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Redes II – Heterogêneas

e Convergentes
Autor: Prof. Michel Bernardo Fernandes da Silva
Colaboradoras: Profa. Elisângela Mônaco de Moraes
Profa. Iza Melão
Professor conteudista: Michel Bernardo Fernandes da Silva

Formou-se em Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações pela Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (Poli-USP) em 2003. Concluiu os cursos de Pós-Graduação em Finanças e MBA Executivo no Insper em 2008.
Mestre em Engenharia Elétrica na Poli-USP em 2007. Atuou por dez anos na área financeira. Foi professor universitário
em diversas instituições, como FMU, Uninove e Anhanguera. Também possui diversos trabalhos para cursos EaD com
criação de conteúdos, partindo da elaboração de questões, revisão e preparação de material didático. Atualmente, está
cursando doutorado em Engenharia Elétrica na Poli-USP e desde 2013 é professor e coordenador dos cursos superiores
de Tecnologia em diversos campi da UNIP.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S586r Silva, Michel Bernardo Fernandes da.

Rede II: Heterogêneas e Convergentes / Michel Bernardo


Fernandes da Silva. São Paulo: Editora Sol, 2018.

132 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-118/18, ISSN 1517-9230.

1. Interligação de redes. 2. Redes convergentes.


3. Gerenciamento. I. Título.

CDU 681.324

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


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Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Vitor Andrade
Kleber Souza
Sumário
Redes II – Heterogêneas e Convergentes

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7

Unidade I
1 INTERLIGAÇÃO DE REDES – COMUTAÇÃO DE CIRCUITOS E DE PACOTES....................................9
1.1 Histórico das redes de telefonia e telegrafia................................................................................9
1.2 Histórico das redes de computadores........................................................................................... 10
1.3 Características das redes de comutação de circuitos............................................................. 12
1.4 Características das redes de comutação de pacotes.............................................................. 15
1.5 Dificuldade de integração entre redes heterogêneas............................................................. 18
2 REDES CONVERGENTES E REDES DA PRÓXIMA GERAÇÃO............................................................. 22
2.1 Necessidade da convergência de redes........................................................................................ 22
2.2 Tipos de convergência......................................................................................................................... 24
2.3 Objetivos da convergência................................................................................................................ 24
2.4 Vantagens e desvantagens de redes convergentes................................................................. 27
2.5 Tecnologias utilizadas em redes convergentes......................................................................... 28
2.5.1 Protocolos de redes convergentes.................................................................................................... 29
2.6 Redes da Próxima Geração (NGN).................................................................................................. 30
2.7 Novas aplicações de redes NGN...................................................................................................... 38
2.7.1 Gerenciamento de protocolos nas NGNs ..................................................................................... 39
2.7.2 Serviços de tripla mudança................................................................................................................. 40

Unidade II
3 ELEMENTOS E ARQUITETURA DE REDES NGN...................................................................................... 44
3.1 Arquitetura em camadas de NGN.................................................................................................. 44
3.2 Estrato de serviços e estrato de transporte................................................................................ 45
3.3 Gerenciamento....................................................................................................................................... 48
3.3.1 Gerenciamento de falhas .................................................................................................................... 48
3.3.2 Gerenciamento de configuração ...................................................................................................... 48
3.3.3 Gerenciamento de contabilização.................................................................................................... 48
3.3.4 Gerenciamento de desempenho ...................................................................................................... 49
3.3.5 Gerenciamento de segurança ............................................................................................................ 49
3.4 Funções das aplicações....................................................................................................................... 50
3.5 Principais equipamentos de uma rede NGN.............................................................................. 51
3.5.1 Media Gateway......................................................................................................................................... 51
3.5.2 Softswitch................................................................................................................................................... 52
3.5.3 Media Gateway Controller (MGC)..................................................................................................... 54
3.5.4 Signaling Gateway ................................................................................................................................. 55
3.5.5 Access Gateway ....................................................................................................................................... 55
3.6 Desempenho do meio de transmissão ........................................................................................ 55
4 REDES IP E CRIAÇÃO DO MPLS.................................................................................................................. 58
4.1 Compromisso do MPLS ...................................................................................................................... 61
4.2 Conceitos da arquitetura do MPLS................................................................................................ 62
4.3 Benefícios da rede MPLS.................................................................................................................... 65

Unidade III
5 QUALIDADE DE SERVIÇO (QOS).................................................................................................................. 69
5.1 Definição de QoS................................................................................................................................... 69
5.2 Características relevantes para tráfego........................................................................................ 71
5.3 Importância da qualidade de serviço............................................................................................ 73
5.3.1 Serviços integrados................................................................................................................................. 75
5.3.2 Serviços diferenciados........................................................................................................................... 76
6 VOZ SOBRE IP.................................................................................................................................................... 76
6.1 Introdução .............................................................................................................................................. 76
6.2 Redes TCP/IP............................................................................................................................................ 78
6.3 Atraso, latência e perdas em VoIP.................................................................................................. 81
6.4 Serviços VoIP........................................................................................................................................... 85

Unidade IV
7 PROTOCOLOS PARA VOIP.............................................................................................................................. 94
7.1 RTP (Real-Time Transport Protocol)............................................................................................... 95
7.2 RTCP (Real-Time Transfer Control Protocol).............................................................................. 97
7.3 Padrão H.323........................................................................................................................................... 98
7.4 Session Initiation Protocol (SIP)....................................................................................................102
7.5 MGCP (Media Gateway Control Protocol)................................................................................105
7.6 MeGaCo (Media Gateway Control Protocol) ..........................................................................106
8 VOZ SOBRE FRAME RELAY E VOZ SOBRE ATM...................................................................................109
8.1 Voz sobre pacotes................................................................................................................................109
8.2 Voz sobre Frame Relay (VoFR)........................................................................................................110
8.3 Voz sobre ATM (VoATM)....................................................................................................................114
8.4 Comparação entre tecnologia de voz.........................................................................................115
8.5 Considerações, aplicações e tendências.....................................................................................116
APRESENTAÇÃO

O objetivo geral da disciplina Redes II – Heterogêneas e Convergentes é a aplicação de conhecimentos


de diversas tecnologias disponíveis no mercado para integração de redes com recursos padronizados.

Para alcançar esse objetivo, será preciso apresentar as tecnologias utilizadas em gateways, roteadores
e softwares. Estudados esses conceitos, analisaremos a evolução e as tendências de convergência em
redes de computadores, avaliando as necessidades de tráfego.

O livro-texto foi dividido em quatro unidades. Na Unidade I, serão abordados, inicialmente,


os históricos e os conceitos de comutação por circuitos e comutação por pacotes, mostrando a
necessidade de integração. Depois, destacaremos as redes convergentes e suas características e as
redes da próxima geração.

Na Unidade II, examinaremos a arquitetura de Redes da Próxima Geração (NGN) e serão detalhados os
seus principais elementos. Então, conheceremos o protocolo MPLS, com sua arquitetura, seus benefícios
e seu princípio de funcionamento.

Na Unidade III, trataremos a Qualidade de Serviço (QoS), considerando sua definição, importância e
métodos para QoS. Nesse contexto, estudaremos a tecnologia de Voz sobre IP (VoIP).

Por fim, na Unidade IV, os protocolos utilizados em Voz sobre IP são devidamente pontuados, como
o RTP, o SIP, o RTPC, entre outros. Detalharemos outros dois tipos de voz sobre pacotes: Voz sobre Frame
Relay (VoFR) e Voz sobre ATM (VoATM).

Aproveite a leitura!

INTRODUÇÃO

Nos últimos séculos, os meios de comunicação passaram por um grande processo evolutivo que
influenciou diretamente o comportamento da sociedade e os modos pelos quais as pessoas se relacionam.

Conforme o dicionário Houaiss (2009), telefonia é a arte de levar a palavra falada ou outros sons
a grandes distâncias. Já no campo de telecomunicações, é a transmissão e a reprodução do som a
distância por meio de fios, cabos ou ondas eletromagnéticas, tendo como receptor um telefone.

As primeiras redes de telefonia datam da segunda metade do século XIX, mas se popularizaram no
início do século XX. Elas são formadas por comutação de circuitos.

As redes de computadores são compostas de diversos dispositivos, como servidores, computadores e


elementos de redes cujo objetivo é se comunicar entre si e compartilhar recursos.

Desde a década de 1960, foram criadas as primeiras redes de computadores. O projeto desenvolvido
pela Agência de Projetos de Pesquisas Avançadas do governo americano (Arpa – Advanced Research
7
Projects Agency), denominado Arpanet (Advanced Research Projects Agency Network), resultou na
primeira rede de longa distância criada em consórcio com as principais universidades e centros de
pesquisa dos EUA, com o objetivo específico de investigar a utilidade da comunicação de dados em alta
velocidade para fins militares.

A Arpanet é considerada a percursora da internet e desde 1990 já não está em operação, pois
existem estruturas alternativas de rede que já cumprem a sua função.

Com a expansão das redes de computadores, houve um grande investimento em infraestrutura


– cabeamento, elementos de rede e servidores. Dessa forma, a rede de computadores também pode
ser considerada um recurso para as organizações, sejam elas empresas privadas, universidades, bases
militares, governos ou grupos de indivíduos.

A eficiência dos serviços da rede prestados está associada ao bom desempenho dos sistemas
de rede. Com o aumento da quantidade de nós da rede e da quantidade de serviços oferecidos por
ela, é preciso adotar uma gama eficiente de ferramentas de gerenciamento automatizadas para a
monitoração e o controle dos sistemas e do desempenho da rede. Um ponto fundamental é padronizar
as técnicas para representar as informações e permitir o intercâmbio das informações obtidas entre
os diversos pontos da rede.

Antes da propagação da internet, havia estruturas apartadas para telefonia (voz), dados e vídeo,
que utilizavam canais, meios e redes diferentes para prover seus serviços. A rede de telefonia transmitia
somente voz, e a rede de TV exclusivamente vídeo. A rede de dados tinha acesso apenas a arquivos e
tráfego de e-mails.

Com a rápida evolução das tecnologias de redes, aliada à grande redução de custos dos recursos
computacionais, houve a proliferação das redes de convergentes, provendo na mesma infraestrutura
voz, dados e imagens com uma qualidade de serviço com requisitos previamente determinados para
cada tipo de função. Assim, houve uma convergência tanto de mídia quanto de redes.

Essas redes convergentes necessitam de novos protocolos, utilizam arquiteturas diferentes e com
variedade de elementos, possibilitando uma série de novas aplicações, como Voz sobre IP (VoIP), Voz
sobre Frame Relay (VoFR), Voz sobre ATM (VoATM) e Redes da Próxima Geração (NGN).

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REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Unidade I
1 INTERLIGAÇÃO DE REDES – COMUTAÇÃO DE CIRCUITOS E DE PACOTES

1.1 Histórico das redes de telefonia e telegrafia

O telégrafo foi patenteado por Samuel Morse em 1837 e aplicava um código para transmitir
mensagens de forma segura e confiável. O mais utilizado pelos telégrafos foi o código Morse, e a rede
original empregada nos anos de 1840 era para telegrafia.

A invenção do telefone foi promovida em 1876 pelo escocês Alexander Graham Bell, e a telefonia
tem quase um século e meio de história. As primeiras palavras oficialmente transmitidas pelo aparelho
elétrico de transmissão de voz foram: “Mr. Watson, venha cá, eu preciso do senhor”. Watson era um de
seus funcionários.

Em 1877, D. Pedro II trouxe o telefone ao Brasil. Teve contato com a invenção na exposição do
primeiro centenário da Independência dos Estados Unidos da América.

Pouco tempo depois de patentear a invenção do telefone, surgia a profissão de telefonista para
atender ao volume de chamadas, pois as primeiras centrais telefônicas eram controladas manualmente
pelas telefonistas, que escolhiam as linhas nas quais as ligações precisavam ser conectadas para chegar
até seu destino.

O telégrafo foi o principal meio de comunicação à longa distância no século XIX e no começo do
século XX. Foi muito utilizado por indústrias, comércios, governos e até mesmo pelas forças armadas de
diversos países em momentos de guerra.

Com a disseminação do telefone na primeira metade do século XX, o telégrafo foi caindo em desuso.
Quando o número de assinantes de linhas telefônicas superou a quantidade de cabos que conectava
cada aparelho, foi necessário criar centrais telefônicas.

Os primeiros sistemas de comutação automática trouxeram um serviço mais rápido, seguro e


eficiente, proporcionando privacidade maior às ligações. Uma central de comutação possui uma série
de funções básicas, vejamos algumas delas:

• fazer a conexão entre os canais de comunicação dos assinantes da rede;

• reconhecer e processar as informações do assinante que está realizando a chamada em relação ao


destino desejado para a chamada (número do assinante a ser chamado);

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Unidade I

• enviar sinais audíveis de chamada para assinante que faz a chamada e para aquele a ser chamado
(sinalização de assinante);

• fornecer alimentação elétrica para os telefones dos assinantes;

Quanto à estrutura das empresas de telecomunicações, até meados da década de 1990, a Telebras
controlava um conglomerado de empresas estatais que forneciam serviços de telecomunicações. Assim,
foi criado um padrão nacional baseado no RDSI (Rede Digital de Sistemas Integrados), com o objetivo
de disponibilizar uma infraestrutura.

Depois das privatizações das empresas estatais de telecomunicações, a Agência Nacional de


Telecomunicações (Anatel) foi criada em 1997, através da Lei Geral de Telecomunicações, de forma a
conceituar e fixar o novo modelo brasileiro de telecomunicações, visando regular e fiscalizar o setor.

Saiba mais

Os sites a seguir tratam sobre a história das telecomunicações no Brasil.

HISTÓRIA DAS TELECOMUNICAÇÕES. Telecomunicações do Brasil, [s.d.].


Disponível em: <http://telecomunicacoesdobrasil.org.br/voce-conectado/
historia-das-telecomunicacoes/>. Acesso em: 6 jul. 2018.

OI FUTURO. História das telecomunicações. Programa educativo. Museu


das Telecomunicações. Oi, 6 jul. 2007. Disponível em: <http://www.oifuturo.
org.br/wp-content/uploads/2012/12/HistoriadasTelecomunicacoes.pdf>.
Acesso em: 6 jul. 2018.

<http://museudastelecomunicacoes.org.br>.

1.2 Histórico das redes de computadores

O estudo da evolução de qualquer área da ciência, da engenharia ou da tecnologia não apenas


estimula a curiosidade humana natural, mas também proporciona uma melhor compreensão das
principais realizações nesse campo, tornando-nos conscientes das tendências existentes e ajudando-nos
a avaliar as perspectivas de determinados desenvolvimentos.

Inicialmente, a comunicação de dados utilizava a rede de voz para comunicação em baixa velocidade,
pois a banda da rede de voz é bem restrita e limita muito a taxa de transferência de bits.

As redes de computadores surgiram há relativamente pouco tempo, no fim dos anos 1960. O projeto
Arpanet resultou na primeira rede de longa distância, criada em consórcio com as principais universidades

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REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

e centros de pesquisa dos EUA com o foco específico de investigar a utilidade da comunicação de dados
em alta velocidade para fins militares.

Não havia tanto interesse comercial em redes de computadores até meados dos anos 1970, pois elas
eram definidas pelo tipo de mainframe, isto é, computador central com alta capacidade de processador,
utilizado. Com base no tipo de mainframe, havia muita restrição quanto à arquitetura proprietária dos
fornecedores, como IBM, Honeywell, DEC, entre outras.

Em 1969, a Arpanet interligou quatro universidades americanas: a Ucla, em Los Angeles, o


SRI (Stanford Research Institute), a UCSB (Universidade da Califórnia em Santa Barbara) e a
Universidade de Utah. Havia 13 computadores na rede em janeiro de 1971, 23 em abril de 1972 e
38 em janeiro de 1973.

Depois da metade da década de 1970, iniciaram-se os trabalhos para o desenvolvimento de uma


arquitetura de computador aberta através de padrões bem definidos. De um lado, os compradores
necessitavam que os produtos fossem compatíveis entre si. Por outro lado, os fornecedores
empreendiam esforços para efetuar a interoperabilidade entre os equipamentos. Com isso, nessa
época, possibilitou-se, por exemplo, acessar informações e recursos do mainframe IBM através de
um minicomputador DEC.

Em 1980, a Arpanet já estava se consolidando rapidamente pelos EUA, conectando mais de


400 hosts em universidades, em organizações militares e em órgãos governamentais. O número
de pessoas com acesso à rede já era superior a 10 mil. Em 1984, já havia 1.000 hosts; em 1989, mais de
100.000 mil hosts na Arpanet, quando esta foi desativada e substituída pela rede National Science
Foundation Network (NSFnet) para fins civis e comerciais.

Essa pequena história mostra a rápida e exponencial evolução do número de elementos interligados
em redes e, com o aumento da quantidade, é preciso administrar bem seus recursos. Deve-se considerar
que na rede circulam vários protocolos de comunicação, com equipamentos de diferentes fornecedores
e que operam diversas versões e sistemas operacionais.

As redes de computadores herdaram muitas propriedades úteis de suas predecessoras, isto é, as
mais antigas e amplamente adotadas redes telefônicas. Tal fato não deve causar espanto, uma vez
que tanto computadores quanto telefones são instrumentos universais de comunicação a distância,
ou seja, de telecomunicações.

Contudo, as redes de computadores trouxeram uma novidade para o mundo das comunicações:
o armazenamento quase inesgotável de informações acumuladas pela civilização humana durante os
vários milhares de anos de sua existência. Essa reserva de dados continua a aumentar e num ritmo
progressivo. Esse fato tornou-se especialmente perceptível na metade da década de 1990, quando o
crescimento colossal da internet demonstrou claramente que o acesso gratuito e anônimo aos dados
e às comunicações escritas instantâneas era algo extremamente valorizado pela maioria dos usuários.

11
Unidade I

Saiba mais

As referências a seguir contêm informações sobre o histórico de redes


de computadores:

MORAES, A. de. Telemática: convergência de dados, voz e imagem. São


Paulo: Érica, 2014.

MORINTO, C. E. História das redes. Hardware.com, 11 abr. 2008. Disponível


em: <https://www.hardware.com.br/tutoriais/historia-redes/>. Acesso em:
10 jul. 2018.

1.3 Características das redes de comutação de circuitos

Comutação de circuitos é o princípio no qual se baseia a transmissão de voz nas redes de telefonia.
Nesse sistema, a transmissão de voz só pode ser realizada se existir um caminho dedicado entre dois
terminais, geralmente chamado de terminal de A, para quem origina a chamada, e terminal de B, para
quem a recebe.

O nó final A, conectado à rede utilizando o dispositivo terminal, envia dados para a rede com uma
taxa fixa igual à largura de banda. Caso essa taxa seja menor que a largura de banda do enlace, o
dispositivo terminal, depois de enviar as informações úteis ao usuário, envia dados nulos, sem significado.
O dispositivo terminal B entende que parte do fluxo de bits consiste de informações úteis e o restante
são bits de enchimento ou padding. Os bits de enchimento são descartados e somente são destinadas
ao usuário final as informações úteis enviadas pelo emissor.

Essa comunicação da comutação de circuitos envolve três fases:

• estabelecimento do circuito utilizado na chamada;

• transferência de informações ou fase de conversação; e

• desconexão do circuito.

Na comutação de circuitos, o caminho alocado durante a fase de definição da conexão permanece


dedicado a esses terminais até que um deles, ou ambos, decida desfazer o circuito. A figura a seguir
mostra o estabelecimento de uma comunicação por comutação de circuitos entre o usuário A e o
usuário B, passando pelos circuitos de comutação S1, S2 e S4.

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REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

S2 S4
T
Taxa de informações Usuário D
do circuito T
T
S1 T
Usuário C T
T
T T Usuário B
Ligações
T
T S3 S5
T
Taxa de Comutação
informações T
Usuário A
do usuário T
T
T
T

Figura 1 – Comutação de circuitos

Dessa maneira, durante a fase de conversação, observa-se o seguinte: caso o tráfego entre os
dispositivos não seja contínuo nem constante, isto é, apresentar períodos de inatividade, a capacidade
do meio físico é bastante desperdiçada. Em outras palavras, uma observação analítica do processo de
transmissão nos levará a constatar que este é bastante dispendioso, já que mantém alocado o circuito
durante 100% do tempo, apesar de não utilizá-lo o tempo todo, já que existem longos períodos de
silêncio, por exemplo.

Observação

As redes comutadas por circuitos transmitem o tráfego do usuário com


eficiência quando esse tráfego tem fluxo regular durante todo o tempo e é
equivalente à largura de banda da ligação da rede.

Esse tipo de comutação de circuito traz vantagens e desvantagens. Trata-se de uma técnica
extremamente eficaz quando é necessária apenas a transmissão de tráfego telefônico, contanto que
a impossibilidade de suprimir pausas das conversações possa ser tolerada. Todavia, na transmissão do
tráfego de computadores, que, por natureza, é uma transmissão em rajadas, essa ineficiência passa a ser
um limitador extremamente indesejado.

A rede telefônica é uma das estruturas de comunicações mais complexas e de maior capilaridade,
que se inicia com um serviço telefônico básico e pode se estender até um portfólio de atividades variadas
e densas. A composição de rede telefônica é: rede de longa distância e rede local. A primeira inclui as
centrais interurbanas e internacionais e os respectivos entroncamentos, já a segunda contém as centrais

13
Unidade I

e os entroncamentos em área urbana e o enlace do assinante, constituído pelos terminais e linhas de


assinante.

Central local Terminal de assinante

Linha de assinante
Central trânsito IU
Central local

Central tandem

Entroncamento terminal IU

Central trânsito IU
Entroncamento IU

Figura 2 – Estrutura topológica da rede telefônica

Cada elemento dessa estrutura possui uma abrangência e um tipo de ligação. É na central local que
chegam as linhas de assinantes e se faz a comutação local. A interligação de centrais locais forma uma
rede em malha ou sistema local. Já uma central Tandem local comuta ligações entre centrais locais,
criando uma rede em estrela. Por sua vez, a central Tandem interurbana interliga centrais interurbanas.

A central trânsito conecta dois ou mais sistemas locais, inclusive por intermédio de uma central
Tandem local. Essas centrais interligam-se diretamente ou através de outra central trânsito. Por fim, a
central trânsito internacional realiza a interligação entre países.

O atual sistema de telefonia, também chamado de PSTN (Public Switch Telephone Network), foi
desenhado para acomodar uma única aplicação: voz não comprimida. A PSTN é uma coleção de
equipamentos de rede e de comutação pertencentes às empresas telefônicas envolvidas no fornecimento
de serviços de telefonia. A PSTN refere-se à rede telefônica cabeada e seus pontos de acesso às redes sem
fio (wireless), como celular, comunicações por satélite e sistemas de comunicação pessoal ou Personal
Communication System (PCS).

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REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Essas redes foram construídas para entregar 99,9994% das chamadas, com baixa latência e jitter,
um roteamento de chamadas altamente escalável através da infraestrutura de sistema de numeração 7
(SS7), e serviços de voz de valor agregado como mensagem de voz e identificador de chamadas.

Jitter pode ser entendido como a variação estatística decorrente do atraso na chegada dos dados
em uma rede. Já latência, para redes, representa atraso, ou seja, o tempo que um pacote leva para sair
de um local e ir até outro. Pode-se medir a latência através do comando ping, que envia o pacote que
será devolvido para o emissor, e o tempo de ida e volta é considerado com latência. O sistema SS7 é uma
rede digital dedicada usada para inicialização e controle de chamadas, no qual cada ponto é identificado
unicamente por um código numérico.

A PSTN, por meio da técnica TDM (Time Division Multiplex), ou seja, multiplexação por divisão
do tempo, oferece o acesso ao serviço de voz em incrementos de 64 kbits/s, conhecidos como DS0.
Os DS0s são agrupados pelos Dacs (Digital Access Cross-Connect Systems) para a comunicação
por DS1 (1,5 Mbit/s) ou por interface DS3 (45 Mbit/s) com as centrais Classe 5. As centrais Classe 5
comunicam-se com centrais Tandem de concentração e transporte para encaminhar as chamadas
pela rede telefônica até a central Classe 5 de destino. As chamadas de voz DS0, depois de repartidas
pelos DACS de origem, são remontadas nas centrais de destino e voltam aos seus estados originais
(64 kbit/s).

Os multiplexadores e demultiplexadores de tráfego de voz trabalham razoavelmente bem em


um ambiente estático como este orientado à voz. O provisionamento dos DACS, centrais Tandem de
concentração e transporte, e troncos são incômodos, mas aceitáveis, como um resultado razoavelmente
consistente para os padrões de tráfego de voz.

Todavia, entre o fim dos anos 1980 e início dos 1990, o rápido avanço do processamento distribuído
e a internet mudaram tudo. O acesso via internet discada consumiu os recursos dos circuitos da PSTN
com tempos de duração de chamadas inesperados, diminuindo a Qualidade do Serviço (QoS – Quality
of Service).

1.4 Características das redes de comutação de pacotes

A comutação de pacotes é a técnica que envia uma mensagem de dados dividida em


pequenas unidades chamadas de pacotes, também conhecidos como frames , sendo utilizados
nas redes de computadores.

Não é preciso definir previamente um caminho físico para a transmissão dos pacotes de dados,
pois os pacotes podem ser transmitidos por diferentes caminhos e chegar fora da ordem em que
foram transmitidos.

Por esse motivo, a comutação de pacotes é mais tolerante a falhas em relação à comutação de
circuitos, pois os pacotes podem percorrer caminhos alternativos até o destino para contornar os
equipamentos de comutação inativos.

15
Unidade I

Nesse tipo de comutação, não há a reserva prévia de largura de banda, assim não ocorre o desperdício
de recursos. A largura de banda é fornecida sob demanda, e o endereço é uma propriedade vital para
comutação de pacotes em cada pacote transmitido, porque cada pacote será processado de forma
independente dos outros pacotes pelo comutador analisando-se o fluxo de informações.

Na comutação de pacotes, usa-se o tipo de transmissão store-and-forward, ou seja, armazenar e


transmitir. O pacote é recebido e armazenado por completo pelo equipamento e depois encaminhado
para o próximo destino. Em cada um desses equipamentos, o pacote recebido tem um endereço de
destino, que possibilita indicar o caminho correto para o qual ele deve ser enviado.

A figura a seguir ilustra a comutação por pacotes.


Pacotes enfileirados para
transmissão subsequente

Equipamento
de comunicação

Figura 3 – Comutação de pacotes

Entre os tipos de rede de comunicação de dados, podemos destacar a LAN (Local Area Network)
e a WAN (Wide Area Network). As primeiras são redes locais que cobrem áreas geograficamente
pequenas. As outras são redes remotas formadas pela interconexão de redes locais distantes. Vejamos
essa classificação:

LAN1 LAN2

WAN

Figura 4 – LAN e WAN

É possível fazer uma analogia com o transporte físico de um pacote via Sedex. Para enviar uma
encomenda ou um pacote qualquer, é preciso fornecer à agência dos Correios informações necessárias

16
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

sobre o destino do pacote, o remetente e muitas vezes o tipo de objeto a ser entregue, para que a
transportadora possa enviá-lo corretamente ao destino desejado.

Em comunicação de dados, o significado de transporte de pacotes é exatamente o mesmo. A


única diferença, para este caso, é que o conteúdo de um pacote seria uma informação qualquer a ser
transmitida através de uma rede de computadores de uma estação para a outra. A tarifa na comutação
de pacotes é feita pelo volume do tráfego de dados, em geral mensalmente.

Em todas as tecnologias de comutação de pacotes, os dados a serem transmitidos são fragmentados,


organizados e agrupados em unidades lógicas menores, os pacotes, com tamanhos variáveis, porém
dentro dos limites máximos de transmissão fixados por um protocolo de rede.

Observação

Um pacote genérico é composto de um bloco de dados de um usuário


e contém um campo denominado payload, que detém as informações a
serem transmitidas, e outro denominado header, o cabeçalho.

Destaca-se a seguir a estrutura de um pacote do protocolo internet ou IP (Internet Protocol).

Tabela 1 – Estrutura de pacote

Header (cabeçalho) Payload (informação)


IP de origem: 192.168.50.71
Mensagem: “Hora do almoço”
IP de origem: 192.168.50.91

O payload, neste caso, significa a carga útil do pacote, ou seja, é a informação que se deseja
transmitir para um receptor. Retornado ao exemplo do Sedex, comparativamente, o payload seria o
próprio conteúdo do pacote. Já no campo header estariam os dados requeridos para fins de controle
e identificação do pacote, ou seja, nele estaria contida toda a informação que a transportadora, no
exemplo a rede de computadores, precisaria para entregar a encomenda ao destino correto.

Entre as informações do header, pode-se destacar principalmente as de endereçamento da


estação de destino, estação de origem e o tipo de dado sendo transportado e um campo auxiliar,
localizado no fim do pacote, que é conhecido como trailer ou reboque. Este permite confirmar se
os dados foram corrompidos durante a transmissão.

Concluindo, verifica-se que a comutação de pacotes é baseada no endereçamento de pacotes


ao destino, ou seja, diferentemente da comutação de circuitos, não é necessário definir caminhos
físicos dedicados entre os terminais ou estações participantes da comunicação. A informação a ser
enviada pode trafegar por diferentes trajetórias até seu destino.

17
Unidade I

1.5 Dificuldade de integração entre redes heterogêneas

Uma das diferenças entre redes comutadoras de circuitos e de pacotes é a presença de buffers
internos para armazenamento temporários de pacotes nos comutadores de pacotes. Tal fato ocorre
porque os comutadores precisam de todas as partes do pacote para decidir o roteamento. Cada pacote
é armazenado no buffer de entrada.

Adicionalmente, por causa do buffering, isto é, do uso de buffers, é preciso coordenar o tempo de
chegada dos pacotes e o periodo de sua comutação. Se o elemento que realiza a comutação de pacotes,
switching fabric, não estiver no ritmo compatível com o processamento de pacotes, por consequência
surgem filas e entrada nas interfaces do comutador.

Essa necessidade de especializações em redes de voz e dados ou redes de pacotes e circuitos geraram
nas operadoras diversas redes sobrepostas, como as ilustradas a seguir.

SS7
Customers Network CL5 Switch Customers

MT PSTN MT
PRJ
CL5 Switch CL4 Switch CL4 Switch
Corp PBX

CL5 Switch CL5 Switch

MSC PSTN

ISP Internet ISP


ISP RAS ISP RAS

Figura 5 – Arquitetura de redes sobreposta

A British Telecommunications PLC, por exemplo, teve pelo menos 17 redes paralelas, cada qual
necessitava exclusivamente de sua rede de gerenciamento e com profissionais com conhecimentos
específicos. Ademais, cada rede possuía protocolos e padrões distintos.

O amplo avanço do tráfego de dados também forçou as operadoras a expandirem suas infraestruturas
de redes de dados progressivamente. A expectativa de crescimento foi tão agressiva que empresas como
a MCIWorldCom registraram taxas de crescimento do backbone de dados de aproximadamente 800%
anuais, enquanto o tráfego de dados, por comparação, aumentou apenas 4% em todo o mundo.

18
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Observação

A rede backbone (central) une redes de acesso separadas e transmite


tráfego entre elas usando ligações rápidas. As redes de acesso compõem
a camada hierárquica mais baixa das redes de telecomunicações. O
principal propósito da rede de acesso é a concentração dos fluxos de
informação que chegam por meio de diversos tipos de ligações a partir
do equipamento do usuário, dentro de um número relativamente
pequeno de nós do backbone.

