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e Comunicação
Autor: Prof. Antônio Palmeira de Araújo Neto
Colaboradores: Profa: Elisangela Monaco
Prof: José Carlos Morilla
Professor conteudista: Antônio Palmeira de Araújo Neto
Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista (UNIP), 2013. Especialista em Gestão da Tecnologia
da Informação pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), em Pernambuco, 2010. Engenheiro de
Telecomunicações pela Universidade de Pernambuco (UPE), 2008. Profissional certificado em Itil v3 Foundation e Cobit
v4.1 Foundation.
Professor de disciplinas de Tecnologia da Informação dos cursos de graduação (presencial e a distância) em Gestão
de TI do Centro Universitário do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Professor de disciplinas de
Tecnologia da Informação e Redes de Computadores na Universidade Paulista (UNIP). Professor de disciplinas técnicas
de Telecomunicações do Instituto Técnico de Barueri (ITB).
Tem experiência de mais de dez anos em Gestão e Governança de TI e na prestação de serviços de TI a empresas
do segmento financeiro e concessionárias de serviços de telecomunicações.
CDU 681.324
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Ricardo Duarte
Marcilia Brito
Sumário
Redes de Dados e Comunicação
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 10
Unidade I
1 FUNDAMENTOS DE COMUNICAÇÃO DE DADOS................................................................................. 11
1.1 Sistema básico de comunicação..................................................................................................... 11
1.1.1 Histórico das redes de comunicação.........................................................................................................11
1.1.2 Sistema básico de comunicação........................................................................................................ 14
1.1.3 Sinais da informação.............................................................................................................................. 15
1.1.4 Transmissão de sinais............................................................................................................................. 16
1.1.5 Processos de comunicação.................................................................................................................. 18
1.1.6 Desempenho dos sistemas de comunicação................................................................................ 19
1.2 Tipos de sistema de comunicação.................................................................................................. 20
1.2.1 Sistema de telefonia fixa...................................................................................................................... 20
1.2.2 Sistema de telefonia celular................................................................................................................ 21
1.2.3 Histórico e tecnologias de telefonia móvel celular................................................................... 23
1.2.4 Sistemas de comunicação por fibras ópticas............................................................................... 27
1.2.5 Sistemas de comunicação por rádio................................................................................................ 28
1.2.6 Sistemas de comunicação via satélite............................................................................................. 28
2 REDES DE COMPUTADORES......................................................................................................................... 30
2.1 Elementos de uma rede...................................................................................................................... 30
2.1.1 Introdução.................................................................................................................................................. 30
2.1.2 Protocolos................................................................................................................................................... 31
2.1.3 Tipos de protocolo quanto ao sincronismo................................................................................... 33
2.2 Classificação das redes........................................................................................................................ 33
2.2.1 Classificação das redes de computadores quanto à abrangência....................................... 33
2.2.2 Classificação das redes de computadores quanto ao modelo computacional............... 36
2.3 Topologias de rede................................................................................................................................ 36
2.3.1 Arquiteturas e topologias de rede.................................................................................................... 36
2.3.2 Topologias físicas de rede..................................................................................................................... 37
2.3.3 Topologias lógicas de rede................................................................................................................... 39
2.4 Equipamentos de rede......................................................................................................................... 40
2.4.1 Equipamentos e dispositivos de rede.............................................................................................. 40
2.4.2 Concentradores de rede........................................................................................................................ 40
2.4.3 Roteadores.................................................................................................................................................. 42
2.4.4 Outros dispositivos de rede.................................................................................................................. 43
Unidade II
3 CANAL DE COMUNICAÇÃO.......................................................................................................................... 48
3.1 Conceito e características dos canais de comunicação......................................................... 48
3.1.1 Meios físicos............................................................................................................................................... 48
3.1.2 Cabeamento estruturado..................................................................................................................... 48
3.2 Tipos de canal de comunicação....................................................................................................... 50
3.2.1 Cabo coaxial............................................................................................................................................... 50
3.2.2 Cabo de par trançado............................................................................................................................. 52
3.2.3 Fibras ópticas............................................................................................................................................. 53
3.2.4 Fiber to the Home (FTTH)...................................................................................................................... 54
3.2.5 Canal de comunicação de rádio........................................................................................................ 55
3.3 Distúrbios no canal de comunicação............................................................................................ 57
3.3.1 Efeitos indesejáveis nos meios físicos............................................................................................. 57
3.3.2 Distúrbios específicos do canal de comunicação de rádio..................................................... 57
4 PADRÕES E PROTOCOLOS DE REDE.......................................................................................................... 58
4.1 Padrões internacionais........................................................................................................................ 58
4.1.1 Organizações padronizadoras............................................................................................................. 58
4.2 Modelo OSI............................................................................................................................................... 59
4.2.1 Introdução.................................................................................................................................................. 59
4.2.2 Camadas superiores do modelo OSI................................................................................................. 61
4.2.3 Camada de transporte do modelo OSI............................................................................................ 63
4.2.4 Camada de rede do modelo OSI........................................................................................................ 64
4.3 Modelo TCP/IP......................................................................................................................................... 64
4.3.1 Introdução.................................................................................................................................................. 64
4.3.2 Comparação dos modelos OSI e TCP/IP ......................................................................................... 65
4.4 Protocolos de comunicação de dados.......................................................................................... 66
4.4.1 Protocolo de Internet (IP)..................................................................................................................... 66
4.4.2 Protocolo de transporte........................................................................................................................ 67
Unidade III
5 CAMADA FÍSICA................................................................................................................................................ 72
5.1 Padrões de camada física................................................................................................................... 72
5.1.1 Introdução.................................................................................................................................................. 72
5.1.2 Padronizações na camada física........................................................................................................ 73
5.2 Sinalização e codificação................................................................................................................... 73
5.2.1 Códigos de sinais elétricos................................................................................................................... 73
5.2.2 Sinalização e codificação...................................................................................................................... 75
5.3 Multiplexação e modulação.............................................................................................................. 77
