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MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2023.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c) 0,50 ]

Dado um número inteiro positivo n, considere a soma Sn = 1 + 2 + · · · + (n − 1).

(a) Encontre a soma Sn em função de n.


(b) Mostre que se n é ı́mpar, então Sn ≡ 0 (mod n).
(c) Prove que se n é par, então Sn 6≡ 0 (mod n).

Solução

(a) Escrevendo Sn = (n − 1) + · · · + 2 + 1, obtemos 2Sn = n + n + · · · + n = (n − 1)n.


| {z }
n−1 vezes
(n − 1)n
Portanto Sn = .
2

(b) Se n é ı́mpar, então n = 2k + 1, com k inteiro.

n−1
Logo = k ∈ Z. Portanto Sn = kn ≡ 0 (mod n).
2

(c) Se n é par, então n = 2k, com k inteiro.

n
Logo = k ∈ Z, com 0 < k < n e assim Sn = k(n − 1) ≡ −k ≡ n − k mod n, com 0 < n − k < n.
2
Portanto, Sn 6≡ 0 (mod n).

Solução alternativa item (c)    


n 1 n 1 n
Supõe que n é par. Neste caso, escrevendo Sn = n · − , concluı́mos que − não é inteiro, pois é um inteiro.
2 2 2 2 2
Portanto Sn não é múltiplo de n, portanto Sn 6≡ 0 (mod n).
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c) 0,25 ]

Considere o quadrilátero convexo abaixo, representado com suas diagonais. As letras correspondem às medidas dos
segmentos e 0 < θ 6 90◦ representa um dos ângulos entre as diagonais.

b
a x
y
w
θ
z
d c

(a) Se θ = 90◦ , prove que a2 + c2 = b2 + d2 .

(b) Se a2 + c2 = b2 + d2 , prove que (xw + yz) cos(θ) = −(xy + zw) cos(θ).


(c) Se a2 + c2 = b2 + d2 , prove que θ = 90◦ .

Solução

(a) Para θ = 90◦ , usando o teorema de Pitágoras nos quatro triângulos retângulos :


 a2 = x2 + w2

 x2 + y 2 = b2


 c2 = y2 + z2
 2
w + z2 = d2

Somando as igualdades, encontramos a2 + c2 = b2 + d2 .

(b) Utilizando a lei dos cossenos :



a2 + c2 = x2 + w2 + z 2 + y 2 − 2(xw + yz) cos(θ)
b2 + d 2 = x2 + y 2 + w2 + z 2 − 2(xy + zw) cos(180◦ − θ)
Usando o fato de que a2 + c2 = b2 + d2 e que cos(180◦ − θ) = − cos(θ), teremos

−2(xw + yz) cos(θ) = +2(xy + zw) cos(θ).


(c) Da conclusão do item anterior, encontramos (xw + yz + xy + zw) cos(θ) = 0.

Nessa igualdade, quem deve ser nulo é o cos θ, ou seja, θ = 90◦ .


Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Sejam x1 , x2 , . . . , xn números reais positivos. Definimos as médias aritmética (An ) e harmônica (Hn ) destes números
como
 1 1 −1
+ ··· +
x1 + · · · + xn x xn 
An = e Hn =  1 
n n

(a) Prove que A2 > H2 , explicitando o caso em que ocorre a igualdade.

(b) Utilize, sem provar, a desigualdade A3 > H3 para demonstrar que se a, b e c são números reais positivos tais
que a + b + c = 1, então ab + bc + ac > 9abc.

Solução

(a) Considerando x1 = a e x2 = b temos que


 
1 1 −1
a+b +
 b
A2 = e H2 =  a  .
2 2

Como a, b > 0 valem as seguintes equivalências

a+b 2 a+b 2ab


A2 > H2 ⇔ > a+b
⇔ >
2 ab
2 a+b

a+b 2ab
> ⇔ a2 + b2 + 2ab > 4ab ⇔ a2 + b2 − 2ab ⇔ (a − b)2 > 0.
2 a+b
A última desigualdade vale para quaisquer a, b, assim segue que A2 > H2 e a igualdade ocorre se, e somente se, a = b.

(b) Considerando x1 = a, x2 = b e x3 = c temos que


 
1 1 1 −1
a+b+c + +
 c
A3 = e H3 =  a b  .
3 3

Como a, b, c > 0 valem as seguintes equivalências

a+b+c 3abc
A3 > H3 ⇔ > ⇔ (a + b + c)(bc + ac + ab) > 9abc.
3 bc + ac + ab

Portanto, se a + b + c = 1 então ab + bc + ac > 9abc.


Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Seja p(x) = an xn + · · · + a1 x + a0 um polinômio de grau n com coeficientes reais e que tenha n raı́zes reais.
a0
Mostre que o produto destas raı́zes (contadas com suas multiplicidades) é igual a (−1)n .
an
(b) Sejam a, b e c números reais, dois a dois distintos e todos diferentes de zero. Suponha que todas as raı́zes dos 6
polinômios obtidos pelas permutações dos coeficientes do polinômio ax2 + bx + c são reais. Calcule o produto
de todas as raı́zes desses 6 polinômios, contadas com suas multiplicidades.

Solução

(a) Sejam r1 , r2 , . . . , rn as raı́zes reais de p(x), contadas com suas multiplicidades. Portanto,

p(x) = an (x − r1 )(x − r2 ) · . . . · (x − rn )

Multiplicando a expressão acima, obtemos que o termo independente de x é igual a (−1)n an r1 r2 · · · rn .

a0
Logo (−1)n an r1 r2 · · · rn = a0 , concluı́mos que r1 r2 · · · rn = (−1)n .
an

(b) Para o polinômio ax2 + bx + c, listamos nas tabelas abaixo as 6 permutações dos coeficientes e os respectivos produtos
de raı́zes (calculados usando o resultado do item (a) para n = 2):

Polinômio Produto das raı́zes Polinômio Produto das raı́zes

c a
ax2 + bx + c bx2 + cx + a
a b
b b
ax2 + cx + b cx2 + ax + b
a c
c a
bx2 + ax + c cx2 + bx + a
b c

O produto das raı́zes de todos os polinômios encontrados é:

c b c a b a
· · · · · =1
a a b b c c
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c) 0,50 ]

Escreveremos números, no sistema decimal, utilizando apenas os algarismos 3, 4 e 6.

(a) Quantos números com até n algarismos podemos obter?


(b) Seja an a quantidade de números com exatamente n algarismos, nos quais o algarismo 6 aparece uma quantidade
ı́mpar de vezes.
Deduza que a1 = 1 e que an satisfaz a recorrência an+1 = an + 3n , para n > 1.
(c) Resolva a equação de recorrência do item (b).

Solução

Escreveremos números, no sistema decimal, utilizando apenas os algarismos 3, 4 e 6.

(a) Indicando por bn a quantidade desses números com n algarismos temos que b1 = 3, b2 = 32 , b3 = 33 , · · · , bn = 3n .

Assim a quantidade de números com até n algarismos é dada por Sn = 3 + 32 + · · · + 3n .

Logo 3Sn = 32 + · · · + 3n + 3n+1 e obtemos 2Sn = 3Sn − Sn = 3n+1 − 3.

3n+1 − 3
Portanto, Sn = .
2

(b) Seja an a quantidade de números com n algarismos onde o algarismo 6 aparece uma quantidade ı́mpar de vezes.
Observe que a1 = 1 pois, neste caso, temos somente o número 6.
Considerando os números com n + 1 algarismos, com n > 1, onde o algarismo 6 aparece uma quantidade ı́mpar de vezes,
temos 3 possibilidades para o algarismo das unidades: 3, 4 ou 6.
• Os que terminam em 3 correspondem aos números com n algarismos onde o algarismo 6 aparece uma quantidade
ı́mpar de vezes, portanto temos um total igual a an desse tipo.
• Do mesmo modo, temos um total igual a an dos números que terminam em 4.
• Os que terminam em 6 correspondem aos números com n algarismos onde o 6 aparece uma quantidade par de vezes,
portanto, temos um total de 3n − an .
Concluı́mos que an+1 = an + an + 3n − an = an + 3n .

(c) Temos que a2 = a1 + 3, a3 = a2 + 32 , · · · , an+1 = an + 3n . Somando, termo a termo, obtemos

3n+1 − 3 3n+1 − 1
an+1 = a1 + 3 + 32 + · · · + 3n = 1 + = , onde n > 1.
2 2
3n − 1
Portanto, an = , onde n > 1.
2
Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Sejam dados, no espaço, uma esfera E(O; r) de centro no ponto O e raio r, e um ponto P , com P O = d > r.

E
T

O P

←→ √
(a) Para T ∈ E, mostre que a reta P T é tangente a E se, e somente se, P T = d2 − r2 .
←→
(b) Mostre que o lugar geométrico dos pontos T ∈ E tais que P T é tangente a E está contido em um cı́rculo,
determinando seu centro, raio e o plano em que está contido.

