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Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Ciências Fı́sicas e Matemáticas


Departamento de Matemática

MTM3101 - Cálculo 1
Texto sobre limites - um complemento às aulas (nem todo o conteúdo está aqui, é
apenas um adendo às aulas)

Feito com carinho pelos seus professores de Cálculo

1. Limites que não poder ser resolvidos diretamente. Nesta parte, resolveremos os casos de
limites de funções contı́nuas em pontos que não estão no domı́nio. Em geral, isso só pode ser feito
se há pontos do domı́nio à esquerda e/ou à direita do√ponto. Por exemplo, (1) não faz sentido
perguntar pelo limite no ponto −1 da função f (x) = x; (2) faz sentido perguntar pelo limite à
direita do ponto 0 da função f (x) = log x; (3) faz sentido perguntar pelo limite no ponto −2 da
função f (x) = x+1
x−2
. Para isso, precisaremos de dois teoremas:
g(x)
Teorema 1. Se g e h são contı́nuas no ponto a, g(a) 6= 0 e h(a) = 0, então lim− = ±∞ e
x→a h(x)
g(x)
lim+ = ±∞ (formalmente estes limites não existem).
x→a h(x)

Teorema 2. Se g e h são contı́nuas no ponto a, g(a) = 0 e h(a) = 0, então não é possı́vel concluir
g(x) g(x) g(x)
nada sobre os limites lim− , lim+ ou lim (em outras palavras, isso significa que você
x→a h(x) x→a h(x) x→a h(x)
deve procurar algum método alternativo para calcular tais limites).
Informalmente, os teoremas acima dizem que se a sua função é uma divisão e, se ao substituir o
valor de x por a o denominador se anula (portanto, a não pertence ao domı́nio da função), então
o resultado do limite será parcialmente determinado pelo numerador: (1) se o numerador não se
anulou, então o resultado dos limites laterais só podem ser −∞ ou +∞ e, portanto, não existem
formalmente; (2) se o numerador também se anulou, então você deve procurar métodos alternativos
0
para calcular o limite. Este último caso é normalmente chamado de indeterminação do tipo .
0
2x − 1 1
Exemplo 1. Calcule lim 2
. Ao tentar substituir x por 1, obtemos a expressão que não
x→1 x − 1 0
faz sentido (e isso era óbvio pois 1 não pertence ao domı́nio da função). Porém, esse caso cai nas
condições do teorema 1: denominador se anula e numerador não. Nesse caso, formalmente o limite
não existe. Na próxima lista de exercı́cios, veremos como determinar esses limites usando as notações
informais de −∞ e +∞. Por enquanto, ficaremos com a resposta de que formalmente não existe.

x3 − 8 0
Exemplo 2. Calcule lim 2
. Ao tentar substituir x por 2, obtemos a expressão que não faz
x→2 x − 4 0
sentido (e isso era óbvio pois 2 não pertence ao domı́nio da função). Porém, esse caso cai nas
condições do teorema 2: numerador e denominador se anulam. Pelo teorema, devemos procurar
métodos alternativos para resolver. E esses métodos alternativos é que tornam a resolução de limites
um problema não tão fácil de resolver: cada tipo de função necessita de um método diferente e nem
sempre esses métodos são óbvios. Vejamos como resolver esse exemplo. Primeiro, notemos que 2 é
uma raiz de ambos os polinômios x3 − 8 e x2 − 4. Logo, ambos são divisı́veis por x − 2. Ao fazer a
divisão, descobrimos as seguintes fatorações: x3 − 8 = (x − 2)(x2 + 2x + 4) e x2 − 4 = (x − 2)(x + 2).

1
Com isso, concluı́mos que
x3 − 8 (x − 2)(x2 + 2x + 4) x2 + 2x + 4
= = .
x2 − 4 (x − 2)(x + 2) x+2

x3 − 8 x2 + 2x + 4
Do ponto de vista de funções, descobrimos que as funções e são quase idênticas,
x2 − 4 x+2
a única diferença é que a primeira não possui o 2 no seu domı́nio e a segunda possui. Se a única
diferença é no ponto 2, então elas são idênticas à esquerda e à direita do 2 e, portanto, devem possuir
x2 + 2x + 4
o mesmo limite no ponto 2. Como é contı́nua no ponto 2, então
x+2
x3 − 8 x2 + 2x + 4 22 + 2 · 2 + 4
lim = lim = = 3.
x→2 x2 − 4 x→2 x+2 2+2
Você não precisa escrever tudo isso na solução, o objetivo aqui foi explicar todos os detalhes. Como
solução, basta escrever
x3 − 8 (x − 2)(x2 + 2x + 4) x2 + 2x + 4 22 + 2 · 2 + 4
lim = lim = lim = = 3.
x→2 x2 − 4 x→2 (x − 2)(x + 2) x→2 x+2 2+2


x−2
Exemplo 3. Calcule lim . Este limite segue a mesma ideia do exemplo anterior: devemos
x→4 x − 4
procurar um método alternativo de solução. Nesse caso,
√ √ √
x−2 ( x − 2)( x + 2) 1 1 1
lim = lim √ = lim √ =√ = .
x→4 x − 4 x→4 (x − 4)( x + 2) x→4 x+2 4+2 4

x−1
Exemplo 4. Calcule lim √ . Este limite pode ser resolvido da mesma forma que o exemplo
x→1 3 x − 1
anterior (se você souber como racionalizar expressões com raı́zes cúbicas). Porém, ilustraremos um
outro método aqui: o método da mudança de variável. Este método consiste em reescrever a expressão
do limite em uma nova variável de modo que a nova expressão facilite o cálculo
√ do limite. Neste
exemplo, a mudança de variável que torna o problema mais simples é y = x. Com essa escolha,
3

x−1 y3 − 1 √
√ = (observe que se y = 3 x, então x = y 3 ). Sempre que uma mudança de variável
3
x−1 y−1
é feita, a letra antiga deve desaparecer da expressão e apenas a variável nova deve permanecer (em
nosso caso, x sumiu e a nova expressão tem apenas a letra y). A segunda mudança que devemos fazer
é trocar “x → 1” por “y → ?”. Para isso, olhamos para a relação entre y e√x e nos perguntamos o que
acontece
√ com o valor de y à medida que x se aproxima de 1. Como y = 3 x, então y se aproxima de
3
1 = 1 à medida que x se aproxima de 1. Portanto, “x → 1” deve ser trocado por “y → 1”. Assim,
x−1 y3 − 1
lim √ = lim
x→1 3 x − 1 y→1 y − 1

e, com isso, nosso limite inicial foi transformado em um outro que pode ser resolvido da mesma forma
que o exemplo 2. Finalizando,
x−1 y3 − 1 (y − 1)(y 2 + y + 1)
lim √ = lim = lim = lim (y 2 + y + 1) = 12 + 1 + 1 = 3.
x→1 3 x − 1 y→1 y − 1 y→1 y−1 y→1

Alguns limites são resolvidos de forma mais fácil usando propriedades dos limites relacionadas às
operações com funções. Por exemplo, uma das propriedades pode ser enunciada (informalmente)
como “o limite da soma é a soma dos limites”. Para ver os enunciados precisos, consulte as videoaulas.

