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i
ii Sumário
Índice Remissivo 45
Capítulo 1
Definição de distribuições
e exemplos
1. O espaço DpRn q
QA “ tx P Rn | ´A ď xi ď A, i “ 1, 2, . . . , nu,
1
2 1. Definição de distribuições e exemplos
convenção: D0 ϕ “ ϕ.
Exercícios:
1.1 - Traçar o gráfico da função acima para n “ 1 e x0 “ 0.
1.2 - Demonstrar que a função definida acima é infinitamente diferenciá-
vel.
1.3 - Dado um intervalo ra, bs Ă R determinar uma função de DpRq
nula fora de ra, bs e diferente de zero em todos os pontos de sa, br.
1.4 - Demonstrar que DpRn q é um espaço vetorial.
1.5 - Demonstrar que o produto de uma função infinitamente diferenciá-
vel (não necessariamente nula fora de um hipercubo) por uma função de D é
uma função de D.
1.6 - Demonstrar que dado um intervalo de ra, bs e ε ą 0, existe uma
função ϕ P D nula fora de ra ´ ε, b ` εs e igual a 1 em ra, bs.
1.7 - Estender o resultado precedente para um conjunto fechado limitado
qualquer do Rn .
2. Topologia de DpRn q
Exercícios:
2.1 - Dada uma função ϕ P D demonstrar que a seqüência 1j ϕ tende a
zero no sentido acima.
2.2 - Se ϕj ։ ϕ e ψj ։ ψ, demonstrar que ϕj ` ψj ։ ϕ ` ψ.
2.3 Deduzir daí que ϕj ։ 0 se e somente se ϕj ´ ϕ ։ 0.
2.2’ - Dada uma seqüência de números complexos λj tais que λj Ñ λ e
dado ϕj ։ ϕ demonstrar que λj ϕj ։ λϕ.
2.4 - Dada a seqüência ϕj P DpRq, j P N, onde
$
&0 se |x ´ j| ě 1
ϕj “ ´ ¯
% 1 exp ´ 1 2 se |x ´ j| ď 1
j 1´x
3. Definição de distribuição
Exercícios:
3.1 - Demonstrar que pϕj q Ñ T pϕq implica que T pϕj ´ ϕq Ñ 0.
3.2 - Deduzir daí que para demonstrar a continuidade de um funcional
linear sobre D é suficiente demonstrar que ϕj ։ 0 implica T pϕj q Ñ 0, fato
que usaremos a seguir.
3.3 - Dadas duas distribuições T1 e T2 definimos
Demonstrar que com essa definição a soma de duas distribuições é uma dis-
tribuição. Definir o produto de uma distribuição por um número complexo e
demonstrar que o conjunto das distribuições forma um espaço vetorial sobre
o corpo dos números complexos.
´A ď xi ď A pi “ 1, 2, . . . , nq
que é finita e portanto Tf pϕq está bem definida. É imediato que esse funcional
é linear. Vamos demonstrar a sua continuidade:
Tomemos uma seqüência ϕj ։ 0; então todas as funções ϕj são nulas
fora de um hipercubo QA e as ϕj tendem uniformemente para zero bem
como todas as suas derivadas, isto é, se Mj “ supxPRn |ϕj pxq| então Mj Ñ 0
e portanto
ż
|Tf pϕj q| ď Mj |fpxq|dx
QA
Exercícios:
4.1 - Dadas duas funções localmente integráveis, f e g, demonstrar que
Tf ` Tg “ Tf`g e que Tcf “ cTf onde c é um número complexo.
4.2 - Dada uma função contínua f, não identicamente nula em Rn , de-
monstrar que Tf ‰ 0, isto é, que existe um elemento ϕ P D tal que Tf pϕq ‰ 0.
6 1. Definição de distribuições e exemplos
ϕ P DpRn q Ñ Tf pDp ϕq P C
é uma distribuição.
d
4.4 - Com a notação do exercício precedente: quando n “ 1 e D “ dx
dar a categoria de funções definidas sobre a reta para as quais o funcional
acima está definido e dar condições de convergência para assegurar a conti-
nuidade deste funcional.
