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Universidade do Estado de Santa Catarina

Centro de Ciências Tecnológicas


Departamento de Matemática

Variáveis Complexas
Viviane

Já sabemos que as raízes quadradas complexas


1. Continuidade
de um número não nulo
z = r(cos θ + i sin θ)
A definição de continuidade de uma função com-
plexa é, em essência, igual à de uma função real: são dadas por

    
θ θ
zk = r cos + kπ + i sin + kπ
2 2
Definição 1.1. Uma função é contínua em √
um ponto z0 se = rei(θ/2+kπ) ,
lim f (z) = f (z0 ). onde k = 0, 1.
z→z0
Uma função complexa f é dita contínua Essa fórmula não define uma função, pois aloca
numa região R se for contínua em cada ponto dois valores complexos (um para k = 0 e outro para
de R. k = 1) ao número complexo z. Contudo, fixando
θ = Arg(z) e k = 0 podemos definir uma função
que associa z à única raiz quadrada principal.
De forma análoga a funções reais, uma função
complexa f é contínua em z0 se satisfaz três condi-
ções: A função f (z) = z 1/2 definida por:
    
p θ θ
z 1/2 = |z| cos + i sin ,
2 2
Critérios de continuidade de uma função em
um ponto: Uma função complexa f é contí- em que θ = Arg(z) é chamada de função raiz
nua no ponto z0 se cada uma das três condi- quadrada principal.
ções a seguir for atendidas:
(i) lim f (z) existe, Exemplo 1.4. Mostre que a função da raiz qua-
z→z0
drada principal f (z) = z 1/2 é descontínua no ponto
(ii) f está definida em z0 e z0 = −1.

(iii) lim f (z) = f (z0 ). Solução: Para mostrar que f (z) = z 1/2 é descon-
z→z0
tínua em z0 = −1 mostraremos que lim z 1/2 não
z→−1
existe. Para tanto, identificaremos dois caminhos
Exemplo 1.2. Seja p(z) uma função polinomial. que passam por −1 ao longo dos quais z 1/2 tende a
Quando trabalhos com limites de funções, vimos valores distintos.
que
lim p(z) = p(z0 ), Consideremos que z se aproxima de −1 ao longo
z→z0
de um quarto da circunferência unitária no segundo
para qualquer z0 ∈ C. Então, p(z) é contínuo em quadrante, ou seja, consideremos os pontos z com
z0 e, pela arbitrariedade de z0 , p(z) é contínuo em
C. |z| = 1 e π/2 < Arg(z) < π.
Fazendo |z| = 1 e Arg(z) = θ tender a π, obtemos:
Exemplo 1.3. Pelo Exemplo anterior e pela pro-    
priedade de limite (d), as funções racionais são con- 1/2 θ θ
lim z = lim cos + i sin = i.
tínuas em seus domínios. z→−1 θ→π 2 2
1
2

f
(d) desde que g(z0 ) 6= 0.
g

2. Exercícios - Aula síncrona

(1) Mostre que a função é contínua em


z3
f (z) =
z 3 + 3z 2 + z
é contínua em z0 = i.

Figura 1. Caminhos que passam (2) Determine a maior região no plano com-
pelo ponto (0, −1). plexo na qual a função f é contínua.
(a) f (z) = z − 3 Re(z) + i
z−1
A seguir, fazemos z tender a −1 pelo um quarto (b) f (z) =
da circunferência unitária no terceiro quadrante, ou |z|2 − 4
seja, consideremos os pontos z com (3) Mostre que a função
|z| = 1 e − π/2 < Arg(z) < −π. z
 se z 6= 0
Fazendo |z| = 1 e Arg(z) = θ tender a −π, obtemos: f (z) = |z|
    1, se z = 0
1/2 θ θ
lim z = lim cos + i sin = −i.
z→−1 θ→−π 2 2 é descontínua no ponto especificado em z0 =
Como os limites não são iguais, concluímos que 1.
lim z 1/2 não existe e, consequentemente, a função
z→z0 (4) Seja w = f (z) uma função definida em cada
raiz quadrada principal f (z) = z 1/2 é descontínua ponto de um δ-vizinhança de um ponto z0 ,
em −1. e seja W = g(w) uma função cujo domí-
nio de definição contenha a imagem da δ-
Proposição 1.5. (Partes real e imaginária de uma vizinhança de z0 por f .
função contínua) Suponha que
f (z) = u(x, y) + iv(x, y) e z0 = x0 + iy0 .
Então a função complexa f é contínua no ponto z0
se, e somente se, se as funções reais u e v são con-
tínuas no ponto (x0 , y0 ).

Exemplo 1.6. Pela proposição anterior temos que


função f (z) = |z| é contínua em C. Realmente,
fazendo z = x + yi temos que Então, a composição W = g[f (z)] está de-
finida em cada z da δ-vizinhança de z0 .
p
f (z) = |z| = x2 + y 2 .
Mostre que se f seja contínua em z0 be
Assim, g é contínua em f (z0 , então a composição
p
u(x, y) = x2 + y 2 e v(x, y) = 0. g ◦ f é contínua em f (z0 ).
Como ambas funções reais são contínuas para quais-
quer (x, y) ∈ R2 , concluímos que f (z) = |z| é con- 3. Bibliografia
tínua em todo o plano complexo.
Proposição 1.7. Se f e g são contínuas no ponto (1) CHURCHILL, Ruel V. e BROW, James W.
z0 , então as seguintes funções são contínuas no Variáveis Complexas e Aplicações. Tradu-
ponto z0 : ção de Claus Ivo Doering. 9a. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2015.
(a) cf , em que c é uma constante complexa,
(2) ZILL, Dennis G. e SHANAHAN, Patrick.
(b) f ± g, Curso Introdutório à Análise Complexa com
(c) f · g, Aplicações. 2.ed. LT. 2011.

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