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INSTITUTO SUPERIOR DE FORMAÇÃO, INVESTIGAÇÃO E

CIÊNCIA

TEMA

Estudo de Limites e Derivadas

NOME DO CANDIDATO

Nelsa Fernando Muambo

LICENCIATURA EM Gestão de Recursos Humanos_____________

Nome do docente: Valentim Raposo

Maputo, Janeiro 2021


Índice
1. Introdução .......................................................................................................................... 1
2. Limites de uma função ....................................................................................................... 2
2.1. Noção intuitiva de limite ............................................................................................. 2
2.2. Função infinitamente pequena e infinitamente grande ............................................... 3
2.2.1. Função infinitamente pequena (ou infinitésimo) ................................................. 3
2.2.2. Propriedades dos limites infinitamente grandes e pequenos................................ 4
2.2.3. Exemplos.............................................................................................................. 4
2.3. Limites laterais ............................................................................................................ 5
2.4. Operações algébricas com limites ............................................................................... 5
3. Indeterminações ................................................................................................................. 6
4. Cálculo de limites .............................................................................................................. 7
4.1. Limite de uma função racional do tipo 𝐥𝐢𝐦𝐱 → ∞[𝒇𝒙𝒈𝒙 ] ...................................... 7
4.2. Limite de uma função racional do tipo 𝐥𝐢𝐦𝐱 → 𝒂[𝒇𝒙𝒈𝒙 ] ....................................... 8
4.3. Limites de funções irracionais..................................................................................... 9
4.4. Limites fundamentais ................................................................................................ 10
5. Continuidade de funções .................................................................................................. 14
Exemplo 1: ........................................................................................................................... 15
Exemplo 2: ........................................................................................................................... 15
6. Origem do Conceito de Derivada de uma Função ........................................................... 16
6.1. Regras de derivação .................................................................................................. 20
Proposição 6.1.1. (Derivada de uma constante) ............................................................... 20
Proposição 6.1.2. (Regra da Potência) ............................................................................. 20
Proposição 6.1.3. (Derivada da soma) ............................................................................. 21
Proposição 6.1.4. (Derivada de um produto) ................................................................... 22
Proposição 6.1.5. (Derivada do quociente) ...................................................................... 22
Proposição 6.1.6. (Derivada da função exponencial) ....................................................... 23
Proposição 6.1.7. (Derivada da função logarítmica) ........................................................ 23
Proposição 6.1.8. (Derivada da função seno) ................................................................... 24
Proposição 6.1.9. (Derivada da função cosseno) ............................................................. 24
Proposição 6.1. 10. Se 𝒚 = 𝒕𝒈(𝒙), então 𝒚′ = 𝐬𝐞𝐜𝟐(𝒙) ............................................... 25
Proposição 6.1. 11. Se 𝒚 = 𝒄𝒐𝒕𝒈(𝒙), então 𝒚′ = −𝒄𝒐𝐬𝐞𝐜𝟐(𝒙) ................................... 26
Proposição 6.1. 12. Se 𝒚 = 𝒔𝒆𝒄(𝒙), então 𝒚′ = 𝒔𝒆𝒄(𝒙). 𝒕𝒈(𝒙) .................................... 26
Proposição 6.1. 13. Se 𝒚 = 𝒄𝒐𝒔𝒆𝒄(𝒙), então 𝒚′ = −𝒄𝒐𝒔𝒆𝒄(𝒙). 𝒄𝒐𝒕𝒈(𝒙) .................... 26
6.2. Derivada de uma função na forma implícita ............................................................. 26
6.3. Derivada de uma função na forma paramétrica ........................................................ 30
6.4. Aplicações de derivada.............................................................................................. 31
6.4.1. Máximos e mínimos........................................................................................... 31
7. Bibliografia ...................................................................................................................... 36
1. Introdução
O presente trabalho apresenta os conceitos básicos dos limites e derivadas bem como as várias
demonstrações dos diferentes teoremas e regras que norteiam esses dois capítulos da
matemática de forma que sejam facilmente compreendidos e aplicados.

1
2. Limites de uma função
2.1. Noção intuitiva de limite
Seja a função f(x) = 2x + 1. Vamos dar valores a x que se aproximem de 1, pela sua direita
(valores maiores que 1) e pela esquerda (valores menores que 1) e calcular o valor
correspondente de y:

x y = 2x + 1 x y = 2x + 1
1,5 4 0,5 2
1,3 3,6 0,7 2,4
1,1 3,2 0,9 2,8
1,05 3,1 0,95 2,9
1,02 3,04 0,98 2,96
1,01 3,02 0,99 2,98

Notamos que à medida que x se aproxima de 1, y se


aproxima de 3, ou seja, quando x tende para 1 (x →1),
y tende para 3 (y → 3), ou seja:
lim (2𝑥 + 1) = 3
x →1

Observamos que quando x tende para 1, y tende para 3


e o limite da função é 3.
Esse é o estudo do comportamento de f(x) quando x
tende para 1(x →1). Nem é preciso que x assuma o
valor 1. Se f(x) tende para 3 (f(x) →3), dizemos que o
limite de f(x) quando x →1 é 3, embora possam ocorrer casos em que para x = 1 o valor de
f(x) não seja 3.
De forma geral, escrevemos:
𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙) = 𝒃
𝐱 →𝐚

Se, quando x se aproxima de a (x →a), f(x) se aproxima de b (f(x) →b).

𝑥 2 +𝑥 −2
,𝑥 ≠ 1
𝑥 −1
Seja, agora, função f(x) = {
2, 𝑠𝑒 𝑥 = 1

2
Como x² + x - 2 = (x - 1)(x + 2), temos:
(x − 1)(x + 2)
,𝑥 ≠ 1
𝑥 −1
f(x) = {
2, 𝑠𝑒 𝑥 = 1
Podemos notar que quando x se aproxima de 1 (x →1), f(x) se aproxima de 3, embora para x=1
tenhamos f(x) = 2. O que ocorre é que procuramos o comportamento de y quando x →1. E, no
caso, y → 3. Logo, o limite de f(x) é 3. Escrevemos:

(x − 1)(x + 2)
lim 𝑓(𝑥) = lim = lim (x + 2) = 3
x →1 x →1 𝑥 −1 x →1

Se g: IR → IR e g(x) = x + 2, lim 𝑔(𝑥) = lim (x + 2) = 1 + 2 = 3 , embora g(x) ≠ f(x) em


x →1 x →1

x = 1. No entanto, ambas têm o mesmo limite.