2. A distribuição δ de Dirac.
Dado um ponto a “ pa1 , a2 , . . . , an q P Rn definimos a distribuição δpaq
do seguinte modo: δpaq pϕq “ ϕpaq para todo ϕ P DpRn q. Quando o ponto a
é a origem do Rn escrevemos simplesmente δ em vez de δp0q ; essa distribuição
é conhecida sob o o nome de distribuição ou função de Dirac mas ela não é,
na realidade, uma função. A distribuição δpaq ainda pode ser definida para
qualquer função definida no ponto a e basta que se tenha ϕj paq Ñ ϕpaq
para assegurar que δpaq pϕj q Ñ δpaq pϕq.
Observação: A distribuição δpaq não pode ser representada por uma função
localmente integrável f, isto é, não existe uma função localmente integrável
f tal que para todo ϕ P DpRn q tenhamos
ż
ϕpaq “ xδpaq , ϕy “ fpxqϕpxqdx.
Rn
1
que é nula fora de uma vizinhança ε de a e vemos que ϕε paq “ e e que por
ş
outro lado fpxqϕε pxqdx tende para 0 com ε pois |ϕε pxq| ă 1.
5. Interpretação física dos exemplos anteriores 7
m “ xm ¨ δpaq , 1y.
6. Dipolo elétrico
1
A 1 E A 1 E A1 E
xTε , ϕy “ ´ δ ` δpεq , ϕ “ ´ δ, ϕ ` δpεq , ϕ
ε ε ε ε
1 1 ϕpεq ´ ϕp0q
“ ´ ϕp0q ` ϕpεq “
ε ε ε
fazendo ε tender a zero, esta última expressão tende para ϕ 1 p0q e podemos
portanto dizer que o sistema limite quando ε tende para zero, definido pelas
duas cargas acima, é dado pela distribuição matemática
xT , ϕy “ ϕ 1 p0q.
#» ,
´e ¨ δpaq ` e ¨ δpa`dsq
isto é,
#»
# » , ϕy “ ´e ¨ ϕpaq ` e ¨ ϕpa ` dsq
x´e ¨ δpaq ` e ¨ δpa`dsq
“ ‰
“ e ¨ ´ ϕpa1 , a2 , a3 q ` ϕpa1 ` dx1 , a2 ` dx2 , a3 ` dx3 q .
10 1. Definição de distribuições e exemplos
6.1. Potencial definido por um dipolo elétrico. Já vimos que dada uma dis-
tribuição T o potencial que ela define no ponto b é dado pela expressão
1
xT , }x´b} y. Para achar o potencial definido por um dipolo elétrico de mo-
mento elétrico m #» no ponto a precisamos portanto calcular a expressão m
#» ¨
1
gradpaq }x´b} :
1 1 #» ¨ pb ´ aq
m
#» ¨ grad
m #» ¨ grad
“ ´m “
paq pbq
}x ´ b} }b ´ a} }b ´ a}3
#»
(lembremos que grad 1r “ ´ rr3 ), fórmula bem conhecida da eletrostática.
Indicamos por θ o ângulo do vetor m#» com o vetor b´a esta última expressão
cos θ
ainda pode ser escrita como m }b´a} 2.
Derivação de distribuições
A Bf ż `8
Bϕ
E ż ż
, ϕ “ ´ ¨ ¨ ¨ dx2 ¨ ¨ ¨ dxn f dx1
Bx1 ´8 Bx1
Bϕ A Bϕ E
ż
“´ f dx “ ´ f, .
Rn Bx1 Bx1
13
14 2. Derivação de distribuições
Exercícios:
B |p|
1.1 - Se Dp “ p demonstrar que
Bx1 1 ¨¨¨Bxp
n
n
e portanto Y 1 “ δ.
Observemos que a derivada de Y como função é nula em os pontos onde
está definida (isto é, para x ‰ 0) e que portanto tY 1 u “ 0.
Exercícios:
2.1 - Demonstrar que xδ 1 , ϕy “ ´ϕ 1 p0q.