5.3.1 Multiplexação............................................................................................................................................ 77
5.3.2 Modulação.................................................................................................................................................. 78
5.4 Interfaces e conexões.......................................................................................................................... 78
5.4.1 Placa de rede............................................................................................................................................. 78
5.4.2 Modem......................................................................................................................................................... 79
6 CAMADA DE ENLACE...................................................................................................................................... 80
6.1 Funcionalidades da camada de enlace......................................................................................... 80
6.1.1 Introdução.................................................................................................................................................. 80
6.1.2 Controle de erros..................................................................................................................................... 81
6.1.3 Detecção e correção de erros............................................................................................................. 81
6.1.4 Enquadramento........................................................................................................................................ 82
6.2 Padrões de camada de enlace.......................................................................................................... 82
6.2.1 Padrões e protocolos de baixo nível................................................................................................. 82
6.2.2 Padrões de camada de enlace para redes LAN............................................................................ 82
6.2.3 Padrões de camada de enlace para redes WAN.......................................................................... 83
6.3 Ethernet..................................................................................................................................................... 87
6.3.1 Introdução.................................................................................................................................................. 87
6.3.2 Subcamadas da camada de enlace................................................................................................... 88
6.3.3 CSMA/CD..................................................................................................................................................... 88
6.3.4 Endereçamento Ethernet...................................................................................................................... 89
6.3.5 Quadro Ethernet....................................................................................................................................... 91
6.3.6 A Ethernet na camada física............................................................................................................... 92
Unidade IV
7 SWITCHING......................................................................................................................................................... 97
7.1 Conceito de comutação...................................................................................................................... 97
7.1.1 Introdução.................................................................................................................................................. 97
7.1.2 Comutação Ethernet.............................................................................................................................. 97
7.2 Operação do switch.............................................................................................................................. 99
7.2.1 Processo de aprendizagem de endereços...................................................................................... 99
7.2.2 Decisão de filtragem e encaminhamento....................................................................................101
7.2.3 Redundância e loops............................................................................................................................102
7.2.4 Spanning Tree Protocol.......................................................................................................................102
7.3 Configurações de switch..................................................................................................................104
7.3.1 Configurações básicas..........................................................................................................................104
7.3.2 Configurações intermediárias...........................................................................................................106
7.4 Redes locais virtuais...........................................................................................................................107
7.4.1 Introdução................................................................................................................................................107
7.4.2 Associações e identificações de VLANs.........................................................................................108
8 REDES SEM FIO...............................................................................................................................................109
8.1 Redes 802.11.........................................................................................................................................109
8.1.1 Introdução................................................................................................................................................109
8.1.2 Arquitetura de redes Ieee 802.11..................................................................................................... 110
8.2 Classificação das redes......................................................................................................................111
8.2.1 Evolução e classificação dos padrões Ieee 802.11.....................................................................111
APRESENTAÇÃO
O objetivo desta disciplina é apresentar uma visão geral da comunicação de dados e das redes de
computadores. Tendo por base o modelo OSI, que é extremamente didático e facilita a compreensão das
redes de computadores, vamos avançar pela camada 1, conhecida como camada física, e pela camada
2, conhecida como camada de enlace.
O escopo bem definido deste livro não permitirá avançar para as outras camadas do modelo
OSI (camadas 3 a 7) – elas serão objeto de estudo de outra disciplina. No entanto, veremos de
forma introdutória essas camadas, a fim de preparar o aluno para as próximas etapas do curso de
Redes de Computadores.
Com este livro-texto, esperamos que o aluno tenha um primeiro contato com assuntos específicos
de redes de computadores, conhecendo fenômenos interessantes que ocorrem no dia a dia. Desse modo,
será possível mostrar a teoria relacionada às práticas que vivenciamos com uma visão de usuário.
Outro objetivo desta disciplina está relacionado ao conhecimento das tecnologias de comunicação
(e, por que não dizer, das telecomunicações), principalmente aquele que antecedeu todo o ferramental
utilizado pelas modernas redes de computadores.
Adiante, empreenderemos um aprofundamento nas duas camadas mais inferiores do modelo OSI,
que são as camadas física e de enlace. Com relação à camada física, a ênfase recairá sobre os padrões
de sinalização, codificação, multiplexação, modulação, interfaces e conexões. Quanto à camada de
enlace, o foco estará nas suas funcionalidades, padrões, e nas tecnologias Ethernet, utilizadas na
maioria das redes locais.
Por fim, serão construídas as bases de conhecimento sobre switching e sobre redes sem fio. A
abordagem contemplará o conceito de comutação, a operação e o funcionamento do switch, com
configurações básicas, além do uso das redes locais virtuais. Depois, ocorrerá o nosso primeiro contato
com as redes sem fio, mencionando os seus conceitos básicos, classificações e operação.
9
Esperamos que você se sinta motivado a ler e conhecer mais sobre o mundo das redes de dados
e comunicação.
Boa leitura!
INTRODUÇÃO
Entre os itens que compõem a infraestrutura de Tecnologia de Informação (TI), parece que as redes e
as telecomunicações configuram-se como os mais fantásticos. Isso porque de nada adianta alguém ter o
melhor software do mundo, com diversas funcionalidades, sem uma conexão em rede; de nada adianta
ter o melhor hardware do mundo, por meio de um computador com grande capacidade de memória e
velocidade assustadora de processamento, se ele não estiver ligado à Internet. Até grandes massas de
dados podem ser reduzidas a itens de pouca valia se os bancos de dados não se enriquecerem com os
dados estratégicos encontrados nas grandes redes.
Da mesma maneira que a energia elétrica e a água são ubíquos, também o acesso à rede mundial de
computadores – a Internet – vai se tornando ubíquo; cada vez mais pessoas conquistam a oportunidade
de sair da marginalização tecnológica em que muitos se situam, especialmente entre as camadas mais
pobres da população.
Com uma simples visão de usuário, não é possível compreender toda a complexidade que
cerca as formas como os sistemas de comunicação operam. Suas particularidades, características,
especificidades revelam a necessidade de um estudo aprofundado por parte dos profissionais da área
de Tecnologia da Informação.
10
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
Unidade I
1 FUNDAMENTOS DE COMUNICAÇÃO DE DADOS
A vida em sociedade tem sido cada vez mais transformada pelas ferramentas tecnológicas. Uma
destas, sem dúvida, é o aparato da comunicação de dados e informações, que estendeu e fortaleceu a
capacidade do homem moderno de se relacionar, criando novas interações sociais, comerciais e pessoais.
Esse fato toca em uma necessidade crucial do ser humano: a interação com o outro.
Com o uso das redes sociais, a comunicação quase que instantânea, o crescimento assustador da
Internet, o uso dos smartphones e seus numerosos aplicativos, a computação nas nuvens, a Internet
das Coisas (IoT), entre outros, é praticamente impossível dissociar a maneira que vivemos de tantas
ferramentas tecnológicas de redes.
11
Unidade I
Antes, existiam inúmeras limitações, o que levou as sociedades a empregar diversas formas de
transmitir informação. Práticas como sinais de fumaça, pinturas nas cavernas e esteganografia (arte de
esconder ou camuflar a informação) mostram como as pessoas sempre recorreram a inovações a fim de
facilitar suas atividades diárias que dependiam de um processo de comunicação.
