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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO

TRIBUTÁRIO

Módulo Tributo e Segurança Jurídica

Realização
IBET INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS

Realização
IBET INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
Presidente
PAULO DE BARROS CARVALHO

Vice-Presidente
ANTONIO SERGIO FALCÃO

Coordenação-Geral
PRISCILA DE SOUZA

Administração
NEIVA BAYLON

Coordenação de Pesquisa
NICODEMOS VICTOR DANTAS DA CUNHA

Grupo de Pesquisa
AMANDA OLIVEIRA
BÁRBARA LISANDRA
BETÂNIA COSTA
FERNANDA VIDIGAL
LUCAS BAYLON
PATRÍCIA SANTOS

Colaboradores de Pesquisa

CAMILA CAMPOS VERGUEIRO


DANIELA ALMEIDA CAMPOS
DIÓGENES TEÓFILO
FERNANDO GOMES FAVACHO
JORGE VINÍCIUS SALATINO DE SOUZA
LEANDRO CARA ARTIOLI
LUCAS GALVÃO DE BRITTO
MARÍLIA BEZZAN RODRIGUES ALVES
RODRIGO DALLA PRIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO
TRIBUTÁRIO

Módulo Tributo e Segurança Jurídica

PRESIDENTE

Paulo de Barros Carvalho


Títular e Emérito PUC/SP e USP

COORDENAÇÃO

Priscila de Souza
Mestre PUC/SP

SUMÁRIO
SEMINÁRIO I – DIREITO TRIBUTÁRIO E O CONCEITO DE
“TRIBUTO” ......... .......... .......... .......... ......... ........1
Anexo I – ADI n. 447 (Delimitação do conceito de tributo
adotado pelo STF) . .......... .......... ......... .......... ....... 6
Anexo II – REsp 1448096 .......... ......... .......... .......... .......... 7
Anexo III – ADI 5794 ........ .......... ......... .......... .......... .......... 10
Anexo IV – AgRg no RESP n. 429.413/RJ ... .......... .......... 10

SEMINÁRIO II – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ........ .......... .....13


Anexo I – RE n. 570.513 .. .......... ......... .......... .......... .......... 17
Anexo II – RE n. 554.951 . .......... ......... .......... .......... .......... 17
Anexo III – Súmulas ......... .......... ......... .......... .......... .......... 18
Anexo IV – AgRg no RESP n. 1.078.480/MG ......... .......... 18
Anexo V – RE n. 588.322/RO .... ......... .......... .......... .......... 20
Anexo VI – Súmula n. 545 do STF ......... ........... ........... ........... 20
Anexo VII – RESP n. 167.489/SP ....... .......... .......... .......... 20
Anexo VIII – REsp n. 1452956/PR ....... ........... ........... ........... 22
Anexo IX – ARE 990914 .. .......... ......... .......... .......... .......... 23
Anexo X – ADI 2696.......... .......... ......... .......... .......... .......... 24
Anexo XI – RE 582340 AgR ....... ......... .......... .......... .......... 25
Anexo XII – RESP n. 766.107/PR ....... .......... .......... .......... 26
Anexo XIII – (STF-ARE: 1123627/PRDJe-079 24/04/2018
......... .......... .......... .......... .... 27
Anexo XIV – RE n. 581.688.......... ........... ........... ........... ........... 29
Anexo XV – RE n. 571.968 .......... ........... ........... ........... ..... 29
Anexo XVI – ADI 627 ........ .......... ......... .......... .......... .......... 30

SEMINÁRIO III – FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO......... .....31

Anexo I – AI n.702.533/RJ ......... ......... .......... .......... .......... 36


Anexo II – ARE n.669.072/MG . ......... .......... .......... .......... 36
Anexo III – RESP n. 371.214/MG ....... .......... .......... .......... 37
Anexo IV – AC n. 2209 AgRg/MG .......... ........... ........... ........... 39
Anexo V – RE 584378 ...... .......... ......... .......... .......... .......... 40
Anexo VI – ADI n. 3510/DF ....... ......... .......... .......... .......... 41
Anexo VII – ADI n. 2076/AC ...... ......... .......... .......... .......... 41

SEMINÁRIO IV – INTERPRETAÇÃO, VALIDADE, VIGÊNCIA E EFICÁCIA DAS


NORMAS TRIBUTÁRIAS ........... ...... 43

Anexo I – RE 606.107/RS .......... ......... .......... .......... .....51


Anexo II – REsp 1.325.709/RJ .. ......... .......... .......... .......... 53
Anexo III – ADI-MC n. 6053/DF ......... .......... .......... .......... 56
Anexo IV – RE 753.705 AgRg/SC ....... .......... .......... .......... 57
Anexo V – RE n. 346.084/PR .... ......... .......... .......... .......... 58

SEMINÁRIO V – SEGURANÇA JURÍDICA E PROCESSO: RECURSOS,


AÇÃO RESCISÓRIA E COISA JULGADA .... .......... .......... ..........
59
Anexo I – RE 161.031....... .......... ......... .......... .......... .......... 65
Anexo II – RE 174.478 ..... .......... ......... .......... .......... .......... 65
Anexo III – RE 730.462 .... .......... ......... .......... .......... .......... 66

SEMINÁRIO VI – REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE


TRIBUTÁRIA ...... .......... .......... .......... ......... ..... 69

Anexo I – AgRg no ARESP n. 215.273/SP ... .......... .......... 76


Anexo II – RESP n. 964.151/PR ......... .......... .......... .......... 76

SEMINÁRIO VII – SANÇÕES, CRIMES E PRESUNÇÕES TRIBUTÁRIAS


......... .......... .......... .......... .... 79
Anexo I – CARF, Acórdão n. 9101-002.510 .......... .......... 85
Anexo II – AgRg no REsp 1576289/RS ....... .......... .......... 85
Anexo III – CARF – Acórdão 1401-002.838 .......... .......... 86
Anexo IV – REsp 1149022 / SP . ......... .......... .......... .....86
Anexo V – AgRg no REsp 1466966 / RS ...... .......... .......... 88
Anexo VI – RHC 47.975/SP ....... ......... .......... .......... .......... 89
Anexo VII – ARE 936653 . .......... ......... .......... .......... .....90
Anexo VIII – HC n. 399.109/SC ......... .......... .......... .....91
Anexo IX – HC n. 86.684 .. .......... ......... .......... .......... .......... 93
Anexo X – AgRg no AREsp 774580 / SC ...... .......... .......... 94
Anexo XI – RMS 51.523/CE ....... ......... .......... .......... .......... 96
Anexo XII – TJ-RS Apelação Cível Nº 70073023186 ..... 97
Anexo XIII – HC 399.109/SC ..... ......... .......... .......... .......... 97

REFERÊNCIAS DO MÓDULO .......... ......... .......... .......... .....99


Seminário I
DIREITO TRIBUTÁRIO E O CONCEITO DE
“TRIBUTO”
Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo: Saraiva,
2019, Capítulo I e itens 1 (acepções do vocábulo “tributo”) e 2 (a definição do art.
3º do CTN) do Capítulo II.
• CARVALHO. Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 7ª ed. São
Paulo: Noeses, 2018, Item 2.2.2. (conceito de tributo) do Capítulo 2 da segunda
parte.

Leitura complementar
• CARVALHO. Paulo de Barros. Direito tributário: fundamentos jurídicos da incidência.
10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, Itens 1 (texto e contexto) a 6 (normas primárias e
secundárias) do Capítulo I.
• SOUZA, Priscila de. “Intertextualidade na linguagem jurídica: conceito e
aplicação”. In CARVALHO, P. B (Coord). Constructivismo Lógico-Semântico. Vol.
I. São Paulo: Noeses, 2014.
• CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito (o constructivismo
lógico-semântico). São Paulo: Noeses, 2016, Capítulos III e VIII do livro, de Aurora
Tomazini de Carvalho.
• FAVACHO, Fernando Gomes. Definição do conceito de tributo. São Paulo:
Quartier Latin, Capítulo IV.
• CARVALHO. Paulo de Barros. “Breves considerações sobre a função descritiva do
direito tributário”. In CARVALHO, P. B; LINS, R. M. (Coord.). Ensaios sobre
jurisdição federal. São Paulo: Noeses, 2014.

Questões
1. Que é Direito? Há diferença entre direito positivo e Ciência do Direito?
Explique.
2. Que é tributo (vide anexo I)? Com base na sua definição de tributo, quais
dessas hipóteses são consideradas tributos? Fundamente sua resposta: (i)
valor cobrado pela União a título de ressarcimento de despesas com selos
de controle de IPI fabricado pela Casa da Moeda (anexo II); (ii) contribuição
sindical (considerar as alterações da lei 13.467/17) (anexo III); (iii) tributo
instituído por meio de decreto (inconstitucional – vide anexo IV); (iv) o
tributo inserido na base de cálculo de outro tributo.
3. Que é norma jurídica? E norma jurídica completa? Há que se falar em norma
jurídica sem sanção? Justifique.
4. Há diferença entre documento normativo, enunciado prescritivo,
proposição e norma jurídica? Explique estabelecendo a diferença entre o
conceito de norma em sentido amplo e norma em sentido estrito.
5. Com base em sua resposta dada na questão 2, responda:
a) O desconto de IPVA concedido para contribuintes que não incorreram em
infrações de trânsito é uma utilização do tributo como “sanção de ato ilícito”?
b) E a progressividade do IPTU e do ITR em razão da função social da
propriedade? Responda fundamentadamente e considere para sua resposta as
seguintes afirmações do autor Fernando Favacho: “a definição conotativa do art.
3º do CTN conflita com a definição denotativa do art. 182 da CF. Em suma, a
Constituição traz um tributo (IPTU sancionatório progressivo) que, para o CTN,
não é tributo”1 e “o IPTU sancionatório progressivo é tributo, a par do
mandamento do CTN”2.
6. Que é direito tributário? Sob as luzes da matéria estudada, efetuar crítica à
seguinte sentença: “Direito tributário é o ramo do Direito público positivo
que estuda as relações jurídicas entre o Fisco e os contribuintes,
concernentes à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”, e propor
definição para “direito tributário”.
7. Dada a seguinte lei (exemplo fictício):
Estado de Minas Gerais, Lei Estadual nº 2.017, de 10/10/2017
A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais Decretou e eu sanciono
a seguinte lei:
Art. 1º Esta Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização de Atividades de
Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos, que tem
como fato gerador o exercício do poder de polícia do Estado sobre estas
atividades.
Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é a receita bruta obtida com a
comercialização de mercadorias ou de serviços que utilizem recursos

1. FAVACHO, Fernando Gomes. Definição do conceito de tributo. São Paulo, 2010. p. 33.

2. Idem. Loc. cit.


hídricos.
Art. 3o. A alíquota é de 3%.
Art. 4º Contribuinte é Pessoa, física ou jurídica, que utilize recursos
hídricos com a finalidade de exploração ou aproveitamento econômico.
Art. 5º A taxa será apurada mensalmente e recolhida, mediante
preenchimento da guia de recolhimento, até o último dia útil do mês
seguinte ao da exploração ou do aproveitamento do recurso hídrico, sob
pena de multa de 10% sobre o valor do tributo devido.
Art. 6º Na ausência de apuração e recolhimento da taxa pelo contribuinte,a
autoridade fiscal competente deverá lavrar “Auto de Infração e Imposição
de Multa”, aplicando multa de 50% sobre o valor da taxa devida.
Art. 7º É isenta do pagamento da taxa a utilização de recurso hídrico na
captação e consumo destinados à atividade agropecuária
(...)
Pergunta-se:
a) Quantas normas há nessa lei? Identifique-as.
b) Qual dessas normas institui tributo?
c) Qual dessas normas é estudada pela Ciência do Direito Tributário?
Justificar.
d) O texto legal, acima transcrito, é Ciência do Direito? Justificar.

Sugestão para pesquisa suplementar


• Capítulos I, II, V e item 6 do Capítulo VII do livro Curso de teoria geral do direito
(o constructivismo lógico-semântico), de Aurora Tomazini de Carvalho. São
Paulo: Noeses.
• Capítulo I (definição de tributo), art. 3º e art. 4º do livro Comentários ao Código
Tributário Nacional, de Rubens Gomes de Sousa, Geraldo Ataliba e Paulo de Barros
Carvalho. São Paulo: Quartier Latin .
• Capítulo II do livro Lançamento tributário, de Eurico M. Diniz de Santi.
São Paulo: Max Limonad.
• Capítulo I do livro A prova no direito tributário, de Fabiana Del Padre Tomé, São
Paulo: Noeses.
• Capítulo I, itens I.2 a I.4 do livro Presunções no direito tributário, de Maria Rita
Ferragut. São Paulo: Quartier Latin.
• Capítulo II item 2.4 do livro Contribuições: regime jurídico, destinação e controle,
de Paulo Ayres Barreto. São Paulo: Noeses.
• Capítulo I do livro Estruturas lógicas e o sistema do direito positivo, de Lourival
Vilanova. São Paulo: Noeses .
• Hipótese de incidência tributária, primeira parte: “Noções introdutórias”, e
terceira parte: “Classificação jurídica dos tributos”, de Geraldo Ataliba. São
Paulo: Malheiros .
• Itens: 3. (Sistema dos fundamentos óbvios), 10. (O maior equívoco), 11.
(Diagnóstico da demência e a terapêutica), 12. (A doutrina do direito tributário
a des raisons que la raison ne conntaît pas), 16. (Ciência do Direito), 17. (Lei
científica e lei jurídica – Ser e dever ser – Causação e normatividade), 18. (Crítica
aos críticos da teoria normativa do direito – Kelsen) e 19. (Direito é
instrumento), do livro Teoria geral do direito tributário, de Alfredo Augusto
Becker. São Paulo: Noeses .

Anexo I
ADI n. 447 (Delimitação do conceito de tributo
adotado pelo STF)
DJ 05/03/1993
Os tributos, nas suas diversas espécies, compõem o Sistema
Constitucional Tributário brasileiro, que a Constituição inscreve nos seus arts.
145 a 162. Tributo, sabemos todos, encontra definição no art. 3º do CTN,
definição que se resume, em termos jurídicos, no constituir ele uma obrigação
que a lei impõe às pessoas, de entrega de uma certa importância em dinheiro ao
Estado. As obrigações são voluntárias ou legais. As primeiras decorrem da
vontade das partes, assim, do contrato; as legais resultam da lei, por isso são
denominadas obrigações ex lege podem ser encontradas tanto no direito
público quanto no direito privado. A obrigação tributária, obrigação ex lege, a
mais importante do direito público, ‘nasce de um fato qualquer da vida concreta,
que antes havia sido qualificado pela lei como apto a determinar o seu
nascimento.’ (Geraldo Ataliba, ‘Hermenêutica e Sistema Constitucional
Tributário’, in ‘Diritto e pratica tributaria’, volume L, Padova, Cedam, 1979). As
diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidência ou
pelo fato gerador da respectiva obrigação (CTN, art. 4º), são a) os impostos (CF,
art. 145, I, arts. 153, 154, 155 e 156), b) as taxas (CF, art. 145, II), c) as
contribuições, que são c.l) de melhoria (CF, art. 145, III), c.2) sociais (CF, art.
149), que, por sua vez, podem ser c.2.1) de seguridade social (CF, art. 195, CF,
195, § 4º) e c.2.2) salário educação (CF, art. 212, § 5º) e c.3) especiais: c.3.1.)
de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149) e c.3.2) de interesse de
categorias profissionais ou econômicas (CF, art. 149). Constituem, ainda,
espécie tributária, d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148).” ADI 447,
Rel. Min. Octavio Gallotti, voto do Min. Carlos Velloso, julgamento em 5-6-1991,
Plenário, DJ de 5-3-1993.

Anexo II
REsp 1448096
DJe 14/10/2015
TRIBUTÁRIO. SISTEMA DE CONTROLE DE PRODUÇÃO DE BEBIDAS -
SICOBE.
ART. 58-T DA LEI 10.833/03 (REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.827/08).
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. OBRIGAÇÃO DE RESSARCIR OS CUSTOS
SUPORTADOS PELA CASA DA MOEDA COM A FISCALIZAÇÃO DA ATIVIDADE. ART.
28 DA LEI 11.488/07. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. TRIBUTO. TAXA
PELO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. FIXAÇÃO DA ALÍQUOTA E BASE DE
CÁLCULO DO RESSARCIMENTO POR ATO DA RECEITA FEDERAL. ATO
DECLARATÓRIO DO EXECUTIVO RFB 61/08. VIOLAÇÃO AO ART. 97, INCISO IV DO
CTN, RESERVA LEGAL. PROPORCIONALIDADE À CAPACIDADE PRODUTIVA
IMPOSTA PELA LEI.
NÃO OBSERVÂNCIA PELO ATO INFRALEGAL. FIXAÇÃO DE VALOR ÚNICO.
AFRONTA AO ART. 28, § 4o. DA LEI 11.488/07. PREJUDICADA A MULTA PELO
INADIMPLEMENTO DO RESSARCIMENTO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E
PROVIDO.
1. O art. 58-T da Lei 10.833/03 (redação dada pela Lei 11.827/08) criou para
as pessoas jurídicas que importam ou industrializam refrigerante, cerveja, água
e refresco a obrigação de instalar equipamentos contadores de produção a fim de
viabilizar a fiscalização da cobrança de PIS/COFINS e IPI. Ao regulamentar o
dispositivo, a Instrução Normativa RFB 869/08 estabeleceu que o
monitoramento da contagem seria feito por meio do Sistema de Controle de
Produção de Bebidas (SICOBE).
2. O dever de adotar o SICOBE qualifica-se como obrigação acessória, de
que cuida o art. 113, § 2o. do CTN.
3. O art. 28, §§ 2o. e 3o. da Lei 11.488/07 impôs ao estabelecimento
industrial o dever de ressarcir (entregar dinheiro) a Casa da Moeda do Brasil
por possibilitar o funcionamento do SICOBE.
4. Avulta a necessidade de distinguir a natureza das duas obrigações
tributárias distintas, circunscritas ao SICOBE: (i) o dever de implementá-lo, de
natureza acessória; e (ii) o dever de ressarcir à Casa da Moeda do Brasil os custos
ou despesas da fiscalização da atividade, de natureza principal. Precedente: REsp.
1.069.924/PR, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe 26.2.2009.
5. A diferença fundamental entre obrigação tributária principal e
obrigação tributária acessória é a natureza da prestação devida ao Estado.
Consoante ensina a Professora REGINA HELENA COSTA, Ministra do STJ,
enquanto a primeira consubstancia entrega de dinheiro, a segunda tem
natureza prestacional (fazer, não fazer, tolerar). Isto não significa, todavia, que
das obrigações acessórias não resultem dispêndios aos contribuintes, muito
pelo contrário.
6. Parte da doutrina e da jurisprudência defende que o fato de as obrigações
acessórias implicarem gastos aos contribuintes possibilita ao Estado criá-las,
responsabilizá-los por seu implemento e, desde logo, cobrar por estes
inevitáveis gastos, sem desnaturá-las. Olvida-se, entretanto, que a partir do
momento em que nasce o dever de pagar quantia ao Estado, de forma
compulsória, tem vida a obrigação tributária principal.
7. Os arts. 58-T da Lei 10.833/03 c/c 28 da Lei 11.488/07 impuseram
obrigação pecuniária compulsória, em moeda, fruto de ato lícito. Assim, a
despeito de ter sido intitulada de ressarcimento, a cobrança se enquadra no
conceito legal de tributo, nos termos do art. 3o. do CTN.
8. Os valores exigidos, à guisa de ressarcimento, originam-se do exercício
de poderes fiscalizatórios por parte da Fazenda Nacional, para evitar que as
empresas produtoras de bebidas incidam em evasão fiscal. Tais atos
fiscalizatórios são ínsitos ao poder de polícia de que está investida a União
Federal, cuja remuneração pode ser perpetrada por meio da chamada taxa de
polícia. Até aqui, mal algum há na conduta do Estado, pois lhe é amplamente
permitido criar novas taxas através de lei.
9. O vício surge na forma como se estabeleceu o valor da taxa, por meio do
Ato Declaratório do Executivo RFB 61/08. É que o art. 97, inciso IV do CTN estatui
que somente a lei pode estabelecer a fixação de alíquota e da base de cálculo dos
tributos e o art. 28, § 4o. da Lei 11.488/07 não previu o quantum deveria ser
repassado à Casa da Moeda do Brasil, apenas atribuiu à Secretaria da Receita
Federal do Brasil a competência para fazê-lo.
10. Ademais, o Ato Declaratório do Executivo RFB 61/08, quando definiu
o valor cobrado a título de ressarcimento em número fixo por unidade de
produto, não respeitou o contido no próprio dispositivo que lhe outorgou esta
competência. O art. 28, § 4o. da Lei 11.488/07 estabeleceu a premissa segundo
a qual os valores do ressarcimento deveriam ser proporcionais à capacidade
produtiva do estabelecimento industrial, mas a Secretaria da Receita Federal
do Brasil não se preocupou com este importante aspecto, cobrando igual
montante de todos os produtores, indistintamente.
11. Desta forma, há violação ao art. 97, IV do CTN e ao 28, § 4º da Lei
11.488/07, de modo a contaminar todo substrato vinculada ao ressarcimento,
sobretudo a penalidade por seu inadimplemento.
12. Neste contexto, os questionamentos em torno da multa pelo não
pagamento do ressarcimento restaram prejudicados com o entendimento que
ora se firma da impossibilidade de cobrança do próprio ressarcimento, cuja
alíquota e base de cálculo foram previstas em afronta ao art. 97, IV do CTN e
28, § 4o. da Lei 11.488/07.
Insubsistente a obrigação de ressarcir, fixada no Ato Declaratório do
Executivo RFB 61/08, também o é a multa decorrente de seu fictício
inadimplemento. Por conseguinte, prejudicado está o conhecimento do
dissídio jurisprudencial quanto à possibilidade de ato infralegal ampliar o
conteúdo de punição tributária.
13. Recurso Especial conhecido e provido.
(REsp 1448096/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 14/10/2015)

Anexo III
ADI 5794
Acórdão ainda não publicado
Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Ministro Luiz
Fux, que redigirá o acórdão, julgou improcedentes os pedidos formulados nas
ações diretas de inconstitucionalidade e procedente o pedido formulado na
ação declaratória de constitucionalidade. Vencidos os Ministros Edson Fachin
(Relator), Rosa Weber e Dias Toffoli. Ausentes, justificadamente, os Ministros
Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Luiz Fux. Presidiu o julgamento a
Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 29.6.2018.

