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Universidade Federal do Ceará

Centro de Ciências
Departamento de Fı́sica

Trabalho de Conclusão - Fı́sica Matemática III

Letı́cia de Carvalho Pontes Maranhão

Matrı́cula: 510827

Data: 10/12/2023
Professor: Murilo

2023.2
Índice

1 A Função Gama 1
1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.3 Produto infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Série de Euler-Maclaurin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Função Beta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Função de Bessel 5
2.1 Funções de Bessel de Primeiro Tipo . . . . . . . . . . . . 5
2.1.1 Função geratriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1.2 Relações de Recorrência . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1.3 Equação Diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.1.4 Representação Integral . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2 Funções de Bessel de Segundo Tipo . . . . . . . . . . . . . 8
2.2.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2.2 Representação Integral e Fórmulas Wronskianas . 9
2.3 Funções de Hankel e Funções Modificadas . . . . . . . . . 10
2.3.1 Definição - Função de Hankel . . . . . . . . . . . . 10
2.3.2 Definição - Funções Modificadas Iν e Kν . . . . . . 10
2.3.3 Relações de Recorrência e Representação Integral
de Iν e Kν . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3 Função de Legendre 13
3.1 Função geratriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.2 Recorrência e Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.2.1 Relações de Recorrência . . . . . . . . . . . . . . . 14

3
3.2.2 Equação de Legendre . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.2.3 Paridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.3 Definições Alternativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3.1 Fórmula de Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3.2 Integral de Schläfli . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.4 Polinômios Associados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.4.1 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4 Outras Funções 19
4.1 Função de Hermite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.1.1 Introdução e Função Geratriz . . . . . . . . . . . . 19
4.1.2 Recorrência, Equação Diferencial Representações
Alternativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4.2 Função de Laguerre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4.2.1 Introdução e Função Geratriz . . . . . . . . . . . . 20
4.2.2 Recorrência, Equação Diferencial Representações
Alternativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.2.3 Polinômios de Laguerre Associados . . . . . . . . . 22

5 Métodos Não Lineares 23


5.1 Mapa Logı́stico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1 A Função Gama

A função gama (Γ) funciona como uma extensão da operação fatorial


a todos os números complexos. Foi a primeira função especial estudada
no curso e é a única que não representa a solução de uma equação
diferencial.

1.1 Definição
Há três definições diferentes da função gama: o limite infinito, a
integral definida e o produto de Weiertrass.

1.1.1 Limite
A primeira definição, denominada limite infinito de Euler, é, para
/ Z− :
z∈
(1 · 2 · 3 · 4...n)nz
Γ(z) ≡ lim (1.1)
n→∞ z(z + 1)(z + 2)...

Por meio dessa relação, obtemos a relação de recorrência (z → z + 1).


Para z = n ∈ N, recupera-se o fatorial usual.
nz (1 · 2 · 3 · 4...n)nz
Γ(z + 1) = lim · ⇒
n→∞ z + n + 1 z(z + 1)(z + 2)...

Γ(z + 1) = zΓ(z) (1.2)


Γ(n) = (n − 1)Γ(n − 1) = (n − 1)(n − 2)Γ(n − 2)... = (n − 1)! (1.3)
2 1. A Função Gama

1.1.2 Integral
A segunda definição é dada pela integral de Euler de segundo tipo:
Z ∞
Γ(z) ≡ e−t tz−1 dt, R(z) > 0 (1.4)
0
Nesse caso, a restrição em z força a convergência da integral. Possı́veis
variações dessa definição são comuns em problemas fı́sicos:
Z ∞
2
Γ(z) = 2 e−t t2z−1 dt, R(z) > 0 (1.5)
0
1
Z 1  z−1
Γ(z) = ln dt, R(z) > 0 (1.6)
0 t
A recorrência em 1.2 também pode ser obtida por meio dessa definição.
Z ∞

z −t
Γ(z + 1) = −t e +z tz−1 e−t dt = zΓ(z) (1.7)
0 0

1.1.3 Produto infinito


A terceira definição é dada pelo produto de Weiertrass:

1 z
 
1+ e−z/n , γ = 0.57721566... (1.8)
Y
≡ zeγz
Γ(z) n=1
n
Essa definição leva diretamente a uma identidade bastante importante.
Utilizando a definição de senx:

!
x2
senx = x 1− 2 2 (1.9)
Y

n=1
n π
Ou seja:

!−1
1 Y z2 π
Γ(z)Γ(−z) = − 2 1− 2 2 =− (1.10)
z n=1 n π zsenzπ
Alternativamente, podemos usar a relação de recorrência em 1.2 para
escrever:
π
Γ(z)Γ(1 − z) = (1.11)
senzπ

