atribuições previstas pelo art. 103-B, §4º, além de outras que podem ser estabeleci-
das por lei.

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O Conselho Nacional de Justiça será integrado por quinze membros, com investidura de dois anos e admitida uma
recondução, da seguinte forma (art. 103-B):

- o Presidente do STF;

- um Ministro do STJ indicado pelo próprio tribunal;

- um Ministro do TST indicado pelo próprio tribunal;

- um Desembargador de Tribunal de Justiça indicado pelo STF;

- um Juiz estadual indicado pelo STF;

- um Juiz do TRF indicado pelo STJ;

- um Juiz federal indicado pelo STJ;

- um Juiz de TRT – Tribunal Regional do Trabalho indicado pelo TST –Tribunal Superior do Trabalho;

- um Juiz do Trabalho indicado pelo TST;

- um membro do Ministério Público da União indicado pelo Procurador Geral da República;

- um membro e Ministério Público Estadual escolhido pelo Procurador Geral da república dentre os indicados por
cada instituição estadual;

- dois advogados indicados pelo Conselho federal da OAB;

- dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada indicados pela Câmara dos Deputados e pelo Sena-
do Federal.

Segundo o art. 103-B, §1º, da CF, o Conselho Nacional de Justiça será presidido pelo Presidente do STF, e, em
suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do STF. Além disso, o §2º estabelece que os membros
acima enunciados, com exceção do Presidente do STF, serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

4.2. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF

O Supremo Tribunal Federal é composto por onze Ministros nomeados pelo Presidente da República após a apro-
vação da maioria absoluta do Senado Federal, dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e
cinco anos de idade, com notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101).

A competência do STF é ditada pelo art.102 da Lei Maior, tendo ficado a cargo deste tribunal a guarda da Consti-
tuição. Assim é que a mesma lhe outorgou as competências necessárias para que ficasse com as prerrogativas de
dizer a última palavra em matéria constitucional.

A Emenda Constitucional nº 45, de dezembro de 2004, criou a figura da súmula vinculante. Com isto, conferiu ao
STF o poder de, mediante provocação ou não, por dois terços dos votos de seus membros, após reiteradas deci-
sões sobre determinada matéria, aprovar uma súmula a seu respeito, que produzirá efeito vinculante em relação
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública nas esferas federal, estadual e municipal.

4.3. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ

A composição do Superior Tribunal de Justiça, definida pela Constituição no seu art. 104, é de, no mínimo, trinta e
três Ministros, nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de
sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal.

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A escolha do Presidente da República será feita da seguinte forma: um terço dentre juízes dos Tribunais Regio-
nais Federais indicados em lista tríplice pelos respectivos Tribunais; um terço dentre Desembargadores de Tribu-
nais de Justiça, também indicados em lista tríplice pelos respectivos Tribunais;e um terço, em partes iguais, dentre
advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e dos Territórios, alternada-
mente, indicados na forma do art. 94.

A competência do STJ está regulada pelo art. 105 da Constituição, tendo ficado clara a intenção do constituinte de
1988 de atribuir-lhe o papel de guardião da legislação infraconstitucional, transformando este Tribunal em última
instância de jurisdição quando a questão em debate relacionar-se com direito federal.

4.4. TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E JUÍZES FEDERAIS – JUSTIÇA FEDERAL

A Justiça Federal no Brasil foi organizada em dois graus de jurisdição: os Juizes Federais (1º grau) e os TRFs –
Tribunais Regionais Federais (2º grau). A divisão judiciária federal foi feita em seções judiciárias, correspondendo
cada qual a um Estado, com sede na respectiva capital, e uma ao Distrito Federal, com sede em Brasília. Assim,
por exemplo, a seção judiciária federal da Bahia está sediada na sua capital, que é Salvador.

Essas seções são agrupadas em regiões, onde estão sediados os Tribunais Regionais Federais, no total de cinco:
Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre, conforme o disposto no art. 27, §6º, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, anexo à Constituição.

A competência da Justiça Federal está estabelecida na Constituição pelo art. 109, guardando intimamente relaci-
onada às causas de interesse da União. Toda vez que esta for interessada em algum processo, direta ou indire-
tamente, o mesmo terá que ser julgado pela Justiça Federal.