Anexo IV
AgRg no RESP n. 429.413/RJ
DJ 13/10/2003
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. COMPENSAÇÃO. PIS.
COFINS. PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. CONTAGEM A PARTIR
DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
PROVIMENTO NEGADO.
A declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora de um tributo
altera a natureza jurídica dessa prestação pecuniária, que, retirada do âmbito
tributário, passa a ser de indébito para com o Poder Público, e não de indébito
tributário. Com efeito, a lei declarada inconstitucional desaparece do mundo
jurídico, como se nunca tivesse existido.
Afastada a contagem do prazo prescricional/ decadencial para repetição
do indébito tributário previsto no Código Tributário Nacional, tendo em vista
que a prestação pecuniária exigida por lei inconstitucional não é tributo, mas
um indébito genérico contra a Fazenda Pública, aplica-se a regra geral de
prescrição de indébito contra a Fazenda Pública, prevista no artigo 1º do
Decreto 20.910/32.
A declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal não
elide a presunção de constitucionalidade das normas, razão pela qual não
estava o contribuinte obrigado a suscitar a sua inconstitucionalidade sem o
pronunciamento da Excelsa Corte, cabendo-lhe, pelo contrário, o dever de
cumprir a determinação nela contida.
A tese que fixa como termo a quo para a repetição do indébito o
reconhecimento da inconstitucionalidade da lei que instituiu o tributo deverá
prevalecer, pois, não é justo ou razoável permitir que o contribuinte, até então
desconhecedor da inconstitucionalidade da exação recolhida, seja lesado pelo
Fisco.
Ainda que não previsto expressamente em lei que o prazo
prescricional/decadencial para a restituição de tributos declarados
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal é contado após cinco anos do
trânsito em julgado daquela decisão ,a interpretação sistemática do
ordenamento jurídico pátrio leva a essa conclusão.
Cabível a restituição do indébito contra a Fazenda, sendo o prazo de
decadência/prescrição de cinco anos para pleitear a devolução, contado do
trânsito em julgado da decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou
inconstitucional o suposto tributo.
Agravo regimental a que se nega provimento.

Seminário II
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 7ª ed. São
Paulo: Noeses, 2018, Itens 2.2.3 (Classificação das espécies tributárias) a 2.2.5
(Aplicabilidade da classificação das espécies tributárias: a contribuição ao
FUST); item 2.6 (Teoria das classes) da primeira parte e item 3.4 (Regra-matriz
das taxas) da segunda parte do livro.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo:
Saraiva, 2019, Capítulo II.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. Vol. I.
2 Ed. São Paulo: Noeses, 2014, Tema X(Concessão de serviço público e tarifa
municipal de esgoto).

Leitura complementar
• BARRETO, Paulo Ayres. Contribuições: regime jurídico, destinação e controle. 2.
ed. São Paulo: Noeses, 2011. Capítulo II itens 2.6 a 2.8.
• CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 17. ed. São
Paulo: Malheiros, 2007. Capítulo VIII do Título II, item 3.1.2.
• CAVALCANTI, Denise Lucena. As distorções da contribuição de melhoria no Brasil. In:
GRUPENMACHER, Betina Treiger (Coord.); OLIVEIRA, A. B. de; SEPULCRI, N. T.;
BARRENI, Smith (Org.). Tributação: democracia e liberdade em homenagem à Ministra
Denise Martins Arruda. São Paulo: Noeses, 2014, p. 105-134.
• CURY, Fabio Lemos. Apontamentos sobre as taxas judiciárias: análise crítica à luz
da Constituição Federal. 2017. 186 f. Dissertação (Mestrado em Direito) –
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2017. Capítulo 5, itens
5.1 a 5.4.1.
• MARQUES, Márcio Severo. Classificação constitucional dos tributos. São Paulo:
Max Limonad, 2000. Capítulos 10, 11 e 12.
• PEREIRA FILHO, Luiz Alberto. As taxas no sistema tributário brasileiro. Curitiba:
Juruá, 2002. Capítulos IV e V.

Questões
1. Efetue, de forma fundamentada, proposta de classificação jurídica dos
tributos, evidenciando os critérios classificatórios adotados. A destinação
do produto da arrecadação tributária é relevante para a classificação
jurídica dos tributos e consequente definição das espécies tributárias?
Considerar, na análise da pergunta, o art. 167, inciso IV, da CF/88, e o art.
4º do CTN. (Vide anexo I). A legislação tributária pode proibir a
compensação de tributos entre diferentes espécies sob a justificativa de que
a destinação das receitas são diferentes? (Vide REsp 1.449.713)
2. Que é taxa? Que se entende por o “serviço público” e “poder de polícia”?
(Vide anexo II). Há necessidade de comprovação da efetiva fiscalização para
cobrança da taxa de poder de polícia? (Vide anexos III, IV e V).
3. Que diferencia taxa de preço público? (Vide voto do Min. Carlos Velloso na
ADI 447). Os serviços públicos de energia elétrica, água e esgoto, quando
prestados diretamente pelas pessoas jurídicas de direito público, são
remuneráveis por taxa? E no caso de concessão desses serviços? (Vide anexos
VI e VII). E os serviços que, embora prestados pelo Poder Público, são
suscetíveis de prestação pela iniciativa privada em regime concorrencial?
(Vide anexo VIII).
4. Há necessidade do valor exigido a título de taxa referir-se ao custo do serviço
prestado? Caso essa referibilidade não seja verificada, é possível a
restituição? No caso de excessiva dificuldade de mensurar o custo do serviço
prestado, como fixar a base de cálculo da taxa? (considerar em sua resposta
o exemplo das taxas judiciais – vide anexos IX, X e XI)
5. Sobre a contribuição de melhoria pergunta-se: (i) Quais os requisitos e
limites à cobrança da contribuição de melhoria? (ii) A Lei que a institui deve
ser produzida antes do início da obra ou pode ser posterior à sua conclusão
e à valorização imobiliária? Se for apresentado laudo comprovando a
perspectiva de gastos, poderia ser exigido o tributo antes da conclusão da
obra e da valorização imobiliária? (Vide anexos XII e XIII).
6. Os adicionais ao IPI, ICMS e ISS sobre supérfluos destinados ao Fundo de
Combate a Erradicação da Pobreza, constantes do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (art. 79, introduzido pela EC n. 31/00), se
enquadram em qual espécie? Pode o “adicional” de imposto ter destinação
específica? E ser de natureza tributária diversa do tributo adicionado? (Vide
anexos XV e XVI e XVII)

Leitura suplementar
• Terceira parte – Classificação jurídica dos tributos do livro Hipótese de incidência
tributária, de Geraldo Ataliba. São Paulo: Malheiros .
• Artigo: “Classificação dos tributos – uma visão analítica”, de Tárek
Moysés Moussallem, in Tributação e Processo, IV Congresso Nacional de
Estudos Tributários.
• “Classificação dos tributos”, de Estevão Horvath. In Barreto, Aires F. e
Bottallo, Eduardo Domingos (Org.). Curso de iniciação em direito
tributário. São Paulo: Dialética, 2004 (I – Parte Geral).
• Item 2 do artigo “Conceito de tributo e sua divisão em espécies”, de André
Mendes Moreira e Sophia Goreti Rocha Machado in Tributação, democracia e
liberdade, Betina Treiger Grupenmacher (Coord.). São Paulo: Noeses .
• Itens 1,2 e 3 do Capítulo II do livro Curso de direito tributário, de Eduardo Marcial
Ferreira Jardim. São Paulo: Noeses .
• Item 4 da Parte II do livro Curso de direito tributário: Constituição e Código
Tributário Nacional, de Regina Helena Costa. São Paulo: Saraiva.
• Artigo: “O tributo e as classificações no sistema tributário brasileiro”, de Eurico
Marcos Diniz de Santi.
• Capítulo 8, item 8.1.2 do livro Competência tributária – fundamentos para uma
teoria da nulidade, de Tácio Lacerda Gama. São Paulo: Noeses .
• Artigo: “O artigo 149-A da Constituição federal introduzido pela EC 39/2002 e a
contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública”, de Aurora
Tomazini de Carvalho.
• Artigo: “Critério finalístico e o controle de constitucionalidade das
contribuições”, de Luís Cesar Souza de Queiroz.
• Capítulo V do livro Contribuições para a seguridade social à luz da Constituição Federal,
de Fabiana Del Padre Tomé. Curitiba: Juruá.
• Cap. III e IV do livro Contribuição de intervenção no domínio econômico, de Tácio
Lacerda Gama. São Paulo: Quartier Latin.
• Artigo: “Taxas e contribuições interventivas – Contrapartidas tributárias pela
atuação do Estado no Domínio”, de Tácio Lacerda Gama.
• Artigo: “Taxa de turismo – Hipótese de incidência – Sujeição passiva – Base de
cálculo – Pressupostos constitucionais inerentes às taxas”, de Carlos César S.
Cintra.
• Artigo: “Taxa, tarifa e preço público no direito público brasileiro”, de Renato
Lopes Becho.

Anexo I
RE n. 570.513
DJ 27/02/2009
DESTINAÇÃO DE RECURSOS. FUNDO ESTADUAL DE
REAPARELHAMENTO E MODERNIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO – FUNDESP.
COBRANÇA. SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS. LEI ESTADUAL N. 12.986/96.
VIOLAÇÃO DO ART. 167, INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO
OCORRÊNCIA. 1. Preceito de lei estadual que destina 5% [cinco por cento] dos
emolumentos cobrados pelas serventias extrajudiciais e não oficializadas ao
Fundo Estadual de Reaparelhamento e Modernização do Poder Judiciário –
FUNDESP não ofende o disposto no art. 167, IV, da Constituição do Brasil
Precedentes. 2. A norma constitucional veda a vinculação da receita dos
impostos, não existindo, na Constituição, preceito análogo pertinente às taxas.
Agravo regimental a que se nega provimento. RE 570513, DJ 27/02/2009.

Anexo II
RE n. 554.951
DJ 19/11/2013
Taxa de Licença para Localização, Funcionamento e Instalação. Base de
cálculo. Número de empregados. Dado insuficiente para aferir o efetivo poder de
polícia. Art. 6º da Lei 9.670/1983. Inconstitucionalidade. Jurisprudência pacífica
da Corte. A taxa é um tributo contraprestacional (vinculado) usado na
remuneração de uma atividade específica, seja serviço ou exercício do poder de
polícia e, por isso, não se atém a signos presuntivos de riqueza. As taxas
comprometem-se tão somente com o custo do serviço específico e divisível que as
motiva, ou com a atividade de polícia desenvolvida. A base de cálculo proposta no
art. 6º da Lei 9.670/1983 atinente à taxa de polícia se desvincula do maior ou
menor trabalho ou atividade que o poder público se vê obrigado a desempenhar
em decorrência da força econômica do contribuinte. O que se leva em conta, pois,
não é a efetiva atividade do poder público, mas, simplesmente, um dado objetivo,
meramente estimativo ou presuntivo de um ônus à administração pública. No
tocante à base de cálculo questionada nos autos, é de se notar que, no RE
88.327/SP, rel. min. Décio Miranda (DJ de 28-9-1979), o Tribunal Pleno já havia
assentado a ilegitimidade de taxas cobradas em razão do número de empregados.
Essa jurisprudência vem sendo mantida de forma mansa e pacífica.” (RE 554.951,
rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 15-10-2013, Primeira Turma, DJE de 19-
11-2013).

Anexo III
Súmulas
STF, Súmula Vinculante n. 29: É constitucional a adoção, no cálculo do
valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base
e outra.
STF, Súmula Vinculante n. 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão
dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou
resíduos provenientes de imóveis, não viola o art. 145, II, da CF.
STF, Súmula n. 670: O serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa.

Anexo IV
AgRg no RESP n. 1.078.480/MG
Publicação: 17/11/2008
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.
TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE ANÚNCIOS. ALEGAÇÃO DE OFENSA À NORMA
LOCAL. SÚMULA 280/STF. CDA. VALIDADE. VERIFICAÇÃO DE REQUISITOS.
SÚMULA 7/STJ. EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA PELO MUNICÍPIO.
NOTORIEDADE. COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE FISCALIZADORA.
DESNECESSIDADE. CTN, ARTS. 77 E 78. REPRODUÇÃO DE PRECEITO
CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO STF.
I – O exame da alegação de ilegalidade da taxa de fiscalização de anúncios,
instituída pelo Município de Belo Horizonte, esbarra na vedação da Súmula
280/STF.
II – Tendo o Tribunal a quo entendido que a certidão de dívida ativa contém
todos os requisitos que a lei exige, conclusão diversa exigiria o reexame de substrato
fático contido nos autos, o que é inviável em sede de recurso especial, a teor do
disposto na Súmula n. 07 desta Corte. Precedentes: REsp n. 1.017.136/RS, Rel. Min.
JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, DJ de 24.04.2008; REsp n. 475.904/PR, Rel.
Min. JOSÉ DELGADO PRIMEIRA TURMA, DJ de 12/05/2003; AGREsp n.
438.757/MG, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, DJ de 02/12/2002.
III – A cobrança da taxa de fiscalização de anúncios dispensa a
comprovação da atividade fiscalizadora, face à notoriedade do exercício do
poder de polícia pela Municipalidade. Precedentes: AgRg no Ag n. 880.772/DF,
Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, DJ de 20.09.2007; AgRg no
REsp n. 721.114/SP, Rel. Min. LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJ de 03.04.2006;
REsp n. 786.851/MG, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA,
DJ de 03.04.2006.
IV – A alegação de ofensa aos artigos 77 e 78 do CTN revela questão de índole
constitucional, cujo exame é reservado ao STF.
Precedentes: AgRg no REsp n. 501.303/PR, Rel. Min. DENISE ARRUDA,
PRIMEIRA TURMA, DJ de 14/11/2005; AgRg no n. Ag 632.439/PR, Rel. Min.
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, DJ de 20.06.2005; AgRg no Ag
n. 586.137/PR, Rel. Min. LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJ de 28/03/2005;
AgRg no Ag n. 562.020/PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJ de
31/05/2004.
V – Agravo regimental improvido.

Anexo V
RE n. 588.322/RO
Publicação: 03/09/2010
(...) 4. O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício
do poder de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e divisíveis,
facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. 5. A
regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a cobrança
da taxa de localização e fiscalização. 6. À luz da jurisprudência deste Supremo
Tribunal Federal, a existência do órgão administrativo não é condição para o
reconhecimento da constitucionalidade da cobrança da taxa de localização e
fiscalização, mas constitui um dos elementos admitidos para se inferir o efetivo
exercício do poder de polícia, exigido constitucionalmente. Precedentes.(...)

Anexo VI
Súmula n. 545 do STF
Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada
à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.

Anexo VII
RESP n. 167.489/SP
EMENTA
TRIBUTÁRIO. SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA. TAXA. NATUREZA
TRIBUTÁRIA.
1. O serviço de fornecimento de água e esgoto é cobrado do usuário pela
entidade fornecedora como sendo taxa, quando tem compulsoriedade.
2. Trata-se, no caso em exame, de serviço público concedido, de natureza
compulsória, visando atender necessidades coletivas ou públicas.
3. Não tem amparo jurídico a tese de que a diferença entre taxa e preço
público decorre da natureza da relação estabelecida entre o consumidor ou
usuário e a entidade prestadora ou fornecedora do bem ou do serviço, pelo que, se
a entidade que presta o serviço é de direito público, o valor cobrado caracterizar-
se-ia como taxa, por ser a relação entre ambos de direito público; ao contrário,
sendo o prestador do serviço público pessoa jurídica de direito privado, o valor
cobrado é preço público/tarifa.
4. Prevalência no ordenamento jurídico das conclusões do X Simpósio
Nacional de Direito Tributário, no sentido de que “a natureza jurídica da
remuneração decorre da essência da atividade realizadora, não sendo afetada pela
existência da concessão. O concessionário recebe remuneração da mesma natureza
daquela que o Poder Concedente receberia, se prestasse diretamente o serviço.” (RF,
julho a setembro, 1987, ano 1987, v. 299, p. 40).
5. O art. 11, da Lei n. 2.312, de 3.9.94 (Código Nacional de Saúde)
determina: “É obrigatória a ligação de toda construção considerada habitável
à rede de canalização de esgoto, cujo afluente terá destino fixado pela
autoridade competente”.
6. “No Município de Santo André/SP, as Leis Municipais n.s
1.174/29.11.56 e 2.742/21.03.66 obrigam que todos os prédios se liguem à
rede coletora de esgotos, dispondo, ainda, que os prédios situados em locais
servidos de rede de distribuição de água devem a ela ser ligados,
obrigatoriamente” (Memorial apresentado pela recorrente).
7. Obrigatoriedade do serviço de água e esgoto. Atividade pública
(serviço) essencial posta à disposição da coletividade para o seu bem-estar e
proteção à saúde, no Município de Santo André/SP.
8. “A remuneração dos serviços de água e esgoto normalmente é feita por
taxa, em face da obrigatoriedade da ligação domiciliar à rede pública” (Helly
Lopes Meirelles, in “Direito Municipal Brasileiro”, 3ª ed., RT – 1977, p. 492).
9. “Se a ordem jurídica obriga a utilização de determinado serviço, não
permitindo o atendimento da respectiva necessidade por outro meio, então é
justo que a remuneração correspondente, cobrada pelo Poder Público, sofra as
limitações próprias de tributo” (Hugo de Brito Machado, in Regime Tributário
da Venda de Água, Rev. Juríd. da Procuradoria-Geral da Fazenda
Estadual/Minas Gerais, n. 05, p. 11).
10. Adoção da tese, na situação específica examinada, de que a contribuição
pelo fornecimento de água é taxa. Aplicação da prescrição tributária, em face da
ocorrência de mais de cinco anos do início da data em que o referido tributo podia
ser exigido.
11. Recurso especial provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Exmos. Srs.
Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade
dos votos e notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, dar provimento ao
recurso. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Ministros Demócrito
Reinaldo, Humberto Gomes de Barros e Milton Luiz Pereira.
Ausente, justificadamente, o Exmo. Sr. Ministro Garcia Vieira.
Brasília, 12 de junho de 1998 (Data do Julgamento).
MINISTRO MILTON LUIZ PEREIRA, Presidente.
MINISTRO JOSÉ DELGADO, Relator.

