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Jornada dos Direitos Humanos

pelo direito à educação

Tecnologia Educacional | Gestão inclusiva: pessoa com deficiência


Créditos

Realização: Itaú Social

Iniciativa: Programa Melhoria da Educação

Parceria: Instituto Rodrigo Mendes

Consultoria de conteúdo: Cecília Almeida; Diego Barcelos;


Gabriela Ikeda; Jéssica Vassaltis; Katia Cibas; Luiz Conceição e
Regina Mercurio.

Coordenação de conteúdo: Sônia Dias, Marcella Simonini,


Monike Freire e Artur Baptista.

Coordenação do projeto: Juliana de Souza Mavoungou Yade

Design e solução de aprendizagem: Afferolab


Sumário

Introdução 01

Direitos Humanos 02

Direito à educação 08

Educação inclusiva 10

Para ampliar a discussão 12


Introdução
A jornada proposta por esse livro inicia-se pelo estudo e pela contextualização
dos Direitos Humanos. Isso porque esse debate sobre as normas de proteção e
garantia de direitos que foram produzidas são base e fundamento para futuras
reflexões, principalmente no desenvolvimento das atividades sugeridas, por nós,
no guia correspondente.

Em sequência, trataremos sobre o direito à educação, direito este que


deve ser assegurado a todas as pessoas e de forma gratuita. Sua pertinência
ultrapassa a presença na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)
e na Constituição Federal, pois objetiva o desenvolvimento da personalidade
humana, baseando-se no pluralismo de ideias e no apreço à compreensão, à
tolerância e à amizade entre nações e entre grupos de pessoas.

O olhar da educação deve considerar crianças e jovens, sem qualquer distinção,


sendo garantida em sua perspectiva inclusiva. A temática da Educação
Inclusiva é trazida junto aos fatos históricos mais marcantes de toda a luta.

Por fim, há referências externas para embasar e orientar a continuidade dos


estudos. Esperamos que este material, bem como todos os outros, auxilie você
nos momentos de debates e de reflexão ao longo do processo formativo!
Direitos Humanos

Podemos dizer que os Direitos Humanos são


aqueles inerentes a todos os seres humanos. Por
isso, não dependem de características pessoais
ou de grupos, como raça e etnia, gênero,
nacionalidade, idioma, religião ou qualquer outra
condição para serem atribuídos a alguém.

Antes da Segunda Guerra Mundial, houve


documentos escritos, em âmbitos nacionais, que previam garantias de direitos
de algumas pessoas contra arbitrariedades, tais como a declaração inglesa
Bill of Rights (de 1689), a Declaração de Independência dos Estados Unidos (de
1776), e a francesa Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (de 1789 e
1793). Contudo, esses direitos não apenas eram restritos a indivíduos desses
territórios, como também não valiam de forma igual para todas as pessoas. Nos
Estados Unidos, a população negra escravizada só foi formalmente libertada
noventa anos após a mencionada Declaração de Independência, por meio da
13ª Emenda de 1865; e o povo afro-americano luta até hoje para garantir seus
direitos. Na França, chegou a ser publicada a Declaração dos Direitos da Mulher
e da Cidadã (de 1791) em protesto àquela que mencionava apenas o homem.

Com o fim da Segunda Guerra, há um movimento de busca de


recuperação da dignidade humana e o estabelecimento de um sistema de
proteção de direitos fundamentais intrinsecamente internacional, de acordo
com o Manual de Direito Internacional Público de Paulo Borba Casella.
Surge a Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, com objetivos de
promover a paz e a segurança internacionais, bem como o respeito aos Direitos
Humanos e às liberdades fundamentais, sem discriminação. Contudo, sua
carta de fundação, apesar de trazer menções a esses princípios, não continha
definições precisas desses direitos.
Em 1948, então, foi assinada a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH) com
trinta artigos que preveem direitos, como vida,
liberdade, justiça, saúde, alimentação, moradia,
segurança, trabalho, privacidade, cultura,
democracia, educação e outros. O documento
define, pela primeira vez, os Direitos Humanos
fundamentais a serem protegidos universalmente
e foi traduzido para mais de 500 línguas.

Segundo a Declaração e Programa de Ação de Viena da ONU, realizada em


1993, os Direitos Humanos são universais, indivisíveis, interdependentes
e inter-relacionados. Isto é: são aplicados de forma igual a todas as pessoas, sem
discriminação. E eles devem ser respeitados em sua integralidade — não sendo
possível respeitar uns e não outros. Todos os direitos têm igual importância e
devem ser respeitados, reconhecendo-se o valor de todas as pessoas.

Vale a pena acessar!