4.5. TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS – JUSTIÇA COMUM

A justiça a nível estadual tem competência residual, ou seja, colocam-se sob sua jurisdição as questões que não
são apanhadas pela competência das Justiças Especializadas e da Justiça Federal. Nesse sentido, a 1ª instância
da Justiça estadual é representada pelos Juízos de Direito e a 2ª pelos Tribunais de Justiça, tendo sido extintos
pela EC nº45 os antigos Tribunais de Alçada.

A Justiça estadual baiana está estruturada em Comarcas, normalmente correspondentes a cada cidade do Estado
(segundo a nova Lei de Organização Judiciária do Estado da Bahia), as quais são classificadas por entrâncias. A
depender do porte da Comarca e fatores como população, número de processos etc., cada Comarca será de en-
trância inicial (as menores), havendo ainda as comarcas de entrância intermediária (as maiores), e a comarca de
entrância final, que é somente a capital Salvador.

4.6. TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO – JUSTIÇA DO TRABALHO

A Justiça do Trabalho encontra-se estruturada em três instâncias judiciais: as Varas do Trabalho (1ª instância), os
Tribunais Regionais do Trabalho - TRTs (2ª instância) e o Tribunal Superior do Trabalho - TST.

Segundo o art. 111-A da Constituição, o TST deve ser integrado por vinte e sete Ministros, escolhidos dentre bra-
sileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, nomeados pelo Presidente da
República após a aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

- um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Minis-
tério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94, I.

- os demais dentre Juízes do Trabalho dos TRTs, oriundos da magistratura da carreira, indicados em lista
tríplice pelo próprio TST.

ATENÇÃO: A recente Emenda Constitucional nº 92/2016 alterou a redação desse dispositivo constitucional
para incluir os requisitos do notável saber jurídico e reputação ilibada para os que forem compor o TST, o
que antes não estava expresso. Além disso, também acrescentou a esse dispositivo o parágrafo terceiro,
prevendo expressamente a competência do tribunal para processar e julgar, originariamente, a reclamação
para a preservação da sua competência e garantia da autoridade das suas decisões.

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Os Tribunais Regionais do Trabalho, segundo o art. 115 da Constituição, devem ser integrados por, no mínimo,
sete Juízes do Trabalho, nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos
de sessenta e cinco anos de idade, sendo:

- um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Minis-
tério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94, I.

- os demais, mediante promoção de Juízes do Trabalho, por antiguidade e merecimento, alternadamente.

A competência da Justiça do Trabalho vem estabelecida pelo art. 114 da CF, tendo sido bastante ampliada pela
recente Emenda Constitucional nº 45, de dezembro de 2004.

4.7. TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS – JUSTIÇA ELEITORAL

A Justiça Eleitoral está estruturada em três instâncias: o Tribunal Superior Eleitoral – TSE, os Tribunais Regionais
Eleitorais – TREs e os Juízes Eleitorais. Há também as Juntas Eleitorais, formadas em épocas de eleições, que
são integradas pelo Juiz Eleitoral e por cidadãos – dois a quatro – nomeados pelo Presidente do respectivo TRE,
com funções específicas para a eleição em questão (art. 118).

O TSE é integrado por sete Ministros, no mínimo, indicados da seguinte forma (art.119):

- três provenientes do STF;

- dois oriundos do STJ;

- dois advogados, escolhidos pelo Presidente da República a partir de lista sêxtupla elaborada pelo STF.

Já os TREs devem possuir sete membros, nomeados da seguinte forma (art. 120, §1º):

- dois Juízes dentre os Desembargadores do Tribunal de Justiça;

- dois Juízes de Direito estaduais, escolhidos pelo respectivo Tribunal de Justiça;

- um Juiz do TRF com sede na capital do respectivo Estado, ou, não havendo, um Juiz Federal;

- dois advogados nomeados pelo Presidente da República a partir de lista sêxtupla formada pelo Tribunal
de Justiça.

4.8. TRIBUNAL E JUÍZES MILITARES – JUSTIÇA MILITAR

O art. 122 estabelece que são órgãos da Justiça Militar: O Superior Tribunal Militar – STM e os Tribunais e Juízes
Militares instituídos por lei.

A Justiça Militar Estadual, que deve ser criada por lei estadual, de iniciativa exclusiva do Tribunal de Justiça, deve
ser integrada, em primeiro grau, por Juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça, e, em segundo, pelo próprio
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil
integrantes. É o que determina a Constituição em seu art. 125, §3º, recém modificado pela EC nº 45/2004.

