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Complexa
Licenciatura em Matemática
1 Números Complexos 1
1.1 Operações Elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Representação Polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Raízes de números complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3 Integração Complexa 36
3.1 Parametrização de Curvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.2 Integral Curvilínea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3 Teorema de Cauchy-Goursat . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.4 Fórmula Integral de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Bibliografia 69
i
CAPÍTULO 1
Números Complexos
z = a + bi, (1.1)
√
em que a e b são números reais e i = −1 é a unidade imaginária.
1
1.1. Operações Elementares
(1) Adição:
z + w = (a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d)i
(2) Subtração:
(3) Multiplicação:
(4) Divisão:
z a + bi c − di ac + bd bc − ad
= · = 2 + 2 i
w c + di c − di c + d2 c + d2
Além disso, as leis comutativas, associativas e distributivas também se aplicam
às operações de números complexos. Isto é, para a comutatividade, são válidas
as propriedades
(i) Adição: z1 + z2 = z2 + z1 ;
(ii) Multiplicação: z1 · z2 = z2 · z1 .
2
1.1. Operações Elementares
Ao multiplicar z1 e z2 , tem-se
Logo, z1 + z2 = −2 − 5i e z1 · z2 = 69 + 81i.
(i) Soma: z1 + z2 = z1 + z2
(ii) Multiplicação: z1 · z2 = z1 · z2
z1 z1
(iii) Divisão: =
z2 z2
3
1.2. Representação Polar
Solução: Para que possa ser possível efetuar a divisão entre números
complexos de forma que o seu resultado contenha a unidade imaginária
apenas no numerador, é necessário multiplicar pelo complexo conjugado do
denominador em ambos os temos da fração, como demonstrado a seguir no
z1
cálculo de .
z2
z1 z1 z2
= ·
z2 z2 z2
2 − 3i 4 − 6i
= ·
4 + 6i 4 − 6i
(8 − 18) + (−12 − 12)i
=
52
10 24
= − − i.
52 52
1
Para o cálculo de , o procedimento é similar, isto é,
z1
1 1 z1
= ·
z1 z1 z1
1 2 + 3i
= ·
2 − 3i 2 + 3i
2 + 3i
=
4+9
2 3i
= + .
13 13
z1
Logo, obtém-se que z2 = − 10
52 −
24
52 i e 1
z1 = 2
13 + 3
13 i.
4
1.2. Representação Polar
Im
y z = x + yi
|
|z
θ
x Re
Cálculo do argumento
5
1.2. Representação Polar
1o Quadrante: θ = ϕ
2o Quadrante: θ = π + ϕ .
3o Quadrante: θ = π + ϕ .
4o Quadrante: θ = 2π + ϕ .
Im
2o Q 1o Q
x<0 x>0
y>0 y>0
Re
3o Q 4o Q
x<0 x>0
y<0 y<0
6
1.2. Representação Polar
Im
z
5π
θ=
6
Re
√
Figura 1.3: Representação polar do número complexo z = − 3 + i
1
Exemplo 1.2.2: Escreva z = √ em sua forma polar e o represente no
−1 − 3i
plano complexo.
7
1.2. Representação Polar
√
3
Considerando z = − 14 + 4 i, calcula-se o seu módulo e obtém-se
r r
1 3 4 1
r = |z| = + = ∴ r= .
16 16 16 2
Para encontrar o argumento de z, calcula-se a tangente de θ, dada por
√ √ π
tg θ = − 3 ⇒ ϕ = arctg(− 3) = − .
3
O número complexo z encontra-se no 2o quadrante. Sendo assim, tem-se
π 2π
θ=π− = .
3 3
Então, a forma polar de z é dada por
1 2π 2π
z= cos + i sen ,
2 3 3
e sua representação no plano complexo encontra-se na Figura 1.4.
Im
z
2π
θ=
3
Re
1
Figura 1.4: Representação polar do número complexo z = √ .
−1 − i 3
z1 r1
= [cos(θ1 − θ2 ) + i sen(θ1 − θ2 )] (1.5)
z2 r2
A relação dada pela Equação 1.4 afirma que produto de z1 e z2 é um
número complexo cujo módulo é r1 · r2 , e o argumento é a soma θ1 + θ2 . De
8
1.2. Representação Polar
r1
forma similar, a divisão de z1 por z2 é um número complexo cujo módulo é r2 ,
e o argumento é a subtração θ1 −θ2 . Na Figura 1.5 é apresentada a abordagem
geométrica dessas relações, afim de ilustrá-las para z1 e z2 arbitrários.