2.2. Função infinitamente pequena e infinitamente grande


2.2.1. Função infinitamente pequena (ou infinitésimo)

Se lim 𝑓(𝑥) = 0 ou lim 𝑓(𝑥) = 0, a função 𝑓(𝑥) diz-se infinitésimo.


x→𝑎 x → ±∞

Se lim 𝑓(𝑥) = ±∞ ou lim 𝑓(𝑥) = ±∞, a função 𝑓(𝑥) diz-se infinitamente grande (
x→𝑎 x → ±∞

positiva para o limite igual a +∞ e negativa para o limite igual a −∞).

3
2.2.2. Propriedades dos limites infinitamente grandes e pequenos

 A soma e o produto de dois infinitésimos, quando x → a, é também um infinitésimo.


 Sejam 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) dois infinitésimos, quando x → a:
𝑓(𝑥)
a) Se lim [𝑔(𝑥) ]= C ≠ 0, as funções 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) designam-se da mesma ordem.
x →a
𝑓(𝑥)
b) Se lim [𝑔(𝑥) ]= C = 0, então 𝑓(𝑥) é um infinitésimo de ordem superior a 𝑔(𝑥) porque
x →a

𝑓(𝑥) tende mais rapidamente a zero do que 𝑔(𝑥).


𝑓(𝑥)
c) Se lim [ ] = 1, então as funções 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) dizem-se equivalentes. Designa-se
x →a 𝑔(𝑥)

𝑓(𝑥) ~ 𝑔(𝑥).

2.2.3. Exemplos
sin 𝑥
1. sin 𝑥 ~ x quando x → 0 porque lim [ ]=1
x →0 𝑥
tg 𝑥
2. tg 𝑥 ~ x quando x → 0 porque lim [ ]=1
x →0 𝑥

3. Seja 𝑓(𝑥) = 𝑥(1 + √𝑥 ) e 𝑔(𝑥) = 3𝑥 - 𝑥 2 .


𝑥(1+ √𝑥) 𝑥(1+ √𝑥) 1
lim [ ] = lim [ ]= , isto é, 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) são da mesma ordem
x →0 3𝑥 − 𝑥2 x →0 𝑥(3 − 𝑥) 3

quando x → 0.
3
4. Seja 𝑓(𝑥) = 5𝑥 e 𝑔(𝑥) = √𝑥 2 .

5𝑥 𝑥 3 3
lim [ 3 ] = lim 5 √𝑥2 = lim 5 3√𝑥 = 0, logo 𝑓(𝑥) é um infinitésimo de ordem
x →0 √𝑥 2 x →0 x →0

superior a 𝑔(𝑥).
5. 𝑓(𝑥) = 𝑥2 é uma função infinitamente grande positiva quando x → +∞

porque lim 𝑥2 = +∞,


x → +∞
3
6. 𝑓(𝑥) = 𝑥−2 é uma função infinitamente grande positiva quando x → 2 porque
3
lim = +∞.
x → 2 𝑥−2

4
2.3. Limites laterais
Se x se aproxima de a através de valores maiores que a ou pela sua direita, escrevemos:

𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙) = 𝒃
𝐱 →𝒂+

Esse limite é chamado de limite lateral à direita de a.

Se x se aproxima de a através de valores menores que a ou pela sua esquerda, escrevemos:

𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙) = 𝒃
𝐱 →𝒂−

Esse limite é chamado de limite lateral à esquerda de a.

O limite de f(x) para x → a existe se, e somente se, os limites laterais à direita e à esquerda de
a são iguais, ou seja:
Se 𝐥𝐢𝐦+ 𝒇(𝒙) = 𝐥𝐢𝐦− 𝒇(𝒙) = 𝒃 , então 𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙) = 𝒃
𝐱 →𝒂 𝐱 →𝒂 𝐱→𝒂

Se 𝐥𝐢𝐦+ 𝒇(𝒙) ≠ 𝐥𝐢𝐦− 𝒇(𝒙) = 𝒃 , então ∄ 𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙)


𝐱 →𝒂 𝐱 →𝒂 𝐱→𝒂

2.4. Operações algébricas com limites

1) 𝐥𝐢𝐦[ 𝒇(𝒙) + 𝒈(𝒙) ] = 𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙) + 𝐥𝐢𝐦 𝒈(𝒙)


𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚

Exemplo: lim [ 𝑥 2 + 3𝑥 ] = lim 𝑥 2 + lim 3𝑥 = 1 + 3 = 4


x →1 x →1 x →1

2) 𝐥𝐢𝐦[ 𝒇(𝒙) − 𝒈(𝒙) ] = 𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙) − 𝐥𝐢𝐦 𝒈(𝒙)


𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚

Exemplo: lim [ 𝑥 2 − 3𝑥 ] = lim 𝑥 2 − lim 3𝑥 = 1 − 3 = − 2


x →1 x →1 x →1

3) 𝐥𝐢𝐦[ 𝒇(𝒙). 𝒈(𝒙) ] = 𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙) . 𝐥𝐢𝐦 𝒈(𝒙)


𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚

Exemplo: lim ( 𝑥 . cos 𝑥 ] = lim 𝑥 . lim cos 𝑥 = 𝜋 2 . (-1) = - 𝜋 2


2 2
x →π x →π x →π

𝒇(𝒙) 𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙)


4) 𝐥𝐢𝐦[𝒈(𝒙) ]= 𝐱𝐥𝐢𝐦
→𝐚
𝐱 →𝐚 𝒈(𝒙)
𝐱 →𝐚

5
cos 𝑥 lim cos 𝑥 cos 0 1
Exemplo: lim = x →0 = = =1
x →0 𝑥 2 +1 lim 𝑥 2 +1 02 +1 1
x →0

5) 𝐥𝐢𝐦[ 𝒇(𝒙)]𝒏 =[𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙)]𝒏 , n ∈ 𝑰𝑵


𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚

Exemplo: lim [ 𝑥 2 + 3]2 = [lim ( 𝑥 2 + 3)]2 =(1 + 3)2 = 16


x →1 x →1

𝒏
6) 𝐥𝐢𝐦 √𝒇(𝒙) = 𝒏√𝐥𝐢𝐦𝒇(𝒙) , n ∈ 𝑰𝑵 e 𝒇(𝒙) > 0. Se 𝒇(𝒙) ≤ 0, n e impar.
𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚

Exemplo: lim √𝑥 3 + 𝑥 2 − 1 = √ lim (𝑥 3 + 𝑥 2 − 1) = √23 + 22 − 1 =√11


x →2 x →2

7) 𝐥𝐢𝐦 [𝐥𝐧 𝒇(𝒙)] = 𝐥𝐧 [𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙)], se 𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙) > 0


𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚 𝐱 →𝐚

Exemplo: lim [ln 𝑥 2 ] = ln [lim 𝑥 2 ] = ln 𝑒 2 = 2.ln 𝑒 = 2.1 =2


x →𝑒 x →𝑒

𝐥𝐢𝐦 𝒇(𝒙)
8) 𝐥𝐢𝐦 𝒆𝒇(𝒙) = 𝒆 𝐱 →𝐚
𝐱 →𝐚

2 +3𝑥 lim 𝑥 2 +3𝑥


Exemplo: lim 𝑒 𝑥 = 𝑒 x →1 = 𝑒4
x →1

3. Indeterminações
Consideremos o seguinte problema: dados dois números a e b, determina um numero 𝑥 tal que
a = b.𝑥 .
Examinemos este caso quando a = 0 e b = 0.