Contudo, é importante perceber que a rentabilidade do serviço de voz manteve os provedores de


serviço, responsáveis por 80% do total de seus rendimentos no início dos anos 2000. Da mesma forma,
esses provedores, embora construam suas infraestruturas visando às aplicações futuras, continuam
oferecendo os serviços de voz tradicionais de alta qualidade.

A não regulamentação das telecomunicações, o aumento quase exponencial do tráfego de dados e


a renovação dos serviços exigiram que as empresas de telecomunicações examinassem novamente suas
propostas para proverem serviços de voz e dados.

Houve previsões de que o aumento do fluxo de dados representaria uma grande participação do
volume total de dados das operadoras. Com essa diminuição dos lucros da telefonia tradicional, as
operadoras foram forçadas a:

• reduzir o número de plataformas simultâneas, que em geral eram operadas separadamente e com
circuito comutado (voz e linhas privativas), redes Frame Relay (ATM) e IP;

• congelar os investimentos nas tradicionais redes de comutação por circuito e migrar para
infraestruturas convergentes de comutação;

• prover serviços mais rentáveis e avançados a partir de plataformas, considerando hardwares e


softwares, desenhadas para entregar serviços integrados de voz, dados e vídeo.

Os desafios apresentados pela mudança do domínio da voz pelos dados afetaram a rentabilidade e
a viabilidade em longo prazo das operadoras de todos os nichos, desde as incumbents (concessionárias
locais) até os mercados recém-iniciados. Todavia, determinar e executar uma linha estratégica de
migração desde as atuais redes sobrepostas às arquiteturas integradas de circuito e comutação por
pacotes é o ponto crítico para o futuro de todas as operadoras de telecomunicações hoje.

Com o tamanho e o escopo das redes de pacotes aproximando-se da PSTN, as operadoras começaram
a procurar maneiras de cobrir seu tráfego de voz e dados. Então, moveram os serviços de voz para redes
de pacote tanto para reduzir os custos internos como para prover mais serviços de valor agregado e
obter uma maior eficiência de custo em um ambiente cada vez mais competitivo.

19
Unidade I

O aumento vertiginoso dos usuários de internet forçou as operadoras a investirem em uma


capacidade adicional a PSTN, um exercício custoso, dado que os provedores de serviços não tinham
como oferecer banda passante suficiente a um preço razoável. Quanto ao retorno sobre investimento,
houve baixo ou até nenhum rendimento.

Além disso, as características de rajada e demandas de largura de banda para a transmissão de dados
não foram bem atendidas pela comutação de circuitos, natureza da PSTN, e houve pouca requisição
de seus serviços de voz de valor agregado até o momento. As redes de comutação por pacotes,
entretanto, poderiam acomodar esse rápido crescimento e suportar as características de rajadas das
aplicações de dados mais eficientemente do que as arquiteturas fixas (64 kbit/s) da PSTN. Assim, as
operadoras rapidamente envidaram esforços e os concentram nas arquiteturas de dados e construíram
ou expandiram suas redes Frame Relay, ATM e IP, a maioria delas com o ATM no core tecnológico e na
camada baixa do backbone da rede.

Um estudo da Sprint Corporation divulgou o seguinte: equipamentos de dados estavam 70% mais
baratos que os de voz; linhas de acesso de dados custavam entre 60% e 80% do valor das linhas de
acesso de voz; a manutenção das redes de pacotes estava 50% menor; já o provisionamento era 72%
menor (IEC, 2002).

Entretanto, a consolidação das redes de voz com as de pacotes no passado provou-se difícil, já que a
PSTN não foi projetada para trabalhar com dados e as redes de dados não tinham intenção de acomodar
aplicações de voz ou serviços de valor agregado com voz para usuários de telefonia.

Como comentado, a rede pública de telefonia é robusta, a PSTN fornece 99,9999% de disponibilidade
versus uma média de 99,9% das redes de dados. Ademais, a maioria das redes de pacotes utilizava a
técnica best-effort para transporte e não dava atenção para questões de delay necessário para aplicações
de voz.

As redes ATM, as quais algumas operadoras estavam aptas a alavancar como solução devido
à sua base instalada e potencialidades intrínsecas de QoS e suporte à sinalização (requisito
para interoperar com redes SS7), pareciam ser o melhor e mais rápido método disponível para a
migração do tráfego de voz da PSTN para backbones baseados em pacotes, porém se mostraram
extremamente complexas e onerosas.

Até a proliferação da internet, havia estruturas apartadas para telefonia (voz), dados e imagem, que
utilizavam canais, meios e redes diferentes para prover seus serviços. A rede de telefonia transmitia
somente voz, e a rede de TV exclusivamente vídeo. A rede de dados tinha acesso apenas a arquivos e
tráfego de e-mails, como ilustrado a seguir.

20
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Figura 6 – Serviços diferentes utilizando meios/redes/canais diferentes

Observação

De forma geral, as redes de comutação por circuito são já estabelecidas e


proporcionam comprovada confiabilidade, inteligência da rede centralizada
e qualidade de serviço assegurada. Além disso, elas possuem ampla gama
de serviços, interfaces, serviços e protocolos proprietários, mas apresentam
um alto custo de banda pelos períodos ociosos em uma chamada.

Já as redes de comutação de pacotes possuem interfaces e protocolos


abertos, alta escalabilidade da rede, inteligência nos equipamentos
terminais de clientes. Apesar de terem baixo custo de banda e flexibilidade
de banda, apresentam qualidade de serviço inferior às redes comutadas.

O quadro a seguir compara, segundo diversas características, os dois tipos de comutação: a de


circuitos, utilizada em telefonia, e a de pacotes, usada em redes de computadores.

Quadro 1 – Comparativo entre comutação de circuitos e comutação de pacotes

Característica Comutação de circuitos Comutação de pacotes


Não é obrigatório (método dos
Necessidade de estabelecer conexão É necessário estabelecer a conexão datagramas)
Transmitido juntamente com o
Utilização do endereço Somente depois de estar conectado pacote
Rede pode rejeitar solicitação Rede sempre disponível para
Aceitação da rede à conexão de usuário receber dados do usuário

21
Unidade I

Não é conhecida para


Largura da banda Garantida para usuários usuário individual
Tráfego transmitido em tempo real: Os retardos da transmissão são
Tempo de atraso sem atrasos aleatórios
Pode haver perda de dados no
Confiabilidade de transmissão Alta confiabilidade buffer devido à sobrecarga
Recursos da rede são
Uso ineficiente da largura de banda eficientemente usados em
Uso eficiente da largura de banda reduz eficiência geral da rede tráfegos intermitentes,
em rajadas

É possível redistribuir
Possibilidade de alterar banda de dinamicamente a largura de
Não é possível
usuários sem prejudicar sistema banda entre usuários conforme
o tráfego

2 REDES CONVERGENTES E REDES DA PRÓXIMA GERAÇÃO

2.1 Necessidade da convergência de redes

Segundo o dicionário Houaiss (2009), convergência é a disposição de dois ou mais elementos lineares
que se dirigem para ou se encontram em um mesmo ponto. Também pode ser interpretada como uma
tendência para aproximação ou união em torno de um assunto ou de um fio comum.

Os primeiros artigos sobre o assunto datam do início de 1970, com a experiência inicial de transmissão
de pacotes IP com áudio, entre a University of Southern California e o Massachusetts Institute of
Technology, em agosto de 1974. A primeira Request for Comments (RFC) sobre pacotes de voz, RFC 741,
foi publicada em 1977.

As empresas de tecnologia trabalham com o conceito de convergência desde o fim da década de


1980. Nessa época, entendia-se por convergência a busca pela otimização dos meios de comunicação
instalando sistemas ou aparelhos que possibilitassem o tráfego simultâneo de vídeo, voz e dados no
mesmo meio de transmissão. Diversas redes corporativas foram projetadas e implementadas nesse
conceito para suporte de aplicações que necessitem de maior integração das operações, gerenciamento
da rede e segurança da informação.

Analisando o contexto de redes de computadores e sistemas de comunicação, essa definição é


relevante. Desde o fim da década de 1990, as empresas de comunicações buscam soluções de tecnologia
que habilitassem diferentes aplicativos de rede a convergirem para uma única tecnologia, a qual fosse
capaz de suportar vários aplicativos.

Até então, a maior parte do tráfego de dados era tráfego não tempo real, porém cada vez mais
serviços em tempo real começaram a ser desenvolvidos, criando a possibilidade de agregar novas opções
à rede convergente.

Depois dos anos 2000, as operadoras de telecomunicações ao redor do mundo enfrentaram


o desafio de como reverter a diminuição das receitas geradas pelos serviços de voz, mais
22
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

conhecidos como serviços de telefonia fixa tradicional, e até hoje continuam enfrentando essa
adversidade. O fenômeno é resultante sobretudo pelo rápido crescimento da internet, além da
competição entre as operadoras de telefonia fixa local ou Incumbent Local Exchange Carriers
(Ilecs), as operadoras de telefonia fixa espelhos ou Competitive Local Exchange Carrier (Clecs), e
as operadoras de telefonia móvel.

Para dificultar esse cenário, as operadoras de serviço de TV a cabo já começaram a oferecer serviços de
voz aos seus tradicionais clientes de TV a cabo, disputando preços e serviços neste mercado. Estudos têm
mostrado que os clientes estão dispostos a pagar por um serviço atrativo que permita a integração entre
voz, vídeo e dados. Sob essas condições, tornou-se essencial às operadoras de telefonia fixa mudarem
seus valores e serviços para tornarem-se competitivas. Essa concorrência levou a uma baixa de preços e
diferenciação pelos serviços ofertados.

No futuro, o faturamento das operadoras de telecomunicações será predominantemente


oriundo das operações com dados. Todavia, no passado, a maior parte do volume da receita vinha
da operação das redes comutadas. Era preciso obter um modo de garantir o futuro, mas sem
perder a receita atual.

Caso um mesmo processo padronizado de codificação, roteamento, transporte, endereçamento


e utilização de redes físicas fosse utilizado para todas as conexões fim a fim, então tal processo
poderia ser eficiente em escalas de produção e operação, minimizando os custos e beneficiando
os usuários finais com menores preços. Porém, muitos fatos demonstram que isso não é uma
meta alcançável.

É vital destacar que existe uma diversidade de exigências dos usuários, tais como mobilidade,
resposta em tempo real, tamanho de banda, segurança e preços acessíveis. Adicionalmente, é
necessário haver uma série de compatibilidades de redes e meios, como o uso de rádios com
espectro limitado, redes legadas que utilizam cabos de cobre de forma predominante nos acessos
para telefone e TV a cabo, os backbones baseados em tecnologias do tipo ATM, SDH, PDH, entre
outros. É preciso considerar a quantidade das exigências de serviços, tais como TV, telefonia, Video
on Demand, Digital Sound Broadcast, Digital Video Broadcast, jogos via internet etc., que possuem
diferentes demandas por banda, com características específicas quanto à simetria, atraso, perda
de informação e tempo de configuração. Por fim, uma das razões é a força do mercado, o que
significa que os fornecedores de tecnologias tendem a esperar até que seus últimos lançamentos
sejam vendidos para que os novos cheguem ao mercado.

A convergência deverá ser o grande desafio. Quanto mais perto as redes chegarem da convergência
total, mais eficientes serão as soluções de serviços e o atendimento a demandas específicas.

Dessa forma, como a manutenção de duas redes separadas, de voz comutada e de dados por
pacotes, tornou-se cara e não competitiva, a interoperabilidade entre os serviços das diferentes
redes é o ponto essencial.

23
Unidade I

2.2 Tipos de convergência

Tanto para o caso específico de convergência de redes de voz e redes de dados, quanto para
os outros eventos de convergência, pode-se definir três tipos de convergência: a de protocolo, a
tecnológica e a industrial.

No caso da convergência tecnológica, um dos casos mais antigos e comuns foi a utilização de
computadores e modems para transmissão de dados pelo sistema de telefonia. Assim, o sistema
de transmissão de voz convergia com o sistema de transmissão de dados, produzindo um método
capaz de trafegar dados e voz. No fim dos anos 1990, redes locais iniciaram a transferência de
chamadas telefônicas.

Outros casos de convergência tecnológica ocorrem em telefonia em fio. Por exemplo, depois de
tirar uma foto em um celular, o usuário pode transferir a imagem pela rede da operadora para outro
telefone celular. Além disso, consegue enviar mensagens de texto instantâneas. Desde a década de
2000, as operadoras de telefonia celular iniciaram a oferta de serviços que possibilitavam ao usuário
a transmissão de dados em alta velocidade por uma conexão de telefone celular. Esses são outros
exemplos de convergência de aplicativos diferentes, no caso telefonia celular e fotografias digitais, em
uma única tecnologia.

A convergência industrial ocorre quando várias empresas telefônicas que oferecem serviço telefônico
local e a distância convergem para um número menor de empresas.

Então, protocolos de rede mais antigos deram lugar a outros protocolos, ou se fundiram a estes,
havendo, nesses casos, a convergência de protocolo. Por exemplo, o IPv4, versão 4 do protocolo IP, foi
sendo substituído progressivamente pelo IPv6, que possui uma maior capacidade de endereçamento
para dispositivos.

Observação

O IPv6 será implementado gradativamente, de modo que ambas


as versões do IP deverão coexistir por alguns anos, até que o período
de transição seja completado e todos os hosts do planeta sejam
IPv6. Assim, este deverá apresentar compatibilidade com a versão
anterior. Hosts IPv6 são capazes de se comunicar tanto com hosts
IPv6 quanto IPv4.

2.3 Objetivos da convergência

O objetivo da convergência era encontrar uma fórmula que otimizasse os meios de comunicação
através da instalação de equipamentos ou da utilização de sistemas que permitissem a coexistência do
tráfego de vídeo, voz e dados no mesmo canal de transmissão.

24
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

A convergência é a fusão da tecnologia de comutação por pacotes com a


sinalização telefônica e a inteligência de processamento de chamada, permitindo
às operadoras consolidar as redes de voz e dados, [...] que eram separadas, e prover
um novo e diferenciado serviço integrado de comunicações (OLIVEIRA, [s.d.]).

A influência das redes de computadores sobre outros tipos de redes de telecomunicações


resultou em uma convergência de redes, um processo que começou muito antes da internet. A
transmissão digital de voz em redes telefônicas foi um dos primeiros sinais desse procedimento.
Indicações mais recentes de convergência são o desenvolvimento ativo de novos serviços em redes
de computadores que antes eram prerrogativas das redes telefônicas, radiofônicas e televisivas, tais
como a telefonia IP, isto é, Voice over IP (VoIP), as transmissões de rádio e os serviços de TV.

A solução para esse dilema foi a arquitetura de comutação convergente – uma mescla da
tecnologia de comutação por pacotes com a inteligência SS7. Como resultado do fenomenal
crescimento do tráfego de dados, tecnológico e da melhoria na performance de custo, a comutação
de pacotes ultrapassou muito qualquer ganho na tecnologia de multiplexação por divisão no
tempo TDM (Time Division Multiplexing).

A internet, pelo seu grande potencial disseminador informativo e notadamente comercial, é


considerada hoje a mais nova etapa dentro deste processo de desenvolvimento da comunicação
humana. Ela trouxe o conceito sobre vários tipos de mídia interagindo num mesmo ambiente.

Como visto, historicamente, as redes de transmissão de voz, dados e imagem eram projetadas para
o transporte específico de cada tipo de informação ou tipo de mídia.

A internet é uma rede de dados convergente, por meio da qual as operadoras utilizam seus backbones,
comutadores para prover transporte para rede de pacotes em alta velocidade e, ao mesmo tempo,
provêm telefonia, com Voz sobre IP ou VoIP, serviços multimídia (VoD), ou seja, Video on Demand e
Redes Privadas Virtuais (VPNs), isto é, Virtual Private Networks.

Com a revolução técnica trazida por redes convergentes, é possível separar rede legadas como PSTN,
X25 e PDH, contribuindo com a redução de custos do meio de transmissão e da complexidade.

Algumas das razões para haver redes específicas para cada tipo de mídia são:

• não existiam ou eram economicamente inviáveis tecnologias que permitissem uma operação
integrada desse tipo de informação num só meio;

• formulação de padrões pelos órgãos reguladores de telecomunicações, que viabilizam a fabricação


de equipamentos para que no fim tudo se tornasse realidade.

Quando se refere à convergência, trata-se da possibilidade de uma única rede capaz de prover serviços
integrados de comunicação de dados, voz e imagem, que é o que denominamos como convergência de
redes ou redes convergentes.
25
Unidade I

Dessa forma, um objetivo é descrever a migração da infraestrutura de redes heterogêneas de redes


de telecomunicações para uma plataforma que integre os serviços de convergência das redes da próxima
geração e seus serviços triple play de vídeo, voz e dados provenientes de uma mesma operadora.

O triple play consiste nos seguintes serviços: voz, internet e acesso a serviço de TV. O quadruple play
adiciona os serviços móveis aos serviços do Triple Play. No futuro, haverá múltiplos plays de serviços. Tais
ferramentas são operadas através de um acesso de banda larga genérico, e o desafio é exatamente este.
A primeira tentativa de obter uma rede digital totalmente integrada foi com a rede ISDN (Integrated
Services Digital Network).

Observação

A convergência de redes é o processo que viabiliza em uma única rede


a operação integrada de diferentes tipos de mídia. Os serviços integrados
podem ser: voz, dados e vídeo.

Para operar num ambiente integrado, a forma mais viável foi através de tecnologias de transmissão
de voz sobre dados ou voz sobre pacotes, como também são chamadas, pois trabalham sob o princípio
da comutação de pacotes.

Nesse sistema, antes de operar num ambiente de dados, a voz é digitalizada, comprimida e
transformada em pacotes por meio de elementos denominados codecs. Depois, com um processo de
multiplexação, ela é transmitida na forma de dados juntamente com os demais dados da rede.

Basicamente, a motivação das empresas em optar pela convergência de tecnologias é a redução de


custos. A próxima geração de redes telefônicas provavelmente usará essa multiplexação de voz e dados
ao longo das mesmas linhas de transmissão.

Assim, redes convergentes são redes interligadas, com a possibilidade de trafegar dados e voz por
meio de um mesmo meio físico. A principal característica de redes convergentes é o fato de a voz
falada ao telefone não trafegar pelos meios de telefonia comum: todas as facilidades de voz e dados,
num só equipamento.

As plataformas são equipamentos integradores das soluções de redes corporativas. Modulares


e eficientes, elas permitem configurar um variado conjunto de serviços e soluções customizadas,
desempenhando todas as funções de PABX, correio de mensagens, multiplexação e compactação de
voz, roteamento e servidor.

Os serviços compartilham o mesmo meio de transmissão, cada um com um tratamento diferenciado,


com uma Classe de Serviço (CoS) diferenciada. Como foi visto, até o início do processo de convergência,
existia uma rede para voz e outra para dados, eram distintas. Entretanto, com serviços convergentes, são
utilizados os mesmos meios físicos e canais para transmitir voz, dados e vídeo, conforme figura a seguir:

26
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Figura 7 – Serviços convergentes em uma rede

2.4 Vantagens e desvantagens de redes convergentes

As redes convergentes trazem diversas vantagens em relação à existência de redes apartadas para
vídeo, voz e dados. Vejamos quais são:

• Economia: o custo fixo é importante, e existe uma motivação para agregar tráfego e agrupar elemento
visando à redução do custo médio por unidade pela economia de escala através da multiplexação.

• Valor agregado: os sistemas permitem a combinação de rotinas de processamento almejando uma


solução mais completa e moderna para agregar valor à comunicação corporativa de uma empresa.

• Otimização: melhoria do uso do meio físico, visto que uma demanda adicional que chegue à rede
IP é um custo marginal em termos de custo por bit transportado. Com isso, há efetiva e ordenada
ocupação dos recursos de telecomunicações e seus serviços.

• Sinergia: maior capacidade de gerência de negócios, serviços e monitoração de aplicações,


administrando recursos de Tecnologia da Informação (TI) e de telecomunicações, permitindo
que aplicações que monitorem o tráfego de dados sejam usadas também para tráfego de
voz e imagem.

• Racionalização: redução de espaço e facilidade de administração dos equipamentos de


telefonia e computação.

Todavia, a convergência exige uma série de estudos detalhados. Particularmente, deve haver alguma
certeza de que a demanda prevista irá preencher a infraestrutura compartilhada, caso contrário o custo
da nova oferta pode aumentar demais.

27
Unidade I

Adicionalmente, existe um acúmulo de fluxo de tráfego em poucos elementos da rede ou de sistemas.


Falhas em um deles podem causar efeitos em diversas ofertas de serviços. Para garantir a confiabilidade
da rede, é indispensável a inclusão de redundâncias para assegurar que determinadas funções da rede
estejam sempre disponíveis. Os objetivos de indisponibilidade podem ser explicitamente definidos no
início do serviço ou no projeto da arquitetura de rede.

Entretanto, é necessário fazer o balanceamento entre diferentes requisitos, porém muitos deles
são conflitantes entre si. Assim, existe uma perda de desempenho em cada rede específica, mas ela é
detalhada afim de manter a qualidade de serviço ao usuário dentro de parâmetro preestabelecido para
cada aplicação.
Voice networks Data networks
Switch Switch
Switch

Switch Switch

proven Intelligence Intelligence


is in network is in CPE open interfaces
reliable
flexible bandwidth
QoS

feature rich lower costs

Multimedia service platform

Figura 8 – Comparação entre a rede de voz e a rede de dados

Lembrete

As principais vantagens das redes convergentes são a economia, o valor


agregado, a sinergia, a racionalização e a otimização.

2.5 Tecnologias utilizadas em redes convergentes

O usuário que decidiu aderir a uma implementação de redes convergentes tem muitas escolhas a
fazer. Afinal, existem várias tecnologias como boas candidatas a operar num ambiente convergindo voz
e dados.

A tecnologia convergente incluiu suporte total às características do sistema de sinalização número 7


(SS7) e interfaces padrões de telefonia, além de uma completa interoperabilidade com a infraestrutura
da PSTN existente, suportando todas as características de voz as quais os usuários estão acostumados,

28
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

bem como o tráfego de dados. Ela também pôde prover uma ponte para o acesso e o desenvolvimento
de novos serviços.

A Voz sobre IP, que, em termos de execução, foi a tecnologia de voz sobre dados de maior crescimento
nos últimos anos, usa o mesmo protocolo de rede utilizado pela grande maioria das redes em todo o
mundo, o protocolo IP.

A Voz sobre Frame Relay é a tecnologia que vem sendo muito aplicada atualmente no Brasil para o
transporte de voz sobre dados através de WANs.

E, finalmente, abordaremos alguns aspectos do VoATM, que tinha tudo para ser o futuro das redes
de dados em todo mundo. Contudo, diante da sua dificuldade de implementação, acabou atravancando
o seu próprio desenvolvimento.

Como visto, muitas tecnologias são boas candidatas para esta operação, como Voz sobre IP, ou VoIP;
Voz sobre Frame Relay, ou VoFR; e Voz sobre ATM, ou VoATM. Elas serão estudadas mais adiante.

Entretanto, os fornecedores são desafiados a prover equipamentos e soluções que permitam às


operadoras atualizar suas redes utilizando Media Gateway, Softswitch e servidores de feature ou de
aplicações enquanto fazem interface com tecnologias existentes (incluindo sistema de suporte à
operação) e satisfazendo os padrões apropriados.

Provedores de serviço estão pesquisando por tecnologia para simplificar as suas redes, reduzir seus
custos de operação, gerenciamento e manutenção e aumentar a flexibilidade de seus serviços. Contudo,
antes das funções de rede distribuídas e execução de arquitetura de Softswitch baseada em pacote, a
maioria das operadoras está olhando para a função de convergência de rede caso a caso.

Tais empresas estão buscando um retorno rápido dos investimentos e verificando padrões de custo/
desempenho. Isto tem sido particularmente verdadeiro para as operadoras encarregadas (incumbents)
com infraestruturas legadas e alta receita de serviço de voz. Em 2001 e 2002, operadoras cogitaram
implementar a entrega de Voz sobre IP (VoIP), mas por causa do declínio econômico elas optaram por
não reestruturar suas redes. Ao invés disso, empregaram tecnologia ATM e facilidades IP apenas em
pontos críticos.

Como as redes estavam evoluindo em direção aos softswitches, no lugar do ímpeto à adesão total
ao empacotamento, esperava-se que a partir de 2004 as operadoras continuassem ainda a implementar
switches da próxima geração em pequena escala. Assim, confiabilidade e QoS permaneceram críticos
nos switches e no roteamento de camada 3.

2.5.1 Protocolos de redes convergentes

Os protocolos da internet suportam o transporte de dados, praticamente de qualquer tipo de rede,


desde pequenas LANs de escritórios até WANs globais com vários provedores. Da mesma forma, as NGNs
necessitam suportar uma grande variedade de funções de rede, incluindo os tradicionais protocolos
29
Unidade I

orientados a dados e os mais recentes protocolos orientados à convergência. Até o protocolo básico
TCP/IP está evoluindo para atender os rígidos requerimentos de crescimento, gerenciamento, segurança
e qualidade das novas redes. Todos os novos protocolos, incluindo aqueles padronizados e proprietários,
são a chave para consolidar a convergência das redes.

O termo “convergência” cobre normalmente uma ampla gama de possibilidades, incluindo as redes
sem fio, distribuição de rádio e vídeo, serviços remotos, portais de informações etc. Como exemplo, os
protocolos IP podem ser divididos em quatro áreas específicas, como apresentado no quadro a seguir.

Quadro 2 – Aplicação dos protocolos na NGN

Padrão Protocolos Proposta

As redes IP precisam ter interfaces com o


protocolo de sinalização SS7 e também prover
SS7 over IP Sigtran, Tali, Q.2111 transporte entre elas. Devem permitir que a
sinalização de voz possa ser manipulada em
um ambiente IP.
As redes convergentes devem ter o “melhor
esforço” de transporte para suportar as sessões
que representam o fluxo de dados e definir
Session Set-up H.323, SIP, BICC, SIP-T as especificações de QoS. Precisam permitir
estabilidade, modificação e terminação das
chamadas multimídia.
Iniciar e terminar sessões. Interfaces são
Gateway Control MGCP, Megaco (H.248) necessárias para tarifação, aprovisionamento e
sistemas de atendimento a clientes.
Comunicações em tempo real para redes
RTP (Voz sobre IP) ou convergentes que suportam telefonia, o
Transports AAL1/AAL2 (Voz sabre ATM) que deve ser combinado com o transporte
tradicional de dados.

2.6 Redes da Próxima Geração (NGN)

Desde o início dos anos 2000, as operadoras de telecomunicações ao redor do mundo estão
enfrentando o desafio de como reverter a queda das receitas geradas pelos serviços de voz, mais
conhecidos como serviços de telefonia fixa tradicional. O fenômeno é resultante, em especial, do rápido
crescimento da internet, em conjunto com a competição entre: as operadoras de telefonia fixa local ou
Incumbent Local Exchange Carriers (Ilecs), as operadoras de telefonia fixa espelhos ou Competitive Local
Exchange Carrier (Clecs), e as operadoras de telefonia móvel. Para dificultar este cenário, as operadoras
de serviço de TV a cabo já começaram a oferecer serviços de voz aos seus tradicionais clientes de TV a
cabo, disputando preços e serviços nesse mercado.

Pesquisas com clientes indicam que os clientes estão dispostos a pagar por um serviço atrativo que
permita a integração entre voz, vídeo e dados. Assim, as operadoras se veem obrigadas a migrar de
uma simples infraestrutura de rede de telefonia fixa para uma plataforma que integre os serviços de
convergência das Redes da Próxima Geração ou NGN.

30
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Nos últimos anos, houve um acentuado crescimento nos serviços de tráfego de dados (e-mail, www,
e-commerce, e-business etc.), em detrimento dos serviços de tráfego de voz, popularização da internet
e aplicações multimídia. Nesse contexto, com a desregulamentação do setor de Telecomunicações em
muitos países, as empresas buscaram novas oportunidades de negócio, passando a investir em uma
segunda rede.

A figura a seguir mostra um exemplo de rede NGN com serviço triple play que pode oferecer serviços
como voz (VoIP), vídeo (IPTV, jogos interativos, videoconferência, aprendizado a distância) e dados
(e-mail, transferência de arquivos, páginas web, DNS, chat, entre outros).

Figura 9 – Exemplo de serviços triple play e fluxos de rede

O tráfego ou fluxo de cada serviço compartilha a banda, que, por sua vez, é limitada no enlace de
comunicação. Um cliente residencial gera seis diferentes fluxos usando todos os três serviços ao mesmo
tempo. F1 representa o fluxo VoIP, F2 indica o fluxo de Video on Demand (VoD), já F3 destaca o tráfego
IPTV, também conhecido como fluxo de TV Broadcast (BTV). F4 é o fluxo de e-mail, F5 das páginas web
e, por fim, F6 representa os fluxos de sinalização e controle.

Saiba mais
O processo de padronização da NGN, pela ITU-T, ou International
Telecommunication Union – Telecommunication (União Internacional de
Telecomunicações – Telecomunicação), partiu de um projeto denominado
NGN 2004 Project, datado de fevereiro de 2004, que visava coordenar
atividades relacionadas à NGN, definir guias de implementação e normas
para a realização da NGN.

31
Unidade I

Esse projeto resultou na ITU-T Recommendation Y.2001 – Next


Generation Networks – Frameworks and Functional Architecture Models,
que possui nove seções diferentes.
É possível encontrar essas recomendações no site a seguir:
INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION (ITU). ITU-T
Recommendations. [on-line:], [s.d.]. Disponível em: <https://www.itu.int/
ITU-T/recommendations/index.aspx?ser=Y>. Acesso em: 21 ago. 2018.

A principal preocupação desse trabalho de padronização foi garantir, nas atividades de padronização
ITU-T, que fossem endereçados todos os elementos requeridos para a interoperabilidade e capacitação
de rede para suportar aplicações de forma global sobre a NGN. A ITU-T já havia dado alguns passos
rumo à padronização das redes da próxima geração através de trabalhos relacionados, mas não havia
endereçado os pontos a serem uniformizados, com base na definição da NGN.

O novo modelo de negócio das operadoras de telefonia deverá envolver valores inovadores, focando
novos serviços multimídia. Esses serviços devem ir ao encontro da necessidade dos clientes em ter um
serviço Triple Play, ou seja, de ter voz, vídeo e dados de uma mesma operadora. O sucesso da integração
só poderá ser garantido caso esse processo seja ajustado conforme a expectativa do cliente.

Em um mercado de grande competitividade como o de telecomunicações, agregar novos valores


em serviços é uma ação decisiva para o sucesso do negócio. Novas aplicações e serviços aumentam
a fidelidade dos clientes, proporcionando novas fontes de receitas e uma nova janela para diversas
oportunidades de negócios.

Observação

A Rede da Próxima Geração (NGN) representa a nova rede de


telecomunicações na qual os dados, a voz e as novas aplicações multimídia
convergem. Ela concretiza o objetivo de uma plataforma de transporte
comum, permitindo aplicações como telefonia IP, acessos à internet por
meio de telefones móveis e streaming de vídeo.

Vejamos suas principais características:

• substituição da rede por conexão de circuitos por uma rede de pacotes;

• multimídia;

• transmissão de informações em altas velocidades;

• endereçamento universal.

32
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

A figura a seguir detalha a estrutura de uma rede NGN.

