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Grupo 3- Dhometila Iassodara de Sousa, Gustavo Ferreira Petrucelli, Gabriel Ferreira Pigatto,

Anne Beatriz Teixeira Braun

Tema: (Pesquisar quais são as leis e políticas adotadas contra as práticas discriminatórias;
Investigar quais são ações e projetos que permitem ou que tem como objetivo a promoção
da igualdade de oportunidade)

A discriminação existe há centenas de anos e sempre esteve em nossa


sociedade. Segundo Ferreira (2009, p. 239):

É denominação atribuída a uma ação ou omissão violadora do direito


das pessoas com base em critérios injustificados e injustos tais como:
raça, sexo, idade, crença, opção religiosa, nacionalidade, e outros.

Diferente de centenas de anos, hoje temos leis que configuram a discriminação


como crime, e mais acesso a direitos humanos como consta um trecho da
Declaração Universal dos Direitos Humanos:
[...] Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos
humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência
da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens
gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem
a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta
aspiração do homem comum [...] Assembleia Geral proclama: A
presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal
comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o
objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo
sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e
da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades,
e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua
observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios
Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua
jurisdição. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS,
1948, p. 1)

Portanto, temos que todo humano nasce em pé de igualdade e deve ter seu
direito respeitado, mas na prática podemos perceber que esses direitos não
são aplicados. Essa declaração tem menos de um século, o que é espantoso
analisar que faz pouco tempo que nossa sociedade começou a garantir direitos
como cidadãos e humanos. É mais espantoso ainda no Brasil: A nossa garantia
na Constituição foi apenas implementada em 1988, há 33 anos na presidência
de José Sarney, depois de 100 anos da abolição da escravidão no país. Três
anos mais tarde, surge a ‘Lei Caó’, assinada pelo ex-deputado Carlos Alberto
Caó de Oliveira (Lei n°7437/1985), que define punição para ‘os crimes
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional’ e pode render penas de dois a cinco anos de reclusão.
Podemos afirmar então que os direitos humanos é muito recente, o que explica
termos ainda enraizado em nosso vocabulário e ações muitos preconceitos.
Por mais que a Constituição de 1988 prevê sentenças para quem viola, de
certo é perceptível que só fica no papel, como conta Gilberto Dimenstein no
livro ‘O cidadão de papel’ que critica os Direitos Humanos no Brasil nos anos
90:
A descoberta das engrenagens é a descoberta do desemprego, da
falta de escola, da inflação, da migração, da desnutrição, do
desrespeito sistemático aos direitos humanos. Com essa
comparação, vamos observar como é a cidadania brasileira, que é
garantida nos papéis, mas não existe de verdade. É a cidadania de
papel. (DIMENSTEIN, 1995, pg. 3).

Isso é presente até os dias de hoje, um grande exemplo disso é o racismo,


principalmente pelo fato de nosso país ter uma herança de 350 anos de um
passado escravocrata. Exemplos de discriminação por cor, especialmente de
autoridades oficiais e até mesmo em locais de estudo e trabalho são
incontáveis, o que prova o ponto de que a lei não é cumprida na prática e que
os direitos não estão sendo realmente garantidos. Ou então, leis como o Artigo
67: ‘’A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de 5 anos
a partir da promulgação da Constituição’’ e Artigo 68: Aos remanescentes das
comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras, é reconhecida
a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes títulos respectivos", são
alguns exemplos de uma Constituição de Papel, já que até hoje as
demarcações de terra desses povos não tiveram reconhecimento da União. Por
mais que nos últimos anos tenhamos tido participações de grupos ativistas
como o ‘Black Lives Matter’, a comunidade ‘LGBTQIA+’, feministas, a
participação e voz de grupos religiosos como por exemplo os de matrizes
africanas e árabes, mais importância para pessoas com deficiências, a luta de
indígenas a favor de suas terras e cultura, e outros grupos que não tem seus
direitos aplicados corretamente, ainda assim, não é o suficiente.
É necessário não só buscar pela igualdade, mas também pela equidade. A
equidade nada mais é que agir justamente de acordo com as características
individuais e necessidades específicas da pessoa ou de um grupo, ao contrário
da igualdade, que prega uma ‘universalidade’, ou seja, todos com os mesmos
direitos sem olhar para cada problema individual. Logo, a equidade busca
aplicar corretamente esses direitos, já que um tratamento igual para todos pode
favorecer a desigualdade, pelos motivos citados anteriormente. À vista disso,
temos os Estatutos, que são regulamentações que visam direitos para um
determinado grupo de pessoas. Alguns exemplos são: Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei n°8069/1990); Estatuto do Idoso (Lei n°10.741/2003); Estatuto
da Igualdade Racial (Lei n° 12.288/2010); Estatuto da Pessoa com Deficiência
(Lei n° 13.146/2015); Estatuto do Indígena (Lei n°6001/1973); e vários outros
artigos previstos na Constituição de 1988.
Contudo, é fundamental observar que, por muitas práticas discriminatórias se
devem por estarem enraizadas no povo, é notório a necessidade de também
avançarmos na educação de nosso país, não apenas nas escolas, mas
também na sociedade, como cita o juiz Esteves (2019):
Ainda é necessário avançar na função pedagógica para enfrentar o
racismo nas suas mais diversas dimensões: o racismo ideológico, o
racismo institucional, a forma como a sociedade é estruturada.

E complementa a professora de educação básica e autora do projeto ‘Mulheres


Inspiradoras’, Gina Vieira:
A estratégia mais efetiva ([para combater o racismo) é a educação.
[...] Se as pessoas conhecessem a nossa história, dificilmente
insistiriam nesse mito de democracia racial. E, para além da
educação na escola, é preciso pensar na educação da sociedade
como um todo. Se os agentes de polícia, por exemplo, conhecessem
essa história, eles repensariam suas abordagens. (VIEIRA. 2019).

Referências:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini dicionário da língua portuguesa.
6. Ed. Ver. E amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 2009
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada e
proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas
em 10 de dezembro de 1948. Disponível em:
<https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos >.
Acesso em: 17 out. 2021.
JORDÃO, Fernando. Lei que torna racismo crime completa 30 anos, mas
ainda há muito a se fazer. 5 jan. 2019. Disponível em:
<https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2019/01/05/interna-
brasil,729072/lei-que-torna-racismo-crime-completa-30-anos-mas-ha-muito-a-
se-fazer.shtml>. Acesso em: 17 out. 2021.
DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel. 11. ed. São Paulo: Ática, 1995.
RAMOS, Maria Carolina de Jesus. A Constituição de papel. 12 abr. 2019.
Disponível em:
<https://canalcienciascriminais.com.br/a-constituicao-de-papel/>. Acesso em:
17 out. 2021.
SILVA, Bárbara Correia Florêncio et al. O que é Equidade?. 14 dez. 2020.
Disponível em: <https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/o-que-e-
equidade/>. Acesso em: 17 out. 2021.
VENTURINI, Anna Carolina; PLASTINO, Luiza Mozetic. As leis
antidiscriminação: 1988 a 2016. 12 nov. 2020. Disponível em:
<https://pp.nexojornal.com.br/linha-do-tempo/2020/As-leis-antidiscriminação-
1988-a-2016>. Acesso em: 17 out. 2021.
JOAQUIM, Nelson. Igualdade e Discriminação. 24 maio 2006. Disponível em:
<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2652/Igualdade-e-discriminacao>.
Acesso em: 17 out. 2021.

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