(a) (b)
Im Im
z1 · z2
z2 z2
z1
z2
θ2 z1 z1 θ2
θ1 θ1 − θ2
θ1 + θ2 θ1
Re Re
z1
Exemplo 1.2.3: Determine as representações polares de z1 · z2 e , sendo
√ z2
z1 = 1 + i e z2 = 3 + i.
r2 = |z2 | = 2
1 π π
ϕ2 = arctg √ = → θ2 =
3 6 6
π π
∴ z2 = 2 cos + sen
6 6
Então, utilizando as Relações 1.4-1.5 para z1 e z2 na forma polar, obtém-se
9
1.3. Raízes de números complexos
√
5π
5π
z1 · z2 = 2 2 cos + i sen ,
12 12
√
z1 2 π π
= cos + i sen .
z2 2 12 12
resultando na relação
10
1.3. Raízes de números complexos
que são obtidas com a Fórmula de Euler. É importante comentar que não
são utilizados os valores e k negativos, pois eles fornecem as mesmas raízes
obtidas com k inteiro positivo.
Mesmo sendo distintas, todas as raízes n-ésimas w0 , w1 , ..., wn−1 de z
√
possuem mesmo módulo igual a n r e os seus argumentos são dados por
θ 2kπ
θk = n + n , respectivamente. Por possuir o mesmo módulo, todas as raízes
n-ésimas de z estão representadas geometricamente sobre um círculo de raio
√
n
r centrado na origem. Além disso, as raízes dividem o círculo em n partes
2π
iguais, com ângulo entre cada uma delas é de n . Essas observações ficam
mais claras nos exemplos resolvidos a seguir.
r = 2
π
θ =
2
π π
∴ z = 2 cos + i sen
2 2
Como n = 2, r = 2, θ = π2 , então a forma geral de cálculo das raízes é obtida
como
π π
2 + 2kπ 2 + 2kπ
√
wk = 2 cos + i sen
2 2
√
π
π
wk = 2 cos + kπ + i sen + kπ .
4 4
Para k = 0 e k = 1, obtém-se
√ √ !
√ π π
√
2 2
w0 = 2 cos + i sen = 2 +i = 1 + i,
4 4 2 2
√ ! √ !
√ 5π 5π
√
2 2
w1 = 2 cos + i sen = 2 − −i = −1 − i.
4 4 2 2
11
1.3. Raízes de números complexos
Im
ω0
√ √
− 2 2 Re
ω1
w0 = 2
2π
2π
√
w1 = 2 cos + i sen = −1 + 3i
3 3
4π
4π √
w2 = 2 cos + i sen = −1 − 3i
3 3
√
Então, são raízes cúbicas de 8 os números w0 = 2, w1 = −1 + 3i e
√ √ √
w2 = −1 − 3i, pois 23 = (−1 + 3i)3 = (−1 − 3i)3 = 8. A localização das
raízes no plano complexo é ilustrada na Figura 1.7.
Im
ω1
ω0
−2 2 Re
ω2
12
1.3. Raízes de números complexos
√
3
Exemplo 1.3.3: Determine as raízes quadradas de z = − 12 + 2 i.
Im
ω0
−1 1 Re
ω1
√
3
Figura 1.8: Representação geométrica das raízes quadradas de z = − 12 + 2 i.
13
CAPÍTULO 2
y D u I
x v
(1) f : C → C, dada por f (z) = z 2 + iz. Nesse caso, não há restrições para
o valor de z na função. Sendo assim, essa relação é válida para qualquer
valor em C, que é o domínio definido para f .
z 3 −27
(2) g : D → C, dada por g(z) = z−3 , com D = C − {3}. O domínio da
função não contém o valor z = 3, para evitar que o denominador de g
seja nulo. Exceto nesse caso, não existem outras restrições.
14
1
(3) h : D → C, dada por h(z) = z 2 +a2
, com D = C − {±ia} e a ∈ R∗+ .
É possível observar que o denominador de h é nulo para z = −ia e
z = ia, ou seja, a função não está definida nesses pontos. Sendo assim, o
domínio é definido de forma que esses valores não estejam contidos nele.
Como R ⊂ C, toda função real pode ser entendida como um caso particular
de uma função complexa. As funções complexas podem ser escritas a partir de
funções definidas no plano real. De fato, escrevendo z = x + iy e f (z) = u + iv,
pode-se definir f como uma função de duas variáveis x e y, ou seja,
em que Re(f ) = u(x, y) e Im(f ) = v(x, y) são funções de duas variáveis reais.
concluindo o exercício.