Solução

(a) Como OT é raio da esfera, temos que


T

←→
r P T é tangente a E ⇐⇒ P T e OT são perpendiculares ⇐⇒
2
OP T é√triângulo retângulo em T ⇐⇒ P T + r2 = d2 ⇐⇒
P T = d2 − r 2

O P
d
(b) Seja H o pé da altura relativa ao lado OP no triângulo OP T .
T OH é projeção do cateto OT sobre a hipotenusa OP . Portanto,
podemos calcular sua medida:

r 2 r2
OT = OP · OH ⇐⇒ OH = .
d
Ou seja, a posição do ponto H não depende do ponto T . Também,
O P a medida de HT pode ser calculada:
H √
r d2 − r2
OP · HT = OT · P T ⇐⇒ HT =
d d
←→
Como T H é perpendicular a OP , podemos afirmar que T pertence ao plano perpendicular à reta OP e que contém o
ponto H.

E
T

O P
H


r d2 − r 2
Concluı́mos, então, que o lugar geométrico procurado está contido no cı́rculo de centro H e raio contido no
←→ d
plano perpendicular a OP .
Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere um triângulo isósceles ABC, representado pela figura abaixo, cujos lados congruentes AB e AC medem 5.
Assuma que o terceiro lado e o ângulo oposto a este lado sejam variáveis, medindo BC = x e  = θ, respectivamente.

5 5

B x C

(a) Encontre a função que expressa a área do triângulo ABC em relação ao ângulo θ, indicando o domı́nio e a
expressão da função.
(b) Calcule a área máxima do triângulo. Quais as medidas de x e θ neste caso?

Solução

(a) Em um triângulo isósceles sabemos que a altura em relação à base (lado eventualmente não congruente) coincide com
a mediana e com a bissetriz relativas a esse lado. Daı́, traçando a altura em relação ao lado BC e chamando-a de h
podemos expressar x e h em função de θ:
  x  
θ θ
A sen = 2 ⇐⇒ x = 10 sen .
2 5 2
   
θ h θ
cos = ⇐⇒ h = 5 cos .
2 5 2
θ
Assim, a área do triângulo pode ser expressa, em função de θ por:
2
5 5    
θ θ
10 sen · 5 cos    
h 2 2 θ θ
S(θ) = = 25 sen cos
2 2 2

Como, para qualquer número real t, tem-se sen(2t) = 2sen(t) cos(t), podemos reescr-
B x x C ever a expressão da área como
2 2 25
S(θ) = sen(θ).
2
Para que exista triângulo, devemos impor que 0 < θ < π. Assim, o domı́nio da função é o intervalo aberto ]0 , π[.

S : ]0 , π[ −→ R
25
θ 7−→ S(θ) = sen(θ).
2
Solução Alternativa para o item (a)
Traçando a altura CH relativa ao lado AB e olhando para o triângulo retângulo
AHC, temos que,
A CH
sen(θ) = ∴ CH = 5 sen(θ)
AC
Daı́, a área do triângulo pode ser calculada como
θ
AB · CH 5 · 5 sen(θ) 25
S(θ) = = = sen(θ).
5 5 2 2 2
Para que exista triângulo, devemos impor que 0 < θ < π. Assim, o domı́nio da
H função é o intervalo aberto ]0 , π[.

B C S : ]0 , π[ −→ R
25
θ 7−→ S(θ) = sen(θ).
2
π
(b) Para 0 < θ < π, temos que 0 < sen(θ) 6 1, com o valor máximo atingido quando θ = .
2
Daı́, temos para todo 0 < θ < π π
25 25
0 < S(θ) 6 , com S = .
2 2 2
25 π
A área máxima é atingida quando o triângulo é retângulo isósceles, isto é, θ = .
2 2
Como os catetos medem 5, podemos calcular a hipotenusa BC:

x2 = 52 + 52 ∴ x = 5 2.
Questão 08 [ 1,25 ]

Se b é um número inteiro positivo tal que mdc(b, 17) = 1, prove que 17 divide pelo menos um dos números abaixo:
b2 − 1, b2 + 1, b4 + 1, b8 + 1.

Solução

Como 17 é primo e mdc(b, 17) = 1, usando o pequeno Teorema de Fermat, temos que

b16 ≡ 1 mod 17

Portanto, 17 | b16 − 1. Agora, observando que

b16 − 1 = (b8 − 1)(b8 + 1) = (b4 − 1)(b4 + 1)(b8 + 1) = (b2 − 1)(b2 + 1)(b4 + 1)(b8 + 1)

concluimos que 17 divide pelo menos um dos fatores b2 − 1, b2 + 1, b4 + 1, b8 + 1.

Solução Alternativa

Como mdc(b, 17) = 1, temos que b ≡ ±1, ±2, ±3, ±4, ±5, ±6, ±7, ou ± 8 mod 17.

Analisando todas as alternativas:

(1) Suponha b ≡ ±1 mod 17. Nestes dois casos, b2 ≡ 1 mod 17, b2 − 1 ≡ 0 mod 17.

(2) Suponha b ≡ ±4 mod 17. Nestes dois casos, b2 ≡ −1 mod 17, b2 + 1 ≡ 0 mod 17.

(3) Suponha b ≡ ±2 ou ± 8 mod 17. Nestes quatro casos, b4 ≡ −1 mod 17, b4 + 1 ≡ 0 mod 17.

(4) Suponha b ≡ ±3, ±5, ±6, ou ± 7. Nestes oito casos, b8 ≡ −1 mod 17, b8 + 1 ≡ 0 mod 17.

Concluı́mos que 17 divide pelo menos um dos números b2 − 1, b2 + 1, b4 + 1 ou b8 + 1.


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2022.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um octaedro regular está inscrito em um cubo de aresta 1 cm de modo que seus vértices são os centros das faces do
cubo, como apresentado na figura abaixo.

Determine:

(a) a medida da aresta do octaedro.


(b) o volume do octaedro.

Solução

(a) O plano paralelo a face sobre a qual o cubo está apoiado e que passa por seu centro O contém o quadrado ABA0 B 0 ,
cujas diagonais AA0 e BB 0 medem 1 cm cada e têm O como ponto de interseção, conforme mostrado na figura.
Utilizando a relação entre a diagonal e o lado de um quadrado chegamos a

√ √ 2
0
AA = AB 2 =⇒ 1 = AB 2 =⇒ AB = .
2

2
Como o lado AB do quadrado é a própria aresta do octaedro, concluı́mos que esta mede cm.
2
0 0
(b) Como a seção média
√ do octaedro é o quadrado ABA B , o volume do octaedro é o dobro do volume da pirâmide de base
2 1
quadrada de lado cm e altura cm. Portanto, o volume V do octaedro regular é igual a
2 2
 √ 2
1 2 1 1
V =2· · · = cm3 .
3 2 2 6

Pauta de Correção:

(a) Encontrar a medida da aresta do octaedro. [0,5]


1
(b) • Identificar a altura das pirâmides como igual a cm. [0,25]
2
• Calcular o volume do octaedro. [0,5]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere a sequência an definida por a0 = a e an = qan−1 + r, se n > 1, onde a, q e r são constantes.

(a) Se q = 1, determine an em função de a, r e n.


(q n − 1)r
(b) Se q 6= 0 e q 6= 1, prove, por indução em n, que an = aq n + , para todo n > 1.
q−1

Solução

(a) Se q = 1, então a equação fica an = an−1 + r que é uma progressão aritmética e assim an = a1 + (n − 1)r, para n > 1.

Como a0 = a segue que a1 = a + r e portanto an = a + r + (n − 1)r = a + nr, para n > 0.


(q n − 1)r
(b) Seja P (n) a afirmação an = aq n + .
q−1
(q 1 − 1)r
i) P (1) é verdadeira, já que a1 = aq + r = aq 1 + .
q−1

ii) Suponhamos que P (n) seja verdadeira, para algum n > 1.

(q n − 1)r
Isto significa que, para este valor de n, temos an = aq n + .
q−1

Agora provaremos que P (n + 1) é verdadeira.

Temos que an+1 = qan + r e usando a hipótese de indução segue que


 
(q n − 1)r q(q n − 1)r rq n+1 − qr + qr − r (q n+1 − 1)r
an+1 = q aq n + + r = aq n+1 + + r = aq n+1 + = aq n+1 + .
q−1 q−1 q−1 q−1

Portanto segue o resultado.


Pauta de Correção:

(a) • Deduzir que é uma progressão aritmética e escrever a solução geral. [0,25]
• Encontrar a solução geral em função de a, n e r. [0,25]
(b) • Provar o resultado para n = 1. [0,25]
• Provar a passagem de indução. [0,5]
Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

Numa festa de final de ano de uma empresa haverá um sorteio para distribuir 20 prêmios para 20 de seus empregados.
Serão colocados 20 pedaços idênticos de papel dobrado numerados de 1 a 20 numa urna e cada uma das 20 pessoas
vai retirando, um a um, um papel. O prêmio mais cobiçado é um aparelho de TV que vai para quem tirar o papel
com o número 1.

(a) Determine a probabilidade de o primeiro a retirar, ganhar a TV.


(b) Determine a probabilidade de o terceiro a retirar, ganhar a TV.

(c) Determine a probabilidade de o último a retirar, ganhar a TV.

