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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

DO PARANÁ

TDE 02 - Revisão de Limite

Vamos resolver limites de funções de duas variáveis. A estratégia e o modo de pensar para resolver estes limites
é equivalemente ao usado para resolver limites de uma variável. A principal diferença é em relação aos limites
laterais, que para funções de duas variáveis usaremos caminhos. Mas isto será abordado com detalhes nas aulas.
Vamos lembrar então a definição de limite e as estratégias usadas para resolver limites de funções de uma
variável.

Definição Intuitiva de Limite 1 Intuitivamente, dizer que o limite de f(x), quando x tende a c, é igual a L, signi-
fica que quando x se aproxima de c, f(x) se aproxima de L. Simbolicamente

lim f(x) = L.
x→c

Observação 1 Não é preciso que x assuma o valor c, estamos interessados no que ocorre com a função quando x
está ao redor de c.

Definição Formal de Limite 1 Sejam f uma função e c um ponto do domı́nio da f ou extremidade de um dos
intervalos que compõem o domı́nio da f. Dizemos que f tem limite L, em c, quando para todo  > 0 dado, existir
um δ > 0 tal que, para todo x ∈ Df

|x − c| < δ implica |f(x) − L| < .

Tal número L, que quando existir será único, será indicado por lim f(x).
x→c


0, se x < 0
1. Considere a função H(x) =
1, se x > 0.
Encontre o limite de H(x) quando x tende a zero, ou seja, encontre o valor de lim H(x). Qual a diferença
x→0
deste exemplo para os exemplos anteriores? O que precisa ser feito para o cálculo deste limite fazer sentido?
2. Para a função f(t) representada graficamente abaixo, determine os seguintes limites ou explique por que eles
não existem.
(a) lim f(t) (c) lim f(t)
t→−2 t→0
(b) lim f(t) (d) lim f(t)
t→−1 t→−0,5

2
3. Considere a função f dada pelo gráfico abaixo

Analisando o gráfico da função f, quais são os limites que nos dão informações importantes a respeito do
gráfico? Explicite esses limites.

Estratégias para resolução de limites


• Eliminação algébrica de denominadores nulos

x2 + x − 2
Exemplo 1 Calcule lim .
x→1 x2 − x
Note que não podemos substituir x = 1, pois a função não esta definida para este ponto, já que zera o
denominador. A estratégia é fazer simplificações. Veja que o numerador também zera em x = 1, logo ele tem
o termo x − 1 comum com o denominador. O cancelamento de (x − 1) resulta em uma fração simplificada
com o mesmo valor que a original para x 6= 1 :

x2 + x − 2 (x + 2)(x − 1) x+2
2
= = , se x 6= 1.
x −x x(x − 1) x

Ao utilizar a fração simplificada encontramos o limite da função quando x tende a 1 por substituição:

x2 + x − 2 x+2 1+2
lim 2
= lim = = 3.
x→1 x −x x→1 x 1

3
• Teorema do Confronto
O teorema a seguir nos permite calcular uma variedade de limites. Ele é chamado de teorema do confronto
porque se refere a uma função f cujos valores são “presos” entre os valores de duas outras funções g e h que
possuem um mesmo limite L em um ponto c. Estando “aprisionados” entre os valores de duas funções que
se aproximam de L, os valores de f também devem se aproximar de L. Veja a figura abaixo.

Teorema 1 Suponha que g(x) 6 f(x) 6 h(x) para todo x em um intervalo aberto contendo c, exceto,
possivelmente, no próprio x = c. Suponha também que

lim g(x) = lim h(x) = L.


x→c x→c

Então, lim f(x) = L.


x→c

O teorema do confronto também é chamado de “teorema do sanduı́che”.