15
2.1. Limites e Continuidade
z + z̄ z − z̄
Solução: Substituindo as relações x = ey= em f (z), obtém-se
2 2i
" #
z + z̄ z − z̄ (z + z̄)2 z − z̄
f (z) = · + + i
2 2i 4 2i
!
z 2 − z̄ 2 i z 2 + 2z z̄ + z̄ 2 z − z̄
= · + + i
4i i 4 2i
(z̄ 2 − z 2 ) z 2 + 2z z̄ + z̄ 2 z − z̄
= i+ i+
4 4 2
z − z̄ (2z̄ 2 + 2z z̄)
= + i
2 4
Logo, a função f é reescrita em termos da variável z como
z − z̄ (z̄ 2 + |z|2 )
f (z) = + i.
2 2
16
2.1. Limites e Continuidade
existem.
17
2.1. Limites e Continuidade
f (z) w1
(iv) lim = , com w2 6= 0
z→z0 g(z) w2
i
Exemplo 2.1.2: Calcule limz→i z 3 + .
z
18
2.1. Limites e Continuidade
Nos exemplos a seguir, essa verificação é utilizada para uma dada função f (z),
a fim de aplicar os critérios apresentados.
Exemplo 2.1.3: Mostre que a função f (z) = z 2 é contínua em z0 = 1.
lim z 2 = lim z · z = 1.
z→1 z→1
19
2.1. Limites e Continuidade
−1 −1
(b) lim =
z→z0 z2 + z + 1 z02 + z0 + 1
−1
= √
1+i 3
√
−1 + i 3
=
4
Logo, somando (a) e (b), obtém-se
√
z3 − 1 −1 + i 3
lim = . (2.8)
z→z0 z 2 + z + 1 2
(ii) A função f está definida no ponto z0 , basta verificar na própria função
dada, na qual tem-se que
√ ! √
1+i 3 −1 + i 3
f (z0 ) = f = . (2.9)
2 2
(iii) Pelas Equações 2.8 e 2.9, conclui-se que lim f (z) = f (z0 ), isto é,
z→z0
√ !
z3 1+i 3
lim√ =f .
z→ 1+i2 3 z2 + z + 1 2
20
2.2. Diferenciabilidade de uma função
Em termos mais simples, a Definição 2.2.1 diz que, dada uma circunferência
de centro em z0 e raio ξ, todos os pontos z ∈ C que estão no interior dessa
circunferência (|z − z0 | < ξ), e não sobre ela, formam o conjunto vizinhança de
z0 , como ilustrado na Figura 2.2. Portanto, esse conjunto contém todo ponto
z tal que a distância até z0 seja menor do que ξ. O conceito de vizinhança
será bastante utilizado na teoria de funções analíticas, que será tratado neste
e nos próximos capítulos.
21
2.2. Diferenciabilidade de uma função
z0
ξ
5
√
pois |z| = 6 < 1. Por outro lado, os pontos z1 = i e z2 = 1+i 3 não pertencem
a essa vizinhança, já que |z1 | = 1 e |z2 | = 2.
22
2.2. Diferenciabilidade de uma função
z 2 − z02
= lim
z→z0 z − z0
(z − z0 )(z + z0 )
= lim
z→z0 z − z0
= lim z + z0
z→z0
= 2z0
Então, f ′ (z0 ) existe, é única e é dada por f ′ (z0 ) = 2z0 . Logo, como z0 é
arbitrário, f é diferenciável em C.
Logo, como os limites 2.12 e 2.13 não são iguais, conclui-se que
2∆x + 3∆yi
f ′ (z0 ) = lim =∄
∆z→0 ∆x + ∆yi
23
2.2. Diferenciabilidade de uma função
não é contínua em z0 = 0.