Anexo VIII
REsp n. 1452956/PR
DJe 26/11/2014
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. INMETRO.
AFERIÇÃO DE BOMBAS DE COMBUSTÍVEL. NATUREZA JURÍDICA DE PREÇO
PÚBLICO. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1.
“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daquelas, são compulsórias, e têm sua cobrança condicionada à
prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as institui.” (Súmula
545/STF) 2. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que o serviço de
aferição de bombas de combustíveis em postos distribuidores, realizado pelo
INMETRO, possui natureza jurídica de preço público, conforme o disposto no art.
7º, b, da Lei 5.966/73, seja porque, embora atualmente avocado pelo Estado como
monopólio, o serviço de certificação não é ontologicamente insuscetível de
prestação pela iniciativa privada em regime concorrencial. Dessa forma, não se
sujeita, aos princípios da legalidade e anterioridade. 3. Precedentes: REsp
1287045/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
02/05/2013, DJe 10/05/2013; AgRg no REsp 934.270/RJ, Rel. Ministro LUIZ
FUX, PRIMEIRA TURMA, DJe 10/02/2010; REsp 223.655/ES, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, DJ 29/08/2005, p. 235. 4. Agravo
regimental não provido.

Anexo IX
ARE 990914
Publicado em 19.09.2017
Recurso extraordinário com agravo. Tributário. Taxa de Fiscalização de
Estabelecimentos (TFE). Lei nº 13.477/02 do Município da São Paulo.
Critério geral para dimensionar a exação. Tipo de atividade desenvolvida no
estabelecimento do contribuinte. Impossibilidade. 1. As taxas comprometem-
se tão somente com o custo do serviço específico e divisível que as motiva, ou
com a atividade de polícia desenvolvida. 2. O critério da atividade exercida
pelo contribuinte para se aferir o custo do exercício do poder de polícia
desvincula-se do maior ou menor trabalho ou atividade que o Poder Público
se vê obrigado a desempenhar. Precedentes. 3. Recurso a que se nega
provimento.

Anexo X
ADI 2696
DJ 14-03-2017
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 13.611/2002 do Estado do
Paraná, a qual estabeleceu os valores das custas judiciais devidas no âmbito do
Poder Judiciário estadual. Inconstitucionalidade formal: inexistência. Poder de
emenda do Poder legislativo em matéria de iniciativa exclusiva do Tribunal de
Justiça. Ausência de inconstitucionalidade material. Taxa judiciária. Vinculação
ao valor da causa ou ao valor dos bens sob litígio. 1. Não ofendem a autonomia
administrativa e financeira do Poder Judiciário estadual ou sua reserva de
iniciativa legislativa emendas parlamentares oferecidas a projetos de lei que
versem sobre tabelas de custas e emolumentos. A função do Legislativo nos
projetos cuja iniciativa de propositura seja exclusiva de algum órgão ou agente
político não se resume a chancelar seu conteúdo original. O debate, as
modificações e as rejeições decorrentes do processo legislativo defluem do
caráter político da atividade. 2. A jurisprudência da Corte tem entendido,
reiteradamente, que a Constituição Federal somente veda ao Poder Legislativo
formalizar emendas a projetos de iniciativa exclusiva se delas resultarem
aumento de despesa pública ou se forem totalmente impertinentes à matéria
versada no projeto, o que não é o caso da presente ação direta. Precedentes: ADI
nº 3.288/MG, Rel. Min. Ayres Britto, DJ de 24/2/11; ADI nº 2350/GO, Rel. Min.
Maurício Corrêa, DJ de 30/4/2004. 3. Tanto quanto possível, o valor cobrado a
título de taxa deve equivaler ao custo do serviço prestado. Porém, há situações
em que, por excessiva dificuldade de mensuração do fato gerador, o
estabelecimento exato do quantum debeatur fica prejudicado. É o caso das
custas judiciais, em virtude da diversidade de fatores que poderiam influir no
cálculo da prestação do serviço jurisdicional, tais como o tempo e a
complexidade do processo, bem assim o tipo de atos nele praticados. 4. A esse
respeito, a jurisprudência da Corte firmou-se no sentido da legitimidade da
cobrança das custas com parâmetro no valor da causa ou dos bens postos em
litígio, desde que fixadas alíquotas mínimas e máximas para elas. Precedentes:
ADI nº 3.826/GO, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Eros Grau, DJe de
20/08/10; ADI nº 2.655/MT, Tribunal Pleno, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ
de 26/03/04. 5. As tabelas constantes da legislação impugnada respeitam a
diretriz consagrada no Supremo Tribunal Federal, impondo limites mínimo e
máximo, como no caso em que fixam as custas devidas pelo ajuizamento de ação
rescisória. Noutras passagens, há a fixação de um valor único para a prática de
determinados atos que, por certo, não representa quantia exacerbada, que
impeça o cidadão de se socorrer das vias jurisdicionais. 6. A Constituição Federal
defere aos cidadãos desprovidos de condições de arcar com os custos de um
processo judicial a gratuidade da prestação do serviço jurisdicional, tanto
quanto o amparo das defensorias públicas, para a orientação e a defesa dos seus
direitos, o que afasta as alegadas ofensas ao princípio do acesso à Justiça e aos
fundamentos constitucionais da cidadania e da dignidade da pessoa humana. 7.
Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.

Anexo XI
RE 582340 AgR
Publicada em 18.08.2016
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
MUNICÍPIO DE VILA VELHA. TAXA DE RENOVAÇÃO ANUAL DE LICENÇA PARA
LOCALIZAÇÃO, INSTALAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTOS
COMERCIAIS E SIMILARES. BASE DE CÁLCULO FIXADA EM MÚLTIPLOS DE
UNIDADE FISCAL DE REFERÊNCIA - UFIR, DE ACORDO COM A ZONA FISCAL
DE LOCALIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE.
AUSÊNCIA DE RELAÇÃO ENTRE A BASE DE CÁLCULO E O EFETIVO EXERCÍCIO
DO PODER DE POLÍCIA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE
NEGA PROVIMENTO.

Anexo XII
RESP n. 766.107/PR
DJ 28/04/2008
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. COBRANÇA ILEGÍTIMA. PEDIDO DE
REPETIÇÃO. VALORES DEVIDOS POR FORÇA DE CONTRATO. ACÓRDÃO
RECORRIDO FULCRADO NAS PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. 1.
Examinando-se os preceitos legais supostamente violados, verifica-se que, na
hipótese, a instituição e a cobrança da contribuição de melhoria não atendeu a
alguns dos requisitos previstos no Decreto-Lei 195/67 e nos arts. 81 e 82 do
CTN. Como bem esclarece Hugo de Brito Machado, “o fato gerador da
contribuição de melhoria é a valorização do imóvel do qual o contribuinte é
proprietário, ou enfiteuta, desde que essa valorização seja decorrente de obra
pública”. A obrigação “só nasce se da obra pública decorrer valorização”, afirma
o autor. No caso dos autos, é incontroverso que os valores cobrados refletem o
custo da obra, sem levar em consideração a valorização imobiliária, além de não
estarem vinculados ao limite individual (“acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado” – art. 81 do CTN). 2. Contudo, os valores
pagos a título de contribuição de melhoria são, na verdade, parcelas devidas pela
ora recorrente ao Município de Maringá/PR, por força de contrato firmado entre
eles. Constata-se, do exame do acórdão recorrido, que, por meio do contrato
mencionado, o Município de Maringá/PR obrigou-se a efetuar a pavimentação
asfáltica e galerias pluviais de área equivalente a 1.004 m2 (mil e quatro metros
quadrados), obrigando-se a outra contratante (ora recorrente) a efetuar o
pagamento das parcelas previstas no referido contrato. O Município, cumprindo
a sua obrigação, cobrou as parcelas devidas pela outra contratante por meio de
contribuição de melhoria, havendo o respectivo pagamento. Em virtude dessas
circunstâncias, o Tribunal a quo entendeu que é descabida a repetição do
suposto indébito, tendo em vista que “ela, evidentemente, daria azo ao
enriquecimento injusto da apelante” (ora recorrente). 3. Assim, malgrado haja
manifesta ilegalidade na instituição e na cobrança do tributo em comento, o
deferimento do pedido de repetição está atrelado à modificação das premissas
fáticas que motivaram o acórdão recorrido, bem como ao exame das cláusulas
estabelecidas no contrato referido, o que é inviável em sede de recurso especial,
tendo em vista as circunstâncias obstativas decorrentes do disposto nas
Súmulas 5 e 7 desta Corte. 4. Recurso especial não-conhecido.

Anexo XIII
(STF-ARE: 1123627/PRDJe-079 24/04/2018
Decisão: Trata-se de agravo interposto contra decisão de inadmissibilidade
de recurso extraordinário em face de acórdão do Tribunal de Justiça do Paraná,
ementado nos seguintes termos: “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE
LANÇAMENTO FISCAL. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. PRELIMINAR.
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. INOCORRÊNCIA. MÉRITO. INDISPENSAVÉL A
COMPROVAÇÃO DO CUSTO DO CUSTO DA OBRA PÚBLICA E A VALORIZAÇÃO
DO IMOVÉL. ART. 81 E 82 DO CTN. AUSÊNCIA DE PROVA DOCUMENTAL DE QUE
A BASE DE CÁLCULO TENHA CONSIDERADO A VALORIZAÇÃO DO IMOVÉL.
ÔNUS PROBATÓRIO QUE COMPETIA AO ENTE TRIBUTANTE. NULIDADE.
SENTENÇA MANTIDA”. (eDOC 2, p. 30). No recurso extraordinário, interposto
com fundamento no art. 102, III, a, da Constituição Federal, aponta-se violação
aos artigos 30; 145, III; e 146 do texto constitucional. Nas razões recursais, alega-
se que a Constituição Federal não previu a valorização do imóvel como elemento
constitutivo da contribuição de melhoria. Sustenta-se que a Emenda
Constitucional n. 23, de 1983, revogou os arts. 81 e 82, do CTN e o Decreto-Lei n.
195/67, razão pela qual a base de cálculo do tributo não está limitada a
valorização do imóvel. Ademais, afirma-se que, caso o Decreto Lei n. 195/67 não
estivesse revogado, seria aplicável somente à União, por não ser norma de
caráter geral. Por fim, assevera-se que ante a ausência de lei de âmbito nacional,
o município estaria livre para exercer sua competência legislativa. É o relatório.
Decido. O recurso não merece prosperar. Verifico que o entendimento fixado no
acórdão não destoa da jurisprudência pacífica desta Corte, segundo a qual o fato
gerador da contribuição de melhoria é a efetiva valorização do bem imóvel.
Confiram-se, a propósito, os seguintes precedentes de ambas as Turmas deste
Tribunal: “DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DE melhoria DECORRENTE DE OBRA
PÚBLICA. FATO GERADOR: QUANTUM DA VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA.
CARÁTER PROTELATÓRIO. IMPOSIÇÃO DE MULTA. 1. Esta Corte consolidou o
entendimento no sentido de que a contribuição de melhoria incide sobre o
quantum da valorização imobiliária. Precedentes. 2. Inaplicável o art. 85, § 11,
do CPC/2015, uma vez que não houve fixação de honorários advocatícios. 3.
Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no
art. 1.021, § 4º, do CPC/2015.” (RE 982415 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso,
Primeira Turma, DJe 12.12.2016)“CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO DE melhoria.
FATO GERADOR: QUANTUM DA VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA. PRECEDENTES.
1. Esta Corte consolidou o entendimento no sentido de que a contribuição de
melhoria incide sobre o quantum da valorização imobiliária. Precedentes. 2.
Agravo regimental improvido.” (AI 694.836-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda
Turma, DJe 18.12.2009) Ante o exposto, nego seguimento ao recurso (art. 932,
VIII, do CPC, c/c art. 21, § 1º, do RISTF) e, tendo em vista o disposto no art. 85, §
11, do CPC, majoro o valor da verba honorária fixada pela origem em 10%,
observados os limites previstos nos §§ 2º e 3º do referido dispositivo, ressalvada
a eventual concessão do benefício da justiça gratuita. Publique-se. Brasília, 18 de
abril de 2018. Ministro Gilmar Mendes Relator.
Anexo XIV
RE n. 581.688
DJ 16/02/2011
FUNDO DE COMBATE À POBREZA E ÀS DESIGUALDADES SOCIAIS:
CONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES. RECURSO AO QUAL SE NEGA
SEGUIMENTO. 1. Recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc.
III, alínea “a”, da Constituição da República contra o seguinte julgado do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro: “APELAÇÃO CÍVEL. Fundo Estadual de Combate e
Erradicação da Pobreza. Lei Estadual n. 4.056/02, regulamentada pelo Decreto
n. 32.646/03. Instituição do adicional de 1% sobre a alíquota do ICMS incidente
sobre produtos e serviços supérfluos. Inaplicabilidade do Princípio da não-
vinculação da receita de impostos. Caráter especial e temporário das normas
constantes do ADCT. Exceção ao princípio geral tributário insculpido no artigo
167, IV da Lei Maior, inserida pelo próprio constituinte reformador. Vinculação
extraordinária que visa a atender ao princípio da solidariedade e ao postulado da
dignidade da pessoa humana através da erradicação da pobreza e da redução das
desigualdades sociais, estas reconhecidas como objetivos fundamentais da
República pela Lex Matter. (...) RE 581.688/RJ, DJ 16/02/2011.

Anexo XV
RE n. 571.968
DJ 05/06/2012
AGRAVOS REGIMENTAIS NOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. RESERVA
DE PLENÁRIO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 97 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. INEXISTÊNCIA. PROCESSO CIVIL. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. ICMS. ADICIONAL.
INSTITUIÇÃO POR LEI ESTADUAL. FUNDO ESTADUAL DE COMBATE À
POBREZA. CONVALIDAÇÃO PELO ART. 4º DA EMENDA CONSTITUCIONAL
42/2003. AGRAVOS IMPROVIDOS. I – A obediência à cláusula de reserva de
plenário não se faz necessária quando houver orientação consolidada do STF
sobre a questão constitucional discutida. II – Possibilidade de reconhecimento
de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público pelos órgãos
fracionários dos Tribunais, com base em julgamentos do plenário ou órgão
especial que, embora não guardem identidade absoluta com o caso em concreto,
analisaram matéria constitucional equivalente. III – Ausência de
prequestionamento do art. 167, IV, da CF. Incidência da Súmula 282 do STF.
Ademais, se os embargos declaratórios não foram opostos com a finalidade de
suprir essa omissão, é inviável o recurso, nos termos da Súmula 356 do STF. IV
– O art. 4º da EC 42/2003 validou os adicionais instituídos pelos Estados e pelo
Distrito Federal para financiar os Fundos de Combate à Pobreza. Precedentes. V –
Agravos regimentais improvidos. RE 571.968, DJ 05/06/2012.

Anexo XVI
ADI 627
DJ 19-11-1993
Ação Direta de Inconstitucionalidade. Lei n. 5.500, de 28.12.1988, do
Estado do Para. Tributário. Adicional de imposto de renda (art. 155, II, da
Constituição Federal). Artigos 146 e 24, paragrafo 3., da parte permanente da
C.F. e art. 34, paragrafos 3., 4. e 5. do A.D.C.T. O adicional de imposto de renda,
de que trata o inciso II do art. 155, não pode ser instituido pelos Estados e
Distrito Federal, sem que, antes, a lei complementar nacional, prevista no
“caput” do art. 146, disponha sobre as materias referidas em seus incisos e
alineas, não estando sua edição dispensada pelo paragrafo 3. do art. 24 da parte
permanente da Constituição Federal, nem pelos paragrafos 3., 4. e 5. do art. 34
do A.D.C.T. Ação julgada procedente, declarada a inconstitucionalidade da Lei
n. 5.500, de 28.12.1988, do Estado do Para.

Seminário III
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo:
Saraiva, 2019, Capítulo III.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São
Paulo: Noeses, 2018, Capítulo II, itens 2.1.2 (Hierarquia das leis
complementares: hierarquia formal e hierarquia material) e 2.3 (Fontes do
direito) até 2.3.6 (Fonte do direito e fonte da Ciência do Direito) da segunda parte
do livro.

Leitura complementar
• CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito: o
constructivismo lógico-semântico. 5. ed. São Paulo: Noeses, 2016. Capítulo XVI.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. v.1. 2.
ed. São Paulo, Noeses, 2014. Tema I (O Preâmbulo e a prescritividade constitutiva
dos textos jurídicos).
• IVO, Gabriel. A relação entre lei complementar e lei ordinária. In: CONGRESSO
NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET, v.10, 2013, São Paulo. Sistema
tributário brasileiro e as relações internacionais. São Paulo: Noeses, 2013, p. 363 a
380.
• IVO, Gabriel. Norma jurídica, produção e controle. São Paulo: Noeses, 2006.
Introdução, item 6.
• LINS, Robson Maia. Curso de Direito Tributário Brasileiro. São Paulo, Noeses,
2019. Capítulo 4 primeira parte.
• MCNAUGHTON, Charles William. Hierarquia e Sistema Tributário. São Paulo:
Quartier Latin, 2011. Capítulo VIII.
• MOUSSALLEM, Tárek Moysés .Classificação dos tributos: uma visão analítica .In:
CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET, v.4, 2007, São
Paulo. Tributação e processo. São Paulo: Noeses, 2007, p. 601-637. Capítulos 7 e
9.
• MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributária. 2.ed. São Paulo:
Noeses, 2011. Capítulo V, itens 5.3 e 5.4.