O STM será composto por quinze Ministros vitalícios, escolhidos pelo Presidente da República, depois de aprova-
da a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-
generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa, e do posto mais elevado da car-
reira, e cinco dentre civis.

Estes serão escolhidos também pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos,
sendo três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva ativida-
de profissional, e dois, por escolha paritária, dentre Juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça
Militar.

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ARTIGOS RELACIONADOS:

CAPÍTULO III
DO PODER JUDICIÁRIO
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:

I - o Supremo Tribunal Federal;

I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II - o Superior Tribunal de Justiça;

II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)

III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;

V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;

VI - os Tribunais e Juízes Militares;

VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na
Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magis-
tratura, observados os seguintes princípios:

I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de clas-
sificação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento, atendidas as


seguintes normas:

a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de
merecimento;

b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz
a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite
o lugar vago;

c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e preste-


za no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de
aperfeiçoamento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamen-
tado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repe-
tindo-se a votação até fixar-se a indicação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; (Incluída pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigüidade e merecimento, alternadamente, apu-
rados na última ou única entrância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo


etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido por escola
nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do sub-
sídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistra-
dos serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias
da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento
ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros
dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art. 40;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal; (Redação dada pela Emen-
da Constitucional nº 45, de 2004)

VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á
em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, asse-
gurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VIII A - a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no que
couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as deci-
sões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do inte-
ressado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 45, de 2004)

X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares
tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial,
com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administra-
tivas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por
antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de se-
gundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão per-
manente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva
população; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente
sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito
Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira,
e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva ativida-
de profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo,
que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda
do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de
sentença judicial transitada em julgado;

II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;

III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:

I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

III - dedicar-se à atividade político-partidária.

IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamen-
to do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 96. Compete privativamente:

I - aos tribunais:

a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de pro-
cesso e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos res-
pectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;

b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo
exercício da atividade correicional respectiva;

c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;

d) propor a criação de novas varas judiciárias;

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e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, pará-
grafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em
lei;

f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem
imediatamente vinculados;

II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;

b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes
forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais
inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;

d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os
membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o
julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;

II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com
mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou
em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem
caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.

§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 22, de 1999) (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às ativida-
des específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.

§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

§ 2º - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:

I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
aprovação dos respectivos tribunais;

II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça,
com a aprovação dos respectivos tribunais.

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§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do


prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consoli-
dação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de
acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os
limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a as-
sunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto
se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em
virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos preca-
tórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 62, de 2009).

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, pro-


ventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por
invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e
serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste
artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data
de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos
com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os
fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante
será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 62, de 2009).

§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos paga-
mentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer
em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62,
de 2009).

§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades
de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do mai-
or benefício do regime geral de previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009).

§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pa-
gamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judi-
ciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando
terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009).

§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário,


cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e
autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de pre-
cedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da
quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

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§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a
liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante
o Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o


fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total
ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser


abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em
dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vin-
cendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação
administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta
em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que pre-
encham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda Constituci-
onal nº 62, de 2009).

§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de
créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios,


após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a
incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independen-
temente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protoco-
lizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá estabe-
lecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios,
dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 62, de 2009).

§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios,
de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 62, de 2009)

Seção II
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais
de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da Repúbli-
ca, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

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a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória
de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente- Presidente, os membros do


Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Coman-
dantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tri-
bunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter per-
manente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado
de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Depu-
tados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do pró-
prio Supremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o
Território;

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros,
inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;

h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade
ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se
trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 22, de 1999)

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribui-
ções para a prática de atos processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela
em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indire-
tamente interessados;

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente


da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do pró-
prio Supremo Tribunal Federal;

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II - julgar, em recurso ordinário:

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a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em


única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

b) o crime político;

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

§ 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreci-
ada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado do parágrafo único em § 1º pela Emen-
da Constitucional nº 3, de 17/03/93)

§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitu-
cionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso,
somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalida-
de: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

§ 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade


e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.

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§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional,
será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de
órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.

§ 4.º - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constituci-
onal nº 45, de 2004)

§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarre-
te grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula
poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.

§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a
aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato admi-
nistrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a
aplicação da súmula, conforme o caso."