2.2 - Demonstrar que xδpmq , ϕy “ p´1qm ϕpmq p0q.
d2
2.3 - Demonstrar que dx2
|x| “ 2δ.
d2
2.4 - Demonstrar que dx2
|x ´ a| “ 2δpaq .
f 1 “ tf 1 u ` σ0 δ (2.3)
Demonstração.
xf 1 , ϕy “ ´xf, ϕ 1 y
ż `8
“´ fpxqϕ 1 pxqdx
´8
ż `8
“´ fpxqϕ 1 pxqdx
´8
ż `8 ż0
1
“´ fpxqϕ pxqdx ´ fpxqϕ 1 pxqdx
0 ´8
mas ż0 ˇ0 ż0
1
f 1 pxqϕpxqdx
ˇ
´ fpxqϕ pxqdx “ ´fϕˇˇ `
´8 ´8 ´8
ż0
“ ´fp0´ qϕp0q ` f 1 pxqϕpxqdx,
´8
do mesmo modo
ż `8 ż `8
1
´ fpxqϕ pxqdx “ fp0` qϕp0q ` f 1 pxqϕpxqdx
0 0
e portanto
ż `8 ż `8
1
´ fpxqϕ pxqdx “ rfp0` q ´ fp0´ qsϕp0q ` f 1 pxqϕpxqdx
´8 ´8
“ σ0 ϕp0q ` xtf u, ϕy “ σ0 xδ, ϕy ` xtf 1 u, ϕy.
1
f 2 “ tf 2 u ` σ1 δ ` σ0 δ 1
e de modo geral
tfpmq u 1 “ tfpm`1q u ` σm δ
Exercícios:
` ˘1 `
2.5 - Demonstrar que Ypxq ¨ cos x “ ´Ypxq ¨ sen x ` δ e que Ypxq ¨
˘1
sen x “ Ypxq ¨ cos x. (Nota: Aqui Y representa a função de Heaveside.)
2.6 - Aplicar as fórmulas acima para as funções Ypxq ¨ ex , Ypxq ¨ p1 ` x2 q,
Ypxq ¨ x e Ypxq ¨ xn .
2.7 - Estender os resultados acima aos casos em que: a) o ponto de
descontinuidade é a ‰ 0; b) a função tem um número finito de pontos de
descontinuidade; c) o conjunto dos pontos de descontinuidade da função f é
um conjunto enumerável sem ponto de acumulação (finito).
2.8 - Achar a derivada primeira e a derivada segunda das seguintes fun-
ções: e|x| , |x ´ a|2 , |x|
x
, | sen x|, | sen x
sen x| .
2.9 - Demonstrar a afirmação contida na observação do final deste pará-
grafo.
2.10 - Dar um exemplo mostrando que a restrição imposta à função f é
necessária quando supomos a função ϕ apenas infinitamente diferenciável.
Bf
(
Pelas hipóteses acima tanto a função f como a sua função derivada Bx 1
definem distribuições de Rn e vamos procurar a relação que existe entre
Bf
a derivada distribuição Bx 1
e a distribuição definida pela derivada função
Bf
(
Bx1 :
A Bf E A Bϕ E ż
Bϕ
, ϕ “ ´ f, “´ fpxq
Bx1 Bx1 Rn Bx1
ż `8
Bϕ
ż ż
“ ´ ¨ ¨ ¨ dx2 ¨ ¨ ¨ dxn fpxq dx1
´8 Bx1
usando a fórmula (2.3) vem então
„ ż `8
Bf
ż ż
¨ ¨ ¨ dx2 ¨ ¨ ¨ dxn σ0 ϕ ` ϕpxqdx1
´8 Bx1
x1
#»
n
A Bf E ż ż
Bf
, ϕ “ σ0 ϕ cos θ1 dS ` ϕpxqdx
Bx1 S Rn Bx 1
A! Bf ) E
“ xσ0 cos θ1 δS , ϕy ` ,ϕ
Bx1
portanto
Bf ! Bf )
“ ` σ0 cos θ1 δS . (2.5)
Bxi Bxi
Observação: 1 - Em lugar de calcular o salto como acima, podemos fixar
arbitrariamente em cada ponto de S o sentido da normal e calcular o salto
de f no sentido dessa normal. Isto equivale a mudar eventualmente tanto o
sinal do salto como o de cos θi e portanto não altera a nossa fórmula.
2 - A hipersuperfície S não é necessariamente bilateral: em todo ponto
ela tem dois lados porém o mesmo já não é verdade para a hipersuperfície
como um todo. É o que acontece, por exemplo, com a faixa de Moebius no
R3 .
3. Exemplos de derivação de distribuições 19
p1q p2q
Exercício:
3.1 - Interpretar a fórmula (2.5) quando a hipersuperfície S for paralela
ao eixo xi .
