Você está na página 1de 9

Função implı́cita

Dizemos que y é uma função implı́cita de x se, ao invés de dar uma


fórmula para y explicitamente, dependendo de x, damos uma relação entre
ambos. Algumas vezes, podemos isolar y e conseguir uma forma explı́cita,
mas nem sempre isso é possı́vel.

Exemplos

1. Suponha que y seja definida implicitamente como função de x por

y − x2 = 0.

Nesse caso, podemos explicitar

y = x2 .

2. Seja y definida implicitamente como função de x por

y 2 − x = 0.

Nesse caso, podemos explicitar, mas aparecem duas funções



y=± x

e qual delas vai ser usada depende do ponto que queremos usar. Se no
ponto, y for positivo, usamos

y = x.

Se no ponto, y for negativo, usamos



y = − x.

3. Seja y definida implicitamente como função de x por

x2 + y 2 = 1.

Ainda podemos explicitar duas funções



y = ± 1 − x2 .
4. Suponha que y seja definida implicitamente como função de x por

y − xseny = x2 .

Nesse caso, não podemos explicitar y, mas podemos definir implici-


tamente uma função y = f (x), calcular sua derivada, construir seu
gráfico, achar raı́zes.
Para derivar uma função dada implicitamente, derivamos a relação
dada em relação a x, lembrando que y é função de x e usando a regra
da cadeia, quando necessário. Por exemplo, a derivada de seny será
(cosy)y 0 .

Encontre a derivada y 0 , se y é dada implicitamente pelas relações.

1.
y − x2 = 0.

Derivamos em relação a x, lembrando que y é função de x, e temos

y 0 − 2x = 0 =⇒ y 0 = 2x.

Teria sido mais simples explicitar y e derivar.

2.
y 2 − x = 0.

Derivamos em relação a x, lembrando que y é função de x, e temos

1
2yy 0 − 1 = 0 =⇒ y 0 = .
2y
Note que a derivada√ depende de y e independe de seu sinal. Vimos que
se y é positivo, y = x e portanto,
1 1
y0 = = √ ,
2y 2 x

como sabemos diretamente. Mas, se y é negativo, y = − x e portanto,
1 1
y0 = =− √ ,
2y 2 x
como também podemos ver diretamente. Observe que a fórmula y 0 = 1
2y
vale em qualquer ponto.

3.
x2 + y 2 = 1.

Derivamos em relação a x, lembrando que y é função de x, e obtemos

x
2x + 2yy 0 = 0 =⇒ y 0 = − .
y
Podemos explicitar √
y = ± 1 − x2 ,
o que implica
1 −x
y0 = ± √ (−2x) = ± √ ,
2 1−x 2 1 − x2

mas usamos a regra da cadeia e tivemos duas fórmulas diferentes, de-


pendendo do ponto.
Se queremos achar a derivada segunda, derivamos a derivada primeira,
sempre lembrando que y é função de x:

x 1.y − xy 0
y 00 = (y 0 )0 = (− )0 = − =
y y2

1.y − x(− xy ) y 2 + x2
− =− .
y2 y3
Observando que temos a relação x2 + y 2 = 1, fica

1
y 00 = − .
y3

4.
y − xseny = x2 .

Derivamos em relação a x, lembrando que y é função de x, e obtemos

y 0 − 1.seny − xcosyy 0 = 2x,


o que implica
2x + seny
y0 = .
1 − xcosy
Nesse caso, temos que usar derivação inplı́cita.

5.
y 3 + x3 = xy.

Derivando em relação a x, lembrando que y é função de x, temos

3y 2 y 0 + 3x2 = 1.y + xy 0 ,
ou seja,
(3y 2 − x)y 0 = y − 3x2 .

Logo,

y − 3x2
y0 = .
3y 2 − x

6. Em quais pontos, a reta tangente à curva x2 + y 2 = 1 possui reta


tangente horizontal?
Vimos que y 0 = − xy . Para a reta tangente ser horizontal, devemos ter
y 0 = 0, o que significa x = 0 e y 6= 0. Como, se x = 0, vale y 2 = 1,
temos duas possilidades (0, 1) e (0, −1).
Em quais pontos, a reta tangente à curva x2 + y 2 = 1 possui reta
tangente vertical?
Para a reta tangente ser vertical, devemos ter y 0 indo para infinito, o
que significa y = 0 e x 6= 0. Como, se y = 0, temos x2 = 1, temos duas
possilidades (1, 0) e (−1, 0).

Em quais pontos, a reta tangente à curva x2 + y 2 = 1 possui reta


tangente paralela à reta y = x − 3?
Para isso, devemos ter y 0 = 1, o que significa y = −x. Como temos
x2 + y 2 = 1, vale
1
x2 + x2 = 1 =⇒ x2 = ,
2
ou seja,
1
x = ±√ .
2
Logo, obtemos dois pontos ( √12 , − √12 ) e (− √12 , √12 ), em que as inclinações
das retas tangentes valem 1. As equações das retas tangentes são res-
pectivamente

2 2
y =x− √ e y =x+ √
2 2
ou √ √
y =x− 2 e y =x+ 2.

Qual a equação da reta tangente por um ponto genérico?


Em um ponto genérico (p, q), temos que a inclinação vale
p
y0 = − .
q

Logo, a equação da reta tangente é

y−q p
=− ,
x−p q
ou seja,

qy − q 2 = −px + p2 =⇒ qy = −px + p2 + q 2 .

Como (p, q) pertence à curva, temos que p2 + q 2 = 1 e a equação


simplifica para
qy = −px + 1.