Em 1875, Alexander Graham Bell (1847-1922) inventou o primeiro sistema telefônico com transmissão
elétrica inteligível da voz, através de fio, motivando diversos estudos, trabalhos e inovações em transmissão da
informação. Entre as inovações surgidas após a invenção de Graham Bell, é possível citar:
• 1888 – Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894) apresenta o seu trabalho a respeito das propriedades
das ondas eletromagnéticas e sua transmissão.
• 1893 – Primeira transmissão de voz via rádio através de ondas eletromagnéticas na avenida
Paulista (São Paulo), pelo padre Landell de Moura (1861-1928).
• 1897 – Transmissão de sinais telegráficos sem fio por Guglielmo Marconi (1874-1937).
• 1898 – Desenvolvimento de um sistema de comunicação de rádio para navios russos por Aleksander
Stepanovich Popov (1859-1905).
Após a criação dos primeiros computadores, no início da segunda metade do século XX, passou-se a
pensar em uma maneira de transmitir dados de uma máquina para a outra. Até então, a comunicação
estabelecida permitia apenas a transmissão de voz, de sinais de televisão e de códigos.
A Arpanet operava com a tecnologia de comutação por pacotes e por meio de dispositivos conhecidos
como IMPs (Interface Message Processors – Processadores de Mensagens de Interface). Os primeiros
IMPs foram instalados nas Universidades da Califórnia, Stanford e Utah nos EUA. Em 1972, já eram
aproximadamente 15 nós (pontos interconectados) de rede.
Ainda na década de 1970, nos EUA, foi desenvolvido o padrão Ethernet para transmissão de dados.
Esse padrão conseguia a façanha de transmitir informações a uma velocidade de incríveis 2,94 Mbps,
por meio de um cabo coaxial, conectando 256 estações de trabalho.
Cada vez mais estão se descobrindo novas formas de utilização da Internet. Aumentam-se os
limites do que é possível, bem como os recursos da Internet e a função que ela exerce em nossas
vidas. Menciona-se muito, atualmente, a Internet de Todas as Coisas – Internet of Everything (IoE) –,
reunindo pessoas, processos, dados e tudo o que torna as conexões em rede mais relevantes e valiosas.
Ela transforma informações em ações que criam novos recursos, experiências mais enriquecedoras e
oportunidades econômicas sem precedentes para indivíduos, empresas e países.
Saiba mais
Para conhecer um pouco mais sobre a Internet das Coisas, leia o artigo:
SUPPI, G. M. et al. Uma visão geral sobre a internet das coisas. Revista
Univap, São José dos Campos, v. 22, n. 40, p. 586-599, 2016.
13
Unidade I
Fonte da Usuário da
Transmissor Receptor
informação informação
Canal
Sinal transmitido Sinal recebido
O canal, também conhecido como canal de comunicação, é o meio físico situado entre o transmissor
e o receptor, pelo qual transitam os sinais da informação. Em um sistema de comunicação de telefonia,
seria o par de fios metálicos.
• Sistema de telefonia fixa: utiliza a comunicação via cabos de pares metálicos para a transmissão
de voz.
• Sistema de comunicação por fibras ópticas: utiliza como canal um cabo de fibra de vidro para a
transmissão da informação por meio de um sinal de luz. Para formar esse sistema, é necessário
que o canal possua duas fibras ópticas (uma para transmissão, outra para recepção).
14
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
• Sistema de comunicação por rádio: sistema de comunicação sem fio que proporciona a transmissão
de sinais por meio de ondas eletromagnéticas.
Mais do que a comunicação de voz, esses sistemas proporcionam a transmissão de dados. Esse
entendimento é importante porque, nos dias de hoje, com o uso da Internet, tudo (voz, imagens, vídeos
etc.) tem sido transformado em dados. Os sistemas de telefonia fixa têm sofrido muitos impactos e sido
gradativamente substituídos por sistemas via Internet, que convertem a voz no Protocolo de Internet
(IP) – o famoso VoIP (Voice over Internet Protocol).
t t
0 0
(a) (b)
Observação
Mesmo sabendo que o mundo é analógico (som, imagem, voz), as comunicações digitais são mais
seguras que as analógicas. Os sinais digitais são facilmente armazenados em memórias modernas, o
que não acontece com os analógicos. Além disso, a eficiência na transmissão digital é maior do que
na analógica.
Os sinais analógicos são normalmente representados por meio de uma onda senoidal, dotada das
seguintes características:
15
Unidade I
A falta de eficiência na transmissão analógica é verificável quando ocorrem ruídos no meio físico
ou algum tipo de interferência. Isso porque o receptor analógico não percebe que a informação,
acometida por um ruído ou interferência, está corrompida. Dessa forma, para a transmissão de
dados, o sinal analógico configura-se como praticamente inviável, não sendo assim utilizado para
redes de computadores.
Como o sinal digital assume apenas valores predefinidos, a transmissão de dados por meio de
sistemas de comunicação digital torna-se, portanto, mais adequada para as redes de computadores.
O computador “compreende” apenas o que é digital, mais especificamente o que é binário, ou seja,
dois valores: 0 (zero) e 1 (um). Cada algarismo que representa um número binário é chamado de bit.
Assim, toda a realidade em volta de um sistema computacional é traduzida para bits e bytes (conjunto
de oito bits).
Já a transmissão digital ocorre por meio de uma sequência de pulsos com amplitude fixa, geralmente
representada pelos números 0 ou 1. A maior parte das tecnologias de longa distância trabalha diretamente
com transmissão digital. Essa transmissão utiliza modems digitais para efetuar uma técnica conhecida
como modulação.
A transmissão de sinais pode ser feita de três modos diferentes: simplex, half-duplex e full-duplex.
A transmissão simplex ocorre apenas de forma unidirecional, ou seja, obedece apenas a uma direção.
Nesse modo, as duas pontas envolvidas no processo de comunicação executam os seus papéis bem
16
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
definidos de transmissor ou receptor, sem qualquer inversão. Um bom exemplo é a transmissão de sinais
de TV analógica ou de rádio AM e FM.
Transmissor Receptor
(TX) (RX)
A transmissão half-duplex ocorre de forma bidirecional e não simultânea, isto é, as duas pontas
envolvidas no processo de comunicação exercem o papel de transmissor e receptor, mas isso não ocorre
ao mesmo tempo. Um exemplo desse modo de transmissão é a comunicação de rádio tipo walkie-talkie.