 
2 1
Exemplo 2 Calcule lim x sen .
x→0 x
Utilizaremos o teorema do confronto para a resolução deste exemplo. Note que −1 6 sen x1 6 1, multipli-


cando esta inequação por x2 obtemos −x2 6 x2 sen x1 6 x2 , ou seja a função x2 sen x1 esta presa entre as
 

funções −x2 e x2 . Calculando o limite dessas duas últimas funções temos lim x2 = 0 e lim −x2 = 0. Com
  x→0 x→0
2 1
isto e utilizando o teorema do confronto temos que lim x sen = 0.
x→0 x

• Limites laterais

Teorema 2 Uma função f(x) possui um limite quando x se aproxima de c se, e somente se, possuir um limite
lateral à esquerda e um limite lateral à direita e os dois limites laterais forem iguais:

lim f(x) = L ⇔ lim+ f(x) = L e lim f(x) = L.


x→c x→c x→c−

4
Exemplo 3 Calcule lim f(x), onde
x→2



 3 − x, se x < 2
f(x) = 2, se x = 2


 x
se x > 2.
2,

Como a função esta definida por várias sentenças, a estratégia é utilizar limites laterais.
x 2
lim f(x) = lim+ = = 1,
x→2+ x→2 2 2
lim f(x) = lim− 3 − x = 3 − 2 = 1.
x→2− x→2

Como lim+ f(x) = lim− f(x) = 1, então lim f(x) = 1.


x→2 x→2 x→2

• Limites Fundamentais
Os limites fundamentais auxiliam no cálculo de limites indeterminados do tipo 00 , 1∞ e ∞0 .
 
sen(x)
1. lim =1
x→0 x
 x
1
2. lim 1+ =e
x→±∞ x
ax − 1
3. lim = lna
x→0 x
 
sen(5x)
Exemplo 4 Calcule lim .
x→0 x
Vamos utilizar o limite fundamental 1, mas para isso precisamos fazer uma mudança de variável. Faça
u = 5x, logo x = u5 . Também note que se x → 0 então u → 0. Substituindo temos
       
sen(5x) sen(u) sen(u) sen(u)
lim = lim u = lim 5 = 5 lim = 5 · 1 = 5.
x→0 x u→0
5
u→0 u u→0 u
 
cosh − 1
Exemplo 5 Mostre que lim = 0.
h→0 h
Utilizaremos também o limite fundamental 1. Para isso, multiplique a fração em cima e em baixo por
cosh + 1 e utilize relações trigonométricas, assim

cos2 h − 1 −sen2 h
     
cosh − 1 cosh + 1
lim = lim = lim
h→0 h cosh + 1 h→0 h(cosh + 1) h→0 h(cosh + 1)
 
senh senh
= − lim = −1 · 0 = 0.
h→0 h cosh + 1

1
Exemplo 6 Calcule lim+ (1 + t) t .
t→0

Aqui utilizaremos o limite fundamental 2. Para isto, basta fazer a mudança x = t1 . Com esta mudança note
que como t → 0+ então x → ∞. Logo,
1 1
lim+ (1 + t) t = lim (1 + )x = e.
t→0 x→∞ x

5
ln(1 + x)
Exemplo 7 Calcule lim .
x→0 2x
Neste caso, vamos utilizar o limite fundamental 3. Para isto, faremos uma mudança de variável: y =
ln(1 + x). Pela definição de ln temos que 1 + x = ey , ou seja, x = ey − 1. Note ainda que quando x → 0,
y → ln1 = 0. Fazendo as substituições no limite temos
ln(1 + x) y 1 y 1 1 1 1 1 1 11 1
lim = lim = lim y = lim = = = = .
x→0 2x y→0 2(ey − 1) 2 y→0 e − 1 2 y→0 ey −1 2 ey − 1 2 lne 21 2
y lim
y→0 y

Exercı́cios
1. Explique com suas palavras o significado da equação

lim f(x) = 5.
x→2

É possı́vel, diante da equação anterior, que f(2) = 3? Explique

2. Explique o significado de cada uma das notações a seguir:

(a) lim f(x) = ∞


x→2
(b) lim+ f(x) = −∞
x→3
(c) lim f(x) = 3
x→∞
(d) lim f(x) = π
x→−∞

3. Se 

 x se x < 0

f(x) = x2 se 0 < x 6 2


 8 − x se x > 2

(a) Calcule, se existirem, os limites: lim+ f(x), lim f(x), lim f(x), lim+ f(x), lim− f(x), lim f(x).
x→0 x→0 x→1 x→2 x→2 x→2
(b) Esboce o gráfico de f