L CPE Ethernet
WAN GigaPoP
A (Ethernet)
N

Access
L CPE Media Application Application
Node
A (Wireless) server Server Servers
(Wireless)
N

Access PSN Packet


L CPE Switched
Node Transit
A (Cable) Networks
(CMTS) Gateway
N (Internet)
Regional
Broadband
Networks
Access CSN Circuit
L CPE Switched
Node Transit
A (DSL) Networks
(DSLAM) Gateway
N (PSTN)

Access MGC
L CPE Node or
A (Fiber) (ONU) Softswitch
N

Local Network Acess Network Core Network

Figura 10 – Infraestrutura de NGN

Almejando-se a racionalização de recursos (infraestrutura, gerência etc.), com uma única rede para
o transporte de voz e dados, a convergência entre as redes de telefonia e de dados através de uma única
plataforma dá origem a uma nova rede denominada Next Generation Network.

As redes da próxima geração devem seguir os seguintes preceitos:

• Qualidade de Serviço (QoS): mudança da filosofia da rede de dados de menor esforço (best-effort)
para alta qualidade (high quality) e tempo real.

• Confiabilidade: garantir os níveis de SLA, ou seja, os requisitos mínimos aceitáveis para o serviço
proposto, mesmo durante falha dos elementos.

• Escalabilidade: capacidade para manipular uma porção crescente do tamanho de rede ou estar
preparada para o crescimento da rede.

• Uso eficiente dos recursos: economizar investimentos em infraestrutura.

33
Unidade I

• Operação simplificada da rede: reduzir custos operacionais.

As características das redes NGN possuem algumas vantagens. Para operadoras de redes comutadas,
há possibilidade de migrar sua rede para uma rede de pacotes de forma gradual, com investimentos
moderados, sem perder as receitas provenientes da “antiga” rede de comutação por circuitos TDM.

Para novas operadoras, é possível entrar em novos mercados com baixo investimento, oferecendo
serviços diferenciados e soluções inovadoras aos seus clientes. Falamos de uma rede de dados convergente,
por meio da qual as operadoras utilizam sua rede (backbones, por exemplo) para não apenas prover
transporte para rede de pacotes em alta velocidade, mas também telefonia (Voz sobre IP, IP Trunking),
serviços multimídia (VoD), redes privadas virtuais (VPNs), entre outros.

O grande diferencial de acesso para as redes de comunicação multimídia é uma sigla comum no
mercado corporativo e adotada cada vez mais como padrão da rede pública: o protocolo IP (Internet
Protocol). Entretanto, os padrões de IP não são os únicos requisitos para o sucesso da convergência em
larga escala. Uma NGN permite o tráfego simultâneo de sons, dados e imagens no ambiente internet
com grande velocidade. Isso é possível pela transformação de todo o tráfego da rede em pacotes de
dados, ou seja, no lugar de sinais analógicos enviados pela linha de voz, esse sinal é transformado em
bits e enviado pela mesma linha em que transitam dados e imagens.

A NGN beneficiou-se das recentes inovações tecnológicas na área da informação aplicadas às


telecomunicações, redes de computadores e serviços multimídia. Por exemplo, uma empresa pode
utilizar a tecnologia IP para disponibilizar a transmissão de informações diversas através do uso de
redes sem fio, linhas telefônicas ou redes xDSL. Isso promove grande flexibilidade na disponibilização
dos dados, mas exige que a NGN mantenha um controle rigoroso do tráfego da rede. Além da oferta de
novos serviços, as NGNs permitem a redução de custos para o mercado corporativo, pois os aplicativos
são unificados e providos a partir de uma mesma infraestrutura. A simples transmissão de Voz sobre IP
(VoIP) como um pacote de dados já é realidade no mercado corporativo, que vem aderindo às vantagens
das redes multisserviços.

Dentre os serviços ofertados pelas operadoras de telecomunicações baseados na NGN, podemos destacar:

• Video games interativos: pelo computador, utilizando a linha NGN com acesso de banda larga,
os usuários poderão disputar jogos com outros participantes com alta resolução de imagem,
som e velocidade.

• IPfone via desktop: instalação de softwares que disponibilizam as funções de um aparelho de telefone
na tela do PC, permitindo ao usuário realizar chamadas e atender ligações pelo computador.

• Videoconferência e videochamada via desktop: com a instalação de uma webcam no PC, os


usuários de redes NGN podem participar de videoconferências utilizando o computador.

• Video on Demand (VoD): provedores de programação como TV por assinatura sob demanda podem
intensificar a oferta de produtos que permitirão melhor qualidade de som e imagem.
34
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Figura 11 – Serviços ofertados pelas operadoras de telecomunicações baseados na NGN

Saiba mais
Em um processo de migração de uma rede de telefonia fixa para
arquitetura convergente, existem basicamente três etapas. A primeira é a
adequação das centrais de trânsito, responsáveis pela conexão das centrais
de comutação locais ao sistema de Voz sobre IP. Esse método é feito por meio
da inserção de roteadores NGN, etapa já superada por algumas operadoras.
A segunda compreende o transporte dos sinais de voz em pacotes até a
casa do assinante através dos gateways de acesso, substituindo as centrais
locais. A terceira, ainda distante, envolve a instalação de telefones IP na
residência de cada usuário.
A rede NGN oferece, pela sua integração entre diversas redes, substituição
de equipamentos que possibilitam realizar essas junções, diminuição de
componentes, redução de custos operacionais, manutenção e gerência, com uma
melhor visualização com menos componentes, mais serviços e menos custos.
O artigo a seguir mostra um estudo de caso de implantação de uma
rede NGN sobre a rede de telefonia fixa no Ceará.
ESTUDO de caso NGN II: migração para NGN. Teleco, [s.d.]. Disponível
em: <http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialngnce2/pagina_4.asp>.
Acesso em: 17 jul. 2018.
35
Unidade I

Os benefícios do acesso à banda larga (BB), combinados a um sistema de televisão IP de fácil


utilização, farão que as operadoras de telecomunicações tornem-se competitivas em um mercado
que até hoje tem sido limitado aos usuários de PC. Como atualmente o serviço de acesso à banda
larga tem forte aceitação dos clientes, esse serviço tornou-se essencial, ou seja, uma commodity em
muitos lares brasileiros.

Lembrete

As características que norteiam as redes NGN são qualidade de serviço,


confiabilidade, escalabilidade, uso eficiente dos recursos e operação
simplificada da rede.

H.323 Softswitch
Gatekeeper

SS7
MGCP
Rede de
pacotes Switch
Switch
Switch SST
PSTN/ISDN
Softphones

Media Gateway

Figura 12 – Visão geral de uma NGN

Os principais serviços que os clientes desejam, considerando suas expectativas em relação às funções
elementares de redes da próxima geração, são: televisão através do protocolo IP ou IPTV e serviços de
voz através do protocolo IP ou VoIP.

A plataforma VoD é um conceito modular que permite que cada operadora possa criar uma estratégia
customizada para entrada no novo negócio de serviços multimídia ou comumente chamado de serviços
Triple Play, visando sempre à necessidade e à peculiaridade de cada cliente.

Essa solução traz a facilidade necessária para que os usuários desfrutarem de serviços de
entretenimento e comunicação em suas televisões. Tais serviços estão disponíveis a qualquer consumidor
que possui televisão e um acesso à banda larga, transformando a televisão em um verdadeiro centro de
entretenimento e comunicação.

36
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

São oferecidos serviços de entretenimento como: distribuição de canais de televisão (IPTV ou via
DVB-x), jogos on-line, vídeo/áudio sob demanda, bem como funções de fácil utilização para a gravação
de programa de TV (PVR) diretamente de um guia de programação eletrônico (EPG), permitindo ao
usuário rever programas “perdidos”.

Além desses serviços de entretenimento, estão disponíveis serviços de comunicações como:


videotelefonia, mensagens de e-mail, Voz sobre IP, acesso à internet via aparelho de televisão,
customização das páginas da internet etc.

O canal de retorno do acesso à banda larga, (feed/upstream de retorno) também permite às


operadoras criarem novos serviços de televisão interativa em cooperação com companhias de teledifusão,
oferecendo espetáculos e shows interativos, por exemplo.

Para customizar serviços conforme a necessidade do cliente, a plataforma está preparada para
suportar o desenvolvimento de soluções fim a fim (E2E) em conjunto com uma variedade de fornecedores
ao redor do mundo.

A plataforma envolve cooperações e parcerias com os líderes do mercado nos seguintes segmentos:
streamers, codificadores e decodificadores de vídeo em tempo real, servidores de vídeo sob demanda,
plataformas de gerência de conteúdo, proteção de conteúdo, usando também o middleware Myrio, que
permite fornecer soluções fim a fim baseadas nos requisitos dos clientes.

Quanto ao equipamento localizado no cliente, a solução utiliza o set-topbox ou STB, fabricado pela
Speedstream, que atende aos requisitos dos serviços gerados pela plataforma, mas a solução permite
usar STBs de outros fornecedores caso estejam integrados com os serviços da solução.

Adicionalmente à escolha das parcerias corretas, essa solução tem demonstrado ser uma tendência
em outros países, visto que possui excelência ao fornecer serviços triple play sob a rede de banda larga
já existente.

Além disso, a convergência de ambientes tão distintos como a TV, a internet e a telefonia, integrados
em um serviço triple play, cria possibilidades inimagináveis e uma variedade sem precedentes de serviços
de comunicação interativa e pacotes de entretenimento, permitindo que as operadoras reduzam os
investimentos e elevem o número de novos clientes, visando ter um aumento real nas fontes de receitas.

A solução será justificada sobre alguns pontos, como: análise do mercado e negócios, gerência do
projeto, planejamento da rede e implementação da rede, sem esquecer uma referência relacionada às
ações de manutenção e suporte da solução.

A solução ajudará as operadoras de telecomunicações tornarem-se competitivas neste novo


mercado, com novos e atrativos serviços, completando a perda da decrescente margem de receita
gerada pelo tradicional serviço de voz. Por exemplo, tanto as operadoras Ilecs como Clecs, com um
pequeno investimento, poderão ofertar serviços de convergência de voz, dados e vídeo. Assim, obterão
êxito nessa corrida pela migração da tradicional rede de serviços de voz para as da próxima geração.
37
Unidade I

2.7 Novas aplicações de redes NGN

Um dos desafios da NGN é a complexidade de testes em novas aplicações de redes para a determinação
de problemas e garantia de disponibilidade e performance, dados pelos contratos de níveis de serviço
ou SLA, possibilitando antecipar e evitar a interrupção dos serviços através de um processo de coleta de
eventos e uma constante monitoração da rede. Isso é importante para reduzir os custos de operação,
diminuir o número de reparos e melhorar o tempo de restabelecimento dos serviços.

A NGN integra infraestruturas de redes, tais como WANs, LANs, MANs e redes sem fio, antes discutidas
em separado. A integração de recursos e a convergência do tráfego reduzem os custos totais dos
recursos da rede, permitindo o compartilhamento da operação, a administração da rede, a manutenção
e o aprovisionamento de dispositivos e facilidades para a criação de novas aplicações multimídia. As
tecnologias da internet também criam oportunidades para combinar os serviços de voz, dados e vídeo,
gerando sinergia entre eles.

A convergência em todos os níveis será uma força que moverá as tecnologias de telecomunicações
para novas gerações. No plano dos dispositivos, os consumidores desejam usar o mesmo equipamento, seja
este telefone celular, TV, computador ou telefone fixo, para voz, dados e vídeos, tanto streaming quanto
ao vivo, e jogos eletrônicos. No nível de elementos de rede, os roteadores de borda e centrais estão se
tornando mais informados sobre as aplicações e serviços como segurança, serviços de adaptação e firewall.

A figura seguinte mostra os elementos de uma NGN desenhada para suportar comunicação de
voz e o transporte de dados e vídeo, embora não exista uma definição única para NGN. De fato, as
características de uma implementação de NGN para outra podem variar bastante.
Customer portal

Collections/ Invoicing
WWW CDRs
Rating system systems
Element adapters

Multi- Multi-
VOICE service service
CPE Node PSTN
PGSS
Frame relay

PBX Internet
DATA
Private line
Router
ATM
VIDEO
Video
Network

Figura 13 – Exemplo de aplicação NGN

38
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

As peculiaridades de execução para NGNs são resultado de muitos fatores:

• Várias tecnologias convergentes.

• Padrões que competem entre si ou especificações de diferentes padrões.

• Diversos fornecedores e provedores de telecomunicações que utilizam diferentes tecnologias que


competem em mercados não regulamentados.

• Várias definições de serviços com diferente Qualidade de Serviços QoS (Quality of Service).

O maior estímulo para a evolução e mudança das redes é a redução de custos. Os custos dos
equipamentos de telecomunicações caem na mesma proporção aos de redes de computadores, e isso
tem estimulado o crescimento e interligação das redes.

Outra economia é o uso compartilhado da infraestrutura, operação, manutenção e utilização dos


serviços de rede. Por exemplo, uma NGN implementa soluções que usam um acesso IP para várias redes
privadas, para acesso à internet e para os tradicionais PABXs, resultando em reduções significativas de
custos. Os novos serviços são orientados pelos seguintes aspectos:

• Novas aplicações que organizam a forma de trabalho: streaming de vídeo, e-commerce e os leilões
on-line são exemplos de aplicações de conteúdo específico, enquanto a videoconferência com
o compartilhamento de documentos através da internet é um exemplo de aplicação de rede.

• A desregulamentação das telecomunicações permite aos provedores de telecomunicações a


exploração de novas tecnologias e o oferecimento de serviços sofisticados aos clientes.

• A opção da indústria por sistemas abertos torna a integração das redes viável. A consolidação da
voz (VoIP, por redes sem fio e telefonia tradicional) e dos dados (internet, intranet, transmissão
sem fio e transmissão através da rede de voz), dois ambientes distintos, sem ter que usar gateways
e configurar interfaces, é uma mudança significativa.

2.7.1 Gerenciamento de protocolos nas NGNs

No ambiente NGN há um melhor gerenciamento de serviços porque as redes são otimizadas,


permitindo uma redução de custos para as operadoras de telecomunicações e uma variedade de
inovações na prestação de serviços agregados, além de ter à disposição produtos padronizados.

O gerenciamento dos protocolos assumirá um papel importante nas NGNs, especialmente quando
envolver vários provedores de telecomunicações. O SNMP (Simple Network Management Protocol) é
necessário para o gerenciamento de qualquer elemento da rede, através de mensagens MIB (Management
Information Base). Outros protocolos são utilizados para suportar as políticas de controle das redes, tais
como LDAP, Cops e XML.

39
Unidade I

O protocolo Cops (Common Open Policy Service) proporciona segurança da mensagem por
autenticação, integridade e também pode reutilizar protocolos para segurança, como IPsec (IP Security
Protocol) ou TLS (Transport Layer Security).

Já o protocolo LDAP (Lightweight Directory Access Protocol) é executado sobre o TCP/IP, que permite
organizar os recursos de rede de forma hierárquica, como uma árvore de diretório. Inicialmente, existe
o diretório raiz, depois a rede da empresa, o departamento e, por fim, o computador do funcionário e os
recursos de rede, como arquivos, impressoras e recursos compartilhados por ele. Essa árvore de diretório
é criada de acordo com a necessidade.

Destaca-se, ainda, o XML (eXtensible Markup Language), uma linguagem de marcação para a
criação de documentos com dados organizados hierarquicamente, tais como textos, bancos de dados
ou desenhos vetoriais. Como permite definir elementos de marcação, a linguagem XML é classificada
como extensível.

2.7.2 Serviços de tripla mudança

Um serviço de tripla mudança significa que o consumidor pode acessar e controlar, como pausar,
rodar, voltar e avançar rapidamente os conteúdos dos serviços a qualquer tempo (mudança de tempo),
em qualquer lugar (mudança de local) e usando algum dispositivo (mudança de dispositivo). Em outras
palavras, os consumidores não terão limitações de tempo, local e dispositivo para acessar, controlar e
repetir algum conteúdo.

Figura 14 – Arquitetura dos serviços de tripla mudança

O acesso à informação, independentemente de tempo, local ou dispositivo já é uma realidade.


E-mails e mensagens de voz estão conosco em todos os instantes. Outro exemplo é um assinante de TV
que começa a assistir a um programa em seu celular enquanto está indo de táxi para o aeroporto. Antes
de embarcar no avião, esse usuário pressiona um botão para requisitar ao sistema que grave o programa
para que ele possa assisti-lo mais tarde. Encerrado o voo, enquanto ele vai para casa de carro, o sistema
pode perguntar se ele deseja retomar o programa do ponto onde parou. Assim, ao chegar a sua casa, o
indivíduo pode ver o programa na HDTV.
40
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Resumo

Com o advento do telefone, foram instaladas redes telefônicas com


centrais telefônicas para transmissão dos sinais de voz. Essas redes são do
tipo de comutação por circuito.

A rede telefônica é uma das estruturas de comunicações mais complexas


de maior capilaridade, que se inicia com um serviço telefônico básico e
pode estender até um portfólio de serviços variados e densos.

As vantagens desse tipo de rede são a alta confiabilidade, o tráfego


transmitido em tempo real sem atraso e alta qualidade de serviço. Entre as
desvantagens, pode-se apontar que o uso ineficiente da largura de banda
reduz a eficiência geral da rede. Tal fato é um problema quando existe
transmissão de dados, que tem característica de fluxo de rajada.

As redes de computadores nascem nas décadas de 1960 usando a


comutação por pacotes. Estas, por sua vez, possuem interfaces e protocolos
abertos, alta escalabilidade da rede, inteligência nos equipamentos
terminais, flexibilidade e baixo custo de banda. Entretanto, a largura de
banda não é garantida ao usuário e pode ocorrer perda de dados no buffer
devido à sobrecarga.

Comparando ambos os tipos de comutação, redes de comutação por


circuito proporcionam comprovada confiabilidade, qualidade de serviço,
ampla gama de serviços, interfaces, serviços e protocolos proprietário
e um alto custo de banda pelos períodos ociosos em uma chamada. Já
as redes de comutação de pacotes têm interfaces e protocolos abertos,
alta escalabilidade da rede, inteligência nos equipamentos terminais,
flexibilidade e baixo custo de banda.

Ocorrem diversas questões quando existem aplicações que necessitam


voz, dados e imagem, pois o tipo de informação possuiu uma relevante
influência sobre os requisitos da rede, em seus protocolos, padrões, meios
e canais utilizados.

Assim, foi necessário estabelecer uma rede que convergisse a


infraestrutura de redes com um mesmo meio físico, o que foi obtido com
as redes convergentes, tema da próxima unidade.

41
Unidade I

Exercícios

Questão 1. (FCC 2009) A comunicação por meio da comutação de circuitos

A) Aplica os métodos de datagrama e de circuito virtual apenas na fase de estabelecimento


do circuito.

B) Aplica o método de circuito virtual apenas na fase de estabelecimento do circuito e o de datagrama


na fase de transferência de dados.

C) Envolve as fases de estabelecimento do circuito, transferência de dados e desconexão de circuito.

D) Envolve apenas as fases de estabelecimento do circuito, empacotamento de datagrama,


transferência de dados e desconexão de circuito.

E) Envolve as fases de estabelecimento do circuito, conexão celular, empacotamento de datagrama,


transferência de dados e desconexão de circuito.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das alternativas

Justificativa geral: a comutação de circuitos envolve as seguintes fases: estabelecimento do circuito;


transferência de dados; desconexão de circuito.

A comunicação via comutação de circuitos entre duas estações se subdivide em três etapas:
estabelecimento do circuito; conversação; e desconexão do circuito.

Entre uma ponta e outra da comunicação, é definida e alocada uma conexão bidirecional (isto é, um
circuito), contendo um canal dedicado para cada estação transceptora até o término da comunicação.

Em seguida, as estações envolvidas podem trocar informações entre si, transmitindo e recebendo
dados através do circuito já estabelecido, ou seja, não envolve somente fases.

Após um período indeterminado, a conexão é finalmente encerrada, quase sempre pela ação de uma
das estações comunicantes.

Questão 2. (FGV 2015, adaptada) A respeito da Next Generation Networks – NGN, analise as
seguintes afirmativas.

I – Utiliza-se de tecnologias baseadas em padrões abertos definidos pelo ITU-T.

42
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

II – Tem por objetivo a convergência dos serviços existentes em uma única arquitetura de
serviços convergentes.

III – Possui uma infraestrutura de redes independente.

É correto apenas o que se destaca na(s) afirmativa(s):

A) I.

B) II.

C) III.

D) I e II.

E) I e III.

Resolução desta questão na plataforma.

43
Unidade II

Unidade II
3 ELEMENTOS E ARQUITETURA DE REDES NGN

3.1 Arquitetura em camadas de NGN

Um diferencial da arquitetura NGN é a divisão em camadas. A arquitetura decompõe os elementos


de rede em quatro camadas funcionais:

• camada de acesso;

• camada de núcleo ou central;

• camada de controle;

• camada de serviços.

Vejamos a arquitetura das camadas da rede convergente NGN:

Camadas de
serviços e AAA Gerência Base de
aplicações dados

Camadas de
controle CR SC SGW

SS7
Camada de
núcleo da rede

Camada de GW
acesso SGW GW GW
RTPC

Acesso Acesso Acesso


sem fio residencial empresas

Figura 15 – Arquitetura de camadas NGN

44
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

• Camada de acesso (edge layer): responsável por prover interfaces para os dispositivos dos
usuários ou para outras entidades de rede no plano de adaptação do fluxo de dados do usuário
às características da rede. Também se encarrega de agregação de tráfego, controle de QoS,
gerenciamento de buffer, armazenamento, escalonamento, filtragem de pacotes, classificação de
tráfego, marcação, policiamento e formatação.

• Camada central (core layer): possui a função de comutação, estabelecendo rotas para os
equipamentos de acesso e de núcleo para o encaminhamento do tráfego de dados.

• Camada de controle (control layer): responsável por suportar multimídia e outros serviços e funções
de controle, além daquelas envolvidas no processo de chamada são divididas em duas funções:

— controle de serviço – autenticação de usuários, identificação de usuários, controle de admissão


de serviços e as funções do servidor de aplicativos.

— controle de operadoras do sistema – controle da rede, controle da admissão de recurso, política


de rede, fornecendo conectividade dinâmica ao sistema.

3.2 Estrato de serviços e estrato de transporte

Nas redes NGN, a separação entre serviços e transporte é representada por dois blocos distintos,
conhecido como estrato de funcionalidade. As funções de transporte residem no estrato de
transporte e as funções de aplicações, no estrato serviço. A figura seguinte representa a separação
entre transporte e serviço.

e.g., video services (TV, movie, etc.)


e.g., Data services (WWW, e-mail, etc.)
e.g., voice telephony services (audio, fax, etc.)

NGN services

CO-CS, CO-PS and CLPS layer technologies

NGN transport

Figura 16 – Separação entre serviço e transporte

A figura a seguir mostra uma visão mais geral da arquitetura de uma rede NGN, e não somente
da fronteira entre os estratos de serviços e transporte. Nelas, a separação entre serviços e transporte
é apresentada por dois blocos distintos, conhecido como estrato de funcionalidade. As funções de
transporte residem no Estrato de Transporte (Transport stratum) e as funções relacionadas a aplicações
residem no Estrato Serviço (Service stratum).

45
Unidade II

Applications

ANI

Application support functions and service support functions

Service user Service control


functions
profiles
Service stratum
Management functions

Network attachment
control functions
Resource and admission
Transport user control functions
End-user profiles Other
functions networks
Transport control functions

Transport control functions


UNI Transport stratum NNI

Control
Media
Management

Figura 17 – Visão geral da arquitetura NGN

O estrato de transporte provê funções de usuário que transferem dados e as funções de controle
e gerência dos recursos de transporte para carregar estes dados entre as entidades terminais. O dado
carregado pode ser a própria informação de usuário, controle ou gerenciamento. Para tal, são fixadas
associações dinâmicas e estáticas a fim de acompanhar a transferência de informação entre as entidades.
Um estrato de transporte NGN é implementado por múltiplas redes em camada. Analisando do ponto
de vista de arquitetura, cada camada no estrato de transporte é considerada por seu próprio plano de
usuário, controle e gerência.

Essa camada provê IP baseado na conectividade e pode suportar a qualidade de serviço. Talvez seja
dividido em rede de acesso e redes centrais.

As funções de acesso gerenciam o ingresso à rede. Uma variedade de acessos tanto com fio e sem fio
devem ser suportados pela NGN. As funções de transporte de acesso gerenciam o tráfego da informação
através da rede de acesso. As funções de borda processam a sinalização, mídia e gerenciamento de
tráfico para agregação futura, se necessária, e a entrega para a rede central.

46
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Observação

Em relação às funções centrais de transporte, estas são responsáveis


por carregar o tráfego nas redes centrais. Pode-se entender o transporte
central como uma rodovia com diversas pistas, não exigindo sinais de
controle de tráfego.

As funções de gateway proveem e suportam recursos para interagir com outras redes, já as de
controle de transporte incluem as entidades funcionais descritas a seguir:

• Funções de controle de recursos e admissão estão envolvidas sem controle de admissão e atividades
de controle de portas para voz, vídeo, dados e sessões móveis. O controle de admissão em geral
envolve autenticação e autorização.
• Funções de controle de anexos de rede fornecem inicialização de funções do usuário final para
acessar serviços NGN.
• Perfis de usuário de transporte são usualmente especificados e executados usando um conjunto de
bancos de dados cooperativos. Eles são utilizados durante o controle de transporte de informações
do usuário.

Por sua vez, o estrato de serviço fornece funções do usuário que transferem dados relativos a serviço
para habilitar serviços e aplicações de usuário e armazena perfis de serviço para usuários. Esses serviços
de usuário são fixados por múltiplas camadas dentro do estrato de serviço. O estrato de serviço NGN é
associado à aplicação e sua operação a ser executada entre as entidades pares. Por exemplo, serviços
podem ser relacionados a aplicações de voz, dados ou vídeo, arranjados separadamente ou em alguma
combinação no caso de aplicações multimídia. De uma perspectiva de arquitetura, considera-se que
cada camada no estrato de serviço tem seus próprios planos de usuário, controle e gerenciamento.

• Perfis de serviço de usuário (service user profiles): tais funções são normalmente especificadas e
implementadas usando um conjunto de bancos de dados cooperativos. Esses dados são utilizados
para permitir e gerenciar o acesso aos serviços NGN pelo usuário.
• Funções de controle de serviço: envolvem registro de nível de serviço, autenticação e autorização,
podendo incluir NGN, dados de controle e de sessão.

Saiba mais
O livro a seguir é uma fonte de informação a respeito das redes NGN.
PLEVYAK, T.; SAHIN, V. Next generation telecommunications networks,
services, and management. EUA: IEEE Press, 2010.

47
Unidade II

3.3 Gerenciamento

As funções de gerenciamento incluem as funções de controle de rede e serviço, base de informações


de gerenciamento (MIB) e interfaces dentro da rede. O objetivo é garantir o nível esperado de segurança,
confiabilidade, disponibilidade e QoS para os serviços NGN faturáveis. Isso fornece os seguintes serviços
na rede: gerenciamento de falhas, de configuração, de contabilização, de desempenho e de segurança.

3.3.1 Gerenciamento de falhas

Aborda o gerenciamento de serviços e sessões nos níveis acordados, mesmo quando existem
falhas, incluindo sobrecargas e desastres, nos estratos de serviço, aplicação e transporte. As funções
podem incluir monitoramento e controle da utilização de recursos durante a instalação, manutenção e
lançamento de sessões para serviços NGN.

Desde NGN, suporta uma multidão de serviços. Recomenda-se que a filtragem e a correlação
apropriada sejam usadas para gerenciar falhas específicas do serviço. Quando os serviços abrangem
várias tecnologias e recursos administrativos e domínios, como seria a exemplo da interoperabilidade
de redes e serviços, um ou mais mecanismos de gerenciamento de falhas são necessários por acordo
bilateral. Isso ajudará a manter a transparência do serviço no NNI.

3.3.2 Gerenciamento de configuração

Refere-se ao desenvolvimento, monitoramento e gerenciamento das configurações de hardware


e software de dispositivos, elementos e sistemas com o objetivo de manter as operações de rede sem
afetar negativamente os serviços e as receitas. Por exemplo, muitas vezes é desejável armazenar o teste
e configurações aprovadas dos terminais do usuário final em um servidor de rede para que os usuários
possam baixá-los quando eles acessarem novos recursos e serviços.

Embora essa prática seja muito comum na indústria de telefonia celular, internet e televisão baseada
em IP (IPTV), prestadores de serviços também estão achando cada vez mais útil. Da mesma forma, para
gerenciamento de configuração de elementos especializados de rede (on-line e off-line), servidores são
comumente usados.

3.3.3 Gerenciamento de contabilização

No contexto das redes NGN, o gerenciamento de contabilização envolve o registro da utilização de


serviços e recursos de rede com o objetivo de criar um registro de faturamento. A gravação pode ser
feita em vários formatos, incluindo os valores brutos separados por vírgulas, que podem ser alimentados
para formatar dados em outros formatos aceitáveis a fim de que o cliente crie contas legíveis.

A medição do uso de serviços e recursos pode ser feita de várias maneiras. Por exemplo,
o paradigma per-service per-user é rotineiramente utilizado para usuários de dados de voz
e mensagens de texto, download de vídeo e jogos, a menos que o faturamento de taxa fixa
seja assumido. Para clientes corporativos, gravação de rede e uso de serviços e eventos como
48
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

interrupção de serviço e tempo de reparo para gerenciar o contrato de nível de serviço (SLA) são
mais importantes do que documentar o uso do serviço.

3.3.4 Gerenciamento de desempenho

A gestão de desempenho está preocupada com o monitoramento da performance dos elementos


de redes, tanto os links de transmissão como os dispositivos nodais, com o objetivo de manter o nível
desejado de qualidade de serviço ou SLA. Ambos os dispositivos e técnicas de monitoramento ativo e
passivo são comumente usados em NGNs. O desafio, no entanto, é localizar e endurecer o monitoramento
do desempenho e sistemas de gestão uniformemente na rede sem sobrecarregar o serviço de criação,
gerenciamento e entrega de módulos.

O monitoramento passivo requer o uso de divisores nos links de transmissão e hardware especial para
filtragem off-line, armazenamento e análise dos dados capturados. Medições ativas podem ser realizadas sem
sobrecarga significativa, em qualquer tempo, e para qualquer período desejado.

Para links de transmissão, os parâmetros de interesse são: taxa de transferência e utilização,


tempo de atividade, de inatividade, tempo para recuperar-se graciosamente de sobrecargas e
desastres etc. Para dispositivos nodais como switches e roteadores, parâmetros como atraso, tempo
de resposta, tempo de alternância local ou remoto para serviço de manutenção de qualidade
durante falhas e sobrecarga são vitais.

3.3.5 Gerenciamento de segurança

O NGN inclui identificação, autenticação, autorização, certificado etc. do usuário em um acesso.


Caso contrário, será muito difícil manter a continuidade do serviço quando o usuário (ou sessão) se
desloca de uma rede de acesso para outra ou faz roaming de um prestador de serviços para o outro.

Como a NGN usa transporte baseado em IP, são necessários mecanismos para proteger o serviço
e a rede contra worms, vírus, intrusos, negação de serviço e outros ataques. Mecanismos simples de
monitoramento podem não ser suficientes.

