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Considere uma função, f : ℜ → ℜ, tal que f (x) = x3 + 1. Observe que para qualquer a ∈ ℜ é
possı́vel calcular f (a), ou seja, não há números reais que não possam ser elevados ao cubo e ao
x3 − 1
resultado, ser somado 1. No entanto, tome como exemplo, a função g(x) = 2 : conforme
x −1
pode ser observado, g(x) não é definida para x = 1, pois g(1) levaria a uma indeterminação
0
matemática do tipo . Mas como seria o comportamento dessa função para valores bem
0
próximos de zero? Observe a Tabela 1.
A Tabela 1 mostra que, muito embora não exista o valor de g(1), os valores de g(x) para x tão
próximo de 1 quanto se queira, estão tendendo a 1,5. Formalmente, podemos dizer que g(x)
tende a 1,5, quando x tende a 1. Essa última afirmação pode ser escrita em linguagem
matemática na forma:
x3 − 1
lim = 1, 5. (1)
x→1 x2 − 1
1
Observe ainda que os valores de x na tabela ?? se aproximam de 1 tanto por valores inferiores
a 1 quanto por valores superiores. Em ambos os casos, a função g(x) tende a 1,5. Essas
aproximações da função para valores inferiores ou superiores a 1, são chamadas de limites
laterais. Simbolicamente:
a) Limite lateral à esquerda: quando x tende a b por valores inferiores a b, dizemos que x tende
a b pela esquerda. Isso é simbolizado pela notação x → b− . Como exemplo:
x3 − 1
lim = 1, 5. (2)
x→1− x2 − 1
b) Limite lateral à direita: quando x tende a b por valores superiores a b, dizemos que x tende
a b pela direita. Isso é simbolizado pela notação x → b+ . Como exemplo:
x3 − 1
lim = 1, 5. (3)
x→1+ x2 − 1
IMPORTANTE: Dizemos que existe o limite de uma função, quando seus limites laterais
existem e são iguais.
|x2 − 4|
Exemplo 1: Tome f (x) = . Agora, observe que os valores da Tabela 2, que mostram
2−x
que lim− f (x) = 4.
x→2
Agora, observe que os valores da Tabela 3, que mostram que lim+ f (x) = −4.
x→2
2
Tabela 3: Limite lateral à direita de f(x)
x f (x )
2,1 -4,10000000000
2,01 -4,01000000000
2,001 -4,00100000000
2,0001 -4,00010000000
2,00001 -4,00001000000
2,000001 -4,00000100009
2,0000001 -4,00000009770
Tendo em vista que lim− f (x) ̸= lim+ f (x), conclui-se que, ∄ lim f (x).
x→2 x→2 x→2
P3: lim (f (x) · g(x)) = lim f (x) · lim g(x) = L1 · L2 .
x→b x→b x→b
f (x)
lim f (x) L
P4: Se L2 ̸= 0, então lim = x→b = 1.
x→b g(x) lim g(x) L2
x→b
3
2 Cálculo de Limites
Nessa seção, vamos estudar técnicas para calcular limites dos mais variados tipos. Há alguns
que são calculados apenas por substituição simples do valor da função no ponto de interesse,
mas há casos em que essa substituição leva a algum dos casos de indeterminações não aceitas
na Matemática.
Definimos como limite imediato aquele que pode ser calculado por substituição simples da
abscissa de interesse na expressão da função. Caso exista f (b) e f (b) seja um valor finito,
então: lim f (x) = f (b).
x→b
Exemplo 2: Seja f (x) = x2 + 5. Logo, como f (3) = 14 então lim f (x) = lim x2 + 5 = 14.
x→3 x→3
0
2.2 Indeterminações do tipo
0
Para se resolver o limite de uma função em um ponto em que se tem uma indeterminação
0
do tipo , normalmente é preciso eliminar fatores, iguais, que figuram no numerador e no
0
denominador, através de manipulação algébrica. Veja alguns exemplos:
x2 − 1 (x − 1) (x + 1)
Exemplo 3: lim = lim = lim (x + 1) = 2.
x→1 x − 1 x→1 (x − 1) x→1
x3 − 1 (x − 1) (x2 + x + 1)
= lim x2 + x + 1 = 3.
Exemplo 4: lim = lim
x→1 x − 1 x→1 (x − 1) x→1
xn − 1 (x − 1) (xn−1 + xn−2 + · · · + x2 + x + 1)
Exemplo 5: lim = lim =
x→1 x − 1 x→1 (x − 1)
√ √ √ √
√ ( 3
x − 1)
3
x 2 + 3 x + 1 ( x + 1)
3
x−1
Exemplo 6: lim √ = lim √ =
x − 1 x→1 3 x2 + √
√ √
x→1 3
x + 1 ( x − 1) ( x + 1)
4
√ √
(x − 1) ( x + 1) ( x + 1) 2
= lim √ √ = lim √ √ = .