Solução: Inicia-se a verificação com lim f (z) = f (0). Sabe-se que f (0) = 0
z→0
e, calculando o limite de f (z) quando z → 0, obtem-se
z2
lim f (z) = lim
z→0 z→0 |z 2 |
(x + yi)2
= lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
x2 + 2xyi − y 2
= lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
x2 − y 2 2xy
= lim + lim i (2.14)
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 (x,y)→(0,0) x2 + y 2
| {z }
(1)
24
2.2. Diferenciabilidade de uma função
!
x2 − y 2 −y 2
lim lim 2 = lim = −1. (2.16)
y→0 x→0 x + y 2 y→0 y 2
(i) (c · f )′ = c · f ′
(ii) (f + g)′ = f ′ + g ′
(iii) (f · g)′ = f ′ g + f g ′
′
1 f′
(iv) =−
f f2
25
2.2. Diferenciabilidade de uma função
d
1 (c) = 0
dz
d
2 (z) = 1
dz
d
3 (c w1 ) = cw1′
dz
d n
4 (z ) = nz n−1
dz
d z
5 (e ) = ez
dz
d
6 sen(z) = cos(z)
dz
d
7 cos(z) = − sen(z)
dz
d w1 w′ · w2 − w1 · w2′
8 = 1 , w2 6= 0
dz w2 w22
d dw1 dw2
9 [w1 ◦ w2 ] = ·
dz dw2 dw1
Logo, a derivada de p(z) é dada por p′ (z) = a1 + 2a2 x + ... + nan z n−1 .
26
2.2. Diferenciabilidade de uma função
de Cauchy-Riemann, que será muito útil para o propósito deste curso. Estes
resultados eximem a cálculo da derivada a partir da definição.
∂u 1 ∂v 1 ∂u ∂v
= e =− , (2.18)
∂r r ∂θ r ∂θ ∂r
que são as equações de Cauchy-Riemann na forma polar e podem ser utilizadas
sempre que for conveniente, como será visto no Exemplo 2.2.9.
27
2.2. Diferenciabilidade de uma função
não é derivável em z0 = 0.
iθ 5
(re )
, se z 6= 0 re5iθ , se z 6= 0
f (z) = |(reiθ )4 | → f (z) =
0 , se z = 0
0 , se z = 0
28
2.2. Diferenciabilidade de uma função
29
2.3. Função Analítica
Exemplo 2.3.1:
1
(1) A função f (z) = z é uma função racional. Então, ela é analítica, com
derivada f ′ (z) = − z12 , em qualquer região que não inclua a origem, isto
é, para todo z ∈ C − {0}.
(2) As funções f (z) = |z|, f (z) = z̄, f (z) = Re(z) e f (z) = |z|2 não são
analíticas, pois não satisfazem as equações de Cauchy-Riemann para
nenhum z0 ∈ C e, portanto, não são deriváveis. (mostre!)
30
2.3. Função Analítica
x y
Exemplo 2.3.3: Mostre que f (z) = − 2 i é analítica.
x2 +y 2 x + y2
x y
Solução: Dados u(x, y) = e v(x, y) = − 2 , tem-se que
x2 +y 2 x + y2
∂u y 2 − x2 ∂u 2xy
= 2 , =− 2 ,
∂x (x + y 2 )2 ∂y (x + y 2 )2
∂v 2xy ∂v y 2 − x2
= 2 , = 2 ,
∂x (x + y 2 )2 ∂y (x + y 2 )2
31
2.4. Funções Elementares
Exponencial Complexa
32
2.4. Funções Elementares
|ez | = |ex+yi |
= |ex · eyi |
= |ex | · |eyi |
= ex | cos y + i seny|
q
= ex cos2 y + sen2 y
= ex
∴ |ez | = ex = eRe(z) (2.24)
pois a função ez é periódica com período 2kπi, isto é, ez+2kπi = ez , para todo
k ∈ Z.
No exemplo a seguir, esses conceitos são aplicados para um melhor
entendimento por parte leitor.
Propriedade 2.1. Como ex > 0, para todo x ∈ R, então conclui-se que ez > 0,
para todo z ∈ C. Além disso, dados z1 e z2 números complexos e n ∈ Z, são
válidas as seguintes propriedades:
(i) Multiplicação
ez1 · ez2 = ez1 +z2
(ii) Divisão
ez1
= ez1 −z2
ez2
(iii) Potenciação
(ez1 )n = enz1
33
2.4. Funções Elementares
z = ew , (2.26)
34
2.4. Funções Elementares
Trigonométricas
eiz + e−iz
cos z = .
2
De forma similar, ao subtrair a função e−iz de eiz , isto é,
eiz − e−iz
senz = .
