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de Circuitos Elétricos
Autor: Prof. Marcos Antonio Nascimento
Colaboradores: Prof. Ariathemis Bizuti
Prof. José Carlos Morilla
Professor conteudista: Marcos Antonio Nascimento
É formado em Engenharia Industrial Elétrica pela Universidade Santa Cecília (Unisanta), com mestrado, doutorado
e pós‑doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 2011, iniciou a
carreira como docente na Universidade Paulista (UNIP), ministrando aulas nas disciplinas Circuitos Elétricos, Circuitos
Elétricos Aplicados, Circuitos Lógicos, Eletrônica, Introdução a Sistemas de Controle e Servomecanismos. A partir de
2012, foi promovido a coordenador auxiliar dos cursos de Engenharia Elétrica e Mecatrônica, atuando diretamente no
desenvolvimento das disciplinas e em diversas atividades administrativas e acadêmicas.
CDU 621.3.049
XVIII
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Talita Lo Ré
Rose Castilho
Sumário
Fundamentos de Circuitos Elétricos
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 INTRODUÇÃO: PADRÕES ELÉTRICOS E CONVENÇÕES..........................................................................9
1.1 Notações e prefixos.............................................................................................................................. 10
2 A CARGA ELÉTRICA.......................................................................................................................................... 11
2.1 Lei de Coulomb....................................................................................................................................... 12
2.2 Corrente elétrica.................................................................................................................................... 12
2.3 Tensão elétrica........................................................................................................................................ 14
2.3.1 Analogia hidráulica................................................................................................................................. 14
2.3.2 Circuito elétrico simples........................................................................................................................ 15
2.3.3 Potência e energia................................................................................................................................... 17
2.3.4 Resistividade elétrica.............................................................................................................................. 18
2.3.5 Resistividade de alguns materiais..................................................................................................... 18
2.3.6 Resistência elétrica................................................................................................................................. 19
3 CURTO‑CIRCUITO E CIRCUITO ABERTO................................................................................................... 21
3.1 Curto‑circuito......................................................................................................................................... 21
3.2 Circuito aberto........................................................................................................................................ 22
3.3 Nós, ramos e malhas............................................................................................................................ 23
3.4 Associação de resistores..................................................................................................................... 24
3.5 Associação de resistores em série................................................................................................... 24
3.6 Associação de resistores em paralelo............................................................................................ 25
3.7 Fontes de tensão e fontes de corrente......................................................................................... 27
3.7.1 Fonte de tensão ideal............................................................................................................................. 27
3.7.2 Fonte de tensão real............................................................................................................................... 28
3.7.3 Fonte de corrente ideal......................................................................................................................... 29
3.7.4 Associação de fontes: fontes de tensão e associação em série............................................ 29
3.7.5 Associação de fontes: fontes de tensão e associação em paralelo..................................... 30
3.7.6 Conversão de fontes............................................................................................................................... 31
3.7.7 Lei de Kirchhoff das tensões (LKT).................................................................................................... 32
4 CONVENÇÕES.................................................................................................................................................... 32
4.1 Divisor de tensão................................................................................................................................... 35
4.2 Lei de Kirchhoff das correntes (LKC).............................................................................................. 36
4.3 Divisor de corrente............................................................................................................................... 37
4.4 Transformação estrela‑triângulo.................................................................................................... 38
4.5 Análise de malhas................................................................................................................................. 41
4.5.1 Método de Cramer.................................................................................................................................. 43
4.6 Análise nodal........................................................................................................................................... 46
4.7 Equivalente de Thevenin.................................................................................................................... 49
4.7.1 Utilização do equivalente de Thevenin........................................................................................... 50
4.8 Equivalente de Norton........................................................................................................................ 54
4.9 Princípio de superposição.................................................................................................................. 56
Unidade II
5 GERAÇÃO DE TENSÃO ALTERNADA.......................................................................................................... 68
5.1 Sinal senoidal.......................................................................................................................................... 69
5.2 Valor eficaz ou RMS (valor médio quadrático)......................................................................... 70
6 REPRESENTAÇÃO DO SINAL SENOIDAL NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA................................... 71
6.1 Fasor nas formas retangular e polar............................................................................................. 73
6.2 Relações entre as formas polar e retangular............................................................................. 73
6.2.1 Aritmética com fasores......................................................................................................................... 75
6.2.2 Subtração: deve‑se transformar de polar para retangular..................................................... 75
6.2.3 Multiplicação: deve‑se transformar de retangular para polar.............................................. 75
6.2.4 Divisão: deve‑se transformar de retangular para polar........................................................... 75
7 RESISTÊNCIA, INDUTÂNCIA E CAPACITÂNCIA EM REGIME SENOIDAL....................................... 76
7.1 Capacitância............................................................................................................................................ 76
7.1.1 Associação de capacitores em série e em paralelo.................................................................... 79
7.1.2 Associação em paralelo......................................................................................................................... 80
7.1.3 Associação em série................................................................................................................................ 81
7.1.4 Comportamento do capacitor quando submetido à corrente alternada......................... 82
7.2 Indutância................................................................................................................................................ 83
7.2.1 Propriedades do indutor....................................................................................................................... 86
7.2.2 Associação de indutores em série e em paralelo........................................................................ 87
7.2.3 Comportamento do indutor quando submetido à corrente alternada............................. 89
7.2.4 Comportamento do resistor quando submetido à corrente alternada............................. 93
8 ANÁLISE DE CIRCUITOS ELÉTRICOS EM REGIME SENOIDAL (CA)................................................. 94
8.1 Introdução................................................................................................................................................ 94
8.2 Redução do circuito............................................................................................................................. 94
8.3 Análise de malhas................................................................................................................................. 96
8.4 Análise nodal........................................................................................................................................... 98
APRESENTAÇÃO
Os circuitos elétricos são formados por componentes elétricos como fontes de tensão, fontes
de corrente, resistores, capacitores e indutores. A primeira parte do curso é dedicada ao estudo das
interações entre resistores, fontes de tensão e corrente. Serão abordados os conceitos de resistência
elétrica, corrente elétrica, tensão, fontes de tensão, fontes de corrente, lei de Ohm, leis de Kirchhoff
das tensões e leis de Kirchhoff das correntes. Ainda nessa parte do curso, serão desenvolvidos diversos
métodos de resolução, como análise de malhas, análise de malhas matricial, análise nodal, análise nodal
matricial, princípio da superposição e equivalente de Thevenin e Norton
É importante ressaltar que a tensão contínua, também conhecida como CC (ou DC, em inglês),
está presente nos mais diversos dispositivos eletrônicos utilizados todos os dias (como televisão,
telefone, computador, laptop, smartphone, celular, tablet etc.). No entanto, a tensão fornecida nas
tomadas residenciais é de natureza diferente, trata‑se de tensão alternada, também chamada AC (ou
CA, em inglês).
