Podemos considerar a Constituição Federal de 1934, como divisor de
águas na evolução basilar da sociedade brasileira. Apesar do cenário político conturbado, a promulgação derradeira, arraigada da maior democratização, até então proposta ao país, legalizou pontos pertinentes ao desenvolvimento maduro do país recém urbanizado. Podemos destacar as principais legitimidades nos campos educacionais, políticos, judiciários e trabalhista:
- EDUCAÇÃO:
Art 149. A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela
familia e pelos poderes publicos, cumprindo a estes proporcional-a a brasileiros e a estrangeiros domiciliados no paiz, de modo que possibilite efficientes factores da vida moral e economica da Nação, e desenvolva num espirito brasileiro a consciencia da solidariedade humana. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, 1934.
Com a promulgação de tal constituinte, o direito de todos os cidadãos à
educação, foi marco para determinação de que esta desenvolvesse as estruturas educacionais a partir de então. A obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, inclusive para os adultos, legitimou a intenção à gratuidade do ensino imediato ao primário assegurado pelo Estado. Assim, embora as bases da grade de ensino estivessem em germinação, a obrigatoriedade do ensino religioso foi facultada. Coerente a laicidade da nação proposta na mesma, respeitando a crença do estudante;
Art 155. É garantida a liberdade de cathedra.
Ademais, o artigo 155 garantiu total pluralidade na arte de ensinar e
aprender. Associados ainda, a garantia de gratuidade e disponibilidade de bolsas de estudo, assistência médica, odontológica, com também materiais de incentivo para os alunos de baixa renda comprovada. Tal qual, asseguraria a liberdade do corpo discente e docente, no país, amplo desenvolvimento de conteúdo no âmbito acadêmico. Dessa forma, garantiria qualidade e quantidade de saber teórico e pratico para desenvolvimento racional do país; - POLÍTICO:
Art 23. A Camara dos Deputados compõe-se de representantes do
povo, eleitos mediante systema proporcional e suffragio universal, igual e directo, e de representantes eleitos pelas organizacções profissionaes na fórma que a lei indicar. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, 1934.
O voto feminino, direito conquistado em 1932, e institucionalizado em
1934, com a promulgação vigente, incorporada à Constituição de 1934. Contudo, o voto feminino era estendido às mulheres solteiras e viúvas que exerciam trabalhos remunerados. Já as mulheres casadas, deveriam ser autorizadas pelos maridos para votar. No entanto, para aquelas que não recebiam salário, contudo, o voto era considerado facultativo. Embora, não se idealiza a igualdade, legaliza grande marco de mudança;
- TRABALHISTA:
Art 121. A lei promoverá o amparo da producção e estabelecerá as
condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a protecção social do trabalhador e os interesses economicos do paiz [...] b) salario minimo, capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, ás necessidades normaes do trabalhador; (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, 1934.
O desenvolvimento, pela constituinte, da Carta Magna de 1937, predefiniu
garantias básicas ao trabalhador urbano do país. Em primeira mão, a proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil foi um grande marco, haja vista a disparidade legal, até então vivida pelos gêneros. Por conseguinte, por via de regra, estabeleceu- se obrigatoriedade de um salário mínimo capaz de satisfazer à necessidades normais do trabalhador, na tentativa de homogeneizar a renda das camadas mais simples;
Como resultado da limitação do trabalho a oito horas diárias, só
prorrogáveis nos casos previstos pela lei, a camada de trabalhadores teve assegurado padronização na carga horária diária de trabalho; Por certo, houve também a proibição de trabalho a menores de 14 anos, de trabalho no turno da noite a menores de 16 anos e em indústrias insalubres a menores de 18 anos e a mulheres;
- JUDICIÁRIO:
Art 113. A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros
residentes no paiz a inviolabilidade dos direitos concernentes á liberdade, á subsistencia, á segurança individual e á propriedade, nos termos seguintes [...] 1) Todos são iguaes perante a lei. Não haverá privilegios, nem distincções, por motivo de nascimento, sexo, raça, profissões proprias ou dos paes, classe social, riqueza, crenças religiosas ou idéas politicas.
No jurídico político, as garantias foram o começo de várias importantes
direitos e garantias para a sociedade do Brasil. Garantiu-se que a lei não prejudicaria o direito adquirido por meio de decreto, assim, o princípio da igualdade perante a lei, outrora apenas intuído no campo moral. Bem como, foi instituído que não haveria privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, profissão própria ou dos pais, riqueza, classe social, crença religiosa ou ideias políticas legalizado a igualdade civil;
A personalidade jurídica, passou-se a ser adquiridas pelas associações
religiosas, como também se facultou assistência religiosa nos órgãos oficiais, outrora concedidos;
Art 113. A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros
residentes no paiz a inviolabilidade dos direitos concernentes á liberdade, á subsistencia, á segurança individual e á propriedade, nos termos seguintes [...] 23) Dar-se-á habeas corpus sempre que alguem soffrer, ou se achar ameaçado de soffrer violencia ou coacção em sua liberdade, por illegalidade ou abuso de poder. Nas transgressões, disciplinares não cabe o habeas corpus .
A instituição do habeas-corpus foi um grande diferencial na Constituição
Federal de 1937 para garantir a proteção da liberdade pessoal, o direito de ir e vir. Garantia basilar nas disposições jurídicas. Como também, estabeleceu o mandado de segurança, para defesa do direito civil, como prerrogativa para defesa a ilegalidades impostas por autoridade, de qualquer categoria, assegurando e os dispositivos impostos em lei;
Indubitavelmente, algumas outras cláusulas promulgadas merecem
destaque, tais como: a obrigatoriedade da assistência judiciária para os desprovidos financeiramente; A proibição da pena de caráter perpétuo, apenas condenação por reclusão; O impedimento da prisão por dívidas, multas ou custas, haja vista o não pagamento e impossibilidade de penhora; A extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião e, em qualquer caso, a de brasileiros;
BIBLIOGRAFIA:
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, 1934.
VILLA, Marco Antônio. História das Constituições Brasileiras. Editora Leya. 2011.
WOLKMER, Antônio Carlos. Constitucionalismo e direitos sociais. São Paulo:
Editora Acadêmica, 1989.
Marinho, J. (1987). A constituição de 1934. Universidade de Brasília, 28
DOURADO, Regina Célia Vaz. As contribuições Especiais ao longo das
Constituições brasileiras. Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2014.