Outra relação útil é a duplicação de Legendre. Usando Γ( 12 ) = π:
1 √
 
Γ(1 + z)Γ z + = 2−2z πΓ(2z + 1) (1.12)
2
1.2. SÉRIE DE EULER-MACLAURIN 3

1.2 Série de Euler-Maclaurin


A fórmula de Euler-Maclaurin relaciona uma integral definida a uma
soma e é utilizada para encontrar aproximações - no caso das funções
digama e poligama, aproximações de ln(z!). Sua dedução é relativamente
simples. Temos, definindo um resı́duo de correção R1 :
Z 1
f (x)dx + R1 = f (1) + f (−1) (1.13)
−1

Usando integração por partes, é trivial que:


Z 1
R1 = xf ′ (x)dx (1.14)
−1

A fórmula de Euler-Maclaurin é derivada a partir de uma iteração desse


processo - a cada integração por partes, os resı́duos Rn ficam em função
de ordens cada vez maiores das derivadas, tornando a aproximação mais
precisa. Definimos uma famı́lia de funções Vn (x) tais que:
Z
V0 (x) = V1 (x) = 1, Vn (x) = Vn−1 (x)dx (1.15)

Z 1 Z 1
1
1ª Ordem : V1 (x)f ′ (x)dx = V2 f ′′ (x) −1 − V2 (x)f ′′ (x)dx
−1 −1
Z 1 Z 1
1
1ª Ordem : V2 (x)f ′′ (x)dx = V3 f 3 (x) − V3 (x)f 3 (x)dx
−1 −1 −1
Z 1 Z 1
1
Ordem 2n-1 : V2n−1 (x)f 2n−1
(x)dx = V2n f 2n−1
(x) − V2n (x)f 2n (x)dx
−1 −1 −1

Aplicando as iterações em 1.13:


Z 1 2n h i
f (1) + f (−1) = f (x)dx + (−1)l Vl (1)f l−1 (1) − Vl (−1)f l−1 (−1)
X
−1 l=2
Z 1
− V2n (x)f 2n (x)dx (1.16)
−1
Uma escolha esperta das funções Vn (x) facilita o cálculo. Definimos:

Vn (x), para n par


(
Vn (−x) = (1.17)
−Vn (x), para n ı́mpar
4 1. A Função Gama

Para forçar os termos de l ı́mpar a sumir, impomos também:


Z 1
Vn (x)dx ≡ 0
−1

Estendendo a integral para intervalos a ≤ x ≤ a + h, temos, finalmente:


Z 1 n h i
f (1) + f (−1) = f (x)dx + V2l (1) f 2l−1 (1) − f 2l−1 (−1)
X
−1 l=1
Z 1
− V2n (x)f 2n (x)dx (1.18)
−1

Os coeficientes V2n (1) são relacionados as números de Bernoulli via:

B2n
V2n (1) = (1.19)
(2n)!

1.3 Função Beta


Usando a definição pela integral de Euler, é possı́vel escrever o produto
de dois fatoriais como um produto de duas integrais em um intervalo
finito. Z 2 Z 2
a a
m!n! = lim e−u um du e−v un dv (1.20)
a2 →∞ 0 0

Podemos substituir u e v por x2 e y 2 e transformar para coordenadas


polares.
Z π/2
m!n! = (m + n + 1)!2 cos2m+1 θsen2n+1 θdθ (1.21)
0

A integral definida dessa expressão é chamada função Beta:


Z π/2
m!n!
B(m + 1, n + 1) ≡ 2 cos2m+1 θsen2n+1 θdθ = (1.22)
0 (m + n + 1)!

Ou seja:
Γ(p)Γ(q)
B(p, q) = (1.23)
Γ(p + q)
2 Função de Bessel

As funções de Bessel aparecem em diversos problemas fı́sicos, a


exemplo da equação de onda em coordenadas cilı́ndricas, problemas de
difusão e soluções da equação de Schrödinger para partı́culas livres. São
soluções de uma equação diferencial e respeitam a ortogonalidade imposta
pelas condições de Sturm-Liouville.

2.1 Funções de Bessel de Primeiro Tipo

2.1.1 Função geratriz


Antes de representar soluções de um tipo especial de equação diferen-
cial, as funções de Bessel Jν também podem ser obtidas via uma função
geratriz, de forma similar à função Γ. Para uma função g(x, t) = e 2 (1− t ) ,
x 1

temos, expandindo-a em uma série:


∞  p p X
x t ∞
 m m
−x/2t x t
= (−1) (2.1)
X
xt/2 m
e ·e
p=0
2 p! m=0 2 m!

Aqui, p = n + s; a soma em n vai de −∞ a ∞ e a soma em m vai de


max(−n, 0) a ∞. Para cada m, o termo da série será:

1
 n+m  m
x tn x
(−1)m (2.2)
2 (n + m)! 2 m!
6 2. Função de Bessel

O coeficiente de tn será uma função de Bessel Jn (x).