2
x2 − 4
 
2
Exemplo 1. Calcule lim + log3 (x + 5) .
x→2 x−2
x2 − 4
Solução. Como lim = 4 e lim log3 (x2 + 5) = 2, segue da Proposição 3.2.1 que
x→2 x − 2 x→2
 2 
x −4 2
lim + log3 (x + 5) = 4 + 2 = 6.
x→2 x−2
A ideia de separar em dois limites surgiu porque a parcela log3 (x2 + 5) é contı́nua no ponto 2 e
x2 − 4
portanto seu limite fácil de calcular; e a parcela não possui o ponto 2 em seu domı́nio mas
x−2
vimos como calcular seu limite no exercı́cio anterior. Dessa forma, conhecendo o limite de cada uma
das parcelas, o uso das propriedades nos dá o resultado do limite.
x3 −1
Exemplo 2. Calcule lim 2 x−1 .
x→1

x3 − 1 x3 −1
Solução. Como a função 2x é contı́nua e lim = 3, segue das propriedades que lim 2 x−1 =
x→1 x − 1 x→1
23 = 8.
1

Exemplo 3. Calcule lim x2 sen x
.
x→0

Solução. Como lim x2 = 0 e a função sen x1 é limitada, segue de um teorema visto nas videoaulas

x→0
que lim x2 sen x1 = 0. Aqui, usamos que o resultado do seno de qualquer número pertence a [−1, 1]

x→0
e, com isso, sen 1 ≤ 1 para qualquer x 6= 0.

x

2. Limites fundamentais, parte 1. Até agora, nossa principal ferramenta para calcular lim f (x) é
x→a
identificar se a função f é contı́nua em a e, se este for o caso, o resultado do limite é simplesmente
f (a) (isto é, simplesmente substituir x por a). Após isso, focamos em resolver limites que não se
enquadram nesses casos. Por exemplo, vimos como calcular limites de funções definidas por partes
e também alguns limites em que a não está no domı́nio de f . Esta última situação continuará
sendo o nosso foco por enquanto. Vamos insistir nos casos em que, ao substituir x por a, obtemos
0/0. Olhando as listas de exercı́cios iniciais, vemos que os únicos limites desse tipo que conseguimos
resolver envolviam polinômios ou raı́zes apenas; em nenhum momento usamos funções exponenciais,
logarı́tmicas ou trigonométricas. Para estes casos, dependemos de limites difı́ceis de demonstrar,
chamados de limites fundamentais. Eles recebem esse nome porque, a partir deles, muitos outros
limites podem ser calculados usando apenas técnicas já usadas na lista de exercı́cios 2.
sen x
Teorema (Primeiro limite fundamental). lim = 1.
x→0 x
sen x
As funções sen x e x são contı́nuas e, portanto, a divisão é uma função contı́nua. Isso significa
x
que é fácil calcular o limite dessa função em todos os pontos do seu domı́nio. Como 0 não está no
sen x
domı́nio, significa que não podemos calcular o limite lim apenas substituindo x por 0 (note
x→0 x
que obterı́amos 0/0). Nenhum dos métodos que temos até agora é capaz de resolver esse limite.
Felizmente, matemáticos conseguiram calcular e o resultado é 1. Duas perguntas aparecem aqui: (1)
como calcularam e (2) como eu uso esse teorema?
A resposta para como calcularam eu vou deixar de exercı́cio para vocês pesquisarem. O argumento
não é difı́cil, é apenas uma comparação entre áreas de um setor circular e de triângulos (este resultado
está feito em qualquer livro de Cálculo). Outra tarefa de vocês aqui é usar um software para analisar
sen x
o gráfico de e verificar que o gráfico está de acordo com o teorema.
x
Antes vermos como usar o teorema, é importante ressaltar dois fatos. O primeiro é que o teorema
não é válido quando estamos usando a função seno com qualquer outra medida do argumento que

3
não seja em radianos. Por exemplo, se usarmos a função seno com medida em graus, o resultado do
limite é π/180. Este é um dos motivos pelos quais a medida em radianos é considerada a medida
padrão para ser usada nas funções trigonométricas (qual é o resultado mais bonito, 1 ou π/180?).
O segundo fato relevante é que esse limite, de alguma forma, nos diz que sen x e x possuem valores
próximos quando x é um número próximo de 0. Teste isso em uma calculadora: escolha x próximo
de 0 (tipo 0,001) e calcule sen x (claro, em radianos). Você verá que o resultado será quase igual ao
próprio x.

(2x2 + 3) sen x
Exemplo 1. Determine o limite lim .
x→0 x2 + 2x
Solução. Primeiramente, devemos perceber que apesar de a função ser contı́nua, 0 não está no
domı́nio, indicando que não basta só substituir. Após isso, percebemos que a substituição leva ao
caso 0/0, mostrando que devemos procurar métodos alternativos para resolver. A terceira percepção
aqui é que este é um caso 0/0 e que envolve funções trigonométricas. Não é uma regra geral, mas
esta última percepção é um bom indicativo de que será necessário usar o primeiro limite fundamental
na solução. Visto isso, devemos procurar uma reescrita da função (ou alguma mudança de variável)
para fazer aparecer exatamente o limite fundamental. Observemos que

(2x2 + 3x) sen x 2x2 + 3 sen x


= · ,
x2 + x x+2 x
isto é, escrevemos nossa função como produto de outras duas. De cada uma dessas duas em separado,
nós sabemos o limite no ponto 0 (a primeira por ser contı́nua no 0 e a segunda pelo limite fundamental)
e, portanto, segue da propriedade de que o limite do produto é o produto dos limites (lembre que a
propriedade só vale quando os limites existem) que

(2x2 + 3) sen x 2x2 + 3 sen x 3 3


lim 2
= lim · lim = ·1= .
x→0 x + 2x x→0 x + 2 x→0 x 2 2

sen(5x)
Exemplo 2. Determine o limite lim .
x→0 x
Solução. Como anteriormente, percebemos que estamos numa situação de 0/0 envolvendo trigonome-
tria, dando fortes indı́cios de que teremos que usar o limite fundamental. Um possı́vel caminho seria
usar as fórmulas trigonométricas para escrever sen(5x) em termos de sen x e cos x, mas isso daria
um trabalho considerável (e que seria impraticável fazer na mão se fosse sen(100x), por exemplo).
A abordagem correta aqui é reescrever esse limite em uma nova variável focando em fazer aparecer
exatamente o limite fundamental. Façamos a substituição y = 5x. Perceba que, x = y/5 e que,
quando x → 0, então y → 0. Assim,

sen(5x) sen y sen y sen y


lim = lim = lim 5 · = 5 · lim = 5.
x→0 x y→0 y/5 y→0 y y→0 y

(2x2 + 3) sen(5x)
Exemplo 3. Determine o limite lim .
x→0 x2 + 2x
Solução. Usando um processo análogo ao exemplo 1 e aproveitando o resultado do limite do exemplo
2, obtemos
(2x2 + 3) sen(5x) 2x2 + 3 sen(5x) 3 15
lim 2
= lim · lim = ·5= .
x→0 x + 2x x→0 x + 2 x→0 x 2 2
É importante perceber aqui que, à medida que vamos calculando limites mais simples, conseguimos
resolver outros mais complexos nos aproveitando desses resultados simples (como se os previamente
resolvidos fossem um kit de ferramentas à disposição). Por outro lado, também é importante perceber

4
que uma das formas de atacar um limite complicado é, às vezes, separá-lo em limites menores e
resolver cada um deles separadamente.