Questões
1. Que são fontes do “Direito”? Qual a utilidade do estudo das fontes do direito
tributário? Defina o conceito de direito e relacione-o com o conceito de
fontes do direito.
2. Os costumes, a doutrina, os princípios de direito, a jurisprudência e o fato
jurídico tributário são fontes do direito? E as indicações jurisprudenciais e
doutrinárias, contidas nas decisões judiciais são concebidas como “fontes de
direito”?
3. Quais são os elementos que diferenciam o conceito de fontes do Direito
adotado pela doutrina tradicional e da doutrina de Paulo de Barros
Carvalho? Relacione o conceito de fontes do Direito de acordo com a
doutrina de Paulo de Barros Carvalho com a atividade da autoridade
administrativa que realiza o lançamento de ofício. Há diferença quando o
crédito é constituído pelo contribuinte?
4. Quais as diferenças entre ciência do direito e direito positivo? Desenvolva o
fundamento descrito por Tárek Moysés Moussallem no sentido de que o
“nascedouro do direito altera-se de acordo com a ciência que o investiga”. Sob
esse referencial, qual sua opinião sobre as fontes do direito para a ciência
do direito?
5. Que posição ocupa, no sistema jurídico, norma inserida por lei
complementar que dispõe sobre matéria de lei ordinária? Para sua
revogação é necessária norma veiculada por lei complementar? (Vide
anexos I, II, III IV e V).
6. O preâmbulo da Constituição Federal e a exposição de motivos integram o
direito positivo? São fontes do direito? (Vide anexos VI e VII).
7. A Emenda Constitucional n. 42/03 previu a possibilidade de instituição da
PIS/COFINS-importação. O Governo Federal editou a Lei n. 10.865/04
instituindo tal exação. (a) Identificar as fontes materiais e formais da
Constituição Federal, da Emenda 42/03 e da Lei 10.865/04. (b) Pedro
Bacamarte realiza uma operação de importação em 11/08/05; este fato é
fonte material do direito? (c) O ato de ele formalizar o crédito tributário no
desembaraço aduaneiro e efetuar o pagamento antecipado é fonte do
direito?
8. Diante do fragmento de direito positivo abaixo, responda:
LEI N. 10.168, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2000, D.O.30/12/2000

Institui contribuição de intervenção de domínio econômico destinada a financiar o


Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação e
dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica instituído o Programa de Estímulo à Interação Universidade-
Empresa para o Apoio à Inovação, cujo objetivo principal é estimular o
desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa
científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de
pesquisa e o setor produtivo.
Art. 2º Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior,
fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida
pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de
conhecimentos tecnológicos, bem como, aquela signatária de contratos que
impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou
domiciliados no exterior.
1 §º Consideram-se, para fins desta Lei, contratos de transferência de
tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os
de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica.
1 §º-A. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a
remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou
distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a
transferência da correspondente tecnologia. (Incluído pela Lei n.. 11452, de
2007).
2 §º A partir de 1º de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput
deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias
de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência
administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou
domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem,
creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer
título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. (Redação da
pela Lei 10.332, de 19.12.2001).
3 §º A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues,
empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no
exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no
caput e no § 2º deste artigo. (Redação da pela Lei 10.332, de 19.12.2001).
4 §º A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cento). (Redação da
pela Lei 10332, de 19.12.2001).
(...)
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos
fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2001.
Brasília, 29 de dezembro de 2000; 179º da Independência e 112º da
República.
(FERNANDO HENRIQUE CARDOSO)
a) Identifique os seguintes elementos da Lei n. 10.168/00: (i) enunciados-
enunciados, (ii) enunciação-enunciada, (iii) instrumento introdutor de
norma, (iv) fonte material, (v) fonte formal, (vi) procedimento, (vii) sujeito
competente, (viii) preceitos gerais e abstratos e (ix) norma geral e concreta.
b) Os enunciados inseridos na Lei n. 10.168/00 pelas Leis n. 11.452/07 e n.
10.332/01 passam a pertencer à Lei n. 10.168/00 ou ainda são parte
integrante dos veículos que os introduziram no ordenamento? No caso de
expressa revogação da Lei n. 10.168/00, como fica a situação dos
enunciados veiculados pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01? Pode-se
dizer que também são revogados, mesmo sem a revogação expressa dos
veículos que os inseriram?

Sugestão para pesquisa suplementar


• Itens 1.3 e 1.4, do Capítulo 1 do livro Decadência e prescrição no direito tributário, de
Eurico Marcos Diniz de Santi. São Paulo: Saraiva .
• Capítulo III – “Fontes da interpretação do direito tributário” do livro
Compêndio de legislação tributária, de Rubens Gomes de Sousa. São
Paulo: Resenha Tributária.
• Capítulo V – “Tridimensionalidade e fontes do direito tributário” do
Curso de direito tributário, de Ruy Barbosa Nogueira. São Paulo: Saraiva .
• Capítulos XII, XIII e XIV do livro Lições preliminares de direito de Miguel Reale.
São Paulo: Saraiva.

Anexo I
AI n.702.533/RJ
DJ 26/04/2013
(...) 2. Revogação pelo art. 56 da Lei 9.430/96 da isenção concedida às
sociedades civis de profissão regulamentada pelo art. 6º, II, da Lei
Complementar 70/91. Legitimidade. 3. Inexistência de relação hierárquica
entre lei ordinária e lei complementar. Questão exclusivamente constitucional,
relacionada à distribuição material entre as espécies legais. Precedentes. 4. A
LC 70/91 é apenas formalmente complementar, mas materialmente ordinária,
com relação aos dispositivos concernentes à contribuição social por ela
instituída. ADC 1, Rel. Moreira Alves, RTJ 156/721. 5. Recurso extraordinário
conhecido mas negado provimento. 3. O pronunciamento exarado pelo
Tribunal de origem não divergiu desse entendimento. 4. Agravo regimental
desprovido.

Anexo II
ARE n.669.072/MG
DJ 31/08/2015
1. O entendimento adotado pela Corte de origem, nos moldes do assinalado
na decisão agravada, não diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste
Supremo Tribunal Federal, no sentido da inexistência de reserva de lei
complementar para dispor sobre isenção pertinente à Cofins, bem como ausente
relação hierárquica entre lei complementar e lei ordinária (art. 59 da
Constituição) porquanto, em matéria tributária, a reserva de lei complementar é
definida em razão da matéria. 2. Obstada a análise da suposta afronta aos incisos
II e LV do artigo 5º da Carta Magna, porquanto dependeria de prévia análise da
legislação infraconstitucional aplicada à espécie, procedimento que refoge à
competência jurisdicional extraordinária desta Corte Suprema, a teor do art. 102
da Magna Carta. 3. Inexiste violação do artigo 93, IX, da Constituição Federal. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o referido
dispositivo constitucional exige a explicitação, pelo órgão jurisdicional, das
razões do seu convencimento, dispensando o exame detalhado de cada
argumento suscitado pelas partes. 4. As razões do agravo regimental não se
mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada. 5.
Agravo regimental conhecido e não provido.

Anexo III
RESP n. 371.214/MG
TRIBUTÁRIO. COFINS. ISENÇÃO. SOCIEDADES CIVIS PRESTADORAS DE
SERVIÇOS. PRECEDENTES.
1. A Lei Complementar n. 70/91, de 30/12/1991, em seu art. 6º, II,
isentou, expressamente, da contribuição da COFINS, as sociedades civis de que
trata o art. 1º, do Decreto-Lei n. 2.397, de 22/12/1987, sem exigir qualquer
outra condição senão as decorrentes da natureza jurídica das mencionadas
entidades.
2. Em consequência da mensagem concessiva de isenção contida no art.
6º, II, da LC n. 70/91, fixa-se o entendimento de que a interpretação do referido
comando posto em Lei Complementar, consequentemente, com potencialidade
hierárquica em patamar superior à legislação ordinária, revela que será
abrangida pela isenção da COFINS as sociedades civis que, cumulativamente,
apresentem os seguintes requisitos:
– seja sociedade constituída exclusivamente por pessoas físicas
domiciliadas no Brasil;
– tenha por objetivo a prestação de serviços profissionais relativos ao exercício
de profissão legalmente regulamentada; e
– esteja registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
3. Outra condição não foi considerada pela Lei Complementar, no seu art.
6º, II, para o gozo da isenção, especialmente o tipo de regime tributário
adotado para fins de incidência ou não de Imposto de Renda.
4. Posto tal panorama, não há suporte jurídico para se acolher a tese da
Fazenda Nacional de que há, também, ao lado dos requisitos acima elencados,
um último, o do tipo de regime tributário adotado pela sociedade. A Lei
Complementar não faz tal exigência, pelo que não cabe ao intérprete criá-la.
5. É irrelevante o fato de a recorrente ter optado pela tributação dos seus
resultados com base no lucro presumido, conforme lhe permite o art. 71, da
Lei n. 8.383/91 e os arts. 1º e 2º, da Lei 8.541/92. Essa opção terá reflexos
para fins de pagamento do Imposto de Renda. Não afeta, porém, a isenção
concedida pelo art. 6º, II, da Lei Complementar n. 70/91, haja vista que esta,
repita-se, não colocou como pressuposto para o gozo da isenção o tipo de
regime tributário seguido pela sociedade civil.
6. A revogação da isenção pela Lei n. 9.430/96 fere, frontalmente, o
princípio da hierarquia das leis, visto que tal revogação só poderia ter sido
veiculada por outra lei complementar.
7. Recurso provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux, Garcia Vieira e Humberto
Gomes de Barros votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília (DF), 05 de fevereiro de 2002 (Data do Julgamento).
MINISTRO FRANCISCO FALCÃO
Presidente
MINISTRO JOSÉ DELGADO
Relator

Anexo IV
AC n. 2209 AgRg/MG
DJ 26/03/2010
COOPERATIVA. COFINS. PIS. ISENÇÃO. REVOGAÇÃO POR MEDIDA
PROVISÓRIA. ALEGADA VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA HIERARQUIA ENTRE AS
LEIS. CONTRARIEDADE AO DEVER DE PROVER ADEQUADO
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO AO ATO COOPERADO (ART. 146, III, C DA
CONSTITUIÇÃO). ATO COOPERADO. ALEGADA INEXISTÊNCIA DE INTUITO
COMERCIAL OU LUCRATIVO. DESCARACTERIZAÇÃO DO INGRESSO DE
VALORES COMO FATURAMENTO. LEI 5.764/1971, ART. 79. 1. Em razão da
preclusão e da força do trânsito em julgado, somente cabe a propositura e o
exame de novos pleitos cautelares se houver substancial modificação do quadro
fático-jurídico, que justifique a densa probabilidade de conhecimento e
provimento do recurso extraordinário. Situação descaracterizada, dada a
reiteração dos argumentos apresentados por ocasião do exame da primeira
medida liminar pleiteada, cujo resultado parcialmente favorável ao contribuinte
não foi objeto de recurso. 2. Compete ao recorrente atacar de forma específica
os fundamentos da decisão recorrida. Menção, na decisão agravada, à primeira
medida liminar quanto à inexistência de periculum in mora. Ponto não
enfrentado. “O risco ordinário da falta de eficácia suspensiva [do recurso
extraordinário] não basta à concessão do efeito pretendido, senão toda
interposição de recurso extraordinário por contribuinte reclamaria tal efeito”
(AC 1.192-MC, rel. min. Sepúlveda Pertence, DJ de 16.05.2006). 3. Ausência de
densa plausibilidade das teses arregimentadas. O art. 146, III, c da Constituição
não implica imunidade ou tratamento necessariamente privilegiado às
cooperativas. Conforme orientação desta Corte, em matéria tributária, não
há hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, nem a observância de
simetria entre as formas para revogar isenções. A circunstância de dado tributo
estar sujeito às normas gerais em matéria tributária não significa que eles
deverão ser instituídos por lei complementar, ou então que qualquer norma que
se refira ao respectivo crédito tributário também deva ser criada por lei
complementar. A concessão de isenções ou outros benefícios fiscais, bem como
a instituição dos critérios das regras-matrizes dos tributos não têm perfil de
normas gerais (normas destinadas a coordenar o tratamento tributário em
todos os entes federados), embora delas extraiam fundamento de validade. Não
é possível, sem profundo exame da questão de fundo, considerar como violada
a regra da isonomia e da capacidade contributiva, considerada a tributação das
cooperativas, em si consideradas (de trabalho, crédito, consumo etc), e
comparadas com as demais pessoas jurídicas. Não está completamente afastada
a predominância da interpretação da legislação infraconstitucional e da análise
do quadro probatório para descaracterização dos ingressos oriundos da prática
de atos por cooperativas como faturamento. Agravo regimental conhecido, mas
ao qual se nega provimento.

Anexo V
RE 584378
Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. PIS E COFINS INCIDENTES SOBRE A IMPORTAÇÃO.
LEGITIMIDADE RECONHECIDA POR ESTA CORTE. INSTITUIÇÃO MEDIANTE
LEI COMPLEMENTAR. DESNECESSIDADE. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA
ISONOMIA E DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INOCORRÊNCIA. 1. O Supremo
Tribunal Federal, ao julgar o RE 559.937-RG, decidiu pela legitimidade das
contribuições denominadas PIS/PASEP-importação e COFINS-importação,
declarando a inconstitucionalidade somente em relação à base de cálculo
trazida pela Lei nº 10.865/2004, no tocante à inclusão do ICMS e das próprias
contribuições. 2. No julgamento do RE 559.937-RG, admitido sob a sistemática
da repercussão geral, a Ministra Ellen Gracie assinalou que as contribuições ao
PIS/PASEP-importação e COFINS-importação podem ser instituídas
validamente por lei ordinária. 3. Inaplicável o art. 85, §11, do CPC/2015, uma
vez que não é cabível, na hipótese, condenação em honorários advocatícios
(art. 25, Lei nº 12.016/2009 e Súmula 512/STF). 4. Agravo interno a que se
nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, §4º, do
CPC/2015. (RE 584378 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira
Turma, julgado em 29/09/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-235 DIVULG 13-
10-2017 PUBLIC 16-10-2017)

Anexo VI
ADI n. 3510/DF
DJ 27/05/2010
O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana opera por modo
binário, o que propicia a base constitucional para um casal de adultos recorrer
a técnicas de reprodução assistida que incluam a fertilização artificial ou “in
vitro”. De uma parte, para aquinhoar o casal com o direito público subjetivo à
“liberdade” (preâmbulo da Constituição e seu art. 5º), aqui entendida como
autonomia de vontade. De outra banda, para contemplar os porvindouros
componentes da unidade familiar, se por eles optar o casal, com planejadas
condições de bem-estar e assistência físico-afetiva (art. 226 da CF).

Anexo VII
ADI n. 2076/AC
DJ 08/08/2003
CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I.
– Normas centrais da Constituição Federal: essas normas são de reprodução
obrigatória na Constituição do Estado-membro, mesmo porque, reproduzidas, ou
não, incidirão sobre a ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404).
II. – Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da
proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na
Constituição estadual, não tendo força normativa. III. – Ação direta de
inconstitucionalidade julgada improcedente. “O preâmbulo, ressai das lições
transcritas, não se situa no âmbito do Direito, mas no domínio da política,
refletindo posição ideológica do constituinte. É claro que uma Constituição que
consagra princípios democráticos, liberais, não poderia conter preâmbulo que
proclamasse princípios diversos. Não contém o preâmbulo, portanto, relevância
jurídica. O preâmbulo não constitui norma central da Constituição, de reprodução
obrigatória na Constituição do Estado-Membro. O que acontece é que o preâmbulo
contém, de regra, proclamação ou exortação no sentido dos princípios inscritos na
Carta: princípio do Estado Democrático de Direito, princípio republicano, princípio
dos direitos e garantias etc. Esses princípios, sim, inscritos na Constituição,
constituem normas centrais de reprodução obrigatória, ou que não pode a
Constituição do Estado-membro dispor de forma contrária, dado que, reproduzidos,
ou não, na Constituição estadual, incidirão na ordem local.” Voto de Carlos Velloso.

Seminário IV
INTERPRETAÇÃO, VALIDADE, VIGÊNCIA E
EFICÁCIA DAS NORMAS TRIBUTÁRIAS
Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São Paulo:
Noeses, 2018, Capítulo III, primeira parte da obra e, item 2.4 (Sistema e norma:
validade, vigência, eficácia e interpretação da legislação tributária) da segunda parte
do livro.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo:
Saraiva, 2019, Capítulo IV.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: Fundamentos Jurídicos da
Incidência. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2015, Capítulo I, itens 15 (Validade como
relação de pertinência da norma com o sistema), 16, 17 e 18 (A interpretação do
direito e os limites da interdisciplinariedade).
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. Vol. I.
2 Ed. São Paulo: Noeses, 2014, Tema II (As normas interpretativas no direito
tributário: análise do art. 3º da Lei Complementar n. 118/05 e seus efeitos
jurídicos).

Leitura complementar
• ADEODATO, João Maurício. Uma teoria retórica da norma jurídica e do direito
subjetivo. São Paulo: Noeses, 2011. Capítulos 8 e 9.
• BEZERRA NETO, Bianor Arruda. O que define um julgamento e quais são os limites
do juiz: valores, hermenêutica e argumentação para a construção de uma teoria
da decisão judicial. São Paulo: Noeses, 2017. Capítulo 3.
• CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito: o
constructivismo lógico-semântico. 5. ed. São Paulo: Noeses, 2016. Capítulos VII,
XVII e XVIII.
• CARVALHO, Paulo de Barros. O absurdo da interpretação econômica do “fato
gerador” – Direito e sua autonomia – O paradoxo da interdisciplinaridade. Revista
de Direito Tributário, n. 97.
• GAMA, Tácio Lacerda. Competência tributária, fundamentos para uma teoria da
nulidade. 2.ed. São Paulo: Noeses, 2011. Capítulo 11.
• MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributária. 2.ed. São Paulo:
Noeses, 2011. Itens 3.5 a 3.8 do Capítulo III.

Questões
1. Que significa afirmar que uma norma “N” é válida? Diferençar: (i) validade,
(ii) vigência; (iii) eficácia jurídica; (iv) eficácia técnica e (v) eficácia social.
2. Descreva o percurso gerador de sentido dos textos jurídicos explicando os
planos: (i) dos enunciados tomados no plano da expressão (S1); (ii) dos
conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2); (iii) das
significações normativas (S3); (iv) das relações entre normas (S4).
3. Há um sentido correto para os textos jurídicos? Faça uma crítica aos métodos
hermenêuticos tradicionais. É possível falar em interpretação teleológica e
literal no direito tributário? E em interpretação econômica? Justifique. (Vide
anexos I e II).
4. A Lei “A” foi promulgada no dia 01/06/12 e publicada no dia 30 de junho
desse mesmo mês e ano. A Lei “B” foi promulgada no dia 10/06/12, tendo
sido publicada no dia 20 desse mesmo mês e ano. Na hipótese de antinomia
entre os dois diplomas normativos, qual deles deve prevalecer? Justificar.
5. Compete ao legislativo a positivação de interpretações? Existe lei puramente
interpretativa? Tem aplicabilidade o art. 106, I, do CTN ao dispor que a lei
tributária interpretativa se aplica ao fato pretérito? Como confrontar este
dispositivo do CTN com o princípio da irretroatividade? (Vide anexos III e IV).
6. Dada a seguinte lei fictícia, responder às questões que seguem:
Lei ordinária federal n. 10.001, de 10/10/2015 (DO de 01/11/2015)
Art. 1º Esta taxa de licenciamento de veículo tem como fato gerador a
propriedade de veículo automotor com registro de domicílio no território
nacional.
Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é o valor venal do veículo.
Parágrafo único. A alíquota é de 1%.
Art. 3º Contribuinte é o proprietário do veículo.
Art. 4º Dá-se a incidência dessa taxa no primeiro dia do quarto mês de cada
exercício, devendo o contribuinte que se encontrar na situação descrita pelo
art. 1º dessa lei, desde logo, informar até o décimo dia deste mesmo mês,
em formulário próprio (FORMGFA043), o valor venal, o tipo, a marca, o ano
e a cilindrada do respectivo veículo.
Art. 5º A importância devida, a título de taxa, deve ser recolhida até o
décimo dia do mês subsequente, sob pena de multa de 10% sobre o valor
do tributo devido.
Art. 6º Diante da não emissão do formulário (FORMGFA043) na data
aprazada, poderá, a autoridade fiscal competente lavrar Auto de Infração e
Imposição de Multa, em decorrência da não observância dessa obrigação,
impondo multa de 50% sobre o valor do tributo devido.
(...)
a) Em 01/06/2017, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em ação direta
(com efeito erga omnes), pela inconstitucionalidade desta lei federal.
Identificar nas datas abaixo fixadas, segundo os critérios indicados, a
situação jurídica da regra que instituiu o tributo, justificando cada uma das
situações:
11/10/20 01/11/20 01/02/20 01/04/20 01/07/20
Critérios\
15 15 16 16 17
datas