(−1)m
 n+2m
x
Jn (x) ≡ (2.3)
X

m=0
m!(m + n)! 2

Ou seja, usando a função geratriz:



e 2 (1− t ) =
x 1
Jn (x)tn (2.4)
X

n=−∞

As funções Jn (x), embora oscilem, não são periódicas fora do limite



x → ∞. Assintoticamente, a amplitude da função cai com 1/ x.
Observando o caso em que n < 0, obtemos uma importante relação.
Tem-se: ∞
(−1)m
 −n+2m
x
J−n (x) = (2.5)
X

m=0
m!(−m + n)! 2
O fatorial (−m + n)! tende a infinito para n − 1 ≤ m ≤ 0. Portanto, a
série começa de facto em m = n. Fazendo m → m + n:

(−1)m+n
 n+2m
x
J−n (x) =
X

m=0
(m + n)!m! 2

Isto é:
J−n (x) = (−1)n Jn (x) (2.6)

2.1.2 Relações de Recorrência


Uma forma esperta de obter a relação de recorrência é derivar a
função geratriz:

∂g(x, t) x 1
 
1 + 2 e 2 (t− t ) =
x 1
= nJn (x)tn−1 (2.7)
X
∂t 2 t n=−∞

Usando a Eq. 2.4 e igualando os coeficientes das séries de potência,


obtemos:
2n
Jn−1 (x) + Jn+1 (x) = Jn (x) (2.8)
x
Diferenciando g(x, t) em x:

∂g(x, t) 1 1
 
e 2 (t− t ) =
x 1
= Jn′ (x)tn (2.9)
X
t−
∂x 2 t n=−∞
2.1. FUNÇÕES DE BESSEL DE PRIMEIRO TIPO 7

Novamente, substituindo o resultado da Eq. 2.4:


Jn−1 (x) − Jn+1 (x) = 2Jn′ (x) (2.10)
Essas relações, individualmente, são de três termos; combinando-as, é
possı́vel obter relações de dois termos. Somando as Eqs. 2.8 e 2.10,
temos:
n
Jn+1 (x) = Jn (x) − Jn′ (x) (2.11)
x
Multiplicando por xn e rearranjando os termos:
d n
[x Jn (x)] = xn Jn−1 (x) (2.12)
dx
Já subtraindo as relações e multiplicando por x−n , obtém-se uma relação
similar:
d  −n
x Jn (x) = −x−n Jn+1 (x) (2.13)

dx

2.1.3 Equação Diferencial


Supondo uma função de Bessel Jν (x), de ı́ndice não necessariamente
inteiro, que respeite as relações de recorrência.
ν
Jν+1 (x) = Jν (x) − Jν′ (x) (2.14)
x
Diferenciando a Eq. 2.14, temos:
xJν′′ (x) = −(ν + 1)Jν′ (x) + xJν−1

+ Jν−1 (2.15)
Multiplicando por x e subtraindo a Eq. 2.14 multiplicada por ν, temos:
x2 Jν′′ + xJ ′ − ν 2 Jν + (ν − 1)xJν−1 − x2 Jν−1

=0 (2.16)
Reeescrevendo a Eq. 2.14 com ν → ν − 1:
ν−1 ′
Jν (x) = Jν−1 (x) − Jν−1 (x) (2.17)
x
Usando a Eq. 2.17 na Eq. 2.16:
x2 Jν′′ + xJν′ + (x2 − ν 2 )Jν = 0 (2.18)
Isto é, qualquer função que obedeça as relações de recorrência (e, por
consequência, a função geratriz) obedece a equação diferencial de Bessel.
8 2. Função de Bessel

2.1.4 Representação Integral


Substituindo t = eiϕ , podemos escrever, para cada n par:

J1 einϕ + J−1 einθ = Jn (einϕ + e−inϕ ) = 2iJn sennϕ (2.19)

Similarmente, para cada n ı́mpar:

Jn einϕ + J−n einθ = Jn (einϕ − e−inϕ ) = 2Jn sennϕ (2.20)

Ou seja:
eixsen ϕ = J0 (x) + 2J2 cos 2ϕ... + 2iJ1 senϕ... (2.21)
Como eixsen ϕ = cos (xsenϕ) + isen(xsenϕ),

cos (xsenϕ) = J0 (x) + 2 J2n cos 2nϕ (2.22)
X

n=1

sen(xsenϕ) = 2 J2n−1 sen(2n − 1)ϕ (2.23)
X

n=1

Como cosseno e seno são ortogonais, temos:

πJn (x), para n par


Z π (
cos (xsenϕ) cos nϕ dϕ = (2.24)
0 0, para n ı́mpar
πJn (x), para n ı́mpar
Z π (
sin (xsenϕ)sennϕ dϕ = (2.25)
0 0, para n par

Somando essas equações, temos:


Z π
πJn (x) = cos (nϕ − xsenϕ) dϕ, n∈N (2.26)
0

2.2 Funções de Bessel de Segundo Tipo


Como qualquer EDO de 2ª ordem, a equação de Bessel tem duas
soluções. Para ordens ν não inteiras, já temos ambas. Para ordens
inteiras, porém, J−n (x) = (−1)n Jn (x) e uma segunda solução não está
determinada. Para isso, é necessário utilizar as funções de Neumann, ou
funções de bessel de seguno tipo.
2.2. FUNÇÕES DE BESSEL DE SEGUNDO TIPO 9

2.2.1 Definição
A função de Neumann é obtida via soma de Jν e J−ν :

cos πνJν (x) − J−ν (x)


Nν (x) = , ν∈
/N (2.27)
senπν
Nn (x) = lim Nν (x) ν ∈ N (2.28)
ν→n

Ela, como Jν (x), pode ser expandida em uma série. Para ν > 0 não
necessariamente inteiro, a expansão será:
(ν − 1)! 2
 ν
Nν (x) = − ... (2.29)
π x
Para Nn com n → 0, contudo, a Eq. 2.28 se torna indeterminada.
Avaliando-a no limite n → 0 (regra de L’Hopital), temos:
1 2 2 1
 ν  n
x x
 
Nn (x) = − (n − 1)! + ... + ln ... (2.30)
π x π 2 n! 2
Os termos logarı́tmicos dessa representação tornam visı́vel a independência
entre Nn e Jn .

2.2.2 Representação Integral e Fórmulas Wronskianas


Assim como Jν (x) (e qualquer variação da função de Bessel), Nν (x)
pode ser representada por uma integral. Em particular, para N0 (x),
Z π/2 h i
N0 (x) = cos (n cos ϕ) γ + ln (2nsen2 ϕ) dϕ (2.31)
0

Na equação, γ é a constante de Euler-Mascheroni. Além disso, Nn (x)


também respeita uma relação similar à Eq. 2.6.

N−n (x) = (−1)n Nn (x) (2.32)

Jν (x) e Nν (x) obedecem às mesmas relações de recorrência - afinal, isso


é um requisito para que sejam soluções da equação diferencial de Bessel.
Para elas, podemos escrever o seguinte wronskiano, com Aν = cte:

′ Aν
Jν J−ν − J−ν Jν′ = (2.33)
x
10 2. Função de Bessel

Aν pode ser avaliada em qualquer valor de x. Para x = 0, temos, usando


a série:
′ 2ν 2senπν
Jν J−ν − J−ν Jν′ = − =− (2.34)
xν!(−ν)! πx
Via relações de recorrência, pode-se obter diversas formas alternativas
da Eq. 2.33.

2.3 Funções de Hankel e Funções Modificadas


2.3.1 Definição - Função de Hankel
As funções de Hankel podem ser definida como combinações lineares
das funções de Bessel de primeiro e segundo tipo:
Hν1 (x) ≡ Jν (x) + iNν (x) (2.35)
Hν2 (x) ≡ Jν (x) − iNν (x) (2.36)
Enquanto combinações lineares de Jν (x) e Nν (x), as funções de Hankel
obedecem às mesmas relações de recorrência.
2n
Hn−1 (x) + Hn+1 (x) = Hn (x) (2.37)
x
Hn−1 (x) − Hn+1 (x) = 2Hn′ (x) (2.38)

2.3.2 Definição - Funções Modificadas Iν e Kν


A equação de Bessel é uma versão da equação de Helmholtz em
coordenadas cilı́ndricas:
Helmholtz: ∇2 Φ + k 2 Φ = 0 (2.39)
Essa equação normalmente é utilizada para problemas ondulatórios. Para
problemas de difusão, uma usa-se uma versão modificada da equação de
Helmholtz, a qual leva a outras funções:
Helmholtz (modificada): ∇2 Φ − k 2 Φ = 0 (2.40)
A solução desse tipo de equação são equações de Bessel de argumento ima-
ginário, denominadas funções de Bessel hiperbólicas. A função hiperbólica
de primeiro tipo, Iν (x), normalmente é escrita na forma:
Iν (x) ≡ i−ν Jν (ix) = e−iνπ/2 Jν (xeiπ/2 ) (2.41)
2.3. FUNÇÕES DE HANKEL E FUNÇÕES MODIFICADAS 11

Podemos usar a forma de Jn (x) em série (Eq. 2.3) e a Eq. 2.6 para
encontrar a forma em série de In (x) e I−ν (x):
∞ ∞
1 1
 2m+n
x x 2m−n
 