1 − cos x
Exemplo 4. Determine o limite lim .
x→0 x2
Solução. Como nos exemplos acima, estamos no caso 0/0 envolvendo trigonometria. Temos que,
de alguma forma, fazer aparecer o limite fundamental. Aqui entra o conhecimento de formas de
manipulação algébrica e também das identidades trigonométricas (e um pouco de criatividade e
muito treino). Observe:

1 − cos x (1 − cos x)(1 + cos x) 1 − cos2 x sen2 x


lim = lim = lim = lim =
x→0 x2 x→0 x2 (1 + cos x) x→0 x2 (1 + cos x) x→0 x2 (1 + cos x)

  
sen x 2 1 sen x 2 1 1 1
lim · = lim · lim = 12 · = .
x→0 x 1 + cos x x→0 x x→0 1 + cos x 2 2

sen x
Exemplo 5. Determine o limite lim .
x→π x−π
Solução. Como nos exemplos acima, estamos no caso 0/0 envolvendo trigonometria. Porém, neste
caso, nossa variável não está tendendo a 0. Isso diz que a única forma de fazermos aparecer o limite
fundamental é com uma mudança de variável. Com a mudança y = x − π, temos que x = y + π e
que y → 0. Assim,

sen x sen(y + π) sen y cos π + cos y sen π sen y


lim = lim = lim = lim − = −1.
x→π x−π y→0 y y→0 y y→0 y

Antes de ir aos exercı́cios, veremos o segundo limite fundamental, que faz algo semelhante ao primeiro,
para funções exponenciais.
ax − 1
Teorema (Segundo limite fundamental). Se a é um número positivo, então lim = ln a.
x→0 x
ex − 1
Em particular, lim = 1.
x→0 x
ax − 1
Como nos casos anteriores, o limite lim se encaixa no caso 0/0. Nenhum dos métodos que já
x→0 x
possuı́mos é capaz de resolver esse limite. Felizmente, resolveram para nós e o resultado é ln a. Mais
uma vez, duas perguntas: (1) como calcularam e (2) como eu uso esse teorema?
Este limite não tem uma demonstração simples. Portanto, peço apenas para que vocês escolham
algum número a fixado (por exemplo, a = 2) e use um software para analisar o gráfico da função
ax − 1
. Verifique que próximo ao ponto 0, a altura do gráfico é próximo de ln a.
x
Antes de usar o teorema, é importante perceber que este resultado nos dá uma resposta à per-
gunta de por que preferimos usar ex como principal função exponencial e ln x como principal função
logarı́tmica.
Como o uso do teorema é semelhante ao que já fizemos anteriormente, veremos apenas dois exemplos.

2x − 8
Exemplo 6. Determine o limite lim .
x→3 x − 3

Solução. Como antes, estamos numa situação de 0/0. Como há funções exponenciais, provavelmente
será necessário usar o segundo limite fundamental. Fazendo a mudança y = x − 3, obtemos

2x − 8 2y+3 − 8 8(2y − 1) 2y − 1
lim = lim = lim = 8 · lim = 8 ln 2.
x→3 x − 3 y→0 y y→0 y y→0 y

5
2x−4
3 5 −1
Exemplo 7. Determine o limite lim .
x→2 sen[4(x − 2)]

Solução. Observemos que estamos no caso 0/0 e que também há funções exponenciais e trigono-
métricas. Assim, é bem provável que tenhamos que usar os dois limites fundamentais. Para isso, o
melhor a fazer é separar em dois limites que têm possibilidades de serem resolvidos por cada um dos
limites fundamentais: 2x−4 2x−4
3 5 −1 3 5 −1 x−2
= · .
sen[4(x − 2)] x−2 sen[4(x − 2)]
Usando mudanças de variável coerentes, concluı́mos que (faça as contas e verifique os resultados
abaixo)
2x−4
3 5 −1 2 ln 3 x−2 1
lim = e lim = .
x→2 x−2 5 x→2 sen[4(x − 2)] 4
Portanto,
2x−4 2x−4
3 5 −1 3 5 −1 x−2 2 ln 3 1 ln 3
lim = lim · lim = · = .
x→2 sen[4(x − 2)] x→2 x−2 x→2 sen[4(x − 2)] 5 4 10

x3 − 2x2 − 1
3. Limites infinitos e mais um limite fundamental. Considere a função f (x) = . Os
x3 − 2x2
únicos pontos que não pertencem ao domı́nio de f são 0 e 2 (são os valores de x que anulam o deno-
minador). Nestes pontos, não podemos calcular limites apenas substituindo. Porém, a substituição
nos dá uma ideia do que fazer para calcular o limite nesses pontos. Por exemplo, ao substituir x
por 0, obtemos −1 no numerador e 0 no denominador, indicando que o limite não existe (conforme
teorema visto acima). O que queremos fazer agora é dar alguma informação adicional a alguns desses
limites que não existem. Veja o gráfico de f abaixo.

y
6
5
4
3
2
1
x
−6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6
−1
−2
−3
−4
−5
−6

Pelo comportamento do gráfico, vemos que os limites lim− f (x), lim+ f (x), lim− f (x) e lim+ f (x)
x→0 x→0 x→2 x→2
não existem. Uma informação mais útil do que apenas dizer que não existe é informar por que
não existe. Por exemplo, os limites lim− f (x), lim+ f (x) e lim− f (x) não existem porque f (x) cresce
x→0 x→0 x→2
indefinidamente à medida que x se aproxima dos valores considerados em cada limite. Por outro lado,
o limite lim+ f (x) não existe porque f (x) decresce indefinidamente à medida que x se aproxima de 2
x→2
pela direita. Uma notação foi criada para isso: lim− f (x) = ∞ (tanto faz usar ∞ ou +∞) significa que
x→a