Transmissor Receptor
(TX) (RX)
Ou
Receptor Transmissor
(RX) (TX)
A transmissão full-duplex ocorre de forma bidirecional e simultânea, quer dizer, as duas pontas
envolvidas no processo de comunicação transmitem e recebem simultaneamente. Um exemplo disso é
o sistema de comunicação de telefonia móvel celular ou de telefonia fixa. Como referido antes, quando
um dispositivo efetua transmissão e recepção, recebe o nome de transceptor.
Transceptor Transceptor
17
Unidade I
A transmissão assíncrona, por sua vez, é aquela em que não há um controle por nenhum mecanismo
de sincronização no receptor. As informações são enviadas, por exemplo, em sequências de um byte que
contêm a indicação de início e fim de cada agrupamento.
Observação
O sinal de clock é um sinal externo à transmissão que aponta o início e
o fim dos dados transmitidos em um processo de comunicação. Esse sinal é
medido pela mesma unidade da frequência, ou seja, em Hertz.
A modulação é o processo pelo qual uma onda portadora é alterada segundo as características
de um sinal que precisa ser transmitido a um destino. Na modulação, o sinal elétrico da informação
modifica pelo menos um parâmetro da onda portadora: amplitude, frequência ou fase. A onda portadora
modulada viaja no canal de comunicação transportando os sinais da informação.
• Modulação analógica: ocorre quando os sinais analógicos da informação atuam sobre uma onda
portadora também analógica.
• Modulação digital: ocorre quando uma portadora de pulsos interage com os sinais analógicos
da informação.
A multiplexação é o processo usado quando se deseja transmitir, em um único meio, sinais oriundos
de diferentes fontes. É uma técnica que otimiza a infraestrutura de uma rede permitindo que um único
canal de comunicação seja compartilhado por vários outros simultaneamente.
A codificação é um processo utilizado por sistemas de sinais digitais para a conversão de sinais. A
modulação é bastante empregada em sistemas de transmissão analógicos; a codificação, em sistemas digitais.
18
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
• Ruído: sinais aleatórios de origem natural que provocam efeitos indesejáveis nos canais
de comunicação.
Observação
Ao somar todos os atrasos encontrados nos pacotes de dados e dividi-los pelo número de pacotes de
dados, encontra-se uma outra medida de desempenho conhecida como jitter.
A relação sinal-ruído, representada muitas vezes pela sigla SNR, é a razão entre a potência transmitida
de um sinal e o ruído encontrado na transmissão. Essa relação expressa as influências de um ruído
em um processo de transmissão. Assim, quanto menor for a relação sinal-ruído, maior será o efeito
indesejável no canal de comunicação.
19
Unidade I
Considerado um dos mais antigos e populares sistemas de comunicação, o sistema de telefonia fixa
é destinado à comunicação de sinais de voz por meio de todo o aparato de telecomunicações, que inclui
centrais telefônicas, cabos metálicos, aparelhos telefônicos, entre outros equipamentos.
• Subsistema de distribuição geral: também conhecido como DG, visa à distribuição das linhas
telefônicas dentro de uma central telefônica.
• Subsistema de acesso: composto de todo o aparato físico que interliga a central telefônica até
o assinante do serviço, incluindo equipamentos, derivadores, postes, sistemas de canalização
subterrânea de cabos, entre outros.
A forma simplificada de um sistema de telefonia pode ser vista na figura a seguir, em que
encontramos o PAR (Ponto de Acesso à Rede), o DG (Distribuidor Geral), o AR (Armário Metálico) e a
CCT (Central de Comutação Telefônica). Interligando o PAR e o AR, temos as linhas de assinantes, assim
como interligando o AR e o DG temos os cabos-tronco. O DG e a CCT situam-se no mesmo espaço físico.
Linha de
assinante Cabo-tronco
PAR AR DG
CCT
implementando uma central telefônica em cada distrito de uma região, e depois interligam-se estas por
meio de uma rede hierárquica.
• Central local: é a que possui categoria mais baixa em uma zona, sendo utilizada para o agrupamento de
linhas telefônicas de assinantes. Cada zona pode possuir mais de uma central local.
• Centro terciário: é o ponto de interligação das centrais locais, responsável por atender chamadas
internas a sua zona. Na hierarquia de comutação, pode exercer o papel de centro tandem,
responsável pelas ligações interurbanas.
• Centro secundário: é o ponto de interligação dos centros terciários, responsável por realizar
chamadas entre eles. Na hierarquia de comutação, pode exercer o papel de centro distrital.
• Centro primário: é o ponto de interligação dos centros secundários, responsável por atender
chamadas entre eles. Na hierarquia de comutação, pode exercer o papel de centro regional.
Observação
O sistema de telefonia celular é caracterizado pela construção de uma rede de comunicações baseada
na divisão de uma região em células. Em cada célula, encontra-se uma Estação Rádio Base (ERB) que
possibilita a comunicação do terminal móvel (telefone celular).
Os tipos mais comuns de célula são as omnidirecionais e as setorizadas. As células omnidirecionais são
constituídas por uma ERB com antenas que irradiam sinais em todas as direções. As células setorizadas
são constituídas por uma ERB com várias antenas diretivas, oferecendo cobertura em toda uma área.
A figura a seguir apresenta a ideia da construção de um sistema de telefonia móvel celular com os
seus componentes básicos:
ERB ERB
CCC
ERB
A ERB está interligada a uma Central de Comutação e Controle (CCC). A CCC conecta à rede de
telefonia celular a rede de telefonia fixa comutada.
• Infraestrutura elétrica e civil: suporte necessário para climatizar, salvaguardar e prover energia
elétrica para os equipamentos.
22
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
Uma área de cobertura pode ser constituída por uma ou mais células, e em cada uma delas há um
processo de comunicação com frequências diferentes, porque podem ocorrer ligeiras sobreposições de
uma área em outra. Aquelas células mais distantes podem operar na mesma frequência, possibilitando
o reúso de frequência.
A área de uma célula é estabelecida a partir da densidade de tráfego. Desse modo, quando o tráfego
é relativamente alto, o tamanho da célula é relativamente pequeno, e vice-versa. Essa área também
pode variar de acordo com o ambiente, não sendo circular (seria o ideal), além de apresentar zonas de
sombra, pela existência de prédios e outros obstáculos, que podem ser naturais ou não.
Quando o assinante está realizando uma chamada e precisa se deslocar entre células adjacentes,
afirma-se que houve uma operação de handoff ou handover, que, em tese, é totalmente imperceptível.
Observação
Se o assinante se deslocar para fora de sua área de cobertura em direção à área de cobertura de
outra CCC, ocorrerá um roaming. Assim, uma nova posição é transmitida para a CCC de origem, de modo
que o assinante (longe de sua área original) receba chamadas em roaming.