In (x) = I−n (x) =
X X
,
m=0
m!(m + n)! 2 m=0
m!(m − n)! 2
(2.42)
Ou seja,
I−n (x) = In (x) (2.43)
Assim como Jn (x), In (x) (n ∈ N) consiste em uma única solução, e faz-se
necessária uma segunda solução Kn (x) linearmente independente para
ordens inteiras, análoga a Nn (x). Esta pode ser expressa em termos da
função de Hankel, mas normalmente aparece como uma combinação de
Iν (x).
π I−ν − Iν
Kν (x) ≡ (2.44)
2 senπν
A expansão em série de Kν (x), usando a Eq. 2.42, será similar à de
Nν (x).
Kν (x) = 2ν−1 (ν − 1)!x−ν ... (2.45)

2.3.3 Relações de Recorrência e Representação Integral


de Iν e Kν
Podemos usar as relações de recorrência de Jn (x) para deduzir as de
In (x). Escrevendo a Eq. 2.8 para Jν (x) = iν Iν (−ix), temos:
2νiν
iν−1 Iν−1 (−ix) + iν+1 Iν+1 (−ix) = Iν (−ix) (2.46)
x
Ou seja,

Iν−1 (x) − Iν+1 (x) = Iν (x) (2.47)
x
Similarmente, a Eq. 2.10 se torna:
Iν−1 (x) + Iν+1 (x) = 2Iν′ (x) (2.48)
Kν (x), entretanto, não respeita as mesmas relações de recorrência.
As representações integrais de Iν (x) e Kν (x) são similares às de Jν (x)
e Nν (x). Em particular, para ν = 0:
1 π
Z Z ∞
I0 (x) = cosh (x cos ϕ)dϕ, K0 (x) = cos (x senhϕ)dϕ
π 0 0
(2.49)
3 Função de Legendre

As funções de Legendre são muito comuns em problemas fı́sicos,


em especial em problemas que envolvem a equação de Laplace (ex:
potenciais eletrostáticos), a equação de Helmholtz e equações similares
em coordenadas esféricas. Assim como as funções de Bessel, são solução
de uma equação diferencial e respeitam as condições de Sturm-Liouville.

3.1 Função geratriz

Assim como a função de Bessel, a função de Legendre pode ser


introduzida via uma função geratriz; nesse caso, g(x, t) = (1−2xt+t2 )−1/2 ,
podemos expandi-la como:

∞ ∞
(2n)! (2n − 1)!!
(1 − 2xt + t2 )−1/2 = (2xt ) = 1 + (2xt − t2 )n
X X
2 n
− t
n=0
22n (n!)2
n=1
(2n)!!

Expandindo o termo (2xt − t2 )n como um binômio, encontramos uma


dupla soma.

n/2
∞ X
2 −1/2 (2n − 2k)!!
(1 − 2xt + t ) = (−1)k (2x)n−2k tn
X

n=0 k=0
22n−2k k!(n− k)!(n − 2k)!
14 3. Função de Legendre

Definindo as funções de Legendre como os coeficientes de cada tn , obte-


mos:
n/2
(2n − 2k)!!
Pn (x) ≡ (−1)k (3.1)
X
xn−2k
k=0
22n k!(n − k)!(n − 2k)!

g(x, t) = (1 − 2xt + t2 )−1/2 = Pn (x)tn (3.2)
X

n=0

Ou seja, as funções Pn (x) têm paridade variável - pares para n par,


ı́mpares para n ı́mpar.

3.2 Recorrência e Propriedades


3.2.1 Relações de Recorrência
A recorrência das funções de Legendre pode ser encontrada por
diferenciação da função geratriz. Derivando em t:

∂g x−t
= = nPn (x)tn−1
X
∂t (1 − 2xt + t)3/2 0

Podemos escrever essa relação como:


∞ ∞
(1 − 2xt + t)3/2 nPn (x)tn−1 + (t − x) Pn (x)tn = 0
X X

0 n=0

Separando em diferentes somas com ı́ndices distintos:


∞ ∞ ∞
mPm (x)tm−1 + sPs (x)ts+1 + Ps (x)ts+1
X X X

0 0 0
∞ ∞
xPn (x)tn − 2nxPn (x)tn = 0
X X

n=0 n=0

Fazendo s = n − 1 e m = n + 1 e igualando os ı́ndices:

(2n + 1)xPn (x) = (n + 1)Pn+1 (x) + nPn−1 (x) (3.3)

Essa relação, assim como as de Bessel, é de três termos - dados dois


polinômios, podemos encontrar o terceiro.
3.2. RECORRÊNCIA E PROPRIEDADES 15

3.2.2 Equação de Legendre


g(x, t) também pode ser derivada em x - esse processo leva à con-
strução da equação diferencial de Legendre. Temos:

∂g t
= = Pn′ (x)tn (3.4)
X
∂x (1 − 2xt + t)3/2 0

Ou, reescrevendo e igualando os coeficientes a zero:


∞ ∞
(1 − 2xt + t) Pn′ (x)tn − t Pn (x)tn = 0
X X

0 0
′ ′
(2n + 1)xPn (x) = Pn+1 (x) − Pn−1 (x) (3.5)
Combinando as Eqs. 3.3 e 3.5, podemos obter:


Pn−1 (x) = −nPn (x) + xPn′ (x) (3.6)
(1 − x2 )Pn′ (x) = nPn−1 (x) − nxPn (x) (3.7)
Diferenciando a Eq. 3.7, temos:

(1 − x2 )Pn′′ (x) − 2xPn′ = nPn−1



(x) − nxPn′ (x) + nPn (x)

Combinando-a à Eq. 3.6:

(1 − x2 )Pn′′ (x) − 2xPn′ (x) + n(n + 1)Pn (x) = 0 (3.8)

Essa é a equação de Legendre, com soluções na forma de polinômios


de Legendre. Como ela costuma aparecer em problemas esféricos, o
argumento x normalmente é substituı́do por cos θ.

3.2.3 Paridade
Uma das principais caracterı́sticas das funções de Legendre é a sua
paridade. Pela função geratriz, temos:
h i−1/2 ∞ ∞
g(−x, −t) = 1 − 2(−x)(−t) + (−t)2 = Pn (−x)(−t)n = Pn (x)tn
X X

n=0 n=0

Ou seja:
Pn (−x) = (−1)n Pn (x) (3.9)
16 3. Função de Legendre

3.3 Definições Alternativas


3.3.1 Fórmula de Rodrigues
A fórmula de Rodrigues é a representação mais conhecida dos polinômios
de Legendre. Usando a Eq. 3.1 para n ∈ N:
n/2
(2n − 2k)!!
Pn (x) = (−1)k
X
xn−2k
k=0
22n k!(n − k)!(n − 2k)!
n n
(−1)k 1
(−1)k n! 2n−2k
n n X
d d
 
= x2n−2k =
X
x
k=0
22n k!(n − k)! dx k=0
2 n!
n
k!(n − k)! dx
(3.10)
Obs: A extensão do limite superior de n/2 para n é válida; os termos
extras não contribuem com a soma. Pelo teorema do binômio, podemos
substituir a soma por (x2 − 1)n e obter:
1
n
d

Pn (x) = n (x2 − 1)n (3.11)
2 n! dx

3.3.2 Integral de Schläfli


Para essa representação, usamos a integral de Cauchy para f (z) =
(z 2 − 1)n . Temos:
1 (t2 − 1)n
I
f (z) = (z − 1) =2 n
dt (3.12)
2πi t − z
Tirando a derivada de ordem n em z e multiplicando por 1/n!2n :
1 2−n (t2 − 1)n
n
d
 I
(z 2 − 1)n = dt (3.13)
n!2n dz 2πi (t − z)n+1
O lado esquerdo é o mesmo da fórmula de Rodrigues (Eq. ??), e o lado
direito é a representação na forma da integral de Schläfli.

3.4 Polinômios Associados


A equação de Helmholtz (Eq. 2.39) estudada na seção das funções de
Bessel (coordenadas cilı́ndricas) também pode ser escrita em coordenadas
3.4. POLINÔMIOS ASSOCIADOS 17

polares esféricas. Nesse caso, sua solução será um polinômio de Legendre


associado Plm (cos θ). Na fı́sica, esse tipo de polinômio normalmente
aparece como solução da equação de Schrödinger.
Podemos chegar nos polinômios associados via aplicação da fórmula
de Leibniz na equação de Legendre comum (Eq. ??).
d ∂
Z Z
Leibniz: f (x, y)dy = f (x, y)dy
dx ∂x
Temos, derivando m vezes:
dm
(1 − x2 )u′′ − 2x(m + 1)u′ + (n − m)(n + m + 1)u = 0, Pn (x)
u=
dxm
(3.14)
Para tornar a equação auto-adjunta, aplicamos a substituição:

v(x) = (1 − x2 )|m|/2 u(x) ⇒


mxv
 
u′ = (1 − x2 )−m/2 v ′ +
1 − x2
2mxv ′ m(m + 2)x2 v
" #
′′ 2 −m/2 ′′ mv
u = (1 − x ) v + + +
1 − x2 1 − x2 (1 − x2 )2
Ou seja, a Eq. 3.14 se torna:
" #
m2
(1 − x2 )v ′′ − 2xv ′ + n(n + 1) − v=0 (3.15)
1 − x2
Para m = 0, ela se reduz à equação de Legendre usual. Escrevendo-a
em coordenadas esféricas (x = cos θ), ela representa parte da equação de
Helmholtz submetida a uma separação de variáveis:
1 d
" #
dv m2
 
senθ + n(n + 1) − v=0 (3.16)
senθ dθ dθ sen2 θ

v ≡ Plm (cos θ)
Na mecânica quântica, os polinômios associados são chamados harmônicos
esféricos e correspondem à parte angular azimutal da solução geral para
o átomo de hidrogênio.
s
(2n + 1)(n − m)! m
Harmônico esférico normalizado: Ylm (θ, ϕ) = Pn (cos θ)eimϕ
4π(n + m)!
18 3. Função de Legendre