Solução

(a) A probabilidade de o primeiro retirar o papel e ganhar a TV é igual a


1
p= .
20

(b) Para que o terceiro tenha a chance de ganhar, o número 1 não saiu nas primeira e segunda retiradas, logo a probabilidade
é igual a
19 18 1 1
p= · · = .
20 19 18 20
(c) Usando o mesmo argumento do item (b), temos que também neste caso a probabilidade é igual a
19 18 17 1 1
p= · · ··· = .
20 19 18 2 20
Pauta de Correção:

(a) [0,25]
(b) • Argumentar que o número 1 não saiu nas primeira e segunda retiradas. [0,25]
1
• Concluir que a probabilidade é . [0,25]
20
1
(c) Utilizar a ideia do item (b) e encontrar . [0,5]
20
Solução Alternativa 1

Considere o espaço amostral Ω = {1, 2, 3, · · · , 20}. Observe que para qualquer i, 1 6 i 6 20, este número aparece nas
permutações com a mesma quantidade em qualquer posição. Como todas as permutações possı́veis são igualmente prováveis,
na retirada de um papel sem reposição, a probabilidade de saı́da de qualquer número será a mesma, não importando que seja
1
o primeiro, o segundo, o terceiro ou o último. Concluı́mos então que é a probabilidade dos itens (a), (b) e (c).
20
Solução Alternativa 2

Numerando as pessoas de 1 a 20, um sorteio corresponde a uma permutação dos números de 1 a 20. A quantidade de sorteios
em que o número 1 figura na i-ésima posição é 19! A quantidade de sorteios possı́veis é 20! Logo, para todo 1 6 i 6 20, a
19!
probabilidade da i-ésima pessoa ganhar a TV é = 1/20.
20!
1
Isso resolve simultaneamente os três itens (a), (b) e )c) cuja resposta é a mesma p = .
20
Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Resolva cada uma das inequações abaixo em R.

(a) |x2 − 10x + 16| 6 8.


1 1
(b) + < 0.
2x − 1 x + 1

Solução

(a) Resolver |x2 − 10x + 16| 6 8 é equivalente resolver −8 6 x2 − 10x + 16 e x2 − 10x + 16 6 8.

Na primeira desigualdade temos como solução x 6 4 ou x > 6.


√ √
Na segunda desigualdade temos como solução 5 − 17 6 x 6 5 + 17.
√ √
Tomando a interseção das soluções acima e observando que 5 − 17 < 4 e que 5 + 17 > 6, temos que a solução da
desigualdade modular é o conjunto
 √
S √ 
5− 6, 5 + 17 .
17, 4
1 1 3x
(b) Resolver + <0 é equivalente resolver < 0.
2x − 1 x+1 (x + 1)(2x − 1)

3x
O quociente é negativo se, e somente se, o numerador e o denominador têm sinais contrários.
(x + 1)(2x − 1)

Se x < 0, então vale 2x − 1 < 0 e devemos ter x + 1 < 0, ou seja, x < −1.

1
Se x > 0, então vale x + 1 > 0 e devemos ter 2x − 1 < 0, ou seja, x < .
2
 
S 1
Portanto temos que a solução é o conjunto (−∞, −1) 0, .
2
Pauta de Correção:

(a) • Mostrar corretamente como resolver uma inequação modular. [0,25]


• Determinar o conjunto solução. [0,25]
(b) • Desenvolver corretamente a inequação original para estudo dos sinais. [0,25]
• Determinar o conjunto solução. [0,5]

Solução Alternativa – item (a)

Na figura a seguir, foram construı́dos os gráficos de f (x) = |x2 − 10x + 16| e g(x) = 8.

√ √
Observando as interseções e determinando as abscissas desses pontos, obtemos como conjunto solução [5− 17, 4 ]∪ [6, 5+ 17 ].
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Uma função f : R → R é dita periódica quando existe um número real T 6= 0 tal que f (x + T ) = f (x) para todo
x ∈ R. O menor T > 0 com a propriedade anterior é chamado de perı́odo da função f .

Considere a função f : R → R, dada por f (x) = A cos(Bx) + C, em que os parâmetros A, B e C são números reais,
com A > 0 e B > 0.

(a) Mostre que a função f é periódica e que o seu perı́odo é .
B
(b) Quais os valores máximo e mı́nimo da função f em função dos parâmetros?
(c) Determine os valores de A, B e C da função f (x) = A cos(Bx) + C cujo gráfico é dado pela figura abaixo.

Solução

(a) Seja T > 0 tal que f (x + T ) = f (x) para todo x ∈ R. Assim

f (x + T ) = f (x) ⇐⇒ A cos[B(x + T )] + C = A cos(Bx) + C ⇐⇒ cos(Bx + BT ) = cos(Bx).

Como a igualdade acima deve ser verificada para todo valor de x, podemos olhar o caso particular em que x = 0, e
2kπ
concluir que devemos ter cos(BT ) = 1. Daı́, temos que BT = 2kπ, k ∈ Z, ou, equivalentemente T = , k ∈ Z.
B
    
2kπ 2kπ
Logo f x + = A cos B x + + C = A cos(Bx + 2kπ) + C = A cos(Bx) + C = f (x) para todo x ∈ R e
B B
todo k ∈ Z.

Como o perı́odo deve ser o menor número positivo com a propriedade acima, concluı́mos que o perı́odo de f deve ser .
B
(b) Sabemos que −1 6 cos(Bx) 6 1, para todo x ∈ R. Logo, como A > 0, −A 6 A cos(Bx) 6 A, e, daı́

−A + C 6 A cos(Bx) + C 6 A + C e assim −A + C 6 f (x) 6 A + C para todo x ∈ R.


π
Como f (0) = A + C e f = −A + C, segue que esses valores são, respectivamente, o máximo e o mı́nimo de f .
B
(c) Para o gráfico dado, temos A + C = 8, −A + C = 4. Daı́, C = 6 e A = 2.
2π π
O perı́odo do gráfico apresentado é igual 12, logo = 12, ou seja, B = .
 πx  B 6
Assim, a função é f (x) = 2 cos + 6.
6
Pauta de Correção:
2kπ
(a) • Deduzir que T = . [0,25]
B

• Concluir que o perı́odo é . [0,25]
B
(b) • Provar que −A + C 6 f (x) 6 A + C. [0,25]
• Mostrar que −A + C e A + C são atingidos. [0,25]
(c) Determinar os três parâmetros. [0,25]
Questão 06 [ 1,25 ]

Resolva a congruência
17x ≡ 82 mod 165.

Sugestão: Você pode usar o fato de que 165 = 3 · 5 · 11.

Solução

Observando que, 165 = 3 · 5 · 11, a congruência 17x ≡ 82 mod 165 é equivalente ao sistema

 17x ≡ 82 mod 3
17x ≡ 82 mod 5

17x ≡ 82 mod 11
Tem-se que   
 17x ≡ 82 mod 3  2x ≡ 1 mod 3  x ≡ 2 mod 3
17x ≡ 82 mod 5 ⇐⇒ 2x ≡ 2 mod 5 ⇐⇒ x ≡ 1 mod 5
  
17x ≡ 82 mod 11 6x ≡ 5 mod 11 x ≡ 10 mod 11

Agora, usaremos o Teorema Chinês dos Restos para resolver o sistema, onde c1 = 2, c2 = 1 e c3 = 10.

Sejam M1 = 5 · 11, M2 = 3 · 11, M3 = 3 · 5 e M = 3 · 5 · 11. Considerando


 
 55y1 ≡ 1 mod 3  y1 ≡ 1 mod 3
33y2 ≡ 1 mod 5 ⇐⇒ 3y2 ≡ 1 mod 5
 
15y3 ≡ 1 mod 11 4y3 ≡ 1 mod 11
tomamos y1 = 1, y2 = 2 e y3 = 3.

Uma solução particular é dada por x = 55 · 1 · 2 + 33 · 2 · 1 + 15 · 3 · 10 = 626.

Portanto, a solução é dada por x ≡ 626 mod 165 e como 626 ≡ 131 mod 165, x ≡ 131 mod 165.

Pauta de Correção:

• Escrever o sistema equivalente a congruência dada. [0,25]


• Considerar o sistema equivalente para a aplicação do Teorema Chinês. [0,25]
• Achar uma solução particular do sistema. [0,5]
• Escrever a solução do sistema. [0,25]
Solução Alternativa

Resolvendo a congruência 17x ≡ 82 mod 165, tem-se que 17x − 82 = 165y ⇐⇒ 17x − 165y = 82, onde x, y são inteiros.

Calculando o mdc entre 165 e 17 obtemos

9 1 2 2 2
165 17 12 5 2 1
12 5 2 1 0
Daı́,

1 = 5 − 2 · 2 = 5 − 2 · (12 − 2 · 5) = 5 · 5 − 2 · 12 = 5 · (17 − 1 · 12) − 2 · 12 = (−7) · 12 + 5 · 17


1 = (−7) · (165 − 9 · 17) + 5 · 17 = 68 · 17 + (−7) · 165
Multiplicando por 82, obtemos

82 = 17 · (68 · 82) − 165 · (7 · 82)


Portanto, x = 68 · 82 = 5576 é uma solução particular.

A solução é dada por x ≡ 5576 mod 165 e como 5576 ≡ 131 mod 165,

x ≡ 131 mod 165.