INTRODUÇÃO
É muito difícil imaginar uma vida sem energia elétrica nos dias de hoje. Quase todas as tarefas que
são realizadas, no âmbito residencial, comercial ou industrial, utilizam a energia elétrica de alguma forma.
Observe ao redor, na sua residência, por exemplo: iluminação, aquecimento de água, refrigeração, sistemas
de entretenimento (áudio e vídeo), sistemas de comunicação e outras tantas aplicações. Repare na sua
empresa: motores, sistemas de controle complexos, robôs e muitas outras aplicações utilizam a energia
elétrica para seu funcionamento. Nesse contexto, o estudo dos circuitos elétricos é de grande importância
na formação do engenheiro. No estudo dos circuitos elétricos, o aluno poderá encontrar dificuldades
com respeito à abstração dos conceitos relacionados aos fenômenos elétricos. Recomenda‑se, sempre
que possível, associar o estudo da teoria com aplicações práticas (laboratório) ou com a utilização de
programas de simulação, que podem ser encontrados em versões livres ou para estudantes.
7
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Unidade I
1 INTRODUÇÃO: PADRÕES ELÉTRICOS E CONVENÇÕES
As sete grandezas de base, que correspondem às sete unidades de base, são: comprimento, massa,
tempo, corrente elétrica, temperatura termodinâmica, quantidade de substância e intensidade luminosa.
As grandezas de base e as unidades de base se encontram listadas, juntamente com seus símbolos, na
tabela a seguir.
Todas as outras grandezas são descritas como grandezas derivadas e são medidas por meio de
unidades derivadas, que, por sua vez, são definidas como produtos de potências de unidades de base.
Outras grandezas podem ser deduzidas com base nas grandezas fundamentais, como mostrado na
tabela a seguir.
9
Unidade I
Quando se trabalha com números muito pequenos ou muito grandes, convém, para ajudar nos cálculos,
alterar a forma de expressá‑los. Para isso, usam‑se as chamadas notações científica e de engenharia. Na
notação científica, expressa‑se uma quantidade por meio do produto entre um número entre um e dez e
uma potência de base dez. Por exemplo, a quantidade 150.000 é expressa como 1,5 x 105, e a quantidade
0,00022 é expressa como 2,2 x 10-4.
A notação de engenharia é similar à notação científica. Entretanto, ela usa, no máximo, três dígitos à
esquerda da vírgula e só potências de dez divisíveis por três. Por exemplo, o número 33.000, em notação
científica, fica 3,3 x 104. Já em notação de engenharia, é representado por 33 x 103. No curso de circuitos
elétricos, sempre é recomendável o uso da notação de engenharia
Obviamente, a notação de engenharia só usa os prefixos do SI das potências divisíveis por três. Esses
prefixos, que aparecem na tabela a seguir, são, por isso, conhecidos como prefixos de engenharia.
10
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Observação
Exemplo de aplicação
1.000
Resposta: = 1 , portanto, 1.000 A = 1 kA.
103
Um capacitor de 1.000 pF corresponde a quantos nF?
2 A CARGA ELÉTRICA
O conceito de carga elétrica é o princípio básico que permite explicar todos os fenômenos elétricos,
tratando‑se da quantidade mais básica em um circuito elétrico. Todos nós, em algum momento, já
experimentamos o efeito de energia elétrica. Por exemplo, quando removemos uma blusa de lã ou,
às vezes, quando descemos do carro e, ao encostar na estrutura metálica, levamos um choque. Nesse
caso, o fenômeno descrito deve‑se à eletricidade estática, gerada pelo atrito entre certos corpos. Outro
exemplo envolvendo eletricidade estática são os raios, uma descarga de grande quantidade de energia
elétrica entre a nuvem e o solo e vice‑versa (o acúmulo de eletricidade estática nas nuvens é decorrente
do atrito entre as partículas que a compõem, como poeira e gotículas de chuva).
Sabe‑se que na natureza existem blocos de construção conhecidos como átomos, e que cada átomo
consiste em elétrons, prótons e nêutrons. Sabe‑se também que a carga de um elétron é negativa e igual
a 1,602 × 10‑19 C, enquanto um próton carrega uma carga positiva e de mesma magnitude. A presença
de números iguais de prótons e elétrons deixa um átomo neutro, ou seja, sem carga elétrica.
Observação
11
Unidade I
A lei da conservação da carga diz que nada pode ser criado nem
destruído, apenas transferido. Assim, a soma das cargas elétricas em um
sistema não muda.
A lei de Coulomb (ou lei do quadrado inverso de Coulomb) é uma lei da física que descreve a força
que interage entre partículas estáticas carregadas eletricamente. Na sua forma escalar, a lei é descrita
pela equação:
qq
F = K 122
d
Onde:
Os elétrons livres são os portadores de carga em um fio de cobre ou em qualquer outro material
condutor de eletricidade. A corrente elétrica é o fluxo ordenado de partículas portadoras de
carga elétrica ou o deslocamento de cargas dentro de um condutor, quando existe uma diferença
de potencial elétrico entre as extremidades. Tal deslocamento procura restabelecer o equilíbrio
desfeito pela ação de um campo elétrico ou outros meios (por exemplo, reação química, atrito,
luz etc.).