Saiba mais
A evolução das tecnologias de telefonia móvel celular pode ser dividida em gerações, iniciando na
década de 1970, com padrões bem arcaicos, até as modernas redes de 4ª geração.
As tecnologias são agrupadas nas seguintes gerações: 1ª geração ou redes 1G; 2ª geração ou redes
2G; redes 2,5G; 3ª geração ou redes 3G; 4ª geração ou redes 4G.
23
Unidade I
Observação
Lembrete
Os primeiros sistemas 1G foram implantados entre as décadas de 1970 e 1980 nos Estados Unidos
(tecnologia Amps – Advanced Mobile Phone Service), na Inglaterra (tecnologia Tacs – Total Access
Communication System), no Japão (tecnologia Etacs ou JTACS – Japan Total Access Communication
System), na Escandinávia (tecnologia NMT – Nordic Mobile Telecommunication) e na Alemanha
(tecnologia C450).
Com a substituição das tecnologias analógicas pelas tecnologias digitais, iniciou-se a segunda
geração – a das redes 2G. Os telefones celulares passaram a ser conhecidos como telefones digitais; a
voz era digitalizada no transmissor e enviada na forma de zeros e uns.
Nas redes 2G, o consumo de potência era menor porque a transmissão era digital, possibilitando
assim um maior aproveitamento da bateria. Também foi aí que se iniciaram os primeiros acessos à
Internet a partir do telefone celular, mas sem uma velocidade considerável.
As principais tecnologias utilizadas nas redes de 2ª geração foram efetivamente implementadas por
volta da década de 1990:
24
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
• Na Europa:
• No Japão:
A tecnologia IS-136 sucedeu a tecnologia Amps nos Estados Unidos. Ela também é conhecida como
TDMA, mas vale notar que a sigla TDMA refere-se a uma técnica utilizada tanto pela tecnologia IS-136
como pela tecnologia GSM.
Lembrete
O ponto alto da tecnologia IS-136 é o uso da faixa de frequência de 800 MHz do espectro com a
técnica FDMA associada à técnica TDMA, de modo a compartilhar um mesmo canal para três conexões
diferentes, possibilitando uma triplicação da quantidade de conexões em uma célula. A taxa de
transferência de arquivos alcançada nas redes IS-136 é da ordem de 14,4 kbps.
A tecnologia GSM, disponível desde 1992 na Europa, também utiliza a técnica TDMA associada à
técnica FDMA, com cada canal compartilhando até oito conexões e uma taxa de transferência de no
máximo 9,6 kbps, inferior à tecnologia IS-136. Essa tecnologia provê serviços de dados, voz, fac-símile,
entre outras facilidades.
A tecnologia GSM foi adotada no Brasil pelas novas operadoras de telefonia móvel celular, que
começaram a operar subfaixas de frequência conhecidas como bandas D e E.
A tecnologia IS-95, também conhecida por CDMA, foi lançada nos Estados Unidos em 1995 e opera
na faixa de frequência de 800 MHz com a técnica FDMA. Convém dizer que CDMA também é o nome
dado a uma técnica utilizada por redes 3G.
A única operadora do Brasil que adotou o padrão IS-95 foi a Vivo, nas áreas em que ela atuava.
25
Unidade I
Lembrete
Uma considerável evolução das redes 2G foram as tecnologias aderentes às redes 2,5G. A sua
principal característica foi a elevação das taxas de transferência, conseguida graças à comutação por
pacotes, até então nunca utilizada na telefonia móvel celular. A comutação por pacotes acontecia
apenas para dados. Para as transmissões de voz, persistia a comutação por circuitos (da mesma forma
que nas redes 2G).
As principais tecnologias de redes 2,5G desenvolvidas foram: CDMA2000 1xRTT (RTT – Radio
Transmission Technology), GPRS (General Packett Radio Services) e EDGE (Enhanced Data Rates for
Global Evolution).
O CDMA2000 1xRTT é uma atualização da tecnologia IS-95 (CDMA). A maior diferença quanto à sua
predecessora está no aumento do tamanho do código e no processo de modulação, o que implicou um
aumento na velocidade de transmissão, com a taxa chegando a 144 kbps.
A tecnologia GPRS, traduzida como Serviço por Rádio de Pacote Geral, é praticamente uma
atualização da tecnologia GSM, funcionando da mesma forma que sua predecessora. Sua principal
diferença reside no aumento das taxas de transferência, devido à ampliação do sistema de codificação,
fazendo com que a velocidade no acesso à Internet chegasse a 21,4 kbps.
Também vista como uma atualização da tecnologia GSM, a tecnologia EDGE sucedeu a tecnologia
GPRS, com um aumento nas taxas de transferência para 139,2 kbps. Alguns estudiosos e técnicos da
área de Telecomunicações classificam essa tecnologia como de redes 2,75G, devido ao fato de ela ter
surgido após a tecnologia GPRS.
É importante citar que, no conjunto de padrões HSPA, uma grande evolução foi a criação do
HSPA+, um dos primeiros a utilizar comutação de pacotes tanto para dados quanto para voz nas
comunicações móveis.
26
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
Exemplo de aplicação
Diversas tecnologias de telefonia móvel celular foram utilizadas no Brasil. Pesquise quando cada
uma dessas tecnologias foi implementada, desde a 1ª até a 4ª geração.
O sistema de comunicação por fibras ópticas consiste na transmissão de um feixe de luz modulado
pela informação que se pretende transmitir. Esse feixe é gerado por um transmissor óptico (fonte de luz)
e é recebido por um receptor óptico (detector).
O transmissor óptico pode operar com um dos dois tipos de fonte: LED ou laser. O laser é mais
apropriado por oferecer um sinal de maior potência luminosa e menor largura espectral. O LED possui
menor eficiência de acoplamento e muito mais ruído na transmissão.
O meio físico utilizado é uma fibra de vidro, que proporciona uma transmissão a partir do princípio da
reflexão da luz, através de aparelhos que transformam sinais elétricos em pulsos de luz (fótons). Cada fóton
representa um código binário – 1 ou 0. Essa fibra, constituída de material dielétrico, em geral muito fino, de
sílica ou vidro, transparente, flexível e de dimensões reduzidas, tem em sua construção mais três elementos:
• Núcleo central de vidro: onde ocorre a transmissão da luz; possui alto índice de refração.
• Casca: material de vidro que envolve o núcleo, mas com índice de refração inferior.
• Revestimento: cobertura de plástico fino que protege o revestimento interno.
27
Unidade I
Existem dois tipos de fibra: multimodo e monomodo, sendo a principal diferença entre eles o
diâmetro do núcleo, o que altera a forma como as informações são transmitidas.