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois)
anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009)

I um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo respectivo tribunal;

II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;

III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;

IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal


de Justiça;

VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;

VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;

IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;

X um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;

XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os


nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;

XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

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XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados
e outro pelo Senado Federal.

§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e im-
pedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 61, de 2009)

§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de
2009)

§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tri-
bunal Federal.

§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do


cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo
expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;

II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituílos, revê-los
ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo
da competência do Tribunal de Contas da União;

III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra
seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem
por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional
dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilida-
de ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras
sanções administrativas, assegurada ampla defesa;

IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de au-
toridade;

V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais


julgados há menos de um ano;

VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da
Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;

VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder
Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo
Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.

§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído


da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas
pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:

I receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços
judiciários;

II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;

III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tri-
bunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.

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§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da


Ordem dos Advogados do Brasil.

§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para
receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

Seção III

DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.

Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da Repú-
blica, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sen-
do: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tri-
bunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;

II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do
Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabi-
lidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e
os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;

b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 23, de 1999)

c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a",
ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do
Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 1999)

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem
como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;

e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;

f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autorida-


des judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da Uni-
ão;

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, enti-
dade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do
Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da
Justiça Federal;

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i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída


pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II - julgar, em recurso ordinário:

a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pe-
los tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro,
Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regio-
nais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 45, de 2004)

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções,


regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 45, de 2004)

II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e or-
çamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes
correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

Seção IV
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES FEDERAIS

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:

I - os Tribunais Regionais Federais;

II - os Juízes Federais.

Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de
trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Mi-
nistério Público Federal com mais de dez anos de carreira;

II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antigüidade
e merecimento, alternadamente.

§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará
sua jurisdição e sede. (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e de-
mais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras re-


gionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente:

a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos
crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a compe-
tência da Justiça Eleitoral;

b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;

c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;

d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;

e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;

II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exer-
cício da competência federal da área de sua jurisdição.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na con-
dição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou


residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internaci-
onal;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da


União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o


resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema finan-
ceiro e a ordem econômico-financeira;

VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier


de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os ca-
sos de competência dos tribunais federais;

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IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o


"exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclu-
sive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra
parte.

§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domicilia-
do o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada
a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiá-
rios, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca
não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras cau-
sas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na
área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finali-
dade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos hu-
manos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluí-
do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a
respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.

Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais ca-
berão aos juízes da justiça local, na forma da lei.

Seção V
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:

I - o Tribunal Superior do Trabalho;

II - os Tribunais Regionais do Trabalho;

III - Juizes do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

§§ 1º a 3º - (Revogados pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasi-
leiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu-
tação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado
Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Minis-
tério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indi-
cados pelo próprio Tribunal Superior.

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§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.

§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:

I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre ou-


tras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;

II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão adminis-
trativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como
órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.

§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originariamente, a reclamação para a


preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 92, de 2016)

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdi-
ção, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do T rabalho. (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de
exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da adminis-
tração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindi-
catos e empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria
sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I,
o; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscali-
zação das relações de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos le-
gais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Consti-
tucional nº 45, de 2004)

§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de


comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do T rabalho decidir o

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conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convenciona-
das anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministé-
rio Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o confli-
to. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de
trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Minis-
tério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, alternadamente.

§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e


demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários.

§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras


regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

Parágrafo único. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

Art. 117. e Parágrafo único. (Revogados pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

Seção VI
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS

Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:

I - o Tribunal Superior Eleitoral;

II - os Tribunais Regionais Eleitorais;

III - os Juízes Eleitorais;

IV - as Juntas Eleitorais.

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;

b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico
e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Minis-
tros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de
Justiça.

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Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.

§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;

b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de


Justiça;

II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não
havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;

III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os desembargado-


res.

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito
e das juntas eleitorais.

§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de
suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.

§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nun-
ca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo
mesmo processo, em número igual para cada categoria.

§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Consti-
tuição e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança.

§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;

V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de injunção.

Seção VII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES

Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:

I - o Superior Tribunal Militar;

II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente
da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da

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Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da
ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.

Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros mai-
ores de trinta e cinco anos, sendo:

I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati-
vidade profissional;

II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.

Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.

Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar.

Seção VIII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º - A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização
judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.

§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos


estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a
um único órgão.

