Você está na página 1de 4

Prof.

Carlos Alberto da Silva Junior DEMAT/UFSJ

0.3 Sequências Monótonas e Limitadas


Nessa seção vamos tratar do estudo de propriedades envolvendo Monotonicidade
de sequências, ou seja, o estudo do Crescimento de sequências.

Definição 0.3.1 Seja s = (a n )n ∈N uma sequência. Dizemos que s é Não Decrescente


se a n ≤ a n+1 , para todo n ∈ N e dizemos que s é Crescente se a n < a n +1 , para todo
n ∈ N.
„

Definição 0.3.2 Seja s = (a n )n∈N uma sequência. Dizemos que s é Não Crescente se
a n ≥ a n+1 , para todo n ∈ N e dizemos que s é Decrescente se a n > a n+1 , para todo
n ∈ N.
„

Definição 0.3.3 Seja s = (a n )n∈N uma sequência. Dizemos que s é Monótona se s for
crescente, decrescente, não crescente ou não decrescente.
„

De uma forma geral, saber se a sequência é, ou não, monótona é suficiente, sem


explicitar claramente o tipo (crescente ou decrescente). Além disso, saber se uma
sequência é crescente ou não decrescente, por exemplo, também nem sempre é
relevante e, por isso, na grande maioria dos casos não nos preocuparemos em ve-
rificar se é necessário, ou não, o uso do igual. Então, falaremos de agora em diante
apenas crescente (para os casos crescente e não decrescente) e decrescente (para
os casos decrescente e não crescente). Vejamos alguns exemplos.

Exemplo 0.3.1 Estude a monotonicidade das sequências a seguir.


 n 
1 (−1)n
 ‹  ‹
a) s = ; b) s = ; c) s = .
2n + 1 n n

Solução:
1 2 3 4
 ‹
a) A sequência s pode ser descrita como a seguir s = , , , , · · · . Observe que
3 5 7 9
os primeiros termos da sequência s nos leva a acreditar que ela é crescente. Para
(n + 1) n +1
comprovar esse fato, observe que a n +1 = = , então,
2(n + 1) + 1 2n + 3

n n +1
a n ≤ a n+1 ⇔ ≤ ⇔ n(2n + 3) ≤ (2n + 1)(n + 1) ⇔
2n + 1 2n + 3

⇔ 2n 2 + 3n ≤ 2n 2 + 3n + 1 ⇔ 0 ≤ 1,
n 
o que é uma afirmação verdadeira, ∀n ∈ N. Portanto, a sequência s = é
2n + 1
crescente.
1 1
b) Como n + 1 ≥ n , então, ≥ , para todo n ∈ N e, consequentemente, a
n n +1
1
 ‹
sequência s = é decrescente.
n

8
Prof. Carlos Alberto da Silva Junior DEMAT/UFSJ

1 1 1
 ‹
c) A sequência s pode ser descrita por s = −1, , − , , · · · . É fácil ver que a
2 3 4
sequência s não é monótona, visto que os seus termos alternam de sinal.

„
Agora vamos definir o que seja sequências Limitadas. É comum confundir li-
mitada com infinita. Mas são conceitos completamente diferentes, por exemplo,
toda sequência que estamos estudando são infinitas em números de termos, mais
pode ser limitada se for convergente. Vamos iniciar com a definição de limitantes
superior e inferior.

Definição 0.3.4 Seja s = (a n )n∈N uma sequência. Um número c é chamando de Li-


mitante Inferior de s se c ≤ a n , para todo n ∈ N. Um número d é chamando de
Limitante Superior de s se d ≥ a n , para todo n ∈ N. Dizemos que s é Limitada se
c ≤ a n ≤ d , para todo n ∈ N.
„

Em outras palavras, uma sequência s = (a n )n∈N é limitada se existe um intervalo


[c , d ] ⊂ R tal que a n ∈ [c , d ], para todo n ∈ N. Vejamos alguns exemplos.