O site das Nações Unidas no Brasil traz um artigo sobre
a DUDH. Para mais informações, copie o endereço e
cole-o em seu navegador:

bit.ly/32mWF4E
A Carta Internacional dos Direitos Humanos, além da DUDH, conta também
com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos
Opcionais (sobre procedimento de queixa e sobre pena de morte) e com o
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e seu Protocolo
Opcional. Além deles, há outros relevantes tratados internacionais e instrumentos
normativos de proteção dos Direitos Humanos, tais como:

Convenção para a Prevenção e a Repressão do


Crime de Genocídio (1948);

Convenção Internacional sobre a Eliminação de


Todas as Formas de Discriminação Racial (1965);

Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas


de Discriminação contra as Mulheres (1979);

Convenção sobre os Direitos da Criança (1989);

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com


Deficiência (2006).
Para refletir!
Você já parou para se perguntar: por que temos convenções
e pactos específicos se já temos uma Declaração Universal?

No início deste tópico, demos alguns indícios de possíveis


razões. Que tal propor uma discussão sobre o assunto?

Os países signatários da DUDH e dos pactos e das convenções posteriores têm a


obrigação de cumpri-los. Com o passar do tempo, os Direitos Humanos passaram
cada vez mais a ser reconhecidos e exigidos por sistemas de monitoramento e
denúncia, como tribunais internacionais. Esses pactos e essas convenções não são
apenas textos abstratos assinados por representantes de países há alguns anos e
disponibilizados por organizações internacionais.

Para refletir!
Tratados, pactos e convenções internacionais são
documentos que nos protegem — a todos e a todas nós
—, indicando parâmetros para que sejamos
tratados e tratadas com respeito, tanto pelo nosso
Estado quanto pelas outras pessoas.

Adiante, no capítulo “Para ampliar a discussão”, disponibilizaremos os endereços


eletrônicos referentes às convenções citadas até aqui. Sugerimos que conheça
alguns desses documentos para entender quais despertam seu interesse e sua
curiosidade.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 previu uma lista de direitos e
garantias fundamentais de cumprimento e proteção obrigatórios. Desde 2004,
ela deixa evidente (em seu artigo 5º, § 3º) que tratados de Direitos Humanos
podem ter caráter constitucional; isto é, quando aprovados pelo Congresso,
conforme alguns critérios, são equivalentes à nossa Constituição.

Por que isso é importante?

Porque qualquer lei criada pela Câmara de Vereadores de sua cidade, pela
Assembleia Legislativa de seu estado ou pelo Congresso Nacional; qualquer
decreto municipal, estadual ou nacional; e qualquer norma ou diretriz interna
de organizações e empresas precisam estar de acordo com a Constituição.

Se você verificar que alguma


proposta é discriminatória ou
violadora de Direitos Humanos, você
pode se mobilizar politicamente ou
no judiciário para combatê-la!

Nossa atual Constituição estabelece, em seu artigo 1º, princípios, como


cidadania, dignidade da pessoa humana e valores sociais do trabalho. Seu artigo
3º indica alguns objetivos que o Brasil deve alcançar, como a erradicação da
pobreza, da marginalização e das desigualdades sociais e a promoção do bem
de todos e de todas, sem preconceitos de origem, raça, gênero, idade, cor ou
qualquer outra discriminação.
Além disso, podemos dizer que seu artigo mais robusto é o 5º, que prevê direitos
e deveres individuais e coletivos dentro da perspectiva de direitos fundamentais.
Assim, esse artigo (que tem setenta e oito itens e quatro parágrafos) estabelece
os direitos à vida, à privacidade, à igualdade e à liberdade. Ele também determina
a igualdade entre gêneros e que o racismo é crime imprescritível. Os artigos 6º e
7º acrescentam os direitos sociais, tais como acesso à saúde, à assistência social,
à cultura, ao desporto e o direito à educação.
Direito à educação
Como vimos, o direito à educação está previsto tanto na DUDH (artigo 26)
quanto na Constituição Federal (artigo 6º e do artigo 205 ao 214). Além disso,
ele também foi detalhado na Declaração Mundial sobre Educação para Todos,
de 1990, também conhecida como Conferência de Jomtien, que propôs metas a
serem cumpridas pelos sistemas de ensino a fim de garantir o acesso de todas
as crianças à educação. Alguns anos depois, a Declaração de Dakar, de 1999,
fixou seis metas para educação até o ano de 2015. No Brasil, em 1996, foi
promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que
organiza a educação formal no Brasil.
Por meio dessas normas, determina-se que esse direito deve ser assegurado
a todas as crianças e de forma gratuita. Mas não é só isso! Ela tem como
objetivos o desenvolvimento da personalidade humana, baseando-se no
pluralismo de ideias e no apreço à compreensão, à tolerância e à amizade entre
nações e grupos de pessoas. Portanto, a educação deve considerar todas as
crianças e os jovens e as jovens, sem qualquer distinção, sendo garantida em
sua perspectiva inclusiva.

