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METODOLOGIA DO
ENSINO DE
HISTÓRIA
Simone de Oliveira
Ensino de história
no contexto da Lei
nº. 11.645/2008: desafios e
possibilidades de trabalho
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A Lei nº 11.645/2008 altera a Lei nº 9.394/1996, modificada pela Lei nº
10.639/2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
A lei de 2008 inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatorie-
dade da temática “História e cultura afro-brasileira e indígena” em todas
as escolas públicas e privadas. A importância dessa lei é indiscutível.
Ela nasce a partir das demandas da sociedade, dos movimentos sociais
e de um contexto de país que quer conhecer e valorizar o patrimônio
cultural da sua nação.
Neste capítulo, você vai estudar o contexto histórico e legal do sur-
gimento da Lei nº 11.645, assim como as suas implicações no ensino de
história. Além disso, você vai conhecer propostas de trabalhos que pode
aplicar para efetivar a lei. Por fim, vai refletir sobre os livros didáticos e
sobre a escolha de recursos pedagógicos que respondam às demandas
desse contexto de estudo.
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turalidade. Isso pode ser respaldado pelas análises da evolução das assimetrias
apresentadas na sociedade brasileira no que concerne aos quesitos cor e raça. Para
o mapeamento dessa evolução, foram adotados como parâmetros os indicadores
sociais presentes nas bases de dados que contenham informações estatísticas
sobre a população residente no país (PAIXÃO et al., 2010).
A partir desse cenário, foi promulgada em 2003 a Lei nº 10.639, que institui
a obrigatoriedade da inclusão da temática “História e cultura afro-brasileira”
nos currículos escolares das redes pública e privada de Ensino Fundamental.
A Lei nº 9.394 passa a vigorar acrescida dos artigos 26-A, 79-A e 79-B. Veja:
Considere o seguinte: por que um país precisa criar uma lei para que um povo que
contribuiu para a construção da nação seja reconhecido como parte da sua história?
Em muitas medidas, essa necessidade é estranha e até um pouco constrangedora, não
é? Assim como uma sociedade, um povo forma um patrimônio. Ele compreende um
conjunto de bens materiais e imateriais constituídos historicamente e que representam as
identidades e as memórias do país. Diante disso, se o país como um todo e os governantes
compreendessem a real importância da formação da nação brasileira, não haveria a
necessidade de criar uma lei para respeitar a interculturalidade. Você não concorda?
Sobre esses dois povos referendados na lei, você deve considerar dois
pontos principais. Veja a seguir.
Propostas de trabalho
Com a criação da Lei nº 11.645 e a inserção ofi cial da temática em questão
nos currículos escolares, é necessário pensar em estratégias pedagógicas.
Além disso, é preciso comprometer-se com a interdisciplinaridade. A te-
mática “História e cultura afro-brasileira e indígena” não pode ser apenas
um conteúdo da aula de história, mas um tema transversal que cria itine-
rários por várias áreas do conhecimento. Afi nal, a sua efetivação concorre
para encaminhar a formulação de outra trama do processo de formação da
nacionalidade, por meio da qual todos os agentes possam identifi car-se e
orientar-se (COELHO; COELHO, 2013).
Além da inserção nos currículos escolares dos conteúdos solicitados
pela lei, “outra trama” é anunciada por Coelho e Coelho (2013). Tal trama
materializa a referência à diversidade e ao reconhecimento de identidades
pessoais, que constituem uma diretriz para a educação nacional. Nessa
direção, você deve atentar ao objetivo de contribuir para a constituição de
identidades afirmativas, persistentes e capazes de protagonizar ações autôno-
mas e solidárias em relação a conhecimentos e valores indispensáveis à vida
cidadã. Isso demanda uma proposta de educação voltada para a superação
de discriminações e exclusões em múltiplos contextos e no interior das
escolas, combatendo o racismo e os preconceitos originados pelas situações
socioeconômicas, regionais, culturais e étnicas.
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No link a seguir, veja sugestões de projetos que podem ser realizados em sala de aula
para o trabalho com a temática “História e cultura afro-brasileira e indígena”.
https://goo.gl/YjrkrY
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Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diver-
sidade. Orientações e ações para a educação das relações étnico-raciais. Brasília: SECAD, 2010.
MÜLLER, T. M. P.; SANTOS, J. L. R. A presença/ausência da história e cultura negra na escola.
In: MÜLLER, T. M.; COELHO, W. N. B. Relações étnico-raciais e diversidade. Niterói: UFF, 2014.
VALENTIN, S.; PINHO, V.; GOMES, N. L. (Org.). Relações étnico-raciais, educação e produção do
conhecimento: 10 anos do GT 21 da Anped. Belo Horizonte: Nandyala, 2012.
VEIGA, J.; SALANOVA, A. (Org.). Questões de educação escolar indígena: da formação do
professor ao projeto de escola. Brasília: FUNAI/DEDOC, 2001.
ZANOLI, M. L. Lei 11.645/08 em ação: Sugestões para se trabalhar em sala de aula - Texto 1.
[2006?]. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/
lei-11645-08-em-acao-sugestoes-para-se-trabalhar-em-sala-de-aula-texto-1/52663>. Acesso
em: 21 nov. 2018.
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