É válida

É vigente

Incide

Apresenta
eficácia
jurídica

7. Uma lei inconstitucional (produzida materialmente em desacordo com a


Constituição Federal – porém ainda não submetida ao controle de
constitucionalidade) é válida? O vício de inconstitucionalidade pode ser
sanado por emenda constitucional posterior? (Vide anexo V).
8. Leia atentamente abaixo a sucessão de fatos no tempo:
FATO 1 – A lei n. 9.528/97, alterando o art. 25 da Lei n. 8.212/91, estabeleceu
que:
“Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial
referidos, respectivamente, na alínea “a” do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta
Lei, destinada a Seguridade Social, é de:
I - 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção;
II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para o
financiamento das prestações por acidente do trabalho.”
FATO 2 – Emenda Constitucional 20/1998 alterou a redação do art. 195,
inciso I, da Constituição Federal.
REDAÇÃO NOVA:
Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
REDAÇÃO ANTERIOR:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais:
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro;
II - dos trabalhadores;
FATO 3 – O STF, em controle difuso, declarou inconstitucional o art. 25,
incisos I e UU, da Lei n. 8.212/91, com as alterações promovidas pela lei n.
9.528/97:
(RE 363852, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
03/02/2010, DJe-071 DIVULGAÇÃO 22-04-2010 PUBLICAÇÃO 23-04-2010):
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO - PRESSUPOSTO ESPECÍFICO - VIOLÊNCIA À
CONSTITUIÇÃO - ANÁLISE - CONCLUSÃO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL -
COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS - PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS -
SUB-ROGAÇÃO - LEI Nº 8.212/91 - ARTIGO 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL -
PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 - UNICIDADE DE
INCIDÊNCIA - EXCEÇÕES - COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL - PRECEDENTE -
INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR. Ante o texto constitucional, não subsiste
a obrigação tributária sub-rogada do adquirente, presente a venda de bovinos por
produtores rurais, pessoas naturais, prevista nos artigos 12, incisos V e VII, 25,
incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das
Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Aplicação de leis no tempo - considerações.”
FATO 4 – A lei 10.256/2001, alterou o caput do artigo 25 da Lei n. 8.212/91:
“Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à
contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial,
referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta
Lei, destinada à Seguridade Social, é de:”
FATO 5 - O STF reconheceu a constitucionalidade da contribuição do
empregador rural pessoa física ao Fundo de Assistência ao Trabalhador
Rural (FUNRURAL):
(RE 718874, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-219 DIVULG 26-09-2017
PUBLIC 27-09-2017 REPUBLICAÇÃO: DJe-225 DIVULG 02-10-2017 PUBLIC 03-10-
2017) Ementa: TRIBUTÁRIO. EC 20/98. NOVA REDAÇÃO AO ARTIGO 195, I DA CF.
POSSIBILIDADE DE EDIÇÃO DE LEI ORDINÁRIA PARA INSTITUIÇÃO DE
CONTRIBUIÇÃO DE EMPREGADORES RURAIS PESSOAS FÍSICAS INCIDENTE
SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. CONSTITUCIONALIDADE DA
LEI 10.256/2001. 1.A declaração incidental de inconstitucionalidade no
julgamento do RE 596.177 aplica-se, por força do regime de repercussão geral, a
todos os casos idênticos para aquela determinada situação, não retirando do
ordenamento jurídico, entretanto, o texto legal do artigo 25, que, manteve vigência
e eficácia para as demais hipóteses. 2. A Lei 10.256, de 9 de julho de 2001 alterou o
artigo 25 da Lei 8.212/91, reintroduziu o empregador rural como sujeito passivo
da contribuição, com a alíquota de 2% da receita bruta proveniente da
comercialização da sua produção; espécie da base de cálculo receita, autorizada
pelo novo texto da EC 20/98. 3. Recurso extraordinário provido, com afirmação de
tese segundo a qual É constitucional formal e materialmente a contribuição social
do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a
receita bruta obtida com a comercialização de sua produção.
FATO 6 – Resolução do Senado n. 15/2017:
“Art. 1º É suspensa ,nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a
execução do inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e a
execução do art. 1º da Lei nº 8.540, de 22 de dezembro de 1992, que deu nova
redação ao art. 12, inciso V, ao art. 25, incisos I e II, e ao art. 30, inciso IV, da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991, todos com a redação atualizada até a Lei nº 9.528, de
10 de dezembro de 1997, declarados inconstitucionais por decisão definitiva
proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº
363.852.”
Considerando as ocorrências acima, responda fundamentadamente:
a) Em dezembro de 1999, é possível afirmar que o art. 25, incisos I e II, da
Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97) é válido, vigente e possui
eficácia técnica?
b) A decisão na RE 363.852 é capaz de alcançar a validade, vigência ou a
eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n.
9.528/97)?
c) Quais os efeitos da Resolução do Senado n. 15/2017 no que se refere à
Vigência, validade e eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98
(redação dada pela lei n. 9.528/97)?
d) A decisão no RE 718.874 alcança a validade, vigência ou eficácia do art.
25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97)?

Sugestão para pesquisa suplementar


• Artigo: “O artigo 3º da lei complementar 118/2005, princípio da irretroatividade e
lei interpretativa”, de Paulo de Barros Carvalho.
• Artigo: “Competências comunicativas e o tema da validade no direito”, de Tácio
Lacerda Gama, in Constructivismo lógico-semântico, vol. I, Paulo de Barros Carvalho
(Coord.). São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Teoria dos valores e a importância dos princípios na interpretação do
direito”, de Olívia Tonello Mendes Ferreira, in Constructivismo lógico-semântico,
vol. I, Paulo de Barros Carvalho (Coord.). São Paulo: Noeses.
• Itens 1.9 e 1.10, do Capítulo 1 do livro A prova no direito tributário, de Fabiana
Del Padre Tomé. São Paulo: Noeses.
• Item 4.3.2 – “Conceptualização dogmática do ordenamento: validade, vigência,
eficácia e força” do livro Introdução ao estudo do direito, de Tercio Sampaio Ferraz
Júnior. São Paulo: Saraiva.
• Capítulo III do livro A validade jurídica pré e pós-giro linguístico, de Sônia Maria
Broglia Mendes. São Paulo: Noeses .
• Capítulo I do livro Os limites à interpretação da norma tributária, de Tathiane dos
Santos Piscitelli. São Paulo: Quartier Latin.
• Capítulo III, itens 4.3.1 a 4.3.3, do livro Tributação do comércio eletrônico, de Daniela de
Andrade Braghetta. São Paulo: Quartier Latin.
• Itens 3.6 e 3.7 do Cap. III do livro Ficções jurídicas no direito tributário, de
Cristiano Carvalho. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Interpretação restritiva no direito tributário”, de Tárek Moysés
Moussallem, in VII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET.

Anexo I
RE 606.107/RS
DJ 25/11/2013
IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO
INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS
DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I – Esta Suprema Corte, nas inúmeras
oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional
aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do
instituto, a emprestar-lhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma
supralegal máxima efetividade. II – A interpretação dos conceitos utilizados pela
Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se
insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita,
por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos
dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que
fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF).
Em ambos os casos, trata-se de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o
alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da
atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na
aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade,
imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que
a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e
gere distorções concorrenciais. IV – O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja
finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais
do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras
exportem produtos, e não tributos -, imuniza as operações de exportação e
assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado
nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a
contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de
frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido
pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito
contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei
10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao
PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas,
“independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que
a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e
planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida
para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum
subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também
para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras
próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita
bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no
patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou
condições. VI – O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída
imune para o exterior não gera receita tributável. Cuida-se de mera
recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente
pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII – Adquirida a mercadoria,
a empresa exportadora pode creditar-se do ICMS anteriormente pago, mas
somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída
da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996).
Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além
de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do
ICMS, as verbas respectivas qualificam-se como decorrentes da exportação
para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII –
Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da
contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos
por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de
ICMS. IX – Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e
195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário
conhecido e não provido, aplicando-se aos recursos sobrestados, que versem
sobre o tema decidido, o art. 543-B, § 3º, do CPC. RE 606107/RS , DJ
25/11/2013.

Anexo II
REsp 1.325.709/RJ
DJ 20/05/2014
MANDADO DE SEGURANÇA DENEGADO NA ORIGEM. APELAÇÃO. EFEITO
APENAS DEVOLUTIVO. PRECEDENTE. NULIDADE DOS ACÓRDÃOS
RECORRIDOS POR IRREGULARIDADE NA CONVOCAÇÃO DE JUIZ FEDERAL.
NÃO PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356/STF. IRPJ E CSLL. LUCROS
OBTIDOS POR EMPRESAS CONTROLADAS NACIONAIS SEDIADAS EM PAÍSES
COM TRIBUTAÇÃO REGULADA. PREVALÊNCIA DOS TRATADOS SOBRE
BITRIBUTAÇÃO ASSINADOS PELO BRASIL COM A BÉLGICA (DECRETO
72.542/73), A DINAMARCA (DECRETO 75.106/74) E O PRINCIPADO DE
LUXEMBURGO (DECRETO 85.051/80). EMPRESA CONTROLADA SEDIADA
NAS BERMUDAS. ART. 74, CAPUT DA MP 2.157-35/2001. DISPONIBILIZAÇÃO
DOS LUCROS PARA A EMPRESA CONTROLADORA NA DATA DO BALANÇO NO
QUAL TIVEREM SIDO APURADOS, EXCLUÍDO O RESULTADO DA
CONTRAPARTIDA DO AJUSTE DO VALOR DO INVESTIMENTO PELO MÉTODO
DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL.1. Afasta-se a alegação de nulidade dos
acórdãos regionais ora recorridos, por suposta irregularidade na convocação
de Juiz Federal que funcionou naqueles julgamentos, ou na composição da
Turma Julgadora; inocorrência de ofensa ao Juiz Natural, além de ausência de
prequestionamento. Súmulas 282 e 356/STF. Precedentes desta Corte. 2. Salvo
em casos excepcionais de flagrante ilegalidade ou abusividade, ou de dano
irreparável ou de difícil reparação, o Recurso de Apelação contra sentença
denegatória de Mandado de Segurança possui apenas o efeito devolutivo.
Precedente: AgRg no AREsp. 113.207/SP, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe
03/08/2012. 3. A interpretação das normas de Direito Tributário não se orienta
e nem se condiciona pela expressão econômica dos fatos, por mais avultada que
seja, do valor atribuído à demanda, ou por outro elemento extrajurídico; a
especificidade exegética do Direito Tributário não deriva apenas das
peculiaridades evidentes da matéria jurídica por ele regulada, mas sobretudo da
singularidade dos seus princípios, sem cuja perfeita absorção e efetivação, o
afazer judicial se confundiria com as atividades administrativas fiscais. 4. O
poder estatal de arrecadar tributos tem por fonte exclusiva o sistema tributário,
que abarca não apenas a norma regulatória editada pelo órgão competente, mas
também todos os demais elementos normativos do ordenamento, inclusive os
ideológicos, os sociais, os históricos e os operacionais; ainda que uma norma seja
editada, a sua efetividade dependerá de harmonizar-se com as demais
concepções do sistema: a compatibilidade com a hierarquia internormativa, os
princípios jurídicos gerais e constitucionais, as ilustrações doutrinárias e as
lições da jurisprudência dos Tribunais, dentre outras. 5. A jurisprudência desta
Corte Superior orienta que as disposições dos Tratados Internacionais
Tributários prevalecem sobre as normas de Direito Interno, em razão da sua
especificidade. Inteligência do art. 98 do CTN. Precedente: (RESP 1.161.467-
RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe 01.06.2012). 6. O art. VII do Modelo de
Acordo Tributário sobre a Renda e o Capital da OCDE utilizado pela maioria
dos Países ocidentais, inclusive pelo Brasil, conforme Tratados Internacionais
Tributários celebrados com a Bélgica (Decreto 72.542/73), a Dinamarca
(Decreto 75.106/74) e o Principado de Luxemburgo (Decreto 85.051/80),
disciplina que os lucros de uma empresa de um Estado contratante só são
tributáveis nesse mesmo Estado, a não ser que a empresa exerça sua atividade
no outro Estado Contratante, por meio de um estabelecimento permanente ali
situado (dependência, sucursal ou filial); ademais, impõe a Convenção de Viena
que uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para
justificar o inadimplemento de um tratado (art. 27), em reverência ao princípio
basilar da boa-fé. 7. No caso de empresa controlada, dotada de personalidade
jurídica própria e distinta da controladora, nos termos dos Tratados
Internacionais, os lucros por ela auferidos são lucros próprios e assim
tributados somente no País do seu domicílio; a sistemática adotada pela
legislação fiscal nacional de adicioná-los ao lucro da empresa controladora
brasileira termina por ferir os Pactos Internacionais Tributários e infringir o
princípio da boa-fé nas relações exteriores, a que o Direito Internacional não
confere abono. 8. Tendo em vista que o STF considerou constitucional o caput
do art. 74 da MP 2.158-35/2001, adere-se a esse entendimento, para
considerar que os lucros auferidos pela controlada sediada nas Bermudas, País
com o qual o Brasil não possui acordo internacional nos moldes da OCDE,
devem ser considerados disponibilizados para a controladora na data do
balanço no qual tiverem sido apurados. 9. O art. 7º, § 1º da IN/SRF 213/02
extrapolou os limites impostos pela própria Lei Federal (art. 25 da Lei
9.249/95 e 74 da MP 2.158-35/01) a qual objetivou regular; com efeito,
analisando-se a legislação complementar ao art. 74 da MP 2.158-35/01,
constata-se que o regime fiscal vigorante é o do art. 23 do DL 1.598/77, que em
nada foi alterado quanto à não inclusão, na determinação do lucro real, dos
métodos resultantes de avaliação dos investimentos no Exterior, pelo método
da equivalência patrimonial, isto é, das contrapartidas de ajuste do valor do
investimento em sociedades estrangeiras controladas. 10. Ante o exposto,
conheço do recurso e dou-lhe parcial provimento, concedendo em parte a
ordem de segurança postulada, para afirmar que os lucros auferidos nos Países
em que instaladas as empresas controladas sediadas na Bélgica, Dinamarca e
Luxemburgo, sejam tributados apenas nos seus territórios, em respeito ao art.
98 do CTN e aos Tratados Internacionais em causa; os lucros apurados por
Brasamerican Limited, domiciliada nas Bermudas, estão sujeitos ao art. 74,
caput da MP 2.158-35/2001, deles não fazendo parte o resultado da
contrapartida do ajuste do valor do investimento pelo método da equivalência
patrimonial. REsp 1.325.709/RJ, DJ 20/05/2014.

Anexo III
ADI-MC n. 6053/DF
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – MEDIDA PROVISÓRIA DE
CARÁTER INTEPRETATIVO – LEIS DE CONVERSÃO POR MEDIDA PROVISÓRIA
– PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE – CARÁTER RELATIVO – LEIS
INTERPRETATIVAS E APLICAÇÃO RETROATIVA – REITERAÇÃO DE MEDIDA
PROVISÓRIA SOBRE MATÉRIA APRECIADA E REJEITADA PELO CONGRESSO
NACIONAL – PLAUSIBILIDADE JURÍDICA – AUSÊNCIA DO “PERICULUM IN
MORA” – INDEFERIMENTO DA CAUTELAR.
– É plausível, em face do ordenamento constitucional brasileiro, o
reconhecimento da admissibilidade das leis interpretativas, que configuram
instrumento juridicamente idôneo de veiculação da denominada interpretação
autêntica.
– As leis interpretativas – desde que reconhecida a sua existência em
nosso sistema de direito positivo – não traduzem usurpação das atribuições
institucionais do Judiciário e, em consequência, não ofendem o postulado
fundamental da divisão funcional do poder.
– Mesmo as leis interpretativas expõem-se ao exame e à interpretação dos
juízes e tribunais. Não se revelam, assim, espécies normativas imunes ao
controle jurisdicional.
– A questão da interpretação de leis de conversão por medida provisória
editada pelo Presidente da República.
– O princípio da irretroatividade somente condiciona a atividade jurídica
do Estado nas hipóteses expressamente previstas pela Constituição, em ordem
a inibir a ação do Poder Público eventualmente configuradora de restrição
gravosa (a) ao “status libertatis” da pessoa (CF, art. 5º, XL), (b) ao “status
subjectionis” do contribuinte em matéria tributária (CF, art. 150, III, “a”) e (c) à
segurança jurídica no domínio das relações sociais (CF, art. 5º, XXXVI).
– Na medida em que a retroprojeção normativa da lei não gere e nem
produza os gravames referidos, nada impede que o Estado edite e prescreva atos
normativos com efeito retroativo.
– As leis, em face do caráter prospectivo de que se revestem, devem,
ordinariamente, dispor para o futuro. O sistema jurídico-constitucional
brasileiro, contudo, não assentou, como postulado absoluto, incondicional e
inderrogável, o princípio da irretroatividade.
* Sobre a matéria – vide RE n. 566.621/RJ, que representa posição firmada
pelo STF sobre o assunto.

Anexo IV
RE 753.705 AgRg/SC
DJ 05/01/2013
PRAZO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO RETROATIVA DAS NORMAS INSCRITAS NOS
ARTS. 3º E 4º DA LC N. 118/2005, NOTADAMENTE DAQUELA QUE SE REVESTIRIA
DO CARÁTER DE INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA (LC N. 118/2005, ART. 3º).
Descaracterização da natureza interpretativa de referido preceito legal, que
introduziu, no tema, evidente inovação material de índole normativa. Perfil das leis
interpretativas no sistema de direito positivo brasileiro. Inteira submissão de seus
aspectos formais e de seu conteúdo material ao permanente controle de
constitucionalidade do poder judiciário (ADI 605-MC/DF, rel. Min. Celso de Mello).
Incolumidade de situações jurídicas definitivamente consolidadas, tais como
previstas no inciso XXXVI do art. 5º da lei fundamental, como expressão
concretizadora do princípio constitucional da segurança jurídica. Precedente
emanado do plenário do supremo tribunal federal, firmado em julgamento de
recurso extraordinário (RE 566.621/RS), em cujo âmbito também se reconheceu a
existência de repercussão geral. Compensação do PIS/COFINS (lei n. 9.718/98)
com outros tributos. Alegada violação a preceitos constitucionais. Ofensa indireta
à constituição. Contencioso de mera legalidade. Agravo improvido. RE 753.705
AgR/SC, DJ 05/01/2013.

Anexo V
RE n. 346.084/PR
DJ 01/09/2006
CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE – ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI N.
9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 – EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20, DE
15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a
figura da constitucionalidade superveniente.
TRIBUTÁRIO – INSTITUTOS – EXPRESSÕES E VOCÁBULOS – SENTIDO. A
norma pedagógica do artigo 110 do Có digo Tributário Nacional ressalta a
impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance
de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados
expressa ou implicitamente.
Sobrepõe-se ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os
elementos tributá rios.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – PIS – RECEITA BRUTA – NOÇÃ O –
INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI N. 9.718/98.
A jurisprudência do Supremo, ante a redaçã o do artigo 195 da Carta
Federal anterior à Emenda Constitucional n. 20/98, consolidou-se no sentido
de tomar as expressõ es receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindo-
as a venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços.
É inconstitucional o1 § º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98, no que ampliou o
conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por
pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da
classificação contábil adotada.

Seminário V
SEGURANÇA JURÍDICA E PROCESSO: RECURSOS,
AÇÃO RESCISÓRIA
E COISA JULGADA
Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São
Paulo: Noeses, 2018, Item 1.3.6.1 (O sobreprincípio da segurança jurídica) do
Capítulo I da segunda parte.
• Artigo: “Princípio da segurança jurídica em matéria tributária”, de Paulo de Barros
Carvalho, in Revista de Direito Tributário n. 61.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. Vol.
III. São Paulo: Noeses, 2016, Tema XXXIV (Segurança jurídica e modulação dos
efeitos).

