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UNIVERSIDADE SAVE

Faculdade de Ciências Naturais e Exactas

Notas de Aulas de Análise Matemática III; Curso de Licenciatura em


Física EAD

Aula Teórica 3: FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA

 Definição de função de variável complexa


 Funções Elementares Univalentes Definidas Sobre o Plano Complexo
 Funções Multivalentes Definidas Sobre o Plano Complexo
 Limite e continuidade de uma função complexa
 Derivadas de funções elementares complexas
 Derivada de uma função composta
 Função Analítica
 Recuperação de uma função dada parte real ou parte imaginaria

1.1. Definição de Função de Variável Complexa


Seja D um subconjunto de C e seja f uma lei que faz corresponder a cada número complexo
z  D um e só número complexo w de um conjunto I  C . Neste caso diz-se que f é
função de uma variável complexa z com domínio D e escreve-se: w  f (z ) , sendo z
o argumento desta função. Ao conjunto I chama-se imagem do domínio D, pela
função f ou, também, chama-se contradomínio de f.

Cada função w  f (z ) de uma variável complexa z  x  iy determina-se, ou seja,


descreve-se por duas funções reais u(x,y) e v(x,y) de variáveis x e y de modo que
w  f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) , sendo u ( x, y )  Re f ( z ) e v( x, y )  Im f ( z ) . Assim uma
função w  f (z ) com domínio D faz corresponder a cada ponto z  x  iy de D um
ponto w  u  iv do contradomínio I.
f
z  x  iy  u  iv

Docente: Alberto Filimão Sitoe, Doutorando do Curso de Ciências e Tecnologia de Energia da UEM, Mestrado em
Educação/Ensino de Física pela UP e Licenciado em Oceanografia pela UEM
Uma função w  f (z ) , faz corresponder a cada valor de z  D , um único valor
f ( z )  I , isto é, correspondência univalente que representa tal função univalente ou uniforme.
1.2. Funções Elementares Univalentes Definidas Sobre o Plano Complexo

1.2.1. Função potência: w  zn , n  0,1,2,..... ;


3.2.2. Função polinomial: w  pn ( z )  a0 z n  a1 z n1  ......  an1 z  an ;
a0  0; a1 ,....., an são números complexos.
P ( z)
3.2.3. Função racional fraccionária W  n , onde Pn (z ) e Qm (z ) são
Qm ( z )
polinómios de z de graus n e m respectivamente;
3.2.4. Função exponencial: w  e z  e x (cos y  iseny ) ; porque e z  e x iy  e x .e iy ;
3.2.5. Funções trigonométricas:
e iz  e iz e iz  e iz senz
i. W  senz  ; ii. W  cos z  iii. W  tgz 
2i 2 cos z
cos z 2 2
iv. W  ctgz  ; cos z  senz  1
senz
3.2.6. Funções Hiperbólicas:
ez  ez e z  ez shz
i. W  shz  ; ii. W  chz  iii. W  tghz 
2 2 chz
chz 2 2
iv. W  ctghz  ; chz  shz  1
shz

Teorema 1:

Têm lugar as seguintes relações entre funções trigonométricas e hiperbólicas:


i. sh(iz )  isenz ii. ch(iz )  cos z iii. sen(iz )  ishz iv. cos(iz )  chz

Teorema 2:

Têm lugar as seguintes relações:

i. ch( z1  z2 )  chz1.chz2  shz1.shz 2 ii. sh( z1  z 2 )  shz1 .chz 2  chz1 .shz 2

Em análise complexa encontram-se também correspondências funcionais


multivalentes que associam a cada valor do argumento z dois ou mais valores
distintos de f(z). Cada uma destas correspondências não define uma função no sentido
usual. Chamamos estas correspondências por função multiforme ou função
multivalente.

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Educação/Ensino de Física pela UP e Licenciado em Oceanografia pela UEM
Cada função multivalente contém algumas funções univalentes chamadas ramos
unívocos desta função multivalente.

