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Na introdução ao texto Cidadania no Brasil, o autor ressalta que não está sugerindo nenhuma
receita de cidadania, mas que o esforço de construção da democracia no Brasil ganhou força
após o fim da ditadura militar de 1985 e junto a esse processo, a popularização da palavra
cidadania. Não só caiu na boca do povo como o substituiu na retórica política, “cidadania virou
gente” e no auge do entusiasmo cívico, a Constituição de 1988 é chamada de Constituição
Cidadã.
Tendo em vista que muitos acreditavam que com a democratização das instituições, os
problemas centrais de nossa sociedade, como a violência urbana, o desemprego, o
analfabetismo, a má qualidade da educação, a oferta inadequada dos serviços de saúde e
saneamento, e as grandes desigualdades sociais e econômicas, havia a crença de que seriam
solucionados.
A discussão proposta justifica-se não apenas pelo sofrimento humano, mas pela possibilidade
de retrocesso em conquistas já feitas, e, portanto, refletir sobre o problema da cidadania,
sobre seu significado, sua evolução histórica e suas perspectivas, torna-se um exercício
adequado e fecundo.
Segundo o autor, tornou-se comum considerar que cidadão pleno é aquele titular dos três
direitos, civis, políticos e sociais, mas é preciso esclarecer esses conceitos.
Mas é possível ter direitos civis e não ter políticos, mas ter direitos políticos sem direitos civis,
não é viável, pois sem os direitos civis, sobretudo da liberdade de opinião e organização, os
direitos políticos, sobretudo o voto, podem até existir formalmente, mas esvaziados de
conteúdos que só servem para justificar os governos e não para representar os cidadãos.
Os direitos sociais
Se os direitos civis garantem a vida em sociedade e se os direitos políticos garantem a
participação no governo da sociedade, os direitos sociais garantem a participação na riqueza
coletiva.
José Murilo de Carvalho aponta que Marshall desenvolveu a distinção entre as várias
dimensões da cidadania e essa se desenvolveu na Inglaterra com muita lentidão.
Se nos direitos civis tem-se à liberdade, foi nas liberdades civis que s ingleses reivindicaram o
direito de votar e, portanto, de participar do governo do seu país. Essa participação permitiu a
eleição de operários e a criação do Partido Trabalhista, que por sua vez foram responsáveis
pela introdução dos direitos sociais.
Aqui no Brasil não se aplica o modelo Inglês. Houve uma ênfase no direito social em relação
aos outros. Houve uma alteração na sequência em que os direitos foram adquiridos. O social
precedeu aos outros e uma alteração na lógica, afeta a natureza da cidadania.
A luta pelos direitos sempre se deu dentro das fronteiras geográficas e políticas do Estado-
nação. Ou seja, a luta era nacional e o cidadão que dela surgia também era também nacional.
A construção da cidadania tem a ver com a relação das pessoas com o Estado e com a nação.
As pessoas se tornavam cidadãs à medida que se sentiam parte de uma nação e de um Estado.