Os raios são exemplos de corrente elétrica, bem como o vento solar, porém a corrente mais
conhecida, provavelmente, é a do fluxo de elétrons através de um condutor elétrico, geralmente
metálico. A intensidade i da corrente elétrica é definida como a razão entre o módulo da quantidade
de cargas ΔQ que atravessa certa seção transversal (corte feito ao longo da menor dimensão
de um corpo) do condutor em um intervalo de tempo Δt. A unidade de medida de corrente
elétrica é o ampere, representado pela letra A. A corrente elétrica corresponde ao movimento de
cargas que atravessam uma determinada superfície por unidade de tempo, conforme indicado
na figura a seguir.
12
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
∆q
i=
∆t
Em engenharia, o símbolo ∆ significa variação e, no caso da corrente, ela é obtida pela razão entre
a variação de carga e a variação de tempo. A corrente é dada pela variação de carga por unidade de
tempo. Se essa razão for avaliada para uma variação temporal muito pequena (tendendo a zero), essa
razão entre duas variações pode ser expressa pelo conceito de derivada, de forma que:
dq
i=
dt
Onde:
Na equação anterior, a carga pode ser obtida pela operação inversa da derivada, a integral,
representada pelo símbolo ∫.
Lembrete
13
Unidade I
Denomina‑se tensão elétrica a energia necessária para mover os elétrons no condutor de acordo
com o conceito de corrente elétrica apresentado. Assim, tensão elétrica é a diferença de potencial entre
dois corpos, a energia potencial que vai realizar um trabalho.
Por exemplo, baterias e pilhas criam uma diferença de potencial (ddp) por meio de reações químicas.
Com circuitos apropriados e transformadores manipulando a intensidade de corrente elétrica fornecida,
as fontes de alimentação transformam a energia potencial; dessa forma, pode‑se dizer que tensão
elétrica é a energia que movimenta as cargas elétricas. Sua unidade de medida é o volt, representado
pela letra V.
∆W
V=
∆Q
Onde:
O conceito de tensão elétrica pode ser melhor entendido por meio de uma analogia simples. Para
isso, observe a figura a seguir.
Tq1 Tq2
I
h1
h2
14
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
A figura mostra dois tanques de água, Tq1 e Tq2, interligados por uma tubulação. Verifica‑se que
existe um desnível entre os tanques, indicado pelos níveis h1 e h2. Por causa desse desnível, existirá uma
passagem de corrente de água entre os tanques 1 e 2, mas apenas enquanto existir o desnível: quando
h1 for igual h2, a corrente I cessará.
Lembrete
A figura a seguir mostra um diagrama elétrico simples, que corresponde a uma pilha, dois condutores
e uma lâmpada. Verifica‑se que existem dois sentidos para a corrente elétrica:
Em nosso curso será sempre adotado o sentido convencional para a corrente elétrica, ou seja, do
polo positivo para o polo negativo.
Saiba mais
15
Unidade I
Condutor
V1 Lâmpada
Bateria
Terra
Por meio do diagrama esquemático pode‑se montar qualquer tipo de circuito, sem cometer
enganos. No circuito apresentado observa‑se que a pilha é representada por um símbolo padrão
(V1) e está interligada à lâmpada por meio de fios condutores. A conexão de terra é necessária
em muitos casos, sobretudo em caso de instalações elétricas residenciais, quando, aliás, é
obrigatória pelas normas ABNT. Nos softwares de simulação, a conexão de terra é necessária para
se obter um ponto de referência do circuito. Diversos símbolos adicionais podem ser utilizados
nos circuitos elétricos e serão analisados no decorrer do curso. A tabela a seguir apresenta os
principais símbolos utilizados.
V2 V3
V1 + + +
Bateria Fonte de tensão Fonte de
CC ideal - tensão CA ideal -
I1
R1 R2 Fonte de
Resistor fixo Resistor variável corrente
CC ideal
I2
C1 C2 Fonte de
Capacitor fixo Capacitor variável corrente
CA ideal
L1 L2 Terra
Indutor fixo Indutor variável (ponto comum)
16
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Como visto, a corrente e a tensão são as duas variáveis básicas em um circuito elétrico, mas, para
efeito de projeto, é necessário conhecer outras variáveis. Em geral, precisa‑se saber o quanto de potência
um dispositivo elétrico pode manipular.
Por experiência, sabe‑se que uma lâmpada de 60 watts dá mais luz do que uma lâmpada de
40 watts. Verifica‑se também que as nossas contas de energia elétrica registram a energia consumida
ao longo de um certo período de tempo. Assim, os cálculos de potência e energia são importantes
na análise de circuitos elétricos. Para relacionar potência e energia com tensão e corrente, deve‑se
observar que potência é uma grandeza física que mede a energia que está sendo transformada na
unidade de tempo, ou seja, mede‑se o trabalho realizado por uma determinada máquina na unidade
de tempo. Assim, temos:
dω
p=
dt
Onde:
dω dq dω dω dq
p= = = = vi
dt dq dt dq dt
p = vi
Lembrete
17
Unidade I
Resistividade elétrica é uma propriedade que define a dificuldade que os materiais apresentam à
passagem da corrente elétrica. Assim, quanto mais baixa a resistividade do material, mais facilmente o
material permite a passagem de uma corrente elétrica. A resistividade de um material é diretamente
proporcional ao campo elétrico e inversamente proporcional à magnitude da densidade da corrente. A
fórmula de resistividade elétrica é dada por:
E
ρ=
J
Onde:
É possível fabricar resistências e condutores com uma seção transversal uniforme que permite um
fluxo uniforme de corrente elétrica. Dessa forma, pode‑se derivar uma fórmula ou equação que relacione
a resistividade elétrica com a resistência do condutor.