6
o limite de f à esquerda de a não existe formalmente, mas que f cresce indefinidamente à esquerda
de a. Outras notações possuem significados semelhantes: lim− f (x) = −∞, lim+ f (x) = +∞,
x→a x→a
lim+ f (x) = −∞, lim f (x) = +∞, lim f (x) = −∞. A leitura que fazemos para essas expressões,
x→a x→a x→a
por exemplo, lim+ f (x) = −∞, é “O limite de f (x) quando x tende a a pela direita é menos infinito”
x→a
ou “O limite de f à direita de a é menos infinito”. Limites dessa forma são chamados de limites
infinitos. Nosso objetivo é determinar o resultado (menos infinito ou mais infinito) desses limites
sem ter acesso ao gráfico.
1
Antes de resolver o caso acima, tratemos de uma função mais simples, f (x) = . Pelo gráfico (faça!),
x
1 1
é fácil ver que lim− = −∞ e lim+ = +∞. De posse desses resultados, criamos as abreviações
x→0 x x→0 x
1 1
= −∞ e + = +∞. É como se tivéssemos trocado o x por 0− e 0+ . Apesar de ser apenas uma
0− 0
notação, ela pode ser pensada informalmente da seguinte forma: 0− é para ser um número muito
próximo de 0 (lembre que a noção de próximo é relativa, por isso a informalidade) à esquerda de 0,
1 1
algo do tipo −0,00 . . . 001; assim, a divisão − = = −1000 . . . 00 = −∞. A mesma
0 −0,00 . . . 001
ideia pode ser usada para 0+ como um número um pouco maior que 0. Com essas notações, podemos
“fazer contas” usando 0− , 0+ , 2− , 2+ , etc.. Por exemplo, 2+ − 2 = 0+ (pois um número um pouco
maior que 2 menos 2 é um número um pouco maior que 0), 2+ + 3+ = 5+ (pois um número um
pouco maior que 2 mais um número um pouco maior que 3 é um número um pouco maior que 5),
5
= +∞ (pois o número 5 dividido por um número um pouco maior que 0 é um número muito
0+
grande). Por outro lado, não é permitido fazer contas em que o resultado dependa do “tamanho” do
pouco a mais ou pouco a menos. Por exemplo, 2+ − 2+ não pode ser feito (apesar de dar vontade de
colocar 0) pois o tamanho do pouco a mais do primeiro 2+ pode ser diferente do tamanho do pouco
a mais do segundo 2+ (neste caso, o resultado pode ser 0− , 0 ou 0+ ). Não devemos nos aprofundar
muito nessas contas (por favor, lembrem que são contas informais, servem apenas para determinar
o sinal do limite desejado), o mais importante é interpretar que a+ − a = 0+ e a− − a = 0− . Outro
detalhe importante é a questão do sinal: 2+ e 2− são quantidades positivas (pois estão próximos de
2), −1+ e −1− são quantidades negativas (pois estão próximas de −1) e 0+ e 0− são quantidades
positiva e negativa, respectivamente (e este é o único caso em que a+ e a− são vistos como sinais
opostos).

5
Exemplo 1. Determine o limite lim .
x→1 x − 1

Solução. Observemos que, ao substituir x por 1, obtemos 5 no numerador e 0 no denominador. Isso


nos diz que os limites laterais terão como resultado −∞ ou +∞, resta-nos descobrir o sinal. Para
isso, calcularemos os dois limites laterais em separado:
5 5 5
lim− = − = − = −∞ e
x→1 x−1 1 −1 0
5 5 5
lim+ = + = + = +∞.
x→1 x−1 1 −1 0
5
Como os dois limites deram resultados diferentes, então o limite lim não existe, mesmo na
x→1 x − 1
noção de limite infinito.

x3 − 3x2 + 7
Exemplo 2. Determine o limite lim + .
x→−2 x+2
Solução. Mais uma vez, estamos no caso diferente de 0 no numerador e igual a 0 no denominador.
Como o limite pedido já é um lateral, não precisamos separar em dois casos. Se tentarmos diretamente

7
substituir x por −2+ , teremos problemas no numerador, possivelmente obtendo contas proibidas.
Porém, aqui é fundamental entender que queremos apenas descobrir o sinal do limite, já sabemos
que será −∞ ou +∞. A resolução fica

x3 − 3x2 + 7 (−2)3 − 3 · (−2)2 + 7 −13


lim + = +
= + = −∞.
x→−2 x+2 −2 + 2 0

Há duas perguntas sobre essa solução. (1) Por que usou −2 ao invés de −2+ no numerador? (2) Por
que o resultado do denominador deu 0+ ? À segunda pergunta é mais fácil de responder: observe
que −2+ é para ser interpretado como algo um pouco maior que −2 e, portanto, ao somar 2 o
resultado fica um pouco maior que 0. Para responder à primeira pergunta, observe que estamos
apenas interessados no sinal do numerador. Saber se será −13+ ou −13− (ao substituir por −2+ ) é
irrelevante para o resultado, porque bastava apenas saber se seria um número positivo ou negativo.
De uma forma mais geral, apenas para o termo que resulta zero é relevante saber se é 0+ ou 0− (pois
altera o sinal e também altera a resposta).

Exemplo 3. Determine os limites lim− f (x), lim+ f (x), lim f (x), lim− f (x), lim+ f (x) e lim f (x) para
x→0 x→0 x→0 x→2 x→2 x→2
x3 − 2x2 − 1
a função f (x) = do inı́cio da explicação.
x3 − 2x2
Solução. Já sabemos essas respostas graficamente, agora veremos como calcular sem possuir o
gráfico. Primeiro, foquemos nos limites no ponto 2. Substituindo, obtemos −1 no numerador e 0 no
denominador, indicando que os limites laterais são −∞ ou ∞. Se tentarmos substituir diretamente x
por 2+ ou 2− no denominador, teremos problemas. A melhor estratégia é primeiro fatorar a expressão
(como −2 anula o denominador, então é possı́vel dividi-lo por x − 2), obtendo x3 − 2x2 = x2 (x − 2).
Esta expressão é muito mais útil pois deixa evidente o termo x − 2 que é responsável por anular o
denominador. Assim,

x3 − 2x2 − 1 x3 − 2x2 − 1 23 − 2 · 22 − 1 −1
lim− = lim− = −
= = +∞.
x→2 3
x − 2x 2 x→2 2
x (x − 2) 2
2 (2 − 2) 4 · 0−

Mais uma vez, reforçamos que os termos que não se anulam não precisam carregar o sinal que indica
a lateralidade, pois seu sinal já é conhecido. Na última passagem, vimos que a resposta é +∞ pois
é a divisão de duas quantidades negativas. Continuando com os outros limites laterais:

x3 − 2x2 − 1 x3 − 2x2 − 1 23 − 2 · 22 − 1 −1
lim+ 3 2
= lim 2
= 2 +
= = −∞,
x→2 x − 2x x→2+ x (x − 2) 2 (2 − 2) 4 · 0+

x3 − 2x2 − 1 x3 − 2x2 − 1 03 − 2 · 02 − 1 −1
lim+ = lim = = = +∞ e
x→0 x3 − 2x2 x→0+ x2 (x − 2) (0+ )2 (0 − 2) 0+ · (−2)
x3 − 2x2 − 1 x3 − 2x2 − 1 03 − 2 · 02 − 1 −1
lim− 3 2
= lim− 2
= − 2
= + = +∞.
x→0 x − 2x x→0 x (x − 2) (0 ) (0 − 2) 0 · (−2)
x3 − 2x2 − 1 x3 − 2x2 − 1
De posse dos limites laterais, concluı́mos que lim não existe e que lim =
x→2 x3 − 2x2 x→0 x3 − 2x2
+∞.

Exemplo 4. Determine o limite lim+ log x.


x→0
Solução. Nem todos podem ser resolvidos da forma acima. Alguns são resolvidos conhecendo o
comportamento da função considerada. Por exemplo, para a função log x, que tem apenas os números
positivos em seu domı́nio, podemos perguntar seu limite à direita de 0 (note que à esquerda não faz
sentido). Pelo gráfico da função (ou observando os valores de log x à medida que x fica cada vez
mais próximo de 0), verificamos que lim+ log x = −∞. Em certas situações, abreviamos esse limite
x→0

8
escrevendo log 0+ = −∞. Note também que se a base do logaritmo fosse um número entre 0 e 1, o
resultado do limite seria +∞.