§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do T ribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, cons-
tituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo
próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja
superior a vinte mil integrantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de
Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim


de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções
da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas,
com competência exclusiva para questões agrárias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no
local do litígio.

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CAPÍTULO XIII - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

1. INTRODUÇÃO

Em razão do princípio da supremacia constitucional, que coloca a Constituição federal no vértice do sistema jurídi-
co brasileiro, todas as outras normas legais devem estar compatíveis com ela, não sendo concebível que contrari-
em dispositivo constitucional.

Neste contexto é que pode-se falar em controle de constitucionalidade, que nada mais é do que a verificação da
adequação vertical que deve existir entre as normas infraconstitucionais e a Lei Maior. É sempre, portanto, um
exame comparativo entre um ato legislativo ou normativo e a Constituição. Todo ato normativo ou legislativo que
contrariá-la deverá ser declarado inconstitucional.

Podem-se apontar dois pressupostos fundamentais de ordem lógica para que haja o exercício do controle de
constitucionalidade, a saber: a) a presença de uma Constituição rígida, ou seja, que está sujeita a procedimentos
especiais de modificação mais árduos do que a legislação infraconstitucional, do que resulta a superioridade das
normas constitucionais sobre as demais; b) existência de um órgão que efetivamente assegure a supremacia do
texto constitucional.

2. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE

A inconstitucionalidade, ou seja, a incompatibilidade entre um ato legislativo ou normativo e a Constituição, pode


ser: por ação ou por omissão; originária ou superveniente; total ou parcial.

INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO

É a produção de atos legislativos ou normativos que contrariem dispositivos constitucionais. Esta inconstitucionali-
dade pode ser por motivos formais ou materiais. A primeira ocorre quando o ato é produzido por autoridade in-
competente ou em desacordo com as formalidades legais, como prazos, ritos etc.. Já a inconstitucionalidade ma-
terial se dá quando a matéria tratada pelo ato normativo ou legislativo desrespeitar o conteúdo de norma(s) consti-
tucional(s).

INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

É a não elaboração de atos normativos ou legislativos que impossibilitem o cumprimento de preceitos constitucio-
nais. Sempre que uma norma constitucional não puder ser cumprida em razão da inércia legislativa ou administra-
tiva dos poderes constituídos, estaremos diante de uma inconstitucionalidade por omissão. Ex: participação dos
trabalhadores na gestão da empresa, “conforme definido em lei” (art. 7º, XI, da CF).

INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA

A inconstitucionalidade será originária quando o ato normativo ou legislativo já nascer com o vício de incompatibi-
lidade com a Constituição.

INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE

Ocorrerá quando o ato normativo ou legislativo nascer constitucional e vier a se tornar posteriormente inconstituci-
onal em razão de alteração da Constituição.

IMPORTANTE: O STF não aceita a existência de inconstitucionalidade superveniente. Para a Corte, lei que
nasceu constitucional que seja incompatível com um novo texto constitucional, ou emenda constitucional,
será revogada (fenômeno da não-recepção), não sendo possível falar-se de inconstitucionalidade.

INCONSTITUCIONALIDADE TOTAL X PARCIAL

Será total a inconstitucionalidade quando todo o ato for contrário à Constituição. Será parcial quando uma parte do
ato for incompatível com a Lei Maior, hipótese em que poderá subsistir a parte válida.

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IMPORTANTE: Para o STF, tanto a inconstitucionalidade por ação quanto a por omissão podem ser totais
ou parciais.

3. ÓRGÃOS DE CONTROLE

O controle de constitucionalidade pode ser exercido por órgãos diversos, pertencentes ou não ao Poder Judiciário.
A depender disso, poderá ser político ou judicial.

CONTROLE POLÍTICO

É o controle exercido por órgão não pertencente ao Poder Judiciário. Ex: Na França, ele é feito por um órgão
chamado Conselho Constitucional.

CONTROLE JUDICIAL

Também chamado judiciário, este tipo de controle é exercido pelo Poder Judiciário. Ex: Brasil, EUA.

4. FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

No que tange à oportunidade em que é exercido, o controle de constitucionalidade pode ser preventivo ou repres-
sivo.

