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Revisão da teoria de laboratório

Sheng Fong

09/11/2023

1 Como apresentar o resultado experimental


Em um experimento, se medirmos a aceleração como a0 = 0, 25012 m/s2 com incerteza de σa =
0, 1642 m/s2 . Primeria coisa, vamos arredondar a incerteza para um algarismo significativo
como σa = 0, 2 m/s2 . Depois disso, arrendodamos o valor de medido até o dígito que temos
incerteza a0 = 0, 3 m/s2 . (Para arrendodamento, usamos uma regra simples, se o número em
seguido é maior ou igual a 5, arrendodamos para cima. Caso contrário, arrendodamos para baixo.)
No final, aprentamos o resultado como

a = (0, 3 ± 0, 2) m/s2 .

2 Tipos de incertezas
Temos alguns tipos da incertezas. Vamos focar nos seguintes dois tipos:
• Incerteza instrumental σinst : Para qualquer medida, sempre temos incerteza instrumental.
Por exemplo, usando uma regua com o menor medida de 0,1 cm, a incerteza pode ser estimada
como σinst = 0, 05 cm. No laboratório, também usamos um cronômetro com o menor medida
de 0,001 s. Nesse caso a sua incerteza pode ser estimada como σinst = 0, 001 s.

• Incerteza estatística: Se repetirmos um tipo de medida algumas vezes, podemos estimar a


incerteza estatística. Por exemplo, se medimos a distância entre dois sensores três vezes com
uma régua com o menor medida de 0,1 cm e obtemos: d1 = 16, 30±0, 05 cm, d2 = 15, 40±0, 05
cm, d3 = 15, 60 ± 0, 05 cm. Aqui, σinst = 0, 05 cm é incerteza da régua. Vamos calcular a
média da distância:
N
X di 16, 30 + 15, 40 + 15, 60
d = = cm = 15, 767 cm.
i
N 3

1
Agora podemos calcular a incerteza estatística (desvio padrão) como:
s 2 s
N
X di − d (16, 30 − 15, 767)2 + (15, 40 − 15, 767)2 + (15, 60 − 15, 767)2
σd = = cm = 0, 27 cm
i=1
N (N − 1) 3 × 2

Também, podemos calcular a incerteza devido à incerteza instrumental σinst = 0, 05 cm pela


propagação de erro (veja a próxima seção) e temos:
1
q
σd,inst = (0, 05)2 + (0, 05)2 + (0, 05)2 cm = 0, 029 cm.
3
Podemos juntar os erros como
q
σd,total = 2
σd2 + σd,inst = 0, 27 cm.

Nesse caso, como σd,inst ≪ σd , praticamente, temos σd,total ≃ σd e podemos desprezar a


incerteza instrumental. No final, arrendondamos a incerteza para um algarismo significativo
σd,total = σd = 0, 3 cm e escrevemos

d + σd = 15, 8 ± 0, 3 cm.

Se não repetirmos a medida, somente temos a incerteza instrumental. Por exemplo, se medirmos
o peso de uma caneta uma vez com uma balança com incerteza instrumental de 0,1 g e obtemos
a leitura 22,36 g, escrevemos
mcaneta = 22, 4 ± 0, 1 g.

3 Propagação de erro
Para qualquer quantidade experimental que não medimos diretamente, não temos incerteza ins-
trumental nem estatística. Para estimar sua incerteza, temos que fazer a propagação de erro
das quantidades que medimos diretamente. Para estimar a incerteza de uma quantidade F que
depende dos outra variaveis x1 , x2 , x3 , etc. usamos a fórmula mestra
s 2  2  2
∂F ∂F ∂F
σF = 2
σ1 + 2
σ2 + σ32 + .... (1)
∂x1 ∂x2 ∂x3
Para determinar a derivada (parcial) de F em relação de xi , podemos usar a “regra do tombo”
para xi tratando o resto das variaveis como constante denotado por a e b
∂F
F = axni + b =⇒ = anxn−1
i , (2)
∂xi

2
onde n é uma constante não nula. Para uma constante i.e. n = 0, temos
∂F
= 0. (3)
∂xi

Exemplo 1: A posição de uma bola a t = (2, 3 ± 0, 2) s descrita por


1
x = x0 + v0 t + at2 ,
2
onde a posição inicial x0 = (1, 1 ± 0, 1) cm, a velocidade inicial v0 = (0, 45 ± 0, 05) cm/s e a
aceleração a = (5, 1 ± 0, 1) cm/s2 . Podemos determinar a posição a t = (2, 3 ± 0, 2) s como
 