Pauta de Correção:

• Escrever a equação diofantina. [0,25]


• Calcular o mdc entre 165 e 17. [0,25]
• Achar uma solução particular. [0,5]
• Escrever a solução geral. [0,25]
Solução Alternativa

Observando que, 165 = 3 · 5 · 11, a congruência 17x ≡ 82 mod 165 é equivalente ao sistema

 17x ≡ 82 mod 3
17x ≡ 82 mod 5

17x ≡ 82 mod 11

Tem-se que  
 17x ≡ 82 mod 3  x ≡ 2 mod 3
17x ≡ 82 mod 5 ⇐⇒ x ≡ 1 mod 5
 
17x ≡ 82 mod 11 x ≡ 10 mod 11
 
 x ≡ 2 mod 3  x+1 ≡ 0 mod 3 
x+1 ≡ 0 mod 33
x ≡ 1 mod 5 ⇐⇒ x+1 ≡ 2 mod 5 ⇐⇒
  x+1 ≡ 2 mod 5
x ≡ 10 mod 11 x+1 ≡ 0 mod 11
Daı́ obtemos, equivalentemente, x + 1 = 33k e 33k ≡ 2 mod 5, com k inteiro. Assim, x + 1 = 33k e k ≡ 4 mod 5.
Finalmente temos, k = 4 + 5t e x + 1 = 33(4 + 5t), obtendo a solução

x = 131 + 165t, com t inteiro.

Pauta de Correção:

• Escrever o sistema equivalente a congruência dada. [0, 25]


• Escrever o sistema equivalente com apenas duas congruências. [0, 25]
• Resolver uma das congruências e substituir na outra. [0, 5]
• Escrever a solução do sistema. [0, 25]
Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Uma tripla pitagórica é uma tripla de inteiros positivos a, b e c tais que a2 + b2 = c2 .

(a) Mostre que, para quaisquer inteiros m > n > 0 os números, m2 −n2 , 2mn, m2 +n2 formam uma tripla pitagórica.
(b) É possı́vel provar que toda tripla pitagórica pode ser escrita da forma acima. Usando este fato, mostre que
em toda tripla pitagórica sempre há um múltiplo de 4.

Solução

(a) Considere inteiros m > n > 0. Temos que, m2 − n2 , 2mn e m2 + n2 são inteiros positivos e

(m2 − n2 )2 + (2mn)2 = m4 − 2m2 n2 + n4 + 4m2 n2 = m4 + 2m2 n2 + n4 = (m2 + n2 )2

Portanto, m2 − n2 , 2mn e m2 + n2 formam uma tripla pitagórica.


(b) Considere a, b e c uma tripla pitagórica. Logo, existem inteiros m > n > 0 tais que

a = m2 − n2 , b = 2mn e c = m2 + n2

Temos duas possibilidades :


(1) m e n são ı́mpares
(2) m é par ou n é par
No primeiro caso, m = 2k + 1 e n = 2t + 1, com k e t inteiros. Daı́

a = m2 − n2 = (2k + 1)2 − (2t + 1)2 = 4k2 + 4k + 1 − 4t2 − 4t − 1 = 4(k2 + k − t2 − t)

é múltiplo de 4.
No segundo caso, b = 2mn = 2(2k)n = 4kn ou b = 2mn = 2m(2t) = 4mt. Portanto, b é múltiplo de 4.
Pauta de Correção:

(a) Provar que é uma terna pitagórica. [0,5]


(b) • Considerar as possı́veis paridades de m e n. [0,25]
• Provar o resultado no caso m e n ı́mpares. [0,25]
• Provar o resultado no caso m ou n par. [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ]

Na figura, AB é um diâmetro da circunferência de centro O e raio 5. O ponto C pertence à circunferência, P pertence


ao raio OC, B P̂ C = 90◦ e OP = 1. Determine a área do triângulo ABC.

Solução

No triângulo retângulo OP B, o cateto OP mede 1 e a hipotenusa OB mede 5. Logo, pelo teorema de Pitágoras,
2 √
BP + 1 = 52 ∴ BP = 24.

Agora, no triângulo BP C, de catetos BP = 24 e P C = 4, pelo teorema de Pitágoras, chegamos a
2 √
BC = 24 + 16 ∴ BC = 40.

Como AB é diâmetro, o triângulo ABC também é retângulo. Sua hipotenusa AB mede 10 e seu cateto BC mede 40.
2 √
A medida do outro cateto pode ser calculada assim AC + 40 = 100 ∴ AC = 60..

Portanto a área do triângulo ABC é √ √ √


40 · 60 2400 √
= = 10 6.
2 2
Pauta de Correção:

• Observar que o triângulo ABC é retângulo. [0,25]


• Calcular a altura de ABC relativa ao diâmetro BC ou calcular a medida de AC. [0,5]
• Calcular a área do triângulo ABC. [0,5]

Solução Alternativa

Como o triângulo OBC é isósceles, com lados OB = OC, as respectivas alturas são iguais.

Logo a altura do triângulo OBC em relação ao lado OB é igual a BP = 24.

24 √
Mas os triângulos ABC e OBC têm a mesma altura e assim a área do triângulo ABC é igual a 10 = 10 6.
2
Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Calcular a medida de BP . [0,25]


• Calcular a altura de ABC em relação a AB. [0,5]
• Calcular a área do triângulo ABC. [0,5]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2022.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,25; (c)=0,75 ]

As equações x4 + bx2 + c = 0 e x3 + x2 − 37x + 35 = 0 possuem duas raı́zes distintas comuns.

(a) Determine as raı́zes da segunda equação.


(b) Mostre que se α é raiz da primeira equação então −α também o é.
(c) Determine todos os possı́veis valores de b e c na primeira equação.

Solução

(a) Na segunda equação, começamos observando que uma das raı́zes é igual à 1:

1 + 1 − 37 + 35 = 0

Escrevendo x3 + x2 − 37x + 35 = (x − 1)(x2 + 2x − 35) tem-se que

x3 + x2 − 37x + 35 = 0 ⇐⇒ x = 1 ou x2 + 2x − 35 = 0

Portanto, as raı́zes são x = 1, 5, −7.

(b) Suponha α raiz da primeira equação, isto é, α4 + bα2 + c = 0.

Como (−α)4 + b(−α)2 + c = α4 + bα2 + c = 0, concluı́mos que −α também é uma raiz.

(c) Como as equações possuem duas raı́zes comuns, vamos analisar as três possibilidades:

(1) As raı́zes comuns são 1 e 5. Neste caso, usando o item (b) as raı́zes da primeira equação são: 1, −1, 5, −5 e assim

x4 + bx2 + c = 0 = (x − 1)(x + 1)(x − 5)(x + 5) = (x2 − 1)(x2 − 25) = x4 − 26x2 + 25

Portanto, b = −26 e c = 25.

(2) As raı́zes comuns são 1 e −7. Neste caso,

x4 + bx2 + c = 0 = (x − 1)(x + 1)(x − 7)(x + 7) = (x2 − 1)(x2 − 49) = x4 − 50x2 + 49

Portanto, b = −50 e c = 49.

(3) As raı́zes comuns são 5 e −7. Neste caso,

x4 + bx2 + c = 0 = (x − 5)(x + 5)(x − 7)(x + 7) = (x2 − 25)(x2 − 49) = x4 − 74x2 + 1225

Portanto, b = −74 e c = 1225.

Solucão alternativa – item (c)

(1) As raı́zes comuns são 1 e 5. Neste caso tem-se que



1 + b + c = 0
54 + 52 b + c = 0

Resolvendo o sistema, segue que 624 + 24b = 0, logo b = −26 e daı́ c = 25.
(2) As raı́zes comuns são 1 e −7. Neste caso tem-se que

1 + b + c = 0
74 + 72 b + c = 0

Resolvendo o sistema, segue que 2400 + 48b = 0, logo b = −50 e daı́ c = 49.

(3) As raı́zes comuns são 5 e −7. Neste caso tem-se que


 4
5 + 52 b + c = 0
4
7 + 72 b + c = 0

Resolvendo o sistema, segue que (2401 − 625) + (49 − 25)b = 0, logo b = −74 e daı́ c = 1225.

Solução Alternativa – item (c)

(1) As raı́zes comuns são 1 e 5. Neste caso tem-se que 1 e 25 são raı́zes da equação y 2 + by + c = 0, ou seja, b = −26 e c = 25.

(2) As raı́zes comuns são 1 e −7. Assim tem-se que 1 e 49 são raı́zes da equação y 2 + by + c = 0, ou seja, b = −50 e c = 49.

(3) As raı́zes comuns são 5 e −7. Logo tem-se que 25 e 49 são raı́zes da equação y 2 + by + c = 0, ou seja, b = −74 e c = 1225.

Pauta de Correção:

(a) Determinar as três raı́zes. [0,25]


(b) Provar o resultado. [0,25]
(c) • Escrever as três possibilidades para as raı́zes da primeira equação. [0,25]
• Determinar os valores de b e c. [0,5]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Consideremos o seguinte sistema de congruências lineares



 x ≡ a1 mod m1
x ≡ a2 mod m2

x ≡ a3 mod m3

onde ai ∈ Z, mi ∈ N e (mi , mj ) = 1 para i 6= j (i, j = 1, 2, 3).

Tomando-se M = m1 · m2 · m3 = m1 · M1 = m2 · M2 = m3 · M3 , tem-se que


(M1 , m1 ) = (M2 , m2 ) = (M3 , m3 ) = 1, logo existe um inteiro bi tal que Mi ·bi ≡ 1 mod mi , para cada i = 1, 2, 3.
3
X
Com estas notações, prove que o número inteiro x = ai bi Mi é uma solução para o sistema acima.
i=1

(b) Determine a solução geral do seguinte sistema



 x ≡ 2 mod 3
x ≡ 3 mod 5

x ≡ 6 mod 7.