Leitura complementar
• AGUIAR, Tatiana. A superposição de discursos vencedores. Análise pragmática das
transformações jurisprudenciais em matéria tributária sob uma visão retórica
realista. São Paulo: Noeses, 2016. Capitulos 8 e 9.
• ARAÚJO, Juliana Furtado Costa. O precedente no novo CPC e suas implicações
tributárias. In: ARAUJO, Juliana Furtado Costa; CONRADO, Paulo Cesar. O novo
CPC e seu impacto no direito tributário. 2 ed. São Paulo: Fiscosoft, 2016.
• CAMILOTTI, José Renato. Precedentes judiciais em matéria tributária no STF,
pragmática da aplicação das súmulas vinculantes e os critérios de verificação para
aplicação e distinção (distinguishing). São Paulo: Noeses, 2018. Capítulos 3 e 4.
• DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência no direito tributário.
São Paulo: Noeses, 2009. Capítulo IV, B e V.
• DINIZ, Marcelo de Lima Castro. Coisa julgada e mudança da jurisprudência:
rescisão, inexistência ou permanência. In: VII Congresso Nacional de Estudos
Tributários do IBET.
• MASSUD, Rodrigo G. N. Coisa julgada, rescisória, súmula STF 343 e Parecer PGFN
n. 492/2011: impactos com o Código de Processo Civil de 2015. In: ARAUJO,
Juliana Furtado Costa; CONRADO, Paulo Cesar. O novo CPC e seu impacto no
direito tributário. 2 ed. São Paulo: Fiscosoft, 2016.
• MASSUD, Rodrigo G. N. Valorização dos precedentes e compensação tributária:
implicações com o Código de Processo Civil de 2015. In: CONRADO, Paulo Cesar.
Processo tributário analítico, vol. III. São Paulo: Noeses, 2016.
• RIBEIRO, Diego Diniz. Coisa julgada, direito judicial e ação rescisória em matéria
tributária. In: CONRADO, Paulo César (Coord.). Processo tributário analítico, vol. II.
São Paulo: Noeses.
• RIBEIRO, Diego Diniz. Precedentes em matéria tributária e o novo CPC. In:
CONRADO, Paulo Cesar (Coord.). Processo tributário analítico, vol. III. São Paulo:
Noeses, 2016.

Questões
1. Tomando o conceito fixado por Paulo de Barros Carvalho3 acerca do
princípio da segurança jurídica:
“dirigido à implantação de um valor específico, qual seja o de coordenar o fluxo das
interações inter-humanas, no sentido de propagar no seio da comunidade social o
sentimento de previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da regulação da conduta.”

Pergunta-se:
a) Que é segurança jurídica? Qual sua relevância?
b) Indicar limites objetivos previstos no direito positivo que resguardam o
valor da segurança jurídica. Indique dispositivos da Constituição Federal de
1988 e do Código Tributário Nacional que confirmem sua resposta.

3. In Curso de direito tributário. 15ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 149.
c) Como poderia ser resguardada a segurança jurídica no contexto social em
hipóteses como a de mudança de orientação de jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, como se deu no caso do direito à manutenção do crédito
de ICMS na hipótese de saída de mercadorias com redução de base de
cálculo (sobre essa questão ver RE 161.031/MG e 174.478/SP – Anexos I e
II)?
d) As prescrições do CPC/15 voltadas à estabilização da jurisprudência vêm
ao encontro da realização da segurança jurídica (vide arts.9 º ,10 ,926, 535,
5 §§º6 ,º7 ,º e 8º 927 ambos do CPC/15)?
2. Qual o conteúdo e alcance do termo “precedente” utilizado pelo CPC/15?
Jurisprudência e precedente são termos sinônimos dentro do sistema jurídico
brasileiro? Os precedentes são normas jurídicas? Se sim, de que tipo? O verbo
“observar”, veiculado pelo art. 927 do CPC/15, significa que os julgadores estão
vinculados aos precedentes judiciais? Esta obrigação pode ser reputada
instrumento hábil para garantia da segurança jurídica? (Vide arts. 926, 927,
988, IV do CPC/15).
3. Uma lei tributária municipal é considerada inconstitucional por uma
associação que possui representação em âmbito estadual. Quais seriam os
caminhos para a discussão da questão com efeitos erga omnes sem que seja
necessária a discussão individual por cada contribuinte? Analise as opções
seguintes motivando as razões do cabimento ou não e, no último caso, o foro
de ajuizamento:
a) Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI:
b) Mandado de Segurança Coletivo:
c) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental:
d) Ação popular:
e) Ação Civil Pública:
f) Ação de rito comum:
4. Pode o Supremo Tribunal Federal, ao julgar Recurso Extraordinário que trate de
matéria tributária modular os efeitos de decisão proferida em sede de controle
difuso de constitucionalidade de forma a lhe dar efeitos ex nunc, proibindo com
efeitos erga omnes a repetição do indébito tributário dos valores recolhidos até a
data do julgamento? Quais os limites previstos em nosso ordenamento para a
modulação de efeitos em controle de constitucionalidade em matéria tributária?
Pode haver modulação de efeitos por meio da edição de Súmula Vinculante? (Vide
o RE 556.664-1, na parte afeta à modulação de efeitos – ementa e parte final da
discussão em Plenário – e a Súmula Vinculante n. 8)
5. A empresa Xpto propôs ação de repetição de indébito tributário em face da
União, obtendo decisão, transitada em julgado junto ao Tribunal Regional
Federal da 1ª Região, reconhecendo a inconstitucionalidade da lei instituidora
do tributo pago e condenando a União na restituição. Iniciada a fase de
cumprimento de sentença contra a União sobreveio decisão de mérito do STF,
em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), julgando a mesma lei
constitucional (isto significa que a referida Adin foi julgada improcedente e que
o controle de constitucionalidade exercido foi o concentrado). Pergunta-se:
a) É necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União objetivando a
desconstituição da coisa julgada para não ter que cumprir a sentença que a
condenou à restituição do tributo? Se afirmativa sua resposta, indicar o
fundamento legal contido no CPC/15 que respalde sua conclusão. Se
negativa sua resposta, justifique-a indicando a solução processual que a
União deve adotar, bem como o dispositivo do CPC/15 que respalde sua
conclusão. (vide Anexo III)
b) Tendo havido modificação posterior da jurisprudência do STF, em
sentido oposto ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de
constitucionalidade, em recurso extraordinário em que houve o
reconhecimento da repercussão geral da matéria, a conclusão a que você
chegou na resposta “a” mudaria? Justifique.
6. Um contribuinte recolheu determinado tributo a partir de uma base de cálculo
prevista em lei. A instrução normativa regulamentadora (IN n. 01/02)
esclareceu que, na base de cálculo, não deveria ser considerado o valor do
transporte pago a terceiro (frete). Um ano depois, a IN n. 03/03 esclareceu que
o frete pago a terceiro integraria a base de cálculo do tributo em questão.
Nesse contexto, o contribuinte consultou você questionando a necessidade de
complementação do recolhimento durante a vigência da IN n. 01/02. O que
você responderia? Analise os arts. 100, 103 e 146 do CTN na resposta.
7. Analisando o ordenamento jurídico como um todo, isto é, as normas de
direito material (constitucional e tributário) e processual civil, texto
constitucional e infralegal, indique mecanismos cuja função no sistema é
dar efetividade à segurança jurídica, justificando sua resposta com motivos
e indicação do dispositivo normativo.
Para auxiliá-lo(a), segue um exemplo: formação da coisa julgada num
processo, mecanismo processual que impede a rediscussão da mesma
questão em outro processo – art. 5º, XXXVI da Constituição Federal/1988, art.
502 do CPC/2015.

Sugestão para pesquisa suplementar


• Cap. V do livro Curso de direito tributário, de Paulo de Barros Carvalho. São Paulo:
Saraiva.
• Itens 5.3 e 5.4 do livro Jurisdição constitucional tributária: reflexos nos processos
administrativo e judicial, de Rafael Pandolfo. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “A Ação de Repetição de Indébito, o cumprimento de sentença e a nova
hipótese de ação rescisória prevista no código de processo civil de 2015”, de
Juliana Furtado Costa Araújo, In CONRADO, Paulo Cesar. Processo tributário
analítico, volume III. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Coisa julgada em mandado de segurança coletivo sobre matéria
tributária – estudo de caso”, de Thais de Laurentiis, In CONRADO, Paulo Cesar.
Processo tributário analítico, volume III. São Paulo: Noeses.
• Capítulo II, Seção II, itens 1 e 1.1 do livro Teoria da proibição de bis in idem no
direito tributário e sancionador tributário, de Fabio Brun Goldschmidt. São Paulo:
Noeses.
• Artigo: “A repercussão geral, as súmulas vinculantes e as decisões do Supremo
Tribunal Federal em matéria tributária”, de Carla de Lourdes Gonçalves, in VII
Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET.
• Artigo: “Técnicas processuais de desconstituição da coisa julgada: o controle
processual da coisa julgada “inconstitucional” no CPC projetado”, de Cassio
Scarpinella Bueno, in IX Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET.
• Artigo: “Exceção de pré-executividade em matéria tributária: do sincretismo
processual ao dever de cooperação (art. 6º do CPC/2015), passando pela ‘nova’
definição de coisa julgada”, de Paulo César Conrado. São Paulo: Fiscosoft.
• Artigo: “Conflitos de jurisprudência entre STJ e STF”, de Renato Lopes Becho, in
VII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET
• Artigo: “Relativização da coisa julgada tributária inconstitucional x princípio da
segurança jurídica”, de Estefânia Maria de Queiroz Barboza (RDDT n. 129, p.
35/49).
• Itens 3.3.2, 3.3.2.1, 3.3.2.2, 3.3.2.3, 3.3.4, 3.3.4.1 e 3.3.4.2 do livro Os limites
objetivos e “temporais” da coisa julgada em ação declaratória no direito tributário,
de Fernanda Donnabella Camano. São Paulo: Quartier Latin.
• Livro: Direito Constitucional tributário e segurança jurídica de Heleno Taveira
Torres. São Paulo: RT.
• Livro: Teoria da Segurança Jurídica de Humberto Ávila. São Paulo: Malheiros.
• Artigo: Súmula Vinculante n. 8 e modulação dos efeitos em controle difuso de
constitucionalidade: efeitos em relação à repetição do indébito tributário, de
Carlos Renato Cunha (Revista Argumentum n. 11, p. 33-73)

Anexo I
RE 161.031
ICMS - PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE - MERCADORIA USADA -
BASE DE INCIDÊNCIA MENOR - PROIBIÇÃO DE CRÉDITO -
INCONSTITUCIONALIDADE. Conflita com o princípio da não- cumulatividade
norma vedadora da compensação do valor recolhido na operação anterior. O
fato de ter-se a diminuição valorativa da base de incidência não autoriza, sob o
ângulo constitucional, tal proibição. Os preceitos das alíneas “a” e “b” do inciso II
do § 2º do artigo 155 da Constituição Federal somente têm pertinência em caso
de isenção ou não-incidência, no que voltadas à totalidade do tributo, institutos
inconfundíveis com o benefício fiscal em questão.
(RE 161031, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado
em 24/03/1997, DJ 06-06-1997 PP-24881 EMENT VOL-01872-05 PP-00994)

Anexo II
RE 174.478
TRIBUTO. Imposto sobre Circulação de Mercadorias. ICMS. Créditos
relativos à entrada de insumos usados em industrialização de produtos cujas
saídas foram realizadas com redução da base de cálculo. Caso de isenção fiscal
parcial. Previsão de estorno proporcional. Art. 41, inc. IV, da Lei estadual nº
6.374/89, e art. 32, inc. II, do Convênio ICMS nº 66/88. Constitucionalidade
reconhecida. Segurança denegada. Improvimento ao recurso. Aplicação do art.
155, § 2º, inc. II, letra “b”, da CF. Voto vencido. São constitucionais o art. 41, inc.
IV, da Lei nº 6.374/89, do Estado de São Paulo, e o art. 32, incs. I e II, do
Convênio ICMS nº 66/88.
(RE 174478, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/
Acórdão: Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2005, DJ 30-
09-2005 PP-00005 EMENT VOL-02207-02 PP-00243 RIP v. 7, n. 33, 2005, p.
264)

Anexo III
RE 730.462
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DE PRECEITO NORMATIVO PELO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. EFICÁCIA NORMATIVA E EFICÁCIA EXECUTIVA DA
DECISÃO: DISTINÇÕES. INEXISTÊNCIA DE EFEITOS AUTOMÁTICOS SOBRE AS
SENTENÇAS JUDICIAIS ANTERIORMENTE PROFERIDAS EM SENTIDO
CONTRÁRIO. INDISPENSABILIDADE DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO OU
PROPOSITURA DE AÇÃO RESCISÓRIA PARA SUA REFORMA OU
DESFAZIMENTO. 1. A sentença do Supremo Tribunal Federal que afirma a
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo gera, no
plano do ordenamento jurídico, a consequência (= eficácia normativa) de
manter ou excluir a referida norma do sistema de direito. 2. Dessa sentença
decorre também o efeito vinculante, consistente em atribuir ao julgado uma
qualificada força impositiva e obrigatória em relação a supervenientes atos
administrativos ou judiciais (= eficácia executiva ou instrumental), que, para
viabilizar-se, tem como instrumento próprio, embora não único, o da
reclamação prevista no art. 102, I, “l”, da Carta Constitucional. 3. A eficácia
executiva, por decorrer da sentença (e não da vigência da norma examinada),
tem como termo inicial a data da publicação do acórdão do Supremo no Diário
Oficial (art. 28 da Lei 9.868/1999). É, consequentemente, eficácia que atinge
atos administrativos e decisões judiciais supervenientes a essa publicação, não
os pretéritos, ainda que formados com suporte em norma posteriormente
declarada inconstitucional. 4. Afirma-se, portanto, como tese de repercussão
geral que a decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo não
produz a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que tenham
adotado entendimento diferente; para que tal ocorra, será indispensável a
interposição do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação
rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo
prazo decadencial (CPC, art. 495). Ressalva-se desse entendimento, quanto à
indispensabilidade da ação rescisória, a questão relacionada à execução de
efeitos futuros da sentença proferida em caso concreto sobre relações jurídicas
de trato continuado. 5. No caso, mais de dois anos se passaram entre o trânsito
em julgado da sentença no caso concreto reconhecendo, incidentalmente, a
constitucionalidade do artigo 9º da Medida Provisória 2.164-41 (que
acrescentou o artigo 29-C na Lei 8.036/90) e a superveniente decisão do STF
que, em controle concentrado, declarou a inconstitucionalidade daquele
preceito normativo, a significar, portanto, que aquela sentença é insuscetível
de rescisão. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.
(RE 730462, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado
em 28/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-177 DIVULG 08-09-2015 PUBLIC 09-09-2015)
Seminário VI
REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE
TRIBUTÁRIA
Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 7ª ed. São
Paulo: Noeses, 2018, Item 2.9. (A regra-matriz de incidência) do Capítulo 2 da
primeira parte , item 2.5 (Conceitos gerais do antecedente da regra-matriz de
incidência tributária) do Capítulo 2 da segunda parte e itens 3.1.1 (A fórmula
abstrata da regra-matriz de incidência), 3.1.2 (a hipótese tributária e seus
critérios) e 3.2 (Para uma síntese da regra-matriz de incidência) do Capítulo 3 da
segunda parte.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo:
Saraiva, 2019, Capítulo IX.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: Fundamentos Jurídicos da
Incidência. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2015, Item 1 (Considerações gerais) do
Preâmbulo, item 19 (Regra-matriz de incidência tributária) do Capítulo I e
Capítulo II.

Leitura Complementar
• ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6. ed. São Paulo: Malheiros,
1992. Capítulo único (Aspectos da hipótese de incidência tributária).
• BRITTO, Lucas Galvão de. O lugar e o tributo: ensaio sobre competência e definição
do critério espacial na regra-matriz de incidência tributária. São Paulo: Noeses,
2014 .Capítulo I, item 10.
• CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito: o
constructivismo lógico-semântico. 5. ed. São Paulo: Noeses, 2016. Capítulos X, XI
e XIII.
• OLEINIK, Rosana. Teoria da norma jurídica e a regra-matriz de incidência como
técnica de interpretação do direito. In: CARVALHO, Paulo de Barros (Coord.).
Constructivismo lógico-semântico, vol. I. São Paulo: Noeses, 2014.
• TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário: de acordo com o código
de processo civil 2015. 4. ed. São Paulo: Noeses, 2016. Itens 5.2 a 5.6, do Capítulo
5.
Questões
1. Que é regra-matriz de incidência tributária? Qual sua funcionalidade
operacional no direito positivo?
2. Que é hipótese de incidência tributária? Qual sua função na composição
RMIT? Há necessidade de um critério pessoal compor a hipótese da RMIT?
Por quê?
3. Que é incidência? Descrever, com suas palavras, a fenomenologia da
incidência tributária, diferenciando, se possível, incidência de aplicação do
direito.
4. Que é evento? E fato? E fato jurídico? Qual a relação entre fato jurídico e
teoria das provas?
5. Por que a expressão “fato gerador” é equívoca? Analisar os arts. 4º; 16, 105,
113, §1º, 114 e 144 do CTN e o AREsp 215273 (vide anexo I), explicando o
sentido em que o termo “fato gerador” foi empregado em cada uma de suas
aparições.
6. Diferençar: a data do fato jurídico tributário da data no fato jurídico
tributário (vide anexo II) e, os conceitos de erro de fato e erro de direito.
7. Identifique nos acórdãos abaixo qual foi o critério da regra matriz de
incidência tributária objeto da ação judicial:
a) Recurso Extraordinário. Tributário. 2. Não incide Imposto de Propriedade
de Veículos Automotores (IPVA) sobre embarcações (Art. 155, III, CF/88 e
Art. 23, III e § 13, CF/67 conforme EC 01/69 e EC 27/85). Precedentes. 3.
Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF - RE: 379572 RJ, Relator:
GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 11/04/2007)
b) RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DO
ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE
FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO ICMS E REGIME DE NÃO
CUMULATIVIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Inviável a apuração do ICMS
tomando-se cada mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, adota-se
o sistema de apuração contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês
a mês, considerando-se o total de créditos decorrentes de aquisições e o total
de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: análise contábil ou
escritural do ICMS. 2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade
aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da
Constituição da República, cumprindo-se o princípio da não cumulatividade a
cada operação. 3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto
se tenha a escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se
incluir todo ele na definição de faturamento aproveitado por este Supremo
Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS
e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998 excluiu da
base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido
integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir
a transferência parcial decorrente do regime de não cumulatividade em
determinado momento da dinâmica das operações. 4. Recurso provido para
excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. (STF –
RE 574706 / PR, Relatora: Min. Carmem Lucia)
c) “EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ISS.
ARRENDAMENTO MERCANTIL. OPERAÇÃO DE LEASING FINANCEIRO.
ARTIGO 156, III, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O arrendamento mercantil
compreende três modalidades, [i] o leasing operacional, [ii] o leasing
financeiro e [iii] o chamado leaseback. No primeiro caso há locação, nos outros
dois, serviço. A lei complementar não define o que é serviço, apenas o declara,
para os fins do inciso III do artigo 156 da Constituição. Não o inventa,
simplesmente descobre o que é serviço para os efeitos do inciso III do artigo
156 da Constituição. No arrendamento mercantil (leasing financeiro),
contrato autônomo que não é misto, o núcleo é o financiamento, não uma
prestação de dar. E financiamento é serviço, sobre o qual o ISS pode incidir,
resultando irrelevante a existência de uma compra nas hipóteses do leasing
financeiro e do leaseback. Recurso extraordinário a que se nega
provimento.”(RE 592905, Relator Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado
em 02/12/2009
d) PI – IMPORTAÇÃO – PESSOA NATURAL – AUTOMÓVEL – AUSÊNCIA DE
ATIVIDADE EMPRESARIAL DE VENDA – AFASTAMENTO PELO JUÍZO –
INCIDÊNCIA DO TRIBUTO RECONHECIDA NA ORIGEM – RECURSO
EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui
repercussão geral a controvérsia acerca da incidência do Imposto Sobre
Produtos Industrializados – IPI na importação de veículo automotor, quando o
importador for pessoa natural e o fizer para uso próprio, considerados ainda
os limites da lei complementar na definição do sujeito passivo. (STF - RE
723651 RG / PR, Relator: Min. Marco Aurélio)
e) TRIBUTÁRIO. FORNECIMENTO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR
(SOFTWARE).CONTRATO DE CESSÃO DE USO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
PERSONALIZADOS.ISS. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE QUALQUER
UM DOS VÍCIOSELENCADOS NO ART. 535 DO CPC. IMPOSSIBILIDADE DE
EFEITOSINFRINGENTES. 1. O entendimento de que a jurisprudência desta Corte
de Justiça firmou-se no sentido de que os programas de computador
desenvolvidos para clientes, de forma personalizada, geram incidência de tributo
do ISS não conflita com o conteúdo da Súmula Vinculante 31 do Supremo Tribunal
Federal, segundo a qual “é inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços
de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis.”2. A
embargante, inconformada, busca, com a oposição destes embargos declaratórios,
ver reexaminada e decidida a controvérsia de acordo com sua tese.3. A inteligência
do art. 535 do CPC é no sentido de que a contradição, omissão ou obscuridade,
porventura existentes, só ocorre entre os termos do próprio acórdão, ou seja, entre
a ementa eo voto, entre o voto e o relatório etc, o que não ocorreu no presente
caso. Embargos de declaração rejeitados. (STJ - EDcl no AgRg no AREsp: 32547 PR
2011/0101397-7, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS,
8. O “princípio da universalidade da renda”, prescrito para as pessoas jurídi-cas
no art. 25 da Lei nº 9.249/1995 é prescrição que atua sobre qual(is)
critério(s) da regra-matriz de incidência tributária? Descreva, ainda, como o
comando desse dispositivo se relaciona com o domínio espacial de vigência.
9. A Lei nº 13.296/2008 do Estado de São Paulo prevê, em seu art. 4º, que o
IPVA deverá incidir “no local do domicílio ou da residência do proprietário
do veículo neste Estado”.4 Construa a regra-matriz de incidência tributária