Em quais pontos, a reta tangente à curva x2 + y 2 = 1 passa pelo ponto


(2, 0)?
Em um ponto genérico (p, q) na curva, y 0 = − pq .
Queremos que a reta tangente por esse ponto passe em (2, 0).
Para isso, igualamos a inclinação da reta tangente y 0 = − pq à inclinação
q−0
da reta que passa por (p, q) e (2, 0), qual seja, p−2 .
Logo,

p q
− = =⇒ −p2 + 2p = q 2 .
q p−2

Como (p, q) pertence à curva, temos p2 + q 2 = 1 e, logo,

1
2p = 1 =⇒ p = .
2
Levando na equação da curva, obtemos
r √
1 3
q=± 1− =± .
4 2
√ √
Logo, obtemos dois pontos ( 12 , 23 ) e ( 21 , − 23 ), em que as retas tangentes
passam por (2, 0). As equações das retas tangentes são respectivamente

x 2 x 2
y = −√ + √ e y = √ − √ .
3 3 3 3

7. Em quais pontos, a reta tangente à curva ax2 + y 2 = 1 passa pelo ponto


(2, 0)?
Derivando a expressão, lembrando que y é função de x e a é uma
constante, temos

ax
2ax + 2yy 0 = 0 =⇒ y 0 = − .
y
Tomamos um ponto genérico (p, q) na curva e queremos que a reta tan-
gente por esse ponto passe em (2, 0). Para isso, igualamos a inclinação
da reta tangente y 0 = − ap q
à inclinação da reta que passa por (p, q) e
q−0
(2, 0), qual seja, p−2 . Logo,

ap q
− = =⇒ −ap2 + 2ap = q 2 .
q p−2

Como (p, q) está na curva, temos ap2 + q 2 = 1 e temos

1
2ap = 1 =⇒ p = .
2a
Observe que, se a = 0, ficamos com 0=1 e não temos soluções. Para
1
achar q levamos p = 2a em ap2 + q 2 = 1,

1 2 1
a( ) + q 2 = 1 =⇒ + q 2 = 1,
2a 4a
o que implica

1
q2 = 1 − .
4a
Logo, para termos solução, devemos ter o segundo membro maior ou
igual a zero, ou seja,

1 4a − 1
1− ≥ 0 =⇒ ≥ 0.
4a 4a
Resolvendo essa desigualdade, achamos
1
a < 0 ou a ≥ .
4

Observe que, para a = 14 , temos p = 2 e q = 0 e apenas uma reta


tangente passa por (2, 0), exatamente por esse ponto, e temos que ela
é vertical, pois y 0 vai para infinito.
Para valores de a, nos intervalos (−∞, 0) e ( 14 , +∞), temos duas soluções
r r
1 1 1 1
( , 1 − ) e ( , − 1 − ).
2a 4a 2a 4a

Derivadas de f (x)g(x) .

1. Achar a derivada de f (x) = xr com r qualquer número real.


Temos que
x = eln x ,

e, portanto,

f (x) = (eln x )r = er ln x .

Derivando, usando a regra da cadeia,


1
f 0 (x) = er ln x (r ln x)0 = xr r = rxr−1 .
x
Outra maneira de fazer é tomar o logaritmo dos dois lados:

ln(f (x)) = ln(xr ) = r ln x.

Derivando, obtemos

1 0 1
f (x) = r ,
f (x) x
o que implica,

1 1
f 0 (x) = f (x)r = xr r = rxr−1 .
x x

2. Achar a derivada de y = ax com a qualquer número real positivo.


Temos
y = (eln a )x = ex ln a .

Derivando, usando a regra da cadeia,

f 0 (x) = ex ln a (x ln a)0 = ax (1 ln a) = ax ln a.

Pela outra forma,

ln y = ln(ax ) = x ln a.

Derivando, lembrando que y é função de x,

1 0
y = ln a =⇒ y 0 = y ln a = ax ln a.
y

3. Achar a derivada de f (x) = xx .


Temos que

f (x) = (eln x )x = ex ln x .
Derivando, usando a regra da cadeia,

1
f 0 (x) = ex ln x (x ln x)0 = xx (1 ln x + x ) =
x
x
x (1 + ln x).

Como exercı́cio, faça pela outra maneira.

x
4. Achar a derivada de f (x) = ( cos(2x) )sec x .
Temos

x x
f (x) = (eln( cos(2x) ) )sec x = eln( cos(2x) ) sec x .

Derivando,

x x
f 0 (x) = eln( cos(2x) ) sec x [ln( ) sec x]0 =
cos(2x)
x x x
eln( cos(2x) ) sec x [[ln( )]0 sec x + ln( )(sec x)0 ] =
cos(2x) cos(2x)

x 1 x x
( )sec x [ x ( )0 sec x + ln( )(sec x)0 ] =
cos(2x) cos(2x)
cos(2x) cos(2x)

x cos(2x) x0 cos(2x) − x(cos(2x))0 x


( )sec x [ ( 2
) sec x+ln( )(sec x)0 ] =
cos(2x) x cos (2x) cos(2x)

x cos(2x) − x(−sen(2x)2) x
( )sec x [ sec x + ln( ) sec xtgx] =
cos(2x) x cos(2x) cos(2x)

x cos(2x) + 2xsen(2x) x
( )sec x [ sec x + ln( ) sec xtgx].
cos(2x) x cos(2x) cos(2x)

Note que não é mais difı́cil, mas precisa ter muita atenção.

Você também pode gostar