CONTROLE PREVENTIVO

Feito antes da elaboração da lei, impede que um projeto de lei venha a ser promulgado. Incide sobre o projeto de
lei e é feito pelos Poderes Legislativo (Comissão de Constituição e Justiça) e Executivo (veto do Presidente da
República). Note-se que o controle preventivo é, de regra, político (há uma única exceção em que o controle pre-
ventivo será judicial: Mandado de Segurança impetrado por Parlamentar perante o STF contra projeto de lei que
considere inconstitucional).

CONTROLE REPRESSIVO

Também chamado sucessivo ou à posteriori, esta forma de controle é feita após a elaboração da lei ou ato norma-
tivo e tem por finalidade retira-lo da esfera jurídica. No Brasil, este controle é exercido, em regra, pelo Poder Judi-
ciário.

Excepcionalmente, a Constituição permite o controle repressivo realizado pelo Poder Legislativo, o que se dará
em apenas dois casos: 1) Decreto Legislativo do Congresso Nacional visando sustar atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar (art. 84, IV, segunda parte, da CF) ou que exorbitem dos limites
da delegação legislativa (art. 68, §2º, da CF), conforme o estabelecido no art. 49, V; 2) Medidas Provisórias rejei-
tadas pelo Congresso Nacional por conterem vícios de inconstitucionalidade (art. 62, §5º, da CF).

5. CRITÉRIOS DE CONTROLE

5.1. CONTROLE DIFUSO

É o controle judicial exercido por todos os integrantes do Poder Judiciário. Neste tipo de controle, qualquer juiz ou
tribunal pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo no caso concreto que lhe chegar para
exame. Este critério de controle é adotado pelo Brasil.

5.2. CONTROLE CONCENTRADO

É o controle judicial que é exercido por um único Tribunal Superior ou Corte Constitucional, que, no caso do Brasil,
é o STF – Supremo Tribunal Federal. O controle concentrado também é adotado pelo Brasil.

6. MEIOS DE CONTROLE

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6.1. INCIDENTAL OU POR VIA DE DEFESA (CONCRETO)

Se dá quando o objeto do processo é um bem jurídico qualquer discutido entre duas partes (Ex. propriedade de
um imóvel), surgindo de maneira apenas incidental a dúvida sobre a inconstitucionalidade de ato normativo ou lei
relacionada com a discussão em face do texto da Constituição.

6.2. PRINCIPAL OU VIA DE AÇÃO (ABSTRATO)

O objeto da ação judicial é a própria questão da inconstitucionalidade. Não há partes que divergem sobre um bem
jurídico, sendo o processo estabelecido apenas com a finalidade de se declarar a inconstitucionalidade da lei ou
ato normativo em face da Constituição.

7. NULIDADE X ANULABILIDADE DO ATO INCONSTITUCIONAL

A diferença básica entre ato nulo e ato anulável é que o ato nulo já nasce inválido, não podendo produzir efeitos
jurídicos, já que não pode ser sanado. Já o ato anulável é o que pode vir a ser anulado em razão de um vício que
pode ser sanado a qualquer tempo.

A doutrina moderna do direito constitucional reconhece que, no Brasil, o ato inconstitucional é nulo, já que, desde
a sua origem, traz um vício de ordem absoluta (incompatibilidade com a Constituição) que não admite sanação.
Por isso, quando se declara a inconstitucionalidade de um ato, o que se faz é expulsa-lo do mundo jurídico reco-
nhecendo-se que ele nunca existiu e , por conseqüência, nunca produziu efeitos. Portanto, na grande maioria das
vezes os efeitos dessa declaração serão retroativos (ex tunc).

Há outros casos em que o reconhecimento de inconstitucionalidade se dará somente a partir da sua declaração,
não retroagindo os seus efeitos (ex nunc).

No controle difuso, que pode ser feito por qualquer juiz ou tribunal, os efeitos de uma eventual declaração de in-
constitucionalidade serão retroativos (ex tunc). No controle concentrado, feito somente pelo STF, em regra, os
efeitos também retroagirão, mas pode haver casos em que razões de segurança jurídica recomendem a não re-
troação dos efeitos da decisão. Nestes casos, o próprio tribunal pode decidir que, embora o ato seja nulo, os efei-
tos da declaração de inconstitucionalidade só serão produzidos dali para a frente (ex nunc), ou a partir de outro
momento que venha a ser fixado.

8. EFEITOS DA DECISÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

A decisão judicial que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo poderá produzir efeitos tanto
somente para as partes do processo judicial onde ela for proferida (efeito inter partes), como ocorre no controle
difuso, ou também perante terceiros que não participaram do processo (efeito erga omnes), como é o caso do
controle concentrado.

