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INTRODUÇÃO

O ensino sobre História da Cultura dos africanos que foram trazidos ao Brasil
para serem escravizados é negligenciado durante a história do país, que foca
somente o lado Europeu que se intitulava como o centro do mundo nos seculo XVI,
em consequência a essa visão de serem o centro do mundo elites intelectuais
brancas, detentoras do poder cultural, educacional, econômico e político, não
mostravam interesse em resgatar a história e memória. População esta
historicamente marginalizada, com seus direitos reduzidos a nada e principalmente
ao acesso a educação, sendo negados por durante séculos de escravidão no país e
pela própria legislação do Estado do Brasil, a saber, Lei n°. 1, de 1837 e o Decreto
nº 15 de 18391.
Esse resgate à memória da Comunidade Negra Afro-brasileira surgiu
somente pelas disposições de lutas e resistências dos afrodescendentes em reaver
a memória dos seus antepassados, cultivando a manifestação cultural, religiosa,
desportiva, e dentre outros repertórios socioculturais como os seus modos de vida.
O que se tem como dados, é que a imagem dos atores sociais, durante séculos, foi
retratada como ‘inferior’ em relação àqueles que o escravizavam. Destaca-se
também o ensino do tema, sobre a história dos povos negros africanos
escravizados, sempre estereotipado no âmbito da Educação pública e da literatura
brasileira, constantemente, relacionado à exploração da força de trabalho, ao
trabalho braçal do campo, à indicadores de violência e criminalidade e de outros
flagelos sociais reiteradamente associados à Comunidade Negra afro-brasileira.
Visando a reeducação positiva das relações étnicos raciais na educação
brasileira, quebrando os arquétipos coloniais expostos desde 1500, aprova-se a Lei
Federal n. 10.639 Instituindo a obrigatoriedade do estudo da História e Cultura da
África e Afro-Brasileira, Com foco na superação das práticas escolares
discriminatórios excludente outros alunos negros e afrodescendentes no espaço
escolar. Promulgada pelo Congresso Nacional em 9 de janeiro de 2003, a lei visa
reconhecer, valorizar e promover devidamente a Cultura e História da África,
evidenciando suas múltiplas dimensões e contribuições dos povos africanos e afro
brasileiros na formação do território e da identidade nacional.

1 Tinha como objetivo proibir pessoas escravas nas escolas pulbilcas como no seu Artigo 3º; §2º
dispunha: São prohibidos de frequentar as Escolas Publicas: §2º Os escravos, e os pretos Africanos,
ainda que sejão livres ou libertos
A Lei 10.639/2003 representa um marco na luta por uma educação anti
racista no Brasil, acrescenta dois artigos ao texto da LDB, onde regulamenta nos
estabelecimentos de ensino fundamental e médio, ou oficiais e particulares,
tornando-se obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira. os topicos a
serem incorporados como conteúdo programático aos quais se referem os artigos
incluem o estudo da história da áfrica e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a
cultura negra, brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a
contribuição do povo negro nas áreas sociais, econômica e política pertinentes a
História do Brasil. Estes conteúdos, serão ministrados no âmbito de todo o currículo
escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura história
brasileira, a lei ainda determina que o calendário escolar deverá incluir o dia 20 de
novembro como dia Nacional da Consciência Negra.
Sabe-se que mesmo depois de 20 anos da implementação da lei há muita
coisa ainda a se fazer. Lima(2006) lembra que não podemos, a despeito da
exigência da lei, sair repassando na nossa sala de aula informações equivocadas,
ou tratar o tema de uma maneira folclorizada. A lei não indica apenas inserir
conteúdo, mas, fundamentalmente também, rever conteúdos, rever práticas e
posturas, rever conceitos e paradigmas no sentido de construção de uma educação
antirracista, uma educação para a diversidade e para a igualdade racial.
Apesar da obrigatoriedade da lei n.10.639/2003 muitas escolas ainda não
conseguiram atender as expectativas, mesmo se passando duas décadas da
promulgação da Lei , deixando a desejar no processo de implementação ou na
realização de atividades para atender a mesma, uma vez que, obriga por via legal a
escola a procurar métodos de desenvolver o ensino de história, cultura Africana e
afrodescendente.
De acorto com o análise da pesquisadora e professora da rede pública do
Distrito Federal, Gina Vieira, as escolas no Brasil não promovem a diversidade nas
salas de aula, segundo a pesquisadora as escolas trabalham na lógica de
homogenização, tornado se assim um curriculo racista e uma educação racista,
ainda se discute após 20 anos da promulgação da referida Lei, são raros os
materiais pedagógicos que introduzem e discutem a História e Cultura Afro-Brasileira
no currículo escolar.
A escola brasileira, assim como o projeto de colonização do país, trabalha
na lógica da homogeneização. Então, nós temos um currículo racista e
uma educação racista. Nós temos um currículo oficial que ainda conta a
história oficial que é contada na perspectiva do homem branco europeu.
(Vieira. 2023)