Trata-se, pois, de achar um numero 𝑥, tal que 0. 𝑥 = 0. Ora, qualquer número satisfaz esta
condição. Portanto, o problema admite como solução qualquer número, por exemplo: 3; -5;
120;….
0
Deste modo, o símbolo pode considerar-se como indicativo de um problema indeterminado
0
e por isso se diz símbolo de indeterminação.

6
Outros símbolos de indeterminação são os seguintes:

; ∞ − ∞; 1∞ ; 00 ; ∞0

Levantar a indeterminação é encontrar o valor limite, se existir (e diz-se neste caso que a
indeterminação e aparente).

Exemplo:
𝑥 2 −1 12 −1 0
lim = lim =
x →1 𝑥−1 x →1 1−1 0

𝑥 2 −1 (𝑥−1)(𝑥+1)
lim = lim = lim (𝑥 + 1) = 2
x →1 𝑥−1 x →1 𝑥−1 x →1

4. Cálculo de limites
𝒇(𝒙)
4.1. Limite de uma função racional do tipo 𝐥𝐢𝐦 [ ]
𝐱 →∞ 𝒈(𝒙)

𝑓(𝑥)
Para o cálculo do limite de uma função racional do tipo lim [𝑔(𝑥) ], usualmente procede-se da
x →∞
seguinte maneira:

 Primeiro substitui-se 𝑥 por ∞, se o resultando for ∞, temos uma indeterminação;

 Coloca-se em evidência a potência máxima de 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥);


 Depois, simplifica-se e em seguida substitui-se 𝑥 por ∞.

Exemplos
𝑥 2 −1
a) lim
x →∞ 2𝑥 2 −𝑥−1
𝑥 2 −1 ∞2 −1 ∞
lim = lim =
x →∞ 2𝑥 2 −𝑥−1 x →∞ 2.∞2 −∞−1 ∞

Resolução: A potência máxima do numerador é 𝑥 2 e do denominador é 2𝑥 2 .


1 1 1
𝑥 2 −1 𝑥 2 ( 1− 2 ) ( 1− 2 ) ( 1− ) ( 1− 0) 1
𝑥 𝑥 ∞2
lim = lim 1 1 = lim 1 1 = 1 1 = (2− 0 − 0) = 2
x →∞ 2𝑥 2 −𝑥−1 x →∞ 𝑥 2 (2− 𝑥 − 2 ) x →∞ (2− 𝑥 − 2 ) (2− − 2 )
∞ ∞
𝑥 𝑥

𝑥 3 −5𝑥 + 1
b) lim
x →+∞ 3𝑥 + 7

7
𝑥 3 −5𝑥 + 1 (+∞)3 −5(+∞) + 1 +∞
lim = lim = +∞
x →+∞ 3𝑥 + 7 x →+∞ 3(+∞) + 7

5 1 5 1 5 1
𝑥 3 −5𝑥 + 1 𝑥 3 ( 1− 2 + 3 ) 𝑥 2 ( 1− 2 + 3 ) +∞2 ( 1− + )
𝑥 𝑥 𝑥 𝑥 +∞2 +∞3
lim = lim 7 = lim 7 = 7
x →+∞ 3𝑥 + 7 x →+∞ 𝑥 (3 + ) x →+∞ 3+ 3+
𝑥 𝑥 +∞

+∞ ( 1−0 +0 ) +∞
= = = +∞
3 +0 3

𝒇(𝒙)
4.2. Limite de uma função racional do tipo 𝐥𝐢𝐦[ ]
𝐱 →𝒂 𝒈(𝒙)

𝑓(𝑥)
Para o cálculo do limite de uma função racional do tipo lim [𝑔(𝑥) ], usualmente procede-se da
x →𝑎

seguinte maneira:
 Primeiro substitui-se 𝑥 por 𝑎 e, se 𝑓(𝑎) = 0 e 𝑔(𝑎) = 0, então obtém-se uma
0
indeterminação do tipo ;
0

 De seguida, factoriza-se os dois termos da fração e simplifica-se;


 Por fim, substitui-se 𝑥 por 𝑎 para obter-se o valor do limite.

Exemplos
𝑥 2 −1
a) lim 2𝑥 2 −𝑥−1
x →1
𝑥 2 −1 12 −1 0
lim 2𝑥 2 −𝑥−1 = lim 2.12 −1−1 = 0
x →1 x →1

𝑥 2 −1 (𝑥−1)(𝑥+1) (𝑥+1) (1+1) 2


lim 2𝑥 2 −𝑥−1 = lim (𝑥−1)(2𝑥+1) = lim (2𝑥+1) = (2.1+1) = 3
x →1 x →1 x →1

𝑥 2 −2𝑥
b) lim 𝑥 2 −4𝑥+4
x →2
𝑥 2 −2𝑥 22 −2.2 0
lim 𝑥 2 −4𝑥+4 = lim 22 −4.2+4 = 0
x →2 x →2
𝑥 2 −2𝑥 𝑥(𝑥−2) 𝑥 2 2
lim 𝑥 2 −4𝑥+4 = lim (𝑥−2)(𝑥−2) = lim (𝑥−2) = (2−2) = 0 = +∞
x →2 x →2 x →2

8
4.3. Limites de funções irracionais
Para o cálculo do Limite de uma função irracional, geralmente, procede-se do seguinte modo:
 Primeiro substitui-se 𝑥 por 𝑎;
 Tenta-se depois levantar a indeterminação através da multiplicação e divisão pelo
conjugado do numerador ou denominador;
 Por fim, substitui-se 𝑥 por 𝑎 para obter o valor do limite.

