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Cidadania

A cidadania deve ser compreendida como um conceito dinâmico, pois se renova e


se altera de forma constante diante das transformações sociais, dos contextos
históricos e das mudanças de paradigmas ideológicos. Essas alterações são
fundamentais para a compreensão da cidadania, pois cidadão é o indivíduo que
vive de acordo com um conjunto de normas jurídicas pertencentes a uma
comunidade, politicamente e socialmente organizada na forma de Estado, em que
o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estão estabelecidos na
Carta Magna de seu país.
Exercer a cidadania é ter consciência dos binômios formados pelos direitos e
obrigações, garantindo que esses sejam efetivados sempre de forma interligada a
fim de contribuir para uma sociedade mais equilibrada e justa. Exercer a cidadania
é, então, estar em pleno gozo dos direitos constitucionais, sendo preparado para
isso o cidadão por meio da educação.
Cidadania brasileira
A cidadania brasileira é concedida à pessoa nascida em território brasileiro ou que
solicita a sua naturalização, no caso de estrangeiros.
Art. 12 CRFB/88: São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
sejam registrados em repartição brasileira competente, ou venham a residir na
República Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcançada esta, optem, em
qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira;
d) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)
e) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 54, de 2007)
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano
ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa
do Brasil há mais de trinta anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa
do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira.
A cidadania deve ser entendida como um processo contínuo, uma construção
coletiva, propiciadora da concretização dos direitos humanos. Sua conceituação
perpassa tanto a situação de fato explicitada no artigo transcrito acima, como a
prática da tomada de consciência de seus direitos e a realização dos deveres. Isso
implica no efetivo exercício dos direitos civis, políticos e socioeconômicos, bem
como na participação do bem-estar da sociedade. A cidadania, portanto, deve ser
entendida como processo contínuo, uma construção coletiva, significando a
concretização dos direitos humanos.
• Deveres do cidadão
Votar para escolher os governantes.
• Cumprir as leis.
• Educar e proteger seus semelhantes.
• Proteger a natureza.
• Proteger o patrimônio público e social do país.

• Direitos do cidadão
Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previdência social e lazer.
• O cidadão é livre para escrever e dizer o que pensa de forma não anônima.
• Liberdade religiosa e de fé, bem como sua manifestação.
• Liberdade de trabalho, ofício ou profissão, mas a lei pode pedir estudo e formação
específica.
• Liberdade patrimonial, onde cada pessoa administra seus bens da forma que desejar.
• Liberdade plena de ir e vir em tempo de paz.

Ser cidadão implica não se deixar oprimir nem subjugar, mas enfrentar o desafio
que for para defender e exercer seus direitos humanos, valores, princípios e
normas que definem o respeito à vida e à dignidade.
Democracia
Democracia pode ser conceituada como o regime político em que a soberania é
exercida pelo povo.
A palavra “democracia” tem origem no grego demokratía, que é composta por
demos, que significa “povo” e kratos, que significa “poder”. Nesse sistema
político, o poder é exercido pelo povo por meio do sufrágio universal.

Democracia ateniense: A Grécia Antiga foi o berço da democracia tradicional,


onde, especialmente em Atenas, o governo era exercido por todos os cidadãos,
sendo que só os homens livres eram considerados cidadãos, deixando a
possibilidade do exercício da cidadania restrita a poucos.
Democracia direta: Também denominada democracia pura, ocorre quando o povo
expressa sua vontade por meio do voto direto.

Democracia representativa: Também denominada de indireta, em que o povo


exprime sua vontade elegendo representantes que tomam as decisões em nome
dele.

Democracia semidireta: Nessa forma de democracia, os cidadãos, além de


participação política, têm certa participação jurídica. O povo não é apenas
colaborador político, mas também jurídico. Isso se dá por intermédio das
instituições prescritas pela ordem normativa: o referendo, o plebiscito, a
iniciativa, o veto e o direito de revogação.

Social democracia: Configura-se como um tipo de ideologia política e tem como


fundamento o marxismo e os princípios da igualdade, da justiça social, da
solidariedade e da liberdade.

Democracia e direitos humanos


Compreender a união da democracia com os direito humanos é também entender a
ligação daquela com a igualdade e liberdade, pois, desde a Grécia Clássica, a
igualdade é um dos pilares da democracia, que pode ser traduzida no princípio da
isonomia. Nas modernas constituições democráticas, esse princípio aparece
embasando os direitos humanos, como na Constituição Federal Brasileira de 1988:
artigo 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Esse princípio impede que, no Brasil, alguns atos abomináveis retornem e se
instalem no seio da sociedade, tais como a escravidão, a discriminação racial,
religiosa, ideológica, por conta da posição social ou, ainda, a aplicação de direitos
por razões de ordem pessoal. Também é a base precípua, que garante a igualdade
jurídica, de sufrágio e de acesso às oportunidades.
Contudo, a realidade mostra que, por conta das desigualdades sociais e
econômicas, muitos cidadãos encontram-se alijados dos instrumentos necessários
para usufruir plenamente de seus direitos, situação esta que é alterada com a
educação do povo.
O segundo desdobramento da democracia é o princípio da liberdade, que constitui
na verdade o fundamento e o fim desse sistema político. Os direitos de liberdade
são objetivos e devem ser compreendidos de maneira ampla. Eles garantem desde
o livre exercício das atividades físicas, intelectuais e morais, até a inviolabilidade
do domicílio e da propriedade. Entretanto, possuem em seu âmago uma parcela de
subjetividade, quando ocorre tutela à livre manifestação do pensamento, à livre
locomoção, à liberdade de crença e de religião, bem como à liberdade sexual.

Destaca-se que, no tocante à liberdade de pensamento e de crença, ela se


configura como um direito absoluto. Essas categorias, mesmo que sujeitas à
opressão governamental, não podem ser impostas, pois vivem e se desenvolvem no
mundo do interno e pessoal. Nos demais casos, a liberdade é sempre relativa, pois
encontra-se disciplinada e condicionada pelo Estado por meio de seu ordenamento
jurídico.
A Constituição do Brasil compromete-se, nos artigos 1º, 2º e 3º, com a observância
da democracia em seu território e com a realização de seus elementos; no art. 4º,
com o respeito aos princípios democráticos e de direitos humanos no âmbito
internacional e, no art. 5ºe nos seguintes, define o conteúdo dos direitos e as
garantias fundamentais o que deixa claro serem a democracia, a cidadania e os
direitos humanos elementos indubitáveis do Estado brasileiro.

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