Para que haja uma mudança significativa nesse âmbito escolar não basta a
promulgação de uma Lei cobrando para mudança de perspectiva, mas sim uma
mudança cultural e de politicas públicas. Como nos dados de 2021, o mais rescente
publicado apenas 25,5% das escolas relataram ter ações sobre a História e cultura
Afro-Brasileira e Indígena no currículo da rede de ensino no Brasil, um dado bem
abaixo do ano de 2015 onde se alcançou o maior indice de 75,6% com projetos
atentos a diversidade, cultura e história Afro-Brasileira.
Somente em 2023 o estado de Goiás, apartir da secretaria de
desenvolvimento social, começa a tratar sobre o tema, ao produzir uma cartilha
intitulada como Goiás sem racismo, uma ação de combate aos racismos nas
instituições do Estado, combatendo a violência, o preconceito e a discriminação
racial. Com a cartilha, almeja-se a promover a conscientização e o combate ao
RACISMO, buscando garantir a primazia da dignidade humana e a redução das
desigualdades, seria um pontapé inicial para a fiscalização e execução da lei
10.639/2003 onde as instituições de ensinos se conscientizarem sobre a importância
de abordarem o tema.
A cidade de Goiás não está muito à frente na aplicação da lei nas escolas
municipais, estando em processo de aplicação da Lei após duas décadas da sua
implementação, somente em 2014 o município da Cidade de Goiás apresenta um
plano educacional que cumpra ainda que imaturamente a lei supramencionada, O
PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DECÊNIO 2014/2024 da PREFEITURA DE
GOIÁS/ SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, DESPORTO E LAZER
CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, contém diretrizes, metas e estratégias
para a política educacional do município de Goiás no período de 2014 às 2024 E
ESTÁ em consonância com o Plano Nacional de Educação (PNE) e o Plano
Estadual de Educação (PEE).
O documento aponta timidamente a importância da implementação de um
plano curricular com a inclusão nos currículos escolares dos conteúdos referentes à
história e cultura afro-brasileira e africana, conforme a lei 10.639/2003. Porém, mas
afinal o que o Plano Municipal de Educação Decênio 2014/2024 da Prefeitura de
Goiás descreve ou propõe para não somente a implementação, mas a fiscalização
do cumprimento da lei que torna obrigatória a Educação das relações étnico-raciais
e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana/Lei 10.639/2003?
Pois, o próprio documento não aponta os mecanismos que serão usados para a
fiscalização da cumprimento da lei, outrossim, o mesmo documento que fala da
implementação da Lei de 10.639, não se preocupa em falar da contribuição
sociocultural da População Negra para a formação do município Cidade de Goiás,
sendo exposta em um único parágrafo de 5 linhas no final do capítulo II
(DIAGNÓSTICO), item 3. Movimentos Sociais localizada na página 12 do
documento.

Referência

FERREIRA, Luiz Claudio. SÓ METADE DAS ESCOLAS PÚBLICAS TÊM


PROJETOS ANTIRRACISTAS, APONTA ONG: Políticas em prol da diversidade
começaram a cair em 2015. Agência Brasil- Brasília, 2023. Disponível em:
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2023-07/so-metade-das-escolas-
publicas-tem-projetos-antirracistas-aponta-ong>. Acesso em:17/08/2023.

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