Ao executar um projeto envolvendo cabos de fibra óptica, é sempre bom considerar alguns itens,
como: número de fibras; aplicação; minimização de atenuação em curvaturas; características de
transmissão; resistência a tração e curvatura; resistência ao envelhecimento; facilidade no manuseio,
instalação e confecção.
Nos sistemas de comunicação por rádio, o meio de propagação é o ar. Sinais eletromagnéticos são
gerados e propagam-se carregando consigo os bits. As características variam de acordo com o tipo de
transmissão e o local.
Podemos classificar os sinais de rádio em duas categorias: os de pequeno alcance, de poucos metros
a algumas centenas, e os de longo alcance, que podem alcançar algumas dezenas de quilômetros.
Esse sistema é constituído pelo transmissor interligado a uma antena transmissora, que irradia o
sinal. Uma antena receptora capta o sinal e o repassa para o receptor. Caso as antenas estejam instaladas
de forma a haver uma visada entre elas (ou seja, uma antena “vê” a outra), chamamos esse sistema de
comunicação de radiovisibilidade.
Nos sistemas de comunicação por rádio, a antena é um dos principais componentes. Ela é um
transdutor de energia elétrica para energia eletromagnética.
O satélite, desse modo, funciona com um repetidor, regenerando os sinais e transmitindo-os para
locais extremamente distantes das estações que os geraram em terra.
Podemos classificar os satélites quanto à sua altitude e, por conseguinte, quanto à sua órbita, que é
a sua posição no espaço ao redor da Terra, podendo ser elíptica ou circular.
Os mais utilizados comercialmente são os Geos (Geostationary Earth Orbit Satellites – Satélites em
Órbita Geoestacionária da Terra), classificados como satélites geoestacionários. Sua órbita é circular,
equatorial e estática em relação à Terra, ou seja, sua velocidade de translação é a mesma que a da Terra,
o que faz com que o satélite esteja permanentemente sobre o mesmo ponto do planeta. Para conseguir
isso, ele deve ser colocado a uma altitude de 36 mil km do solo. Essa distância toda gera um atraso
significativo de até 280 ms. Apesar do atraso, esse tipo de satélite é o mais utilizado para transmissão
de telefonia intercontinental.
Os Leos (Low Earth Orbit Satellites – Satélites em Baixa Órbita da Terra) estão localizados mais próximos
da Terra e sua translação é diferente da translação da Terra. Portanto, eles não permanecem sobre o
mesmo ponto, exatamente como a Lua. Eles podem comunicar-se entre si e com estações terrestres.
É necessário um grande número de Leos em órbita para cobrir continuamente uma determinada área.
• Superação de obstáculos.
29
Unidade I
2 REDES DE COMPUTADORES
2.1.1 Introdução
A Internet teve um sucesso mais rápido do que se poderia prever. Imagine um mundo sem Internet
– sem Facebook, Google, iTunes, Netflix, Wikipedia, YouTube, mensagens instantâneas, jogos on-line e
fácil acesso à informação. Imagine não haver mais sites de comparação de preços, ter que enfrentar filas
por não poder fazer compras pela Internet, não ser possível pesquisar rapidamente números telefônicos
e não poder achar direções no mapa com apenas um clique. Quão diferente tudo seria!
30
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
Os protocolos são as regras que os dispositivos de rede usam para se comunicar. Os principais tipos
de protocolo são: protocolos de aplicação, protocolos de transporte, protocolos de redes e protocolos
de enlace.
Os meios de comunicação são os meios de transporte que permitem a transmissão de dados. Também
são conhecidos como canais de comunicação. Eles dividem-se em:
• Meios não confinados ou não guiados: quando o sinal se propaga pelo ar, por meio de
ondas eletromagnéticas.
A mensagem é aquilo que se deseja transmitir entre a origem e o destino. A formação, codificação e
formatação da mensagem obedece a regras conhecidas como protocolos.
• Dispositivos intermediários: conectam os hosts individuais à rede e podem conectar várias redes
individuais para formar uma rede interconectada.
2.1.2 Protocolos
Uma comunicação entre duas pessoas é repleta de regras, formais ou informais. Em um tribunal,
quando o advogado, o juiz, as testemunhas ou os réus querem falar, há normas prescritas por um
regimento. Da mesma forma, na comunicação entre computadores, existem normas: os protocolos.
Os protocolos podem ser considerados como acordos ou regras que regem os processos de comunicação
de dados. Eles normalmente são criados em um contexto descrito por um modelo ou padrão, não
operando de maneira isolada, mas totalmente interligados, formando uma pilha de protocolos. Isso
porque os computadores não utilizam somente um protocolo para se comunicar, mas vários.
Apenas com o intuito de exemplificar, sem entrar em detalhes: quando ocorre o download de uma
mensagem de e-mail, há, pelo menos, quatro protocolos envolvidos no processo.
Alguns autores também definem protocolo como a linguagem que os computadores “falam”, ele
serve para que o transmissor e o receptor consigam “conversar” de forma amigável. Por isso, é comum
dizer que os protocolos:
31
Unidade I
Em redes de computadores, os principais modelos que agrupam protocolos são os modelos OSI
(Open System Interconnection) e TCP/IP.
Desenvolvido entre o final da década de 1970 e o ano de 1984, a fim de interconectar sistemas
abertos e segmentar a problemática das redes de computadores em camadas, o modelo OSI foi criado
pela ISO (International Organization for Standardization), que é uma das maiores organizações
internacionais de padronização, atuando em diversas áreas de desenvolvimento tecnológico.
O modelo TCP/IP, também conhecido como modelo DoD (Department of Defense – Departamento de
Defesa norte-americano), foi elaborado para atender a necessidade de criação da rede de computadores
da Arpa (Advanced Research Projects Agency – Agência de Pesquisas e Projetos Avançados do
Departamento de Defesa). É um modelo aberto e relativamente simples. Concebido como projeto em
1970, traduz toda a problemática das redes em camadas, da mesma forma que o modelo OSI.
Outro modelo de protocolos, pouco conhecido e obsoleto, é o modelo SNA (Systems Network
Architecture). Desenvolvido pela IBM, em 1974, define o conjunto de protocolos de comunicação que
utilizam os mainframes fabricados pela IBM. Ele agrupa os seus protocolos em sete camadas: controle
físico, controle lógico do enlace, controle do caminho, controle de transmissão, controle de fluxo de
dados, serviços de apresentação e serviços de transação.
Os protocolos podem ser classificados como de baixo nível e de alto nível. Os protocolos de baixo
nível são aqueles que controlam processos inerentes aos meios físicos da comunicação de dados.