Exemplo 5. Determine o limite lim


π−
tg x.
x→ 2

Solução. Como anteriormente, podemos fazer análise gráfica. A tangente não está definida em π/2
e seu gráfico indica que lim
π−
tg x = +∞. Uma outra forma de resolver seria usar que a tangente é
x→ 2
o quociente entre seno e cosseno e usar argumentos como o que usamos nos casos de polinômios:

sen x sen( π2 ) 1
lim tg x = lim = π− = +.
π−
x→ 2 π−
x→ 2 cos x cos( 2 ) 0

Na última passagem, usamos que quando x se aproxima de π/2 pela esquerda, cos x se aproxima de
0 por valores positivos (isto é, cos x é um número positivo se x é menor que π/2 e suficientemente
próximo de π/2).

x+1
Exemplo 6. Determine o limite lim+ √ .
x→4 x−2
Solução. Este limite pode ser resolvido usando os métodos dos primeiros exemplos, mas o objetivo
aqui é ilustrar que também podemos usar mudança de variável. A mensagem que fica é que ao fazer
uma mudança de variável em um limite lateral, o novo √ limite também será lateral (não necessari-
amente o mesmo lado). Façamos a mudança y = x e observemos que quando x tende a 4 pela
direita, então y tende a 2 pela direita (a raiz de um número um pouco maior que 4 é um número um
pouco maior que 2). Assim,

x+1 y2 + 1 22 + 1 5
lim+ √ = lim+ = + = + = +∞.
x→4 x − 2 y→2 y − 2 2 −2 0

4. Limites no infinito. Considere a função f (x) = 2x e observemos seu gráfico abaixo.

y
6
5
4
3
2
1
x
−6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6
−1
−2
−3
−4
−5
−6

Os limites que vimos até aqui são pontuais, servem para descrever o comportamento de uma função
à esquerda e/ou à direita de um determinado ponto a. Nenhum destes limites é capaz de descrever
o que acontece quando caminhamos sobre o gráfico da função indefinidamente para a esquerda ou

9
para a direita. Por exemplo, se caminharmos indefinidamente para a esquerda sobre o gráfico acima,
o valor da função se aproxima cada vez mais de 0. Por outro lado, caminhando indefinidamente
para a direita, o valor da função cresce indefinidamente. Essas verificações são o que chamamos de
limites no infinito e as notações são lim f (x) e lim f (x). No gráfico acima, os limites no infinito
x→−∞ x→∞
são lim 2x = 0 e lim 2x = +∞.
x→−∞ x→+∞

Para resolver limites desse tipo sem ter o gráfico à disposição, precisaremos (informalmente) fazer
contas como se −∞ e +∞ fossem números (da mesma forma que fizemos com 0+ , 1− , etc.). Para
essas contas, devemos pensar que +∞ é uma quantidade muito grande, muito maior que qualquer
quantidade finita e que se aparecerem dois infinitos em uma mesma conta, devemos assumir que não
sabemos qual deles é maior. Por exemplo: ∞ + 2 = ∞ (pois um número muito grande somado com
dois continua muito grande), ∞ − 2 = ∞ (pois um número muito grande diminuı́do de dois continua
muito grande), ∞ − 10000000 = ∞ (apesar de 10000000 parecer grande aos nossos olhos, lembre-se
de que a noção de grandeza é relativa e que infinito é pra ser entendido como infinitamente maior
que qualquer quantidade finita), 2∞ = ∞ (pois elevar 2 a um número grande obtemos um número
grande como resultado), 2−∞ = 0 (pois elevar 2 a um número negativo muito grande em módulo
obtemos um número tão próximo de 0 quanto queiramos), ∞2 = ∞ (pois um número muito grande
elevado ao quadrado continua muito grande), 1/∞ = 0 (pois o inverso de um número muito grande
é um número muito pequeno). Por outro lado, algumas contas não são permitidas: ∞ − ∞ (pois não
sabemos a ordem de grandeza dos infinitos envolvidos), ∞/∞ (pelo mesmo motivo anterior). Mais
adiante veremos outros casos de contas não permitidas.

Exemplo 1. Determine o limite lim (x2 + x).


x→+∞
2 2
Solução. lim (x + x) = ∞ + ∞ = ∞ + ∞ = ∞.
x→+∞

Exemplo 2. Determine o limite lim (x2 − x).


x→+∞

Solução. Se tentarmos resolver como o exemplo anterior, esbarramos em uma expressão não permi-
tida: lim (x2 + x) = ∞2 − ∞ = ∞ − ∞. Isso quer dizer que esta solução não funciona e devemos
x→+∞
procurar um outro método. Normalmente, estes outros métodos são obtidos reescrevendo a expres-
são de uma forma que, ao substituir x por ∞, nenhuma expressão proibida aparece. Neste exemplo,
escrevamos x2 −x = x(x−1). Nessa nova escrita fica possı́vel calcular sem obter expressões proibidas:

lim (x2 − x) = lim x(x − 1) = ∞(∞ − 1) = ∞ · ∞ = ∞.


x→+∞ x→+∞

Os exemplos acima são simples. Em geral, teremos que desenvolver nossa criatividade a capacidade
de manipulação algébrica para resolver outros mais complexos.

x3 − 3x2 − x + 1
Exemplo 3. Determine o limite lim .
x→−∞ 2x3 − x + 7
Solução. Se tentarmos substituir diretamente, teremos expressões proibidas. Apesar de pouco co-
mum, a reescrita mais útil para resolver esse limite é, em cada polinômio, colocar a potência de maior
grau em evidência:
   
3 2 3 3 1 1 3 3 1 7
x − 3x − x + 1 = x 1 − − 2 + 3 e 2x − x + 7 = x 2 − 2 + 3 .
x x x x x

Substituindo a expressão original por essas reescritas, obtemos

x3 1 − x3 − x12 + x13 1 − x3 − x12 + x13



x3 − 3x2 − x + 1
lim = lim = lim =
x3 2 − x12 + x73 2 − x12 + x73

x→−∞ 2x3 − x + 7 x→−∞ x→−∞

10
3 1 1 3 1 1
1− −∞
− (−∞)2
+ (−∞)3 1− −∞
− ∞
+ −∞ 1−0−0+0 1
1 7 = 1 7 = = .
2− (−∞)2
+ (−∞)3
2− ∞
+ −∞
2−0+0 2

Antes de irmos aos exercı́cios, é importante reconhecer o que podemos e o que não podemos fazer
nessas contas informais. Abaixo, uma lista de contas permitidas (existem diversas outras) e fica de
exercı́cio você justificar por que são verdadeiras. Em todos os itens, a sempre será um número real
qualquer, k sempre representará um número real positivo qualquer, b sempre um número real maior
que 1 qualquer, c sempre um número real 0 < c < 1 qualquer e n sempre um número natural positivo
qualquer.

(1) ∞ ± a = ∞. (2) −∞ ± a = −∞. (3) k · ∞ = ∞. (4) −k · ∞ = −∞.