A
ρ =R
l
Onde:
A tabela a seguir apresenta uma lista com alguns materiais e suas respectivas resistividades. Pode‑se
observar que o melhor condutor elétrico conhecido, à temperatura ambiente, é a prata. Esse metal, no
entanto, é excessivamente caro para o uso em larga escala.
O cobre vem em segundo lugar na lista dos melhores condutores, sendo amplamente usado na
confecção de fios e cabos condutores. Logo após o cobre, encontramos o ouro, que, embora não seja tão
bom condutor como os anteriores, em razão de sua alta estabilidade química (metal nobre), praticamente
não oxida e resiste a ataques de diversos agentes químicos.
18
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
l
R=ρ
S
Onde:
Essa relação não é geral e vale apenas para materiais uniformes e isotrópicos, com seções
transversais também uniformes. Em geral, os fios condutores normalmente utilizados apresentam
essas duas características.
S ρ
Comprimento l
19
Unidade I
A primeira lei de Ohm postula que em um condutor ôhmico (resistência constante), mantido à
temperatura constante, a intensidade (i) de corrente elétrica será proporcional à diferença de potencial
(ddp) aplicada entre suas extremidades. Ou seja, sua resistência elétrica é constante e é representada
pelas fórmulas a seguir.
V
i= ou V = Ri
R
Onde:
Observação
Exemplo de aplicação
Resolução
20
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
R = V/I
Sendo, V = 500 V e
I = 20 A,
R = 500/20. Portanto,
R = 25 Ω.
Logo, a resistência é de 25 Ω.
2. Calcule a corrente elétrica através de um resistor de 1.000 Ω que é submetido a uma diferença de
potencial de 230 V.
Resolução
I = V/R
3.1 Curto‑circuito
21
Unidade I
+ i
Figura 5
A figura apresenta uma fonte de tensão ideal em cujos terminais A e B é ligado um bipolo resistor
com resistência igual a zero. A situação pode ser demonstrada pela equação a seguir.
V
i = lim = ∞, VAB = R.I = 0.I = 0
R→0 R
+ i
VAB
Fonte de tensão ideal R=∞
Figura 6
22
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
V
i = lim = 0, VAB = VAB
R→∞ R
Ou seja, no caso de um circuito aberto, a corrente é igual a zero, e a tensão nos terminais do bipolo
é igual à tensão da fonte.
Observação
• Nó: um ponto no circuito elétrico em que dois ou mais terminais são ligados, podendo ser terminais
de quaisquer elementos do circuito.
• Ramo: é o caminho entre dois nós, sendo a corrente elétrica a mesma ao longo do ramo.
R1
12 Ω
V1 I2 I3 V2
12 V R2 R3 34 V
I1 22 Ω 22 Ω
Nó 3
23
Unidade I
Podem ser vistos no circuito elétrico mostrado nós, ramos e malhas. Nós: o nó 1, que interliga os
terminais da fonte de tensão V1 e a resistência R1, o nó 2, que interliga os terminais de R1, R3 e a fonte
de tensão V2 e o nó 3, que interliga os terminais de V1, R2, R3 e V2. Há também ramos: do nó 1 até o nó
2, tem‑se um ramo (são interligados pelo resistor R1); do nó 2 até o nó 3, tem‑se três ramos, pois os dois
nós são interligados pelos resistores R2, R3 e a fonte V2; do nó 1 até o nó 3, tem‑se um ramo, formado
pela ligação da fonte V1 e o nó 3. Por fim, estão presentes algumas malhas: a primeira malha (I1) é
formada pela fonte de tensão V1 e os resistores R1 e R2, a segunda malha (I2) é formada pelos resistores
R2 e R3 e a terceira malha (I3) é formada pelo resistor R3 e a fonte de tensão V2.
Associação de resistores é uma forma organizada de ligação de resistores utilizada quando se requer
uma resistência diferente daquela que poderia ser obtida de um resistor individual. Há três tipos de
associação: em paralelo, em série e mista.
Por meio dessa associação é possível encontrar um resistor equivalente. A tensão presente em cada
resistor pode ser calculada com a primeira lei de Ohm.
V=R*I
Onde:
v
Figura 8 – Associação em série de resistores
24
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Req = R1 + R2 + R3 + Rn
I1 I2 In
R1 R2 Rn
v
1 1 1 1 1
= + + +
Req R1 R2 R3 Rn
ou
1
Req =
1 1 1 1
+ + +
R1 R2 R3 Rn
Caso o circuito seja composto de apenas dois resistores, pode ser usada uma fórmula simplificada,
indicada a seguir.
R1R2
Req =
R1 + R2
25
Unidade I
Exemplo de aplicação
1. Considere uma associação em série de resistores, em que cada resistor vale 15 Ω. Calcule o resistor
equivalente do circuito.
Resolução
Req = 15 + 15 + 15 = 45 Ω
Resolução
Usando a equação:
1
Req =
1 1 1 1
+ + +
R1 R2 R3 Rn
1
Req = = 2,7273Ω
1 1 1
+ +
10 15 5
Observação
26
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Define‑se como fonte de tensão ideal um dispositivo que fornece uma determinada diferença
de potencial constante independentemente do valor da carga conectada a essa fonte. A simbologia
normalmente utilizada é indicada a seguir.
V2
V1 + +
VAB
I
V1
O esquema mostra uma fonte de tensão V1 alimentando um resistor variável R1. De acordo com o
conceito apresentado de fonte de tensão, a queda de tensão VAB, que poderia ser medida ou calculada sobre
o resistor R1, é sempre constante e é exatamente igual a V1, independentemente do valor ajustado em R1.