9. ADIN - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE GENÉRICA

Prevista no art. 102, I, a, da CF, A Ação Direta de Inconstitucionalidade visa a declaração de inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo federal ou estadual perante a Constituição Federal. Trata-se de ação de competência ori-
ginária do STF e tem o seu procedimento regido pela Lei nº 9.868/99.

Os legitimados para propô-la são somente aqueles previstos pelo art. 103, da CF, a saber:

- Presidente da República;
- Mesa do Senado;
- Mesa da Câmara dos Deputados;
- Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
- Governador de Estado ou do Distrito Federal;
- Procurador Geral da República;
- Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
- Partido político com representação no Congresso Nacional;
- Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

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Os efeitos da declaração de inconstitucionalidade feita pelo STF através de uma ADIN serão erga omnes e vincu-
lantes para os demais órgãos do Poder Judiciário e Administração Pública, por força do art. 102, §2º, da CF. Além
disso, via de regra, haverá retroação dos efeitos da decisão (ex tunc).

10. ADIN POR OMISSÃO

O objeto de uma Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por omissão é suprir a omissão dos poderes constitu-
ídos, que deixaram de elaborar a norma regulamentadora que possibilita o exercício de um direito previsto na
Constituição.

O art. 103, §2º, da CF, diz que “declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva nor-
ma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se
tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.”

11. ADC – AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Essa ação visa a declaração de constitucionalidade de uma lei ou ato normativo federal. Os legitimados para pro-
pô-la passaram a ser os mesmos da ADIN, o que é uma novidade trazida pela Emenda Constitucional nº45, que
modificou a redação do art. 103 da CF.

As decisões proferidas numa ADC, assim como as da ADIN, são erga omnes e vinculantes para os demais órgãos
do Poder Judiciário e Administração Pública, como manda o já mencionado art. 102, §2º, da CF.

Para que se proponha esta ação, é necessário que se demonstre a existência de divergências jurisprudenciais a
respeito da constitucionalidade do ato normativo ou legislativo federal respectivo.

12. ADPF – ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

A Constituição de 1988, em seu art. 102, § 1º, da CF, trouxe uma nova forma de controle concentrado de constitu-
cionalidade. Compete ao STF apreciar e julgar argüição de descumprimento de preceito fundamental. Essa norma
de eficácia limitada veio a ser regulamentada pela Lei nº 9.882/99, que trouxe em seu art. 4º, §1º, o chamado prin-
cípio da subsidiariedade, segundo o qual essa ação constitucional não será admitida “quando houver qualquer
outro meio eficaz de sanar a lesividade”, ou seja, quando for cabível ADIN, ADC ou qualquer outro instrumento
judicial apto a satisfazer aos interesses do Autor.

Os legitimados a propor esta ação são os mesmos da ADIN e ADC.

Uma importante peculiaridade desta ação é que ela pode ser proposta quando houver relevante divergência juris-
prudencial a respeito da constitucionalidade de lei ou ato normativo municipal ou estadual, o que estaria fora do
objeto da ADC, que só trata de ato federal, como visto acima. Pode ainda ser proposta a ADPF para evitar ou
reparar lesão a preceito fundamental decorrente de ato ou omissão do Poder Público.

A decisão proferida na ADPF possui eficácia erga omnes e efeito vinculante em relação ao Poder Público. Em
regra os efeitos serão produzidos ex tunc, sendo possível, por razões de segurança jurídica, que o STF estabele-
ça, excepcionalmente, efeitos ex nunc, como ocorre com a ADIN e ADC.

CAPÍTULO XIII – DA ORDEM SOCIAL

“TÍTULO VIII
Da Ordem Social
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO GERAL

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça
sociais.
CAPÍTULO II
DA SEGURIDADE SOCIAL

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Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Pú-
blicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base
nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;


II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com partici-
pação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos
da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)

b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre apo-
sentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social consta-
rão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.

§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos res-
ponsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades esta-
belecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.

§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não po-
derá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I.

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§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total.

§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa
dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto
no art. 150, III, "b".

§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social
que atendam às exigências estabelecidas em lei.

