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"Qual o conceito e o conteúdo de cidadania no Brasil?

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Dentre os temas debatidos no conteúdo de Teoria Geral do Estado e Sociologia, encontra-se a


cidadania. A cidadania é um conceito que pode, conforme sua interpretação, possuir sentidos
diversificados. Dentro da doutrina, há uma forte tendência de confundir-se a cidadania com a
democracia, deste modo, justifica-se o levantamento da a título de revisão e conceituação.

Um dos principais marcos da cidadania ocorre período do século XVII, junto ao contratualismo,
com a Revolução Francesa, dá-se início ao estado Liberal e as liberdades civis e políticas. Em suas
obras, Locke, Roseau e Hobbs tratam sobre questões necessárias para a operacionalização do
estado e as concessões realizadas da vida privada, em prol de uma força centralizada que opera em
benesse do coletivo, além disso, garantias para que os cidadãos possam manifestar sua vontade em
prol da sociedade e não mais dentro de um regime absolutista.

Segundo a professora Maria Victoria de M.A. Benevides¹ , a cidadania no Brasil não ocorre
exatamente como deveria, pois há questões a serem levantadas, como: quem são os mantenedores
do poder que criam regras? Há efetivamente a participação do povo? A cidadania abrange os
desejos e necessidades do povo? Além disso, do ponto de vista político brasileiro, vertentes
progressistas questionam se a cidadania tem apenas aparência de cidadania, enquanto setores
conservadores, tendem a beneficiar exclusivamente sua própria categoria e tentar mitigar setores
sociais da massa.

Embora os cidadãos sejam descritos como indivíduos “iguais perante a lei, possuidores de vínculo
com o Estado e detentores de obrigações e direitos”, não é o que se evidencia na atual conjuntura
social do Brasil, pois, embora tenhamos passado por algumas mudanças de teor jurídico-
constitucional, as reformas sociais não alcançaram o propósito que realmente deveriam.
Parafraseando a professora Maria Victoria de M.A. Benevides¹, as mudanças que fomentam a
cidadania não aconteceram de forma a abarcar os mais abastados, as reformas sociais ocorreram
de forma conservadora e institucionalizada, como no período ditatorial, reformas econômicas,
reformas políticas, reformas trabalhistas, mas sempre chanceladas pelo crivo do poder moderador.
O que de fato não proporcionou verdadeiras mudanças democráticas, como acesso a segurança,
justiça, renda, previdência, saúde, habitação e educação, omitindo assim os verdadeiros objetivos
da cidadania.

Para a professora Nina B.S. Raineri², a cidadania pode ser definida também, como um vinculo
individual do particular, desenvolvido de forma jurídica com o Estado no qual se submete. Nesta
cidadania o individuo possui direitos, como : votar e ser votado, participar da vida do estado, dentre
outro, além disso, o individuo pode possuir outro tipo de cidadania caso esteja vinculado a algum
outro estado, logo, existem diversos tipos de cidadania. Tal pluralismo, demonstra que o conceito
de cidadania e democracia, embora haja doutrina sobre, sofre influência especifica conforme
vinculação estatal do particular. A cidadania, evidencia o vinculo de nacionalidade do particular com
a nação, e por consequência, as benesses democráticas do Estado.

No Brasil, a perda de cidadania pode ocorrer para estrangeiros ou para aquele que opte por outra
cidadania (cancelamento) ou para aquele que lese a pátria e responda processo transitado em
julgado. Conforme as regras do Código Civil, as capacidades absolutas e relativas também
encontram-se no conceito de cidadania, além disso, sentenças penais, improbidades
administrativas podem suspender o pleno gozo da cidadania, conforme a norma.

¹ Benevides, Maria Victoria de M.A. A cidadania Ativa, São Paulo, Editora Ática, 1991.

²Ranieri, Nina Beatriz Stocco. Teoria do estado: do estado do direito ao estado democrático do direito. . Barueri, SP: Manole, 2013.

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