Medidas proativas devem ser invocadas. Grupos de estudo da UIT (T 13 e 17) abordam esses problemas.
Mais uma vez, quando os serviços abrangem várias tecnologias e domínios administrativos, como seria
o caso da interoperabilidade de redes e serviços, são necessários um ou mais mecanismos de gestão
de segurança por acordo bilateral. Isso ajudará a manter a transparência do serviço com segurança,
sobretudo em termos das funções da Rede de Gerenciamento de Telecomunicações (TMN). Isso auxiliará
a manter a transparência do serviço com segurança, o que envolve as camadas de gerenciamento de
elemento e gerenciamento de rede.

Lembrete
As cinco áreas de gerenciamento são: gerenciamento de falhas, de
configuração, de contabilização, de segurança e de desempenho.

49
Unidade II

3.4 Funções das aplicações

Este bloco funcional suporta interfaces de programação de aplicativos de serviço (API), controle
de sessão, lógica de serviço, tradução e lógica de roteamento, diretório e política de funções de
gerenciamento em toda a rede. Algumas das funções específicas das aplicações devem providenciar:

• Serviços de mensagens, como aqueles usados em e-mail e correio de voz.


• Serviços de processamento, como reconhecimento automático de fala e cartão de crédito
em processamento.
• Serviços de telefonia IP com valor agregado, como a segunda linha virtual, baseada nas chamadas
gratuitas via web.
• Serviços habilitados para diretório, como conversão de números (Freephone, 8xx), portabilidade
numérica e serviços de acompanhamento de número único para telefonia local.
• Serviços de nomenclatura e endereçamento IP, incluindo DNS, DHCP e Radius (DNS significa
Domain Name System, conforme definido no IETF RFC 1035, protocolo de configuração dinâmica
de hosts ou DHCP, definido no IETF RFC 2131, discagem de autenticação remota no serviço do
usuário ou Radius, como definido em IETF RFC 2865).
• Serviços Class 5/7, tais como chamada em espera, reencaminhamento de chamadas, conferência
pedindo serviço de comunicações de voz (aplicativos de telefonia).
• Rede Privada Virtual (VPN) para voz e dados.
• Serviços de largura de banda, VPN ótica (IETF RFC 2547) etc.

Outras redes: domínios de terceiros

Os domínios são definidos pela administração da rede para dar estrutura à rede e para tornar o
gerenciamento da rede o mais simples possível. A estrutura de domínio pode representar o alcance de
um domínio com a alocação de um endereço específico, fixar o alcance do protocolo de roteamento
interno – Interior Gateway Protocol (IGP), definir as extremidades do protocolo de roteamento externo
– Exterior Gateway Protocol (EGP), corresponder à região de qualidade de serviço garantida e equivaler
à região definida por um nível de segurança assegurada.

Funções do usuário final: cliente, dispositivos e redes domésticas

Tradicionalmente, esse domínio contém equipamentos, cabos e funções necessárias nas instalações
residenciais do cliente ou nas instalações de pequenas e médias instituições. Desde que as tradicionais
empresas de telecomunicações entraram no negócio de entretenimento, elas evoluíram os pares de fios de
cobre trançados para links de alta velocidade DSL ou fibra – ou cabos coaxiais – para que possam oferecer
serviços de banda larga (vídeo e internet) aos seus clientes. Para tal, exige-se a instalação de modems
adicionais, roteador, dispositivos de segurança, videoconversores e decodificadores para residências.

50
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Da mesma forma, operadoras de TV a cabo tradicionais estão oferecendo serviços de telefonia digital
baseados na internet usando a versão do Docsis (Data Over Cable Specification Service Interface) e
outros padrões (para mais detalhes, consulte <www.cablelabs.com>). Esses tipos de evolução para apoiar
serviços multimídia criam uma infinidade de redes e dispositivos dentro de casa, e não é fácil solucionar
o problema de depuração, diagnóstico e instalação de serviços.

Protocolo de Internet (IP): sempre presente em redes NGN

Independentemente de ser fixo ou sem fio na camada física, a camada de rede vai usar de forma
ubíqua o IP (IETF RFC 791 para IPv4 e RFC 2460 para IPv6). As variantes de IP acentuadas a seguir e o
complemento de recursos estão atualmente disponíveis na indústria para mantê-lo como a cola mais útil
na camada de rede. Concebido para ser o protocolo da internet e de Ethernet LAN (Local Area Network)
e firmado como protocolo padrão para transferência do tráfego de dados, ele será naturalmente o
protocolo predominante também nas redes públicas, porém essas redes deverão ser desenhadas para
uma operação otimizada de pacotes nesse protocolo.

Além dos protocolos IPv4 e IPv6, foi desenvolvido o protocolo Mobile Internet Protocol versão 6
(MIPv6). Com o intuito de apoiar a mobilidade de dispositivos, um conjunto de extensões para o IPV6
original foi proposto no IETF (RFC 3775 e 3776).

Assim, as informações são transportas da fonte para o destino do modo mais otimizado possível. Com
essa filosofia, houve vasta proliferação de aplicações e a crescente integração de pequenos dispositivos
que usam IP, como em tablets, telefones, carros, equipamentos para uso em imóveis e dispositivos
pessoais como wearables. Se esses dispositivos possuírem uma única identificação global (endereço IP),
a faixa do atual protocolo IPv4 não será suficiente e a faixa do IPv6 deverá ser implementada. O IPv6
também incorpora novas facilidades para segurança, QoS, autoconfiguração e mobilidade, entre outras.

3.5 Principais equipamentos de uma rede NGN

Existem diversos gateways presentes em uma rede NGN, como Media Gateway, Softswitch, Media
Gateway Controller, Signaling Gateway e Access Gateway.

3.5.1 Media Gateway

É o elemento essencial que faz a interconexão entre a rede comutada e a rede de pacotes, possibilitando
a conversão da mídia de voz da rede telefônica para a rede de dados e vice-versa. Assim, Media Gateway
é o componente de transição entre NGN-IP e TDM (Time Division Multiplexing). Além dessa conversão
e manipulação de mídias, realiza outras atividades como compressão, cancelamento de eco, notificação
de eventos, envio e detenção de tons. Também faz conexões ponto a ponto e conferências.

O Media Gateway retém a informação de todos os recursos e, em caso de enlaces ocupados, ele
garante o tratamento apropriado de gerenciamento para cada situação. Até o encerramento de uma
chamada, esse tipo de gateway provê o MGC (Media Gateway Controller) de informações da qualidade
de serviço para fins de bilhetagem. O Media Gateway poderá terminar uma conexão de circuitos, sejam
51
Unidade II

elas linhas, troncos ou loop, transformando em pacotes o stream de dados se a chamada ainda não
estiver nesse estado, e então liberar o tráfico para a rede IP.

Como gateway, esse elemento de rede apenas manipula a mídia, não possuindo nenhuma inteligência
agregada e necessitando de um controle de um elemento de rede hierarquicamente superior, o
Softswitch, via um protocolo de controle, como o MCGP ou Megaco/H.248. A falta de inteligência de um
gateway possui motivo, pois demandaria que Media Gateways fossem constantemente atualizados para
a introdução de novos serviços e usuários, tornando a rede de difícil gerenciamento e pouca evolução.

Desse modo, é possível a interligação de assinantes convencionais com assinantes IP ou softphones


(PCs com software apropriado), ou mesmo a outros assinantes convencionais através de um trecho
da rede IP.

Requerimentos de um Media Gateway

É possível classificar suas principais características:

• Interfaces diretas aos mundos PSTN/ISDN e IP/ATM.

• Conversão em tempo real de Voz sobre TDM para Voz sobre IP.

• Protocolo de controle para uma inteligência de serviços centralizada e separação dos serviços
do transporte.

• Integração densa para uma baixa ocupação de espaço e consumo.

Figura 18 – Símbolo para o Media Gateway

3.5.2 Softswitch

Também chamado de Call Feature Server ou Media Gateway Controller, é o elemento central da rede
NGN, que contém sua inteligência e controla todos os demais elementos da rede, sendo considerado
o cérebro da rede NGN. Ele tem autonomia de controlar vários medias gateways de uma rede TCP/IP.
Pelo fato de o Softswitch fazer a divisão entre a sinalização, controle e manipulação da mídia pelos
gateways, permite uma maior flexibilidade para a evolução das redes e realiza o controle da chamada,
bem como implementa as facilidades e serviços suplementares ofertados. Para realizar o controle da
chamada, envolvendo elementos distintos da rede, é um manipulador de sinalizações, seja da rede
comutada (SS7 – Isup), seja da rede de pacotes (H.323, SIP, MGCP ou Megaco).
52
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Para efetivar as centenas de serviços suplementares, o Softswitch deve ser capaz de entender a
lógica de cada serviço e traduzi-la em comandos adequados a qualquer elemento da rede.

Um dos pontos principais da rede NGN é a separação na arquitetura entre manipulação da mídia
(pelos gateways) e a manipulação da sinalização e controle envolvidos na chamada (pelo Gatekeeper
e Softswitch). Funções de controle de chamada e manipulação de mídias separadas em dois planos
distintos proveem a máxima flexibilidade para a evolução da rede.

A centralização da inteligência dos serviços e controle da chamada permite uma gerência da rede
simplificada e eficiente, e é a base para reações rápidas às demandas do mercado por novos serviços
e oportunidades de negócios. Também possibilita a integração de serviços providos por aplicações de
terceiros, que se interligam ao Softswitch via uma interface aberta (open API).

Requerimentos de um Softswitch

Vejamos suas principais características:

• Separação do controle de chamadas e serviços do transporte de dados.

• Inteligência de serviço em aplicações de serviços de voz.

• Inteligência centralizada para rápida introdução de novos serviços convergentes.

• Interface aberta para dispositivos e aplicativos comerciais ou de outros fabricantes como e-commerce.

• Confiabilidade e segurança na tarifação e medição de desempenho e controle dos recursos.

• Inteligência para tratar e ter interface com os protocolos de sinalização, como SS7-Isup, H.323-
SIP, dentre outros.

Figura 19 – Símbolo para o Softswitch

O tráfego convergente trouxe um considerável interesse para os administradores de rede e tem


levado os provedores de serviços a implementar soluções que vão ao encontro com os requerimentos
dos usuários. Tanto os tradicionais serviços legados de telefonia como os novos serviços providos
pelas NGNs não serão competitivos apenas pela redução dos custos de transmissão. Um ponto-chave
é a Qualidade dos Serviços (QoS), e características como performance, disponibilidade, flexibilidade e
adaptabilidade tornam-se padrão de mercado.
53
Unidade II

Sevice layer Application Policy server


SCP Data base AAA server
server

Control layer Softswitch Softswitch

IP Router/ATM Switch
Core layer
Core Packet Network

Edge layer H323


SG TG AG NAS IP PBX MSAG IAD WAG
GW

SS7 PSTN/ISDN Wireless


Network Broadband access

Figura 20 – Estrutura de camadas

3.5.3 Media Gateway Controller (MGC)

Executa funções de estabelecimento e finalização de sessões na rede IP. Ele mantém o estado de
todas as chamadas e dos recursos alocados para elas. Possui interfaces para vários bancos de dados em
redes IP e SS7 (por exemplo, políticas de diretórios) a fim de acessar usuários e serviços.

O MGC também possui a facilidade de prover endereços e um protocolo de tradução entre elementos
de diferentes redes necessários para invocar uma chamada. Até o fim de uma chamada, o MGC coleta
informações para bilhetagem. Existem dois protocolos básicos que são utilizados para controle: o Media
Gateway Control Protocol (MGCP) e o Megaco, também conhecido como H.248.

A interface com as redes SS7 são feitas através dos protocolos SS7/IP. A política de acesso a diretórios
no ambiente IP usa os protocolos LDAP (Lightweight Directory Access Protocol) e Cops (Common Open
Policy Service).

No caso de um cliente IP, o MGC irá usar o SIP ou o H.323 para estabelecer a chamada e alocar os
recursos e serviços necessários. O MGC também faz a tradução entre o H.323 e SIP para a interconexão
de clientes com diferentes protocolos.
54
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

3.5.4 Signaling Gateway

Executa as funções de conversão entre as mensagens SS7 transmitidas através dos circuitos
telefônicos e as mensagens SS7 por meio das redes IP. Os atuais protocolos de conectividade para IP-
SS7 são o Sigtran, Tali e Q.2111. Em todos os casos, a regra do Signaling Gateway é estabelecer e encerrar
uma ou mais conexões IP-SS7 e manter o estado de conexão entre as duas redes, mantendo a sequência
de números, confirmações de conexões, retransmissões e notificações da existência de pacotes fora de
sequência. O controle de congestionamento, a detecção de falhas nas sessões e segurança são outras
funções importantes que ele pratica.

3.5.5 Access Gateway

Um Access Gateway, que combina informações do Signaling Gateway com o Trunking Gateway, é
usado pelo ISDN ou CAS (Common Access Signaling) para inserir a sinalização em uma rede TDM. O Access
Gateway extrai uma informação de controle dos protocolos de sinalização como o DMTF (Dual-Tone
MultiFrequency) ou PRI (Primary Rate Interface) e a envia para o MGC para processamento. Os problemas
encontrados entre domínios, quando uma conexão entre os pontos finais requer o roteamento em
diferentes redes de provedores de telecomunicações, em geral não são cobertas pelos atuais padrões.
MGCP
or
MGC MEGACO

SIGTRAN

IP
Network

SG SG

MG Media Gateway
MG Media Gateway Controller
MGCP Media Gateway Control Protocol
SG Signaling Gateway

Figura 21 – Estrutura de rede

3.6 Desempenho do meio de transmissão

O meio de transmissão, ou enlace, refere-se aos dispositivos utilizados para transportar informações
entre os elementos de uma rede. No projeto das novas redes de telecomunicações, são utilizados
protocolos que incorporam esquemas de correção de erros que implementam solicitações ao transmissor
para a retransmissão de elementos que se perderam por algum motivo. Então, torna-se importante
medir o desempenho para determinar a eficiência dessas redes e estipular as soluções de caráter prático
para resolver os possíveis problemas que ocasionam a perda desses dados. A seguir, acentuaremos os
diferentes parâmetros de performance que podemos medir em uma rede.
55
Unidade II

Vazão normalizada ou goodput

Mede a eficiência do meio e diz respeito à capacidade do enlace de transmissão em transportar


pacotes não retransmitidos. Quando algum tempo é usado para a transmissão do cabeçalho introduzido
pelos protocolos de rede em uso, as colisões dos pacotes e as retransmissões não são contadas para o
valor goodput de desempenho.

Em um ambiente ideal, sem perdas de pacotes no meio devido a congestionamentos ou outros


fatores, o valor do goodput equivale a 1,0. Contudo, a maioria dos protocolos e dos sistemas em uso nas
redes atuais têm valores de goodput entre 1,0 e 0,95.

Para seu cálculo, são necessárias as seguintes informações:

• velocidade/largura de banda do enlace de telecomunicações (em bps);

• tamanho médio do pacote (em bits/pacote);

• valor de pico da vazão atual do enlace de transmissão (em pacotes/seg).

A partir desses valores, inicialmente será calculada a capacidade transportada pela rede, em pacotes/
seg, através da seguinte relação:

Capacidade transportada = largura de banda/tamanho médio do pacote

Em seguida, pode-se calcular o valor de goodput através da seguinte relação:

Goodput = valor de pico/capacidade transportada

Atraso médio

Representa o tempo médio que o pacote aguarda no transmissor antes de ser enviado, mais o tempo
para transmitir o pacote. Os fatores que afetam esse valor incluem as características intrínsecas do
dispositivo que está transmitindo e as características do meio de transmissão.

Estabilidade

Refere-se à capacidade do método de acesso à rede de tratar aumentos de tráfego sem afetar
a vazão. Quanto mais dispositivos se comunicam através do meio de comunicação, maiores são as
chances de colisão nesse meio e, quando se atinge um determinado patamar, o sistema torna-se
instável, ficando indisponível.

A técnica de acesso adotada deve incluir a capacidade de se adaptar a situações de sobrecarga na


rede, tratando os casos de aumento de tráfego.

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REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Equidade

A equidade significa que todo dispositivo que quer transmitir (e tem permissão para isso) deve ter
igual acesso ao meio dentro de um intervalo especificado.

Gerenciamento de congestionamento

Quando a capacidade de tráfego de uma rede aproxima-se da capacidade máxima possível do meio
de transmissão, ocorre um atraso na transmissão da informação, ocasionando o que conhecemos por
“congestionamento” e, por conseguinte, a vazão de dados diminui.

Embora atraso e congestionamento sejam tópicos diferentes, existe uma relação entre eles que
permite estimar a quantidade de atraso a partir do percentual da capacidade da rede que está sendo
usada. A capacidade da rede atualmente em uso é chamada de utilização, em geral expressa em
percentagem. O atraso efetivo de uma rede pode ser determinado pela seguinte relação, onde I é o
atraso da rede quando o meio de transmissão está vazio, U representa a utilização e D é o atraso efetivo:
D = I/(1 – U). Por exemplo, para um atraso de rede (I) igual a 10 ms e a utilização (U) é 5%, o atraso
efetivo (D) será de: D = 0,1/(1 – 0,05) => 0,1/0,95 = 10,53 ms.

Quando não houver tráfego, o valor de U é zero, assim o atraso efetivo é equivalente ao atraso da
rede. Com o aumento do tráfego, a utilização aumenta e o atraso efetivo fica maior.

Um uso aceitável da rede depende das necessidades e dos custos financeiros envolvidos. Entretanto,
não é nada recomendado a operação de uma rede com nível de utilização igual ou superior a 90%. Em
redes de comutação por pacotes, por exemplo, em que existe uma alta demanda de tráfego e atrasos
podem ocasionar o acúmulo de pacotes nos buffers dos dispositivos de comutação, o congestionamento
pode ser um problema sério. Para redes desse tipo, nas quais são necessários atrasos pequenos, a máxima
utilização aceitável deve situar-se em torno de 50%.

A tecnologia convergente incluiu suporte total às características do sistema de sinalização número 7


(SS7) e interfaces padrões de telefonia, além de uma completa interoperabilidade com a infraestrutura
da PSTN existente, suportando todas as características de voz as quais os usuários estão acostumados,
assim como o tráfego de dados. Ela ainda pode prover uma ponte para o acesso e desenvolvimento de
novos serviços.

Com a arquitetura convergente, foi possível alavancar os investimentos existentes em infraestrutura,


como equipamentos tradicionais de comutação por circuito, enquanto suportava o crescimento do
tráfego de dados. A arquitetura pode unificar diversas redes sobrepostas necessárias para a comunicação
do momento.

A ideia geral da NGN é ter uma única rede capaz de transportar todos os tipos de informações,
serviços e mídias. Esta rede é construída sob o protocolo IP com o princípio da estruturação e divisão dos
planos funcionais em: acesso, transporte e switching, controle e inteligência e serviço. As camadas são
independentes e podem ser modificadas, substituídas ou atualizadas sem afetar os outros níveis funcionais.
57
Unidade II

Antes da NGN, o modelo de serviços era em estruturas verticais com tecnologias dedicadas a
cada tipo de acesso incorrendo na duplicação de funcionalidades entre os vários sistemas isolados,
mas agora a NGN propõe a simplificação deste modelo de serviço estruturando horizontalmente
as camadas e unificando as funcionalidades para oferecer os serviços e conteúdos a todos os
meios de acesso.

Before NGN With NGN


Services Services Services Services Content and Services

Servers...
PSTN/ISDN

DATA/IP
PLMN

CATV

IP Core

Access Access
Access
UMTS Broadcast
GSMEDGE PSTN/
xDSL ISDN
WnFI/WiMax

Figura 22 – Comparativo de arquiteturas antes e depois da NGN

4 REDES IP E CRIAÇÃO DO MPLS

Em uma rede IP, os pacotes de dados são encaminhados um a um e de forma independente. Não é
estabelecida uma conexão ou circuito virtual que defina um caminho predeterminado para eles.

Nesse contexto, o envio dos pacotes de dados é feito por roteadores. Roteadores são dispositivos da
camada 3, que, ao receber um pacote IP, analisa o endereço destino carregado pelo pacote IP, consulta
uma tabela de roteamento mantida pelo roteador e toma uma decisão de para onde direcioná-lo. A tabela
de roteamento é mantida pelo roteador usando informação trocada entre roteadores e procedimentos
definidos pelo protocolo de roteamento utilizado.

Um roteador pode ser configurado com múltiplos protocolos de roteamento. Como exemplo,
citamos: Open Shortest Path First (OSPF), Routing Information Protocol (RIP) e Border Gateway Protocol
(BGP). Como a decisão é tomada pacote a pacote, dois pacotes enviados pelo computador X podem
seguir caminhos diferentes até o computador Y, passando, por exemplo, pelo roteador 1 e indo direto
para o roteador 3, ou passando pelos roteadores 1, 2 e 3.

58
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

A figura a seguir ilustra uma rede IP tradicional, na qual existem três redes (A, B e C) e três roteadores
(1, 2 e 3).
Roteador 2

Roteador 1 Roteador 3
Rede B

Rede A Rede C

X Y

Figura 23 – Rede IP tradicional

A tabela de roteamento pode ser vista também como uma forma de dividir o conjunto de pacotes
possíveis que um roteador pode passar adiante em um número finito de subconjuntos disjuntos. Pacotes
de cada subconjunto são passados adiante pelo roteador da mesma forma. Esses subconjuntos são
chamados de classes de equivalência para roteamento (FECs – Fowarding Equivalence Classes).

O Multiprotocol Label Switching (MPLS) foi padronizado para resolver uma série de problemas das
redes IP, entre eles:

• possibilitar a utilização de switches;

• escalabilidade;

• adicionar novas funcionalidades ao roteamento.

Multiprotocol Label Switching (MPLS) é uma tecnologia utilizada em larga escala pelas provedoras
de serviço de internet. Seu funcionamento baseia-se na inserção de um rótulo, em vez de um endereço
de destino para mover os pacotes dentro da sua rede. Essa técnica diminuiu muito o tempo de
encaminhamento de pacotes, visto que o rótulo é usado como índice numa tabela interna, que direciona
a interface de saída correta.

59
Unidade II

Conforme a definição de Tanenbaum e Wetherall (2011, p. 295):

O cabeçalho MPLS genérico tem 4 bytes de extensão e quatro campos. O


mais importante é o campo Rótulo, que mantém o índice. O campo QoS
indica a classe do serviço. O campo S relaciona-se ao empilhamento de vários
rótulos. O campo TTL indica quantas vezes o pacote pode ser encaminhado.

O MPLS, Multiprotocol Label Switching, tem por objetivo otimizar os níveis de desempenho de uma
rede IP organizando recursos em uma rede de maneira mais eficiente, a fim de ampliar a probabilidade
de entrega da informação e minimizar custos desta entrega.

Não é um protocolo muito simples de se entender. Nem tudo que é complexo é eficiente, mas neste
caso a eficiência com que o MPLS deve prover as redes IP faz jus a sua complexidade.

Através de uma técnica denominada label switching, que pode ser traduzida como rótulo de
encaminhamento, o MPLS visa estabelecer políticas que definem caminhos ou rotas para a entrega da
informação e os níveis de prioridade de serviço que determinados tipos de tráfego devem ter.

O MPLS fornece meios para mapear endereços IP em rótulos simples e de comprimento fixo utilizados
por diferentes tecnologias de encaminhamento e chaveamento de pacotes. Este mapeamento é feito
apenas uma vez no nó na borda da rede MPLS. A partir daí, o envio dos pacotes é feito utilizando-se
a informação contida em um rótulo (label) inserido no cabeçalho do pacote. Este rótulo não traz um
endereço e é trocado em cada switch.

O chaveamento de dados a altas velocidades é possível porque os rótulos de comprimento fixo são
inseridos no início do pacote e podem ser usados pelo hardware, resultando em um chaveamento rápido.

Apesar de ter sido desenvolvido visando redes com camada de rede IP e de enlace ATM, o mecanismo
de direcionamento dos pacotes no MPLS pode ser utilizado para quaisquer outras combinações de
protocolos de rede e de enlace, o que explica o nome de Multiprotocol Label Switching dado pelo grupo
de trabalho do IETF.

Saiba mais

Você pode aprofundar seus conhecimentos sobre MPLS em:

ROCHA, A. S. Estudo básico do MPLS (Multi Protocol Label Switching)


– I. Teleco, 24 jan. 2011. Disponível em: <http://www.teleco.com.br/pdfs/
tutorialmplseb1.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2018.

Na dissertação a seguir, é possível encontrar detalhes mais técnicos e


comparações do MPLS com outros protocolos.
60
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

KAKIHARA, C. M. Avaliação e comparação de desempenho entre a


arquitetura IP e a arquitetura IP sobre MPLS. Dissertação (Mestrado em
Física Aplicada). Instituto de Física de São Carlos, São Carlos (SP), 2006.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/76/76132/tde-
22112006-102117/pt-br.php>. Acesso em: 2 ago. 2018.

4.1 Compromisso do MPLS

Uma opção de tratar o QoS é usar o Multiprotocol Label Switching (MPLS). Incluir rótulo (label) ao
pacote IP permite interoperabilidade contínua através dos elementos de rede: pacotes são enviados
conforme o rótulo em vez do cabeçalho do pacote. Com o rótulo, podem-se incluir prioridades de dados
e garantia de QoS para serviços. Inicialmente, MPLS foi utilizado para engenharia de tráfego e aplicações
como VPN sobre redes IP e ATM.

Com MPLS, que é um protocolo agnóstico, operadoras podem empacotar suas redes de acesso e
propiciar integração contínua com rede IP. Operadoras podem fornecer serviços Ethernet sobre ATM ou
sobre Rede Óptica Síncrona (Sonet)/Hierarquia Digital Síncrona (SDH). Elas podem estabelecer túneis
ponto a ponto ou ponto-multiponto para serviços diferenciados, estendendo a oferta de sua carteira de
serviços com expansão de equipamentos marginais.

Implementações são proprietárias e a maioria não opera com outras implementações. Com a
padronização, espera-se que o MPLS torne-se um grande suporte para tornar o tráfego IP aceitável com
relação a SLAs. Isto é importante quando operadoras devem garantir serviços IP. Desse modo, MPLS fim
a fim está se tornando um critério maior de escolha.

Roteadores de borda ou dispositivos de borda que incorporam MPLS podem determinar o destino
dos pacotes e algum tratamento especial requerido. Assim, roteadores de borda podem agir, seja como
um media gateway, seja como um switch router em backbone de pacote.

Com excesso de capacidade no núcleo da rede, a borda torna-se um gargalo para entrega de serviços
de alta largura de banda. Roteadores que propiciam serviços de borda, gateways e centrais de comutação
devem todos entregar mais largura de banda aos assinantes enquanto modernizam a operação de rede
para as operadoras. As operadoras vislumbram trabalhar com serviço IP com QoS sobre suas redes,
embora o tráfego IP necessite de features a ser efetivamente gerenciada. Na borda da rede, roteadores
de borda integram funções como VPN sobre IP, agregação de faixa larga, aluguel de linha e entrega de
serviços IP avançados. Mas roteadores de borda são desafiados a prover serviços IP a uma determinada
taxa de velocidade e suportando uma confiabilidade de 99,999% do tempo.

O MPLS fornece meios para mapear endereços IP em rótulos simples e de comprimento fixo usados
por diferentes tecnologias de envio e chaveamento de pacotes. Esse mapeamento é feito apenas uma
vez no nó na borda da rede MPLS. A partir daí, o encaminhamento dos pacotes é executado utilizando-
se a informação contida em um rótulo (label) inserido no cabeçalho do pacote. Esse rótulo não traz um
endereço e é trocado em cada switch. O chaveamento de dados a altas velocidades é possível porque

61
Unidade II

os rótulos de comprimento fixo são inseridos no início do pacote e podem ser usados pelo hardware,
resultando em um chaveamento rápido.

O propósito do MPLS não é a substituição do roteamento IP, mas a melhoria dos serviços providos
em redes IP através de um roteamento predefinido, oferecendo escopo para gerenciamento de tráfego
e garantia de QoS mínimo.

Para implementar QoS, o MPLS ainda incorpora conceitos e ferramentas como os serviços integrados
e os serviços diferenciados. Por exemplo, o MPLS provê reserva de banda a ser também especificada no
rótulo, e pacotes podem ser “marcados” para indicar sua prioridade. Todas essas ferramentas fazem do
MPLS um mecanismo muito adequado para execução de capacidades de gerenciamento de tráfego em
redes IP.

4.2 Conceitos da arquitetura do MPLS

A figura a seguir mostra uma arquitetura da rede MPLS. Existem roteadores LER que conectam um
domínio MPLS com um nó fora deste domínio. Já os roteadores subsequentes LSR são um nó dentro dos
domínios do MPLS.

LER LER

LSR LSR
LER LER

LSR LSR

LER LER

Roteador IP

Figura 24 – Estrutura do MPLS

• Label (rótulo): identificador de comprimento curto e definido que é usado para identificar uma
FEC, tendo geralmente significado local. Quando utilizado sobre protocolos onde o cabeçalho
da camada de enlace não pode ser empregado, o rótulo shim é inserido entre os cabeçalhos das
camadas de enlace e de rede.

• Foward Equivalence Class (FEC): representação de um grupo de pacotes que tem os mesmos
requisitos para o seu transporte. Para todos os pacotes neste grupo, é fornecido igual tratamento
na rota até o seu destino. FECs são baseados em requisitos de serviço para um dado conjunto de
pacotes ou simplesmente por um prefixo de endereçamento.
62
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Assim, é preciso considerar que dois pacotes estão na mesma FEC pela análise do endereço destino
do pacote. Quando o pacote anda na rede, em cada roteador ele é reexaminado e atribuído a uma FEC.
No MPLS, a atribuição de um pacote particular a uma FEC em particular é feita apenas uma vez, no LER,
quando o pacote entra na rede. A FEC atribuída ao pacote é codificada como um valor de comprimento
fixo e curto conhecido como label.

Quando o pacote é direcionado ao próximo roteador, o rótulo é enviado juntamente com ele, ou seja, o
pacote é rotulado antes de ser encaminhado. Nos roteadores subsequentes (LSR), não existe análise do cabeçalho
da camada de rede do pacote. O rótulo é usado como um índice em uma tabela que especifica o próximo
roteador e um novo rótulo. O rótulo antigo é trocado pelo novo e o pacote é remetido para o próximo roteador.
No MPLS, uma vez que um pacote é associado a uma FEC, não é necessário mais nenhum exame do cabeçalho
por parte dos outros roteadores, todo o processo é feito a partir do rótulo.

• Label Edge Router (LER): um nó MPLS que conecta um domínio MPLS com um nó fora
deste domínio.

• Label Switching Router (LSR): é um nó do MPLS. Ele recebe o pacote de dados, extrai o rótulo do
pacote e o utiliza para descobrir na tabela de encaminhamento qual a porta de saída e o novo
rótulo. Para executar este procedimento, o LSR tem apenas um algoritmo usado para todos os
tipos de serviço. A tabela de envio pode ser única ou existirem várias, uma para cada interface.
Elas são compostas utilizando rótulos distribuídos, como Label Distribution Protocols (LDP), RSVP
ou protocolos de roteamento como o BGP e o OSPF.

• Label Distribution Protocol (LDP): um conjunto de procedimentos pelo qual um LSR informa
outro das associações entre label/FEC que ele fez. Dois LSRs que utilizam um LDP para trocar
informações de associações label/FEC são conhecidos como Label Distribution Peers por conta
da informação de associação que trocaram.