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respec-
tivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados perma-
nentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da
comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de
cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-deobra, do porte
da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 47, de 2005)

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de as-
sistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Muni-
cípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a,
e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma
dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contri-
buição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Seção II
DA SAÚDE

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos
termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita direta-
mente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e consti-
tuem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;


II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assis-
tenciais;
III - participação da comunidade.

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§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
(Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços


públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I – no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o
art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas
que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere
o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I – os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a pro-
gressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual,
distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

IV – as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
29, de 2000)

§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agen-
tes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e comple-
xidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. .(Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 51, de 2006)

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário
de saúde e agente de combate às endemias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)

§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servi-
dor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às en-
demias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei,
para o seu exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, se-
gundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades
filantrópicas e as sem fins lucrativos.

§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas


com fins lucrativos.

§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à sa-


úde no País, salvo nos casos previstos em lei.

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§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e subs-
tâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e
transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da


produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;

V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas
e águas para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e


produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Seção III
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos
termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998)

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 20, de 1998)

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, obser-
vado o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos


beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 47, de 2005)

§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado


terá valor mensal inferior ao salário mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atuali-
zados, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

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§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor


real, conforme critérios definidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de


pessoa participante de regime próprio de previdência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998)

§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de
dezembro de cada ano. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as
seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; (Incluído dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco
anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em
regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. (In-
cluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o
professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educa-
ção infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na admi-


nistração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previ-
dência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. (Incluído dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo
regime geral de previdência social e pelo setor privado. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998)

§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de
contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Inclu-
ído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa
renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de
sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de
valor igual a um salário-mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carên-
cias inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 47, de 2005

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em
relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que
garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 20, de 1998)

§ 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de benefícios de
entidades de previdência privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos
planos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos,


regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de

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trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remunera-
ção dos participantes, nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras
entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contri-
buição normal poderá exceder a do segurado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclu-
sive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indire-
tamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada, e suas respectivas enti-
dades fechadas de previdência privada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber, às empresas priva-
das permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de
entidades fechadas de previdência privada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo estabelecerá os requisitos para a designação
dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdência privada e disciplinará a inserção dos
participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e
deliberação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Seção IV
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à


vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, con-
forme dispuser a lei.

Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orça-
mento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas se-
guintes diretrizes:

I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a


coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a enti-
dades beneficentes e de assistência social;

II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no


controle das ações em todos os níveis.

Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e
promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses
recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

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II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

BIBLIOGRAFIA:

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros Editores, 23 ed.
revista, 2004.

ARAÚJO, Luiz Alberto David, NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. São Paulo:
Editora Saraiva, 9 ed. revista, 2005.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Ed. Jurídico Atlas ed. revista, 1999.

TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros Editores, 19 ed. revista, 2003.

AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. São Paulo: Editora Globo, 30 ed. 1993.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. O Poder Constituinte. São Paulo: Editora Saraiva, 3 ed. revista. 1999.

ANJOS FILHO, Robério Nunes dos. Direito Constitucional. Salvador: Edições Podivm, 2 ed. revista. 2003.

BRITTO, Carlos Ayres de. Teoria da Constituição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1 ed. 2003.

SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. São Paulo: Malheiros Editores, 6 ed.
2003.

BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e Aplicação da Constituição. São Paulo: Editora Saraiva, 5 ed. re-
vista. 2003.

______________________ O Direito Constitucional e a Efetividade de suas Normas. Rio de Janeiro – São-


Paulo: Editora Renovar, 7 ed. atualizada. 2003.

PINHO, Rodrigo César Rebello. Teoria Geral da Constituição e Direitos Fundamentais, vol. 17. São Paulo:
Editora Saraiva, 3 ed. revista. 2002 (Série Sinopses Jurídicas)

RÁTIS, Carlos, CUNHA JR., Dirley da. EC 45/2004 – Comentários à Reforma do Poder Judiciário. Salvador:
Edições Podivm, 2005.

Moraes, Alexandre de (organizador). Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Editora
Atlas, 24 ed. 2005.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

MENSAGEM FINAL:

“Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)


A Carlos Heitor Cony

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

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Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia

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tenha no homem o sinal de seu suor.


Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.”

Santiago do Chile, abril de 1964

Que possamos, amigos e amigas, usar os princípios da Constituição Federal não apenas no concurso
público, mas também e, acima de tudo, para sermos pessoas melhores.

Fraternal abraço,
Orman Ribeiro

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