Exemplos

√𝑥 − 1
a) lim
x →1 𝑥 − 1

√𝑥 − 1 √1 − 1 0
lim = lim =0
x →1 𝑥 − 1 x →1 1 − 1

√𝑥 − 1 (√𝑥 − 1 )(√𝑥 + 1 ) (√𝑥−1 )2 − (√𝑥 + 1 )2 𝑥−1− (𝑥+1)


lim = lim = lim = lim =
x →1 𝑥 − 1 x →1 (𝑥 − 1)(√𝑥 + 1 ) x →1 (𝑥 − 1)(√𝑥 + 1 ) x →1 (𝑥 − 1)(√𝑥 + 1 )
−1− 1 −1− 1 −2
lim (𝑥 − 1)(√𝑥 + 1 ) = (1 − 1)(√1 + 1 ) = = +∞
x →1 0

𝑥−4
b) lim
x →4 √𝑥 − 4
𝑥−4 4−4 0
lim = lim =0
x →4 √𝑥 − 4 x →4 √4 − 4

𝑥−4 (𝑥 − 4)(√𝑥 + 4 ) (𝑥 − 4)(√𝑥 +4 ) (𝑥 − 4)(√𝑥 + 4 )


lim = lim ( = lim ( = lim =
x →4 √𝑥 − 4 x →4 𝑥 − 4 )(√𝑥 + 4 )
√ x →4 √𝑥−4 )2 − (√𝑥 + 4 )2 x →4 (𝑥 − 4)− (𝑥 + 4)

(𝑥 − 4)(√𝑥 + 4 ) (4 − 4)(√4 + 4 ) 0
= lim = = −8 = 0
x →4 −4−4 −4−4

c) lim (√𝑥 + 1 − √𝑥)


x →+∞

lim (√𝑥 + 1 − √𝑥) = lim (√+∞ + 1 − √+∞) = +∞ − ∞


x →+∞ x →+∞

(√𝑥+1 + √𝑥) (√𝑥+1 )2 − (√𝑥)2


lim (√𝑥 + 1 − √𝑥) = lim (√𝑥 + 1 − √𝑥). (√𝑥+1 + = lim =
x →+∞ x →+∞ √𝑥) x →+∞ (√𝑥+1 + 𝑥)
𝑥+1 − 𝑥 1 1 1
= lim = lim = (√+∞ +1 = =0
x →+∞ (√𝑥+1 + 𝑥) x →+∞ (√𝑥+1 + 𝑥) +∞) +∞

9
4.4. Limites fundamentais

𝒔𝒆𝒏(𝒙)
1) 𝐥𝐢𝐦 =1
𝐱 →𝟎 𝒙

Demonstração:
Seja γ uma circunferência de raio 1 e centro O.
Seja x a medida em radianos do arco AOM. Limitamos a variação de x ao intervalo (0,π/2).

Se A1,A2 e A3 são áreas, note que são válidas as seguintes desigualdades equivalentes:

𝒔𝒆𝒏(𝒙) < 𝒙 < 𝒕𝒈(𝒙)


1
Multiplicando a última desigualdade por 𝒔𝒆𝒏(𝒙), temos:

𝑥 𝑡𝑔(𝑥) 𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝑥)
1 < < →1 < <
𝑠𝑒𝑛(𝑥) 𝑠𝑒𝑛(𝑥) 𝑠𝑒𝑛(𝑥) 𝑐𝑜𝑠(𝑥)𝑠𝑒𝑛(𝑥)

𝑥 1
→1 < <
𝑠𝑒𝑛(𝑥) 𝑐𝑜𝑠(𝑥)

10
𝑠𝑒𝑛(𝑥)
logo, 𝑐𝑜𝑠(𝑥) < < 1 (I)
𝑥
𝑠𝑒𝑛(𝑥)
como 𝑓(𝑥) = e 𝑔(𝑥) = 𝑐𝑜𝑠(𝑥) são funções pares. Então,
𝑥
𝑠𝑒𝑛(−𝑥) 𝑠𝑒𝑛(𝑥)
= e 𝑐𝑜𝑠(−𝑥) = 𝑐𝑜𝑠(𝑥).
−𝑥 𝑥

Assim, a desigualdade (I) é válida para qualquer x ∈ R∗. Como lim 𝑐𝑜𝑠(𝑥) = 1 e lim 1 = 1,
x →0 x →0
𝒔𝒆𝒏(𝒙)
segue que 𝐥𝐢𝐦 = 1.
𝐱 →𝟎 𝒙

Exemplos:

Tomando 𝑢 = 3𝑥, temos que se 𝑥 → 0 entao 𝑢 → 0, logo,


𝑠𝑒𝑛(𝑢)
lim = 1.
x →0 𝑢

Assim,

11
𝟏 𝒙
2) 𝐥𝐢𝐦 (𝟏 + ) = 𝒆 , onde 𝑒 é o numero irracional neperiano cujo valor
𝐱 →𝟎 𝒙

aproximado é 2,71828128459….
A demonstração envolve alguns conceitos de sequências, sendo assim, não iremos demonstra-
lá. Faremos apenas alguns testes na Tabela abaixo.

𝟏
𝟏 𝒙
3) 𝐥𝐢𝐦 (𝟏 + ) =𝒆
𝐱 →𝟎 𝒙

Demonstração:
Para provarmos a proposição acima, basta provarmos que:
𝟏 𝟏
1 𝒙 1 𝒙
lim (1 + 𝑥
) = lim− (1 + 𝑥
) = 𝑒 , ou seja que os limites laterais são iguais.
x →0+ x →0

12
𝟏
1 𝒙 1
Primeiramente iremos provar que lim+ (1 + ) = 𝑒. Seja 𝑥 = 𝑡 temos que 𝑡 → +∞ quando
x →0 𝑥
𝟏
+ 1 𝒙 1 𝑡
x → 0 . Assim, lim+ (1 + ) = lim (1 + 𝑡 ) = 𝑒
x →0 𝑥 𝑡→+∞
𝟏 𝟏
1 𝒙 𝟏 𝒙
Analogamente, temos que lim− (1 + ) = 𝑒. Portanto, 𝐥𝐢𝐦 (𝟏 + ) =𝒆
x →0 𝑥 𝐱 →𝟎 𝒙