3.3. Funções Multivalentes Definidas Sobre o Plano Complexo

3.3.1. Função Radical:

  2k
n  n (  2k ) (  2k ) n i n
z  r cos  isen ]= z e ; n  N , k  0,1,2,...., (n  1)
 n n
3.3.2. Função Logarítmica:

W  Lnz  ln z  i (  2n);   arg z; n  0,  1, 2,......

Ao valor n=0 corresponde o ramo principal da função logarítmica.

W  Lnz  ln z  i

Têm lugar as seguintes relações:

z1
i. Ln( z1.z 2 )  ln z1  ln z 2 ii. Ln  ln z1  ln z 2
z2
3.3.3. Função Potência Generalizada: W  z a  e aLnz , onde a é um número
complexo.

3.3.4. Funções Trigonométricas Inversas:

i. W  Arcsenz  iLn(iz  1  z 2 ) ii. W  Arc cos z  iLn( z  z 2  1)


i i z i  z i 
iii. W  Arctgz  Ln  iv. W  Arcctgz  Ln 
2 iz 2  z i 

3.3.5. Funções Hiperbólicas Inversas

ii. W  Arshz  Ln( z  z 2  1) ii. W  Archz  Ln( z  z 2  1)

1 1 z  1  z 1
iii. W  Arthz  Ln  iv. W  Arcthz  Ln 
2  1 z  2  z 1 

Definições (revisão):

Definição 1: A um ponto zo chama-se ponto de acumulação de um conjunto D se


qualquer vizinhança de zo tiver uma infinidade de pontos de D distintos de zo.

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Definição 2: Seja f(z) uma função de variável complexa definida no domínio D e seja
zo um ponto de acumulação deste domínio. Diz-se que um número complexo A, é
limite de f(z) quando z→zo e escreve-se:

lim f ( z )  A ; sse para qualquer que seja número real   0 , existe um


z  z0

número real   , z0   0 .
lim f ( z )  A    0;   , z0   0
z  z0

Tal que para todos os valores de z pertencentes ao domínio D e satisfazem a


condição:

z  D  0  z  z0    f ( z )  A  

Teorema 3:

Seja f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) , uma função definida no domínio D e seja


z 0  x0  iy0 , A  a  ib , para que: lim f ( z )  A é necessário e suficiente que:
z  z0

lim f ( z )  A  lim u ( x, y )  a  lim v( x, y )  b


z  z0 x  x0 x  x0
y  y0 y  y0

Definição 3: uma função f(z) definida no domínio D diz-se contínua num


ponto z0 se ela for definida em z0 e existe lim f ( z ) e igual a f ( z 0 ) .
z z 0

 lim f ( z )  f ( z 0 )
z  z0

Uma função f(z) é contínua num domínio D se for contínua em cada ponto
deste domínio.

Uma função f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) é contínua sse as suas partes real u(x,y) e


imaginária v(x,y) forem contínuas.

Definição 4: seja f(x) uma função de uma variável complexa, cujo domínio é
uma região D. Diz-se que f(z) é derivável no ponto z  D , se ex

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f ( z ) f ( z  z )  f ( z )
lim  lim , este limite designa-se por:
z 0 z z 0 z
df ( z )
f ( z ) 
dz
Definição 5: Diz-se que uma função f ( z0 ) é analítica ou holomorfa numa
região D, se ela for derivável em cada ponto de D.

Definição 6: Diz-se que uma função f ( z0 ) é analítica ou holomorfa num


ponto z0 se ela é analítica numa região contendo z0.

Definição 7: Denomina-se ponto isolado de um conjunto D a todo o ponto


que não é ponto de acumulação deste conjunto.

Definição 8: Uma função que só possui derivada em certos pontos isolados


não é analítica.

Derivada de uma função composta


Se a função  (z ) é derivável no ponto z0 e a função f (t ) é derivável no

ponto  0   ( z0 ) , então a função composta f ( z )  f [ ( z )] , também é

derivável no ponto z0 .

F ( z 0 )  f ( 0 ) ( z0 )

Derivadas de funções elementares complexas

As derivadas de funções elementares de variavel complexa são calculadas


pelas mesmas regras que se usam para as derivadas das mesmas das de
funções de variável real.