3.4.1 Propriedades
A solução da equação associada, x, portanto, é um polinômio Plm (x).
m
d

v ≡ Pnm (x) = (1 − x2 )|m|/2 Pn (x) (3.17)
dx

Como a maior ordem de Pn (x) é n, impomos a restrição |m| ≤ n - valores


negativos de m são aceitos. Em particular, usando a fórmula de Leibniz
novamente, é possı́vel mostrar:

(n − m)! m
Pn−m (x) = (−1)m P (x) (3.18)
(n + m)! n

Conforme esperado, os polinômios associados também possuem uma


função geratriz e obedecem relações de recorrência - muitas, devido à
existência de dois ı́ndices em lugar de apenas um. A paridade pode ser
diretamente extraı́da dos polinômios usuais Pn (x). Temos, para estes:

Pn (−x) = (−1)n Pn (x)

Como a diferenciação em m vezes carregará um ı́ndice (−1)m ,

Pnm (−x) = (−1)n+m Pnm (x) (3.19)


4 Outras Funções

Além das funções de Bessel e Legendre, há outras funções ortogonais


de uso comum na fı́sica. Durante o curso, foram brevemente estudadas
as funções de Hermite e Laguerre.

4.1 Função de Hermite


4.1.1 Introdução e Função Geratriz
Os polinômios de Hermite são uma classe de funções ortogonais -
dentro da fı́sica, aparecem em problemas ondulatórios (transformada
wavelet), hidrodinâmicos (movimento browniano), quânticos (oscilador
harmônico) e, em alguns casos, de difusão de calor. A função geratriz da
função de Hermite é:

2 +2xt tn
g(x, t) = e−t = Hn (x) (4.1)
X

n=0
n!

Expandindo a exponencial em uma série e igualando os coeficientes de


cada potência tn (n = 1, 2, 3), conforme feito para as funções anteriores,
podemos obter os polinômios em sua versão explı́cita:

n/2 n
(−1) 2 −m n!
Hn (x) =  (2x)2m , para n par (4.2)
X

m=0
(2m)! n
2 − m !
20 4. Outras Funções

(n−1)/2 n−1
(−1) 2
−m
n!
Hn (x) =  (2x)2m+1 para n ı́mpar (4.3)
X

m=0 (2m)! n−1
2 −m !

4.1.2 Recorrência, Equação Diferencial Representações


Alternativas
Assim como as funções de Bessel e de Legendre, as funções de Hermite
obedecem relações de recorrência. Diferenciando g em t, obtemos a
primeira:

" #
∂g 2 xtn tn+1
= (−2t − 2x)e−t +2xt) = 2
X
Hn −
∂t n=0
n! n!
Ou seja:
Hn+1 (x) = 2xHn (x) − 2nHn−1 (x) (4.4)
Similarmente, diferenciando g em x, encontramos:
Hn′ (x) = 2nHn−1 (x) (4.5)
Assim como outras funções ortogonais, os polinômios de Hermite são
solução de uma equação diferencial - mais precisamente, ditam o com-
portamento do oscilador harmônico quântico. Na forma geral:
d2 f df
− 2x − 2kf = 0 (4.6)
dx2 dx
Algumas formas alternativas de representá-la são via fórmula de Rodrigues
e integral de Schäfli:
n
d

2 2
Hn (x) = (−1)n ex e−x (4.7)
dx
1
I
2 +2xt
Hn (x) = n!t−n−1 e−t dt (4.8)
2iπ

4.2 Função de Laguerre


4.2.1 Introdução e Função Geratriz
Os polinômios de Laguerre são uma classe de funções ortogonais
relacionados aos polinômios de Hermite - na fı́sica, são normalmente
4.2. FUNÇÃO DE LAGUERRE 21

encontrados em problemas quânticos (solução radial do átomo de H e


funções de Wigner). Para seguir o padrão até aqui adotado, definimo-os
com a função geratriz:

e−xt/(1−t)
g(x, t) = = Ln (x)tn (4.9)
X
1−t n=0

Expandindo-a em uma série e igualando os coeficientes de cada expoente


tn (n = 1, 2, 3..), temos os polinômios na forma explı́cita.
n
(−1)m n!
Ln (x) = (4.10)
X
xm
m=0
(m!)2 (n − m)!

