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Funções de várias variáveis

Funções Componentes

Análise Matemática II

Robert de Sousa1

Matemática & Estatística


Universidade de Cabo-Verde

15 de março de 2023

1
e-mail: robert.sousa@docente.unicv.edu.cv
Robert de Sousa robert.sousa@docente.unicv.edu.cv
Funções de várias variáveis
Funções Componentes

1 Funções de várias variáveis

2 Funções Componentes

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Funções de várias variáveis
Funções Componentes

Observações
1 A leitura dos conteúdos aqui apresentados não substitui a
leitura dos livros.

2 Recomenda-se fortemente a leitura das bibliografias principais


da disciplina para uma boa assimilação dos conteúdos.

3 Na mesma sequência, recomenda-se a resolução dos exercícios


propostos nas bibliografias.

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Funções de várias variáveis
Funções Componentes

Neste pequeno resumo, consideramos funções f com domínio D


em Rn e valores em Rm . Portanto,

Se n = m = 1 ( f : R → R ), dizemos que f é função de


variável real com valor real.

Se n = 1 e m > 1 ( f : R → Rm ), a função f é denominada


função de variável real com valor vetorial.

Se n > 1 e m = 1 ( f : Rn → R, a função f é chamada


função de uma variável vetorial (ou de várias variáveis reais)
com valor real.

n = m = 2 e n = m = 3: campo vectorial.

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Nota
Ao longo dos conteúdos da UC Análise Matemática II, iremos
abordar um pouco, de todos os casos mencionados no slide
anterior, entretanto daremos especial ênfase a n = 2 ou n = 3 e
m = 1, isto é,
f : R2 → R, ou f : R3 → R.

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Definição de função, domínio e imagem


Uma função f (f : D ⊂ Rn → R) de várias variáveis é uma regra
que associa a cada n-uplo ordenado de números reais
(x1 , x2 , ..., xn ) de um conjunto D um único valor real, denotado por
f (x1 , x2 , ..., xn ). O conjunto D é o domínio de f ( Dom(f ) ) e sua
imagem é o conjunto de valores possíveis de f , ou seja,

Im(f ) = {f (x1 , x2 , ..., xn ) : (x1 , x2 , ..., xn ) ∈ D}

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Definição (variável dep. e indep.)


Ao n-uplo ordenado x = (x1 , x2 , ..., xn ) denotamos variáveis
independentes e w = f (x1 , x2 , ..., xn ) variável dependente da
função f .

Definição (gráfico de função)


Seja f : D ⊂ Rn → R uma função. O gráfico de f é o seguinte
subconjunto de Rn+1 :
G(f ) = {((x1 , x2 , ..., xn , f (x1 , x2 , ..., xn ), ) : (x1 , x2 , ..., xn ) ∈ D} ⊂
Rn+1 = Rn × R.

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Definição (curva de nível)


As curvas de nível de uma função f de várias variáveis são aquelas
com equação f (x1 , x2 , ..., xn ) = k, onde k é uma constante (na
imagem de f ), isto é,

{x ∈ Df : f (x) = k}.

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Observação
No caso em que n = 2, o conjunto de nível k é chamado
curva de nível k de f :

Ck {(x , y ) ∈ Df : f (x , y ) = k}.

No caso em que n = 3, o conjunto de nível k é chamado


superfície de nível k de f :

Sk {(x , y , z) ∈ Df : f (x , y , z) = k}.

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Observação
As curvas de nível são obtidas pelas projeções no plano xy , das
curvas obtidas pela interseção do plano z = k com a superfície
G(f ). No caso n = 3, G(f ) ⊂ R4 ; portanto, somente poderemos
exibir esboços de suas secções.

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Exemplo

Figura: Curvas de nível e o gráfico, respectivamente

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Exemplo (função)
A temperatura T em um ponto da superfície terrestre depende da
latitude x e da longitude y do ponto e do tempo t, de modo que
podemos escrever T = f (x , y , t).

Exemplo (função)
O volume V de um cilindro é função do raio r de sua base e de sua
altura h:
V (r , h) = πr 2 h.

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Exemplos (domínio)
1 Determine e esboce o domínio da função

f (x , y ) = y + 25 − x 2 − y 2 .
p
p
y − x2
2 Determine e esboce o domínio da função f (x , y ) = .
1 − x2
3 Determine e esboce o domínio da função
f (x , y ) = arccos(x + y )
4 Determine e esboce o domínio da função
ln(x )
f (x , y ) = p
2x + 2y 2 − 8
2

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Exemplo (imagem)
Determine a imagem da função f (x , y ) = 4 − x 2 − y 2.
p

Repare que f é uma raiz quadrada positiva, por isso,

f (x , y ) ≥ 0.

Por outro lado, temos que 4 − x 2 − y 2 ≤ 4, o que implica que


4 − x 2 − y 2 ≤ 2, isto é
p

f (x , y ) ≤ 2.

Logo, 0 ≤ f (x , y ) ≤ 2, isto é,

Im(f ) = [0, 2].


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Exemplo (superfícies de nível)


A seguir, encontram-se algumas superfícies de nível da função
f (x , y , z) = z − x 2 − y 2 .

Figura: Superfícies de nível de f (x , y , z) = z − x 2 − y 2 .

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Exemplo (curva de nível)


Esboce as curvas de nível c de f , para os seguintes c:
q
f (x , y ) = 100 − x 2 − y 2 , c = 0, 8, 10.

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Observação
As curvas de níveis podem ser usadas para o esboço de gráficos de
função de duas variáveis.

Uma vez dado o valor da "altura"z = c obtemos uma curva


plana; elevando cada curva, sem esticá-la ou incliná-la
obtemos o contorno aparente de G(f ); auxiliado pelas secções
(como no caso das quádricas), podemos esboçar G(f ).