Bf
(
Indicamos como σi o salto de Bx i
e aplicando a relação (2.5) a
B Bf
(
Bxi Bxi vem
B2 f ! B2 f ) B “ ‰
2
“ 2
` pσi cos θi qδS ` pσ0 cos θi qδS (2.6)
Bxi Bxi Bxi
Lembrando que
n
ÿ B2 f
∆f “
i“1
Bx2i
vem que
n n
ÿ ÿ B
∆f “ t∆fu ` pσi cos θi qδS ` pσ0 cos θi qδS . (2.7)
i“1 i“1
Bxi
Vamos transformar esta última expressão: lembremos que dada uma fun-
ção diferenciável F temos
n
BF ÿ BF
“ cos θi
Bn i“1 Bxi
#» com o eixo i-ésimo.
onde θi é o ângulo da direção n
Bf BF
Aplicando essa relação a Bn (e Bxi de ambos os lados da superfície e
Bf #»
indicando com σn o salto de Bn ao atravessar S na direção da normal n
temos
n
ÿ
σn “ σi cos θi .
i“1
20 2. Derivação de distribuições
! Bf ) ! Bf )
σn “ `
Bn1 Bn2 #»
n 1
#»
n 2
onde n#» e n
#» indicam as duas normais em sentidos opostos que estão defi-
1 2
nidas em cada ponto da hipersuperfície S. Temos portanto
n „!
ÿ Bf ) ! Bf )
pσi cos θi qδS “ σn δS “ ` δS .
i“1
Bn1 Bn2
#» pois,
Como acima, também esta relação é independente do sentido de n,
mudando este, tanto σ0 , como Bϕ
Bn mudam de sinal. Ainda podemos escrever
B B ´ ( ¯ B ´ ( ¯
pσ0 δS q “ fp1q δS ` fp2q δS
Bn Bn1 Bn2
onde fp1q e fp2q indicam a função f calculada no lado para o qual aponta a
normal n#» , respectivamente n
#» .
1 2
Exercícios:
3.2 - Em R3 , dada a função
$
&0 se }x} ą a ą 0
fpxq “
%1 se }x} ă a
4. Fórmula de Green
1 Bf 1 1 B 1
ż ż ż
ρpxq
fpx0 q “ dx ` dS ´ f dS
V }x ´ x0 } 4π S Bne }x ´ x0 } 4π S Bne }x ´ x0 }
ż
ρpxq A 1 Bf 1 E A B f 1 E
“ dx ` δS , ` p δS q,
V }x ´ x0 } 4π Bne }x ´ x0 } Bne 4π }x ´ x0 }
(2.11)
1 Bf
é igual ao potencial criado pela distribuição superficial de cargas 4π ¨ Bn e
δS
B f
“ ‰
e pela distribuição superficial de dipolos Bne 4π δS sobre a superfície S.
1
5. Cálculo de ∆ rn´2
Lembremos que dada uma função diferenciável fpxq num aberto O dize-
mos que f é harmônica em O se temos ∆f “ 0 em cada ponto de O.
Lembremos ainda que dada uma função harmônica não constante f, num
aberto O, |f| não tem máximo nem mínimo em pontos de O.
1
PROPOSIÇÃO. Para n ě 3 a função rn´2 é harmônica nos pontos x ‰ 0 de
n
` řn 2 ˘1{2
R (lembremos que r “ }x} “ i“1 xi ).
Exercícios:
5.1 - Demonstrar que quando n “ 2
1
∆ log “0
r
para x ‰ 0.
5.2 - Demonstrar que quando n “ 1
∆|x| “ 0
para x ‰ 0.
1
Vamos agora calcular ∆ rn´2 no sentido de distribuições. Temos:
1
∆ “ ´pn ´ 2qSn δ
rn´2
24 2. Derivação de distribuições
Demonstração.