4.2.2 Recorrência, Equação Diferencial Representações


Alternativas
Derivando a função geratriz em t e x, obtemos as relações de recorrência
de Ln (x).
∞ ∞
(1 − x − t) (1 − x − t) X
" #
∂g ∂ X
= g(x, t) ⇒ Ln (x)tn
= Ln (x)tn
∂t (1 − t2 ) ∂t n=0 (1 − t2 ) n=0

Ou seja:
(n + 1)Ln+1 (x) = (2n + 1 − x)Ln (x) − nLn−1 (4.11)
Derivando em x e usando o resultado anterior, encontramos a segunda
relação:
x′ Ln (x) = nLn (x) − nLn−1 (4.12)
A dedução da equação diferencial dos polinômios de Laguerre é, similar-
mente às de Bessel e Legendre, feita por meio das relações de recorrência.
d2 f df
x 2
+ (1 − x) + kf = 0 (4.13)
dx dx
As funções de Laguerre também podem ser representadas via fórmula
de Rodrigues e integral fechada de Schäfli.
n
ex d

Ln (x) = (e−x xn ) (4.14)
n! dx
1 e−xt/(1−t)
I
Ln (x) = dt (4.15)
2iπ tn+1 (1 − t)
22 4. Outras Funções

4.2.3 Polinômios de Laguerre Associados


Assim como a função de Legendre, a função de Laguerre possui uma
versão associada. Esta corresponde, assim como a função de Legendre, a
parte da solução separável de uma equação de Helmholtz. Sua principal
aplicação é a solução radial do átomo de hidrogênio.
k
d

Lkn (x) = (−1)
k
Ln+k (x) (4.16)
dx
Ou seja, a versão associada da Eq. 4.13 é:

d2 f df
x + (k + 1 − x) + kf = 0 (4.17)
dx2 dx
5 Métodos Não Lineares

Sistemas dinâmicos caóticos aparecem com muita frequência na fı́sica,


a exemplo de pêndulos múltiplos e fluxo turbulento de fluidos. Para que
sejam descritos por equações de primeira ordem, sistemas não lineares
devem ter pelo menos três variáveis dinâmicas e um ou mais termos de
acoplamento entre elas.

5.1 Mapa Logı́stico


O mapa logı́stico, ou iteração unidimensional não linear, é frequente-
mente utilizado para modelar sistemas caóticos.

xn+1 = λxn (1 − xn ), x ∈ [0, 1] , 1<λ<4 (5.1)

f (x) = λx(1 − x) (5.2)


Embora aparentemente simples, o mapa logı́stico pode representar quali-
tativamente muitos sistemas fı́sicos dinâmicos a partir da variação do
parâmetro λ. A cada iteração, o mapa da (Eq. 5.1) interceptará a
quadrática (Eq. 5.2). Para qualquer valor inicial x0 , x convergirá para
um ponto fixo, ou atrator x∗.
1
fλ (x∗) = λx ∗ (1 − x∗) = x∗ ⇒ x∗ = 1 − (5.3)
λ
O intervalo (0, 1), portanto, define uma base de atração para x∗. Ex-
pandindo f (x) em uma série de Taylor na vizinhança do atrator, podemos
24 5. Métodos Não Lineares

examinar sua estabilidade. Até a primeira ordem

fλ (xn ) ≈ xn+1 = fλ′ (x∗) + fλ (x∗)(xn − x∗)...

Ou seja, se |fλ (x∗)| < 1, xn+1 estará mais próxima de x∗ do que xn .


Caso contrário, há instabilidade.

xn+1 − x∗
fλ′ (x∗) = (5.4)
xn − x∗

Analisando o mapa, podemos determinar seu comportamento para alguns


diferentes valores de λ.
i) Para λ > 1 e x0 < 0 ou x0 > 1, as iterações divergem. O ponto
x = 0, nesse caso, é um repelor fixo, pois fλ′ (0) = λ > 1 e as iterações se
distanciam dele.
ii) Para λ = 3, f (x∗) = −1. A partir desse valor, dois repelores fixos
passam a existir.

x∗2 = fλ (fλ (x∗2 )) = λ2 x ∗2 (1 − x∗2 ) [1 − λx ∗2 (1 − x∗2 )]

As soluções serão:

1 q
x∗2 = x∗, x∗2 = (λ + 1 ± (λ2 − 2λ − 3) (5.5)

Em um gráfico dos repelores fixos x∗ por valor de λ, λ = 3 marca uma


bifurcação (garfo) - as iterações oscilam entre as duas possibilidades. À
medida que λ cresce, novas bifurcações acontecem e o sistema se torna
imprevisı́vel.
5.1. MAPA LOGÍSTICO 25

Figure 5.1: Bifurcações de x∗.

A cada novo ponto de bifurcação λn , o espaçamento λn+1 − λn se


reduz, a uma taxa que converge para o número de Feigenbaum:
λn − λn−1
lim = 4, 669201... ≡ δ (5.6)
n→∞ λn+1 − λn

δ, nesse caso, é uma constante universal para sistemas caóticos quadráticos


como o mapa logı́stico.

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