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Teste da Integral

Aqui vamos P conhecer um resultado que relaciona a Rconvergência/divergência de



uma série an ao comportamento de uma integral a f (x)dx, onde an = f (n),
sob condições apropriadas da função f . Vamos ilustrar o teste por dois exemplos.
Exemplo 1. A série

X 1 1 1 1
2
= 2 + 2 + 2 + ···
n=1
n 1 2 3
é convergente ou divergente?
A sequência das somas parciais (sn ) é crescente. Mostraremos que ela é limitada.
Segue que ela converge pelo Teorema da Seqência Monótona.
∞ Z ∞
X 1 1
Queremos relacionar 2
à integral imprópria 2
dx. De fato, mostraremos
n=1
n 1 x
∞ Z ∞  ∞
X 1 ! 1 1
0≤ ≤1+ dx = 1 + − = 2.
n=1
n2 1 x2 x 1
que implica a convergência da série e até providencia uma estimativa para a soma
da série.
1
Consideramos o gráfico da função y = x2 . Interpretamos as parcelas da série

Figura 1. J. Stewart, Cálculo Vol. 2

1
12 + 212 + 312 + · · · como as áreas dos retângulos azúis. Por exemplo, o segundo
retângulo tem altura 212 e largura 1 e portanto sua área é 212 . A série então é a
1
R ∞ 1 de y = x2 . A área abaixo do
área da união dos retângulos, que é abaixo do gráfico
gráfico (a partir de x ≥ 1) é dada pela integral 1 x2 dx. Portanto
∞ Z ∞
X 1 1
0≤ 2
≤1+ 2
dx = 2
n=1
n 1 x
e a série converge. Aqui a finitude da integral imprópria implicou convergência.

Agora veremos o caso de divergência.


Exemplo 2. A série

X 1 1 1 1
√ = √ + √ + √ + ···
n=1
n 1 2 3
é convergente ou divergente?
1
2

∞ Z ∞
X 1 1
Queremos relacionar √ a √ dx. De fato, mostraremos
n=1
n 1 x
n n+1  √ n+1 √
X 1 ! Z
1
√ ≥ √ dx = 2 x 1 = (2 n + 1 − 2) → ∞
k 1 x
k=1
quando n → ∞ que implica a divergência da série.
Consideramos o gráfico da função y = √1 . Novamente interpretamos as parcelas
x

Figura 2. J. Stewart, Cálculo Vol. 2

da série √11 + √12 + √13 + · · · como as áreas dos retângulos azúis. A série então é a
área da união dos retângulos, a qual contém a região abaixo do gráfico de y = √1x .
Concluı́mos
n Z n+1
X 1 1
√ ≥ √ dx.
k 1 x
k=1
O argumento nos dois exemplos pode ser generalizado para dar:
Teste da Integral. Sejam n0 ∈ N e f : [n0 , ∞) → R uma função contı́nua,
positiva e decrescente. Seja an = f (n).
R∞ P
(i) Se n0 f (x)dx < ∞, então an é convergente.
R∞ P
(ii) Se n0 f (x)dx = ∞, então an é divergente.
Vamos aplicar o Teste da Integral.

X 1
Definição. Para p > 0 a série p
é chamada p-série.
n=1
n
Queremos saber para qual p a p-série converge. Alguns casos particulares:
P∞
(i) Para p = 2 obtemos a série n=1 n12 do Exemplo 1 que é convergente,
P∞
(ii) para p = 1 a série harmônica n=1 n1 que diverge e
P∞ P∞
(iii) para p = 12 a série n=1 n1/2
1
= n=1 √1n do Exemplo 2 que diverge.
O caso geral:
Proposição. Uma p-série converge para p > 1 e diverge para 0 < p ≤ 1.
1
Demonstração. Para p = 1 a série diverge. Seja p 6= 1. A função f (x) = xp é
contı́nua, positiva e decrescente em [1, ∞). Tem-se
Z ∞  1−p ∞ (
1 x ∞ se 0 < p < 1
p
dx = =
1 x 1−p 1 0 se p > 1.
A afirmação segue pelo Teste da Integral.

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