x→1 3
x2 + 3 x + 1 (x − 1) x→1
3
x2 + 3 x + 1 3
Exercı́cios Propostos
x2 − 4 x3 + 8 x2 − 5x + 4
a) lim d) lim g) lim
x→2 x−2 x→−2 x+2 x→1 x3 − 6x2 + 12x − 6
√ √
x4 − 81
x−5−1 x−3−2
b) lim e)lim √ h) lim
x→6 x2 − 36 x→7 x−6−1 x→−3 27 + x3
4 − x2
x2021 + 1 x2 − 5x + 6
c) lim f) lim i) lim √
x→−1 x+1 x→2 x2 − 6x + 8 x→−2 x+ 6+x
Há alguns casos de limites que o resultado não é conhecido, pois os valor tende ao +∞ ou ao
−∞. Vejamos cada caso:
β
Caso 1: Se β > 0, então, lim f (x) = −→ +∞
x→b 0
−β
Caso 2: Se β > 0, então, lim f (x) = −→ −∞
x→b 0
Exercı́cios Propostos
x2 + 4 x3 + 8 x2 − 5x + 7
a) lim d) lim g) lim
x→2 x−2 x→2 x−2 x→1 x3 − 6x2 + 12x − 6
√ √
x4 + 81
x−5+1 x−3+2
b) lim e)lim √ h) lim
x→6 x2 − 36 x→7 x−6−1 x→−3 27 + x3
4 + x2
x2021 − 1 x2 − 5x + 7
c) lim f) lim i) lim √
x→−1 x+1 x→2 x2 − 6x + 8 x→−2 x+ 6+x
5
2.4 Limites no Infinito - Casos de Indeterminação
Há também os casos em que se quer estudar o comportamento de uma função quando a variável
não dependente (x) tende para +∞ ou para −∞. Observe o caso da função f (t) = 5 − e−3t :
1
para que valor f (t) vai tender quando t → +∞? Veja que e−3t = 3t e que quando t → +∞,
e
3t 1 −3t
e → +∞, logo, 3t → 0. Assim, lim 5 − e = 5 . Esse exemplo, porém, é um caso de
e t→+∞
limite imediato, já tratado na seção 2.3. Há 7 casos, em especı́fico, que requerem um tratamento
especial, dado que, nesses casos, não é fácil a compreensão sobre o resultado do limite. Esses
±∞ 0
são os casos de indeterminação: , , ∞ − ∞, 0 · ∞, 1∞ , 00 e ∞0 .
±∞ 0
∞
2.4.1 Indeterminação do tipo
∞
x2 + x
∞
Exemplo 7: lim 2
. Esse limite cai na indeterminação do tipo . Para re-
x→+∞ 1 + x + 3x ∞
solvê-lo, basta dividir o numerador e o denominador por x elevado ao maior dos graus. Nesse
exemplo, esse procedimento vai levar ao seguinte resultado:
x2 + x x2 /x2 + x/x2
1 + 1/x 1
lim = lim = lim = .
x→+∞ 1 + x + 3x2 x→+∞ 1/x2 + x/x2 + 3x2 /x2 x→+∞ 2
1/x + 1/x + 3 3
6
Exemplo 12: Cálculo de assı́ntota Oblı́qua em gráfico de função. Uma assı́ntota é uma reta
y = mx + n com a qual a função f (x) se confunde quando x → ±∞ . Em funções como
f (x) = e−2x , quando x é suficientemente grande, f (x) se torna praticamente zero, ou seja,
seu gráfico fica, tão próximo quando se queira, da reta y = 0, logo, essa reta, que na verdade
é o próprio eixo Ox, é uma assı́ntota de f (x). Nesse caso estamos falando de uma assı́ntota
horizontal. Há casos em que uma função vai se parecer com uma reta que tem coeficiente
angular e linear, ou seja uma reta oblı́qua e por isso recebe o nome de assı́ntota oblı́qua. Vamos
tomar como exemplo: f (t) = 5 + 3t − e−2t . Vamos verificar se essa função tem assı́ntota
oblı́qua. Para isso, já que para t tendendo ao infinito f (t) =mt +n, então para achar o
f (t) mt + n
coeficiente angular dessa reta, vamos calcular o limite de lim = lim =
t→+∞ t t→+∞ t
m. Aplicando esse raciocı́nio para o exemplo da função f(t) =5 + 3t − e−2t chegamos à:
5 + 3t − e−2t e−2t
5 3t f (t)
lim = lim + lim − lim = 3. Logo: lim =
t→+∞ t t→+∞ t t→+∞ t t→+∞ t t→+∞ t
m = 3. Para determinar o coeficiente linear, basta fazer o limite de lim (f (t) − mt). Nesse
t→+∞
caso, temos: lim 5 + 3t − e−2t − 3t = lim 5 − e−2t = 5. Logo, para a função dada, a
t→+∞ t→+∞
assı́ntota oblı́qua vale: y = 3t + 5.