(5) k · (−∞) = −∞. (6) −k · (−∞) = ∞. (7) ∞/k = ∞. (8) a/∞ = 0.
(9) k/0+ = ∞. (10) k/0− = −∞. (11) ∞/0+ = ∞. (12) ∞/0− = −∞.
(13) ∞ · ∞ = ∞. (14) (−∞)n = ∞, se n é par e (−∞)n = −∞ se n é ı́mpar.
(15) ∞k = ∞. (16) ∞ + ∞ = ∞. (17) −∞ − ∞ = −∞. (18) −(−∞) = ∞.
(19) b∞ = ∞. (20) b−∞ = 0. (21) c∞ = 0. (22) c−∞ = ∞.
(23) logb (∞) = ∞. (24) logb (0+ ) = −∞. (25) logc (∞) = −∞. (26) logc (0+ ) = ∞.
(27) ∞∞ = ∞. (28) ∞−∞ = 0. (29) arctg(∞) = π/2. (30) arctg(−∞) = −π/2.

Em certas situações, é importante saber se um resultado é 0, 0+ ou 0− (já vimos que esse sinal pode
fazer diferença na resposta final). Abaixo estão versões mais detalhadas de alguns dos itens acima
no caso em que o resultado é 0 (mais uma vez, cabe a você justificar).

(1) k/∞ = 0+ . (2) −k/∞ = 0− . (3) b−∞ = 0+ . (4) c∞ = 0+ . (5) ∞−∞ = 0+ .

Vamos agora à lista do que não é permitido fazer durante o cálculo de um limite:

(1) 0/0; (2) ∞ − ∞; (3) ∞/∞; (4) 0 · ∞;


(5) ∞0 ; (6) 00 ; (7) 1∞ ; (8) 1−∞ .

Você deve estar surpreso e um pouco confuso nesse momento. Antes de prosseguir, necessitamos de
uma pequena recapitulação:

(i) Em nossos estudos, definimos limite e, após isso, todo o restante do conteúdo é dedicado ao
cálculo de limites.
(ii) As nossas primeiras ferramentas para cálculo de limites (sem ser a definição) eram usar as
propriedades de limite e o conceito de função contı́nua. Após entender este último e saber
reconhecer quais funções são ou não contı́nuas, conseguimos calcular uma grande quantidade
(x2 − 1)2x (32 − 1)23 64
de limites. Por exemplo, lim √ = √ =√ .
x→3 x+4 3+4 7
(iii) Após isso, focamos em resolver os poucos casos que nos faltavam, casos em que o ponto a do
limite não estava no domı́nio da função. Os exemplos mais comuns eram de divisões em que
o denominador se anulava no ponto a. Duas situações se destacaram nesse caso: (a) quando
o numerador também se anula e (b) quando o numerador não se anula. No caso (a), vimos
que algum método alternativo deveria ser aplicado para resolver o limite, que a informação 0/0
substituindo na expressão original nada dizia sobre o resultado do limite. Entre os métodos
que vimos para resolver tais tipos de limites, estão: fatoração de polinômios, multiplicação por
conjugado, mudança de variável e teoremas fundamentais. No caso (b), em que o numerador não
se anula, é possı́vel concluir que o limite não existe (no sentido formal, talvez exista no sentido
usando infinito) e que os limites laterais serão −∞ ou ∞. Para poder detectar exatamente qual

11
desses é o resultado, criamos contas informais (usadas apenas para descobrir o resultado do
limite) envolvendo notações do tipo 0+ , 2− , −1+ , etc.. Ao criar essas contas, nós conseguimos
resolver alguns limites, mas ao mesmo tempo gerou um novo problema: interpretar corretamente
estas contas e saber quando é permitido usá-las. Felizmente, vimos que era possı́vel evitar contas
complicadas substituindo as notações com o sinal que indica a lateralidade apenas no(s) termo(s)
que se anula(m). Por exemplo:
x3 − x + 3 x3 − x + 3 23 − 2 + 3 9
lim− 2
= lim = −
= − = ∞.
x→2 x − 5x + 6 x→2 (x − 2)(x − 3)
− (2 − 2)(2 − 3) 0 · (−1)

(iv) A próxima etapa foi definir os limites no infinito lim f (x) e lim f (x). Como infinito não é
x→∞ x→−∞
um número, não faz sentido calcular esse limite substituindo x por infinito. Mesmo assim, mais
uma vez, criamos contas informais para resolver esse tipo de limite como nos casos anteriores,
apenas substituindo. Mais uma vez, resolvemos alguns limites mas criamos novos problemas:
interpretar corretamente estas contas e saber quando é permitido usá-las. Com um pouquinho
de intuição, criamos uma lista de 30 itens de contas permitidas (você está convidado e formular
outros itens). Um exemplo de uso dessa lista:

(x2 − 1)2x x(x − x1 )2x


   
1 1
lim = lim = lim x − x
2 = ∞− 2∞ = (∞ − 0) · ∞ = ∞.
x→∞ x x→∞ x x→∞ x ∞

(v) Você poderia se perguntar: tá, depois de tudo isso e com todas essas contas informais, quais
expressões devem ser evitadas? Esta é uma lista bem conhecida no cálculo e é chamada das
indeterminações em limites: 0/0, ∞ − ∞, ∞/∞, 0 · ∞, ∞0 , 00 , 1∞ e 1−∞ . Todas elas significam
a mesma coisa: se alguma delas apareceu durante suas contas para o cálculo do limite, volte
tudo e procure outro método pois essas expressões não dão nenhuma informação sobre o limite
que está sendo calculado. O resultado pode ser qualquer número, −∞, +∞ ou não existir,
absolutamente nada é possı́vel concluir caso uma dessas expressões apareça. Por exemplo,
ao tentar resolver o limite do item anterior sem o cancelamento prévio de x na expressão,
chegarı́amos a
(x2 − 1)2x (∞2 − 1)2∞ ∞·∞ ∞
lim = = =
x→∞ x ∞ ∞ ∞
e aqui deverı́amos parar, procurar alguma reescrita da função e reiniciar o processo.
(vi) Finalizando essa revisão, apesar de expressões como 2/0 não serem permitidas no cálculo de
limites, elas dão um bom indicativo da resposta (os limites laterais são −∞ ou +∞). Por isso
elas não são classificadas como indeterminações. São indeterminações aquelas expressões que
não dão informação alguma sobre o limite.
Observe que nenhuma das indeterminações é uma operação permitida com os números usuais (das
oito, seis envolvem infinito que não é um número e as outras duas, 0/0 e 00 , não estão definidas). É
comum falarem que 0/0 é uma indeterminação. Essa afirmação não está correta. Quando estamos
falando das operações numéricas básicas, a divisão por 0 não é definida, simples assim (não existe a
noção de indeterminação quando estamos falando dos conjuntos numéricos e as operações usuais).
Porém, quando estamos falando de cálculo de limites, a expressão 0/0 indica uma indeterminação
no procedimento usado para resolver o limite.
Uma das formas de mostrar que tais expressões são indeterminações, é exibir dois limites em que a
mesma expressão aparece mas o resultado do limite é diferente. Como exemplo, considere os limites
x2 + x + 1 x2 + x + 1
lim e lim . Em ambos os casos, ao tentar substituir x por infinito, obtemos
x→∞ x2 + 50 x→∞ x3 − 100
∞/∞. Se fosse possı́vel atribuir um valor a ∞/∞ que servisse para todos os limites, estes dois
limites apresentados deveriam ter o mesmo resultado. Porém, se usarmos a estratégia do exercı́cio 3,
x2 + x + 1 x2 + x + 1
concluı́mos que lim = 1 e lim = 0. Esses mesmos limites podem ser usados
x→∞ x2 + 50 x→∞ x3 − 100