2i
Dadas as funções f (z) = senz e g(z) = cos z, suas derivadas de primeira
ordem são
35
CAPÍTULO 3
Integração Complexa
36
3.1. Parametrização de Curvas
y
γ(b)
γ
γ(t)
a b t
γ(a)
x
Dada uma curva C parametrizada por γ(t) = x(t) + iy(t), t ∈ [a, b], o vetor
Definicão 3.1.2. Uma curva γ diz-se suave (ou regular) quando as funções x(t)
e y(t) têm derivadas contínuas no intervalo [a, b], e o vetor γ ′ (t) = x′ (t)+iy ′ (t)
não se anula dentro deste intervalo.
37
3.1. Parametrização de Curvas
curvas suaves, então γ é dita seccionalmente suave. Uma ilustração desse tipo
de curva encontra-se na Figura 3.2.
y γ = γ1 ∪ γ2 ∪ γ3
γ2
γ3
γ1
−1 2 t
−1 2 x
Figura 3.3: Dado o intevalo [−1, 2], é possível desenhar a função γ(t) = t + it2
ao variar o parâmetro t, resultando em um arco de parábola.
38
3.1. Parametrização de Curvas
com t ∈ [0, 2π]. Essa curva é suave, pois γ ′ (t) 6= 0, para todo t ∈ [0, 2π].
Quando a circunferência, está centrada na origem, temos que z0 = (0, 0) e
γ(t) = R(cos t + i sent) = Reit , e sua ilustração encontra-se na Figura 3.4.
Vejamos que, neste caso, o intervalo em que a curva está definida no plano é
[−R, R], enquanto o domínio de γ é [0, 2π].
−R R x
0 2π t
γ(t) = z0 + t(z1 − z0 ), 0 ≤ t ≤ 1.
Definicão 3.1.3. Seja C uma curva no plano xy, referente a uma função
y = f (x). Uma parametrização natural de C é dada por
39
3.2. Integral Curvilínea
Observação:
Exemplo 3.1.5: A circunferência definida por γ(t) = z0 + Reit , com t ∈ [a, b],
é uma curva de Jordan.
40
3.2. Integral Curvilínea
Observação:
Im
2 + 2i
o Re
Figura 3.5: Curva γ, definida por dois segmentos de reta no plano complexo.
Pela Figura 3.5, observa-se que a curva γ, sobre a qual deseja-se calcular a
integral de f (z), é composta por dois segmentos de reta (curvas suaves): o
primeiro inicia no ponto z0 = 0 e finaliza no ponto z1 = 2; o segundo inicia
no ponto z1 = 2 e finaliza no ponto z2 = 2 + 2i. Conhecendo as extremidades
dos segmentos, é possível obter suas respectivas parametrizações.
Denotando o primeiro segmento como γ1 e o segundo como γ2 , tem-se as
seguintes parametrizações:
41
3.3. Teorema de Cauchy-Goursat
E, para γ2 , tem-se
Z Z 1
f (z)dz = f (γ2 (t)) γ2′ (t)dt
γ2 0
Z 1
= (2 + 2ti) 2i dt
0
Z 1
= (4i − 4t) dt
0
= −2 + 4i
Z
∴ f (z)dz = −2 + 4i. (3.4)
γ2
42
3.3. Teorema de Cauchy-Goursat
Exemplo 3.3.1:
1
2. A função f (z) = é analítica em C − {0}. Se considerarmos a curva
z
de Jordan como sendo uma circunferência centrada na origem e raio r,
temos I
f (z)dz = 2πi. (Calcule!)
γ
1
Exemplo 3.3.2: Calcule a integral de f (z) = z2
sobre a curva definida pela
(y−5)2
elipse (x − 2)2 + 4 = 1.
43
3.4. Fórmula Integral de Cauchy
1 f (z)
Z
f (z0 ) = dz.
2πi γ z − z0
44
3.4. Fórmula Integral de Cauchy
f (z)
Z
(n) n!
f (z0 ) = dz.
2πi γ (z − z0 )n+1
3! ez
Z
(3)
f (1) = dz
2πi |z|=2 (z − 1)4
✟e
2πi (3) ✟✯
Z
ez
f ✟(1) = dz
3! ✟ |z|=2 (z − 1)
4
Z
πie z e
= dz
3 |z|=2 (z − 1)4
(ez + z)
I
Exemplo 3.4.3: Calcule dz
γ z−2
(a) com γ sendo uma circunferência de centro na origem e raio 1.