Obviamente, para manter a tensão VAB sempre constante, existe uma variação da corrente i, calculada pela
lei de Ohm, que depende do valor ajustado em R1. O gráfico a seguir ilustra o comportamento do circuito.
v
VAB
R1
Figura 12 – Curva da tensão em função de R1
27
Unidade I
Com base no gráfico, verifica‑se que a tensão VAB se mantém constante independentemente do
valor de R1.
Infelizmente, em muitas das aplicações práticas não é possível utilizar o modelo de fonte de tensão
ideal, isso porque as fontes de tensão reais não conseguem fornecer uma quantidade ilimitada de
energia (necessária para manter a tensão nos terminais sempre constante). Assim, é necessário usar um
outro modelo, como representado a seguir, em que a fonte de tensão real é representada como uma
fonte de tensão ideal em série com um resistor Ri. Esse resistor representa uma resistência de perdas,
inerente a todas as fontes de alimentação práticas.
I R1
A B
Ri VAB
V1
VAB
R1
Por meio do gráfico, verifica‑se que agora a tensão VAB não é mais constante e pode variar, dependendo
do valor ajustado em R1. Claro que essa variação depende de Ri. Quanto menor o valor de Ri (resistência
interna da fonte), menor a variação de VAB em função da variação de R1.
28
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Define‑se como fonte de corrente ideal um dispositivo que forneça uma determinada corrente,
constante, independentemente do valor da carga conectada a ela. A seguir é mostrada a simbologia
normalmente utilizada.
I1
I R1
A B
VAB
I1
Nele, a corrente i sempre será igual a i1, independentemente do valor ajustado em R1. Obviamente,
para que a corrente no circuito seja constante, é necessário que a tensão fornecida pela fonte de
corrente seja variável. No limite, quando R1 tender ao infinito, a tensão fornecida por i1 deverá
tender ao infinito de forma a manter a corrente no valor i1. Na prática, no entanto, essa situação
não ocorre porque as fontes reais de corrente fornecem uma quantidade limitada de corrente em
função das necessidades do projeto.
Às vezes, em alguma aplicação, é necessária uma tensão superior à fornecida por uma única fonte de
tensão. Nesses casos, é necessário ligar as fontes de tensão individuais em série, de modo a se conseguir
a tensão necessária ao circuito.
29
Unidade I
Observação
V2 V3
1.5 V 1.5 V
V1
1.5 V
Nessa figura temos três fontes de tensão de 1,5 V cada ligadas em série, fornecendo uma tensão
total de 4,5 V (conforme a indica o multímetro).
Observação
Quando um determinado circuito tem uma demanda de corrente superior àquela que poderia ser
fornecida por uma fonte de tensão individual, pode‑se ligar as fontes de tensão em paralelo, de forma
a atender tal demanda. Observe a figura a seguir.
30
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
V1 V2 V3
1.5 V 1.5 V 1.5 V
Observação
Utilizando a lei de Ohm, pode‑se converter facilmente uma fonte de tensão em fonte de corrente e
vice‑versa. Às vezes, essa operação é necessária para se conseguir uma simplificação de circuitos.
I1 R2
+
-
V1
2 2
A fonte de tensão V1 em série com o resistor R1 pode ser convertida em uma fonte de corrente i1 em
paralelo com um resistor R2. Os cálculos são muito simples.
V1
I1 = e R2 = R1
R1
31
Unidade I
A operação inversa pode ser utilizada para se determinar uma fonte de tensão equivalente com base
em uma fonte de corrente em paralelo com um resistor.
Observação
A LKT diz que, em um determinado percurso fechado, a soma das quedas e elevações de tensão
devem ser nulas. Entende‑se por queda de tensão a tensão que pode ser medida ou calculada em
um elemento passivo (resistor). Já elevação de tensão é a tensão que é gerada ou acumulada por
algum dispositivo que gere diferença de potencial elétrico. Em outras palavras, a soma das quedas
de tensão nos resistores deve ser igual à tensão da fonte.
4 CONVENÇÕES
De forma a facilitar as análises e evitar erros de interpretação, deve‑se adotar uma metodologia
bastante clara com relação ao sentido do fluxo da corrente e das quedas de tensão nos elementos
passivos. Assim, neste curso adota‑se o sentido convencional da circulação da corrente (positivo para o
negativo). Com o auxílio de setas colocadas em locais apropriados, indicam‑se os sentidos corretos das
elevações e das quedas de tensão.
V1
Percurso da corrente i
32
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
• a fonte de alimentação tem uma seta associada de tal forma que a ponta da seta sempre aponta
para o positivo;
• os resistores têm setas associadas indicando as quedas de tensão de tal forma que a ponta de
cada seta sempre aponta no sentido inverso ao sentido da corrente adotada.
ou
Então:
Exemplo de aplicação
1. No circuito mostrado na figura a seguir, calcule a corrente i e a queda de tensão em todos os resistores.
R1 R2 R3
1 kΩ 200 Ω 300 Ω
V1
12 V
33
Unidade I
Resolução
Usando LKT:
2. No circuito mostrado a seguir, calcule a corrente i e a queda de tensão em todos os resistores, além
das correntes que circulam nos resistores R2 e R3.
R1 A R3
1 kΩ 300 Ω
R2
V1 200 Ω
12 V
Resolução
Req = R1 + Req1
Req = 1.000 + 120 = 1.120Ω
34
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
A corrente i será:
V1 12
I= = = 0,0107A
Req 1120
Permite simplificar os cálculos usando uma relação entre resistores e a fonte de alimentação.
Exemplo de aplicação
Use um divisor de tensão para calcular a queda de tensão sobre o resistor R2 no circuito
apresentado a seguir.