A 1 E A 1 E ż 1
∆ n´2 , ϕ “ n´2 , ∆ϕ “ n´2
∆ϕdx
r r Rn r
1
ż ż
“ lim ∆ϕdx “ lim ρε pxq∆ϕdx
εÑ0 rěε rn´2 εÑ0 Rn
onde
#» “ #»
r
n r
$
&0 para }x} ă ε
ρε pxq “
% 1 para }x} ě ε
rn´2
n´2 1 Bϕ
ż ż ż
ρε ∆ϕdx “ ´ n´1
ϕpxqdS ´ n´2
dS
Rn r“ε ε r“ε ε Br
6. A fórmula de Poisson, ∆V “ ´4πρ 25
a última das integrais tende para zero com ε pois BϕBr é contínua na origem e
a área da hipersuperfície r “ ε é da ordem de ε n´1 enquanto que temos εn´2
no denominador. Para a primeira das integrais do segundo membro temos
n´2 n´2 n´2
ż ż ż
` ˘
n´1
ϕpxqdS “ n´1 ϕp0qdS ` n´1 ϕpxq ´ ϕp0q dS
r“ε ε ε r“ε ε r“ε
ˇ ˇ ˇ Bϕ ˇ
como ˇϕpxq ´ ϕp0qˇ ď ε ¨ max}x}ďε ˇ Br ˇ então, como acima, a segunda das
integrais tende para zero com ε e como
n´2 n´2
ż
n´1
ϕp0qdS “ n´1 ϕp0qεn´1 Sn “ pn ´ 2qSn xδ, ϕy
ε r“ε ε
1
temos finalmente ∆ rn´2 “ ´pn ´ 2qSn δ.
Exercícios:
5.3 - Demonstrar que ∆|x| “ 2δ para n “ 1.
5.4 - Demonstrar que ∆ log 1r “ ´2πδ para n “ 2.
∆V “ ´4πρ.
26 2. Derivação de distribuições
7. A distribuição vp x1
1. Lembremos que dada uma função fpxq, definida no intervalo ra, bs,
não integrável neste intervalo mas tal que exista um ponto c com a ă c ă b
tal que para todo ε ą 0 f é integrável nos intervalos ra, c ´ εs e rc ` ε, bs é
possível que exista e seja finito o limite
” ż c´ε żb ı
lim fpxqdx ` fpxqdx
εÑ0 a c`ε
Demonstração. Temos
1“ ‰ 1“ ‰
fpc ` yq “ fpc ` yq ` fpc ´ yq ` fpc ` yq ´ fpc ´ yq
2 2
28 2. Derivação de distribuições
Exercícios:
7.1 - Estender os resultados precedentes ao caso em que no intervalo
ra, bs exista um número finito de pontos “excepcionais” da função fpxq.
7. A distribuição vp x1 29
ş`8 ϕpxq
2. O funcional ϕ P DpRq Ñ vp ´8 x dx define uma distribuição que
indicaremos por: vp x1 .
é evidente que este funcional é linear. Resta portanto demonstrar sua conti-
nuidade, isto é, que ϕj ։ 0 implica vp x1 , ϕj Ñ 0.
@ D
que também tende para zero quando j tende para infinito e portanto
ż `8 ża ”
ϕj pxq ϕj p0q ϕj pxq ´ ϕj p0q ı
vp “ vp ` dx
´8 x ´a x x
ża ża
dx ϕj pxq ´ ϕj p0q
“ ϕj p0q vp ` vp dx;
´a x ´a x
De fato:
˘1 D @
log |x| , ϕ “ log |x|, ϕ 1
@` D
ż `8
“ log |x|ϕ 1 pxqdx
´8
ż0 ż `8
“´ log |x|ϕ 1 pxqdx ´ log |x|ϕ 1 pxqdx.
´8 0
30 2. Derivação de distribuições
ż `8 ż `8
´ log |x|ϕ 1 pxqdx “ ´ lim log |x|ϕ 1 pxqdx
0 εÑ0 ε
” ˇ`8 ż `8 ϕpxq ı
“ lim ´ log x ¨ ϕpxqˇ ` dx
ˇ
εÑ0 ε ε x
ż `8
” ϕpxq ı
“ lim log ε ¨ ϕpεq ` dx
εÑ0 ε x
ż `8
” ` ˘ ϕpxq ı
“ lim ϕp0q log ε ` ϕpεq ´ ϕp0q log ε ` dx
εÑ0 ε x
como ϕpεq ´ ϕp0q é da ordem de ε e ε ¨ log ε tende para zero com ε o limite
se reduz a ż `8
” ϕpxq ı
lim ϕp0q ¨ log ε ` dx .