1
 ‹
Exemplo 0.3.2 a) Temos que a sequência s = é decrescente, como vimos no
n
Exemplo 0.3.1. Logo, a n ≤ a 1 para todo n ∈ N. Além disso, a n ≥ 0 para todo n ∈ N.
Assim, s ⊂ [0, 1] e, consequentemente, segue que e é uma sequência limitada.
 n 
b) A sequência s = é crescente, como vimos no Exemplo 0.3.1. Logo, a n ≥ a 1
2n + 1
n 1 1
para todo n ∈ N. Além disso, como = < , para todo n ∈ N, segue
2n + 1 1 2
2+
n
1
que é um limite superior da sequência. Portanto, s é limitada.
2
c) Temos que a sequência s = ((−1)n + 1) é limitada, visto que s = (0, 2, 0, 2, 0, 2, · · · ) e,
consequentemente, s ⊂ [0, 2].

d) a sequência s = (n )n∈N não é limitada, visto que não existe [c , d ] ⊂ R tal que a n ∈
[c , d ], para todo n ∈ N, pois d + 1 ∈
/ [c , d ].
„

Um resultado importante nos diz que toda sequência monótona e limitada é


convergente. Lembre-se, só ser limitada ou o só ser monótona não é suficiente, há
necessidade das duas características.

Teorema 0.3.1 Toda sequência monótona e limitada é convergente.

Demonstração: Não será feita nessas notas. „


Vejamos alguns exemplos.

1
 ‹
Exemplo 0.3.3 a) A sequência s = é monótona e limitada. Consequentemente,
n
convergente. Temos que s → 0.

9
Prof. Carlos Alberto da Silva Junior DEMAT/UFSJ

n 
b) A sequência s = é monótona e limitada. Consequentemente, conver-
2n + 1
1
gente. Temos que s → .
2
c) A sequência s = ((−1)n + 1) é limitada, mas não é convergente, visto que s2n → 2 e
s2n +1 → 0.

d) a sequência s = (n )n∈N é monótona mas não é convergente, visto que s → +∞.


„
2n
‹
Exemplo 0.3.4 Prove que a sequência s = é convergente.
n!

2 4 8 16 2n
 ‹
Solução: Os elementos da sequência são , , , , · · · , , · · · . Assim, a 1 = a 2 >
1 2 6 24 n!
a 3 > a 4 . Logo, a sequência dada parece ser decrescente. Para provar essa afirmação,
observe que

2n+1 2 · 2n 2 2n 2
a n +1 = = = . = an .
(n + 1)! (n + 1).n ! (n + 1) n ! n + 1

2
Como n ≥ 1 ⇒ n + 1 ≥ 2 ⇒ 1 ≥ e, consequentemente,
n +1
2
a n+1 = a n ≤ 1.a n ⇒ a n+1 ≤ a n .
n +1
Assim, a sequência s é monótona e, além disso, 0 ≤ a n ≤ a 1 , para todo n ∈ N. Por-
tanto, segue do Teorema 0.3.1 que a sequência s é convergente. „

Agora vamos apresentar uma recíproca para o Teorema 0.3.1, isto é, qualquer
sequência convergente é limitada.

Teorema 0.3.2 Toda sequência convergente é limitada.

Demonstração: Exercício „
Faça alguns exercícios para fixar o conteúdo. Bons estudos.

0.4 Exercícios
Exercício 0.4.1 Para cada uma das sequências abaixo determine se ela é monótona,
limitada e convergente.
3n − 1 1
 ‹  3   ‹
n −1
a) s = ; d) s = ; g) s = ;
4n + 5 n n + sen(n 2 )
2n − 1
 ‹  n ‹
2
b) s = ; h) s = ;
4n − 1 e) s = (sen(n π)); 1 + 2n
 
1 − 2n 2  nπ  
5n
‹
c) s =

; f ) s = cos ; i) s = ;
n2 3 1 + 52n

10
Prof. Carlos Alberto da Silva Junior DEMAT/UFSJ

n 
(2n )! n2 + 3
 ‹  
j) s = ; l) s = ; n) s = ;
5n 2n n +1

o) s = 3 − (−1)n −1 ;
 n‹
n! n
 ‹
k) s = ; m) s = ;

3n n! p) s = n 2
+ (−1)n
· n ;
n! 1 · 3 · 5 · (· · · ) · (2n − 1)
 ‹  ‹
q) s = ; r) s = .
1 · 3 · 5 · (· · · ) · (2n − 1) 2n · n!

11

Você também pode gostar