Os protocolos de alto nível trabalham no âmbito do software e estão relacionados a formatação de
mensagens, modo de transmissão, decomposição, entre outros.
32
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
Quanto ao sincronismo de operação, podemos classificar os protocolos em três tipos diferentes. São
eles: protocolos assíncronos, protocolos síncronos e protocolos isócronos.
Os protocolos assíncronos definem formas de transmissão entre duas pontas que não operam de
maneira sincronizada. Desse modo, os caracteres são transmitidos em intervalos de tempo diferentes.
Um bom exemplo são os protocolos que fazem a transferência de dados entre computadores, quando
estes são interligados diretamente a um modem.
Os protocolos isócronos definem formas de transmissão que utilizam bits de start/stop a fim de
delimitar caracteres, ou seja, o processo de comunicação de dados não obedece a um tempo padrão. Um
bom exemplo seria o CSMA/CD (Carrier Sense Multiple Access with Collision Detection), muito usado em
redes locais de computadores.
Quanto à abrangência, as redes de computadores podem, de forma geral, ser classificadas em:
• LAN (Local Area Network): rede relativamente pequena de computadores, de abrangência limitada.
• MAN (Metropolitan Area Network): rede de alta velocidade composta de LANs numa mesma
região metropolitana.
• WAN (Wide Area Network): rede que conecta LANs situadas em diferentes áreas metropolitanas.
Em uma LAN, dispositivos finais de interconexão de LANs estão em uma área limitada, como uma
casa, uma escola, um edifício de escritórios ou um campus. Uma LAN é geralmente administrada
por uma única organização ou uma única pessoa. O controle administrativo que rege as políticas de
segurança e o controle de acesso é executado no nível de rede. As LANs fornecem largura de banda de
alta velocidade aos dispositivos finais internos e aos dispositivos intermediários.
As MANs conectam LANs dentro de uma região metropolitana, alcançando extensões inferiores
às WANs. As principais características das MANs são: interconexão de locais espalhados em uma
cidade, conexões dotadas de velocidades intermediárias entre LAN e WAN, e conectividade com
outros serviços, como o de TV.
As WANs interconectam as LANs em grandes áreas geográficas, como entre cidades, estados,
províncias, países ou continentes. Normalmente, são administradas por vários prestadores de serviço e
costumam fornecer links de velocidade mais lenta entre as LANs.
Em geral, as redes WAN possuem grande heterogeneidade de mídias de transmissão. Além disso,
trabalham com velocidades inferiores àquelas com que estamos habituados nas redes locais. As
tecnologias de comutação em WANs são classificadas em:
A comutação por circuitos é caracterizada pela alocação dos recursos por meio de um caminho
virtual dedicado a garantir uma taxa constante durante a transmissão. Essa comutação é usada em
comunicação de voz, que exige uma transferência contínua da informação. O funcionamento da
comutação de circuitos ocorre em três etapas: estabelecimento, conversação e desconexão.
encaminhamento pela rede. Cada pacote é comutado individualmente e enviado nó a nó entre origem
e destino, podendo a sequência ser alterada pelo fato de essa rede oferecer mecanismos para manter a
sequência de pacotes nó a nó, reordenar pacotes antes da entrega e detectar e recuperar os erros.
A comutação por célula é uma grande evolução se comparada com as duas tecnologias anteriores.
Só se tornou possível devido à baixa taxa de erro dos meios de transmissão existentes, hoje baseados
em fibra óptica. Consiste no uso de células de tamanho fixo. Nessa tecnologia, a banda é alocada
dinamicamente, o que garante o suporte a aplicações de taxa constante, como serviços de voz e vídeo
em tempo real, e taxa variável, como serviços de dados.
Redes WAN são gerenciadas por ISPs (Internet Service Providers), classificados em três níveis: no
nível 1, estão os ISPs responsáveis pelas conexões nacionais e internacionais, dando forma à Internet; no
nível 2, estão os ISPs de serviços regionais, que se conectam ao nível 1 (nesse nível, são vendidos serviços
de rede WAN); por fim, no nível 3, estão os provedores locais, normalmente para usuários domésticos.
O protocolo utilizado dentro do ISP não é o mesmo disponibilizado no loop local dos
clientes finais. A rede interna do ISP usa padrões de comunicação mais eficientes, como o ATM
(Asynchronous Transfer Mode).
Os quadros dos protocolos de enlace WAN são muito semelhantes, representando sinais que indicam
inicialização, endereços, controles, dados, checagem de bits e finalização do quadro. Embora tenham
semelhanças, os algoritmos desses protocolos trazem funcionalidades diferentes em seus campos.
• Modem.
• Servidor de acesso.
• Switch WAN.
• Roteador.
• Roteador de backbone.
• PAN (Personal Area Network): redes de curta distância (alguns poucos metros) – por exemplo, a
tecnologia bluetooth.
• CAN (Campus Area Network): redes que interligam um campus (uma área de dimensão inferior a
uma MAN e superior a uma LAN).
35
Unidade I
• VLAN (Virtual Local Area Network): rede local virtual que surge da segmentação de uma LAN em
redes menores.
• WLAN (Wireless Local Area Network): rede local sem fio.
Nas redes com computação distribuída, cada máquina tem o seu próprio poder de processamento.
É possível subdividi-las em: redes cliente-servidor e redes ponto a ponto. As redes cliente-servidor são
caracterizadas pela presença de um servidor, que controla e compartilha os recursos das redes. Nas
redes ponto a ponto, não temos a presença de servidores, de modo que qualquer computador pode se
comportar como servidor ou como cliente.
Uma arquitetura de rede é um meio de descrever o projeto lógico de uma rede de computadores.
Ela apresenta os meios tecnológicos que sustentam a infraestrutura, os serviços e os protocolos de
rede. As características abordadas pela arquitetura são: tolerância a falhas, escalabilidade, qualidade
de serviço, e segurança.
A topologia de uma rede descreve sua estrutura e o modo como são feitas as conexões entre
os dispositivos.
• Topologia física: descrição da configuração dos meios físicos que interconectam os dispositivos
em uma rede.
36
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
As topologias físicas têm o papel de identificar a disposição física dos componentes de rede. Nelas,
encontramos os dispositivos, os meios físicos e forma como ocorrem as interligações.
Internet
Switch Ethernet
Roteador
Servidor de e-mail
Servidor web
Servidor de Escritório de
arquivos administração
Hub do
Switch administrador
As topologias físicas podem ser classificadas em: topologia física em estrela, topologia física em
barramento e topologia física em anel.