𝟏
𝟏 𝒙
4) 𝐥𝐢𝐦 𝒍𝒏 (𝟏 + ) =𝟏
𝐱 →𝟎 𝒙

Demonstração:
Das operações algébricas com limites sabe-se que:
1 1
1 𝑥 1 𝑥
lim 𝑙𝑛 (1 + ) = 𝑙𝑛[lim (1 + ) ]
x →0 𝑥 x →0 𝑥
1
1 𝑥
Do limite fundamental 3) tem-se que lim (1 + ) = 𝑒, logo,
x →0 𝑥
1 1
1 𝑥 1 𝑥
lim 𝑙𝑛 (1 + ) = 𝑙𝑛[lim (1 + ) ] = 𝑙𝑛𝑒 = 1
x →0 𝑥 x →0 𝑥

𝒂𝒙 −𝟏
5) 𝐥𝐢𝐦 = 𝒍𝒏𝒂 ( a > 0, a ≠ 𝟏).
𝐱 →𝟎 𝒙

Demonstração:
Tomando 𝑡 = 𝑎𝑥 − 1, temos que 𝑎𝑥 = 𝑡 + 1. Assim,
𝑎 𝑥 = 𝑡 + 1 ↔ 𝑙𝑛𝑎 𝑥 = 𝑙𝑛(𝑡 + 1 )
↔ 𝑥 𝑙𝑛𝑎 = 𝑙𝑛(𝑡 + 1 )
𝑙𝑛(𝑡+1 )
↔𝑥= .
𝑙𝑛𝑎

Note que quando 𝑥 → 0, 𝑥 ≠ 0 temos que 𝑡 → 0, 𝑡 ≠ 0 e então podemos escrever


𝑎𝑥 −1 𝑡 1 lim 1
t →0
lim = lim 𝑙𝑛(𝑡+1 ) = 𝑙𝑛𝑎 . lim 𝑙𝑛(𝑡+1 ) = 𝑙𝑛𝑎 . 𝑙𝑛(𝑡+1 )
x →0 𝑥 t →0 t →0 lim
𝑙𝑛𝑎 𝑡 t →0 𝑡

𝑙𝑛(𝑡+1 ) 𝒂𝒙 −𝟏
Pelo limite fundamental 4) temos que lim = 1 e portanto 𝐥𝐢𝐦 = 𝒍𝒏𝒂.
t →0 𝑡 𝐱 →𝟎 𝒙

13
5. Continuidade de funções
Diz-se que uma função 𝑓(𝑥) é contínua num ponto 𝑎 do seu domínio se as seguintes condições
são satisfeitas:
 Existe 𝑓(𝑎)
 Existe lim 𝑓(𝑥), ou seja, lim+ 𝑓(𝑥) = lim− 𝑓(𝑥)
x→𝑎 x →𝑎 x →𝑎

 lim 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎)


x→𝑎

Se uma função não é contínua num ponto 𝑥 = 𝑎 do seu domínio, diz-se que a função é
descontinua nesse ponto. A descontinuidade pode acontecer ou porque a função apresenta um
“furo”, ou dá “salto” nesse ponto.
Podem ocorrer as seguintes situações:

14
Exemplo 1:
Seja a função 𝑓(𝑥) definida por:
3𝑥 − 1, 𝑠𝑒 𝑥 < 2
𝑓(𝑥) = {
7 − 𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≥ 2
Mostre que a função é contínua em 2.

Resolução
 𝑓(2) = 7 – 2 = 5
 lim 7 − 𝑥 = lim 7 − 2 = 5 e lim 3𝑥 − 1 = lim− 3.2 − 1 = 5 , como
x →2+ x →2+ x →2− x →2

lim 𝑓(𝑥) = lim− 𝑓(𝑥) logo lim 𝑓(𝑥) = 5


x →2+ x →2 x →2

 Como lim 𝑓(𝑥) = 𝑓(2) = 5, então a função 𝑓(𝑥) é contínua em 2.


x →2

O gráfico da função 𝑓(𝑥) está representada na figura abaixo.

Exemplo 2:
Seja a função ℎ(𝑥) definida por:
1
, 𝑠𝑒 𝑥 ≠ −2
𝑥+2
ℎ(𝑥) = {
3 , 𝑠𝑒 𝑥 = −2
Estude a continuidade da função em 𝑥 = −2.

15
Resolução
 ℎ(−2) = 3
1 1
 lim + 𝑥 + 2 = +∞ e lim − 𝑥 + 2 = −∞ , como lim ℎ(𝑥) ≠ lim − ℎ(𝑥) logo não
x →−2 x →−2 x →−2+ x →−2

existe lim ℎ(𝑥), o que leva a concluir que a função não é contínua 𝑥 = −2
x →−2

O gráfico da função ℎ(𝑥) está representada na figura abaixo.

6. Origem do Conceito de Derivada de uma Função

O conceito de função que hoje pode parecer simples, é o resultado de uma lenta e longa
evolução histórica iniciada na Antiguidade quando, por exemplo, os matemáticos Babilónios
utilizaram tabelas de quadrados e de raízes quadradas e cúbicas ou quando os Pitagóricos
tentaram relacionar a altura do som emitido por cordas submetidas à mesma tensão com o seu
comprimento. Nesta época o conceito de função não estava claramente definido: as relações
entre as variáveis surgiam de forma implícita e eram descritas verbalmente ou por um gráfico.

Só no séc. XVII, quando Descartes e Pierre Fermat introduziram as coordenadas cartesianas,


se tornou possível transformar problemas geométricos em problemas algébricos e estudar
analiticamente funções. A Matemática recebe assim um grande impulso, nomeadamente na sua
aplicabilidade a outras ciências - os cientistas passam, a partir de observações ou experiências

16
realizadas, a procurar determinar a fórmula ou função que relaciona as variáveis em estudo. A
partir daqui todo o estudo se desenvolve em torno das propriedades de tais funções. Por outro
lado, a introdução de coordenadas, além de facilitar o estudo de curvas já conhecidas permitiu
a "criação" de novas curvas, imagens geométricas de funções definidas por relações entre
variáveis.

Foi enquanto que se dedicava ao estudo de algumas destas funções que Fermat deu conta das
limitações do conceito clássico de recta tangente a uma curva como sendo aquela que
encontrava a curva num único ponto. Tornou-se assim importante reformular tal conceito e
encontrar um processo de traçar uma tangente a um gráfico num dado ponto - esta dificuldade
ficou conhecida na História da Matemática como o " Problema da Tangente".