12
para justificar por que não podemos atribuir um valor a 0 · ∞. Observe a tentativa de resolução
abaixo:
x2 + x + 1
   
1 2 1 2 1
lim = lim · (x + x + 1) = · (∞ + ∞ + 1) = · ∞ = 0 · ∞.
x→∞ x2 + 50 x→∞ x2 + 50 ∞2 + 50 ∞

Note que usamos a conta permitida 1/∞ = 0. Não há nada de errado com essa tentativa, o problema
é que levou a uma expressão para a qual não há um valor atribuı́do. Caso tivesse, esse valor deveria
ser compatı́vel com todos os limites. Mas um argumento semelhante mostra que 0 · ∞ também pode
x2 + x + 1
ser obtido para o limite lim 3 , confirmando que não é possı́vel atribuir um valor pois os
x→∞ x − 100
limites têm resultados diferentes. Um ótimo exercı́cio (e difı́cil) é procurar exemplos que mostrem
que não é possı́vel atribuir um valor às outras seis expressões indeterminadas.
Para finalizar as explicações desse tópico, precisaremos de um teorema.
x 1 x
Teorema (Terceiro limite fundamental). lim 1 + x1 = e e lim

1+ x
= e.
x→∞ x→−∞

No teorema acima, e representa o número já conhecido de vocês, cujo valor aproximado é 2,71828.
Você poderia se perguntar o que o e está fazendo aı́. E a resposta não é simples. Na verdade,
o resultado desse limite é uma das definições possı́veis para o número e. Basicamente, se você
1 x

escolher um valor de x bem grande (por exemplo, 1000000) e calcular 1 + x , o resultado será
aproximadamente e. Você poderia se perguntar por que não resolvemosesses limites do teorema com
1 ∞
técnicas anteriores. Se tentarmos substituir x por ∞, obtemos 1 + ∞ = (1 + 0)∞ = 1∞ que está
na lista de expressões indeterminadas. Isso significa que esse método não dá nenhuma informação
sobre o resultado do limite. Felizmente, algum matemático calculou e nos deu o resultado de brinde
para usarmos.
Este teorema é usado de forma semelhante aos anteriores. Receberemos um limite não exatamente
igual e faremos modificações até poder usar o limite da forma que está no teorema.

1 4x

Exemplo 4. Determine o limite lim 1 + x
.
x→∞

1 4x 1 x 4
h x i4
= lim 1 + x1
   
Solução. lim 1 + x
= lim 1+ x
= e4 .
x→∞ x→∞ x→∞

5 x

Exemplo 5. Determine o limite lim 1 + x
.
x→∞

Solução. Fazendo a mudança de variável y = x/5, obtemos que 5/x = y, x = 5y e y → ∞ quando


x → ∞. Assim,  x  5y
5 1
lim 1 + = lim 1 + = e5 .
x→∞ x y→∞ y

x3 − 2x2 − 1
5. Assı́ntotas. Observemos novamente o gráfico da função (já vista acima) f (x) = .
x3 − 2x2

13
y
6
5
4
3
2
1
x
−6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6
−1
−2
−3
−4
−5
−6

Três retas foram destacadas: duas retas verticais em verde, de equações x = 0 e x = 2, e uma reta
horizontal em azul de equação y = 1. Estas três retas são caracterizadas pelos limites infinitos e no
infinito de f . Por exemplo, já vimos que anteriormente que para essa função f , tem-se lim− f (x) = ∞,
x→0
significando que o gráfico de f cresce indefinidamente à medida que x se aproxima de 0 pela esquerda.
Em outras palavras, o gráfico de f cresce indefinidamente à medida que se aproxima pela esquerda
da reta x = 0. Similarmente, como lim+ f (x) = −∞, então o gráfico de f decresce indefinidamente
x→2
à medida que se aproxima pela direita da reta x = 2. A reta em azul está associada aos limites
no infinito. As calcular os limites lim f (x) e lim f (x), em ambos os casos o resultado obtido é 1
x→−∞ x→∞
(verifique!). Isso quer dizer que o gráfico de f se aproxima da altura 1 quando x cresce ou decresce
indefinidamente. Em outras palavras, o gráfico de f se aproxima da reta y = 1 à medida que x
cresce ou decresce indefinidamente. Estas retas são chamadas de assı́ntotas de f . Formalmente, as
definições são:
Definição (assı́ntota vertical). Sejam f uma função e a ∈ R. Se algum dos limites lim− f (x) ou
x→a
lim+ f (x) é igual a −∞ ou +∞, então a reta x = a é chamada de assı́ntota de f .
x→a
Definição (assı́ntota horizontal). Sejam f uma função e a ∈ R. Se algum dos limites lim f (x)
x→−∞
ou lim f (x) é igual a a, então a reta y = a é chamada de assı́ntota de f .
x→+∞

Exemplo 1. Determine as assı́ntotas horizontais e verticais da função f (x) = 2 + ex .


Solução. Primeiramente, procuremos pelas assı́ntotas verticais. Para isso, devemos procurar por
limites em algum ponto a cujo resultado seja −∞ ou +∞. Como f é contı́nua e seu domı́nio é R,
então em qualquer ponto a, os limites sempre serão iguais a f (a) e, obviamente, não serão iguais a
infinito. Portanto, não há assı́ntotas verticais. Procuremos agora pelas horizontais. Para isso, basta
calcular os limites lim f (x) ou lim f (x).
x→−∞ x→+∞

lim f (x) = lim (2 + ex ) = 2 + e−∞ = 2 + 0 = 2 e


x→−∞ x→−∞

lim f (x) = lim (2 + ex ) = 2 + e∞ = 2 + ∞,


x→∞ x→∞

logo, y = 2 é a única assı́ntota horizontal.

x3 − 5x2 + 6x
Exemplo 2. Determine as assı́ntotas horizontais e verticais da função f (x) = .
x2 − 3x + 2

14
Solução. Primeiramente, procuremos pelas assı́ntotas verticais. Para isso, devemos procurar por
limites em algum ponto cujo resultado seja −∞ ou +∞. Como f é contı́nua em seu domı́nio, os
únicos pontos candidatos a terem limites infinitos são os pontos fora do domı́nio de f que, neste
caso, são as raı́zes 1 e 2 do denominador. Notem que o simples fato de não estar no domı́nio não
garante que é assı́ntota, devemos de fato calcular os limites e verificar se algum deles é infinito.
Primeiro, testemos os limites no ponto 1. Ao substituir x por 1 na função, obtemos 2 no numerador
e 0 no denominador. Pelo que já vimos de limite, isso indica que os limites laterais são infinitos
e essa informação já é suficiente para concluir que x = 1 é uma assı́ntota vertical (note que não
foi necessário verificar o sinal do infinito nos limites laterais, bastou saber que são −∞ ou +∞).
Testemos agora os limites no ponto 2. Ao substituir x por 2 na função, obtemos 0 no numerador e 0
no denominador, indicando que nada se pode afirmar sobre o limite e que devemos procurar algum
método alternativo. Fatorando o termo x − 2 no numerador e denominador, obtemos
x3 − 5x2 + 6x (x − 2)(x2 − 3x)
f (x) = = .
x2 − 3x + 2 (x − 2)(x − 1)
Assim, o limite no ponto 2 (assim como os laterais) é
x3 − 5x2 + 6x x2 − 3x
lim f (x) = lim = lim = −2.
x→2 x→2 x2 − 3x + 2 x→2 x − 1