Exemplos: ( z n )  nz n1

As funções e z , senz e cos z , são definidas pelas séries:


z z2
e z  1    ............
1! 2!

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z3 z5
senz  z    ............
3! 5!

z2 z4
cos z  1    ............
2! 4!

Cada uma destas séries converge uniformemente

z z2
(e z )  1    ............  e z
1! 2!
z2 z4
( senz )  1    ............  cos z
2! 4!
z3 z5 z3 z5

(cos z )  z    ............  ( z    ............)   senz
3! 5! 3! 5!
senz cos z. cos z  senz ( senz ) 1
(tgz )  ( )  2
 2
cos z cos z cos z

(a z )  (e z ln a )  e z ln a z ln a  a z ln a


 e z  e z  e z  e z
( shz )      chz
 2  2

Teorema 4: Teorema de Cauchy-Rieman

Para que uma função f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) , seja analítica numa região D é


necessário e suficiente que nessa região sejam deriváveis as funções u(x,y) e
v(x,y) estejam satisfeitas em D as equações de Cauchy-Rieman:

 u v
 x  y

D são equações de Cauchy-Rieman
 u   v
 y x

Corolário

A derivada de uma função f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) que é analítica numa


região D. Calcula-se conforme as regras seguintes:

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u v v u
f ( z )  i  f ( z )  i
x x y y

Nota: Cada uma das funções elementares univalentes assim como qualquer
ramo unívoco de uma função multivalente representa em seus domínios
funções analíticas.

Teorema 5
Se a função f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) for analítica na região D, então cada uma
das funções u(x,y) e v(x,y) é harmónica em D. Isto é, satisfazendo a equação
de Laplace.
 2u  2u  2v  2v
  0;  0
x 2 y 2 x 2 y 2
Definição 9
As funções u(x,y) e v(x,y) definidas na região D dizem-se harmónicas
conjugadas se a função f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) for analítica.

Definição 10
Uma região D, chama-se região simplesmente conexa, se qualquer que seja
contorno fechado todo situado em D. Não contém no seu interior nenhúm
ponto não pertencente a D.

Teorema 6
Seja D uma região simplesmente conexa sobre o plano complexo. Dado
qualquer função. U(x,y) harmónica em D, então existe uma função v(x,y) tal
que a função f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) é analítica. Esta propriedade permite
recuperar uma função analítica através da sua parte real.

Seja dada só a parte real u(x,y) de uma função analítica


f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) . A sua parte imaginária pode-se obter através de
u(x,y).

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v( x, y ) v( x, y ) u ( x, y ) u ( x, y )
dv( x, y )  dx  dy   dx  dy
x y y x
( x, y ) x y

v ( x, y )    u  dx  u  dy    u  ( x, y )dx   u ( x, y )dy C
( x0 , y0 )
y x
x0
y 0
y0
x

Onde C é constante de integração. (x0,y0) é ponto inicial de integração em qual


a função f(z) é derivável.
Teorema 6
Seja D uma região simplesmente conexa sobre o plano complexo. Dado
qualquer função. V(x,y) harmónica em D, então existe uma função u(x,y) tal
que a função f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) é analítica. Esta propriedade permite
recuperar uma função analítica através da sua parte imaginária.

Seja dada só a parte imaginária v(x,y) de uma função analítica


f ( z )  u ( x, y )  iv( x, y ) . A sua parte real u(x,y) pode-se obter através de
v(x,y).
u ( x, y ) u ( x, y ) v( x, y ) v( x, y )
du ( x, y )  dx  dy  dx  dy
x y y x
( x, y) x y

u ( x, y )   vy dx  vx dy   vy ( x, y0 )dx   vx ( x, y )dy C


( x0 , y0 ) x0 y0

Onde C é constante de integração. (x0,y0) é ponto inicial de integração em qual a


função f(z) é derivável.