R1
200 Ω
R2
V1 100 Ω
1,5 V
35
Unidade I
Resolução
R2
VR2 = V1
R1 + R2
100
VR2 = 1,5 = 0,5V
200 + 100
Lembrete
A lei dos nós determina que, em qualquer instante, é nula a soma algébrica das correntes que entram
(ou saem) de qualquer nó. Ou seja, a soma das correntes que entram em um nó deve ser igual à soma
das correntes que saem desse nó. A figura a seguir é um esquema representativo da lei dos nós.
i4
i1
i3
A
i2
É claro que se deve adotar uma convenção de forma a realizar a soma das correntes de maneira
correta. A seguir estão as principais convenções.
i2 + i4 − i1 − i3 = 0
36
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
−i2 − i4 + i1 + i3 = 0
Exemplo de aplicação
Calcule a corrente que circula no resistor R2 do circuito mostrado a seguir usando o divisor
de corrente.
R1 A R2
200 Ω 200 Ω
I1
1A
R3
1.0 kΩ
Figura 25
Resolução
R3
IR2 = I1
R2 + R3
1000
IR2 = 1 = 0,833A
200 + 1000
37
Unidade I
Em certas situações, em análise de circuitos, os resistores podem não estar em paralelo nem em série.
Observe o caso a seguir.
R1
R2 R3
v
R4
+
-
R5 R6
Observa‑se que os resistores R1 a R6 não estão em série nem em paralelo. Muitos circuitos desse tipo
podem ser simplificados utilizando equivalentes triângulo‑estrela. Pode‑se usar o esquema mostrado a
seguir como guia para realizar a simplificação do circuito.
Rc
a b
R1 R2
Rb Ra
R3
38
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Transformação triângulo‑estrela
RbRc
R1 =
Ra + Rb + Rc
RaRc
R2 =
Ra + Rb + Rc
RaRb
R1 =
Ra + Rb + Rc
Transformação estrela‑triângulo
R R +R R +R R
Ra = R11R22 + R22R33 + R11R33
Ra = R1
R1
R R +R R +R R
Rb = R11R22 + R22R33 + R11R33
Rb = R2
R2
R R +R R +R R
Rc = R11R22 + R22R33 + R11R33
Rc = R3
R3
Exemplo de aplicação
R6
12 Ω
R5 R1
V1 22 Ω 22 Ω
12 V R7
100 Ω
c b
R3
400 Ω
R4 R2
50 Ω 40 Ω
39
Unidade I
Resolução
Analisando o circuito, observa‑se que, se a estrela formada pelos resistores R3, R5 e R6 for transformada
em um triângulo, obtemos uma simplificação significativa do circuito, sem a necessidade de recorrer à
análise de malhas. Assim, alterando o circuito original:
a
Rb
R5
Rc R7
R4
Ra
RbR5 RR
Req1 = + a 4 = 69,217Ω
Rb + R5 Ra + R4
1
Req = = 24,98Ω
1 1 1
+ +
Req Rc R7
V
IR6 = 1 = 0,480A
Req
40
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Para circuitos mais complexos, compostos principalmente de fontes de tensão e resistores, pode‑se
utilizar a análise de malhas, uma sistematização da lei de Kirchhoff das tensões. Para maior clareza, o
método será apresentado tendo por base o circuito mostrado a seguir.
A
R1 R2
2Ω 5Ω
V3
16 V
R3
V1 4Ω
24 V
V2
12 V
No circuito apresentado, deseja‑se calcular as correntes que circulam nos resistores R1, R2 e R3.
Observa‑se que esse circuito é formado por dois circuitos fechados, que, em geral, denominam‑se
malhas. A figura seguinte mostra as malhas do circuito.
A
R1 R2
2Ω 5Ω
V3
16 V
R3
V1 4Ω
24 V
I1 I2
V2
12 V
Para a resolução desse circuito por meio da análise de malhas, podemos usar as seguintes regras:
• com base no sentido arbitrado, e usando LKT, determinam‑se as equações de cada malha;
41
Unidade I
• com o sistema montado, pode‑se resolver o problema por substituição ou por matrizes (em nosso
curso, utilizaremos o sistema matricial para a resolução de tais questões).
V1 − R11
I − R3I1 + R3I2 = 0
V1 − V2 = R11
I + R3I1 − R3I2
V1 − V2 = (R1 + R3 )I1 − R3I2
RI = V
O sistema encontrado pode ser resolvido de diversas formas, inclusive com a inversão direta da
matriz R (detalhes sobre a resolução de sistemas matriciais lineares podem ser obtidos em qualquer bom
livro de cálculo; em nosso curso utilizaremos o método de Cramer para a solução de sistemas lineares).
Supõe‑se que todos os problemas a serem resolvidos recaiam, no máximo, em matrizes 3x3. Sistemas
com matrizes de maiores dimensões devem ser resolvidos com auxílio de uma calculadora programável
ou de um computador com um programa de cálculo adequado.
Saiba mais
42
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
A seguir está o passo a passo que poderá ser aplicado em qualquer circuito, usando a análise de malhas.
• Substituir, na segunda coluna da matriz R, o vetor V e calcular o novo determinante de R’’ (esse
determinante será chamado delta 2).
∆1 ∆2
I1 = I2 =
∆ ∆
6 −4
R=
−4 9
∆ = det[R] = 38
12 −4
R' =
28 9
∆1 = det[R'] = 220
6 12
R'' =
−4 28
43
Unidade I
∆2 = det[R''] = 244
∆1 220
I1 = = = 5,789A
∆ 38
∆2 216
I2 = = = 5,684A
∆ 38
Exemplo de aplicação
R5 I2 V4
5Ω 12 V
V3
V1 12 V
12 V
V2
I1 11 V I3
R4
4Ω
Resolução
Passo 2: como só existem fontes de tensão e resistores, é possível usar o método matricial para a
resolução do circuito. Pode‑se montar o sistema matricial facilmente por inspeção.
45
Unidade I
I1 = 0,0689A
I2 = ‑0,0935A
I3 = 0,0394A
Lembrete
Para circuitos compostos principalmente por fontes de corrente e resistores, pode‑se utilizar a
análise nodal, uma sistematização da lei de Kirchhoff das correntes. Para maior clareza, o método será
apresentado tendo por base o circuito mostrado a seguir.