O exercício (a) não é possível de ser resolvido com alguma fórmula integral,
pois o ponto z0 = 2 não pertence à curva γ ou ao seu interior. No entanto,
o integrando é uma função analítica sobre e no interior de γ. Como γ é uma
curva de Jordan, então pode-se aplicar o Teorema de Cauchy-Goursat. Logo,
(ez + z)
I
dz = 0
γ z−2
45
3.4. Fórmula Integral de Cauchy
1
I
Exemplo 3.4.4: Calcule a integral dz.
(z 2 + 4)
|z−i|=2
Primeiramente, verifica-se sobre qual curva deseja-se calcular essa integral.
Nesse caso, a notação |z − i| = 2 denota uma circunferência de raio 2 e centro
no ponto i. O denominador do integrando não se encaixa em nenhuma fórmula
integral, mas pode-se escrevê-lo como (z 2 + 4)2 = (z + 2i)2 (z − 2i)2 . Dessa
forma, obtém-se a integral
1 1
I I
dz = dz
(z + 4)
2 (z + 2i)2 (z − 2i)2
|z−i|=2 |z−i|=2
I 1
(z+2i)2
= dz
(z − 2i)2
|z−i|=2
I 1
(z+2i)2
dz = 2πi f ′ (2i).
(z − 2i)2
|z−i|=2
2 1
Portanto, como f ′ (z) = − (z+2i) ′
3 e f (2i) = 32i , obtém-se
1
I
π
dz = .
(z 2 + 4) 16
|z−i|=2
46
CAPÍTULO 4
z0
47
4.2. Singularidades
z0 r
4.2 Singularidades
Definicão 4.2.1. Seja f uma função complexa. Diz-se que z0 é um ponto
singular de f , se f não é analítica em z0 . Se existe uma vizinhança de z0
onde f é analítica, então z0 é um ponto singular isolado.
Exemplo 4.2.1:
1. Dada a função
z
f (z) = ,
(z − 1)(z + 1)
os pontos z1 = 1 e z2 = −1 são pontos singulares de f . Além
disso, considerando um disco de raio ǫ1 centrado em z1 como sendo
uma vizinhança de z1 , a função f é analítica nessa região, ou seja,
não há outros pontos singulares nesta vizinhança. De forma análoga,
considerando uma vizinhança do ponto z2 como sendo um disco de raio
ǫ2 e centro em z2 , f também é analítica nessa região. Sendo assim, os
pontos z1 e z2 são pontos singulares isolados.
48
4.3. Série de Taylor
1
2. O ponto z0 = 0 é ponto singular isolado da função f (z) = , pois é o
z
único ponto em C em que essa função não é analítica.
f (n) (z0 )
an = , n ∈ {0, 1, 2, 3, · · · } (4.4)
n!
são os coeficientes da série de Taylor.
Observação: Quando z0 = 0, a Série 4.3 com os coeficientes dados pela
Equação 4.4 é chamada série de MacLaurin.
É importante ressaltar que uma série de potências só é dita de Taylor se
os seus coeficientes são dados pela Equação 4.4.
49
4.3. Série de Taylor
1
Exemplo 4.3.2: Calcule a série de Taylor da função f (z) = em torno
z−1
de z0 = 0.
50
4.3. Série de Taylor
51
4.4. Série de Laurent
1 f (z)
Z
an = dz, (4.9)
2πi γ (z − z0 )n+1
z0 r
γ
52
4.4. Série de Laurent
Solução: (a) Para a coroa circular 0 < |z| < 1, deseja-se obter a série de
Laurent centrada em z0 = 0, o qual é um ponto singular da função f (z). Em
1
particular, esse ponto é singular para o termo z da função. Sabe-se que a série
1
de Taylor da função z−1 é dada por
∞
1 X
=− zn = − 1 + z + z2 + · · · ,
z−1 n=0
para |z| < 1. Logo, utilizando essa série, é possível escrever a função f como
1
f (z) = − 1 + z + z2 + · · · ,
z
1
= − − 1 − z − z2 − z3 − · · · ,
z
que agora converge para 0 < |z| < 1, pois z = 0 é um ponto singular. Portanto,
a série de Laurent de f é dada por
∞
1 X
f (z) = − − zn,
z
|{z} n=0
(1)
| {z }
(2)
53
4.4. Série de Laurent
(c) e (d), deseja-se resolver os mesmo problemas anteriores, exceto pelo fato
de que a série está centrada no ponto z0 = 1 ou seja, as potências da série
1
serão em z − 1. Nesse caso, o termo 1−z é o que possui singularidade em z0 .
1
Então, utiliza-se o termo z para ser manipulado de forma a obter a série de
Laurent sem a necessidade do cálculo dos coeficientes pela definição.