Solução

(a) Com as notações dadas tem-se que


M1 = m2 m3 , M2 = m1 m3 , M3 = m1 m2

M1 b1 ≡ 1 mod m1 , M2 b2 ≡ 1 mod m2 , M3 b3 ≡ 1 mod m3


Assim,
3
X
x= ai bi Mi = a1 b1 M1 + a2 b2 M2 + a3 b3 M3 ≡ a1 b1 M1 ≡ a1 mod m1
i=1
3
X
x= ai bi Mi = a1 b1 M1 + a2 b2 M2 + a3 b3 M3 ≡ a2 b2 M2 ≡ a2 mod m2
i=1
3
X
x= ai bi Mi = a1 b1 M1 + a2 b2 M2 + a3 b3 M3 ≡ a3 b3 M3 ≡ a3 mod m3
i=1

(b) Tem-se que


M = 3 · 5 · 7, M1 = 5 · 7, M2 = 3 · 7, M3 = 3 · 5

 M 1 b1 = 35b1 ≡ 1 mod 3
M 2 b2 = 21b2 ≡ 1 mod 5

M 3 b3 = 15b3 ≡ 1 mod 7

 2b1 ≡ 1 mod 3
b2 ≡ 1 mod 5

b3 ≡ 1 mod 7
Logo, podemos considerar b1 = 2, b2 = 1, b3 = 1 e x = 2 · 2 · 35 + 3 · 21 + 6 · 15 = 293 é uma solução particular.

Portanto, a solução geral é dada por x = 293 + 105t, com t ∈ Z.

Pauta de Correção:
(a) • Provar o resultado. [0,5]
(b) • Determinar uma solução particular. [0,5]
• Escrever a solução geral. [0,25]
Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Sejam x e y números reais.


p |x + y|
Prove que x2 + y 2 > √ e que a igualdade é verificada se, e somente se, x = y.
2
(b) Sejam a e b reais tais que a + b = 1.
p
Determine os valores de a e b tais que (a − 9)2 + (b − 13)2 tem o menor valor possı́vel.
Solução

(a) As seguintes desigualdades são todas equivalentes:


p |x + y|
x2 + y 2 > √ ⇐⇒
2
√ p
2 x2 + y 2 > |x + y| ⇐⇒
2(x2 + y 2 ) > |x + y|2 ⇐⇒
2x2 + 2y 2 > x2 + 2xy + y 2 ⇐⇒
x2 − 2xy + y 2 > 0 ⇐⇒
(x − y)2 > 0.

Como a última é sempre satisfeita, quaisquer que sejam x e y reais, a primeira é verdadeira. Além disso,
p |x + y|
x2 + y 2 = √ ⇐⇒ (x − y)2 = 0 ⇐⇒ x = y.
2

(b) Sejam a, b tais que a + b = 1. Pelo item anterior, com x = a − 9 e y = b − 13,


p |(a − 9) + (b − 13)| |a + b − 22| 21
(a − 9)2 + (b − 13)2 > √ = √ = √
2 2 2
Ainda pelo item anterior, sabemos que há igualdade se, e somente se, a − 9 = b − 13, ou seja, a − b = −4. Daı́,
(
a+b=1 3 5
=⇒ a = − , b = .
a − b = −4 2 2

Assim, para estes valores de a e b, a expressão atinge seu valor mı́nimo.

Pauta de Correção:

(a) • Provar a desigualdade. [0,25]


• Provar a igualdade. [0,25]
(b) • Mostrar que possui mı́nimo ou calcular o valor mı́nimo. [0,5]
• Determinar os valores de a e b. [0,25]
Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Nos dois casos abaixo, demonstre a conhecida relação métrica P A · P B = P C · P D, também chamada de “potência
de ponto no cı́rculo”:

(a) P exterior ao cı́rculo (Figura 1).


(b) P interior ao cı́rculo (Figura 2).

Solução

(a) Traçando os segmentos AD e BC, conforme a figura abaixo, obtemos os triângulos AP D e CP B, os quais são semelhantes
pelo caso de semelhança AA (ângulo-ângulo), já que o ângulo de medida α é comum e os ângulos de medida β são
congruentes, já que ambos são ângulos inscritos na circunferência e subtendem o mesmo arco AC.

PA PD
Logo, = e assim P A · P B = P C · P D, como querı́amos demonstrar.
PC PB

(b) Traçando os segmentos AC e BD, conforme a figura abaixo, obtemos os triângulos AP C e DP B, os quais são semelhantes
pelo caso de semelhança AA (ângulo-ângulo), já que os ângulos de medida α são congruentes, já que são opostos pelo
vértice, e os ângulos de medida β são congruentes, já que ambos são ângulos inscritos na circunferência e subtendem o
mesmo arco BC.
Logo,
PA PC
=
PD PB
e, portanto,
P A · P B = P C · P D,
como querı́amos demonstrar.

Pauta de Correção:

(a) • Provar que os triângulos AP D e CP B são semelhantes pelo caso AA. [0,5]
• Utilizar a semelhança para provar a relação métrica. [0,25]
(b) • Provar que os triângulos AP C e DP B são semelhantes pelo caso AA. [0,25]
• Utilizar a semelhança para provar a relação métrica. [0,25]

Questão 05 [ 1,25 ]

Prove que uma função do tipo exponencial fica determinada quando se conhecem dois de seus valores.
Mais precisamente, se f (x) = b · ax e F (x) = B · Ax são tais que f (x1 ) = F (x1 ) e f (x2 ) = F (x2 ) com x1 6= x2 , então
a = A e b = B (a e A são números reais positivos diferentes de 1, b e B são números reais não nulos).

Solução

Do fato de que f (x1 ) = F (x1 ) decorre que b · ax1 = B · Ax1 . Como a não é nulo, nenhuma potência de a será nula também.
Assim, podemos dividir por ax1 a última equação, obtendo

Ax1
b=B· .
ax1
Por outro lado, f (x2 ) = F (x2 ) implica que b · ax2 = B · Ax2 .

Substituindo, nesta última equação, o valor encontrado para b, temos

Ax1
B· · ax2 = B · Ax2 .
ax1
Dividindo a equação anterior por B · ax2 (que não é nulo, já que B e a não são nulos) obtemos

Ax1 Ax2
x
= x
a 1 a 2
 x1  x2
A A
= .
a a
A A
Como x1 6= x2 e > 0 (pois ambos, a e A, são maiores que zero), então a última igualdade implica em = 1, ou seja, A = a.
a a
Substituindo A por a em b · ax1 = B · Ax1 ficamos com

b · ax1 = B · ax1 .
Dividindo esta última equação pelo número real não nulo ax1 chegamos ao resultado b = B, concluindo assim a prova.

Pauta de Correção:

  x1  x2
A A
• Deduzir a equação = . [0,5]
a a
A A
• Argumentar que = 1 considerando que x1 6= x2 e > 0. [0,5]
a a
• Concluir que A = a e, a partir daı́, que B = b. [0,25]
Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]
n
Consideremos o número de Fermat Fn = 2(2 )
+ 1, onde n é um número natural.
(a) Mostre que se m < n, então Fm divide Fn − 2.
(b) Mostre que se m 6= n, então Fm e Fn são primos entre si.

Solução

(a) Suponha m < n. Considere r = n − m > 0, logo n = m + r.


n r+m r m m r
Segue que Fn = 2(2 )
+ 1 = 2(2 )
+ 1 = 2(2 2 )
+ 1 = (22 )2 + 1 e daı́
m r
Fn − 2 = (22 )2 − 1
onde 2r é um número par.
m m
) 2r
Portanto, Fm = 2(2 )
+ 1 divide (2(2 ) − 1 = Fn − 2.

(b) Suponha m 6= n e, sem perda de generalidade, m < n.

Tem-se que (Fm , Fn ) = (Fm , Fn − 2 + 2). Como Fm divide Fn − 2, segue que Fn − 2 = kFm , com k inteiro.
m
Portanto, (Fm , Fn ) = (Fm , Fn − 2 + 2) = (Fm , kFm + 2) = (Fm , 2) = (2(2 )
+ 1, 2) = 1.

Pauta de Correção:

m r
(a) • Escrever Fn = (22 )2 + 1. [0,25]
m r
• Escrever que Fn − 2 = (22 )2 − 1 e concluir que Fm divide Fn − 2. [0,5]
(b) • Escrever (Fm , Fn ) = (Fm , Fn − 2 + 2) = (Fm , kFm + 2).[0,25]
m
• Concluir que (Fm , Fn ) = (Fm , 2) = (2(2 )
+ 1, 2) = 1. [0,25]
Questão 07 [ 1,25 ]

Um sólido é produzido a partir de um cubo de madeira com 2cm de aresta, retirando-se um tetraedro a partir de
cada vértice do cubo, como mostrado na figura abaixo. Seis faces do sólido resultante são octógonos regulares, e as
outras oito faces são triângulos equiláteros.

Calcule o volume do sólido.

Solução

Na figura abaixo temos a vista frontal do sólido. Nela, as partes pontilhadas correspondem aos cantos que foram retirados.

Chamando de a a medida dos lados do octógono regular e de x a medida das arestas laterais dos tetraedros que foram retirados,
concluı́mos que a + 2x = 2, já que a aresta do cubo mede 2 cm.