Fermat resolveu esta dificuldade de uma maneira muito simples: para determinar uma tangente
a uma curva num ponto P considerou outro ponto Q sobre a curva; considerou a recta PQ
secante à curva. Seguidamente fez deslizar Q ao longo da curva em direcção a P, obtendo deste
modo rectas PQ que se aproximavam duma recta t a que Fermat chamou a recta tangente à
curva no ponto P.
Fermat notou que para certas funções, nos pontos onde a curva assumia valores extremos, a
tangente ao gráfico devia ser uma recta horizontal, já que ao comparar o valor assumido pela
função num desses pontos P(x, f(x)) com o valor assumido no outro ponto Q(x+E, f(x+E))
próximo de P, a diferença entre f(x+E) e f(x) era muito pequena, quase nula, quando comparada
com o valor de E, diferença das abcissas de Q e P. Assim, o problema de determinar extremos
e de determinar tangentes a curvas passam a estar intimamente relacionados.

Estas ideias constituíram o embrião do conceito de Derivada e levou Laplace a considerar


Fermat "o verdadeiro inventor do Cálculo Diferencial". Contudo, Fermat não dispunha de
notação apropriada e o conceito de limite não estava ainda claramente definido. No séc.XVII,
Leibniz algebriza o Cálculo Infinitésimal, introduzindo os conceitos de variável, constante e
parâmetro, bem como a notação dx e dy para designar "a menor possível das diferenças em x
e em y. Desta notação surge o nome do ramo da Matemática conhecido hoje como " Cálculo
Diferencial ".
Assim, embora só no século XIX Cauchy introduzia formalmente o conceito de limite e o
conceito de derivada, a partir do séc. XVII, com Leibniz e Newton, o Cálculo Diferencial torna-

17
se um instrumento cada vez mais indispensável pela sua aplicabilidade aos mais diversos
campos da Ciência.

A derivada de uma função y = f(x) num ponto x = x0 , é igual ao valor da tangente


trigonométrica do ângulo formado pela tangente geométrica à curva representativa de
y = f(x), no ponto x = x0, ou seja, a derivada é o coeficiente angular da recta tangente ao
gráfico da função no ponto x0.
A derivada de uma função y = f(x), pode ser representada também pelos símbolos: y' , dy/dx
ou f ' (x).

A derivada de uma função 𝑓 no ponto x0, é definida pelo limite:


quando esse limite existe e é finito.

Se 𝑓 admite derivada em x0, então diz-se que f é derivável em x0.


Dizemos que 𝑓 é derivável em A⊂ D(𝑓) se for derivável em cada x0 ∈ A. Uma função é
derivável quando existe derivada em todos os pontos de seu domínio.

Exemplo 1: Dada a função f(x) = 𝑥 2 + 5𝑥 − 6, determine 𝑓 ′ (4).


Usando a definição, temos que:

Na figura abaixo, o ponto A possui coordenadas (4, f(4)) = (4,30) e a reta r é tangente à curva
dada por f(x) = 𝑥 2 + 5𝑥 − 6 no ponto A. Note que α = 85,6°, onde α é a inclinação da reta r
(reta tangente à curva dada por 𝑓 no ponto A) e que tg(α) = tg(85,6°) = 13 = 𝑓 ′ (4).

18
𝑥 −4
Exemplo 2: seja 𝑓(𝑥) = , determine 𝑓 ′ (𝑥).
𝑥+1

Solução

Teorema: Toda função derivável num ponto x0 é contínua nesse ponto.

Demonstração:

19
𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑥0)
Pela hipótese, 𝑓 é derivável em x0 , logo lim existe e é igual 𝑓 ′ (𝑥0). Precisamos
x →𝑥0 𝑥− 𝑥0
provar que 𝑓 é contínua em x0 , isto e, que lim 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑥0).
x →𝑥0

6.1. Regras de derivação


Nesta secção serão apresentadas as principais regras de derivação. As mesmas permitem
determinar as derivadas das funções sem a necessidade do uso da definição.

Proposição 6.1.1. (Derivada de uma constante)

Se k e uma constante e 𝑓(𝑥) = k para todo x, então 𝑓 ′ (𝑥) = 0.


Demonstração:

Proposição 6.1.2. (Regra da Potência)

Se n é um número inteiro positivo e 𝑓(𝑥) = 𝑥n, então 𝑓 ′ (𝑥) = n𝑥n−1.

20
Proposição 6.1.3. (Derivada da soma)
Sejam 𝑓 e 𝑔 duas funções e 𝑞 uma função tal que 𝑞(𝑥) = 𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥). Se𝑓 ′ (𝑥) e 𝑔′ (𝑥)
existem, então 𝑞 ′ (𝑥) = 𝑓 ′ (𝑥) +𝑔′ (𝑥).

21
Proposição 6.1.4. (Derivada de um produto)

Sejam 𝑓 e 𝑔 funções e 𝑞 a função definida por 𝑞(𝑥) = 𝑓(𝑥). 𝑔(𝑥). Se 𝑓 ′ (𝑥) e 𝑔′ (𝑥) existem,
então: 𝑞 ′ (𝑥) = 𝑓 ′ (𝑥). 𝑔(𝑥) + 𝑔′ (𝑥). 𝑓(𝑥).

Proposição 6.1.5. (Derivada do quociente)

𝑓(𝑥)
Sejam 𝑓 e 𝑔 funções e 𝑞 a função definida por 𝑞(𝑥) = 𝑔(𝑥) , onde 𝑔(𝑥) ≠ 0. Se 𝑓 ′ (𝑥) e 𝑔′ (𝑥)

𝑓′ (𝑥).𝑔(𝑥) − 𝑔′ (𝑥).𝑓(𝑥)
existem, então: 𝑞 ′ (𝑥) =
[𝑔(𝑥)]2

22
Proposição 6.1.6. (Derivada da função exponencial)

Se y = ax, tal que a > 0 e a ≠1, então 𝒚′ = 𝒂𝒙 . 𝒍𝒏(𝒂).

Proposição 6.1.7. (Derivada da função logarítmica)


𝟏
Se 𝑦 = log 𝑎 (𝑥), tal que a > 0 e a ≠1, então: 𝒚′ = 𝒙 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒆.

23
Proposição 6.1.8. (Derivada da função seno)

Se 𝑦 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥), então 𝒚′ = 𝒄𝒐𝒔(𝒙).


Seja 𝑦 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥). Pela definição, temos:

Proposição 6.1.9. (Derivada da função cosseno)

Se 𝑦 = 𝑐𝑜𝑠(𝑥), então 𝒚′ = −𝒔𝒆𝒏(𝒙).