εÑ0 ε x
Analogamente
ż0 ż ´ε
1
” ϕpxq ı
log |x|ϕ pxqdx “ lim ´ log ε ¨ ϕp0q ` dx
´8 εÑ0 ´8 x
e portanto
ż ´ε ż `8
@` ˘ D ” ϕpxq ϕpxq ı
log |x| , ϕ “ lim dx ` dx
εÑ0 ´8 x ε x
ż `8 A 1 E
ϕpxq
“ vp dx “ vp , ϕ .
´8 x x
Na mecânica quântica são usadas as distribuições
δ 1 1 δ 1 1
`
δ` “ vp e δ´ ` “ ´ vp .
2 2πi x 2 2πi x
Portanto δ “ δ` ` δ´ .
8. Multiplicação de distribuições
Exercício:
8.1 - Demonstrar a última afirmação.
αδ “ αp0qδ (8.1)
De fato
De fato
m
ÿ
αδpmq “
`m˘ prq pm´rq
p´1qr r α p0qδ (8.3)
r“0
`m˘ r!
onde r “ r!pm´rq! .
32 2. Derivação de distribuições
Demonstração.
A ÿ m
`m˘ pmq pm´rq E
“ p´1qm δ, r α ϕ
r“0
m
ÿ `m˘ prq pm´rq
“ p´1qm r α p0qϕ p0q
r“0
m
ÿ
αprq p0qp´1qm´r ϕpm´rq p0q
`m ˘
“ p´1qr r
r“0
ÿm
αprq p0qxδpm´rq , ϕy
`m ˘
“ p´1qr r
r“0
Aÿm E
αprq p0qδpm´rq , ϕ .
`m ˘
“ p´1qr r
r“0
Exercícios:
8.2 - Demonstrar que xδpmq “ ´mδpm´1q .
8.3 - Demonstrar que para n ă m temos
m!
xn δpmq “ p´1qn δpm´mq .
pm ´ nq!
1 1“
χpxq “ χp0q ` xχ 1 p0q ` op2q “ χ 1 p0q ` op1q
‰
ψpxq “
x x
que tende para χ 1 p0q quando x tende para zero, donde segue a continuidade
de ψ na origem.
8. Multiplicação de distribuições 33
x2 pc0 δ ` c1 δ 1 q “ 0.
Exercícios:
34 2. Derivação de distribuições
T “ c0 δ ` c1 δ 1 ` ¨ ¨ ¨ ` cn´1 δn´1 .
T “ cδpaq .
T “ c1 δpa1 q ` ¨ ¨ ¨ ` cm δpam q
Exercícios:
8.11 - Demonstrar que
Bδ Bδ
xi “1 e xi “ 0 se j ‰ i.
Bxi Bxj
8.12 - Demonstrar que
B2 δ Bδ B2 δ
x “´ , x2 “ 0.
BxBy By BxBy
8. Multiplicação de distribuições 35
1. Definição
xTj , ϕy Ñ xT , ϕy.
ř
Dizemos que a série j Tj de distribuições converge e que sua soma é a dis-
´ j Tj , se para todo ϕ P DpRn q a série j xTj , ϕy
ř ř
tribuição T , escrevemos T “
converge e tem por soma xT , jy.
Exercícios:
1
1.1 - Dada uma distribuição T demonstrar que a seqüência Tj “ jT
converge para zero.
1.2 - Se Tj Ñ́ T e Sj Ñ́ S, demonstrar que Tj ` Sj Ñ́ T ` S, λTj Ñ́ λT , Tj ´
T Ñ́ 0.
1.3 - Se Tj Ñ́ T e α é uma função infinitamente diferenciável, demonstrar
que αTj Ñ́ αT .
1.4 - Demonstrar que δpjq Ñ́ 0, j P N.
1.5 - Demonstrar que δp1{jq Ñ́ δ, j P N.
1.6 - Demonstrar que jpδp1{jq ´ q Ñ́ δ 1 .
1.7 - Definir a convergência de uma família Tλ de distribuições depen-
dendo de um parâmetro λ.
37
38 3. Topologia no espaço das distribuições
2. Continuidade de derivação
Exercícios:
BT ř BT
´ j Bxji ; isto é, uma série
ř
2.1 - Demonstrar que se T “ ´ j Tj então Bx i
“
convergente de distribuições pode ser derivada termo a termo.
1
2.2 - Demonstrar que j sen jx Ñ́ 0 e que cos jx Ñ́ 0.
x
2.3 - Demonstrar que e Ñ́ 1.
j
para todo x P Rn .