Considerando os triângulos retângulos isósceles√de hipotenusa a e catetos x que aparecem na figura, concluı́mos, a partir do
teorema de Pitágoras, que a2 = 2x2 , logo a = x 2.
√ √
Como a + 2x = 2, temos então x 2 + 2x = 2, logo x(2 + 2) = 2 e então
√ √
2 2(2 − 2) 4−2 2 √
x= √ = √ √ = = 2 − 2.
2+ 2 (2 + 2)(2 − 2) 2
Da forma como foram obtidos, os tetraedros têm como faces três triângulos retângulos isósceles de catetos medindo x e
hipotenusa medindo a e um triângulo equilátero de medida a. Se considerarmos um dos triângulos retângulos isósceles como
x2 x3
base, a área da base do tetraedro será dada por e a altura por x. Portanto, o volume deste tetraedro é .
2 6
Com isso, o volume do sólido, após a retirada dos 8 tetraedros será

x3
V = 23 − 8 ·
6
√ 3
4· 2− 2
= 8−
3
√ √ √ 
4 · 23 − 3 · 22 · 2 + 3 · 2 · ( 2)2 − ( 2)3
= 8−
3
√ √ 
4 · 8 − 12 2 + 12 − 2 2
= 8−
3
√ 
4 · 20 − 14 2
= 8−
3

80 − 56 2
= 8−
3
√ 
24 − 80 − 56 2
=
3

56 2 − 56
= .
3

Pauta de Correção:

• Encontrar a relação entre x e o lado a do octógono dada pelo Teorema de Pitágoras. [0,5]
• Encontrar o valor de x. [0,25]
• Apresentar uma expressão correta para o volume de cada tetraedro (x3 /6) ou, alternativamente, calcular corretamente
esse volume. [0,25]
• Encontrar o volume do sólido. [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um prêmio é oferecido a um jogador pelo lançamento de um dado não viciado, com as seguintes regras:

• Se o resultado for 1, o jogador ganha 1 ponto.


• Se o resultado for 2 ou 3, o jogador ganha 2 pontos.
• Se o resultado for 4, 5 ou 6, não obtém pontuação.
• Os pontos vão se somando a cada jogada.

• O prêmio é entregue assim que o jogador conseguir obter exatamente 3 pontos e o jogo é encerrado.

(a) Determine a probabilidade de se ganhar o prêmio na segunda jogada.

(b) Determine a probabilidade de se ganhar o prêmio apenas na terceira jogada.

Solução

(a) Há duas maneiras de obter 3 pontos na segunda jogada:

1 2 2 1
• fazer 1 ponto na primeira e 2 pontos na segunda jogada cuja probabilidade é · = = .
6 6 36 18
2 1 2 1
• fazer 2 pontos na primeira e 1 ponto na segunda jogada cuja probabilidade é · = = .
6 6 36 18
1 1 2 1
Logo a probabilidade de se ganhar o prêmio na segunda jogada é igual a + = = .
18 18 18 9

(b) Para facilitar a escrita considere a terna (a, b, c), onde a indica a pontuação na primeira jogada, b na segunda e c na
terceira.

Há cinco maneiras de obter 3 pontos exatamente na terceira jogada:

3 1 2 6
• (0, 1, 2) cuja probabilidade é · · = .
6 6 6 216
3 2 1 6
• (0, 2, 1) cuja probabilidade é · · = .
6 6 6 216
1 3 2 6
• (1, 0, 2) cuja probabilidade é · · = .
6 6 6 216
2 3 1 6
• (2, 0, 1) cuja probabilidade é · · = .
6 6 6 216
1 1 1 1
• (1, 1, 1) cuja probabilidade é · · = .
6 6 6 216
6 1 25
Portanto a probabilidade de se ganhar o prêmio exatamente na terceira jogada é igual a 4 · + = .
216 216 216
Pauta de Correção:

(a) • Determinar as duas probabilidades para se obter 3 pontos. [0,25]


• Calcular a probabilidade para se obter 3 pontos na segunda jogada. [0,25]
(b) • Determinar as cinco possibilidades para se obter 3 pontos exatamente na terceira jogada. [0,50]
• Calcular a probabilidade para se obter 3 pontos exatamente na terceira jogada. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2021.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove que 10n − 1 é divisı́vel por 9, para todo n > 1.


(b) Use o item (a) para provar o seguinte critério de divisibilidade por 9: “Um número natural é divisı́vel por 9 se,
e somente se, a soma dos seus algarismos for divisı́vel por 9”.

Observação: Lembre-se que todo número natural a pode ser representado no sistema decimal por
a = am · 10m + · · · + a2 · 102 + a1 · 10 + a0 , em que m ∈ N e am 6= 0.

Solução

(a) O resultado vale será provado por indução em n. Para n = 1, pois 101 − 1 = 9 é divisı́vel por 9.
Suponha que o resultado vale para k > 1, ou seja, que existe ` inteiro tal que 10k − 1 = 9`. Assim, 10k = 9` + 1.
Para k + 1 temos que 10k+1 − 1 = 10 · 10k − 1 = 10 · (9` + 1) − 1 = 9 · (10` + 1) e, assim, segue o resultado pelo princı́pio
de indução matemática.

(b) Sejam a = am · 10m + · · · + a1 · 10 + a0 e S = am + · · · + a1 + a0 a soma dos algarismos de a.


Note que a−S = a−(am +· · ·+a1 +a0 ) = am ·10m +· · ·+a1 ·10+a0 −(am +· · ·+a1 +a0 ) = am ·(10m −1)+· · ·+a1 ·(101 −1).

Pelo item (a), sabemos que que 10k − 1 é múltiplo de 9, para todo k > 1. Daı́, concluı́mos que a − S = 9q. Desta
igualdade segue o critério de divisibilidade por 9:

Se a = 9r, então S = 9r − 9q = 9(r − q). Reciprocamente, se S = 9p, então a = 9p + 9q = 9(p + q).


Pauta de Correção:
(a) • Fazer o caso n = 1 e/ou escrever/citar a hipótese de indução. [0,25]
• Fazer o passo indutivo e concluir o resultado. [0,25]
(b) • Desenvolver a diferença a − S. [0,25]
• Usar o item (a) para concluir que a − S é múltiplo de 9. [0,25]
• Mostrar que o fato anterior implica o critério pedido. [0,25]
Solução Alternativa
(a) Sabemos que 10 ≡ 1 mod 9. Logo, para qualquer n > 1, temos 10n ≡ 1 mod 9, ou seja, 10n − 1 é divisı́vel por 9.
(b) Seja a = am · 10m + · · · + a1 · 10 + a0 . Para cada k = 0, ..., m temos

10k ≡ 1 mod 9 ⇐⇒ ak · 10k ≡ ak mod 9

Somando as congruências acima para todo k = 0, ..., m:

am · 10m + · · · + a1 · 10 + a0 ≡ am + · · · + a1 + a0 mod 9

Ou seja,
a ≡ am + · · · + a1 + a0 mod 9
o que é equivalente a dizer que a e am + · · · + a0 deixam o mesmo resto na divisão por 9. Daı́, um deles é múltiplo de 9
(congruente a 0 mod 9) se, e somente se, ou outro for.
Pauta de Correção:
(a) Usar que 10 ≡ 1 mod 9 para concluir o item. [0,5]
(b) • Usar o item (a) e deduzir que ak · 10k ≡ ak mod 9. [0,25]
• Concluir que a e am + · · · + a1 + a0 são congruentes módulo 9. [0,25]
• Mostrar que o fato anterior é equivalente ao critério enunciado. [0,25]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

Seja f : (0, +∞) → R uma função tal que f (xy) = f (x) + f (y) para todos x, y ∈ (0, +∞).

(a) Mostre que f (1) = 0.


(b) Mostre, por indução, que para todo a > 0 e todo n > 1 natural, tem-se f (an ) = nf (a).
(c) Mostre que para todo a > 0 e todo n ∈ N, tem-se f (a−n ) = −nf (a).

Solução

(a)
f (1) = f (1 · 1) = f (1) + f (1) ⇐⇒ f (1) = 0.
(b) Para n = 1, temos pela hipótese do enunciado, f (a1 ) = f (a) = 1 · f (a).
Suponha, agora, válido para n = k, isto é, f (ak ) = kf (a) e vamos calcular para n = k + 1:

f (ak+1 ) = f (ak · a) = f (ak ) + f (a) = kf (a) + f (a) = (k + 1)f (a).

A segunda igualdade vale pela hipótese do problema e a penúltima pela hipótese de indução.
(c)
0 = f (1) = f (a0 ) = f (an−n ) = f (an · a−n ) = f (an ) + f (a−n ) = nf (a) + f (a−n )
⇐⇒ f (a−n ) = −nf (a).