4. Esboce o gráfico da função a seguir e use-o para determinar os valores de c para os quais o lim f(x) existe:
x→c


 2 − x, se x < −1

f(x) = x, se −1 6 x < 1


 (x − 1)2 , se x>2

5. Usando as propriedades, calcule os seguintes limites:   


1
(g) lim xsen
(a) lim (x + 2) x→0 x
x→1
x2 − 4 sen(3x)
(b) lim (h) lim
x→2 x − 2
x→0 x
√ 2cos(x) − 2
x−1 (i) lim
(c) lim x→0 x2
x→1 x − 1
5 x3 + 1
(d) lim+ (j) lim
x→−1 x2 + 4x + 3
x→3 3 − x √
2x + 1 1+h−1
(e) lim+ (k) lim
x→0 x h→0
√ h
g(x) x+2−3
(f) lim , sabendo que |g(x)| 6 x4 (l) lim
x→0 x x→7 x−7

6
Generalizando
Agora que você já lembrou como calcula limite para funções de uma variável, tente generalizar a ideia para
funções de duas variáveis. Como ficaria a definição de limite para este caso?

CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO:


Agora vamos lembrar do conceito de continuidade de uma função f : R → R.
O estudo da continuidade de uma função está fortemente vinculado com o estudo de limites, pois quando se
deseja saber se uma função é continua é necessário analisar também a existência do limite.

Definição 1 Uma função f : D ⊂ R → R é contı́nua em x = a se todas as seguintes condições forem satisfeitas:

• a∈D

• lim f(x) existe


x→a

• lim f(x) = f(a) Caso falhar qualquer uma destas condições, a função f é dita descontı́nua em x = a.
x→a

Exemplo 8 Determine se f é contı́nua em x = −1, onde



x2 − x − 2, se x > −1
f(x) =
x + 1, se x < −1

A função está definida em x = −1 , pois f(−1) = 0. Calculando o limite, como se trata de uma função de
várias sentenças, calcula-se os limites laterais:

lim f(x) = lim x + 1 = 0 e lim f(x) = lim x2 − x − 2 = 0.


x→−1− x→−1− x→−1+ x→−1−

Como os limites lateriais são iguais segue que lim f(x) = 0. Vemos também que lim f(x) = f(−1), logo f
x→−1 x→−1
é contı́nua em x = −1.

Exemplo 9 Determine se f é contı́nua em x = 2, onde


 2
x −4
x−2 , se x 6= 2
f(x) =
3, se x=2

A função está definida em x = 2, pois f(2) = 3. Calculando o limite


x2 − 4 (x + 2)(x − 2)
lim = lim = lim x + 2 = 4.
x→2 x − 2 x→2 x−2 x→2

7
Neste caso, a função está definida em x = 2, existe o limite de f(x) quando x → 2, mas lim f(x) = 4 6= 3 =
x→2
f(2), desta forma a função é descontı́nua em x = 2.

Exercı́cios
1. Explique por que a função é descontı́nua no ponto dado.
 2
x −x−12
x+3 se x 6= −3 p = −3
(a) f(x) =
−5 se x = −3

1 + x2 se x < 1 p=1
(b) f(x) =
4 − x se x > 1

2x se x 6 1 p=1
(c) f(x) =
1 se x > 1

2. Determine o conjunto dos pontos de seu domı́nio em que a função f é contı́nua. Justifique.

 |x2 −4x+3|
x−3 , se x 6= 3
f(x) =
 1, se x = 3

3. Determine L para que a função dada seja contı́nua em R.


 √ 8 4
x +x
x2 , se x 6= 0
f(x) =
L, se x = 0

4. Considere a função:  √
 (x−1)6
x−1 , se x 6= 1
f(x) =
 1, se x = 1

Verifique que lim− f(x) = lim+ f(x). Pergunta-se: f é contı́nua no ponto x = 1? Por quê?
x→1 x→1

Generalizando
Agora que você já lembrou dos conceitos de continuidade para funções de uma variável, tente generalizar a
ideia para funções de duas variáveis. Como ficaria a definição de continuidade para este caso?

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