Somando e subtraindo 1 no denominador de z1 , a função f é reescrita como
1 1 1 1
f (z) = · = · . (4.11)
1−1+z z−1 z − 1 1 + (z − 1)
54
4.4. Série de Laurent
1
Focando no termo 1+(z−1) , tem-se
1 1
= ,
1 + (z − 1) 1 − [−(z − 1)]
Para finalizar o exercício, deve-se encontrar a série do caso (d), isto é, para
|z − 1| > 1. Assim como no caso (b), ajusta-se a convergência da série para
|1/(z − 1)| < 1. Então, a função f dada pela Equação 4.13 é reescrita como
1 1
f (z) = · ,
z − 1 1 + (z − 1)
1 1
= ·
z−1 1
(z − 1) 1 +
z−1
1 1
= · , (4.13)
(z − 1)2 1 + 1
z−1
55
4.4. Série de Laurent
em que
1 1
=
1
1
1+ 1− −
z−1 z−1
∞ n
X 1
= −
n=0
z−1
∞ n
X 1
= (−1)n
n=0
z−1
1 1 1
= 1− + − + ··· (4.14)
z − 1 (z − 1)2 (z − 1)3
Então, substituindo a Série 4.14 na Equação 4.13, obtém-se a série de Laurent
de f
1 1 1 1
f (z) = 1− + − + ···
(z − 1)2 z − 1 (z − 1) 2 (z − 1)3
1 1 1 1
= − + − + ··· ,
(z − 1)2 (z − 1) 3 (z − 1)4 (z − 1)5
que converge para |1/(z − 1)| < 1 ou, equivalentemente, para |z − 1| > 1 e,
portanto, possui apenas a parte principal.
1
Exemplo 4.4.2: Dada a função f (z) = , encontre a sua série de
(z − 1)(z − 3)
Laurent para
1
Solução: No primeiro caso (a), apenas o termo z−1 da função f é singular
no ponto z0 = 1. Sendo assim, é possível manipular o outro termo de forma
que obtém-se
1 1 1 1
=− =− · ,
z−3 2 − (z − 1) 2 1 − z−1
2
e, portanto, a função f pode ser reescrita da forma
1 1 1
f (z) = − · · (4.15)
z − 1 2 1 − z−1
2
1
Como a série da função 1−z é conhecida para |z| < 1, então, para 0 <
|(z − 1)/2| < 1 (ou, equivalentemente, 0 < |z − 1| < 2, tem-se
∞ n
1 X z−1 z − 1 (z − 1)2
z−1 = 2
=1+
2
+
4
+ ··· (4.16)
1− 2 n=0
56
4.4. Série de Laurent
que converge para 0 < |z − 3|/ < 1 ou, equivalentemente, para 0 < |z − 3| < 2.
1
Sua parte principal é dada pelo termo 2(z−3) , enquanto sua parte regular é
composta por todos os outros.
57
4.4. Série de Laurent
(ii) Pólo: se a série possui um número finito de a−n (ou an , para n < 0).
Isto é, a série possui um número finito k de potências negativas de z − z0 .
Neste caso, dizemos uma o pólo é de ordem k.
Pode-se observar que a série dada possui dois termos com potências negativas
de z − 1, então z0 = 1 é um pólo de ordem 2. Já em torno de z0 = 3, a série
de Laurent é dada por
1 1 3 1
f (z) = − + (z − 3) − (z − 3)2 + · · ·
4(z − 3) 4 16 8
z3 z5 z7
senz = z − + − + ··· ,
3! 5! 7!
senz
classifique a singularidade da função g(z) = .
z
58
4.5. Resíduos
4.5 Resíduos
Dada a série de Laurent de uma função f complexa, o resíduo de f no
ponto z0 é definido pelo coeficiente a−1 da série, o qual está associado ao
termo (z − z0 )−1 da série.