• Label Switching Path (LSP): no MPLS, a transmissão de dados ocorre em caminhos chaveados
a rótulo (LSPs). Eles são uma sequência de rótulos em todos os nós ao longo do caminho da
origem ao destino. São estabelecidos ante a transmissão dos dados ou com a detecção de um
fluxo de dados.

O MPLS proporciona também escalabilidade à rede, uma vez que um roteador convencional passa
a ter como roteador adjacente o seu LER do backbone MPLS, e não todos os roteadores conectados
ao backbone, a exemplo do que acontece com backbones ATM. A utilização de rótulos para envio
de pacotes permite ainda adicionar novas funcionalidades ao roteamento independentemente do
endereço IP na camada de rede. É possível fixar rotas predefinidas ou prioridades para pacotes quando
da definição das FECs.

O MPLS passa a ser, portanto uma ferramenta poderosa para implementação de QoS e classes de
serviço em redes IP. Com o MPLS é possível também estruturar túneis utilizados na formação de redes
privadas virtuais (VPNs). Considerando tal solução adotada pela maior parte dos provedores de VPN que
possuem backbone IP.
63
Unidade II

O protocolo MPLS é considerado como multiprotocolo pois seu cabeçalho não faz parte do pacote da
camada de rede e também do quadro da camada de enlace de dados. Desse modo, ele pode direcionar tanto
pacotes IP como pacotes que não sejam IP. Os rótulos são adicionados aos pacotes quando estes alcançam
um roteador de borda de rótulo, LER. É através dele que o pacote será encaminhado dentro da rede MPLS. A
figura a seguir ilustra o processo de encaminhamento de um pacote IP por uma rede MPLS.
Remove
Acrescenta rótulo
rótulo Comutação por IP
IP rótulo apenas
Rótulo Rótulo (para a
Rótulo IP próxima
rede)

Roteador de
borda de rótulo
Roteador de
comutação de rótulo

Figura 25 – Encaminhamento de um pacote IP por uma rede MPLS

Observação

A ideia do MPLS é a de que, quando um pacote de dados for enviado


a um destino específico ou um grupo de destinos, uma rota única possa
ser definida. Este caminho claro poderia ser usado pelos pacotes que se
encaminham para aquele destino ou grupo de destinos, enquanto os
roteadores e outros dispositivos de camada 3 do modelo OSI não necessitam
perder tempo e processamento para efetuar a verificação do cabeçalho IP
desses pacotes de dados.

Vejamos um exemplo do funcionamento básico de uma rede utilizando MPLS.

80 80

Cliente 1 Cliente 3
Label = 42
A C E

Label = 12 Label = 96 Label = 24


80 80
B D
Cliente 2 Cliente 4

Figura 26 – Funcionamento básico de uma rede utilizando MPLS

64
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

No exemplo da última figura, são estabelecidas duas rotas, uma que conecta o cliente 1 e o
cliente 3 e outra que interliga os clientes 2 ao 4. No caso da primeira rota, são utilizados os rótulos
23 e 42 sobre o caminho A→C→E, levando a informação do cliente 1 para o cliente 3. Na segunda
rota, que liga o cliente 2 ao 4, são usados os rótulos 12, 96 e 24 através do caminho A→B→D→E.
Suponha que o cliente 1 deseja enviar pacotes ao cliente 3. Assim, o nó A fixa o rótulo 23 nos
pacotes do cliente 1.

Quando o nó C recebe os pacotes “rotulados” do nó A, ele consulta uma tabela de roteamento


procurando por uma rota de saída para o rótulo recebido, que no caso é a 42. O nó C substitui o rótulo
23 pelo 42 e envia os pacotes ao nó E. Este nó entende que ele é o fim do caminho que foi previamente
definido (A→C→E), remove o rótulo, enviando o pacote ao cliente 3.

Para esse processo de roteamento do MPLS, o caminho que um pacote deve percorrer, é vital
estabelecer tudo antes, para que esse processo possa ser usado através dos rótulos de encaminhamento.
Essa prévia definição de um caminho é bastante parecida à fixação de circuitos virtuais utilizados no
Frame Relay.

Lembrete

Uma rede MPLS inclui um rótulo ou label ao pacote IP, de forma a


permitir que este pacote trafegue com maior segurança, melhore a
qualidade de serviço em relação à rede IP.

4.3 Benefícios da rede MPLS

Uma rede MPLS traz uma série de benefícios em relação a uma rede IP. Como os pacotes recebem um
rótulo (label), este somente será aberto no destino. Dessa forma, as redes MPLS possuem uma segurança
superior a uma rede IP comum. A segurança é equivalente a uma conexão Frame Relay.

Adicionalmente, a rede MPLS permite tratar tipos de tráfego de maneira diferente, porque cada
aplicação possui sua necessidade específica. Existe uma maior facilidade no gerenciamento de rede.

Também são implementadas classes de serviço e é possível reduzir o tempo de atraso, isto é, o delay.

Resumo

Nesta unidade, estudamos que a arquitetura NGN é dividida em


quatro camadas funcionais: de acesso, de núcleo ou central, de controle
e de serviços.

Em redes NGN, existe a separação entre serviços e o transporte


é representado por dois blocos distintos, conhecida como estrato de
65
Unidade II

funcionalidade. As funções de transporte residem no estrato de transporte


e as funções relacionadas a aplicações, no estrato serviço.

Um dos elementos que faz parte da rede NGN é o Media Gateway,


que faz a interconexão entre a rede comutada e a rede de pacotes,
possibilitando a conversão da mídia de voz da rede telefônica para a rede
de dados e vice‑versa.

Vimos que Softswitch é o elemento central da rede NGN, que contém


sua inteligência e controla todos os demais elementos da rede, sendo
considerado o cérebro da rede NGN. Ele possui autonomia de controlar
vários medias gateways de uma rede TCP/IP. Por sua vez, Media Gateway
Controller (MGC) executa funções de estabelecimento e finalização de
sessões na rede IP. Já o Signaling Gateway realiza as funções de conversão
entre as mensagens SS7 transmitidas através dos circuitos telefônicos e as
mensagens SS7 através das redes IP.

Há algumas grandezas que podem ser mensuradas nos meios de


transmissão com vazão normalizada ou goodput, atraso médio e pelo
gerenciamento do congestionamento.

Acentuamos que o Multi protocol Label Switching (MPLS) foi padronizado


para resolver problemas oriundos das redes IP, como: possibilitar a
utilização de switches, escalabilidade e adicionar novas funcionalidades ao
roteamento. O objetivo da MPLS é a otimização de níveis de desempenho de
uma rede IP, organizando recursos em uma rede de maneira mais eficiente
para maximizar a probabilidade de entrega da informação e minimizar os
custos dessa entrega.

O MPLS fornece meios para mapear endereços IP em rótulos


simples e de comprimento fixo utilizados por diferentes tecnologias de
encaminhamento e chaveamento de pacotes. Ele passa a ser, portanto,
uma ferramenta poderosa para implementação de QoS e classes de
serviço em redes IP.

Exercícios

Questão 1. (FCC 2009) No contexto do gerenciamento de redes de computadores, a disponibilidade:

A) Deve ser monitorada pelos usuários, somente.

B) Não deve ser monitorada pelos administradores da rede, por questões de controle interno.

66
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

C) É uma estatística de falha.

D) Geralmente almejada pelos administradores da rede é de, no máximo, 70%.

E) É um toolkit de controle.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das alternativas

Justificativa geral: a disponibilidade é um conceito intimamente relacionado às falhas. Um sistema


de alta disponibilidade é um sistema resistente a falhas, de vários tipos, como hardware, software,
energia. Sendo assim, ela pode ser utilizada como uma estatística de falha.

Questão 2. (FCC 2014) O esquema a seguir ilustra uma estrutura de comunicação VoIP entre um
computador e um telefone comum.

A B
Computador
com softphone
Rede de
Internet telefonia
Telefone
comum
LAN

Figura 27

No cenário apresentado, um computador equipado com um programa que possibilita as ligações


em VoIP está conectado numa rede local (LAN) com o equipamento A. Primeiro, o computador
descobre o equipamento A na rede, que envia ao computador seu endereço IP. O computador se
registra com o equipamento A, que, por sua vez, manda de volta uma mensagem de gerenciamento.
Após aceitar a mensagem, o computador pede para o equipamento A largura de banda para iniciar
a configuração da chamada, com o estabelecimento de uma conexão. Após a largura de banda
ser liberada ao computador, ele envia outra mensagem com o número do telefone a ser chamado
para o equipamento A, que confirma a solicitação da chamada e encaminha a informação para o
equipamento B. Este, que é metade computador e metade comutador de telefonia, faz a chamada
telefônica para o telefone comum. O telefone toca e o computador recebe o sinal indicando
que ele está tocando. Quando o telefone é atendido, é enviada uma mensagem ao computador
indicando que houve a conexão.

A e B são, respectivamente,

67
Unidade II

A) Gatekeeper e Gateway.

B) Multipoint Controller Unit e User Agent Server.

C) Gateway e Proxy Server.

D) Proxy Server e Softphone.

E) Softswitch e Softphone.

Resolução desta questão na plataforma.

68
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Unidade III
5 QUALIDADE DE SERVIÇO (QOS)

5.1 Definição de QoS

A implementação de métodos de qualidade de serviços, do inglês Quality of Service (QoS), é


fundamental em redes de comutação por pacote, pois diversas aplicações como a telefonia IP, a educação
interativa a distância e a transmissão de vídeo e áudio possuem requisitos que, se não cumpridos,
degradam a integridade do sinal para o receptor. É possível separar três grupos de métodos: taxa de
informações, atrasos dos pacotes e perdas dos pacotes.

Resumidamente, a taxa de informações é a relação da quantidade de bytes por segundo. O atraso


dos pacotes é o tempo que o pacote levou para ir do emissor até o receptor. Já as perdas dos pacotes
representam a razão entre o número de pacotes que não chegaram ao destino ou chegaram corrompidos
pelo número total de pacotes enviados.

Segundo a Cisco, o foco da QoS é fornecer serviço de rede melhor e mais previsível, com largura
de banda dedicada, jitter controlado e latência, bem como perda de características melhoradas. A
QoS atinge esses objetivos ao disponibilizar ferramentas para gerenciar o congestionamento da rede,
formação de rede tráfego, utilizando-se de maneira ampla os links e definindo políticas de tráfego em
toda a rede. Oferta serviços de rede inteligente que, quando corretamente aplicados, ajudam a promover
desempenho consistente e previsível (CISCO SYSTEMS, 2006).

Observação

O objetivo dos métodos de QoS é reduzir, até um valor aceitável, os


efeitos negativos para o usuário das filas existentes na comutação por
pacotes. Para esse fim, são utilizados diversos algoritmos de gerenciamento
de filas, de reserva e de feedback.

Quando uma solução tecnológica é implementada, trabalha-se muito para atingir um ponto ideal de
estabilidade operacional para que essa satisfação seja garantida.

Em geral, em sistemas de comunicação de voz, existem fatores como:

• a confiabilidade do sistema;

• a inteligibilidade da comunicação;
69
Unidade III

• a boa relação custo-benefício.

Confiabilidade do sistema
Qualidade
Inteligibilidade da comunicação de serviço
Otimização de custos Satisfação
do usuário

Figura 28 – Componentes da Qualidade de Serviço

Esses elementos são peças-chaves para a avaliação deste conjunto, que, ao fim, deve representar
a satisfação do usuário. O aspecto essencial da qualidade de serviço num sistema está diretamente
relacionado ao nível de satisfação do usuário.

A ITU-T, em sua recomendação E.800, define qualidade de serviço como o resultado da atuação
coletiva de diversos fatores num sistema, que determina como um todo a satisfação do usuário de um
serviço de telecomunicações (ITU, 1994).

As tecnologias de transmissão da voz empacotada sobre redes de dados, que já citamos nesta obra,
têm evoluído bastante e estão cada vez mais próximas de alcançar a qualidade de serviço hoje provida
pelos sistemas telefônicos convencionais, também chamados de sistemas legados de telefonia.

A qualidade de serviço da transmissão de voz nesses sistemas legados é o que ainda os mantêm
vivos. Assim, a qualidade é garantida porque

• a voz possui um caminho dedicado para uma única conversação;

• a rede possui uma infraestrutura confiável, pois se trata de um sistema já consolidado que
ultrapassou obstáculos iniciais de implantação que uma tecnologia emergente passaria.

Podemos constatar então que a qualidade desse processo de codificação e decodificação do sinal
original é muito importante para o bom desempenho da transmissão do sinal de voz sobre uma rede
de dados.

Essa codificação é feita por elementos denominados codecs (coder-decoder). Se estes não executarem
corretamente o processo, o sinal resultante pode ficar muito distante do sinal original, o que afetaria a
inteligibilidade da comunicação.

Existem algumas tecnologias para a realização desse processo. A modulação por codificação de
pulsos, também conhecida por PCM, é uma das principais técnicas utilizadas pelos codecs para codificar
e decodificar um sinal. Essa técnica de PCM converte um sinal analógico de voz para um sinal digital
correspondente a 64 kbps.

Se numa empresa, por exemplo, houver um grande número de pessoas falando ao telefone
simultaneamente, o tráfego de voz circulando nesta rede poderia comprometer o desempenho

70
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

da rede de dados, o que não é desejado, visto que o sinal de fala convertido para dados equivale
a uma taxa de 64 kbps.

Para otimizar a utilização da banda de transmissão numa rede de dados transportando voz,
existem técnicas chamadas de técnicas de compressão. Elas são usadas para reduzir o sinal de voz
a uma taxa satisfatória que não altere a qualidade do sinal original bem como o tráfego numa
rede de dados.

Como exemplo, podemos citar a tecnologia chamada G.729, que permite que o sinal de voz seja
reduzido de 64 kbps para 8 kbps, realizando uma compressão de 8:1. Outra tecnologia de compressão
de voz muito aplicada é o G.723.1 que possui uma compressão um pouco mais acentuada,
aproximadamente 6 kbps.

5.2 Características relevantes para tráfego

Depois da realização de diversas pesquisas relacionadas à classificação de aplicação de tráfego,


foram definidas as três características mais relevantes para critério de tráfego:

• relativa previsibilidade da taxa de informação do tráfego gerado por uma aplicação;

• sensibilidade da aplicação a atrasos de pacotes;

• sensibilidade de aplicação à corrupção ou às perdas de pacotes.

Quanto à previsibilidade do tráfego, as aplicações podem ter tráfego contínuo ou gerar


tráfego em rajadas, isto é, intermitente. Para aplicações de tráfego contínuo, existe uma taxa de
bits constante, ou Constant Bit Rate (CBR). Já no tráfego em rajadas, existe um baixo nível de
previsibilidade, dado que os períodos de silêncio são seguidos por rajadas, nas quais os pacotes
seguem um após o outro de forma compacta. Assim, o tráfego possui uma taxa de bits variáveis –
Variable Bit Rate (VBR).

Dados

Pacotes contendo
de M1 a M2 bits

t
T1: C = PIR T2: C = 0 T3: C = PIR

Tlonga: C = Cmédia

Figura 29 – Tráfego em rajadas

71
Unidade III

Em relação à sensibilidade da aplicação a atrasos de pacotes, podemos dividir as aplicações em:

• assíncronas;

• interativas;

• isócronas;

• supersensíveis a atrasos.

Em uma aplicação assíncrona, o limite de atraso de tempo é bastante elevado e o tráfego é


considerado elástico. Um exemplo desse tipo de aplicação é o e-mail. Em aplicações interativas, os
usuários podem verificar atrasos. Entretanto, isso resulta em um efeito negativo sobre a funcionalidade
da aplicação, por exemplo, uma apresentação que demora muito para carregar seus recursos multimídia
de vídeo e som. Já as aplicações isócronas possuem um limite de sensibilidade para variações desse
atraso. Caso for excedido o limite, a funcionalidade da aplicação é drasticamente penalizada. Um
exemplo é a transmissão de voz, que possui um limite de variação do atraso definido entre cem e cento
e cinquenta milésimos de segundo (100-150 ms). Por fim, nas aplicações supersensíveis a atrasos, a
demora na entrega das informações praticamente inutiliza os resultados. Também são conhecidos por
fazerem parte de sistemas de tempo real. Se houver atrasos no sinal de controle, o objeto integrante do
sistema pode ser severamente danificado.

Normalmente, funções interativas de uma aplicação sempre intensificam a sensibilidade a atrasos.


Exemplificando, transmissões de informações de áudio podem tolerar atrasos substanciais na entrega
de pacotes, mesmo permanecendo sensíveis às variações dos atrasos. Entretanto, as videoconferências
e o telefone interativo não toleram esse atraso nas entregas.

Uma etapa necessária é a formulação de requisitos para QoS. O usuário deve especificar um conjunto
de valores limites das características de QoS. Por exemplo, a variação do atraso dos pacotes não pode
exceder 20 ms e com probabilidade de 0,999.

É preciso gerenciar filas para que a operação ocorra durante os períodos de congestionamento,
quando os dispositivos de rede não possuem a capacidade de transmitir pacotes para a interface de
saída na mesma taxa com que esses pacotes chegam.

Para determinar os atrasos nas filas dos comutadores da rede, não basta obter as informações de
utilização de recursos. É necessário conhecer os parâmetros das rajadas de tráfego da rede, que alteram
consideravelmente a fila.

Visando diminuir o nível de atrasos e com isso aumentar a QoS, é preciso uma redução das rajadas,
ocorrendo uma maior uniformização do fluxo.

De forma simples, o jitter é a variação do intervalo de chegada entre pacotes. Ele é um problema
que existe somente em redes baseadas em pacotes. Enquanto dentro de uma rede de voz sobre pacotes,
72
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

supõe-se que o transmissor envie de forma confiável pacotes de voz em intervalos regulares (por
exemplo, um quadro a cada 20 milissegundos). Esses pacotes de voz podem sofrer atrasos ao longo
da rede de pacotes e não chegarem com o mesmo intervalo regular na estação receptora (ou seja, eles
podem não ser recebidos a cada 20 milissegundos). A diferença entre o instante no qual o pacote é
esperado e o instante no qual é efetivamente recebido é o jitter. É chamado de variável porque muda
em tempo real, conforme as condições de tráfego e de congestionamento da rede.

Transmissor Receptor
Rede

A B C Origem transmite
t

A B C Destino recebe
D1 D2 = D1 D3 = D2 t

Figura 30 – Variação no tempo de chegada dos pacotes

Se a rede de dados não for bem projetada, em casos de um elevado tráfego de pacotes, esta rede
terá dificuldades de rotear a informação e a transmissão poderá ficar comprometida, pois os dados
poderão ficar congestionados em pontos específicos da rede. Além do mais, isso poderia acarretar perda
de informação durante a transmissão, o que é pouco desejável para o tráfego de voz. De acordo com o
grau desta perda, uma situação assim poderia comprometer a inteligibilidade do sinal.

Existem técnicas que visam à minimização desse atraso para que o sinal chegue inteligível e natural
no receptor. Uma delas é denominada priorização dos pacotes de voz. Nela, os pacotes de voz possuem
prioridade de transmissão em relação aos pacotes de dados, ou seja, os pacotes de voz sempre serão
transmitidos antes dos pacotes de dados, garantindo que sejam recebidos corretamente e sem atraso.

5.3 Importância da qualidade de serviço

O sistema mais utilizado para telefonia atualmente ainda é o sistema telefônico público comutado,
no qual a rede telefônica opera garantindo recursos necessários para a transmissão de voz.

A qualidade do serviço nesses sistemas é bastante elevada. Vejamos os motivos:

• Como se trata de um sistema bastante antigo e consolidado, já ultrapassou os obstáculos e


instabilidades de uma tecnologia emergente, alcançando alto nível de qualidade. Como é uma
tecnologia com longo tempo de amadurecimento, a qualidade de serviço tende a estar perto de
100%, conforme observamos no gráfico a seguir.
73
Unidade III

Qualidade
100%

0% Tempo
Surgimento Tempo de
da tecnologia amadurecimento

Figura 31 – Qualidade de serviço X tempo de amadurecimento

• Para o estabelecimento de uma chamada, existe uma ligação física dedicada à fase de conversação
que garante que a voz chegue ao destino praticamente sem atraso e sem distorção, assegurando
a inteligibilidade na conversação.

Com o advento da internet e a possibilidade de termos uma única rede de acesso global que permita
o tráfego multimídia, foi um dos pontos-chave para o início de uma quebra de paradigma. Através da
emergência das tecnologias de voz sobre dados, constatou-se que os sistemas legados de telefonia
podem subutilizar a banda de transmissão e que a sua infraestrutura tem pouca flexibilidade para a
expansão de novos serviços.

A tecnologia de voz sobre dados é relativamente nova se a compararmos com a transmissão de voz
em sistemas comutados.

Observação
A questão da qualidade de serviço será o foco dos sistemas convergentes
para garantir sua credibilidade e adesão, mesmo quando os níveis de
satisfação e desempenho forem bem consideráveis.

Lembrete
Diversos fatores podem influenciar a qualidade de serviço em redes
convergentes. Como vimos, qualidade de serviço é o resultado da atuação
coletiva de diversos fatores num sistema, que determina como um todo a
satisfação do usuário de um serviço em questão. Logo, está diretamente
relacionada à satisfação do usuário deste serviço (ITU, 1994).

Tecnicamente, QoS é o fenômeno que pressupõe a entrega constante, previsível e satisfatória de um


serviço, processo ou informação. Ela visa definir mecanismos de qualidade em que elementos de uma
rede receberão parâmetros específicos de tráfego, a fim de garantir:
74
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

• a largura de banda de transmissão necessária para uma aplicação específica; e

• atrasos fixos e flutuações mínimas de atraso (jitter mínimo).

Na prática, QoS não é uma funcionalidade que um sistema habilita ou desabilita sua operação, mas
sim um conceito que define funções e procedimentos que, juntos, executam a qualidade de serviço
necessária para a garantia dos requisitos desejados em um sistema.

Há mais de uma década, especialistas vêm realizando esforços contínuos para desenvolver tecnologias
que garantam QoS nas redes IP. A principal razão para esses esforços é que o TCP/IP trabalha dentro de
um processo chamado melhor esforço.

Melhor esforço é o tipo mais simples de serviço que uma rede pode oferecer, por meio do qual
todos os pacotes são tratados da mesma forma. Ele não provê nenhuma forma de garantia de recursos
nem otimização dos parâmetros de desempenho. Quando uma rede está congestionada, pacotes são
simplesmente perdidos. E como a rede trata qualquer pacote igualmente, qualquer fluxo pode ficar
comprometido pelo congestionamento. O que não é permitido para aplicações em tempo real, como voz
e vídeo, que precisam de um mínimo de confiabilidade para operar com inteligibilidade satisfatória, não
comprometendo a interatividade.

As principais tecnologias de QoS existentes são:

• serviços integrados;

• serviços diferenciados, que têm foco na alocação de recursos de transmissão; e

• o MPLS, que possui um mecanismo do QoS com foco na otimização.

5.3.1 Serviços integrados

Fornecem simplesmente a garantia de recursos através da reserva de banda de transmissão para


determinada aplicação. Também são conhecidos como IntServ.

Para receber garantia de recurso, uma aplicação deve antes fazer uma reserva prévia para que ela
possa transmitir tráfego sobre a rede. Esta reserva de recurso envolve alguns passos.

De início, a aplicação deve especificar seus requisitos de banda; a rede então usa um protocolo de
roteamento para definir um caminho para a transmissão, que é baseado nesses requisitos de recurso. A
cada ponto deste caminho, é verificado se recursos suficientes estão disponíveis para aceitar uma nova
reserva. Quando a reserva é estabelecida, a aplicação pode iniciar o envio de tráfego para este caminho,
o qual ela tem uso exclusivo dos recursos de transmissão.

O protocolo RSVP (Resource Reservation Protocol), desenvolvido pelo IETF, é um exemplo de protocolo
para este estabelecimento de reserva de recursos.
75
Unidade III

5.3.2 Serviços diferenciados

Utilizam uma combinação de controle nas periferias da rede para provisão de recursos de banda e
priorização de tráfego. Também são conhecidos como DiffServ.

Na arquitetura dos serviços diferenciados, o tráfego do usuário é dividido dentro de um pequeno


número de classes de envio nos pacotes IP. Para cada classe, a quantidade de tráfego que usuários
podem injetar na rede pode ser diferenciada e limitada a partir de um ponto específico da rede.

Não existe um estabelecimento prévio de reserva de banda de transmissão como nos serviços
integrados. A alocação das classes de encaminhamento é tipicamente especificada através de um acordo
entre o usuário da banda de transmissão e o provedor de serviço.

Dessa forma, a rede fica mais simples e flexível, eliminando dificuldades de escalabilidade, pois,
diferente dos serviços integrados, os serviços diferenciados eliminam a necessidade das verificações de
alocação de banda em diversos pontos da rede. Contudo, a banda já é garantida previamente a partir
da periferia de uma rede.

É possível comparar as tecnologias utilizadas para implantar QoS em redes IP (melhor esforço, serviços
integrados, serviços diferenciados e MPLS), que serão analisadas segundo a alocação de recursos, a
possibilidade de priorização de serviço e no roteamento predefinido.

Quadro 3 – Comparação de tecnologias utilizadas para implementação de QoS em redes IP

Tecnologias para implementar QoS Alocação de recurso Priorização de serviço Roteamento predefinido
Melhor esforço Não Não Não
Serviços integrados Sim Não Não
Serviços diferenciados Sim Sim Não
MPLS Sim Sim Sim

6 VOZ SOBRE IP

6.1 Introdução

A integração dados/voz/vídeo (D/V/V) representa mais que apenas uma mudança na infraestrutura.
A convergência entre as três mídias também permite o desenvolvimento de novas facilidades mais
rapidamente e abre o desenvolvimento de aplicações para milhares de ISVs (Independent Software
Vendors). Essa alteração da integração D/V/V é comparável à modificação de computadores mainframes
(para os quais poucos fornecedores desenvolviam aplicações) para o modelo cliente/servidor (para o
qual há inúmeras empresas desenvolvendo aplicações para sistemas distribuídos).

A figura a seguir retrata como o modelo de comutação de circuitos se transformou em um


novo modelo de comutação por pacotes, que possui padrões abertos entre todas as três camadas.
76
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Uma infraestrutura de pacotes irá transportar a voz em si, a camada de controle de chamadas será
separada da camada da mídia, e APIs (Application Programming Interfaces) permitirão a criação
de novos serviços pelas ISV.

Camada aberta de
aplicações e serviços
TDM/Comutação
de circuitos Interface aberta/
padronizada
Concentração Facilidades de controle
de linhas de chamadas e controle
Rede de comutação

de conexões Camada aberta de


controle de chamadas
Subsistemas de Complexo de sinalização
tronco digital por canal comum
Interface aberta/
Administração padronizada
Manutenção
Bilhetagem
Camada de infraestrutura
de pacotes basada em padrões

Figura 32 – Comutação de circuitos x estrutura de comutação de pacotes

Desde que o TCP/IP tornou-se uma solução estratégica para redes, surgindo como um protocolo
de convergência para dados, voz e vídeo, muitos esforços foram feitos para conceber novas funções
e aumentar sua performance. Muitas empresas passaram a utilizar serviços baseados no protocolo IP
em suas redes com o objetivo de combinar o tráfego gerado entre LANs e WANs ou para possibilitar
simplesmente a integração dos serviços de voz entre os diversos usuários de suas redes.

Dentre as muitas tecnologias convergentes, capazes de transportar voz e dados pela internet,
uma das que mais se destaca atualmente é a chamada Voz sobre IP ou simplesmente VoIP. Ela pode
ser empregada tanto na infraestrutura das redes das operadoras de telecomunicações como em
aplicações corporativas e domésticas. Todavia, será que o protocolo IP atual é o mais adequado
para transportar voz?

Tecnicamente a resposta seria não. O IP que utilizamos hoje (IPv4) não é o mais adequado para
trafegar voz porque não apresenta mecanismos que permitam o controle de QoS. Isso não significa dizer
que não seja possível trafegar Voz sobre IP. Apenas não temos como fazer com que uma rede IP priorize
o tráfego de voz em um momento de congestionamento, nem como impedir que uma transferência
de arquivos degrade a qualidade de voz de quem fala ao telefone usando a rede. Esse tipo de problema
deverá ser resolvido com a nova versão de IP (IPv6), que implementa soluções para QoS ou através de
protocolos de controle que possam garantir essa qualidade necessária.

Vários protocolos já foram executados até o momento. Os órgãos internacionais de padronização


que normatizaram os protocolos de comunicação estão trabalhando para fixar qual (ou quais) serão
os mecanismos de qualidade de serviço adotados pela indústria para que, assim, os fabricantes de
equipamentos possam se adequar e oferecer produtos com a qualidade exigida pelos usuários.
77
Unidade III

IP service

IP service G.723.1 Fax Telephone

V
PBX
Router (H.323 gateway)

IP service G.723.1

Workstation Workstation

Ethernet

Workstation Workstation
Figura 33 – Exemplo de configuração de rede com VoIP

6.2 Redes TCP/IP

Antes de entrarmos no assunto Voz sobre IP, vamos abordar brevemente alguns aspectos sobre a
arquitetura do protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol).

Protocolo é um conjunto de regras definidas para o gerenciamento e controle da transmissão de


dados através de uma rede. Elas são estabelecidas para que os equipamentos existentes numa rede
evitem divergências de comunicação que possam surgir entre equipamentos desta rede produzidos por
fabricantes distintos.

O TCP/IP é um conjunto de protocolos de comunicação amplamente usado para comunicação de


dados entre computadores de uma rede local ou redes remotamente interconectadas.

Saiba mais

O livro a seguir contém um excelente conteúdo de Voz sobre IP.

PETERS, J. et al. Fundamentos de VoIP. São Paulo: Bookman, 2008.

A arquitetura do protocolo TCP/IP é composta de quatro níveis ou camadas, e numa delas se encontra
o protocolo IP.

78
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

A definição de camadas para um conjunto de protocolos específico tem por objetivo separar os
diversos tipos de informações que podem trafegar sobre este conjunto de protocolos, visando facilitar
sua implantação e gerenciamento.

Em uma rede TCP/IP, cada equipamento deve ter um endereço único capaz de identificá-lo nesta
rede. Este endereço é chamado de IP.

Relembrando o exemplo do Sedex, sabemos que o CEP ou o código de endereçamento postal tem a
capacidade de identificar o estado, a cidade e até a rua de um endereço. Analogamente ao endereço IP,
imagine um único número que, além do CEP, possibilitasse a identificação completa de um cidadão até
a sua residência. Por exemplo, se uma pessoa possuísse um CEP igual a 88085.040 que identificasse seu
estado, cidade, rua e o número da sua residência fosse 167, seu número “completo” seria hipoteticamente
88085.040.167. Este número identificaria completamente o endereço do destinatário. O significado de
um endereço IP dentro de uma rede funciona do mesmo modo.

A figura a seguir mostra uma rede na qual o endereço do host é 192.178.61 e os últimos dígitos
indicam qual computador corresponde ao endereço solicitado.
192.178.61.36

192.178.61.87

192.178.61.55

192.178.61.36

Figura 34 – Endereço IP em uma rede

O protocolo IP é localizado na camada de rede do TCP/IP, que é o responsável pelo gerenciamento


de tráfego entre computadores de uma rede. Logo, quando se ouve o termo Voz sobre IP, significa voz
sobre o protocolo IP.