Aula Prática 3: FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA

 Demonstração das igualdades das funções trigonométricas Inversas


 Cálculo dos números complexos dados sob formas trigonométricas ou
logarítmicas
 Equações que envolvem funções nas formas trigonométricas ou Exponencias

1. Demonstrar as igualdades:

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a) Arsenz   Ln(iz  1  z 2 ) b) Arc cos z  iLn( z  z 2  1) c)
i iz
Arctgz  Ln( )
2 iz
i z i 1 1 z
a) Arcctgz  Ln( ) e) Arshz  Ln( z  z 2  1) f) Arthz  ln( )
2 z i 2 1 z
1 z 1
a) Arcthz  ln( )
2 z 1
2. Calcular os números dados apresentando os na forma algébrica:
a) Ln(e) b) Ln(1  i ) c) Ln(1  3i ) d) Ln(2  3i ) e) Arc cos 2

f) Arcseni g) 1i h) (1  i ) 4i
3. Resolver as equações seguintes:
a) 2chz  e z  1  0 b) shz  chz  3  i  0 c) chz  shz  2i  0 d)
sh(iz )  i  0

Aula Prática 4: FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA

 Representação da imagem de uma curva dada com recurso a uma função


 Representação do domínio dado com recurso a uma função

1. Achar as imagens das curvas dadas, pelas funções indicadas:


1 z
a)   z  C : Re z  0  Im z  0 ; w  f ( z)  ;
1 z
1
b)   z  C : z  2; w  f ( z)  z  ;
z
z 1
c)   z  C : z  1  1  Im z  0; w  f ( z)  ;
z3
d)   z  C : Im z  1  Re z  0 ; w  f ( z )  z 2
i (1  z )
e)   z  C : Re z  0  Im z  0 ; w  f ( z)  ;
1 z
z i
f)   z  C : z  i  1  Im z  1; w  f ( z)  .
z i

2. Determinar as imagens dos domínios dados, pelas funções indicadas:


z 1
a) D  z  C : z  1  2  Im z  0; w  f ( z) 
z 1

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z i
b) D  z  C : z  i  1  Im z  1; w  f ( z) 
z i
iz  1
c) D  z  C : z  i  1  Re z  0; w  f ( z) 
iz  1

Aula Prática 5: FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA

 Prova de função analítica


 Calculo de derivadas de funçoes partindo de uma função logaritmica

1. Verificar, se são analíticas as funções dadas:

a) f ( z )  ( z  i) 3 b) f ( z )  cos( z  i ) c) f ( z)  x 2  y 2
__ __
d) f ( z )  z Re z e) f ( z )  ( z  1  i ) 3 f) f ( z )  ze z g) f ( z )  z senz

2. Achar as derivadas das funções dadas, partindo das respectivas expressões da


função logarítmica.
a) w  f ( z )  Arc cos z b) w  f ( z )  Arthz c) w  f ( z )  Arcsenz

d) w  f ( z )  Arctgz e) w  f ( z )  Arctgz

Aula Prática 6: FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA

 Continuidade de uma função


 Prova de partes real e imaginaria de função analítica
 Recuperacao da parte real ou imaginaria atraves de parte real ou imaginaria

1. Estudar a continuidade das funções dadas:

 ( z 2  1)( z 3  8i )
 ( z 2  3iz  2) ; z  i, z  2i

b) w  f ( z )   14i ; z i
 36i; z  2i



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 z 3  z 2  2z  2
 2 ; z  1, z  i
 z  (1  i ) z  i
c) w  f ( z )  1  i ; z 1
1  i; z  i


 2i
 z ( z  i ) ; z  0, z  i

d) w  f ( z )  2i ; z0
2; zi


2. Provar que as funções U(x,y), representam partes reais e as V(x,y)
representam partes imaginárias de certas funções analíticas e obter essas
funções de modo que sejam satisfeitas as condições indicadas.
a) u ( x, y )  x 2  y 2 , f (0)  0 b) v( x, y )  2 xy, f (0)  0

c) u ( x, y )  2( x 2  y 2 )  3x, f (0)  0

d) v( x, y )  2 x 2  2 y 2  x, f (0)  0

e) u ( x, y )  e x ( x cos y  yseny ), f (0)  0

Chongoene, 05 de Maio de 2021

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