R5
A 5Ω B
I1 R1 R3 I3
1A 2Ω 1.0 kΩ 1A
I1 = IR1 + IR5
46
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
VA VAB
I1 = +
R1 R5
VA VA VB
I1 = + −
R1 R5 R5
1 1 1
I1 = VA + − VB
R1 R5 R5
Considerando o nó B:
VAB VB
−I3 = − +
R5 R3
VA VB VB
−I3 = − + +
R5 R5 R3
1 1 1
−I3 = − VA + VB +
R5 R3 R5
1 1 1
+ −
R1 R5 R5 VA = I1
1 1 VB −I3
− 1
R5 R + R
3 5
Observa‑se que o sistema resultante é muito parecido com aquele obtido pela análise de malhas. A
diferença principal é que agora determinam‑se as tensões nos nós A e B e os resistores são representados
por condutâncias (1/R). O sistema resultante pode ser representado de forma resumida:
YV = I
47
Unidade I
Onde Y representa a matriz contendo as condutâncias (1/R) do circuito. Para a resolução desse
sistema, pode ser utilizado o método de Cramer. Para a resolução do exercício, devem ser seguidos os
passos descritos a seguir.
Passo 2: como só existem fontes de corrente e resistores, é possível usar o método matricial para a
resolução do circuito. Pode‑se montar o sistema matricial facilmente por inspeção.
1 1 1
2 + 5 − V
A =
5 1
1 1 1 VB −1
− +
5 1.000 5
48
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
0,7 −0,2
∆ = det(Y) = det = 0,1007
−0,2 0,201
1 −0,2
∆1 = det(Y ') = det = 0,001
−1 0,201
0,7 1
∆2 = det(Y ") = det = −0,5
−0,2 −1
De onde:
∆1
VA = = 0,00993V
∆
∆2
VB = = ‑4,965V
∆
Lembrete
Um circuito linear complexo, composto por fontes de tensão, corrente e elementos passivos,
pode ser representado a partir de dois terminais por meio de uma fonte de tensão independente
em série com uma resistência, conforme ilustrado a seguir. O valor da tensão da fonte é a tensão
obtida nos terminais A‑B quando em circuito aberto (tensão de Thevenin, VAB = VTh), e a resistência
de Thevenin (RTh) é a resistência equivalente obtida com base nos terminas A‑B, com todas as
fontes independentes desativadas.
49
Unidade I
a a
RTh RTh
+ +
Circuito complexo
V linear VTh
Th
- -
b b
Exemplo de aplicação
R3 R5
I1 4Ω
V1 1A 4Ω
24 V
R4
4Ω
V3
12 V
B
Resolução
50
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
R1 R2
2Ω A 5Ω A
R3 R5
I1 4Ω
V1 1A 4Ω
24 V
R4
4Ω
V3
12 V
B
3) Calcular (ou medir) a resistência entre os pontos A e B (essa resistência é a resistência de Thevenin).
R1 R2
2Ω 5Ω
R3
R4 4Ω
4Ω
51
Unidade I
Com as fontes desativadas e a carga desligada, deve‑se determinar a resistência entre os pontos A e B.
I1 R3
V1 1A 4Ω
24 V
R4
4Ω
V3
12 V
B
A tensão nos pontos A e B corresponde à tensão de Thevenin e pode ser facilmente calculada
transformando as fontes de tensão em fontes de corrente. Observe o procedimento na figura
a seguir.
A
5Ω
2Ω 12 A 4Ω 1A 4Ω 3A
A seguir, as fontes de corrente são somadas, resultando em uma única fonte de corrente em paralelo
com um resistor, conforme mostrado na figura.
52
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
5Ω
1Ω
16 A
1Ω 5Ω
16 V
RTh
6Ω
VTh
16 V
Equiv Thevenin
53
Unidade I
A IR5
RTh
6Ω
VTh R5
16 V 4Ω
Observação
Circuitos lineares podem também ser representados por meio de uma fonte de corrente em paralelo
com uma resistência, conforme mostrado na figura a seguir. O valor da corrente da fonte é a corrente
que circula do terminal A para o terminal B quando esses são curto‑circuitados (também chamada
corrente de Norton e representada por IN). A resistência de Norton (RN) é aquela obtida dos terminais
A‑B quando todas as fontes são desativadas. A resistência dos circuitos de Thevenin e Norton são
idênticas, bastando que uma seja determinada para um dos circuitos equivalentes (RTh = RN).
a a
RTh
+ IN
Circuito complexo
V linear RN
Th
b b
54
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Exemplo de aplicação
IAB = IN
I1 R3
V1 1A 4Ω
24 V
R4
4Ω
V3 Curto‑circuito
12 V
B
RTh
6Ω
VTh IN
16 V
Vth 16
IN = = = 2,666A
Rth 6
55
Unidade I
IR5
RN
IN 6Ω R5
2.667 A 4Ω
Equiv de Norton
RN 6
IR5 = IN = 2,667 = 1,6 A
R5 + RN 4 +6
Então, verifica‑se que a corrente na carga (iR5) é idêntica para os dois equivalentes.
4.9 Princípio de superposição
• Desativar todas as fontes independentes do circuito, exceto uma (lembrando que desativar significa
substituir fontes de tensão por curtos‑circuitos e fontes de corrente, por circuitos abertos).
• Repetir esses dois passos até que todas as fontes tenham sido consideradas individualmente.
• Determinar a resposta total somando‑se as respostas individuais de cada fonte (as tensões e correntes
obtidas serão a soma das tensões e correntes parciais obtidas no passo anterior). É fundamental
observar o sentido correto das correntes e a polaridade das tensões nas respostas parciais.
56
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Exemplo de aplicação
Determine a corrente iR3 (ou seja, a corrente que circula no resistor R3) no circuito mostrado a seguir
usando o princípio da superposição.