Existe certa confusão a respeito do termo Voz sobre IP, pois ele poderia sugerir equivocadamente
que VoIP é o mesmo que voz sobre a internet ou algum tipo de tecnologia de telefones para a internet,
o que não é correto afirmar.

79
Unidade III

Pode-se considerar VoIP não apenas um conceito de transporte de voz sobre dados, mas também
uma tecnologia que possibilita o tráfego da voz na forma de dados utilizando os serviços de rede do
protocolo IP.

É importante compreender que o protocolo IP não está limitado à internet. O IP é um dos


protocolos de comunicação entre computadores em uma rede, e muitas outras redes diferentes da
internet também podem utilizá-lo, como as redes corporativas privadas.
Telefone IP Telefone IP

Rede IP

179.010.34.25 216.004.29.11
Servidor 1 Servidor 2

Figura 35 – Comunicação por IP em redes corporativas

O que temos em comum em relação à internet é que, em geral, as aplicações dela utilizam também o
TCP/IP para entregar suas informações aos respectivos destinos através de um plano de endereçamento
provido pelo protocolo IP.

Não podemos confundir VoIP com produtos de telefonia para a internet, porque a qualidade dos
telefones usados na internet é muito inferior à telefonia convencional que temos hoje em nossas
residências. Se confundirmos esses termos, seria fácil associar que VoIP também é um tipo de transmissão
muito inferior a essa telefonia. O que não está correto, pois a qualidade do VoIP vai depender diretamente
da rede que o está transportando.

Um mercado tem chamado de VoIP tudo o que se refere à transmissão de voz sobre dados, a própria
VoIP. Outro ponto que podemos citar é a miscelânea de significados ao redor do termo VoIP, destacando-a
como qualquer solução proprietária convergindo voz e dados. Todas essas soluções funcionam
perfeitamente bem atendendo seus objetivos e requisitos, mas Voz sobre IP é voz transportada sobre
protocolo IP.

Na arquitetura TCP/IP, a voz será um tipo de serviço ou aplicação a ser transportada através de uma
rede, de um usuário que possui um endereço IP de origem para outro indivíduo que tem um endereço
IP no destino.

Lembrete

VoIP é a tecnologia e telefonia IP é o uso dessa tecnologia para fornecer


funcionalidades e qualidade iguais às da telefonia tradicional.

80
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

6.3 Atraso, latência e perdas em VoIP

A latência ou delay VoIP é caracterizada como o tempo decorrente entre o instante em que a voz sai
da boca da pessoa falando até chegar ao ouvido de quem está escutando.

Em redes IP, é natural a ocorrência de perda de pacotes. De fato, o TCP/IP (Transmission Control
Protocol/Internet Protocol) foi construído de modo a utilizar a perda de pacotes como um meio de
controle do fluxo de pacotes. No TCP/IP, se um pacote é perdido, é retransmitido. Na maioria das
aplicações de tempo real, a retransmissão de pacotes é pior que a perda de pacotes, devido à natureza
sensível à temporização de tais aplicações.

Três tipos de atrasos ou delays são inerentes às redes telefônicas atuais: delay de propagação, de
serialização e de tratamento. O atraso de propagação é causado pela distância que um sinal deve viajar via
luz em uma fibra óptica ou via impulsos elétricos em redes de cobre. O delay de tratamento ou manipulação
– também chamado de delay de processamento – define várias causas diferentes de delay (“packetização”,
compressão e comutação de pacotes) e é gerado por dispositivos que dão seguimento ao quadro através
da rede. O delay de serialização é o montante de tempo demandado para realmente injetar um bit ou byte
em uma interface. Esse delay não é abordado, pois sua influência no delay total é praticamente desprezível.

Em redes VoIP, serão analisados os atrasos de propagação, atraso de processamento e atraso de fila.

Quanto ao atraso de propagação, a luz viaja através do vácuo a uma velocidade de cerca de 300 mil
quilômetros/segundo (km/s) e elétrons viajam através do cobre ou fibra a aproximadamente 324.374
quilômetros/segundo. Uma rede de fibra cobrindo cerca de metade do globo (≅ 21 mil quilômetros)
induz um atraso de cerca de 70 milissegundos (70 ms). Embora esse delay seja quase imperceptível
ao ouvido humano, atrasos de propagação em conjunto com atrasos de processamento podem gerar
degradações sensíveis na voz.

Para o atraso de processamento, dispositivos que dão seguimento ao frame através da rede introduzem
um atraso de processamento. Atrasos de processamento podem impactar em redes telefônicas tradicionais,
mas esses delays são um problema mais sério em ambientes operando com pacotes.

Nos produtos VoIP Cisco IOS, o processador digital de sinais (DSP) gera uma amostra de voz a cada
10 ms quando utiliza o G.729. Então, duas dessas amostras de voz (cada uma com 10 ms de delay) são
colocadas em um pacote. O atraso do pacote é, assim, de 20 ms. Um atraso de look-ahead de 5 ms
ocorre quando o G.729 é usado, dando um delay inicial de 25 ms para o primeiro quadro de voz. Cada
fabricante pode decidir quantas amostras de voz ele quer enviar em um único pacote.

Como o G.729 usa amostra de voz de 10 ms, cada aumento no número de amostras por pacote
aumenta o delay em 10 ms. De fato, o Cisco IOS permite que os usuários escolham quantas
amostras querem colocar em cada quadro. A Cisco passa a maior responsabilidade na formação
dos quadros e pacotes ao DSP a fim de manter o overhead do roteador baixo. O cabeçalho do RTP
(Real-Time Transport Protocol), por exemplo, é colocado no frame pelo DSP, em vez de passar ao
roteador essa tarefa.
81
Unidade III

Por fim, o atraso de fila pautado em uma rede baseada em pacotes experimenta a latência
também por outras razões. Duas dessas razões são o tempo necessário para mover o pacote sendo
processado para a fila de saída (comutação de pacotes) e o atraso de fila. Quando pacotes são
mantidos em uma fila por causa de um congestionamento em uma interface de saída, o resultado
é o atraso de fila. O atraso de fila ocorre quando mais pacotes são enviados do que uma interface
pode suportar em um dado intervalo. O atraso de fila de saída é outra causa da latência. O ideal
é manter esse fator menor que 10 ms sempre que possível pelo uso de qualquer método de
enfileiramento que seja ótimo para a sua rede.

A recomendação ITU-T G.114 especifica que não mais de 150 ms de atraso unidirecional fim a fim
deve estar presente na rede para uma boa qualidade de voz. Com a implementação Cisco VoIP, dois
roteadores com delay mínimo de rede (costa a costa) usam apenas cerca de 60 ms do atraso fim a fim.
Isso deixa 90 ms de atraso de rede para mover os pacotes IP da origem ao destino.

Algumas formas de delay são maiores, embora aceitas, pois não existe alternativa. Na transmissão via
satélite, por exemplo, a transmissão leva cerca de 250 ms para alcançar o satélite e outros 250 ms para voltar
para a Terra. Isso resulta em um delay total de 500 ms. Embora a recomendação ITU-T indique que isso esteja
fora do intervalo aceitável de qualidade da voz, muitas conversas ocorrem diariamente sobre enlaces de
satélite. Assim, a qualidade da voz é seguidamente definida como aquilo que os usuários irão aceitar e usar.

Em uma rede não gerenciada e congestionada, o atraso de enfileiramento ou de fila pode adicionar
até dois segundos de delay (ou resultar no pacote sendo descartado). Esse período longo de delay é
inaceitável em quase todas as redes de voz. O atraso de fila é um dos componentes do atraso fim a fim.
Outra forma pela qual o delay fim a fim é afetado é através do jitter.

Outra característica importante do VoIP é a modulação por código de pulso. Embora a comunicação
analógica seja ideal para a comunicação humana, a transmissão analógica não é nem robusta
nem eficiente no tocante à recuperação do ruído de linha. Nas redes telefônicas iniciais, quando a
transmissão analógica era passada através de amplificadores a fim de amplificar o sinal, não somente
a voz era amplificada, mas o ruído de linha também. Esse ruído de linha resultava em uma conexão
frequentemente não utilizável. É muito mais fácil para amostras digitais, que são constituídas de bits 1
e 0, serem separadas do ruído de linha. Assim, quando sinais analógicos são regenerados de amostras
digitais, um som limpo é mantido. Quando os benefícios da representação digital tornaram-se evidentes,
a rede telefônica migrou para a modulação por código de pulso (PCM).

Além disso, a compressão de voz é uma característica vital para VoIP. Duas variações do PCM 64 kbps são
comumente utilizadas: a lei-A e a lei-μ. Os métodos são similares, uma vez que ambos usam uma compressão
logarítmica para conseguir o mesmo resultado que seria obtido com 12 ou 13 bits PCM linear somente com 8
bits, mas diferem em detalhes menores relativos à compressão (a lei-μ tem uma leve vantagem no desempenho
sinal-ruído para baixas amplitudes). O uso se dá historicamente ao longo de fronteiras regionais e de países,
com a América do Norte usando a lei-μ e a Europa e outros países usando a modulação pela lei-A.

É importante destacar o seguinte: quando uma ligação de longa distância é realizada, qualquer
conversão entre a lei-μ e a lei-A é responsabilidade do país que utiliza a lei-μ. Outro método de
82
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

compressão frequentemente usado é a modulação adaptativa diferencial por código de pulso (ADPCM
– Adaptive Differential Pulse Code Modulation). Uma forma de ADPCM comumente aplicada é a ITU-T
G.726, que codifica a voz usando amostras de 4 bits, gerando uma taxa de transmissão de 32 kbps.
Diferentemente do PCM, os 4 bits não codificam diretamente a amplitude da voz, mas as diferenças em
amplitude, assim como a taxa de mudança dessa amplitude, empregando alguns métodos rudimentares
de predição linear (ITU, 1994).

O PCM e o ADPCM são exemplos de codificadores de forma de onda – técnicas compressoras que
exploram as características de redundância da forma de onda em si. Novas técnicas compressoras foram
desenvolvidas nos últimos 15 anos para melhor explorar o conhecimento das características da fonte de
geração da voz. Essas técnicas empregam procedimentos de processamento de sinais que comprimem
a voz pelo envio apenas de informações paramétricas simplificadas sobre a excitação de voz original e
o formato do trato vocal, demandando uma banda menor para transmitir esses dados. Essas técnicas
podem ser agrupadas em conjunto de forma genérica como codecs de fonte e incluem variações
como codificação linear preditiva (LPC – Linear Predictive Coding), Celp (Code Excited Linear Prediction
Compression) e MP-MLQ (Multipulse, Multilevel Quantization).

Estabelecimento e manutenção

Em uma instalação VoIP, as funcionalidades e os procedimentos de uso devem ser mantidos, tais
como no sistema telefônico. É necessário ter o processo de sinalização para iniciar uma chamada, que
deve ser realizada por um usuário, gerando sinalização com o envio de dígitos que identificam o terminal
a ser conectado.

O dilema dos provedores de serviço

Um dos principais dilemas que os provedores de serviço enfrentam na atualidade é que, com mais serviços
sobre VoIP e com o advento de novas tecnologias como o Session Initiation Protocol (SIP), os provedores
de serviço gradualmente reduziram o valor do plano de controle de chamadas para os serviços. Em certo
momento, o controle de chamadas de núcleo da rede era um elemento crítico, e os terminais eram de pouca
importância. Com os clientes pedindo por mais inteligência em suas mãos, outro conjunto de CPEs e produtos
Soho (Small Office-Home Office) está direcionando as facilidades dos assinantes.

A comutação e o controle de chamadas residindo na rede do provedor são agora distribuídos


geograficamente e muitos serviços distintos compartilham a funcionalidade. Tecnologias atuais reduzem os
obstáculos com os quais a oferta de VoIP se depara, e os SPs estão descobrindo que a rentabilidade derivada
estritamente do tráfego somente de voz é um mercado difícil, a menos que as aplicações VoIP sejam a
próxima troca de paradigma. A grande questão dos SPs é com que aplicações VoIP eles poderão lucrar.

Detecção de atividade de voz

Em conversações normais, uma pessoa fala e a outra escuta. As redes telefônicas atuais contêm um
canal de 64 kbps bidirecional, independentemente de alguém estar falando. Isso significa que em uma
conversa pelo menos 50% da largura de banda total é desperdiçada. O montante de banda desperdiçada
83
Unidade III

pode ser muito maior se tomamos uma amostragem estatística de paradas e pausas nos padrões normais
de conversação de uma pessoa.

Quando utilizando a VoIP, é possível usar essa banda “desperdiçada” para outros propósitos quando
a detecção de atividade de voz é empregada. VAD (Voice Activity Detection) trabalha pela detecção da
magnitude da voz em decibéis (dB) e pela decisão de quando evitar que a voz seja empacotada.

Tipicamente, quando o algoritmo VAD detecta uma queda na amplitude da voz, ele aguarda uma quantidade
fixa de tempo antes de parar de colocar os quadros de voz em pacotes. Esse período fixo é denominado
período de manutenção da voz ou período de hangover e é regularmente de 200 ms. Como em qualquer
tecnologia, existe uma relação custo-benefício envolvida. As técnicas VAD experimentam problemas inerentes
para determinar quando a voz começa ou termina e em distinguir a voz do ruído de fundo. Isso significa que se
você está em um ambiente ruidoso o algoritmo VAD pode ser incapaz de distinguir entre voz e ruído de fundo.
Isso também é conhecido como o limiar de relação sinal-ruído. Nesses cenários, o algoritmo VAD desabilita a
si mesmo no início da chamada. Outro problema inerente ao VAD é a detecção de quando a fala começa. Em
geral, o início de uma frase é cortado. Esse fenômeno é conhecido como corte no início de um segmento de
voz. Usualmente, a pessoa ouvindo a fala não percebe esse efeito.

Padrões de codificação de voz

A ITU-T padroniza os esquemas de codificação Celp, MP-MLQ, PCM e ADPCM em sua série de
recomendações G. Os padrões de codificação de voz mais populares para telefonia e voz sobre
pacotes incluem:

• G.711: descreve a técnica de codificação de voz PCM de 64 kbps estudada anteriormente; a voz
codificada em G.711 já está no formato correto para a transmissão de voz digital em redes de
telefonia pública ou através de PBX (Private Branch eXchanges).

• G.726: retrata a codificação ADPCM a 40, 32, 24 e 16 kbps; também é possível trocar a voz
ADPCM entre voz empacotada e as redes de telefonia pública ou PBX, desde que a última tenha a
capacidade de operar em ADPCM.

• G.728: acentua uma variação da compressão de voz Celp de baixa latência a 16 kbps.

• G.729: destaca uma compressão Celp que permite a codificação da voz em fluxos de 8 kbps; duas
variações desse padrão (G.729 e G.729 – Anexo A) diferem muito em complexidade computacional
e ambas fornecem, geralmente, uma qualidade de conversação tão boa quanto a que se pode
obter com o ADPCM a 32 kbps.

• G.723-1: descreve uma técnica de compressão que pode ser utilizada para comprimir voz ou
componentes de sinal de áudio em serviços multimídia operando a baixas taxas de dados, como
parte geral da família de padrões H.324. Duas taxas de dados são associadas com esse codificador:
5.3 e 6.3 kbps. A taxa mais alta é baseada na tecnologia MP-MLQ e fornece uma qualidade maior. A
taxa mais baixa é pautada no Celp, e provê boa qualidade, permitindo uma flexibilidade adicional
aos projetistas de sistemas.
84
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

• iLBC (Internet Low Bitrate Codec): um codec de voz livre é ajustado para a comunicação robusta
de Voz sobre IP. O codec é desenvolvido para voz de banda estreita e resulta em uma taxa de bits
do payload de 13,33 kbps, com um comprimento do quadro de codificação de 30 ms e uma taxa
de 15,20 kbps, com um comprimento de 20 ms. O codec iLBC permite a degradação suave da
qualidade da voz no caso de perda de quadros, o que ocorre em conexão com a perda ou atraso
de pacotes IP. A qualidade base é maior que a do G.729A, com maior robustez à perda de pacotes.
O consórcio PacketCable e muitos outros fabricantes adotam o iLBC como codec preferencial. Tal
codificação também tem sido usada por muitas aplicações PC para telefone, como Skype, Google
Talk e o MSN Messenger.

Perda de pacotes

A perda de pacotes em redes de dados é tanto comum quando esperada. Muitos protocolos
de dados, de fato, usam-na de modo a conhecer as condições da rede e poder, dessa forma,
reduzir a quantidade de pacotes que eles estão enviando. Quando inserimos um tráfego crítico
em uma rede de dados, é importante controlar o montante de descarte de pacotes naquela
rede. Desde o início dos anos 1990, algumas empresas de telecomunicações colocaram tráfego
comercial crítico, sensível ao tempo, em redes de pacotes, começando com o tráfego SNA
(Systems Network Architecture).

Com protocolos como o SNA, que não toleram bem a perda de pacotes, é necessário construir
uma rede bem projetada e que possa priorizar os dados de tempo real em relação aqueles que podem
suportar atraso e perda de pacotes. Quando se utiliza a voz em redes de dados, é vital criar uma rede que
transporte com sucesso a voz de modo confiável e ritmado. Igualmente é útil lançar mão de mecanismos
que possam tornar a voz de algum modo resistente à perda periódica de pacotes.

A implementação VoIP da Cisco permite que o roteador de voz responda a perdas periódicas de pacotes.
Se um pacote de voz não é recebido quando esperado (o instante esperado é variável), assume-se que este
tenha sido perdido e que então o último pacote de voz seja usado novamente. Visto que a perda de um pacote
representa somente 20 milissegundos de voz, o ouvinte médio não nota diferença na qualidade da voz.

6.4 Serviços VoIP

Como estudamos, os custos de prestação de serviços VoIP são inferiores aos custos de uma rede de
telefonia comutada. É possível separar os serviços de VoIP em três classes:

• Classe 1: oferta de programa de computador que possibilite a comunicação VoIP entre dois ou
mais computadores (PC a PC).

• Classe 2: utilização de comunicação VoIP em rede corporativa ou em um local que ocorra de


forma transparente ao usuário.

• Classe 3: uso de comunicação VoIP, com numeração fornecida pela Anatel com a rede pública de
telefonia tanto fixa quanto móvel.
85
Unidade III

Serviços VoIP de Classe 1

Permite a comunicação entre dois PCs através de um programa de computador, conhecido por
Softphone, que implementa todas as funcionalidades e todos os protocolos necessários para fixar a
comunicação por voz utilizando pacotes de dados que trafegam através de redes IP, como é o caso da
internet. Também é conhecido como serviços de valor adicionado.

O provedor do serviço faz o gerenciamento instantâneo dos assinantes ativos, permitindo


normalmente as facilidades de autenticação dos computadores na rede, manutenção do diretório
de assinantes cadastrados e ativos, bem como o rastreamento dos minutos trafegados. A
comunicação entre os PCs ocorre com interferência mínima dos servidores de sinalização do
provedor, tornando o sistema mais simples e eficiente. O diagrama básico desse tipo de serviços é
apresentado na figura seguinte.

Provedor
VoIP

Internet

Figura 36 – Diagrama de serviços Classe 1

Na Classe 1, não há necessidade de terminais com sistemas específicos para VoIP. Apenas
computadores com acesso de banda larga e o programa de Softphone são necessários.

A rede de transmissão, que fará o transporte da informação de voz da comunicação, será a internet.
Tantos os computadores de origem como os de destino da comunicação e os demais servidores do
provedor de serviço devem estar conectados à internet, conforme mostrado na última figura.

O uso mais rotineiro de VoIP para a maioria das pessoas é a comunicação computador a computador
usando a internet, sendo o Skype o programa mais utilizado para este fim.

86
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

No caso dessa configuração de serviço, a qualidade do serviço ofertado dependerá basicamente


dos algoritmos de compressão de voz e controle de envio e recebimento dos pacotes de dados
executados no programa de Softphone e da conexão de internet utilizada. O maior fator de
sucesso desses serviços é estabelecer algoritmos que permitam minimizar os atrasos e a latência
inerentes à própria internet.

Assim, os requisitos de banda mínima da conexão e, se houver, de tempo de latência definidos pelo
provedor VoIP, devem ser atendidos para garantir que o serviço tenha a melhor performance possível.
Isto implica conhecer a banda mínima garantida pelo provedor de acesso à internet e o eventual tempo
de latência máximo da rede.

É fundamental assegurar que os níveis de serviço oferecidos pelos provedores de acesso à Internet e
VoIP estejam de acordo com as necessidades do assinante, principalmente quando o serviço for utilizado
de forma mais intensiva e como suporte às atividades profissionais.

Para os órgãos reguladores, tanto internacionais como do Brasil, a tendência é que um serviço VoIP provido
através de um programa de computador pode ser considerado um Serviço de Valor Adicionado (SVA), ou seja,
como uma facilidade adicional da internet, e não como um serviço de telecomunicações. Portanto, no caso
do Brasil, esse tipo de serviço não necessita de nenhuma licença de telefonia fixa ou móvel.

Em muitos casos, esse tipo de serviço é gratuito. O grande exemplo atual é o serviço básico provido pela
Skype, operadora que disponibiliza o programa homônimo que permite a comunicação PC a PC com qualidade
excelente, que pode ser considerada superior aos serviços de telefonia convencional, quando a conexão com a
internet é de boa qualidade tanto na origem como no destino da comunicação.

Caso o serviço seja pago, normalmente é do tipo pré-pago, no qual o assinante compra crédito em
valores de moeda corrente (nacional ou internacional) usando cartões de crédito internacionais. Esse
crédito é usado durante as chamadas feitas, conforme a tarifa cobrada por minuto de utilização, através
do sistema de faturamento do provedor.

Saiba mais
O Skype (https://www.skype.com/pt-br) oferece aplicativos com diversos
planos de assinatura para quem deseja realizar ligações. Por exemplo, há
um Softphone, isto é, um programa que contém as funcionalidades para a
realização de chamadas telefônicas entre os computadores.

Outros softphones são: AdoreSoftPhone (http://www.adoresoftphone.


com), X-lite (http://www.counterpath.com), 3CXPhone (https://www.3cx.
com) e Zoiper (https://www.zoiper.com).

87
Unidade III

Serviços VoIP de Classe 2

Essa classe contém os serviços prestados para atender os clientes corporativos. A empresa de
telecomunicações pode oferecer desde circuitos TDMA simples de sua rede para a interligação
das diversas localidades da rede da empresa até sistemas VoIP completos para atender todas
as localidades. Os circuitos que interligam as diversas localidades podem também ser providos
através da internet.

O provedor do serviço realiza o gerenciamento em tempo real dos assinantes ativos, em geral
fornecendo as facilidades de autenticação de terminais VoIP e computadores na rede, manutenção
do diretório de assinantes cadastrados e ativos, bem como rastreamento dos minutos trafegados. A
comunicação entre os terminais VoIP e/ou os elementos da rede ocorre com total controle dos PABX IP
(reais ou virtuais) fornecidos ou administrados pelo provedor.

Por sua vez, o acesso à rede de telefonia convencional de cada localidade é realizado por meio
das linhas contratadas pelo cliente para atender as necessidades da sua rede corporativa usando os
gateways VoIP existentes. O diagrama básico desse tipo de serviços é apresentado na figura seguinte.

RTPub

Rede
VoIP

Localidade 1 Localidade n
Provedor
VoIP

Figura 37 – Diagrama de serviços Classe 2

Os serviços corporativos de VoIP usam a rede corporativa construída para fornecimento dos serviços
de dados. Assim, a rede é composta de diversas redes locais ou LANs de cada localidade e pelos circuitos
que interligam essas localidades, formando a rede corporativa, uma WAN.

88
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Cada terminal, tanto computador quanto PABX IP, interliga-se diretamente à rede corporativa,
independentemente de sua localização física, e cada usuário passa a usufruir dos serviços configurados
para o seu perfil em qualquer localidade.

Os circuitos que interligam as diversas unidades da empresa podem ser parte da rede do prestador
VoIP ou podem ser acesso à internet, sendo configurados para formar redes privadas seguras (VPNs).

A qualidade do serviço ofertado será dependente da qualidade da rede do provedor VoIP. Por ser
uma rede privada, os parâmetros de QoS podem ser previamente definidos e o serviço pode prover a
qualidade definida no contrato celebrado entre as partes. Mesmo os eventuais acessos feitos à rede
corporativa através da internet, quando os usuários estiverem fora das dependências da empresa, como
no caso de viagens, visitas externas, ou mesmo em suas casas, podem ser mais bem ajustados e ter uma
qualidade superior.

O nível de qualidade de serviço também pode ser acordado entre o cliente e o provedor VoIP com
maior grau de certeza, já que a rede do provedor está sob seu controle. Parâmetros de disponibilidade
próximos a 100% podem alcançados com facilidade e tornam o serviço VoIP bastante confiável. A única
exceção é feita aos acessos via internet, que não estão sob controle do provedor.

Para os órgãos reguladores brasileiros, em especial à Anatel (Agência Nacional de


Telecomunicações), para a prestação desse tipo de serviço, é suficiente que o provedor possua uma
licença de serviço de telecomunicações.

Esse tipo de serviço é sempre pago e existe um valor fixo mensal para a empresa. O montante a ser
saldado pode ser composto do valor serviço de telecomunicações provido através da rede do provedor
e pelo valor da eventual locação e manutenção dos equipamentos instalados.

Serviços VoIP de Classe 3

Esses são os serviços prestados para atender principalmente o mercado de consumidor formado
pelos assinantes residenciais e pelas pequenas e médias empresas. Nele, o prestador VoIP deve fornecer
um número telefônico de seu plano de numeração, e o assinante solicita a linha de acordo com a
cobertura da operadora e o seu interesse de destino de tráfego, ou seja, a linha pode ou não estar
cadastrada em seu domicílio (endereço físico).

Caso o seu interesse de tráfego seja para a cidade de São Paulo, mas ele more ou trabalhe em
Manaus, o usuário pode assinar uma linha de São Paulo e utilizar o seu terminal VoIP em Manaus
simplesmente o conectando à internet.

Esse tipo de serviço é prestado em regime irrestrito, o que possibilita ao assinante fazer e receber
chamadas de seu telefone VoIP para qualquer rede pública convencional ou VoIP que tenha interconexão
com o seu prestador VoIP, tanto para chamadas locais como de longa distância nacional e internacional.
O diagrama básico desse tipo de serviços é apresentado a seguir:

89
Unidade III

Rede
VoIP

Provedor
VoIP

Figura 38 – Diagrama de serviços Classe 3

No serviço de Classe 3, que se destina ao uso irrestrito, existe uma probabilidade relativamente
alta do acesso de banda larga ser fornecido pelo prestador VoIP na região de domicílio do assinante,
caso esta seja a mesma que a sua região de interesse de tráfego. Quando o assinante estiver em outra
localidade, qualquer conexão de banda larga disponível pode ser usada para fazer chamadas através do
seu terminal VoIP.

A rede de transmissão que realizará o transporte da informação de voz da comunicação será


parcialmente composta de rede IP do próprio prestador VoIP e de internet. Adicionalmente, serão
executadas as redes das operadoras que possuam contrato de interconexão com esse prestador VoIP,
para finalizar chamadas terminadas nas redes de outras operadoras nacionais e internacionais.

A rede IP da prestadora está interligada com todos os terminais VoIP, computadores ou adaptadores
VoIP e equipamentos de telefonia do prestador VoIP, seja por meio de conexão própria, seja por meio de
acessos de banda larga de outras operadoras.

Em relação à qualidade do serviço, esta dependerá da qualidade da rede do provedor VoIP. Como essa
é uma rede privada, os parâmetros de QoS podem ser devidamente ajustados e o serviço pode prover a
qualidade definida no contrato celebrado entre as partes. Mesmo os eventuais acessos feitos através da
internet, quando os usuários estiverem foram dos seus domicílios, podem ser mais bem ajustados e ter
uma qualidade superior.

90
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

O nível de qualidade de serviço deve ser atendido pelo provedor VoIP com maior grau de certeza, já
que a rede está sob seu controle.

Para esse tipo de serviço VoIP, ainda não há consenso entre os órgãos reguladores brasileiros,
pois as determinações da Lei Geral de Telecomunicações (LGT) permitem entender que se trata de
um serviço de telecomunicações. A regulamentação nacional busca ser neutra quanto à tecnologia
empregada. Pode-se entender, portanto, que o serviço poderia ser prestado utilizando-se tanto as
licenças STFC como SCM.

Esse tipo de serviço é sempre cobrado, e geralmente existe um valor mensal variável que pode ou
não ter uma taxa de assinatura fixa.

Resumo

Vimos que a taxa de informações é a relação da quantidade de bytes


por segundo. O atraso dos pacotes é o tempo que o pacote levou para ir
do emissor até o receptor. Já a perdas dos pacotes representam a razão
entre o número de pacotes que não chegaram ao destino ou chegaram
corrompidos pelo número total de pacotes enviados.

O objetivo dos métodos de QoS é reduzir, até um valor aceitável,


os efeitos negativos para o usuário das filas existentes na comutação
por pacotes.

Depois da realização de diversas pesquisas relacionadas à classificação


de aplicação de tráfego, foram definidas as três características mais
relevantes para critério de tráfego: previsibilidade da taxa de informação
do tráfego, sensibilidade da aplicação a atrasos de pacotes e sensibilidade
de aplicação à corrupção.

Nesta unidade, acentuamos que o tráfego da maior parte das aplicações


possui uma taxa variável de bit, sendo muitas vezes um tráfego em rajada.

As tecnologias para medição de QoS são: melhor esforço, serviços


integrados, serviços diferenciados e MPLS.

A convergência entre as redes de dados, voz e vídeo, além de necessidade


de alteração na infraestrutura, possibilita o desenvolvimento de novas
facilidades mais rapidamente e abre o desenvolvimento de aplicações para
milhares de ISVs (Independent Software Vendors). A rede de voz passa
de modelo de comutação de circuitos para se transformar em um novo
modelo de comutação por pacotes pelo qual existem padrões abertos entre
todas as três camadas.
91
Unidade III

Em uma rede IP, ocorrem perdas de pacotes que são retransmitidos pela
camada de transporte. Contudo, isso gera um atraso, que é indesejado para
aplicações em tempo real. Em redes VoIP, serão examinados os atrasos de
propagação, de processamento e atraso de fila.

É possível separar os serviços de VoIP em três classes. Na Classe 1, há


oferta de programa de computador que possibilite a comunicação VoIP entre
dois computadores. A Classe 2 permite o uso de comunicação VoIP em rede
corporativa. Por fim, a Classe 3 faz uso de comunicação VoIP, com numeração
fornecida pela Anatel.

Exercícios

Questão 1. (Cebraspe 2016) Acerca do MPLS (Multiprotocol Label Switching), assinale a


alternativa correta.

A) O MPLS permite a criação de redes virtuais, sendo capaz de isolar o tráfego por completo com
tabelas que utilizam mecanismos de pilhas e de etiquetagem exclusivas para cada VPN.

B) O MPLS permite a criação de caminhos entre os roteadores por meio das label switching paths.

C) Na rede MPLS, um label é utilizado pelos roteadores para encaminhar um pacote recebido. Nesse
caso, o cabeçalho MPLS deve ser posicionado depois de qualquer cabeçalho da camada 1 (física)
e antes do cabeçalho da camada 2 (enlace).

D) Com a utilização de alguns dos protocolos da camada 4 (transporte), o MPLS pode ser empregado
para transportar vários tipos de tráfego, como pacotes IP e ATM.