Como não é infinito (assim como os laterais), então x = 2 não é assı́ntota. Por fim, vamos procurar as
assı́ntotas horizontais. Para isso, basta calcular os limites lim f (x) ou lim f (x). Como (verifique
x→−∞ x→+∞
as contas abaixo)
x3 − 5x2 + 6x
lim f (x) = lim = −∞ e
x→−∞ x→−∞ x2 − 3x + 2

x3 − 5x2 + 6x
lim f (x) = lim = +∞,
x→∞ x→∞ x2 − 3x + 2
então não há assı́ntotas horizontais.
As assı́ntotas serão futuramente usadas para auxiliar no esboço de gráficos.
6. Teoremas importantes. Para finalizar nosso estudo sobre limite e continuidade, veremos alguns
teoremas importantes sobre estes assuntos. Todos os teoremas são intuitivamente fáceis de compre-
ender sua veracidade, mas isso nem sempre se reflete em uma prova matemática fácil. Não veremos
as provas aqui, apenas os enunciados e suas interpretações.
Observe os gráficos das funções f , g e h abaixo.
y
h

g
x
a

15
Para qualquer x menor que a, tem-se f (x) ≤ g(x) ≤ h(x). Informalmente, dizemos que g está
“sanduichada” por f e h nessa região. Note também que as funções externas f e h caminham para a
mesma altura ao se aproximar de a, isto é, lim− f (x) = lim− h(x). A conclusão é que a função g que
x→a x→a
está no meio do sanduı́che deve possuir o mesmo limite das outras, isto é, lim− g(x) = lim− f (x) =
x→a x→a
lim− h(x). Este teorema é conhecido como Teorema do Confronto ou Teorema do Sanduı́che. Observe
x→a
que para o resultado ser verdadeiro, basta que o sanduı́che ocorra apenas em um intervalo à esquerda
de a. Também é claro que existe uma versão deste teorema para limite à direita. O enunciado formal
é o que segue.
Teorema do Sanduı́che. Sejam f , g e h funções e a ∈ R tal que existe r > 0 de modo que
f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) para todo x ∈ (a − r, a). Se lim− f (x) = lim− h(x), então
x→a x→a

lim f (x) = lim− g(x) = lim− h(x).


x→a− x→a x→a

Seu exercı́cio nesse momento é escrever uma versão desse teorema para limite à direita e também
uma versão para limite.

Exemplo 1. Considere as funções f (x) = −x2 , g(x) = x2 sen(1/x) e h(x) = x2 . Como a função
seno tem seus valores sempre de −1 a 1, é fácil ver que f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) para todo x 6= 0
(verifique que isto de fato ocorre). Note que a a exclusão de x = 0 é porque a função g não está
definida nesse ponto. Observe que não conseguimos calcular lim g(x) substituindo x por 0. Porém,
x→0
como lim f (x) = lim h(x) = 0, então podemos usar o Teorema do Sanduı́che para concluir que
x→0 x→0
lim g(x) = 0.
x→0
Considere agora o gráfico da função f mostrado abaixo.

f (b)

f (a)

x
a c b

Note que o domı́nio de f é o intervalo [a, b] (poderia ser um intervalo maior, mas é importante que
estejamos falando de um intervalo fechado que esteja contido no domı́nio de f ) e que f é contı́nua.
Pelo que entendemos intuitivamente de uma função contı́nua, isso significa que o gráfico de f não
possui quebras (essa afirmação não é muito precisa, mas é suficiente para a construção do nosso
raciocı́nio). Como o gráfico está na altura f (a) no ponto a e na altura f (b) no ponto b, então este
gráfico sem quebras obriga que para sair da altura f (a) e chegar na altura f (b) você é obrigado a
passar por todas as outras alturas intermediárias. Por exemplo, para qualquer número w que esteja

16
entre f (a) e f (b), deve existir um ponto do gráfico nessa altura. E dizer que existe um ponto do
gráfico de altura w é o mesmo que dizer que w = f (c) para algum número c. Em resumo, a conclusão
é que todos os números entre f (a) e f (b) estão no conjunto imagem de f . Este resultado é conhecido
como Teorema do Valor Intermediário. Seu enunciado preciso é o que segue.
Teorema do Valor Intermediário. Seja f uma função contı́nua no intervalo [a, b]. Se w pertence
ao intervalo de extremos f (a) e f (b), então existe c ∈ [a, b] tal que f (c) = w.
Um caso particular desse teorema é quando f (a) e f (b) possuem sinais opostos. Nesse caso, ao passar
por todas as alturas, obrigatoriamente você vai passar pela altura 0. Esse caso particular é conhecido
como Teorema do Anulamento e seu enunciado é o que segue.
Teorema do Anulamento. Seja f uma função contı́nua no intervalo [a, b]. Se f (a) e f (b) possuem
sinais opostos, então existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = 0.

Exemplo 2. Mostre que a função f (x) = x3 + x + 1 possui, pelo menos, uma raiz real.
Solução. Encontrar uma raiz, significa encontrar um número c tal que f (c) = 0. Nós podemos
procurar exatamente tal c, mas o exercı́cio pede apenas para mostrar que existe tal c. O Teorema
do Anulamento tem o poder de fornecer uma raiz, mas é preciso encontrar um intervalo [a, b] para
usar o teorema. Esse intervalo tem que ter valores f (a) e f (b) de sinais opostos. Chutando alguns
valores, podemos ver, por exemplo, que f (−1) = −1 e f (0) = 1. Usando a = −1, b = 0 e lembrando
que f é contı́nua, então o Teorema do Anulamento nos garante que f possui uma raiz (o teorema
ainda garante que existe uma raiz no intervalo (−1, 0)).
Nosso último teorema trata de uma situação semelhante à anterior. Seja f uma função contı́nua no
intervalo [a, b] (veja gráfico abaixo). Considere agora o gráfico da função f mostrado abaixo.

y
f (c)
f

f (b)

f (a)

x
a c b

Essa continuidade, junto com o fato de o intervalo ser fechado, proı́be que f cresça ou decresça
indefinidamente e, ao mesmo tempo, obriga que f tenha uma altura máxima e uma altura mı́nima,
ambas pertencentes à sua imagem. Em nosso desenho, o ponto de maior altura é a imagem do ponto
c e o ponto de menor altura é a imagem do ponto a. Este resultado é conhecido como Teorema de
Weierstrass e seu enunciado é o que segue.
Teorema de Weierstrass. Seja f uma função contı́nua no intervalo [a, b]. Então existem c, d ∈ [a, b]
tais que f (c) ≤ f (x) ≤ f (d) para todo x ∈ [a, b].

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