4.Artigo 4º - O imposto será devido no local do domicílio ou da residência do proprietário do veículo neste
Estado.
§ 1º - Para os efeitos desta lei, considerar-se-á domicílio:
1 - se o proprietário for pessoa natural:
a) a sua residência habitual;
b) se a residência habitual for incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade onde o veículo esteja
sendo utilizado;
2 - se o proprietário for pessoa jurídica de direito privado:
a) o estabelecimento situado no território deste Estado, quanto aos veículos automotores que a ele estejam
vinculados na data da ocorrência do fato gerador;
b) o estabelecimento onde o veículo estiver disponível para entrega ao locatário na data da ocorrência do fato
gerador, na hipótese de contrato de locação avulsa;
c) o local do domicílio do locatário ao qual estiver vinculado o veículo na data da ocorrência do fato gerador,
na hipótese de locação de veículo para integrar sua frota;
3 - qualquer de suas repartições no território deste Estado, se o proprietário ou locatário for pessoa jurídica
de direito público.
§ 2º - No caso de pessoa natural com múltiplas residências, presume-se como domicílio tributário para fins de
pagamento do IPVA:
1 - o local onde, cumulativamente, possua residência e exerça profissão;
2 - caso possua residência e exerça profissão em mais de um local, o endereço constante da Declaração de
Imposto de Renda.
§ 3º - Na impossibilidade de se precisar o domicílio tributário da pessoa natural nos termos dos §§ 1º e 2º
deste artigo, a autoridade administrativa poderá fixá-lo tomando por base o endereço que vier a ser apurado
em órgãos públicos, nos cadastros de domicílio eleitoral e nos cadastros de empresa seguradora e
concessionária de serviço público, dentre outros.
§ 4º - No caso de pessoas jurídicas de direito privado, não sendo possível determinar a vinculação do veículo
na data da ocorrência do fato gerador, nos termos do item 2 do § 1º deste artigo, presume-se como domicílio
o local do estabelecimento onde haja indícios de utilização do veículo com predominância sobre os demais
estabelecimentos da mesma pessoa jurídica.
§ 5º - Presume-se domiciliado no Estado de São Paulo o proprietário cujo veículo estiver registrado no órgão
do IPVA e, considerando os comandos dos arts. 109 e 110 do CTN, examine
a licitude da legislação paulista.

Sugestão para pesquisa suplementar


• Capítulo 1 e iItens 5.2 a 5.6, do Capítulo 5, do livro A prova no direito tributário, de
Fabiana Del Padre Tomé. São Paulo: Noeses.
• Capítulos X, XI e XIII do livro Curso de teoria geral do direito (o constructivismo
lógico-semântico), de Aurora Tomazini de Carvalho. São Paulo: Noeses.
• Capítulo único – “Aspectos da hipótese de incidência tributária” da obra Hipótese
de incidência tributária, de Geraldo Ataliba. São Paulo: Malheiros.
• Capítulo I, item 10 do livro O lugar e o tributo: ensaio sobre competência e definição
do critério espacial na regra-matriz de incidência tributária, de Lucas Galvão de
Britto. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Teoria da norma jurídica e a regra-matriz de incidência como técnica de
interpretação do direito”, de Rosana Oleinik, in Constructivismo lógico-
semântico, vol. I, Paulo de Barros Carvalho (Coord.). São Paulo: Noeses.
• DALLA PRIA, Rodrigo. Constructivismo jurídico e interpretação concretizadora:
dialogando com Paulo de Barros Carvalho e Friedrich Müller. In: CARVALHO,
Paulo de Barros, e SOUZA, Priscila (Org.). VIII Congresso Nacional de Estudos
Tributários - Derivação e positivação no direito tributário. São Paulo: Noeses,
2011, p. 997-1030.
• BARRETO, Paulo Ayres. Planejamento tributário: limites normativos. São Paulo:
Noeses, 2016, cap. 8, p. 156-249.
• CARVALHO, Aurora Tomazini de. Simulação, fraude, sonegação e aplicação da
multa qualificada na desconsideração de planejamentos tributários com ágio. In.:
CARVALHO, Paulo de Barros (coord.); SOUZA, Priscila de (org.). 50 anos do
Código Tributário Nacional. São Paulo: Noeses, 2016, p. 103-138.
• MCNAUGHTON, Charles William. Elisão e norma antielisiva: completabilidade e
sistema tributário. São Paulo: Noeses, 2014, cap. 9, item 9.4, p. 483-496.
• BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. Atualizado por Misabel Abreu
Machado Derzi. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p.1107 e seguintes.
• BECHO, Renato Lopes. A discussão sobre a tributabilidade de atos ilícitos. Revista
Dialética de Direito Tributário. São Paulo, n. 112, p. 86-111, jan. 2010.

competente deste Estado.


§ 6º - Em se tratando de veículo de propriedade de empresa de arrendamento mercantil (leasing), o imposto
será devido no local do domicílio ou residência do arrendatário, nos termos deste artigo.
§ 7º - Para os efeitos da alínea “b” do item 2 do § 1º deste artigo, equipara-se a estabelecimento da empresa
locadora neste Estado, o lugar de situação dos veículos mantidos ou colocados à disposição para locação.
• CARVALHO, Paulo de Barros. O absurdo da interpretação econômica do fato
gerador - direito e sua autonomia - o paradoxo da interdisciplinariedade. Revista
de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros, n.97, p.7-17, 2007.
• MARTINS, Natanael. A tributação do ilícito – limites à aplicação do princípio non
olet. In: CARVALHO, Paulo de Barros (coordenador). 50 anos do código tributário
nacional. São Paulo: Noeses, 2016, p. 943-970.

Anexo I
AgRg no ARESP n. 215.273/SP
DJ 15/10/2012
TRIBUTÁRIO. ITBI. FATO GERADOR. OCORRÊNCIA. REGISTRO DE
TRANSMISSÃO DO BEM IMÓVEL.
1. Rechaço a alegada violação do art. 458 do CPC, pois o Tribunal a quo foi
claro ao dispor que o fato gerador do ITBI é o registro imobiliário da
transmissão da propriedade do bem imóvel. A partir daí, portanto, é que incide
o tributo em comento.
2. O fato gerador do imposto de transmissão (art. 35, I, do CTN) é a
transferência da propriedade imobiliária, que somente se opera mediante
registro do negócio jurídico no ofício competente.
Precedentes do STJ.
3. Agravo Regimental não provido.

Anexo II
RESP n. 964.151/PR
DJ 21/05/2008
IMPOSTO. EXPORTAÇÃO. FATO GERADOR. Considera-se ocorrido o fato
gerador do imposto de exportação no momento em que é efetivado o registro
de exportação (RE) no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), ou
seja, no momento em que a empresa obtém o RE. O registro no Siscomex é o
conjunto de informações de natureza comercial, financeira cambial e fiscal que
caracterizam a operação de exportação de uma mercadoria e definem seu
enquadramento legal. Note-se que, com a instituição do Siscomex, as guias de
exportação e importação foram substituídas pelo registro de exportação (RE)
e registro de importação (RI), também foram criados outros blocos de
informações das diversas etapas como: registro de venda (RV), registro de
operação de crédito (RC). Ao final desses procedimentos é expedido o
comprovante de exportação (CE) – que é o documento oficial emitido pelo
Siscomex, relacionando todos os registros de exportação objeto de um mesmo
despacho aduaneiro. Portanto o registro de exportação (RE) é o único registro
indispensável para a efetivação de todas as operações de comércio, em torno
dele gravitam as demais etapas. No caso dos autos, o registro de exportação no
Siscomex foi posterior à vigência da Res. do Bacen n. 2.136/1995, portanto o
imposto deve ser calculado com alíquota de 40%, como estabelecido nessa
resolução. Dessa forma, pouco importa considerações sobre a data da obtenção
do registro de venda. Isso posto, a Turma, ao prosseguir o julgamento,
conheceu em parte o recurso do contribuinte e, nessa parte, negou-lhe
provimento. Precedente citado: EDcl no REsp 225.730-PR, DJ 19/2/2001. REsp
964.151-PR, Rel. Min. José Delgado, julgado em 22/4/2008.

Seminário VII
SANÇÕES, CRIMES E
PRESUNÇÕES TRIBUTÁRIAS
Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São Paulo:
Noeses, 2018, Capítulo 4 e Capítulo 6, item 6.1.3 (Prova e presunções no direito
tributário) da segunda parte.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo:
Saraiva, 2019, Capítulo XVI.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito
tributário. Vol. I. 2 Ed. São Paulo: Noeses, 2014, Tema XI( Cúmulo de
multa isolada e multa de ofício; e Tema XII: Descumprimento de dever
alfandegário).

Leitura complementar
• CARVALHO, Aurora Tomazini de. Direito penal tributário: uma análise lógica,
semântica e jurisprudencial. São Paulo: Quartier Latin, 2009. Capítulos VI, VII e
VIII.
• CARVALHO, Aurora Tomazini de. Simulação, fraude, sonegação e aplicação da
multa qualificada na desconsideração de planejamentos tributários com ágio. In:
XIII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET.
• FERREIRA NETO, Osley da Silva. Sanções tributárias e leis complementares: sobre
os limites normativos do artigo 146 da Constituição.
• LINS, Robson Maia. Mora e denúncia espontânea no direito tributário. In: V Congresso
Nacional de Estudos Tributários do IBET.
• MORETI, André. Regime especial de controle e fiscalização de tributos e a livre-
concorrência. São Paulo: Noeses, 2017. Capítulos 3 e 7.
• PAULINO, Maria Ângela Lopes. As sanções no direito tributário. São Paulo:
Noeses, 2015. Capítulo 5.
• SCAPIN, Andreia. Responsabilidade do Estado por dano tributário. Belo
Horizonte: D´Placido, 2017. Itens 1.1 a 1.4 e 3.3.
• TOMÉ, Fabiana Del Padre. Contribuições para a seguridade social à luz da
Constituição Federal. Curitiba: Juruá, 2002. Capítulo 4, item 4.7; Capítulo 5, item
5.2.6 e Capítulo 8, item 8.5.

Questões
1. Conceituar e apresentar as principais diferenças (se existentes) entre: (i)
tributo, (ii) ilícito tributário, (iii) infração tributária, (iv) multa tributária,
(v) juros de mora; (vi) da correção monetária (vii) crime contra a ordem
tributária e (viii) sanção penal tributária.
2. Há limites constitucionais para a eleição de hipóteses sancionadoras? As
sanções tributárias sujeitam-se aos princípios constitucionais tributários?
Analisar especificamente a aplicabilidade dos princípios da legalidade,
irretroatividade, não confisco, capacidade contributiva, tipicidade, segurança
jurídica, proporcionalidade, razoabilidade e anterioridade.
3. Diferençar infrações objetivas e infrações subjetivas. Qual a natureza
jurídica da multa tributária aplicada em razão do não pagamento do tributo
e/ou não cumprimento de dever instrumental? O descumprimento de
norma tributária em decorrência de circunstâncias de força maior ou de
caso fortuito excluem a antijuridicidade da conduta?
4. Quanto às multas tributárias:
a) Diferencie: (i) multa de mora, (ii) multa de ofício, (iii) multa agravada,
(iv) multa qualificada e (v) multa isolada.
b) O não pagamento de tributo é hipótese suficiente para a imposição de
sanção ou somente para a cobrança da mora? Os juros de mora e a multa de
mora podem ser exigidos simultaneamente?
c) É possível aplicação concomitante da multa de ofício, pelo não
pagamento de tributo apurado no final do ano-calendário com a multa
isolada, cobrada pelo não recolhimento da estimativa do IRPJ? Caso a
resposta seja negativa, qual das multas deveria ser aplicada? Analise a
jurisprudência do CARF e do STJ (anexos I e II), levando em consideração o
artigo 112 do CTN.
d) Quais os critérios para aplicação da multa qualificada? Defina os conceitos
de sonegação, fraude e conluio (vide anexo III). O Fisco pode requalificar uma
operação realizada pelo contribuinte como ilícita, aplicando multa
qualificada, sobre a justificativa de ausência de “propósito negocial”?
5. Em que constitui a denúncia espontânea? Identifique se as multas tributárias
são excluídas pela denúncia espontânea prevista no artigo 138 do CTN nos
seguintes casos: (i) tributo declarado integralmente e pago de forma parcial
ou atrasada, antes do início de um procedimento fiscalizador; (ii) tributo
declarado parcialmente e pago, depois declarado integralmente, mediante
retificação, e pago; (iii) cumprimento de obrigação acessória a destempo
(vide anexos IV e V).
6. Com relação aos crimes contra a ordem tributária, pergunta-se:
a) Qual o momento consumativo dos crimes contra a ordem tributária
previstos no art. 1º da Lei 8.137/90? Há necessidade de esgotamento da
esfera administrativa para a propositura da ação penal? (Vide Súmula
Vinculante n. 24 do STF e anexo VI e VII).
b) A decadência e prescrição tributária são causas de extinção da
punibilidade penal dos crimes contra a ordem tributária? Fundamentar.
(Vide anexo VIII).
c) O parcelamento do tributo devido é causa de extinção da punibilidade
dos crimes contra a ordem tributária? ? E a compensação com tributos
pagos indevidamente? (vide anexo X).
7. Que caracteriza as denominadas sanções políticas? Identifique se as seguintes
medidas constituem-se como sanções politicas e analise sua
constitucionalidade: (i) Apreensão de bens; (ii) Inscrição de créditos
tributários no CADIN; (iii) Protesto de Certidão de Dívida Ativa; (iv)
Cancelamento de Registro Especial de Funcionamento (vide Decreto-Lei
1.593/1977 e ADI 3.952); (v) regime especial para cumprimento de obrigações
nos casos de embaraço à fiscalização e prática reiterada de infrações à
legislação tributária (vide Lei 9.430/96, disciplinada pela Instrução Normativa
RFB 979/09; art. 96, V da Lei n. 12.670/99 do Estado do Ceará e Decreto
Estadual n. 48.494/11 do Rio Grande do Sul - vide anexos IX e X); (vi) averbação
pré-executória (art. 25 da Lei n° 13.606/18, que acrescentou, dentre outros, o
artigo 20-B, §3°, II à Lei nº 10.522/2002 e Portaria PGFN n° 33/2018,
modificada pela Portaria PGFN n° 42/2018).
8. Considerando as premissas fixadas nas questões anteriores, o não recolhimento
de ICMS declarado configura crime contra a ordem tributária, tipificado no art.
2°, II, da Lei 8.137/905? Considerar as hipóteses de ICMS em substituição
tributária e ICMS “próprio”. (Vide anexo XIII).

Sugestão para pesquisa suplementar


• Artigo: “O in dubio pro reo e sua aplicabilidade às sanções tributárias”, de Rafael
Pandolfo, in XI Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET.
• Artigo: “Lei 12.382/11 – parcelamento, pagamento e extinção da punibilidade
dos crimes contra a ordem tributária, de Aurora Tomazini de Carvalho”, in VIII
Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET.
• Itens 10, 11, 12, 12.1 do Capítulo II; itens 5 e 6 do Capítulo VI, itens 4, 5, 6, 7, 8, 9,
10, 11 e 12 do Capítulo VII do livro Sanções tributárias e sanções penais
tributárias, de Angela Maria da Motta Pacheco. São Paulo: Max Limonad.
• Artigo: “Discussão do crédito tributário e ação penal tributária” do livro Direito
tributário e conceitos privados, de Aurora Tomazini de Carvalho. São Paulo:
Noeses.
• Artigo: “Decadência e prescrição do direito tributário como causas de extinção
da punibilidade penal” do livro Sistema tributário brasileiro e a crise atual, de
Aurora Tomazini de Carvalho. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Aspectos atuais da legislação federal – exclusão da multa em denúncia
espontânea, parcelamento e as alterações da Lei complementar 104/01 ao artigo
155 do CTN”, de Aurora Tomazini de Carvalho.
• Artigo: “Crimes contra a ordem tributária: a necessidade de esgotamento da
esfera administrativa para propositura da ação penal e os efeitos do
parcelamento do crédito tributário”, de Aurora Tomazini de Carvalho, do livro:
Segurança jurídica na tributação e estado de direito. II Congresso Nacional de
estudos tributários. São Paulo: Noeses.
• Segunda parte do livro Teoria e prática das multas tributárias, de Sacha Calmon
Navarro Coêlho. Rio de Janeiro: Forense.

5. “Art. 2° Constitui crime da


mesma natureza: [...] II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou
de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria
recolher aos cofres públicos;”
• Parte I do livro Crimes contra ordem tributária, de Andreas Eisele. São Paulo:
Dialética.
• Parte 1, Capítulo 4, item 4.7 e Parte 3, Capítulo 3, item 3.6 a 3.6.3 do livro Teoria
e prática das presunções no direito tributário, de Florence Haret. São Paulo:
Noeses.
• Capítulo IV item 4.3 do livro Ficções jurídicas no direito tributário, de Cristiano
Carvalho. São Paulo: Noeses.
• Capítulo 7, item 7.2 do livro Ficções tributárias: identificação e controle, de Angela
Maria da Motta Pacheco. São Paulo: Noeses.
• Capítulos III, IV e V do livro Presunções no direito tributário, de Maria Rita
Ferragut. São Paulo: Saraiva.
• Artigo: “As sanções restritivas de direito e o exercício do poder de polícia – A
inconstitucionalidade das sanções políticas como instrumento para coibir o sujeito
passivo ao pagamento do tributo”, de Maria Ângela Lopes Paulino. Revista de Direito
Tributário n. 117.