E) Em situações de falhas e de congestionamentos, apesar de a rede MPLS possuir algoritmos capazes


de reduzir perdas ou atrasos, tais avarias ainda serão perceptíveis. Esse é um indicativo de que a
capacidade de gestão de tráfego do MPLS é inferior em relação a outros protocolos.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: os mecanismos de pilha e etiquetagem não são exclusivos para cada VPN; na verdade,
o empilhamento de rótulos permite que seja implementada uma hierarquia de redes dentro de um
domínio MPLS com diferentes redes.

92
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

B) Alternativa correta.

Justificativa: o MPLS permite a criação de caminhos entre os roteadores por meio das
label switching paths.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o cabeçalho MPLS é posicionado entre os cabeçalhos da camada 2 (enlace) e 3 (rede).

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: o protocolo MPLS atua entre as camadas 2 e 3 da rede, portanto, o transporte de


pacotes IP (camada 3) e ATM (camada 2) independe da utilização de quaisquer protocolos da camada 4.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a capacidade de gestão de tráfego do MPLS é superior em relação a outros protocolos.

Questão 2. (Funcab 2014) No protocolo SIP, quem é responsável por definir o tipo de mídia, codec,
portas UDP ou TCP, número do telefone, entre outros campos?

A) Session Description Protocol (SDP).

B) Simple Conference Control Protocol (SCCP).

C) Session Initiation Protocol (SIP).

D) Forking Proxies.

E) Telefones SIP.

Resolução desta questão na plataforma.

93
Unidade IV

Unidade IV
7 PROTOCOLOS PARA VOIP

Os sistemas VoIP utilizam os protocolos TCP/IP/UDP como infraestrutura para seus diversos protocolos
de aplicação, que participam dos processos de sinalização, controle de gateway e mídia (voz), conforme
apresentado na figura a seguir:

Sinalização Controle de Mídia


gateway (voz)
H.323
ÁUDIO
H.450.x H.235 CODEC

SIP MGCP MEGACO RTP RTCP


H.225.0 H.235 H.225.0
(Q.931) RAS

TCP/UDP

IP

Figura 39 – Protocolos utilizados em sistemas VoIP

Dessa forma, os principais protocolos para VoIP são:

• RTP (Real-Time Transport Protocol).

• RTCP (Real-Time Transport Control Protocol).

• H.323, que comtempla uma série de recomendações.

• SIP (Session Initiation Protocol).

• MGCP (Media Gateway Control Protocol).

• MeGaCo (Media Gateway Control).

94
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Observação
O padrão H.323 possui funções de sinalização e é composto das
recomendações H.450.X, H.235, H.225.0 (Q.931), H.245 e H.225.0 ou RAS.

7.1 RTP (Real-Time Transport Protocol)

É um protocolo de transporte especificado pelo IETF na RFC 1889, que foi substituída pela
RFC 3550. Tem como objetivo fornecer um mecanismo para levar dados sensíveis ao atraso, por
exemplo, vídeo e áudio, de uma extremidade a outra na rede, em “tempo real”, fornecendo um
meio uniforme para transmitir informações.

Ao contrário do senso comum, um sistema operacional de tempo real não precisa


necessariamente ter uma atualização das informações frenética, já que sua característica essencial
é ter um comportamento temporal previsível, isto é, o tempo de resposta deve ser conhecido
tanto no melhor quanto no pior caso de operação. A estrutura interna de um sistema operacional
de tempo real deve ser construída de forma a minimizar esperas e latências imprevisíveis, como
tempos de acesso a disco e sincronizações excessivas.

O RTP é utilizado em adição ao cabeçalho UDP (User Datagram Protocol)/IP a fim de fornecer uma
referência de tempo ao pacote (timestamping). Opera sobre o UDP e IP e é normalmente referido como
RTP/UDP/IP. Hoje ele é a peça-chave para o transporte de tráfego em tempo real através de redes IP. Os
protocolos de sinalização VoIP utilizam RTP/UDP/IP como o seu mecanismo de transporte para tráfego
de voz. É comum referenciar o fluxo de pacotes RTP como um fluxo ou stream RTP. Essa nomenclatura
é usada para descrever o caminho de áudio.

O papel principal do RTP consiste em aplicar números de sequência de pacotes IP para reconstituir as
informações de voz ou de vídeo, ainda que a rede subjacente altere a ordem dos pacotes. O RTP permite:

• acrescentar indicadores temporais e números de sequência à informação transportada, provendo


enquadramento dos bits gerados pelo Codec;

• controlar a chegada ao destino dos pacotes;

• identificar o tipo de informação transportada.

Além disso, o RTP pode ser veiculado por pacotes multicast para encaminhar conversas a
múltiplos destinatários.

95
Unidade IV

0 1 2 3 8 16 31

V=2 P X CC M PT Sequence number

Timestamp
Synchronization Source Identifier (SSRC)

Contributing Source Identifiers (CSRC)

Figura 40 – Cabeçalho do Protocolo RTP

Analisando o cabeçalho desse protocolo, o primeiro campo é Version (V) de 2 bits, que identifica
a versão do RTP. O campo Padding (P) de 1 bit mostra que se o campo tiver o valor de “1”, o
conteúdo real de dados será menor que o conteúdo do pacote. O campo Extension (X) de 1 bit,
caso tenha valor de “1”, o cabeçalho fixo será seguido por exatamente uma extensão de cabeçalho
de tamanho variável.

Já o campo CSRC Count (CC), de 4 bits de extensão, contém os números de identificação


CSRC que vêm após um cabeçalho fixo. O campo Marker (M), de 1 bit, é definido por um profile.
O propósito é que eventos significativos como fronteiras de quadro sejam marcadas no fluxo de
pacotes. Um profile pode definir bit markers adicionais ou especificar que não há nenhum bit
marker, alterando o número de bits do Payload Type (PT). Este último representa o tipo da carga
e possui 7 bits de extensão. É o campo usado para indicar o tipo de codificação. A carga útil pode
variar no meio de uma conferência. Vejamos:

• áudio – tipo de carga 0: PCM lei μ, 64 kbps;

• áudio – tipo de carga 3, GSM, 13 kbps;

• vídeo – tipo de carga 31, H.261;

• vídeo – tipo de carga 33, vídeo MPEG2.

O campo Sequence Number ou número de sequência possui 16 bits e é incrementado para cada
pacote RTP enviado; útil também para detectar perda de pacotes e restaurar sequência. Já o campo
de Timestamp ou carimbo de tempo, formado por 32 bits, é o instante de amostragem do primeiro
byte. No pacote de dados RTP Receptor, pode usar esse campo para remover o jitter dos pacotes e
prover uma reprodução síncrona. Carimbo de tempo é derivado a partir de um relógio de amostragem
no transmissor.

Temos ainda o campo de SSRC (32 bits), que identifica a fonte de sincronismo de um fluxo RTP, isto
é, seu transmissor. Cada fluxo numa sessão RTP deve possuir um SSRC distinto. Por fim, o campo CSRC,

96
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

que consiste de uma lista de itens de 32 bits cada, identifica as fontes contribuintes para o payload
contido no pacote.

A figura a seguir ilustra o processo de empacotamento do pacote RTP, que, além das informações da
aplicação em tempo real, insere os cabeçalhos RTP, UDP, IP e Ethernet.
Ethernet IP UDP RTP
header header header header
User Multimedia application
space
RTP
Socket interface RTP payload

UDP
OS
Kernel IP UDP payload
Ethernet IP payload
Ethernet payload
(a) (b)

Figura 41 – Empacotamento do pacote RTP

Lembrete

O RTP é utilizado em adição ao cabeçalho UDP (User Datagram Protocol)/


IP a fim de fornecer uma referência de tempo ao pacote (timestamping).

7.2 RTCP (Real-Time Transfer Control Protocol)

Baseia-se em transmissões periódicas de pacotes de controle por todos os participantes da sessão.

É um protocolo de controle dos fluxos RTP, permitindo veicular informações básicas sobre os
participantes de uma sessão e sobre a qualidade de serviço. Provê um controle de entrega entre origem
e destino, sendo uma parte do controle de QoS.

Trabalha conjuntamente com o RTP. Para cada participante numa sessão RTP, transmite periodicamente
pacotes de controle RTCP para todos os demais participantes (multicast).

O RTCP não possui áudio ou vídeo, mas contém relatos do transmissor e/ou receptor sobre
estatísticas úteis para as aplicações como: número de pacotes enviados, número de pacotes perdidos
e jitter entre chegadas.

A realimentação de informação para as aplicações pode ser usada para controlar o desempenho
e para finalidades de diagnóstico, e seu transmissor pode modificar as suas transmissões baseadas
na realimentação.

97
Unidade IV

Há cinco tipos de pacotes RTCP: Sender Report (SR), Receiver Report (RE), SDES (Source Description),
BYE e APP (Application-specific RTCP packet). O pacote Send Report transporta estatísticas dos
participantes transmissores ativos em uma conexão. O RE faz o mesmo, mas só dos que não são
transmissores ativos.

Os pacotes SDES possibilitam que se realize a associação entre o valor SSRC do pacote RTP e a real
identificação do usuário, através do envio de pacotes. O BYE informa a todos os membros da chamada
que o usuário está saindo da sessão. Por fim, o pacote APP transporta para execução remota de serviços
quando um usuário detentor de certos privilégios junta-se à conferência.

7.3 Padrão H.323

É parte da família de recomendações ITU-T H.32x, que pertence à série H da ITU-T, tratando de
“Sistemas Audiovisuais e Multimídia”.

A recomendação H.323 visa especificar sistemas de comunicação multimídia em redes baseadas


em pacotes e que não fornecem uma QoS garantida. Além disso, estabelece padrões para codificação e
decodificação de fluxos de dados de áudio e vídeo, garantindo que produtos pautados no padrão H.323
de um fabricante interoperem com produtos H.323 de outros fabricantes.

Redes baseadas em pacotes incluem as redes IP (Internet Protocol) como a internet, redes IPX
(Internet Packet Exchange), as redes metropolitanas, as de longa distância (WAN) e ainda conexões
discadas usando PPP.

O padrão H.323 é completamente independente dos aspectos relacionados à rede. Dessa


forma, é possível usar quaisquer tecnologias de enlace, podendo-se escolher livremente entre as
que dominam o mercado atual como Ethernet, Fast Ethernet, FDDI ou Token Ring. Também não
há restrições quanto à topologia da rede, que pode consistir tanto de uma única ligação ponto a
ponto, ou de um único segmento de rede, ou ainda ser complexa, incorporando vários segmentos
de redes interconectados.

Um terminal H.323 é um dispositivo que inclui um ponto terminal de sinalização, o qual suporta um
ou mais usuário que entre em comunicação com um ou mais participantes. A figura a seguir ilustra a
comunicação entre dois terminais H.323 em uma rede baseada em pacotes.

Packet network
(e.g.IP)

H.323
H.323 terminal H.323 terminal

Figura 42

98
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

O padrão H.323 especifica o uso de áudio, vídeo e dados em comunicações multimídia, sendo
que apenas o suporte à mídia de áudio é obrigatório. Mesmo sendo apenas o áudio obrigatório, cada
mídia (áudio, vídeo e/ou dados), quando utilizada, deve seguir as especificações do padrão. Pode-se
ter uma variedade de formas de comunicação, envolvendo apenas áudio (telefonia IP), áudio e vídeo
(videoconferência), áudio e dados e, por fim, áudio, vídeo e dados.

Um Gatekeeper (GK) é o cérebro de uma zona H.323, que inclui todos os terminais MCUs e Gateway
(GW). Assim, uma zona é um agrupamento lógico de dispositivos e pode conter meio de comutadores
e roteadores.

Gatekeeper Gateway
Terminais H.323 (GK) + MCU (GW)
PSTN

A B

Rede local
Roteador

Roteamento

Media
Gateway Para outras
(MG) zonas
Terminal H.323
Comutador/ possivelmente
roteador com MCU
C

Rede local

Unidade de controle
de multiponto
H.323

MCU: MC+MP

Figura 43 – Estrutura da rede H.323

99
Unidade IV

Características do H.323

O padrão H.323 possui diversas características relevantes, tais como independência


da rede, interoperabilidade de equipamentos e aplicações, independência de plataforma,
representação padronizada de mídia, flexibilidade nas aplicações clientes, interoperabilidade
entre redes, suporte a gerenciamento de largura de banda, suporte a conferências multiponto
e suporte a multicast.

Em relação à independência da rede, o padrão H.323 é projetado para utilização em redes


baseada em pacotes, como as redes IP. A maioria das redes usadas hoje possui uma infraestrutura
com protocolo de transporte pautado em pacotes, assim a adoção do padrão H.323 permite a
utilização de aplicações multimídia sem requerer mudanças na estrutura de redes. Por outro
lado, à medida que as tecnologias de enlace de redes evoluem e proporcionam maiores limites de
velocidade e largura de banda, seus benefícios serão imediatamente incorporados e usufruídos
pelas aplicações H.323.

Observação

Considerando a interoperabilidade de equipamentos e aplicações,


o H.323 permite interoperabilidade entre dispositivos e aplicações de
diferentes fabricantes. Por isso, vários fornecedores de porte como Intel,
Microsoft, Cisco e IBM investem em linhas de produtos H.323.

Adicionalmente, existe a independência de plataforma, pois o H.323 não determina o hardware ou


sistema operacional a ser usado. Desse modo, as aplicações H.323 podem ser de naturezas diversas e
voltadas para mercados específicos, que vão desde software de videoconferência executado em PCs, a
telefones IP, adaptadores para TV a cabo, sistemas dedicados, entre outros.

Já para a representação padronizada de mídia, o H.323 fixa codificadores para compressão e


descompressão de sinais de áudio e vídeo. Ainda prevê mecanismos de negociação dos codificadores
a serem utilizados numa conferência a fim de que os seus participantes encontrem um subconjunto
comum entre si.

Nesse processo, também é incorporada flexibilidade nas aplicações de clientes, pois uma conferência
H.323 pode envolver aplicações de clientes com capacitações multimídia diferentes. É possível que um
terminal com suporte apenas para áudio participe de uma conferência com terminais que tenham
suporte adicional de vídeo e/ou dados.

Pode-se afirmar que existe interoperabilidade entre redes, porque é possível estabelecer conferências
entre participantes localizados numa LAN e em outras redes completamente diferentes, como a rede
telefônica pública ou ISDN. O H.323 prevê o uso de codificadores que são comuns a vários tipos de redes.
Isso é possível através da utilização do componente gateway.

100
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Em relação ao suporte a gerenciamento de largura de banda, o tráfego dos fluxos de vídeo e


áudio é, em geral, consumidor de largura de banda em uma rede. O padrão provê mecanismos de
gerenciamento que permitem delimitar a quantidade de conferências simultâneas e a quantidade
de largura de banda destinada às aplicações H.323. Além disso, o H.323 prevê facilidade de
contabilidade de uso dos recursos da rede que podem ser usados para fins de cobrança. Isto é
possível através da utilização do componente Gatekeeper (GK).

Além de conferência entre dois pontos, existe suporte a conferências multiponto. Assim, o H.323
comporta conferências com três ou mais participantes simultâneos. Para este fim, o H.323 abrange
técnicas de multicast nas conferências multiponto. Uma mensagem multicast envia um único pacote a
todo um subconjunto de destinatários na rede sem replicação. Esse tipo de transmissão usa a largura de
banda de uma forma muito mais eficiente que as transmissões unicast.

Esse padrão H.323 possui funções de sinalização e é composto de diversas recomendações, como
H.450.X, H.235, H.225.0 (Q.931), H.245 e H.225.0 ou RAS. A recomendação H.245 define a sinalização
do canal lógico e contribui para o estabelecimento do tamanho do canal lógico. Já a H.225.0 RAS, na
sinalização do terminal para GK.

H.255.0 (Call Signaling Protocols and Media Stream Packetization for Packet-based
Multimedia Communication Systems)

Essa recomendação define padrões para sinalização e empacotamento de mídia (voz) para chamadas
em sistemas baseados em redes de pacotes. Suas principais aplicações são:

• Sinalização de chamadas: define um conjunto de mensagens que usa o formato da recomendação


Q.931 sobre os pacotes TCP da rede IP, com a finalidade de estabelecer e finalizar chamadas. Essas
mensagens são trocadas entre os equipamentos envolvidos na chamada: terminais, GC e MCUs.

• Controle de equipamentos na rede (zona): destaca um conjunto de mensagens para a funcionalidade


RAS, responsável pelo registro, admissão e status dos dispositivos na rede. As mensagens são
trocadas entre o GK e os terminais, GW, GC e MCUs para o controle de uma determinada zona.
Elas usam como suporte os pacotes UDP da rede IP.

• Comunicação entre gatekeepers: define um conjunto de mensagens para a sinalização gatekeeper-


gatekeeper, que estabelece o processo de sinalização e controle para chamadas entre zonas distintas.

• Transporte de mídia (voz): pauta-se no uso dos protocolos RTP e RTCP como padrão
para o transporte de mídia.

H.245 Control Protocol for Multimedia Communication

Fixa padrões para a comunicação entre terminais, para o processo de controle do transporte de voz
(transport control). Essas mensagens usam como suporte os pacotes TCP da rede IP, e são trocadas entre
os terminais GW e MCUs envolvidos em chamadas do tipo ponto a ponto e ponto-multiponto.
101
Unidade IV

H.235 Security and Encryption for H-Series (H.323 and other H.245-based) Multimedia Terminals

Define padrões adicionais de autenticação e segurança (criptografia) para terminais que usam o
protocolo H.245 para comunicação ponto a ponto e multiponto.

H.450.X Generic Functional Protocol for the Support of Supplementary Services

Conjunto de recomendações que estabelece padrões de sinalização para serviços adicionais para
terminais, tais como transferência e redirecionamento de chamadas, atendimento simultâneo, chamada
em espera, identificação de chamadas etc.

Essas mensagens usam como suporte os pacotes TCP da rede IP, e são trocadas entre os terminais
GW e MCUs envolvidos em chamadas do tipo ponto a ponto e ponto-multiponto que possuam as
funcionalidades dos serviços adicionais.

7.4 Session Initiation Protocol (SIP)

O protocolo SIP é definido através da recomendação RFC 2543 do IETF, com código
aberto, e de controle para criação, modificação, finalização de sessões multimídia e
chamadas telefônicas, com um ou mais participantes. Os participantes são convidados
para sessões do tipo unicast e multicast. Esse protocolo possui funções de sinalização
baseado em texto para criar e controlar sessões multimídias com dois ou mais participantes.
O SIP visa estabelecer o padrão de sinalização e controle para chamadas entre terminais que não
utilizam o padrão H.323 e possui os seus próprios mecanismos de segurança e confiabilidade.

O SIP é um protocolo cliente-servidor transportado sobre TCP ou UDP e suas


implementações mais frequentes são sobre UDP, por conta da velocidade e simplicidade.
Define recomendações para serviços adicionais, tais como transferência e redirecionamento
de chamadas, identificação de chamadas (chamado e chamador), autenticação de chamadas
(chamado e chamador), conferência etc.

Um sistema SIP é composto de agentes de usuário, User Agents (UA), e um ou mais servidores.
Os sistemas SIP podem ser segmentos dedicados de rede, segmentos de rede conectados através da
internet ou agrupamentos lógicos de redes corporativas que também suportem outros protocolos de
sinalização IP.

102
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Gateway
Servidor SIP (GW)
dflx.com PSTN

pedro@dflx.com

Rede local

ana@dflx.com
Roteador

Roteamento
Servidor SIP
remotesysname.com
Para
outras
redes
Roteador
Usuário IP
lucia@remotesysname.com

Rede local

Figura 44 – Dois domínios utilizando sinalização de chamada SIP

O H.323 é bem mais complexo que o protocolo SIP. Em geral, se considerarmos os prós e contras de um
e de outro, podemos chegar à conclusão que os dois, sendo bem implementados, são aproximadamente
equivalentes, não interferindo na qualidade do serviço. De acordo com o que foi acentuado, a qualidade
do VoIP vai depender diretamente da rede que o está transportando.

Existem cinco aspectos principais do protocolo SIP visando maior facilidade na definição de uma
chamada: estabelecimento de chamada, serviços de localização de usuário, capacidade de usuário,
disponibilidade de usuário e manuseio de chamada.

No estabelecimento de chamada, o SIP é autocontido na definição de chamadas simples e de


conferências ponto a ponto ou multiponto. Há serviços de localização, pois os usuários possuem a
possibilidade de se locomover para outras localidades e acessar características telefônicas remotamente. Já
a capacidade do usuário está relacionada à determinação da mídia e dos parâmetros que serão utilizados.
Há a disponibilidade de o usuário auxiliar na determinação do desejo do assinante chamado a se engajar
na comunicação. Por fim, o manuseio da chamada inclui a transferência de chamada existente, das
características telefônicas e o encerramento de chamadas.

Adicionalmente, o SIP possui seis métodos de sinalização:

• Invite: primeira mensagem enviada pelo assinante chamador, contém a informação do cabeçalho
SIP. Este identifica o assinante chamador, a identificação da chamada (call-ID), assinante chamado,
número de sequência, entre outros.
103
Unidade IV

• ACK: o agente chamador responde com ACK somente a solicitações (Invite) que tenham sido
aceitas com sucesso com o código 200.

• Options: método utilizado para avaliar as capacidades de um agente de chamada.

• BYE: mensagem enviada pelo cliente ao agente de chamada para liberá-la.

• Cancel: mensagem que deve identificar explicitamente a chamada, via call-ID, a sequência de
chamada e os valores “To” e “From” do cabeçalho SIP.

• Register: método usado por um cliente para registrar seu endereço no campo “To” do cabeçalho
SIP junto de um servidor SIP.

Ponto terminal A Ponto terminal B

INVITE
From, To, Via, call-ID, Cseq, SDP

trying (informe de progresso, código 100) PDD (Post


(similar a CALL PROCEEDING) Dial Delay)

ringing (informe de progresso, código 180)


(similar a ALERTING)
sucesso (usuário aceitou a chamada)
(200 OK)
Similar ao
CONNECT
ACK (pode conter o SDP final)
o chamador confirma o recebimento do código de sucesso 200 OK
resposta
Mídia flui via RTP (disponibilidade desnecessária
de trajeto não é assegurada antes da
aceitação da chamada)
BYE
termina a chamada

BYE
O mesmo, na outra direção

sucesso (chamada terminada nesta direção)


(final, código 200)

sucesso (chamada terminada nesta direção também)


(final, código 200)

Figura 45 – Modelo básico de chamada SIP, com sinalização direta entre usuários

104
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Sua utilização é similar ao conjunto H.323 descrito, embora utilize como suporte para as suas
mensagens os pacotes UDP da rede IP. Na figura seguinte, pode-se observar um exemplo de definição
de uma sessão SIP.

Server SP Server MG

User B User A

INVITE (M1)
INVITE (M2)
100 Trying (M3) INVITE (M4)
100 Trying (M5)
180 Ringing (M6)
180 Ringing (M7)
100 Ringing (M8) 200 OK (M9)
200 OK (M10)
200 OK (M11)
ACK (M12)

Fluxo de mídia - RTP

BYE (M13)

200 OK (M14)

Figura 46 – Estabelecimento de uma seção SIP

Quadro 4 – Comparação entre os protocolos H.323 e SIP

Característica H.323 SIP

Entidade normatizadora Padrão ITU-T Padrão IETF

Projetado para uso em Modelos de sinalização ISDN e ATM Internet

Codificação baseada em texto, similar ao


Tipo e complexidade da codificação Codificação binária e complexa HTTP, sendo relativamente simples

Complexidade da configuração Complexa Simples

7.5 MGCP (Media Gateway Control Protocol)

Definido através de recomendação RFC 2705 do IETF, é baseado no protocolo SGCP (Simple Gateway
Control Protocol). O MGCP é usado por controladores de gateways e gateways voltados para controle,
estabelecimento e término de chamadas. Utiliza transações do tipo comando – respostas que criam,
auditam e controlam as chamadas nos gateways. Essas mensagens usam como suporte os pacotes UDP,
e são trocadas no decorrer da chamada.

105
Unidade IV

O protocolo MGCP é aplicado para controlar as conexões (chamadas) nos GWs presentes nos
sistemas VoIP. Executa uma interface de controle usando um conjunto de transações do tipo comando
– respostas que criam, controlam e auditam as conexões (chamadas) nos GWs. Essas mensagens usam
como suporte os pacotes UDP da rede IP, e são trocadas entre os GCs e GWs para o estabelecimento, o
controle e a finalização de chamadas.

7.6 MeGaCo (Media Gateway Control Protocol)

É resultado de um esforço conjunto do IETF e da ITU-T (Grupo de Estudo 16). O texto da


definição do protocolo é o mesmo para o Draft IETF e a recomendação H.248, e representa uma
alternativa ao MGCP e a outros protocolos similares. No IETF, é definido pela RFC 3525, na ITU-T,
pela H.248.2. É constituído por três elementos: Media Gateway Controller (MGC), Media Gateway
(MG) e Signaling Gateway (SG).

Esse protocolo foi concebido para ser utilizado para controlar GWs monolíticos (um único
equipamento) ou distribuídos (vários equipamentos). Sua plataforma aplica-se a gateway (GW), a
controlador multiponto (MCU) e à unidade interativa de resposta audível (IVR). Possui também interface
de sinalização para diversos sistemas de telefonia, tanto fixa como móvel.

É um protocolo de controle aberto usado pelo Media Gateway (MG). Como é aberto, ele pode ser
revisado e melhorado. Possui características parecidas com o MGCP. Uma das grandes virtudes do
protocolo é o fato de ser interoperável com vários fabricantes, facilitando sua implementação em uma
rede NGN ou IMS.

Saiba mais

O tutorial a seguir apresenta uma breve descrição do Protocolo MeGaCo


(Media Gateway Control) utilizado para a sinalização de Mídia Gateways
em redes VoIP.

DE OLIVEIRA, J. C. M. MeGaCo: conheça o protocolo de sinalização de


Mídia Gateways VoIP. Teleco, 20 nov. 2006. Disponível em: <http://www.
teleco.com.br/tutoriais/tutorialmegaco/default.asp>. Acesso em: 2 ago. 2018.

Possui finalidade similar à do MGCP, entretanto sendo desenvolvido como uma alternativa a ele,
ao adequar-se também a controladores distribuídos de gateways, a unidades interativas de resposta
audível e a controladores multiponto (conferência). Contém interface de sinalização para diferentes
sistemas de telefonia, tanto móvel quanto fixa.

O MeGaCo/H.248 separa fisicamente o plano de controle, MGC (também conhecido como


Softswitch), do plano de conexão, o MG, conforme mostrado na figura seguinte. O MGC é responsável
por trocar as sinalizações e mensagens com as outras redes e protocolos, converter as mensagens
106
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

para os comandos do MeGaCo/H.248 e encaminhar tudo na rede IP para os MGs, controlando a


existência das entidades lógicas no MG.

O MG pode estar localizado fisicamente distante do MGC, e recebe os comandos MeGaCo/H.248 para
criar e deletar as entidades do protocolo. Recebe a mídia de diferentes tipos de rede e faz a conversão
para a rede IP.
Plano de controle

MGC

Sinalização MeGaCo/H248

Plano de conexão

text Redes IP

Voz sobre IP
RCC TGW
Canais PCM 64 kbit/s

Figura 47 – Estrutura simplificada do Megaco

São componentes do Megaco:

• Gateway de Voz sobre IP: tem capacidade de realizar a tradução entre a sinalização do PBX e a
sinalização VoIP da internet.

• Gatekeeper: servidor de registro, autorização e autenticação no cenário H.323. Suas funções


incluem o registro de terminais H.323, de forma que só os clientes autorizados façam uso do
serviço; o mapeamento de identificadores (números de telefone E.164, URLs) para endereços IP
de gateways ou terminais, para que possa ser localizado o destino das chamadas; e um controle
básico de admissão de chamadas. Todos os gateways de Voz sobre IP devem ser registrados no
Gatekeeper, para que seus prefixos atendidos pelos PBXs conectados fiquem acessíveis.

• Radius: servidor de autenticação e contabilização. Seu papel é controlar o acesso aos equipamentos
VoIP e armazenar as estatísticas associadas às chamadas realizadas através dos gateways de voz.
Em sua função de autenticação, este servidor previne que usuários não autorizados tenham acesso
ao console dos equipamentos de VoIP, ou seja, toda vez que uma mudança na configuração tiver
que ser feita, o usuário terá que ser validado e autenticado previamente pelo servidor Radius. É
importante ressaltar que esta função de autenticação não tem nenhum relacionamento com a
autenticação das chamadas telefônicas IP. Sua segunda função consiste em obter as estatísticas
de uso, extraindo de cada chamada parâmetros como tempo de ligação, quantidade pacotes
transmitidos e perdidos, entre outros.

107
Unidade IV

Comparando os protocolos MeGaCo/H.248 e MGCP, verifica-se que o Megaco é mais poderoso que
seus antecessores com MGCP. As vantagens desse protocolo são: é um padrão aberto, pode ser revisado e
ajustado, possui alta interoperabilidade com vários fabricantes, tem poucas inconsistências e é aplicável
para todo tipo de rede de pacotes. Por todos esses motivos, o MeGaCo/H.248 é considerado hoje como
o protocolo de controle para rede NGN.

RSVP (Resource reSerVation Protocol)

Desenvolvido a fim de permitir que as aplicações requisitem diferentes QoS a seus fluxos de dados.
Para isso, dois prerrequisitos devem ser observados:

• Elementos de redes, tais como roteadores, devem adequar-se aos mecanismos de controle de
qualidade de serviço para garantir a entrega dos pacotes de dados.
• A aplicação deve estar capacitada a fornecer os parâmetros ideais de QoS.

O RSVP não é um protocolo de roteamento, trabalhando em conjunto com este. É usado por uma
aplicação para requisitar uma qualidade de serviço específica da rede. O protocolo atua tanto em
máquinas do usuário quanto em roteadores, responsabilizando-se, nesse caso, a estabelecer e manter as
condições para o serviço requisitado. Também negocia a reserva de recursos em um único sentido de cada
vez, ou seja, de forma simples. Com isso, ele trata distintamente receptores e transmissores, operando
juntamente com a camada de transporte. O RSVP não realiza transporte de dados, sendo apenas um
protocolo de controle e atuando no mesmo nível de outros protocolos, como o ICMP (Internet Control
Message Protocol), o IGMP (Internet Group Management Protocol) ou protocolos de roteamento.

Assim, o gerenciamento ocorre no início da comunicação, sendo reiniciado de tempos em tempos.


Caberá ao receptor requisitar uma QoS específica. O protocolo RSVP foi feito de forma a garantir que as
arquiteturas mais antigas sejam compatíveis com o novo sistema, por meio do encapsulamento de seus
pacotes de controle.

DiffServ

Usa bits de tipo de serviços do protocolo IPv4 para indicar seis classes possíveis e mecanismos de
marcação de pacotes, verificação local da classe dos pacotes, e gerenciamento de recursos para suportar
diferentes níveis de serviços em uma rede IP. Sua terminologia é a seguinte:

• Per-Hop Behavior (PHB): todos os pacotes devem sofrer a mesma análise durante um salto,
enfileiramento e descarte, caso os recursos não satisfaçam o serviço.
• Differentiated Services Code Point (DSCP): é um valor no cabeçalho IP que indica que o pacote
em questão sofrerá a análise PHB. Os DSCPs no cabeçalho do pacote destacam como os pacotes
devem ser tratados nos saltos entre os roteadores intermediários até que o pacote chegue ao seu
destino. O DSCP está presente no cabeçalho do protocolo IPv4 no campo Type of Service (ToS) e
no protocolo IPv6 no campo Traffic Class. Seis bits, dos oito bits de um ToS, são alocados para o
DSCP, e os outros dois são alocados para a Explicit Congestion Notification (ECN).

