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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

1 Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

2009-2 – AD1 de Equações Diferenciais – Gabarito

Questão 1: [2,0pontos]

Considere a equação
1
y′ + y2 + y + =0 (1)
4
a)[1,0 ponto] Resolva a equação (1) utilizando a técnica de obtenção de soluções
de equações de Riccati.

Sugestão: Determine uma solução particular da forma yp (x) = m (m = constante).

b)[1,0 ponto] Observando que a equação (1) pode ser escrita na forma
 2
′ 1
y + y+ = 0, (2)
2

faça uma mudança de variáveis conveniente e resolva (2) como equação separável.

Solução:
a) A equação (1) possui uma solução particular da forma y = m se e só se

1 1
y′ + y2 + y + m′ + m2 + m +

= 0 y=m ⇐⇒ =0
4 4
1
⇐⇒ m2 + m + =0
4
 2
1
⇐⇒ m+ =0
2
1
⇐⇒ m=−
2
Utilizando a técnica de obtenção de soluções de equações de Riccati, fazemos a
mudança de variáveis
1 1
y=− + ;
2 z
Então
z′
y′ = −
z2
e
1 1 1
y2 = + −
4 z2 z
o que nos dá (substituindo na equação)

z′ 1 1 1 1 1 1
− + + 2 − − + + = 0.
z2 4 z z 2 z 4

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Simplificando:
z′ 1
− 2
+ 2 = 0.
z z
I.é,
z ′ = 1,
cuja solução geral é
z = x + c.
E então (lembrando que y = − 21 + z1 ),

1 1
y=− + ,
2 x+c

que é a solução geral procurada.

b) Fica a seu cargo verificar que a equação (1) pode ser escrita como
2
y ′ + y + 12 = 0.

Fazendo a mudança de variáveis u = y + 21 , temos u′ = y ′ , de modo que a


equação (2) se torna
u′ + u2 = 0,
que é a equação separável
u′
− = 1,
u2
que tem para solução geral
1
= x + c.
u
Daí
1
u= ,
x+c
de modo que (retornando à variável y)

1 1
y+ =
2 x + c.

Ou seja
1 1
y=− + ,
2 x+c
coincidindo com a solução do item (a).

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Questão 2: [2,0 pontos]


Resolva os seguintes problemas de valor inicial:

a) y ′ − y = 2ex , y(0) = 1

b) xy ′ + 2y = sen x (x > 0), y(π/2) = 1

Solução:
a) A equação diferencial y ′ − y = 2 ex é uma equação linear não-homogênea,
cuja solução geral é dada pela fórmula
R
Z R

dx − dx x
y(x) = e e 2e dx + c .

Ou seja
Z 
y(x) = ex e−x 2ee dx + c = ex (2x + c)

Impondo agora a condição inicial (y(0) = 1), temos :

1 = e0 (2.0 + c) = c.

A solução do PVI é
y(x) = ex (2x + 1).

b) Aqui também a equação diferencial do problema, xy ′ + 2y = sen x, é uma


equação diferencial linear de primeira ordem, não-homogênea e normal no in-
tervalo (0, +∞).

2 sen x
A forma normal desta equação é y ′ + y= , e sua solução geral é
x x
Z R 
dx) sen x
R 2 2
(− x dx) ( x
y(x) = e e dx = c
x
Z 
 2 ln x  sen x
= e−2 ln x e dx + c
x
Z 
1 2 sen x
= x dx + c
x2 x
Z 
1
= x sen(x) dx + c
x2
1
= (−x cos(x) + sen(x) + c)
x2
c sen x cos x
= + −
x2 x2 x

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Impondo agora a condição inicial (y(π/2) = 1), temos :


c sen x cos x
1= 2 + − .
x x2 x x=π/2

π2
Obtemos c = − 1.
4
A solução do PVI é

π 2 − 4 sen x cos x
y(x) = + − .
4x2 x2 x

Questão 3 [2,0 pontos]

Calcule a solução geral da equação

y′ = y + y2

Solução:
Escrevendo a equação y ′ = y + y 2 na forma y ′ − y = y 2 vemos que se trata de
uma equação de Bernoulli.

Verificamos facilmente que a função y ≡ 0 (função nula) é uma solução. Esta


solução é chamada de solução “trivial”.