Anexo I
CARF, Acórdão n. 9101-002.510
CARF, Acórdão nº. 9101003.702 – 1ª Turma
Sessão: 08 de agosto de 2018
MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENS
AIS DE IRPJ E CSLL. COBRANÇA CONCOMITANTE COM MULTA DE OFÍCI
O. CABIMENTO. A partir do advento da Medida Provisória nº 351/2007, conv
ertida na Lei nº 11.488/2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei nº 9.43
0/96, não há mais dúvida interpretativa acerca da inexistência de impedi
mento legal para a incidência da multa isolada cominada pela falta de p
agamentos das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, concomitantemente c
om a multa de ofício cominada pela falta de pagamento do imposto e da
contribuição devidos ao final do ano calendário.

Anexo II
AgRg no REsp 1576289/RS
TRIBUTÁRIO. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ART. 44, I E II, DA
LEI 9.430/1996 (REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.488/2007). EXIGÊNCIA
CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. PRECEDENTES.
1. A Segunda Turma do STJ tem posição firmada pela impossibilidade de
aplicação concomitante das multas isolada e de ofício previstas nos incisos I e
II do art. 44 da Lei 9.430/1996 (AgRg no REsp 1.499.389/PB, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/9/2015; REsp
1.496.354/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
24/3/2015).
2. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no REsp 1576289/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 19/04/2016, DJe 27/05/2016)

Anexo III
CARF – Acórdão 1401-002.838
Data da Sessão 16/08/2018
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CONTROLE EFETUADO À MARGEM DA
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL EFISCAL. COMPROVAÇÃO.
Caracterizam a omissão de receitas as vendas efetuadas sem emissão de
nota fiscal, com registro das receitas auferidas efetuado pelo contribuinte e
mantidos à margem de sua escrituração contábil e fiscal.
MULTA QUALIFICADA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. SONEGAÇÃO.
CABIMENTO. É cabível a qualificação da multa no caso de sonegação,
caracterizada pela utilização de interpostas pessoas, de modo a impedir ou
retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade tributária
das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação
tributaria principal ou o credito tributário correspondente.
MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. CABIMENTO.
É cabível a qualificação da multa no caso de fraude, caracterizada pela
utilização de sistema de controle de vendas realizadas sem a emissão de notas
fiscais, e mantidos a margem da escrituração contábil e fiscal.

Anexo IV
REsp 1149022 / SP
DJe 24/06/2010
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL.
TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO
PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO
INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A
RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA
MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na
hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito
tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do
respectivo pagamento integral, retifica-a (antes de qualquer procedimento da
Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja
quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não
resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos
de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo
contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou
parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco
(Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do
artigo 543-C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,
julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro
Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que “a
declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do
crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornando-se
exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de
notificação ao contribuinte” (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira,
Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o
contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente
recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário
atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela
qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante
consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): “No
caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do
Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, ano-
base 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora,
pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento
do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento
fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso,
mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que
resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo
138, do Código Tributário Nacional.” 6. Consequentemente, merece reforma o
acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na
hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial
contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias,
ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as
multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso
especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da
Resolução STJ 08/2008.

Anexo V
AgRg no REsp 1466966 / RS
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535
DO CPC. OMISSÃO NÃO CARACTERIZADA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO
POR HOMOLOGAÇÃO. ATRASO NA ENTREGA DA DCTF. APLICAÇÃO DE
MULTA.
POSSIBILIDADE. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CARACTERIZADA.
1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é
dada na medida da pretensão deduzida, com enfrentamento e resolução das
questões abordadas no recurso.
2. Nos termos da jurisprudência do STJ, a denúncia espontânea não é
capaz de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da Declaração de
Contribuições e Tributos Federais (DCTF), pois os efeitos do art. 138 do CTN
não se estendem às obrigações acessórias autônomas. Precedente: AgRg nos
EDcl no AREsp 209.663/BA, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
04/04/2013, DJe 10/05/2013.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1466966/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 11/05/2015)

Anexo VI
RHC 47.975/SP
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE
DESCAMINHO. ART. 334 DO CÓDIGO PENAL - CP. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA.
DESNECESSIDADE DO EXAURIMENTO DA PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO-FISCAL.
PRECEDENTES. RECURSO DESPROVIDO.
1. O acórdão recorrido denegou a ordem de forma fundamentada, não
sendo necessário manifestar-se especificamente acerca de todas as alegações
deduzidas pela defesa, desde que motivadamente aprecie a questão deduzida
em juízo.
2. A jurisprudência desta Turma não exige o exaurimento da via
administrativa, com o lançamento tributário para a apuração do delito de
descaminho, como fez a Súmula Vinculante n. 24 do Pretório Excelso em
relação ao crimes previstos no art. 1º, incisos I a IV, da Lei n. 8.137790.
Precedentes: RHC 60.999/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, e HC 270.285/RS,
Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA.
Recurso em habeas corpus desprovido.
(RHC 47.975/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA,
julgado em 11/09/2018, DJe 17/09/2018)
Ponto interessante sobre o tema: exigência de prova da constituição
definitiva, nos termos da S. 24 do STF.
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. 1. CRIME
TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO. JUSTA CAUSA
PRESENTE. SÚMULA VINCULANTE N. 24/STF. 2. JUNTADA DO PROCEDIMENTO
TRIBUTÁRIO. DESNECESSIDADE. EVENTUAIS IRREGULARIDADES. DISCUSSÃO
NA SEDE PRÓPRIA. 3. RECURSO EM HABEAS CORPUS IMPROVIDO.(...) 3. Em
suma: a) para o início da ação penal, basta a prova da constituição definitiva
do crédito tributário (SV 24), não sendo necessária a juntada integral do PAF
correspondente; b) a validade do crédito fiscal deve ser examinada no Juízo cível,
não cabendo à esfera penal qualquer tentativa de sua desconstituição. c) caso a
defesa entenda que a documentação apresentada pelo Parquet é insuficiente e
queira esmiuçar a dívida, pode apresentar cópia do referido PAF ou dizer de
eventuais obstáculos administrativos; d) se houver qualquer obstáculo
administrativo para o acesso ao procedimento administrativo fiscal respectivo, é
evidente que a parte pode sugerir ao Juiz sua atuação até mesmo de ofício, desde
que aponte qualquer prejuízo à defesa, que possa interferir na formação do livre
convencimento do julgador. No ponto, a regra contida no art. 156 do CPP é de
clareza solar. 4. Recurso em habeas corpus improvido. (RHC 94.288/RJ, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
22/05/2018, DJe 30/05/2018)

Anexo VII
ARE 936653
Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA.
TERMO INICIAL. CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
INÍCIO DA PERSECUÇÃO PENAL ANTES DO LANÇAMENTO DEFINITIVO DO
TRIBUTO. POSSIBILIDADE. MITIGAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE 24.
EXCEPCIONALIDADE. MULTA ISOLADA E DE REVALIDAÇÃO. LEGITIMIDADE.
CARÁTER CONFISCATÓRIO. REEXAME DE FATOS E PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 279/STF. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL. OFENSA REFLEXA. PRECEDENTES. 1. Os crimes contra a
ordem tributária pressupõem a prévia constituição definitiva do crédito na via
administrativa para fins de tipificação da conduta. A jurisprudência desta Corte
deu origem à Súmula Vinculante 24, a qual dispõe: “Não se tipifica crime material
contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90,
antes do lançamento definitivo do tributo”. 2. Não obstante a jurisprudência
pacífica quanto ao termo inicial dos crimes contra a ordem tributária, o Supremo
Tribunal Federal tem decidido que a regra contida na Súmula Vinculante 24
pode ser mitigada de acordo com as peculiaridades do caso concreto, sendo
possível dar início à persecução penal antes de encerrado o procedimento
administrativo, nos casos de embaraço à fiscalização tributária ou diante de
indícios da prática de outros delitos, de natureza não fiscal. (...) (ARE 936653
AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em
24/05/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-122 DIVULG 13-06-2016 PUBLIC
14-06-2016)

Anexo VIII
HC n. 399.109/SC
HABEAS CORPUS. NÃO RECOLHIMENTO DE ICMS POR MESES SEGUIDOS.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA TRIBUTÁRIA. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. DECLARAÇÃO PELO RÉU DO IMPOSTO DEVIDO EM GUIAS
PRÓPRIAS. IRRELEVÂNCIA PARA A CONFIGURAÇÃO DO DELITO. TERMOS
“DESCONTADO E COBRADO”. ABRANGÊNCIA. TRIBUTOS DIRETOS EM QUE
HÁ RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO E TRIBUTOS INDIRETOS.
ORDEM DENEGADA.
1. Para a configuração do delito de apropriação indébita tributária - tal
qual se dá com a apropriação indébita em geral - o fato de o agente registrar,
apurar e declarar em guia própria ou em livros fiscais o imposto devido não
tem o condão de elidir ou exercer nenhuma influência na prática do delito,
visto que este não pressupõe a clandestinidade.
2. O sujeito ativo do crime de apropriação indébita tributária é aquele que
ostenta a qualidade de sujeito passivo da obrigação tributária, conforme
claramente descrito pelo art. 2º, II, da Lei n.
8.137/1990, que exige, para sua configuração, seja a conduta dolosa
(elemento subjetivo do tipo), consistente na consciência (ainda que potencial)
de não recolher o valor do tributo devido. A motivação, no entanto, não possui
importância no campo da tipicidade, ou seja, é prescindível a existência de
elemento subjetivo especial.
3. A descrição típica do crime de apropriação indébita tributária contém a
expressão “descontado ou cobrado”, o que, indiscutivelmente, restringe a
abrangência do sujeito ativo do delito, porquanto nem todo sujeito passivo de
obrigação tributária que deixa de recolher tributo ou contribuição social
responde pelo crime do art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990, mas somente aqueles que
“descontam” ou “cobram” o tributo ou contribuição.
4. A interpretação consentânea com a dogmática penal do termo
“descontado” é a de que ele se refere aos tributos diretos quando há
responsabilidade tributária por substituição, enquanto o termo “cobrado”
deve ser compreendido nas relações tributárias havidas com tributos indiretos
(incidentes sobre o consumo), de maneira que não possui relevância o fato de
o ICMS ser próprio ou por substituição, porquanto, em qualquer hipótese, não
haverá ônus financeiro para o contribuinte de direito.
5. É inviável a absolvição sumária pelo crime de apropriação indébita
tributária, sob o fundamento de que o não recolhimento do ICMS em operações
próprias é atípico, notadamente quando a denúncia descreve fato que contém
a necessária adequação típica e não há excludentes de ilicitude, como ocorreu
no caso. Eventual dúvida quanto ao dolo de se apropriar há que ser esclarecida
com a instrução criminal.
6. Habeas corpus denegado.
(HC 399.109/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 22/08/2018, DJe 31/08/2018)

Anexo IX
HC n. 86.684
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. CRIME CONTRA A ORDEM
TRIBUTÁRIA. PRESCRIÇÃO DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. AUSÊNCIA DE
JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL. (…) 2. Não há justa causa para a
persecução penal relativamente ao delito tipificado no artigo 1º, inciso I, da Lei
n. 8.137/90, se se encontravam prescritos, acaso existentes, os débitos
tributários, de modo a impedir a própria instauração do procedimento
administrativo fiscal. (STJ – HC 86.684 CE Relator: Min. HAMILTON CARVALHO
– DJ 02-04-07).
Posição divergente:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM
TRIBUTÁRIA.
ARTIGO 1º, INCISOS I, DA LEI 8.137/1990. CRÉDITO TRIBUTÁRIO
REGULAR E DEFINITIVAMENTE CONSTITUÍDO. EXTINÇÃO POSTERIOR DO
CRÉDITO, EM RAZÃO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. AUSÊNCIA DE
REFLEXO NO ÂMBITO PENAL. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DA REGRA DO ART.
9º, §2º, DA LEI 10.684/03. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. A
constituição regular e definitiva do crédito tributário é suficiente à tipificação
das condutas previstas no art. 1º, I a IV, da Lei nº 8.137/90.
2. A circunstância de, posteriormente, ter sido extinta a execução fiscal
ajuizada, diante da caracterização da prescrição intercorrente do crédito
tributário, não afeta a persecução penal.
Precedentes.
3. Embora constitua a prescrição uma causa de extinção do crédito
tributário (CTN, art. 156, V), tal circunstância não implica que a obrigação
tributária não tenha nascido regularmente, gerando, a seu tempo, o dever de
pagamento do tributo e, consequentemente, a consumação do delito.
4. Não é possível a aplicação analógica da norma prevista no artigo 9º, §
2º, da Lei nº 10.684/2003 - que prevê a extinção da punibilidade dos crimes
tributários em caso de pagamento integral do quantum debeatur -, dada a
inexistência de semelhança relevante entre o pagamento e a prescrição, à luz
da ratio legis que informa o dispositivo. 5. Recurso ordinário a que se nega
provimento.
(RHC 81.446/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 30/06/2017)

Anexo X
AgRg no AREsp 774580 / SC
DJE 04/04/2018
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO
INTEGRAL. DO DÉBITO. EXCLUSÃO DO PROGRAMA DE PARCELAMENTO.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE NO PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL.
1. O pagamento integral do débito previdenciário extingue a punibilidade
do acusado, sendo que a adesão ao programa de parcelamento suspende o
andamento do prazo prescricional até sua revogação ou a posterior extinção
da punibilidade, em razão do pagamento integral.
2. No caso dos autos, inocorrendo o pagamento integral do débito e tendo
a empresa dos recorrentes sido excluída do programa de parcelamento, não há
que se falar em suspensão do prazo prescricional ou extinção da punibilidade.
Voto
(...)
Quanto ao ponto, o entendimento perfilhado por esta Corte Superior é no
sentido de que o pagamento integral do débito previdenciário extingue a
punibilidade do acusado, sendo que a adesão ao programa de parcelamento
suspende o andamento do prazo prescricional até sua revogação ou a posterior
extinção da punibilidade, em razão do pagamento integral.
No caso dos autos, conforme asseverado na decisão impugnada, não
houve o pagamento integral do débito tributário, tendo a empresa dos
recorrentes sido excluída do programa de parcelamento do débito, não
havendo que se falar em suspensão da prescrição ou extinção da punibilidade
dos agravantes, o que denota que o acórdão regional está em harmonia com a
jurisprudência deste Sodalício.
Nesse sentido, destacam-se:

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. INTEGRAL PAGAMENTO DO DÉBITO.


MATÉRIA DE ÂMBITO PROBATÓRIO NÃO DEMONSTRADA COM PROVA PRÉ-
CONSTITUÍDA. PARCELAMENTO DO DÉBITO. SIMPLES ADESÃO. IMPOSSIBILIDADE DE
SUSPENSÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. DOSIMETRIA DA PENA E REGIME INICIAL.
ALTERAÇÃO EM HABEAS CORPUS. IMPROPRIEDADE DA PRETENSÃO SE NÃO
DEMONSTRADA ILEGALIDADE OU TERATOLOGIA.
1 - Se não há prova pré-constituída do integral pagamento do débito tributário, não há
como determinar a extinção da punibilidade.
2 - A simples adesão a parcelamento do débito, sem demonstração efetiva da
consolidação do montante a ser solvido, não rende ensejo à suspensão da pretensão
punitiva. Precedentes desta Corte.
3 - Em habeas corpus somente se altera a dosimetria e/ou o regime inicial da pena se
demonstrada ilegalidade flagrante ou teratologia, hipóteses não ocorrentes na
espécie.
4 - Ordem denegada.
(HC 397.961/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 22/08/2017, DJe 31/08/2017)

Anexo XI
RMS 51.523/CE
TRIBUTÁRIO. REGIME ESPECIAL DE FISCALIZAÇÃO. MEDIDA
FISCALIZATÓRIA DE AUMENTO DA BASE DE CÁLCULO DO ICMS COM A
INCLUSÃO DE “MARGEM DE VALOR AGREGADO”. DESPROPORCIONALIDADE.
SANÇÃO POLÍTICA COM A FINALIDADE DE ARRECADAÇÃO. ATIVIDADE
ECONÔMICA. PREJUÍZO. 1. A Suprema Corte, após reconhecer a repercussão geral
da matéria, no julgamento do RE 914.045/MG, à luz dos arts. 5º, XIII, e 170 da
Constituição Federal, decidiu ser “inconstitucional restrição imposta pelo Estado
ao livre exercício de atividade econômica ou profissional, quanto aquelas forem
utilizadas como meio de cobrança indireta de tributos” (ARE 914045 RG, Rel. Min.
Edson Fachin, DJe-232).
2. A depender do caso concreto, este Tribunal Superior tem permitido a
inclusão de contribuintes/responsáveis em Regimes Especiais de Fiscalização
quando habituados a infrações tributárias, não se admitindo, porém, que as
medidas fiscais impostas pelo respectivo regime possam inibir a regular
atividade empresarial. 3. Hipótese em que a impetrante, incluída no Regime
Especial de Fiscalização do Estado do Ceará, está sendo obrigada a pagar o
ICMS durante o transporte das mercadorias que comercializa, por ocasião da
passagem nos postos fiscais em rodovias, com a majoração da base de cálculo
do imposto, por meio do aumento da Margem de Valor Agregado, a ser aplicada
nos casos de substituição tributária, situação que evidencia ser a medida fiscal
imposta à impetrante meio indireto de coerção para cobrança de tributos,
eventualmente em atraso, pois o tratamento tributário diferenciado dificulta o
exercício da atividade econômica, com o aumento da carga tributária enquanto
vigente o Regime Especial de Fiscalização, o que não deve ser tolerado, à luz
dos arts. 5º, XIII, e 170 da Constituição Federal.
4. Recurso ordinário parcialmente provido.
(RMS 51.523/CE, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 08/06/2017, DJe 07/08/2017)

Anexo XII
TJ-RS Apelação Cível Nº 70073023186
Data do julgamento: 12/04/2017
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CAUTELAR. MEDIDAS RELATIVAS AO REGIME
ESPECIAL DE FISCALIZAÇÃO. LEI ESTADUAL Nº 13.711/2011 E DECRETO
ESTADUAL Nº 48.494/2011. CONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO
ÓRGÃO ESPECIAL DESTA CORTE. Conforme decidido por maioria pelo Órgão
Especial desta Corte no incidente de Inconstitucionalidade nº ,70048229124
não se configuram inconstitucionais as medidas previstas na Lei Estadual nº
2011/13.711e no Decreto Estadual nº 2011/48.494 relativas ao Regime Especial
de Fiscalização. Ausência de medidas coercitivas ou que condicionem a
continuidade das atividades da empresa ao pagamento imediato de tributos,
inexistindo ofensa aos enunciados nºs 70, 323 e 54 7do STF, ou aos princípios
da isonomia e livre concorrência. Inscrição da empresa no REF não gera
constrangimento, servindo a dar publicidade. Precedentes do STJ e desta Corte.
APELAÇÃO DESPROVIDA.

Anexo XIII
HC 399.109/SC
HC 399.109/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 22/08/2018, DJe 31/08/2018 → Configura crime de
apropriação indébita o não recolhimento de ICMS, seja “próprio” ou em regime
de substituição tributária.
RHC 50.446/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 20/06/2017, DJe 30/06/2017; RHC 48.089/SC, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
13/06/2017, DJe 21/06/2017 e RHC 68.694/SC, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe
21/06/2017 → O crime de apropriação indébita só pode ser praticado pelo
substituto tributário, não havendo tipicidade penal nos casos de ICMS
“próprio”.
REsp 851.260/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 04/09/2008, DJe 08/10/2008 → Não caracteriza crime de
apropriação indébita o não recolhimento de ICMS.

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