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Figura: Curvas de nível na construção de gráficos de z = f (x , y ).

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Funções Componentes
Seja r : D ⊂ R → Rm , dado por

r (t) = (f1 (t), f2 (t), · · · , fm (t)) ,

definimos as funções fi (t), i = 1, · · · , m, como sendo funções


componentes.
Podemos ainda representar a função r da seguinte forma:

r (t) = f1 (t)e1 + f2 (t)e2 + · · · + fm (t)em ,

onde ei é o i-ésimo vector canónico de Rn .

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Domínio de uma Função Vectorial


Seja r : D ⊂ R → Rm , dado por

r (t) = (f1 (t), f2 (t), · · · , fm (t)) ,

temos que
Dr = Df1 ∩ Df2 ∩ · · · ∩ Dfm .

Exemplo

Seja r : R → R3 , definido por r (t) = (t 3 , ln(3 − t), t). Tem-se
que Dr = [0, 3[.

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Limite de uma Função Vectorial


Seja r : D ⊂ R → Rm , dado por

r (t) = (f1 (t), f2 (t), · · · , fm (t)) ,

temos que
 
lim r (t) = lim f1 (t), lim f2 (t), · · · , lim fm (t) ,
t→x0 t→x0 t→x0 t→x0

desde que os limites das funções componentes existam.

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Exemplo
Temos que lim r (t) = i + k, onde
t→0
sin(t)
r (t) = (1 + t 3 )i + te −t j + k.
t

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Continuidade de uma Função Vectorial


Seja r : D ⊂ R → Rm . Então, r é contínua em x0 se

lim r (t) = r (x0 ).


t→x0

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Observação
Qualquer função vetorial contínua r : R → R2 ou r : R → R3
definem uma curva no plano e no espaço, respetivamente.

Exemplo
Seja r : R → R2 , definido por

r (t) = (cos(t), sin(t)).

Temos que f1 (t) = cos(t) e que f2 (t) = sin(t).

Temos ainda que r (0) = (1, 0) , que r π


= (0, 1), que

2
 
r (π) = (−1, 0) e que r 3π
2 = (0, −1).
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Exemplo
Se considerarmos x = cos(t) e y = sin(t), temos a seguinte
representação geométrica da função r do exemplo anterior:

Figura: Gráfico da função r (t) = (cos(t), sin(t)).

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Exemplo
A função r (t) = (cos(t), sin(t), t) tem a seguinte representação
geométrica (linha a vermelho):

Figura: Gráfico da função r (t) = (cos(t), sin(t), t) − Hélice.

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Derivada de uma Função Vectorial


Seja r : D ⊂ R → Rm . A derivada de r no ponto t é dada por

dr r (t + h) − r (t)
= r ′ (t) = lim .
dt h→0 h

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Vector Tangente Unitário


Seja r : D ⊂ R → Rm . O vector tangente unitário é dado por

r ′ (t)
T (t) = .
∥r ′ (t)∥

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Integral Definida de uma Função Vectorial


Seja r : D ⊂ R → Rm . A integral definida é assim definida:
Z b
r (t)dt = R(t)]ba = R(b) − R(a),
a

onde R é uma primitiva de r , ou seja, R ′ (t) = r (t).

Exemplo
Temos que
π
!
π2
Z
2
r (t)dt = 2, 1, ,
0 4
onde r (t) = (2 cos(t), sin(t), 2t).

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Comprimento de Arco
Seja r : [a, b] → Rm , com m = 2, 3, cujas derivadas das funções
componentes são contínuas. Se a curva é percorrida exatamente
uma vez à medida que t cresce, a partir de a para b, então o
comprimento de uma curva definida por r é dado por
Z b
∥r ′ (t)∥dt.
a

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Exemplo
Calcule o comprimento do arco da hélice circular de equação
r (t) = (cos(t), sin(t), t) do ponto (1, 0, 0) até o ponto (1, 0, 2π).

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Função Comprimento de Arco


Suponha que C seja uma curva dada pela função vectorial

r (t) = f (t)i + g(t)j + h(t)k, a ≤ t ≤ b,

onde r é contínua e C é percorrida exatamente uma vez à medida


que t aumenta de a para b.
Definimos sua função comprimento de arco s por
Z t
s(t) = ∥r ′ (u)∥du.
a

Assim, s(t) é o comprimento da parte de C entre r (a) e r (t).

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Curvatura de uma Curva


Seja r : [a, b] → Rm , com m = 2, 3. A curvatura da curva C
(definida por r ) em um dado ponto é a medida de quão
rapidamente a curva muda de direção no ponto t. Ela é denotada
por κ(t) e pode ser calculada da seguinte forma:

∥T ′ (t)∥
κ(t) =
∥r ′ (t)∥

ou
∥r ′ (t) × r ′′ (t)∥
κ(t) = .
∥r ′ (t)∥3

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Exemplo
Determine a curvatura da cúbica retorcida r (t) = (t, t 2 , t 3 ) em
um ponto genérico e em (0, 0, 0).

Exemplo
Mostre que a curvatura de um círculo de raio r é 1r .

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Vetores Normal e Binormal


Seja r : [a, b] → Rm , com m = 2, 3, tal que κ ̸= 0. Os vectores
normal unitário N(t) e binormal B(t) são assim definidos:

T ′ (t)
N(t) = e B(t) = T (t) × N(t).
∥T ′ (t)∥

Figura: Vetores normal unitário e binormal.

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Referências Bibliográficas

Vilches, M., Corrêa, M.


Cálculo: Volume II.
Departamento de Análise - IME - UERJ.
Stewart, J.
Cálculo: Volume 2. 1ª edição, 2013.

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