ş ˇ ˇ
Convergência no sentido da integral: se Rn
ˇfj pxq ´ fpxqˇdx tende para
zero quando j tende para o infinito.
Usando uma ou outra destas convergências nós demonstramos uma sé-
rie de teorema importantes da Análise Matemática. Pode-se demonstrar
que para funções localmente integráveis fj (e praticamente todas as funções
que aparecem na Análise Matemática são desta categoria) qualquer uma das
convergências acima implica a convergência no sentido de distribuições (ver
enunciado exato mais adiante) o que faz com que a teoria das distribuições
englobe os teorema correspondentes da Análise Matemática.
fj Ñ́ f.
Exercício:
3.1 - Dada uma seqüência fj de funções localmente integráveis e uma
função localmente integrável f tais que em todo hipercubo QA temos
ż
ˇ ˇ
ˇfj pxq ´ fpxqˇdx Ñ 0
QA
demonstrar que fj Ñ́ f.
40 3. Topologia no espaço das distribuições
fj Ñ́ f
(supondo ainda que existe uma função localmente integrável g tal que
ˇ ˇ
ˇfj pxqˇ ď gpxq
Exercícios:
x¨sen x sen x
3.2 - Demonstrar que pj`x 2 q2 Ñ́ 0 (mostrar que j`x2
Ñ́ 0: considerar a
cos x
seqüência derivada desta e lembrar que j`x 2 Ñ́ 0).
demonstrar que fj Ñ́ 0.
3.4 Demonstrar que jδpjq Ñ́ 0.
3.5 - Demonstrar que jm cos jx Ñ́ 0.
3.6 - Demonstrar que xm cos jx Ñ́ 0.
3.7 - Demonstrar que jx ¨ cos jx Ñ́ 0.
3.8 - Dada uma função localmente integrável, contínua na origem, de-
monstrar que f xj Ñ́ fp0q.
` ˘
e portanto
ÿ
ak e2πikx “ a0 ` fpm`2q .
kPZ
para todo j P N;
2. Para todo a ą 0, fj pxq tende uniformemente para zero no anel x P
Rn | a ď }x} ď a´1 ;
(
então fj Ñ́ δ.
42 3. Topologia no espaço das distribuições
Temos
ż ż ż
` ˘
fj pxqϕpxqdx “ fj pxqϕp0qdx ` ϕpxq ´ ϕp0q fj pxqdx`
Rn }x}ďa }x}ďa
ż
` ϕpxqfj pxqdx
}x}ďa
ˇ ˇ ˇ Bϕ ˇ
para }x} ď a temos ˇϕpxq ´ ϕp0qˇ ď }x} max1ďiďn ˇ Bx i
ˇ ď aM onde M
indica este máximo e portanto
ˇż ` ˘ ˇ ż
ˇ ˇ
ϕpxq ´ ϕp0q fj pxqdxˇ ď aM ˇfj pxqˇdx ď aMK
ˇ ˇ
ˇ
}x}ďa }x}ďa
ε
se a ď k, com segue da condição 1. Tomando ainda a ď 3MK vemos que
ε
o módulo da segunda integral é ď 3 para todo j. Diminuindo ainda eventu-
almente a de modo que ϕ seja nula fora de uma bola de centro na origem e
raio a´1 temos
ż ż
ϕpxqfj pxqdx “ ϕpxqfj pxqdx
}x}ěa aă}x}ăa´1
e como fj pxq tende uniformemente para zero no anel a ď }x} ď a´1 (condi-
ção 2.) então dado ε3 ą 0 podemos achar j1 tal que para j ě j1 tenhamos
ˇż ˇ ε
ϕpxqfj pxqdxˇ ď .
ˇ ˇ
3
ˇ
}x}ěa
ε
isto é, dado 3 ą 0 existe j2 tal que para j ě j2 temos
ˇż ˇ ε
ϕp0qfj pxqdx ´ ϕp0qˇ ă .