R1 R5 R2
2Ω 2Ω 2Ω
I1
1A
R3 V1
R4 1Ω 12 V
4Ω
Resolução
R3 V1
R4 1Ω 12 V
4Ω
iR3’ = 1,756 A
57
Unidade I
I1
1A
R3
R4 1Ω
4Ω
iR3’’ = 0,488 A
5. A corrente iR3 será soma das contribuições parciais iR3’ e iR3’’. Assim:
Observação
Para desativar uma fonte de tensão, alguns fatores devem ser analisados.
Resumo
1
Req =
1 1 1 1
+ + + ...
R1 R1 R1 Rn
60
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Exercícios
Questão 1. (Enade 2014) A figura a seguir apresenta um sistema fotovoltaico isolado com
armazenamento, suprindo apenas cargas que funcionam em corrente contínua, já que o sistema não
conta com inversor.
Painel fotovoltaico
Cargas CC
Figura 51
61
Unidade I
Ipv Rb
Rp
Lâmpadas
Bomba
Rádio
Vp Vb
Fem
Figura 52
Tabela 6
Sendo os condutores de interligação ideais, desprezando qualquer parcela reativa dos componentes do
circuito e considerando o funcionamento simultâneo de todas as cargas descritas, avalie os itens a seguir:
II – A corrente gerada pelo painel fotovoltaico, Ipv, no instante considerado, é igual a 9,1 A.
62
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
IV – No instante considerado, a bateria contribui com 3 A para suprir as necessidades das cargas
em funcionamento.
A) I, II e IV.
B) I, III e IV.
C) I, III e V.
D) II, III e V.
E) II, IV e V.
Resolução
Carga
Ipv Is Rs Is Icarga
1 2
IRp IRb
Ipv
Rb
Lâmpadas
Malha 1
Bomba
Rádio
Rp Vp Vb
Fem
Vint
63
Unidade I
Sabemos, do enunciado, que a corrente no resistor é igual a Is. Logo, aplicando a lei de Ohm, temos:
vRs = Rs ⋅ IS = 1Ω ⋅ 9A = 9V
A tensão vp no painel solar pode ser obtida pela lei de Kirchhoff para malhas, aplicada à malha 1,
conforme segue.
Ipv = IRp + IS
Do enunciado, sabemos que Is = 9 A. Aplicando a lei de Ohm à resistência Rp, podemos calcular:
vp 21V
IRb = = = 0,1A.
Rp 210Ω
Ao observarmos o nó 2, obtemos:
IS = IRb + Icarga
Nesse caso, desconhecemos os valores da corrente Icarga e da corrente IRb. Para encontrarmos a
corrente Icarga, devemos calcular essa corrente com base na potência consumida pelas cargas ligadas ao
painel solar. Sabemos, do enunciado, que temos três tipos de cargas, conforme descrito a seguir.
Podemos substituir todas essas cargas por uma resistência equivalente Req. Sabemos que a potência
dissipada nessa resistência equivalente é dada pela equação que segue.
64
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
v2b
Ptotal = ReqI2carga = = 144W
Req
Sabemos que vb = 12 V e v 2b = 144 V2, o que significa Req = 1 Ω. Logo, podemos calcular a corrente
Icarga na mesma equação substituindo o valor de Req:
I – Afirmativa correta.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: calculamos a corrente Ipv = IRp + Is = 9 + 0,1 = 9,1 A, que é a corrente fornecida pelo
painel voltaico.
Justificativa: a tensão sobre a resistência Rp pode ser calculada aplicando a lei de Kirchhoff para
tensões na malha 1, conforme feito a seguir.
IV – Afirmativa correta.
65
Unidade I
Justificativa: calculamos o valor de IRb, que é a contribuição da bateria para a alimentação das cargas,
e sabemos que IRb=3A (em módulo).
V – Afirmativa incorreta.
Justificativa: calculamos o valor da força eletromotriz da bateria, que chamamos de vint, e sabemos
que vint = 12V + 60 . 10-3V = 12,06V.
Questão 2. (Enade 2014) Um detector de fumaça é uma câmara formada por dois compartimentos
nos quais são inseridas duas células fotocondutoras, que são elementos cuja resistência varia com a
luminosidade, e uma fonte de luz, conforme ilustra a figura a seguir. Em condições normais, os raios de
luz provenientes da fonte atingem as duas células igualmente. Na ocorrência de um incêndio, apenas a
câmara inferior será preenchida pela fumaça e, assim, a luminosidade na célula será alterada, causando
mudança na sua resistência.
Refletor
Célula de
referência
Células
fotocondutivas
Lâmpada
Barreira opaca
Plástico
transparente
Detector de Refletor
fumaça
Passagem da
fumaça
Sala
Adaptado de: BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 10. ed. Pearson Prentice Hall, 2004.
O circuito do detector de fumaça é mostrado na figura a seguir, no qual existe uma ponte de
Wheatstone. Em condições normais, as resistências das duas células são iguais e o circuito está
equilibrado, de modo que a tensão Vab é nula. Na presença de fumaça, as resistências das células
fotocondutivas tornam‑se diferentes e, assim, surge uma diferença de potencial entre os pontos a
e b. Se essa tensão for maior que um valor preestabelecido, um relé será acionado, o que por sua
vez disparará um alarme.
66
FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
+
Detector de
fumaça
Lâmpada Fonte CC
R1 R2 12 V
10 kΩ
- Vab + -
b a
+
R3 8V
10 kΩ - R4
20 kΩ
Referência N/F
Para o
Relé alarme
N/A
Adaptado de: BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 10. ed. Pearson Prentice Hall, 2004.
Considerando o circuito e os dados da figura anterior, em que valor deverá ser ajustada a resistência
variável R1 para que, em condições normais, a tensão Vab seja nula?
A) 5 kΩ
B) 10 kΩ
C) 12 kΩ
D) 15 kΩ
E) 20 kΩ
67