Pauta de Correção:
(a) Provar que f (1) = 0. [0,25]
(b) • Provar a base da indução. [0,25]
• Provar o passo indutivo. [0,25]
(c) Realizar a prova solicitada. [0,5]
Questão 03 [ 1,25 ]

Considere um triângulo ABC de lados a, b e c, conforme a figura, e seja r o raio do cı́rculo circunscrito a este triângulo.
Prove a lei dos senos:
a b c
= = = 2r
sen  sen B̂ sen Ĉ

Solução
Considere o triângulo BCD, construı́do de tal modo que BD seja um diâmetro, conforme a figura. Evidentemente os ângulos
 e D̂ são congruentes, já que ambos estão inscritos na circunferência e determinam o mesmo arco. Como o triângulo BCD é
reto em C, já que está inscrito em uma semicircunferência, então
a
sen  = sen D̂ = .
2r

Procedendo do mesmo modo com relação aos ângulos B̂ e Ĉ concluı́mos que


b c
sen B̂ = e sen Ĉ = .
2r 2r
Isolando 2r nas três equações obtidas anteriormente chegamos a

a b c
= = = 2r,
sen  sen B̂ sen Ĉ
provando assim a lei dos senos, como era nossa intenção.

Pauta de Correção:
• Construir o triângulo inscrito na semicircunferência. [0, 25]
• Argumentar que ângulos inscritos que determinam o mesmo arco são congruentes. [0, 25]
• Argumentar que todo triângulo inscrito em uma semicircunferência é retângulo. [0, 25]
a
• Encontrar a relação sen  = ou uma de suas equivalentes para B̂ ou Ĉ. [0, 25]
2r
• Argumentar que o procedimento para os outros dois ângulos é análogo e finalizar a prova. [0, 25]
Questão 04 [ 1,25 ]

Sabendo que cos(3x) = 4 cos3 x − 3 cos x e que 54◦ + 36◦ = 90◦ , calcule sen (18◦ ).

Solução
Tomando x = 18◦ e usando o fato de que cos (54◦ ) = sen (36◦ ),

cos (54◦ ) = 4 cos3 (18◦ ) − 3 cos (18◦ ),

sen (36◦ ) = 4 cos3 (18◦ ) − 3 cos (18◦ ).


como
sen (36◦ ) = 2sen (18◦ ) cos (18◦ ),
teremos

2 sen (18◦ ) = 4 cos2 (18◦ ) − 3.


Seja y = sen (18◦ ), temos então que,

4y 2 + 2y − 1 = 0,
donde √
5−1
y= ,
4

5−1
ou seja sen (18◦ ) = .
4

Pauta de Correção:
• Escrever que cos (54◦ ) = sen (36◦ ). [0,25]
• Concluir que sen (36◦ ) = 4 cos3 (18◦ ) − 3 cos (18◦ ). [0,25]
• Escrever que sen (36◦ ) = 2sen (18◦ ) cos (18◦ ). [0,25]
• Concluir que 2 sen (18◦ ) = 4 cos2 (18◦ ) − 3, ou equivalente. [0,25]

5−1
• Concluir que sen (18◦ ) = . [0,25]
4
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

Na figura abaixo, a partir de um quadrado de lado ` forma-se uma sequência de quadrados e cı́rculos em que cada
quadrado é formado unindo os pontos médios do quadrado imediatamente anterior e todos os cı́rculos estão inscritos
em algum quadrado. Sejam `n o lado do n-ésimo quadrado e rn o raio do n-ésimo cı́rculo.

(a) Determine a relação entre `n e rn .


(b) Encontre a soma P dos perı́metros dos infinitos quadrados em função de `.

(c) Obtenha a soma A das áreas dos infinitos cı́rculos em função de `.

Solução

(a) Como o n-ésimo cı́rculo está inscrito no n-ésimo quadrado, seu diâmetro é igual ao lado desse quadrado, ou seja `n = 2rn .
`n
(b) Notando que o lado do quadrado Qn+1 corresponde à diagonal de um quadrado cujo lado mede concluı́mos que
√ 2
`n 2
`n+1 = , ou seja, uma vez que o perı́metro de cada quadrado é o quádruplo de seu lado, os perı́metros da sequência
2 √
2
Qn de quadrados formam uma PG de razão cujo primeiro termo igual a 4`. Logo, a soma P procurada é dada pela
2
4` √
soma dos termos desta PG infinita, isto é, P = √ = 4`(2 + 2).
2
1−
2
√ √
`n 2 rn 2
(c) Uma vez que, pelo item (b), `n+1 = , concluı́mos, pelo item (a), que rn+1 = . Como a razão entre as áreas
2 2
de dois cı́rculos é dada pelo quadrado da razão entre seus raios, concluı́mos que as áreas da sequência de cı́rculos Cn é
πl2 1
também uma PG cujo primeiro termo vale πr12 = e cuja razão é igual a . Dessa forma, podemos novamente utilizar
4 2
πl2
a fórmula da soma da PG infinita para concluir que a soma procurada é dada por A = .
2

Pauta de Correção:
(a) Apresentar a relação correta. [0,25]
(b) • Observar que a sequência dos perı́metros formava uma PG infinita, identificando a razão e o primeiro termo. [0,25]
• Calcular corretamente a soma da PG infinita. [0,25]
(c) • Observar que a sequência das áreas formava uma PG infinita, identificando a razão e o primeiro termo. [0,25]
• Calcular corretamente a soma da PG infinita. [0,25]
Questão 06 [ 1,25 ]

Dois triângulos ABC e BCD são isósceles, retângulos em B e contidos em planos perpendiculares, conforme figura.
Determine o volume do sólido ABCD em função da medida a do segmento AB.

Solução
O sólido ABCD é uma pirâmide, conforme figura abaixo.

As retas BA e BD são perpendiculares à reta BC de interseção entre os planos, assim, o ângulo AB̂D entre essas retas
define o ângulo entre os planos. Como é dito que os planos são perpendiculares, temos então que AB̂D = 90◦ . Com isso, BD
é perpendicular ao plano da base ABC.

Tomando ABC como base da pirâmide, a altura da pirâmide relativa à base ABC será o segmento BD.

Observe que o triângulo ABC é retângulo isósceles, logo BC = AB = a e a área do triângulo ABC é dada por

a·a a2
S= = .
2 2
Como BD é congruente a AB, temos também BD = a, logo a altura da pirâmide relativa à face ABC é a. Assim, o volume
da pirâmide ABCD é dado por
1 1 a2 a3
V = S·h= · ·a= .
3 3 2 6

Pauta de Correção:
• Considerar (escrever ou esboçar) a base ABC e a altura BD (ou outra configuração equivalente) [0,25]
• Justificar o fato de BD ser altura relativa à base ABC [0,25]
• Calcular a área da base [0,5]
• Obter o volume final correto [0,25]
Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Um dado não viciado é lançado duas vezes. Neste contexto, em cada item abaixo, calcule a probabilidade de:
(a) a soma dos números obtidos ser um número ı́mpar.
(b) obter dois números menores do que 3.
(c) obter dois números pares.

Solução
O espaço amostral é formado por todos os pares de resultados possı́veis. Como em cada lançamento há 6 possibilidades, o
número de casos possı́veis é 6 · 6 = 36, todos com a mesma possibilidade de ocorrência.
(a) No primeiro lançamento temos 6 possibilidades. Para cada escolha, como a paridade no segundo lançamento tem que
18 1
ser diferente, temos 3 possibilidades, logo 18 casos favoráveis. Portanto, a probabilidade, neste caso, é igual a = .
36 2
(b) No primeiro lançamento temos 2 possibilidades e no segundo também 2 possibilidades, logo 4 casos favoráveis. Portanto,
4 1
a probabilidade, neste caso, é igual a = .
36 9
(c) No primeiro lançamento temos 3 possibilidades e no segundo também 3 possibilidades, logo 9 casos favoráveis. Portanto,
9 1 25
a probabilidade, neste caso, é igual a = = .
36 4 100

Pauta de Correção:
• Responder o item (a). [0,5]
• Responder o item (b). [0,5]
• Responder o item (c). [0,25]

Questão 08 [ 1,25 ]

Determine o resto da divisão por 19 do número

S = 118 + 218 + 318 + · · · + 9518 .

Solução

Pelo Pequeno Teorema de Fermat tem-se, para todo inteiro a tal que (a, 19) = 1, que
a18 ≡ 1 mod 19
Por outro lado, se (a, 19) 6= 1 então 19|a e neste caso
a18 ≡ 0 mod 19
Como temos cinco múltiplos de 19 entre 1 e 95: 1 · 19, 2 · 19, 3 · 19, 4 · 19 e 5 · 19 = 95, concluimos que

S ≡ 1 + 1 + · · · + 1 = 90 mod 19
Portanto,
S ≡ 14 mod 19
e o resto é igual a 14.

Pauta de Correção:
• Usar o Pequeno Teorema de Fermat, no caso (a, 19) = 1. [0, 25]
• Observar o caso em que 19|a. [0, 25]
• Determinar a quantidade de múltiplos de 19.[0, 25]
• Concluir que S ≡ 90 mod 19. [0, 25]
• Determinar o resto. [0, 25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2021.1 – Gabarito

[01] [ 1,25 ]
n n n
Determine um número natural n tal que é um quadrado, é um cubo e é uma quinta potência.
2 3 5

Solução
Considere n da forma n = 2α · 3β · 5θ , com α, β e θ maiores do que 1. Assim,
n n n
= 2α−1 · 3β · 5θ , = 2α · 3β−1 · 5θ e = 2α · 3β · 5θ−1
2 3 5
Temos que
n
é um quadrado se, e somente se, α − 1, β e θ são pares;
2
n
é um cubo se, e somente se, α, β − 1 e θ são múltiplos de 3 e
3
n
é uma potência quinta se, e somente se, α, β e θ − 1 são múltiplos de 5.
5
Portanto, devemos ter


α ı́mpar, múltiplo de 3 e 5
β par, β − 1 múltiplo de 3, β múltiplo de 5


θ par, múltiplo de 3 e θ − 1 múltiplo de 5
Escolhendo α = 15, β = 10 e θ = 6 obtemos n = 215 · 310 · 56 .