Seja 𝑦 = 𝑐𝑜𝑠(𝑥). Pela definição, temos:

24
Proposição 6.1. 10. Se 𝒚 = 𝒕𝒈(𝒙), então 𝒚′ = 𝐬𝐞𝐜 𝟐 (𝒙)

Demostração:

25
Proposição 6.1. 11. Se 𝒚 = 𝒄𝒐𝒕𝒈(𝒙), então 𝒚′ = −𝒄𝒐𝐬𝐞𝐜 𝟐 (𝒙)

Demostração:

Proposição 6.1. 12. Se 𝒚 = 𝒔𝒆𝒄(𝒙), então 𝒚′ = 𝒔𝒆𝒄(𝒙). 𝒕𝒈(𝒙)

Proposição 6.1. 13. Se 𝒚 = 𝒄𝒐𝒔𝒆𝒄(𝒙), então 𝒚′ = −𝒄𝒐𝒔𝒆𝒄(𝒙). 𝒄𝒐𝒕𝒈(𝒙)

𝐬𝐞𝐧𝟐 (𝒙)

6.2. Derivada de uma função na forma implícita


Dada uma equação envolvendo as variáveis 𝑥 e 𝑦, quando conseguimos isolar a variável 𝑦,
dizemos que 𝑦 é uma função de 𝑥 e podemos naturalmente estudála. Entretanto, quando não
conseguimos isolar 𝑦, dizemos que 𝑦 é uma função implícita de 𝑥, ou que a relação dada define
𝑦 implicitamente como uma função de 𝑥.

26
Definição: Uma função 𝑦 = 𝑔(𝑥) é definida implicitamente pela equação 𝑓(𝑥, 𝑦) = 0 se,
para todo 𝑥 ∈ D(𝑔),
𝒇(𝒙, 𝒈(𝒙)) = 𝟎

Teorema: Seja 𝑦 = 𝑔(𝑥) uma função definida implicitamente pela equação 𝑓(𝑥, 𝑦) = 0. Se
𝑓 e 𝑔 são diferenciáveis, então

Demonstração:
Usaremos o conceito de derivada parcial. Vamos deduzir uma fórmula para o cálculo de 𝑔′ (𝑥)
em todo 𝑥 ∈ D(𝑔), para os quais. Então, derivando em relação a x os dois
membros da equação anterior, obtemos,

Da mesma forma, 𝑥 = ℎ(𝑦) é definida implicitamente pela equação 𝑓(𝑥, 𝑦) = 0 se, para todo
𝑦∈ D(ℎ),

Supondo 𝑓 e 𝑔 diferenciáveis e derivando os dois membros da equação acima em relação a 𝑦,


obtemos:

27
Exemplo 1: A função diferenciável 𝑦 = 𝑦(𝑥) é definida implicitamente pela equação
𝑦 3 + 𝑥𝑦 + 𝑥 3 = 3
dy
Expresse em termos de x e y.
𝑑𝑥

Solução:

em todo x no domínio de 𝑦 = 𝑦(𝑥), com 3(𝑦(𝑥))2 + 𝑥 ≠ 0.

Exemplo 2
𝑦
(i) A equação 𝑥 2 − 2𝑥 − 3 + 1 = 0 define implicitamente a função 𝑦 = 3(𝑥 2 − 2𝑥 + 1 ).

(ii) A equação 𝑥 2 + 𝑦 2 = 9 define, implicitamente uma infinidade de funções.

Solução:
De fato, isolando y, na equação do item (ii), obtemos: 𝑦 = ±√9 − 𝑥 2 .

Duas das funções obtidas acima são: 𝑦 = √9 − 𝑥 2 e 𝑦 = −√9 − 𝑥 2


O gráfico das funções acima estão representados na figura abaixo.

28
Suponhamos que F (x,y) = 0 define implicitamente uma função derivável 𝑦 = 𝑓(𝑥). Podemos
determinar 𝑦′ sem, necessariamente, explicitar, 𝑦.

Exemplo 3: Sabendo que 𝑦 = 𝑓(𝑥) é uma função derivável definida implicitamente pela
dy
equação 𝑥 2 + 𝑦 2 = 9, determine .
𝑑𝑥

Tomando 𝐹(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 + 𝑦 2 − 9 segue que

dy 2x x
= − = −
𝑑𝑥 2𝑦 𝑦

29
6.3. Derivada de uma função na forma paramétrica
Sejam:
𝑥 = 𝑥(𝑡)
{ (1)
𝑦 = 𝑦(𝑡)
duas funções da mesma variável 𝑡, 𝑡 ∈ [𝑎, 𝑏]. Tomando x e y como as coordenadas de um
ponto P, podemos dizer que a cada valor de t, corresponde um ponto do plano xy. Se as funções
𝑥 = 𝑥(𝑡) e 𝑦 = 𝑦(𝑡) forem contínuas quando t varia de a até b, o ponto 𝑃(𝑥(𝑡), 𝑦(𝑡))
descreve uma curva no plano. As equações dadas em (1) são chamadas equações paramétricas
da curva e t é chamado parâmetro, conforme figura abaixo.

Proposição 6.3.1. (Derivada de uma função na forma paramétrica)


Seja y uma função de x definida pelas equações paramétricas
𝑥 = 𝑥(𝑡)
{ , 𝑡 ∈ [𝑎, 𝑏]. (1)
𝑦 = 𝑦(𝑡)
Demonstração:
Suponhamos que a função 𝑥 = 𝑥(𝑡) admita uma função inversa 𝑡 = 𝑡(𝑥) e ambas são
deriváveis. Assim, podemos escrever 𝑦 = 𝑦[𝑡(𝑥)] e dizemos que as equações (1) definem y
em função de x na forma paramétrica. Além disso,
dy dy dt
= .
𝑑𝑥 𝑑𝑡 𝑑𝑥

30
dt 1
e como 𝑥 = 𝑥(𝑡) e sua inversa 𝑡 = 𝑡(𝑥) são deriváveis, segue, portanto, que = 𝑑𝑥 , logo
𝑑𝑥
𝑑𝑡

𝒅𝒚
𝐝𝐲
= 𝒅𝒕
𝒅𝒙 𝒅𝒙
𝒅𝒕

Exemplo: As equações
𝑥 = 2𝑡 − 1
{
𝑦 = 3𝑡 + 1

definem uma função 𝑦(𝑥) na forma paramétrica.