ˇ ˇ
3
ˇ
}x}ďa
j ě j0 “ suptj1 , j2 u,
5. δ como limite de funções 43
ż
ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇxfj , ϕy ´ xδ, ϕyˇ “ ˇˇ fj pxqϕpxqdx ´ ϕp0qˇ
ˇ
Rn
ˇż ż
` ˘
“ˇ ϕp0qfj pxqdx ` fj pxq ϕpxq ´ ϕp0q dx`
ˇ
}x}ăa }x}ďa
ż ˇ
` fj pxqϕpxqdx ´ ϕp0qˇ
ˇ
}x}ěa
ˇż ˇ
ďˇ ϕp0qfj pxqdx ´ ϕp0qˇ`
ˇ ˇ
}x}ąa
ˇż ` ˘ ˇˇ ˇˇ
ż ˇ
`ˇ fj pxq ϕpxq ´ ϕp0q dxˇ ` ˇ fj pxqϕpxqdxˇ
ˇ ˇ
}x}ďa }x}ěa
ε ε ε
ď ` ` “ ε.
3 3 3
Observação: No teorema acima podemos substituir a condição 2 por
2’. Para todo a ą 0
ż
ˇ ˇ
ˇfj pxqˇdx Ñ 0
aď}x}ďa´1
quando j Ñ 8.
ş ˇ ˇ
COROLÁRIO. Dada uma função integrável f (portanto Rn
ˇfpxqˇdx é finita)
com ż
fpxqdx “ 1,
Rn
seja fj pxq “ jn fpjxq então fj Ñ δ.
Demonstração. Temos
ż ż ż
fj pxqdx “ ¨ ¨ ¨ fj px1 , . . . , xn qdx1 ¨ ¨ ¨ dxn
Rn
ż ż
“ ¨ ¨ ¨ fpjx1 , . . . , jxn qdpjx1 q ¨ ¨ ¨ dpjxn q
ż ż ż
“ ¨ ¨ ¨ fpy1 , . . . , yn qdy1 ¨ ¨ ¨ dyn “ fpyqdy,
Rn
onde fizemos yi “ jxi .
Vamos demonstrar que essas funções fj satisfazem às condições 1, 2’ e 3
do teorema anterior, daí seguindo portanto o nosso resultado.
A condição 1 está automaticamente verificada pois
ż ż ż
ˇ ˇ ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇfj pxqˇdx ď ˇfj pxqˇdx “ ˇfpxqˇdx.
}x}ďk Rn Rn
Por outro lado, f sendo integrável, então dado ε ą 0 existe b ą 0 tal que
ˇż ˇ ˇ
ż
ˇ ˇ ˇ
fpxq dx ´ ˇfpxqˇdxˇˇ ă ε
ˇ ˇ ˇ
ˇ
Rn }x}ďb
44 3. Topologia no espaço das distribuições
isto é ˇż ˇ ˇ ˇ
ˇ
ˇ ˇfpxqˇdxˇˇ ă ε
}x}ěb
portanto
ż ż ż
jn ˇfpjxqˇdx
ˇ ˇ ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇfj pxqˇdx ď ˇfj pxqˇdx “
aď}x}ďa´1 }x}ěa }x}ěa
ż
ˇ ˇ
“ ˇfpyqˇdy ď ε
}y}ějn a
Lembrando que
1 1
ż ż ż
2 ´π}x}2
`? ˘n e´}x} {2 dx “ 1, e dx “ 1, dx “ 1,
Rn 2π Rn }x}ď1 Bn
onde Bn é o volume da bola de raio unitário do Rn , segue do corolário
precedente que
jn j2 }x}2 2 }x}2
`? ˘n e´ 2 Ñ́ δ, jn e´πj Ñ́ δ, bj pxq Ñ́ δ,
2π
onde $
&jn 1 se }x} ď 1
Bn j
bj pxq “
%0 se }x} ą 1
j
Exercícios:
5.1 - Dada uma função de uma variável fpxq contínua e com derivada
contínua, integrável com ż `8
fpxqdx “ 1
´8
demonstrar que j2 f 1 pjxq Ñ́ δ.
5.2 - Interpretar geometricamente a passagem da função f à função fj do
corolário do teorema precedente.
2 x2
5.3 - Demonstrar que 2πj3 xe´πj Ñ́ ´ δ 1 quando j tende para infinito.
Índice Remissivo
F
Fórmula
de Green, 21
de Poisson, 25
Função
de Heaveside, 15
harmônica, 23
L
Lei
de Gauss, 25
M
Mecânica quântica, 30
O
Operador diferencial
Laplaciano, 14
transposto, 14
S
Salto
da derivada m-ésima, 15
V
Valor principal, 27
45