Devemos então procurar (caso exista) uma solução que não seja a trivial.
Continuamos representando essa solução pela letra y. Existe pelo menos um
ponto x0 tal que y(x0 ) 6= 0. Na verdade y é diferente de zero em todos os
pontos de um intervalo J, que contém x0 . Nesse intervalo, podemos dividir a
equação por y 2 , obtendo:
y −2 y ′ − y −1 = 1
Fazendo a mudança de variáveis z = y −1 , temos z ′ = −y −2 y ′ . Multiplicando a
última equação acima por −1, obtemos −y −2 y ′ + y −1 = −1, ou ainda

z ′ + z = −1,

que é uma equação diferencial linear não-homogênea na variável z. Daí,


R
Z R 
− dx dx
z(x) = e e (−1) dx + c

= e−x (−ex + c)
= c e−x − 1.

z = y −1 =⇒ y = z −1

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Portanto
1
y(x) =
c e−x − 1
é a solução procurada.

A equação y ′ = y + y 2 também pode ser vista como uma equação separável:

y′
= 1.
y + y2

Utilizando a identidade
1 1 1 1
2
= = − ,
y+y y(1 + y) y y+1

calcula-se
ln(y) − ln(y + 1) = x + c̃
de onde
y
= ex+c̃ = c ex (c = ex̃ ).
y+1
Explicitando y obtemos a solução

c ex
y=
1 − c ex
x
ce ex
Obs : Mostre que as duas soluções obtida são iguais ( 1−cex = k−ex
, para k = 1/c etc.)

Questão 4 [2,0 pontos]

Calcule a equação de uma curva C, contida no primeiro quadrante, que satisfaz às seguintes
condições:
y = f (x)
1. C é o gráfico de uma funcão y = f (x)
2. O ponto (1, 2) ∈ C
3. O ângulo que a reta tangente a C em cada ponto P = (x, y) forma com o eixo das
abcissas é complementar ao ângulo que a reta que une (x, y) à origem forma com o eixo
OX
Solução:
Acompanhando pela figura, e usando resultados de Geometria Euclidiana, o item 3 nos per-
mite afirmar que a soma das medidas dos ângulos a e b é sempre π/2 rd. Portanto, em cada
ponto, a reta tangente à curva procurada é perpendicular à reta que une aquele ponto à origem
das coordenadas.

A inclinação da reta que une P a (0, 0), é obviamentee igual a tg a = y/x.

Usando os itens 1 e 2, podemos garantir que a inclinação da reta tangente num ponto qualquer
P = (x, y) da curva C é dada pela derivada dy/dx.

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Então a inclinação da reta perpendicular que une P à origem é

dy 1
=− (3)
dx y/x

A equação (3) diz exatamente que os pontos da curva procurada satisfazem a equação dife-
rencial x
Atenção!: Não deixe de observar
y′ = − (4)
as restrições que precisamos fazer y
nas variáveis y e x. Primeiro foi
necessário restringir y a valores A equação (4) é uma equacão separável, cujas soluções são definidas implicitamente por
positivos (senão a curva obtida
não seria o gráfico de uma função x2 + y 2 = c.
passando por (1,2)). Depois, foi
preciso considerar apenas x > 0 Como a curva procurada passa pelo ponto (1, 2), calculamos o valor c = 5.
(caso contrário o gráfico não esta-
ria somente no primeiro quadrante Portanto o gráfico C, passando pelo ponto (1, 2), satisfazendo a propriedade 3 é o gráfico da
função
p √
y = 5 − x2 , x ∈ (0, + 5)
Pergunta : O quê você acha? A solução é única?

Questão 5 [2,0 pontos]

Obtenha todas as soluções da equação


4xy 2 + (x2 + 1)y ′ = 0
Solução:
4xy 2 + (x2 + 1)y ′ = 0 ⇐⇒ −(x2 + 1)y ′ = 4xy 2
y′ 4x
⇐⇒ − = 2
y2 x +1
1
⇐⇒ = 2 ln(x2 + 1) + c̃
y
(e como todo número c̃ pode ser visto como
o logaritmo de algum outro número c)
1
⇐⇒ = ln(x2 + 1)2 + ln c
y
1
⇐⇒ = ln[c(x2 + 1)2 ]
y
1
⇐⇒ y= .
ln [c(x2 + 1)2 ]

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