Vale a pena acessar!


A partir da Constituição Federal, é consolidado no
Brasil o reconhecimento dos Direitos Humanos.
Disponibilizamos este artigo elaborado pelo politize!;
copie o endereço e cole-o em seu navegador:

bit.ly/3naae1b
Educação Inclusiva

A Educação Inclusiva pode ser entendida como uma concepção


de ensino contemporânea que tem como objetivo garantir o
direito de todos e todas à educação. Ela pressupõe a igualdade
de oportunidades e a valorização das diferenças humanas,
contemplando, assim, as diversidades étnicas, sociais,
culturais, intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero dos seres
humanos. Implica a transformação da cultura, das práticas e
das políticas vigentes na escola e nos sistemas de ensino, de
modo a garantir o acesso, a participação e a aprendizagem de
todos, sem exceção.
Instituto Rodrigo Mendes

A discussão sobre Educação Inclusiva tem como um de seus marcos


a Declaração de Salamanca, de 1994, originada da Conferência
Mundial sobre Educação Especial. A partir dela, estabelece-se
1994
internacionalmente que as crianças com deficiência devem passar
pelo processo de ensino e aprendizado juntamente com as demais
crianças, em ambiente comum, para benefício de todos e todas.

Posteriormente, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com


Deficiência, de 2006, dá um passo adiante na discussão sobre o
2006
acesso e o exercício de direitos pelas pessoas com deficiência, o que
será mais profundamente abordado no próximo momento formativo.
Além disso, em 2008, o Brasil estabelece a Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, com
o objetivo de dar concretude aos compromissos estabelecidos na
Convenção de 2006. Há, então, o fim do sistema paralelo de ensino
2008 segregado, sendo que a Educação Especial passa a ter o objetivo
de favorecer e complementar o processo de escolarização de forma
transversal ao ensino regular. Também neste ano, houve a
48ª Conferência Internacional de Educação, em Genebra, que
promoveu debates sobre Educação Inclusiva.

Por fim, em 2015, podemos destacar dois marcos para a promoção


da educação na perspectiva inclusiva. O primeiro é a Lei Brasileira
de Inclusão, que estabelece medidas para tornar inclusivos
nossos sistemas educacionais por meio da determinação
de responsabilidades do poder público e da organização do
2015
atendimento educacional especializado. Poucos meses depois,
há a realização do Fórum Mundial de Educação e a elaboração
da Declaração de Incheon, que generaliza e transversaliza as
discussões referentes a uma educação efetivamente inclusiva e
para todas as pessoas.
Para ampliar a discussão
Esperamos que os conceitos trazidos aqui ajudem a elaborar um panorama de
aspectos relevantes durante toda sua jornada junto à Tecnologia Educacional.
Com fins de aprofundar a temática, recomendamos alguns materiais iniciais
para pesquisa e sugestões de apoio.

Documentos públicos

Para acessar os conteúdos, copie o endereço e cole-o em seu


navegador.

Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004.


Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/de-
creto/d5296.htm
Acesso em: 23 abr. 2021.

Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.


Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/de-
creto/d6949.htm
Acesso em: 23 abr. 2021.

Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.


Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
Acesso em: 23 abr. 2021.

Decreto nº 13.146, de 6 de julho de 2015.


Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/
l13146.htm
Acesso em: 23 abr. 2021.

Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.


Brasília: a Secretaria, 1994.
Artigos e endereçoes eletrônicos externos

Para acessar os conteúdos, copie o endereço e cole-o em seu navegador.

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.


Plataforma Agenda 2030. Disponível em:

bit.ly/3dtrmvq

Histórico dos marcos legais da educação inclusiva.


Instituto Rodrigo Mendes. Disponível em:

bit.ly/2RMqYzR

O direito à educação inclusiva, segundo a ONU.


Romeu Kazumi Sassaki. Disponível em:

bit.ly/3du6zb5

O que é educação inclusiva?


Instituto Rodrigo Mendes. Disponível em:

bit.ly/2RCQPtO

Um histórico e as dimensões da educação inclusiva.


Liliane Garcez. Disponível em:

bit.ly/3gmnpKT
Convenções e endereços eletrônicos externos

Para acessar os conteúdos, copie o endereço e cole-o em seu


navegador.

Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio,


de 1948. Disponível em:

bit.ly/3eEM4Je

Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação Racial, de 1965. Disponível em:

bit.ly/3hmxIiE

Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


contra a Mulher, de 1979. Disponível em:

bit.ly/2QG0oYn

Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989.


Disponível em:

uni.cf/3angJbL

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 2006.


Disponível em:

bit.ly/3bmfNVq
Tecnologia Educacional | Gestão inclusiva: pessoa com deficiência

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