1
De fato, a função 𝑥 = 2𝑡 − 1 possui inversa, a saber, 𝑡 = (𝑥 + 1). Substituindo
2
1 1
𝑡 = (𝑥 + 1) (x + 1) em 𝑦 = 3𝑡 + 1, obtemos 𝑦 = 3𝑡 + 1, logo 𝑦 = 3 [ 2 (𝑥 + 1)]
2
3 3
e assim, y = 2 𝑥 + 2 e portanto,

𝑑𝑦
dy 𝑑𝑡 3
= 𝑑𝑥 = .
𝑑𝑥 2
𝑑𝑡

6.4. Aplicações de derivada

6.4.1. Máximos e mínimos

Nesta seção serão apresentados alguns conceitos relacionados às noções de máximos e


mínimos e como determinar o ponto de máximo ou de mínimo de uma função.

Definição 1: Uma função f tem um máximo relativo em c se existir um intervalo aberto I,


contendo c tal que 𝑓(𝑐) ≥ 𝑓(𝑥) para todo x ∈ I∩D(𝑓).

Definição 2: Uma função f tem mínimo relativo em c se existir um intervalo aberto I, contendo
c, tal que 𝑓(𝑐) ≤ 𝑓(𝑥) para todo x ∈ I∩D(𝑓).

31
Exemplo 1: A função 𝑓(𝑥) = 3𝑥 4 − 12𝑥 2 tem máximo relativo em 𝑐1 = 0, pois existe o
intervalo (−2,2), tal que 𝑓(0) ≥ 𝑓(𝑥) para x ∈ (−2,2).
Em 𝑐2 = −√2 e 𝑐3 = √2, a função dada tem mínimos relativos, pois 𝑓(−√2) ≤ 𝑓(𝑥) para
todo x ∈ (−2,0) e 𝑓(√2) ≤ 𝑓(𝑥) para todo x ∈ (0,2), conforme figura abaixo.

Definição 3: Dizemos que 𝑓(𝑐) é o máximo absoluto da função f, se c ∈ D(𝑓) e 𝑓(𝑐) ≥ 𝑓(𝑥)
para todos os valores de x no domínio de f.

Definição 4: Dizemos que 𝑓(𝑐) é o mínimo absoluto da função f se c ∈ D(𝑓), e 𝑓(𝑐) ≤ 𝑓(𝑥)
para todos os valores de x no domínio de f.

Exemplo 2:
5
(i) A função 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 + 5𝑥 − 6 tem um mínimo absoluto igual a −12,25 em c = − 2
49
= −2,5, visto que 𝑓(−2,5) = − = −12,25 ≤ 𝑓(𝑥) para todo x ∈ D(𝑓).
4

32
3 18 12
(ii) A função 𝑔(𝑥) = − 5 𝑥 2 + 𝑥 tem um máximo absoluto igual a = 2,4 em c =
5 5

3, visto que 𝑔(3) = 2,4 ≥ 𝑔(𝑥) para todo x ∈ D(𝑓).

A figura abaixo (a) e (b) ilustra o comportamento das funções do Exemplo acima.

O resultado a seguir é uma ferramenta importante no estudo de extremos locais usando


derivadas.

Teorema 1: Seja f uma função derivável em c, onde c é um ponto interior a D(𝑓).


Uma condição necessária para que c seja ponto de máximo ou mínimo local é que 𝑓 ′ (𝑐) = 0.

Demonstração:
Suponhamos que c seja ponto de máximo local. Assim, existe r > 0 tal que:
𝑓(𝑥) ≤ 𝑓(𝑐) em (𝑐 − 𝑟, 𝑐 + 𝑟) ∩ 𝐷(𝑓).
Como por hipótese, c é interior a D(𝑓), podemos escolher r de modo que
(𝑐 − 𝑟, 𝑐 + 𝑟) ⊂ 𝐷(𝑓).
Assim 𝑓(𝑥) ≤ 𝑓(𝑐) ∀𝑥 ∈ (𝑐 − 𝑟, 𝑐 + 𝑟).
Como f é derivável em c, os limites laterais

33
A figura ilustra o Teorema acima.

Geometricamente, se c é um ponto de extremo local da função f e f é derivável em c, se


supormos que f é derivável, como a derivada da função em um ponto representa o coeficiente
angular da recta tangente ao gráfico da f no ponto, percebe-se que a derivada de f decresce
(respectivamente cresce) à medida que se aproxima de c pela esquerda e cresce
(respectivamente decresce) à medida que se afasta de c pela direita, logo em algum momento
a derivada de f tem que ser nula, e isto acontece no ponto c, ou seja, 𝑓 ′ (𝑐) = 0.

34
Teorema 2: Sejam f uma função derivável num intervalo (a,b) e c um ponto crítico de f neste
intervalo, isto é, 𝑓 ′ (𝑐) = 0, com a < c < b. Se f admite a derivada 𝑓” em (a,b), temos:
(i) Se 𝑓” (𝑐) < 0 , f tem um valor máximo relativo em c.
(ii) Se 𝑓” (𝑐) > 0, f tem um valor mínimo relativo em c.

Demonstração:
(i) Por hipótese 𝑓”(𝑐) existe e 𝑓”(𝑐) < 0. Então,

Portanto, existe um intervalo aberto I, contendo c, tal que

Seja A o intervalo aberto que contém todos os pontos x ∈ I tais que x < c. Então, c é extremo
direito do intervalo aberto A. Seja B o intervalo aberto que contém todos os pontos x ∈ I tais
que x > c. Assim, c é extremo esquerdo do intervalo aberto B.
Se x ∈ A, temos 𝑥 − 𝑐 < 0. Assim, 𝑓 ′ (𝑥) > 𝑓 ′ (𝑐).
Se x ∈ B, temos 𝑥 − 𝑐 > 0. Assim, 𝑓 ′ (𝑥) < 𝑓 ′ (𝑐).
Como 𝑓 ′ (𝑐) > 0, concluímos que, se x ∈ A, 𝑓 ′ (𝑥) > 0 e, se x ∈ B, 𝑓 ′ (𝑥) < 0.
Assim, pelo Teorema 1, f tem uma valor máximo relativo em c.

(ii) Análoga à demonstração do item (i).

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7. Bibliografia
 M. J. Alves, “Elementos de Análise Matemática. Parte I”– Maputo: Imprensa
Universitária, 2000.
 Rodrigues Z. Fazenda, Manual de Matemática IIM1
 MACHADO, Ari J. S. Limites e derivadas para o ensino médio.2013. 58f. Dissertação
(Mestrado), Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Exatas e Naturais,
Programa de Pós-Graduação em Matemática, Belém
 FLEMMING,D., GONÇALVES,M., CálculoA-6a Edição, SãoPaulo: Editora Pearson
Prentice Hall, 2006.

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