108
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

O comportamento dos saltos do DiffServ pode ser definido da seguinte forma: melhor esforço, baixo
atraso, latência e jitter.

Entre classes de serviço (CoS – Class of Service) diferentes, podem mudar a prioridade entre tipos
distintos de pacotes e o controle de filas de pacotes em congestionamento.

O DiffServ foi desenvolvido pensando em ser mais simples e escalável do que o IntServ/RSVP, porque
não requer sinalização ou fluxo na rede.

Todas as aplicações podem utilizá-lo sem precisar realizar nenhum tipo de mudança nos roteadores. O meio
de transporte usado para o DiffServ pode ser tanto IP quanto ATM, Frame Relay, MPLS, ou uma combinação,
porque esses exemplos de protocolos de transporte estão em um nível acima da camada de rede.

Assim, os roteadores analisam apenas a camada de rede para descobrir qual é o host de destino
dos pacotes para encaminhá-los. Diferentes manipulações de pacotes e mapeamento são possíveis. Por
exemplo, o indicador da Classe de Serviço (CoS) pode representar preferências de congestionamento de
fluxo no qual pacotes com baixa prioridade são descartados primeiro.

8 VOZ SOBRE FRAME RELAY E VOZ SOBRE ATM

8.1 Voz sobre pacotes

Tanto o transporte de Voz sobre Frame Relay quanto o de Voz sobre IP fazem parte de uma tecnologia
genérica que chamamos de “voz sobre pacotes”. Esse nome é usado com o objetivo de distinguir esta
aplicação da antiga tecnologia de multiplexação no tempo dos canais de voz e dados, o conhecido TDM.
O TDM tinha como característica principal a alocação estática de banda para cada canal de voz ou de
dados em uma rede.

Essa preocupação com o desperdício de banda fez com que a indústria se voltasse para o
desenvolvimento de tecnologias que permitissem a alocação dinâmica de recursos na rede a este novo
conceito de alocação dinâmica, e foi daí que nasceu o nome “voz sobre pacotes”.

Na prática, o Frame Relay foi o único protocolo de pacotes usado efetivamente para transportar voz,
isso porque ele apresenta características importantes, como baixo overhead, ou seja, um volume muito
grande de bits transmitidos com informação útil e mecanismos de controle de congestionamento, ideais
para uma aplicação sensível ao atraso, como é o caso da voz.

Como o processamento dos pacotes no Frame Relay é rápido, ele é ideal para interligar redes
complexas. Como é possível transmitir múltiplas conexões lógicas em uma única conexão física, os
custos de comunicação podem ser reduzidos. Pela redução da quantidade de processamento necessária,
são possíveis um maior desempenho e melhor tempo de resposta.

Para a maioria dos administradores de redes, a possibilidade de transportar a voz proveniente


de um PABX e sinais de dados através da mesma rede usando procedimentos comuns de
109
Unidade IV

gerenciamento e manutenção atende os requisitos de redução de custos e de complexidade das


grandes redes corporativas.

Convém ressalvar que, como o Frame Relay não faz conversão de protocolos nem detecção/
correção de erros, os dispositivos de rede precisam ser inteligentes, envolvendo a utilização de alguns
equipamentos Frame Relay, como os Frads (Frame Relay Assembler/Disassembler), roteadores, bridges e
switches de frame.

Deve-se levar em consideração ainda a qualidade do serviço prestado pelas operadoras de


telecomunicações para que o resultado das aplicações de rede possa atender aos requisitos dos serviços
disponíveis aos usuários.

Genericamente, Voz sobre Frame Relay (VoFR) é uma tecnologia eficaz de transporte para WAN, sendo,
neste caso, mais eficiente em termos de banda do que a tecnologia de VoIP. Todavia, VoFR não pode ser
implementado sobre LANs ou até o desktop. Por esse motivo, VoIP (Voz sobre IP) é a forma de execução
predominante de voz sobre pacotes hoje e, para aplicações de voz, é em geral a única opção, mesmo que a
efetivação de rede seja apenas para a comunicação entre PABXs situados em pontos remotos.

A utilização de aplicações baseadas em VoFR ou VoIP auxiliam na redução dos custos com as ligações
telefônicas, comunicação entre os escritórios remotos de uma empresa, atividades de treinamento a
distância (videoconferência), entre outros, usando a infraestrutura de telecomunicações existente para
o tráfego de voz, dados e imagem.

8.2 Voz sobre Frame Relay (VoFR)

Frame Relay é um protocolo de comunicação de dados padronizado internacionalmente pelos órgãos


ITU-T (International Telecommunication Union) e Ansi (American National Standards Institute).

DLCI1

DLCI2
DLCI3

Rede
Frame Relay
Switches
Frame Relay

Figura 48 – Rede Frame Relay

110
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Essa tecnologia opera na camada física e de enlace do modelo OSI, onde é definido dentro da rede
um caminho lógico, que age como uma linha privada. Esse caminho é chamado de circuito virtual (VC).
Esses circuitos virtuais podem ser:

• Permanentes (PV): caminhos fixos entre dois nós, que sempre estão com acesso disponível.

• Comutados (SVC): a conexão é feita de forma dinâmica, pautada na requisição do usuário, ou seja,
ele é baseado em chamadas.

Frame Relay é um protocolo reconhecido pela sua capacidade de convergir, de maneira eficaz, em
termos de custo, dados, voz e vídeo a baixas velocidades.

Há alguns anos, o Frame Relay era tido como um protocolo apenas para dados. Hoje ele é o mais
utilizado para transporte de voz em redes corporativas. Essa tecnologia também possui facilidades para
o transporte de voz, fax e sinais de modems analógicos atendendo aos requisitos de atrasos (delay)
específicos para esse tipo de aplicação. Uma aplicação muito comum atualmente é a VoFR (Voz sobre
Frame Relay).

Frame Relay Service Telefone Fax

Fax

VFRAD/ROUTER PBX

Workstation Workstation

Ethernet

Workstation Workstation

Figura 49 – Configuração de rede com VoFR

De início, é necessário conhecer alguns aspectos básicos do protocolo Frame Relay. É um


dos muitos protocolos padronizados pela ITU, que usa a comutação de pacotes para transferir
a informação de um ponto de origem a outro de destino segundo regras e formatos específicos
definidos para este protocolo.

Para expor o funcionamento de uma rede Frame Relay e seus elementos, será utilizado novamente
o exemplo do Sedex.

111
Unidade IV

No sistema dos Correios, para uma encomenda ser enviada, antes ela deve ser entregue a uma
agência de Correios, que será responsável por sua embalagem, indicando se o envio será feito via Sedex
e depois a encaminha ao destino desejado.

Para ilustrar melhor nosso exemplo, além das informações de endereço do remetente e destinatário,
cada pacote de Sedex deverá carregar consigo códigos que identifiquem as agências de Correios de
origem e destino. Estes códigos serão utilizados pela rede de transporte dos Correios para auxiliar o
processo de encaminhamento e entrega do pacote.

Vamos imaginar também que toda agência tenha caminhos programados para envio dos pacotes
entre agências situadas em diferentes localidades. Com base na informação do código da agência de
destino, a agência de origem deverá determinar que caminho o pacote percorrerá para alcançar a
agência de destino.

Para cada caminho entre agências, deve existir um acordo entre elas para estabelecer a quantidade
mínima de pacotes que podem ser enviados diariamente de uma agência à outra.

Os principais elementos de uma rede Frame Relay são:

• Frads – Frame Relay Access Device.


• PVCs – Permanent Virtual Circuit.
• DLCIs – Data Link Connection Identifier.
• CIR – Committed Information Rate.

BD BD

LAN2

FRAD FRAD
+ +
PABX DLCI PABX
4 Frame Relay DLCI 2
PVC A
PVC B
64 kbps 64 kbps

128 kbps
PVC A PVC B Internet
DLCI 4 DLCI 2

MATRIZ
LAN 3 BD

FRAD
+
PABX

Figura 50 – Rede de Voz sobre Frame Relay

112
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

As agências de Correios corresponderiam aos Frads, que são os dispositivos de acesso a uma rede
Frame Relay responsáveis por entregar os pacotes à nuvem FR, em um formato predeterminado por
este protocolo. Os Frads também têm o dever de recebê-los na outra extremidade, passando-os ao
usuário final.

Os caminhos escolhidos pelas agências de Correios para a entrega dos pacotes, ou melhor, pelos
Frads, corresponderiam aos PVCs numa rede Frame Relay, que são os circuitos permanentes virtuais
programados para interconectar Frads remotamente.

Como descrevemos no exemplo do Sedex, cada agência de Correios teria um identificador utilizado
para sua verificação dentro da rede de agências de Correios. Ele corresponderia aos DLCIs, que são
caracterizadores para cada Frad conectado a uma rede Frame Relay.

A quantidade mínima permitida para o transporte de pacotes entre as agências equivaleria ao CIR,
que é a largura de banda mínima garantida, contratada junto a uma operadora para transmissão de
dados em um determinado PVC.

A utilização do Frame Relay é considerada a técnica mais recomendada para a implementação de


redes locais remotamente interconectadas, as chamadas WANs. Além de suas peculiaridades técnicas,
que tornam o Frame Relay flexível e eficiente para o transporte de dados, ele alavancou seu crescimento
ao satisfazer a necessidade de interconectar estas várias localidades com uma melhor relação
custo-benefício. Isso é ressaltado ao comparar os custos do Frame Relay ao das Linhas Privativas de
Comunicação de Dados, as chamadas LPCDs, que são serviços oferecidos pelas operadoras de telefonia,
usados em especial para a execução de WANs.

Assim, o Frame Relay facilmente ganhou o mercado, tornando-se a melhor alternativa para a
transmissão de voz sobre pacotes.

Quando falarmos em Voz sobre Frame Relay, trataremos sobre a transmissão de voz em
forma de dados sobre uma rede Frame Relay. Ou seja, quando gerado, o sinal de voz, após ser
digitalizado e comprimido, alcançará seu destino utilizando facilidades de rede definidas pelo
protocolo Frame Relay.

Saiba mais

Veja o tutorial sobre Frame Relay a seguir:

BERNAL FILHO, H. Frame Relay. Teleco, 21 jul. 2003. Disponível em:


<http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialfr/default.asp>. Acesso em: 6
ago. 2018.

113
Unidade IV

8.3 Voz sobre ATM (VoATM)

Quando o ATM entrou no mercado, em meados de 1990, foi considerado como o início de uma nova
era das redes de comunicação de dados.

ATM, Asynchronous Transfer Mode, é mais um protocolo padronizado pelo ITU que foi contemplado
por muitos especialistas como sendo o protocolo “perfeito”, pois foi projetado para executar um ambiente
multimídia e multisserviços com elevada qualidade de serviço na comunicação.

Contudo, seu custo de implantação é considerado alto, o que limitou sua utilização às grandes
operadoras e aos grandes provedores de serviço de internet.

A estrutura de uma rede ATM consiste basicamente em terminais que são conectados a centrais
ATMs, e os pacotes aplicados para a transmissão da informação são no formato de células ATM.

Header (cabeçalho) Payload (informação)


5 bytes 48 bytes
53 bytes

Figura 51 – Cabeçalho de rede ATM

Essas células possuem um tamanho fixo e relativamente pequeno (53 bytes). Foram projetadas dessa
forma para serem facilmente gerenciadas pelos equipamentos de rede e trazer velocidade ao tráfego da
informação dentro de uma rede ATM.

Como o Frame Relay, o ATM é baseado no estabelecimento de circuitos virtuais e, para a execução
de WANs, estes circuitos também são contratados junto de uma operadora.

Em relação ao VoATM, este é o serviço de voz transportado sobre uma rede de dados ATM. O sinal de
voz será digitalizado e também transformado em pacotes no formato de células, conforme ilustrado na
imagem anterior, para trafegar numa rede ATM.

Apesar da ênfase dada aos serviços de dados em altas velocidades sobre o ATM, as grandes redes de
voz também podem se beneficiar do desenvolvimento das eficientes infraestruturas baseadas em ATM,
devido a um melhor desempenho e qualidade de serviço que uma rede ATM pode garantir.

Existem alguns métodos aplicados para o transporte da voz numa rede ATM. Eles são chamados de
AAL, ATM Adaptation Layer, dentre os quais citaremos:

• AAL1: utiliza a alocação estática da banda de transmissão contratada junto de uma operadora,
podendo não ser eficiente devido à inutilização desta banda quando não há dados a transmitir.

• AAL2: usa a alocação dinâmica ou variável da banda de transmissão, sendo, portanto, mais
eficiente que o AAL1, pois pode otimizar o emprego da banda contratada.
114
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Para conhecimento, existem outros métodos que também usam alocação dinâmica de banda,
os AAL3, AAL4, AAL5 e AAL6, e sua utilização varia conforme o tipo de mídia a ser transmitido e as
necessidades específicas de otimização de banda desejada para uma implementação de VoATM.

8.4 Comparação entre tecnologia de voz

Nos últimos anos, as redes de dados têm crescido muito mais rápido do que as de voz. Muito em
breve a quantidade de tráfego de dados excederá consideravelmente a quantidade de voz, aumentando-
se a busca por convergência.

Uma das principais características desse processo é que cada vez mais a voz será transportada sobre
as redes de dados, seja via Frame Relay, ATM ou IP em vez dos dados serem transportados através das
redes de voz, como é o exemplo do fax e conexões discadas para acesso à internet utilizando modems.

Existem muitos defensores para as três tecnologias vistas anteriormente, Voz sobre IP, Voz sobre
Frame Relay e Voz sobre ATM. Todas atendem seus requisitos e objetivos de funcionamento, mas o nível
de satisfação inerente a cada uma delas está diretamente relacionado com os seguintes fatores:

• as necessidades de execução em um determinado ambiente (confiabilidade, banda,


segurança etc.);

• os custos envolvidos numa implementação.

Quanto ao formato dos pacotes, o Frame Relay e o IP transportam dados em pacotes de tamanhos
variáveis. Já o ATM transmite os dados em pequenas células de tamanho fixo, o que facilita a sua rápida
transferência através da rede.

No tocante ao modo de entrega e roteamento dos dados, o Frame Relay e o ATM utilizam o estabelecimento
prévio de caminhos para o transporte da informação entre dois pontos, chamados de circuitos virtuais. O IP
emprega a forma de endereçamento provida pelo protocolo IP. Para a definição de circuitos virtuais em redes
IP, é necessária a efetivação de uma solução MPLS, como pontuado anteriormente.

Sobre o tipo de rede, o ATM e o IP podem ser aplicados em LANs e WANs, porém o ATM é mais usado
para implementação de backbones de alta velocidade. O Frame Relay, por sua vez, tem melhor aplicação
em WANs.

Quanto à QoS, tem reserva de banda e priorização dos tráfegos de voz. O Frame Relay possui reserva
de banda através dos PVCs e os Frads executam priorização dos pacotes, atribuindo alta prioridade para
os pacotes de voz. A tecnologia ATM foi projetada para garantir integração de voz, dados e imagem
com alta qualidade, atendendo os parâmetros de QoS e garantindo qualidade de serviço, reserva de
banda e priorização de serviços sensíveis à transmissão em tempo real, por exemplo, o serviço de voz e o
de vídeo. O IP, como destacamos, foi desenvolvido para trabalhar sobre o melhor esforço, precisando de
tecnologias adicionais para executar QoS numa rede IP, sendo elas os serviços integrados através
do protocolo RSVP, serviços diferenciados e o MPLS.
115
Unidade IV

A respeito da compressão de voz, o Frame Relay pode utilizar algoritmos de compressão de voz G.729,
garantindo uma compressão de 64 kbps para 8 kbps e também o G.723.1, que possui uma compressão
mais acentuada, para aproximadamente 6 kbps. Em redes ATM, não é necessária a compressão dos
pacotes de voz, pois largura de banda não é um problema para o ATM. Para redes IP, a necessidade de
compressão do sinal de voz vai depender de onde ele está sendo transportado, podendo variar conforme
o ATM, que não necessita de compressão, e o Frame Relay utilizado nas compressões mencionadas.

Quanto aos custos de implementação, o ATM é o mais dispendioso, ficando dependente apenas
dos grandes provedores de serviço e grandes operadoras. O Frame Relay possui boa relação custo-
benefício de acordo com os objetivos de efetivação. O IP vai depender da execução. Existem soluções
nas quais o IP não possui QoS, trabalhando sobre o melhor esforço da rede. Há outras em que o IP pode
ser transportado utilizando a infraestrutura do ATM, provendo confiabilidade e velocidade. Ademais,
existem soluções nas quais o IP é transportado sobre o próprio Frame Relay, provendo WANs conectadas
através do protocolo IP.

Quadro 5 – Comparativo entre as diferentes tecnologias de voz sobre dados

Quesitos VoIP VoFR VoATM


Formato dos Células de tamanho fixo (53
Pacotes de tamanho variável Pacotes de tamanho variável bytes)
pacotes
Entrega dos dados Baseada no protocolo IP Pautada em circuitos virtuais Baseada em circuitos virtuais
Tipo de rede LANs e WANs Em geral WANs LANs e WANs
Possui reserva de banda e
Melhor esforço. Não possui
QoS priorização, mas não é baseada Possui QoS
QoS nos parâmetros de QoS
Possui boa relação custo-
Custos Depende da implementação benefício de acordo com os Alto custo
objetivos de implementação

8.5 Considerações, aplicações e tendências

Agora faremos algumas considerações sobre os principais aspectos que estudamos até aqui.

Abordando as vantagens do uso de redes convergentes, podemos destacar:

• otimização dos recursos de telefonia e dados, pois teríamos uma única rede;
• economia de custos – média de 40% em telefonia DDD.

Lembrete
A qualidade de serviço está diretamente associada à satisfação do
usuário e que, portanto, vai depender de muitos parâmetros relacionados
ao projeto de rede, como topologia de rede, segurança, alocação de recursos,
custos e outros.
116
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

Os parâmetros que merecem atenção especial em redes convergentes são:

• largura de banda de transmissão necessária para uma aplicação específica;

• atrasos fixos e flutuações mínimas de atraso (jitter mínimo).

Os atrasos sofridos pelos pacotes ao longo do caminho desde a origem devem ser compensados pela
aplicação no destino e pela infraestrutura, de forma que a reprodução da informação transmitida seja
realizada com a menor distorção possível, garantindo inteligibilidade.

As tecnologias mais usadas são VoIP, VoFR e VoATM, mas não se pode definir a melhor implementação
tecnológica de voz em redes de dados. Em geral, a melhor é a que já existe para o transporte de dados,
mas não se deve deixar de analisar “corporativamente” outras opções.

Então, o que priorizar no projeto de redes convergentes?

Existem tecnologias consolidadas para uma determinada aplicação, por exemplo, voz nas redes
legadas de telefonia. Para optar por uma implementação de convergência de redes, deve-se avaliar
parâmetros como:

• confiabilidade;
• gerenciamento e reserva de banda;
• otimização de custos; e
• escalabilidade.

Quando falamos em otimização de custos, devemos ter em mente que lucro é a razão da existência
da maioria das empresas e, portanto, este está diretamente relacionado aos custos. Logo, a escolha da
tecnologia e a definição dos parâmetros devem ser feitas de forma adequada, considerando qual é o que
melhor se aplica aos negócios de uma organização.

Resumo

Estudamos nesta unidade os principais protocolos para VoIP: RTP (Real-


Time Transport Protocol), RTCP (Real-Time Transport Control Protocol),
H.323, que comtempla uma série de padrões, SIP (Session Initiation
Protocol), MGCP (Media Gateway Control Protocol) e Megapo (Media
Gateway Control Protocol).

O protocolo RTP tem como objetivo fornecer um mecanismo para levar


dados sensíveis ao atraso, por exemplo, vídeo e áudio, de uma extremidade
a outra na rede, em “tempo real”, fornecendo um meio uniforme para
117
Unidade IV

transmitir dados. Já o RTCP baseia-se em transmissões periódicas de pacotes


de controle por todos os participantes da sessão.

A recomendação H.323 visa especificar sistemas de comunicação


multimídia em redes pautadas em pacotes e que não fornecem uma
Qualidade de Serviço (QoS) garantida. Esse protocolo possui funções de
sinalização e é composto de H.450.X, H.235, H.225.0 (Q.931), H.245 e
H.225.0 ou RAS.

Acentuamos que um protocolo que pode substituir o H.323 é o SIP,


que possui funções de sinalização baseadas em texto para criar e controlar
sessões multimídias com dois ou mais participantes. O SIP almeja criar o
padrão de sinalização e controle para chamadas entre terminais que não
utilizam o padrão H.323. Também possui seus próprios mecanismos de
segurança e confiabilidade.

Os protocolos MGCP e Megaco têm funções de controle de gateway. O


MGCP é usado por controladores de gateways e gateways voltados para controle,
estabelecimento e término de chamadas. Utiliza transações do tipo comando –
respostas que criam, auditam e controlam as chamadas nos gateways.

O Frame Relay e o IP são protocolos que se destinam a aplicações


completamente distintas, servindo apenas como invólucros para o
encapsulamento da informação, seja ela voz, dados ou imagem. A escolha
de um ou outro para o transporte da informação através de uma rede de
comunicação irá depender da aplicação final, e não o contrário.

Em uma rede privada, com conexões ponto a ponto, o Frame Relay pode
ser usado como protocolo básico para a conexão de voz e dados entre duas
localidades quaisquer, sendo transparente ao usuário. O mesmo vale para
o protocolo IP.

A utilização de Voz sobre IP em uma aplicação tipicamente corporativa,


integração de PABX ou ramais remotos para tráfego de voz interno à
empresa, por exemplo, irá certamente demandar maiores investimentos
em banda a fim de garantir a mesma qualidade que seria obtida com Voz
sobre Frame Relay.

Exercícios

Questão 1. (FCC 2010) O envio de pacotes de controle aos participantes de uma chamada,
fornecendo um feedback da qualidade dos serviços de envio de áudio e vídeos pela internet (VoIp),
é realizado pelo protocolo:
118
REDES II – HETEROGÊNEAS E CONVERGENTES

A) SIP.

B) SDP.

C) RTCP.

D) RTP.

E) H323.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o Protocolo de Iniciação de Sessão (Session Initiation Protocol – SIP) é um protocolo


de código aberto de aplicação que utiliza o modelo “requisição-resposta”, similar ao HTTP, para iniciar
sessões de comunicação interativa entre utilizadores.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: o Session Description Protocol (SDP) é um formato para descrever streaming media, um
string de parâmetros de inicialização em ASCII.

C) Alternativa correta.

Justificativa: o RTCP (Real-Time Transport Control Protocol), definido também através da


recomendação RFC3550 do IETF, é baseado no envio periódico de pacotes de controle a todos os
participantes da conexão (chamada), usando o mesmo mecanismo de distribuição dos pacotes de mídia
(voz). Dessa forma, com um controle mínimo, é feita a transmissão de dados em tempo real usando o
suporte dos pacotes UDP (para voz e controle) da rede IP.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: RTC (Real-Time Clock), é um relógio de computador (geralmente sob a forma de um


circuito integrado) que mantém o controle do tempo presente.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: o padrão H.323 é parte da família de recomendações ITU-T (International


Telecommunication Union – Telecommunication Standardization Sector) H.32x, que pertence à série H
da ITU-T e que trata de “Sistemas Audiovisuais e Multimídia”.

119
Unidade IV

Questão 2. (FCC 2007) No Frame Relay:

A) Tanto o roteamento quanto a multiplexação de caminhos virtuais ocorrem em nível de enlace.

B) Um usuário conecta-se diretamente a outro, permitindo que a rede tenha maior desempenho.

C) Somente a multiplexação ocorre em nível de enlace.

D) A excessiva quantidade de campos de controle é um fator de restrição ao seu uso.

E) O roteamento ocorre em nível de enlace e a multiplexação em nível de transporte.

Resolução desta questão na plataforma.

120
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

OLIFER, N.; OLIFER, V. Redes de computadores: princípios, tecnologias e protocolos para o projeto de redes.
São Paulo: LTC, 2008. p. 37.

Figura 2

ALENCAR, M. de. Telefonia digital. 5. ed. São Paulo: Érica, 2011. p. 96.

Figura 3

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 4

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 5

INTERNATIONAL ENGINEERING CONSORTIUM (IEC). Convergence switching and the next-generation carrier.
Web ProForum Tutorials, 2002. Disponível em: <http://intra.itiltd-india.com/quality/TelecomBasics/con_
switch.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2018.

Figura 8

MOULTON, P. Telecommunications Survival Guide. EUA: Prentice Hall PTR, 2001.

Figura 9

PLEVYAK, T.; SAHIN, V. Next generation telecommunications networks, services, and management.
EUA: IEEE Press, 2010. p. 6.

Figura 10

PINHEIRO, J. M. S. Projeto de redes. Fundação Oswaldo Aranha. Rio de Janeiro: Centro


Universitário de Volta Redonda, [s.d.]. p. 1.

Figura 11

BATES, R. J. Broadband Telecommunications Handbook. 2. ed. EUA: McGraw-Hill, 2004.

121
Figura 12

WILKINSON, N. Next Generation Network Services: Technologies & Strategies. 2. ed. Reino Unido: John
Wiley & Sons, 2002.

Figura 13

PINHEIRO, J. M. S. Projeto de redes. Fundação Oswaldo Aranha. Rio de Janeiro: Centro Universitário de
Volta Redonda, [s.d.]. p. 3.

Figura 14

PLEVYAK, T.; SAHIN, V. Next generation telecommunications networks, services, and management.
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Figura 15

SOUZA, M. A. de; CARVALHO, R. D. T. de. Benefícios de se utilizar IMS em uma rede NGN. V SRST –
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Figura 16

SOUZA, M. A. de; CARVALHO, R. D. T. de. Benefícios de se utilizar IMS em uma rede NGN. V SRST –
SEMINÁRIO DE REDES E SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES. Instituto Nacional de Telecomunicações
(Inatel), set. 2016. p. 3.

Figura 17

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Figura 22

PINHEIRO, J. M. S. Projeto de redes. Fundação Oswaldo Aranha. Rio de Janeiro: Centro Universitário de
Volta Redonda, [s.d.]. p. 1.

Figura 23

PINHEIRO, J. M. S. Projeto de redes. Fundação Oswaldo Aranha. Rio de Janeiro: Centro Universitário de
Volta Redonda, [s.d.]. p. 2.

122
Figura 24

PINHEIRO, J. M. S. Projeto de redes. Fundação Oswaldo Aranha. Rio de Janeiro: Centro Universitário de
Volta Redonda, [s.d.]. p. 3.

Figura 25

CROCETTI, H L. O impacto do QoS nas comunicações Voip. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2012. p. 32.

Figura 26

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 29

OLIFER, N.; OLIFER, V. Redes de computadores: princípios, tecnologias e protocolos para o projeto de
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Figura 32

PETERS, J. et al. Fundamentos de VoIP. São Paulo: Bookman, 2008. p. 48.

Figura 34

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 35

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 36

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Figura 37

BERNAL FILHO, H. O que esperar dos serviços VoIP. Teleco, 8 maio 2017. p. 3. Disponível em: <http://
www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialvoip2/default.asp>. Acesso em: 2 ago. 2018.

Figura 38

BERNAL FILHO, H. O que esperar dos serviços VoIP. Teleco, 8 maio 2017. p. 4. Disponível em: <http://
www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialvoip2/default.asp>. Acesso em: 2 ago. 2018.
123
Figura 39

Grupo UNIP-Objetivo.

Figura 40

JESZNSKY, P. J. E. Sistemas telefônicos. Barueri, SP: Manole: 2004. p. 433.

Figura 43

JESZNSKY, P. J. E. Sistemas telefônicos. Barueri, SP: Manole: 2004. p. 413.

Figura 44

JESZNSKY, P. J. E. Sistemas telefônicos. Barueri, SP: Manole: 2004. p. 424.

Figura 45

JESZNSKY, P. J. E. Sistemas telefônicos. Barueri, SP: Manole: 2004. p. 427.

Figura 47

DE OLIVEIRA, J. C. M. MeGaCo: conheça o protocolo de sinalização de Mídia Gateways VoIP. Teleco,


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Exercícios

Unidade I – Questão 1: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS (TCE/GO). Concurso Público para
Provimento de Cargos 2009: Analista de Controle Externo – Tecnologia da Informação. Conhecimentos
Específicos I. Questão 65. Disponível em: <https://arquivo.pciconcursos.com.br/provas/12941193/
aec1148ef520/prova_j10_tipo_001.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2018.

Unidade I – Questão 2: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ (TJ/PI). Concurso Público 2015: Analista
Judiciário – Analista de Sistemas/Telecomunicações. Conhecimentos Específicos. Tipo 1 – Branca. Questão
92. Adaptada. Disponível em: <https://arquivo.pciconcursos.com.br/provas/23853598/75dfe4c7f037/
analista_judic_apoio_especial_analista_sistemas_telecomun_tipo_1.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2018.

Unidade II – Questão 1: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO SERGIPE (MPE/SE). Concurso


Público para Provimento de Cargos 2009: Analista do Ministério Público – Análise de Sistemas.
Conhecimentos Específicos. Questão 51. Disponível em: <https://arquivo.pciconcursos.com.br/
provas/11549505/972502ba1eaa/prova.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2018.

Unidade II – Questão 2: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS (TCE/GO). Concurso Público para
Provimento de Cargos 2014: Analista de Controle Externo – Tecnologia da Informação. Conhecimentos
Específicos I. Questão 69. Disponível em: <https://arquivo.pciconcursos.com.br/provas/21436934/
e1434049af42/analista_cont_ext_tec_inf_h08_tipo_001.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2018.

Unidade III – Questão 1: CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISA EM AVALIAÇÃO E SELEÇÃO E DE PROMOÇÃO


DE EVENTOS (CEBRASPE). Concurso Público TRT 8 2016: Analista Judiciário – Apoio Especializado –
Tecnologia da Informação. Prova Objetiva. Questão 14. Disponível em: <https://arquivo.pciconcursos.com.
br/provas/24375082/b4aad1488d60/pv_objetiva_cargo_11.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2018.

Unidade III – Questão 2: PROCESSAMENTO DE DADOS DO AMAZONAS S.A. (PRODAM). Concurso Público 2014:
Engenheiro Eletricista. Conhecimento Específico II. Questão 37. Disponível em: <https://arquivo.pciconcursos.
com.br/provas/20648177/cdca81fb26ba/s15_t_engenharia_eletrica.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2018.
127
Unidade IV – Questão 1: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (MPE-RN).
Concurso Público 2010: Analista de Tecnologia da Informação – Redes/Segurança/Conectividade.
Conhecimentos Específicos. Prova C03. Questão 73. Disponível em: <https://s3.amazonaws.com/
files-s3.iesde.com.br/resolucaoq/prova/prova/23933.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2018.

Unidade IV – Questão 2: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4a REGIÃO (TRF). Concurso Público para
Provimento de Cargos 2007: Técnico Judiciário – Área Apoio Especializado (Operação de Computadores).
Conhecimentos Específicos. Questão 59. Disponível em: <https://arquivo.pciconcursos.com.br/
provas/10426763/cc44e4a2b068/prova_x_tipo_001.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2018.

128
129
130
131
132
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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