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TERESINA
2019
OS DIREITOS POLÍTICOS
Entender a cerca dos direitos politícos na perspectiva do José Murilo de Carvalho é ter
logo em mente que não existe direito politico sem direito civil. Portanto, é importante
ressaltar que os direitos politicos delineados no Brasil na época do Império são concebidos em
sua maioria no plano formal, isto é, não são executados como deveriam, não estão carregados
de sentido completo. Quando executados sem os direitos civis, a liberdade de opinião, os
direitos politicos tornam-se instrumentos para a classe dirigente exercer poder ou ficam
suscitiveis de serem burlados facilmente.
Quando a independencia do Brasil foi proclamada em 1822, o primeiro aspecto que
pode-se inferir é que os direitos políticos saem na frente, que com a independencia o Brasil
possuir a chance de construir direitos politicos plenamente. No entanto, a independencia não
representou necessariamente uma mudança radical nas estruturas presentes na sociedade
brasileira, nesse caso, a herança colonial envoca sua permanência no império. Em outras
palavras, nota-se certos avanços em termos de direitos politicos, mas uma limitação dos
direitos civis. O que contribuir para destituir o significado dos direitos polticos.
No Brasil independente as manifestações não foram gritantes, as pessoas praticamente
não sabiam o que estava ocorrendo, a participação popular não foi efetiva. As classes
dirigentes clamavam e conseguiram uma independencia negociada, em que a ordem fosse
mantida por meio da figura de um imperador, principalmente um com apoio popular. O
aspecto mais reivindicatório que surgiu nesse periodo foi justamente o sentimento regional
das províncias e a união da população pelo ódio ao português.
Nesse cenário, a constituição de 1824 com seu caráter liberal, pode ser considerada um
aspecto importante no quesito regulamentação dos direitos políticos. Para se ter uma ideia a
constituição permitia que a maior parte da população votasse, mesmo restrigindo o voto a
homens e a um critério de renda que não era um valor alto, assim as pessoas que trabalhavam
tinham condições de votar. Além do mais, uma novidade para época era que a constituição
permitia que os analfabetos também votassem. Então, formalmente um número de 13% da
população votava, logo já pode-se notar, pelo menos, em primeiro plano, uma mudança nos
direitos políticos em relação ao periodo colonial. Vale ressaltar que esse número de votantes é
significativo principalmente correlato aos outros países Europeus.
Nota-se que mesmo com os direitos político regulamentados na constituição de 1824,
a população no labor do seu cotidiano não tinha uma herança colonial de prática do voto, a
maioria era analfabeta, o patriotismo não era forte. Assim, Carvalho (2018) afirma que o voto
ao invés de significar o exercicio pleno da cidadania, era um ato de rebeldia forçada ou de
lealdade para com a elite local. Isto é, em um cenário que a maioria da população não conhece
seus direitos profundamente, o domínio político local toma a frente e contribuir para que a
eleições sejam burladas e violentas.
A fraude eleitoral era constante nesta época, o voto vendido e comprado também, para
a legitimação dessas práticas três figuras faziam-se presentes: o cabalista, responsavel por unir
os votantes para seu chefe, o fosforo, pessoa que passava pelo verdadeiro votante e o capanga,
protegiam os chefes locais e garantiam os interesses dos mesmos através da violência. As
chamadas eleições a bico de pena, que ocorriam somente no papel, também eram práticas
fraudulentas consolidadas e queridas.
Segundo Carvalho (2018) o ano de 1881 representa um retrocesso em termos de
direitos politicos, uma vez que o voto de forma indireta, dos analfabetos e a participação
popular não servia mais o interesse das classes dominantes. Com isso, o cenário de 1881 é
marcado por uma mudança no tocante aos direitos políticos, visto que o critério de renda
aumenta, o voto dos analfabetos é proibido e o voto tornava-se facultativo. Assim, a maior
parte da população era excluída do direito ao voto e as vantagens da constituição de 1824 são
perdidas. A grande verdade, segundo o autor, a cerca dos direitos politicos é que bem como a
elite reproduzia o discurso de que as camadas mais pobres, a população não estava preparada
para exercer-lo, a elite também não estava preparada para efetivar-los, a cidadania no império
ainda era muito frágil.
Ademais, foram nos termos das mudanças de 1881 que boa parte dos direitos políticos
se delinearam pelo menos até 1930, depois eles percorreram um caminho de instabilidade
com as constantes mudanças nas formas governamentais, isto é,ditadura, república, golpe
entre outros.
OS DIREITOS CIVIS
O autor destaca que a cidadania no Brasil é um processo histórico, composto assim de
caminhos e descaminhos que marcam a história do país. Ao que se refere ao conjunto de
direitos que afirmam a plenitude da cidadania está o direito civil, ou seja, os direitos
fundamentais que correspondem à garantida da liberdade, propriedade e igualdade perante a
lei. Todavia, princípios que tiveram como fatores limitantes as “raízes” do período colonial,
como a manutenção do sistema escravista, a permanência do latifúndio e a ausência de um
corpo político público que mantivesse e garantisse a liberdade de todos perante a lei, foram
esses pontos chaves para o que CARVALHO (2008) denomina por “problema da cidadania”,
e, por conseguinte limites para o exercício da cidadania civil.
A Garantia da liberdade, propriedade e igualdade perante a lei, ao longo império e nos
primeiros passos de república serão pontos a serem questionados, ao modo que, a sociedade
brasileira mesmo após a ruptura do sistema escravista, a exemplo a Abolição em 1888 que em
tese garantiria a liberdade dos sujeitos que outrora eram escravizados, sofreria com as
conseqüências da escravidão. De igual modo, o paternalismo, coronelismo, a intensa e
conflitante relação entre público e privado, estariam sempre em jogo dentro do longo caminho
que tomaria a constituição da cidadania brasileira, desde o império às lutas que compuseram o
contexto republicano, como as reivindicações pelas liberdades de organização a que lutavam
os operários no Brasil da década de 1930.
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