Denota-se o resíduo de f em um dado ponto z0 como Res(f, z0 ) e,
substituindo n = −1 na Equação 4.9, tem-se
1
Z
Res(f, z0 ) = f (z)dz. (4.20)
2πi γ
59
4.5. Resíduos
Teorema 4.5.1 (Teorema dos Resíduos). Seja D uma região complexa e γ uma
curva de Jordan orientada positivamente e inteiramente contida em D. Se f
é analítica em γ e no seu interior, exceto em um número finito de pontos
singulares isolados z1 , z2 , · · · , zn no interior de γ, então
I n
X
γf (z)dz = 2πi Res(f, zk ). (4.22)
k=1
1
Solução: É possível identificar na função f (z) = os pontos
(z − 1)2 (z − 3)
singulares z0 = 1 e z1 = 3, os quais pertencem à curva γ, como apresentado
na Figura 4.5. Sendo assim, f (z) é analítica em γ, exceto nesses pontos. Em
torno de z0 = 1, a série de Laurent de f (z) é dada por
1 1 1 1 1
=− − − − (z − 1) − · · ·
(z − 1) (z − 3)
2 2(z − 1)2 4(z − 1) 8 16
60
4.5. Resíduos
1 1
= 2πi − +
4 4
= 0.
1
I
Portanto, dz = 0.
γ (z − 1)2 (z − 3)
Im
γ
1
z0 z1
4 Re
−1
1
I
πi
dz = − .
γ (z − 1) (z − 3)
2 2
61
4.5. Resíduos
Im
z0 z1
−2 2 Re
1 dn−1
Res(f, z0 ) = lim [(z − z0 )m f (z)] . (4.24)
(n − 1)! z→z0 dz n−1
1 H
Exemplo 4.5.5: Seja f (z) = . Calcule γ f (z)dz, considerando
(z − 1) (z − 3)
2
γ como a curva |z| = 4.
62
4.5. Resíduos
ez ei
Res(f, i) = lim(z − i) = −
z→i z 2 (z − i)(z + i) 2i
e z e−i
Res(f, −i) = lim (z + i) 2 = .
z→−i z (z − i)(z + i) 2i
63
4.5. Resíduos
Então,
ez
I
dz = 2πi [Res(f, i) + Res(f, −i)]
γ z 2 (z 2 + 1)
!
ei e−i
= 2πi − +
2i 2i
!
ei − e−i
= −2πi
2i
ez
I
∴ dz = −2πi sen(1).
γ z 2 (z 2 + 1)
p(z0 )
Res(f, z0 ) = . (4.28)
q ′ (z0 )
Como
cos z
Res(f, 0) =
(ez − 1)′ z=0
cos z
=
ez z=0
cos 0
=
e0
64
4.6. Aplicação - Integral Imprópria
∴ Res(f, 0) = 1,
cos(2πi)
Res(f, 2πi) = = cos(2πi).
e2πi
Então, I
f (z)dz = 2πi [1 + cos(2πi)] .
γ
Im
3π
z1 γ
z0
−1 1 Re
−π
65
4.6. Aplicação - Integral Imprópria
Se, para cada caso, o limite existir e for igual a um número real, a integral é
dita convergente. Caso o limite não exista ou seja infinito, a integral é dita
divergente.
em que f (x) é uma função real. É possível utilizar o Teorema do Resíduo para
calcular esse tipo de integral.
p(x)
Considera-se f como sendo uma função racional f (x) = , em que p e
q(x)
q são polinômios com coeficientes reais tais que
p(z)
em que zk , k ∈ N, são os pontos em que a função complexa f (z) = q(z) é
singular.
66
4.6. Aplicação - Integral Imprópria
Im
γR
−R R Re
Sendo assim, para o cálculo da integral imprópria definida pela Equação 4.32,
primeiramente considera-se a função f (z) definida similarmente e calcula-se os
seus resíduos em zk . A condição para definir os resíduos a serem calculados é
Im(zk ) > 0, pois a região γk está definida acima do eixo real, como apresentado
na Figura 4.7.
Exemplo 4.6.1: Calcule a integral dada por
1
Z ∞
dx.
−∞ x2 +1
p(x)
Solução: Analisando a função f (x) do integrando como sendo q(x) , é
possível verificar que q(x) 6= 0 para todo x ∈ R e que os graus p e q
satisfazem a relação n ≤ m − 2, apresentada em (ii). Então, é possível utilizar
a Proposição 4.6.1 para o cálculo da integral.
1
Reescrevendo a função f como uma função complexa f (z) = z 2 +1
, observa-
se que existem dois pontos de singularidade z0 = i e z1 = −i. Como
Im(z1 ) < 0, então o resíduo de f em z1 não é considerado para o cálculo
da integral. Assim, deve-se calcular apenas Res(f, i), isto é,
1 1
Res(f, i) = lim(z − i) = .
z→i (z − i)(z + i) 2i
67
4.6. Aplicação - Integral Imprópria
68
Bibliografia
69