37
Unidade I
Na topologia física em anel, há um meio físico interligando os componentes um por um, formando
um anel físico. A grande fragilidade dessa rede está no ponto de falha que cada componente representa.
A figura que se segue apresenta a ideia da topologia física em anel:
38
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
Ethernet
192.168.2.0
Ethernet
192.168.1.0
As topologias lógicas podem ser classificadas em: topologia lógica em barramento e topologia lógica
em anel.
redes locais opera com essa topologia e esse método porque trabalha com a tecnologia Ethernet. Nas
redes Ethernet, a topologia física usada pode ser em estrela ou em barramento, mas a topologia lógica é
em barramento. Ou seja, todos “enxergam” uma estrela ou um barramento, mas os dados trafegam em
um barramento lógico.
Na topologia lógica em anel, é utilizado o método de acesso controlado, de forma que os dispositivos
podem utilizar o canal de comunicação de modo controlado e revezado. Nesse método, usa-se o processo
de passagem do token – este é passado entre os dispositivos de forma que seus detentores momentâneos
possam utilizar o meio físico. Bons exemplos são as redes Token Ring, FDDI (Fiber Distributed Data
Interface) e Token Bus.
Os dispositivos finais de rede (também chamados de hosts) são aqueles que estão mais próximos das
pessoas. Esses dispositivos formam a interface entre os usuários e a rede de comunicação subjacente.
Um dispositivo de host é a origem ou o destino de uma mensagem transmitida pela rede. São exemplos
de dispositivos finais: computadores, impressoras de rede, telefones VoIP, terminais de videoconferência,
câmeras de segurança e dispositivos móveis.
Os dispositivos intermediários podem ser classificados em: de acesso à rede (switches e pontos de
acesso sem fio), de interconexão (roteadores) e de segurança (firewalls).
O hub, equipamento que trabalha na camada física do modelo OSI, é responsável por repetir,
amplificar e regenerar um sinal para toda a rede, operando com o meio físico que utiliza cabos de pares
metálicos. O hub foi o primeiro equipamento utilizado para implementar redes de computadores locais
com topologia física em estrela, mas ele se comporta como um barramento lógico.
40
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
O hub também é conhecido como repetidor multiporta, devido ao fato de repetir bits recebidos em
uma porta para todas as outras, sem a utilização de qualquer processo inteligente, isto é, o hub não
tem conhecimento dos hosts que estão interligados às suas portas, sendo esse o principal motivo de se
referir ao hub como um equipamento burro.
PC-PT PC-PT
PC0 CopyPC0
Hub-PT
Hub0
PC-PT PC-PT
PC1 CopyPC1
Em redes com grande número de hosts, não é recomendável a utilização de hub, porque ele causa
um aumento no número de colisões. Essas colisões ocorrem quando mais de um host tenta transmitir
ao mesmo tempo, degradando assim o desempenho e a eficiência das redes.
Não obstante, as repetições executadas pelos hubs são extremamente eficientes quando se deseja
estender o alcance de uma rede local, interligando nós de rede fisicamente separados por uma distância
considerável.
Observação
O switch também é um equipamento concentrador. Embora um pouco parecido com um hub, ele
opera na camada de enlace do modelo OSI, justamente porque tem conhecimento dos hosts que estão
interligados a suas portas. Na verdade, o conhecimento do switch é baseado no endereço físico que cada
host possui, denominado endereço MAC.
41
Unidade I
Observação
Dessa forma, o switch encaminha as informações apenas para o endereço físico de destino correto,
evitando tráfego desnecessário e aumentando a eficiência no processo de comunicação de dados.
Isso é possível porque o switch constrói e armazena uma tabela interna dos endereços MAC dos hosts
interligados a suas portas, permitindo o processo de tomada de decisão sobre o correto encaminhamento
das informações que por ele trafegam.
Essa característica de chavear ou comutar a informação de uma porta para a outra faz com que o
switch seja conhecido como comutador ou chaveador.
PC-PT PC-PT
CopyCopyPC0 CopyPC0(1)
2950-24
Switch0
PC-PT PC-PT
CopyCopyPC1 CopyPC1(1)
2.4.3 Roteadores
O roteador é um dos principais dispositivos utilizados em redes locais e redes de longa distância.
Ele tem como principal objetivo interconectar diferentes segmentos de redes, que podem estar em um
mesmo prédio ou distantes a milhares de quilômetros. O roteador encaminha os pacotes de dados entre
as redes de computadores atuando na camada de rede do modelo OSI.
42
REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
Por meio do processo de roteamento, ele toma as decisões sobre os melhores caminhos para o
tráfego da informação, roteando pacotes de dados. Isso é possível devido à construção de tabelas de
roteamento que o roteador mantém para executar adequadamente os seus processos e, assim, facilitar
a comunicação de dados.
Um roteador também pode limitar o tamanho do domínio de broadcast, fazendo com que mensagens
em broadcast sejam impedidas de sair de uma rede para outra.
Observação
Entre os demais dispositivos de rede, é importante citar a placa de rede. Ela é a responsável pela
conexão do computador à rede. Qualquer computador que se interligue a uma rede necessita desse
dispositivo. Cada uma delas possui um endereço MAC único.
43
Unidade I
O servidor é outro equipamento que tem um papel crucial, pela sua presença mandatória nas
arquiteturas de rede cliente-servidor. Os servidores são responsáveis pelo controle e compartilhamento
dos recursos de uma rede. Podem ser classificados como: servidores de impressão, de arquivos, de proxy,
de comunicação, entre outros.
Operando na camada física, os modems também podem ser considerados como equipamentos
importantes para o funcionamento das redes, principalmente de longa distância. O modem tem o
objetivo de transformar os sinais digitais em sinais analógicos para a transmissão, por meio do processo
de modulação. Na recepção, os modems executam a demodulação, que é a transformação do sinal
analógico em digital.
Lembrete
Resumo
45
Unidade I
Exercícios
Questão 1. Uma arquitetura de rede é um meio de descrever o projeto lógico de uma rede de
computadores. Considerando esse aspecto, as arquiteturas de rede podem ser classificadas em:
I – Matricial.
II – Cliente-servidor.
IV – Em linha.
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) II e III, apenas.
E) I e IV, apenas.
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: os dois tipos de arquitetura de redes existentes são: cliente-servidor e ponto a ponto.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: ponto a ponto é um tipo de arquitetura em que qualquer computador pode atuar tanto
como servidor quanto como cliente.
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REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO
IV – Afirmativa incorreta.
I – Placas de rede.
II – Usuários.
III – Modems.
IV – Cabeamento.
A) I e IV, apenas.
B) II, apenas.
C) I, II e III, apenas.
E) I e III, apenas.
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