1
x = (1, 1) + (0, 45) (2, 3) + (5, 1) (2, 3) cm = 15, 62 cm.
2
2

A sua incerteza é
s 2  2  2  2
∂x ∂x ∂x ∂x
σx = σx20 + σv20 + σa2 + σt2 .
∂x0 ∂v0 ∂a ∂t

Podemos usar a “regra do tombo” e obter


∂x ∂x ∂x 1 ∂x
= 1, = t, = t2 , = v0 + at.
∂x0 ∂v0 ∂a 2 ∂t
Então, temos
s  2
1 2
σx = σx20 + t2 σv20 + t σa2 + (v0 + at)2 σt2 .
2

Usando os valores t = 2, 3 s, v0 = 0, 45 cm/s, e a = 5, 1 cm/s2 e as incertezas σx0 = 0, 1 cm,


σv0 = 0, 05 cm/s, σa = 0, 1 cm/s2 e σt = 0, 2 s, obtemos

σx = 2, 455 cm.

Arrendodamos σx para um algarismo significativo, podemos escrever o resultado final como

x = (16 ± 2) cm.

3
Exemplo 2: A energia cinética rotacional de um disco de massa m e raio r é dado pela relação
1 2
E = Iω ,
2
onde I = mr2 /2 é o momento de inércia do disco e ω é a velocidade angular. Medimos o raio
e a massa do disco e obtemos r = 3, 5 ± 0, 1 cm e m = 61 ± 3 g, respectivamente. A medição
da sua velocidade angular dá ω = 11, 2 ± 0, 3 s−1 . A energia cinética rotacional do disco é
1 1 2
E = × (61 g) (3, 5 cm)2 11, 2 s−1
2 2
= 2, 3434 × 104 g cm2 s−1
= 2, 3434 × 10−3 J.
A sua incerteza é
s 2  2  2
∂E 2
∂E ∂E
σE = σm + σr2 + σω2 .
∂m ∂r ∂ω
Temos
∂E 1 2 2 ∂E 1 ∂E 1
= r ω , = mrω 2 , = mr2 ω.
∂m 4 ∂r 2 ∂ω 2
Então
s 2  2  2
1 2 2 2
1 2 2
1 2
σE = r ω σm + mrω σr + mr ω σω2
4 2 2
r
1 2 2 σm 2 σr2 σω2
= mr ω + 4 + 4
4 m2 r2 ω2
= 2, 167 × 10 g cm s
3 2 −1

= 2, 167 × 10−4 J.
Arrendodamos a incerteza, temos
E ± σE = (2, 3 ± 0, 2) × 10−3 J.

4 Método de minimos quadrados


Se usarmos o método de minimos quadrados (MMQ) para um modelo linear
Y = aX + b, (4)

4
onde a e b são coeficientes angular e linear, temos que minimizar o chi-quadrado variando a e b
N  2
X yi − (axi + b)
2
χ (a, b) = , (5)
i=1
σi

onde N é o número de dados experimentais, xi são os valores medidos de X, yi são os valores


medidos de Y e σi é o erro experimental de yi .
As soluções são

⟨xy⟩ − ⟨x⟩ ⟨y⟩


a = , b = ⟨y⟩ − a ⟨x⟩ , (6)
⟨x2 ⟩ − ⟨x⟩2
com as incertezas
s s
⟨σ 2 ⟩ ⟨x2 ⟩ ⟨σ 2 ⟩
σa = , σb = , (7)
⟨x2 ⟩ − ⟨x⟩2 ⟨x2 ⟩ − ⟨x⟩2

onde
!−1 !
X 1 X xi y i
σ 2
= , ⟨xy⟩ = σ 2
, (8)
i
σi2 i
σi2
! !
X xi X yi
⟨x⟩ = σ 2
, ⟨y⟩ = σ 2
, (9)
i
σi2 i
σi2
! !
X x2 X y2
x 2
= σ 2 i
, y 2
= σ 2 i
. (10)
i
σi2 i
σi2

Pode programar as fórmulas acima no Excel ou ou no Python. Pode também usar um programa
que escrevi https://tinyurl.com/2j2hvun9.

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