Exercı́cios Propostos
x2 + 4 x3 + 8
a) lim d) lim
x→+∞ x2 − 2 x→−∞ 2 − 10x3
√
4x4 + 1
2x − 3 + 2
b) lim e) lim √
x→−∞ 5 − x4 x→+∞ 3x − 6 − 1
(x2021 − 1)2
(x2 − 5)20 + (2x + 9)40
c) lim f) lim
x→+∞ (1 − 3x2 )2021 x→+∞ (2x − 6)40 + x38 + 8
3 4
4 1 4
1
Exemplo 13: lim x − 3x = lim x − 3 = lim x lim −3 =
x→+∞ x→+∞ x x→+∞ x→+∞ x
= ∞ · (−3) = −∞.
5 4
5 3 5
3
Exemplo 14: lim 2x + 3x = lim x 2+ = lim x lim 2 + =
x→−∞ x→−∞ x x→−∞ x→−∞ x
= −∞ · (2) = −∞.
7
√ √ x + √x2 + 8
Exemplo 15: lim x − x2 + 8 = lim x − x2 + 8 √ =
x→+∞ x→+∞ x + x2 + 8
(x2 − (x2 + 8)) −8 −8
= lim √ = lim √ = = 0.
x→+∞ x + x2 + 8 x→+∞ x + x2 + 8 +∞
Exercı́cios Propostos
x2 − x3 e3x − x10
a) lim d) lim
x→+∞ x→+∞
√
e3x − e5x
b) lim x2 +1−x e) lim
x→−∞ x→+∞
√
3e−4x − e−2x
f) lim
c) lim x2 + 1 − x x→−∞
x→+∞
8
Figura 1: Gráfico da Função f(x)
Já se sabe que a função tende para um valor fixo, quando x tende ao infinito, mas que valor é
esse? Observe os valores dessa função quando x tende para o infinito.
x
1
Observe que ao passo que o valor de x tende ao infinito, a função f (x) = 1 + tende
x
a 2,7182820533... Esse valor é de grande importância
poismuitos fenômenos naturais são
x
1
explicados através dele. Na literatura formal, lim 1 + = e, que é conhecido como a
x→+∞ x
constante de Euler.
9
2x
3
Exemplo 17: lim 1 + . Esse é um exemplo clássico de indeterminação do tipo 1∞ .
x→+∞ x x
1
Para que utilizemos o limite fundamental exponencial lim 1 + = e, vamos fazer uma
x→+∞ x
mudança de variável, em que x = 3t. Dessa forma, o limite desse exemplo fica reescrito como:
2x 6t t !6 t !6
3 3 1 1
lim 1 + = lim 1 + = lim 1+ = lim 1 + = e6 .
x→+∞ x t→+∞ 3t t→+∞ t t→+∞ t
4x−7 4x−7
5 5
Exemplo 18: lim 1 − . Fazendo x = −5t temos: lim 1 − =
x→−∞ x x→−∞ x
−20t−7 −20t −7 ! t !−20
5 1 1 1
= lim 1 + = lim 1+ 1+ = lim 1+ ·
t→+∞ 5t t→+∞ t t t→+∞ t
−7
1
· lim 1 + = e−20 · 1 = e−20 .
t→+∞ t
−2x −2x
x+3 x−3 6
Exemplo 19: lim . Reescrevendo o limite temos: lim + =
x→−∞ x−3 x→−∞ x−3 x−3
−2x −2x
6 x+3
= lim 1 + . Fazendo x − 3 = 6t, temos: lim =
x→−∞ x−3 x→−∞ x−3
−2(6t+3) −12t−6 −12t −6 !
6 1 1 1
= lim 1 + = lim 1 + = lim 1+ 1+ =
t→+∞ 6t t→−∞ t t→−∞ t t
t !−12 −6
1 1
= lim 1+ · lim 1 + = e−12 · 1 = e−12 .
t→−∞ t t→−∞ t
Exercı́cios Propostos
1 − 2x
Exemplo 20: L = lim . Fazendo 1 − 2x = t, então, 2x = 1 − t e tirando ln() dos dois
x→0 x
ln(1 − t)
lados, chegamos em xln(2) = ln(1 − t), finalmente, x = . Substituindo o valor de x no
ln(2)
1 − 2x
t = ln(2) lim 1
limite original temos: L = lim = lim =
x→0 x x→0 ln(1 − t) x→0 1
ln(1 − t)
ln(2) t
10
lim 1 lim 1
x→0 x→0
= ln(2) = ln(2) . Vamos fazer a mudança
1
1
ln(1 − t)
lim
x→0 t t
lim ln(1 − t)
x→0
1 lim 1
x→0
de variável y = , que transforma o limite em: L = ln(2) =
t
1
t
lim ln(1 − t)
x→0
ln(2)
= . Mas como a função f (y) = ln(y) é uma função injetora, temos
y
1
lim ln 1 −
y→+∞ y
que lim (ln (g(x))) = ln (lim (g(x))). Aplicando essa propriedade do limite do ln(x) temos
Exercı́cios Propostos
3x − 1 1 − 7x
a) lim b) lim
x→0 x x→0 5x
11