Pauta de Correção:
• Escrever n = 2α · 3β · 5θ . [0,25]
• Determinar as condições sobre os expoentes. [0,5]
• Determinar um n nas condições exigidas. [0,5]
[02] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

O cubo ABCDEF GH da figura tem aresta igual a a. Os pontos M , N e P são os centros das faces AF ED, DEHC
e CBGH, respectivamente.

(a) Determine o ângulo entre as faces M P A e M P N do tetraedro AM P N .


(b) Determine o volume do tetraedro AM P N .

Solução

(a) Como M , N e P são os centros das faces do quadrado em que estão, o plano contendo a face M N P do tetraedro é
paralelo às faces ABCD e F GHE do cubo, cortando as arestas AF , BG, DE e CH em seus pontos médios.

Pelo mesmo motivo, o segmento P B é paralelo a AM e então o plano contendo a face AM P contém também o ponto
B. Mais do que isto, ele é o plano contendo as arestas AB e EH do cubo.

Estes dois planos estão representados na figura abaixo, na qual I é o ponto médio de ED.

Como AM e M I são perpendiculares a M P , que é segmento comum aos planos contendo as faces AM P e M N P , o
ângulo entre estas faces é o ângulo AM̂ I. Como AM está na diagonal da face ADEF , e como M I é paralelo a AD,
temos AM̂ I = 135◦ .

Assim, o ângulo entre as faces AM P e M N P é 135◦ . Cabe observar, como informação complementar, que este não é o
menor ângulo entre os planos contendo as faces, que seria 45◦ .
(b) Como visto no item anterior, o plano contendo a face M N P do tetraedro é paralelo à face ABCD do cubo. Assim, se
pensarmos em M N P como base do tetraedro, a altura correspondente será o segmento M J, onde J é o ponto médio de
AD. De fato, M J é perpendicular ao plano contendo M N P , pois é perpendicular ao plano ABCD, paralelo a M N P .
Observando a figura do item (a), a área S da base M N P é dada por

1 1 a a2
S= · MI · MP = · · a =
2 2 2 4
a
e, como temos M J = , o volume do tetraedro será dado por
2
1 1 a2 a a3
V = · S · MJ = · · = .
3 3 4 2 24

Pauta de Correção:
(a) • Mostrar que o plano contendo a face M N P do tetraedro é paralelo às faces ABCD e F GHE. [0,25]
• Concluir que o ângulo entre as faces é de 135◦ . Considerar mesmo que o aluno calcule o menor ângulo entre os
planos contendo as faces, obtendo assim 45◦ . [0,25]
(b) • Escolher a face M P N como a base do tetraedro para o cálculo do volume. [0,5]
• Determinar o volume. [0,25]
[03] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere os polinômios p(X) = X 4 − 4X − 1 e q(X) = (X 2 + a)2 − 2(X + b)2 .


(a) Encontre os valores de a e b tais que os polinômios p(X) e q(X) sejam idênticos.
(b) Determine as raı́zes reais de p(X).

Solução

(a) Temos que q(X) = (X 2 + a)2 − 2(X + b)2 = X 4 + 2aX 2 + a2 − 2(X 2 + 2bX + b2 ).

Logo q(X) = X 4 + (2a − 2)X 2 − 4bX + a2 − 2b2 .

Então p(X) = q(X) ⇔ X 4 − 4X − 1 = X 4 + (2a − 2)X 2 − 4bX + a2 − 2b2 ⇔ 2a − 2 = 0, −4b = −4 e a2 − 2b2 = −1.

Portanto a = b = 1 e q(X) = (X 2 + 1)2 − 2(X + 1)2 .

(b) As raı́zes de p são obtidas resolvendo a equação p(x) = 0, ou seja, x4 − 4x − 1 = 0.

Como p(X) = q(X) basta resolvermos a equação q(x) = 0, isto é, (x2 + 1)2 − 2(x + 1)2 = 0.

Logo (x2 + 1)2 − 2(x + 1)2 = 0 ⇔ (x2 + 1)2 = 2(x + 1)2 ⇔ x2 + 1 = ± 2(x + 1).
√ √
Então temos que resolver x2 + 1 = 2(x + 1) e x2 + 1 = − 2(x + 1), ou seja,
√ √ √ √
x2 − 2x + (1 − 2) = 0 e x2 + 2x + (1 + 2) = 0.

Agora resolveremos as duas equações do segundo grau:


√ q √ √ p √
2
√ √ 2 ± 2 − 4(1 − 2) 2 ± −2 + 4 2
• x − 2x + (1 − 2) = 0 ⇔ x = = ,
2 2
√ q √ √ p √
2
√ √ − 2 ± 2 − 4(1 + 2) − 2 ± −2 − 4 2
• x + 2x + (1 + 2) = 0 ⇔ x = = e essas duas raı́zes não são reais.
2 2
√ p √ √ p √
2 + −2 + 4 2 2 − −2 + 4 2
Portanto as raı́zes reais de p são x1 = e x2 = .
2 2

Pauta de Correção:
(a) Determinar os valores de a e b. [0,5]
(b) • Encontrar as duas equações do segundo grau. [0,25]
• Verificar que uma equação não tem soluções reais. [0,25]
• Determinar as duas raı́zes de p. [0,25]
[04] [ 1,25 ]

Sejam r e s raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0 em que a, b e c são números reais dois a dois distintos, com a e c não
1 1
nulos. Suponha que, nesta ordem, a, c e b estão em progressão aritmética e também que, + , r + s, r2 + s2 estão
r s
c 1
em progressão geométrica, nesta ordem. Mostre que = .
a 6

Solução
c
Primeiro observamos que = rs. Vamos denotar essa quantidade como k.
a
b
Como a, c, b estão em P.A. temos que 2c = a + b. Dividindo tudo por a, temos que 2k = 1 + .
a
1 1
Agora, + , r + s, r2 + s2 estão em P.G.
r s
r+s r2 + s2
r+s = ⇐⇒ r2 + s2 = rs(r + s)
r+s
rs
Por outro lado, r2 + s2 = (r + s)2 − 2rs, o que nos dá (r + s)2 − 2rs = rs(r + s).
b
Como r + s = − = 1 − 2k, podemos substituir na identidade acima e obter
a
(1 − 2k)2 − 2k = k (1 − 2k) .

O que nos leva à seguinte equação quadrática


6k2 − 7k + 1 = 0,
1
.
cujas soluções são k = 1 ou k =
6
c c 1
Considerando que a 6= c, temos que k = não pode ser igual a 1, logo, deve-se ter = .
a a 6

Pauta de Correção:
c
• Usar a fórmula do produto das raı́zes da equação quadrática = rs [0,25]
a
b
• Usar a fórmula da soma das raı́zes da equação quadrática − = r + s [0,25]
a
• Usar a fórmula da PA de três termos. [0,25]
• Usar a fórmula da PG de três termos. [0,25]
• Combinar as fórmulas corretamente e concluir o resultado. [0,25]
[05] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,25; (c)=0,25; (d)=0,25 ]

Dizemos que uma função F : R → R é par quando F (−x) = F (x), para todo x ∈ R, e que é ı́mpar quando
F (−x) = −F (x), para todo x ∈ R.

(a) Dê exemplo de uma função par, uma função ı́mpar e uma que não seja nem par nem ı́mpar.

Para os itens a seguir, dada uma função qualquer f : R → R, considere as funções g, h : R → R definidas por
f (x) + f (−x) f (x) − f (−x)
g(x) = e h(x) = .
2 2
(b) A função g é par, ı́mpar ou nem par nem ı́mpar?

(c) A função h é par, ı́mpar ou nem par nem ı́mpar?


(d) Mostre que toda função f : R → R pode ser escrita como a soma de uma função par com uma função ı́mpar.

Solução

(a) F (x) = x2 é uma função par, G(x) = x é ı́mpar e H(x) = x2 + x não é par nem ı́mpar, pois H(1) = 2 e H(−1) = 0.
(b) A função g é par. De fato,
f (−x) + f (−(−x)) f (−x) + f (x)
g(−x) = = = g(x).
2 2
(c) A função h é ı́mpar. De fato,
f (−x) − f (−(−x)) f (−x) − f (x) f (x) − f (−x)
h(−x) = = =− = −h(x).
2 2 2
f (x) + f (−x) f (x) − f (−x)
(d) Note que f (x) = + = g(x) + h(x).
2 2
Vimos nos itens (b) e (c) que g é par e h é ı́mpar.

Pauta de Correção:
(a) Dar o exemplo de uma função par e uma ı́mpar. [0,25]
Dar o exemplo de uma função nem par nem ı́mpar. [0,25]
(b) Provar que g é par. [0,25]
(c) Provar que h é ı́mpar. [0,25]
(d) Mostrar que f pode ser escrita como a soma de uma função par com uma ı́mpar. [0,25]
[06] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

No sistema de numeração posicional duodecimal (base 12) os doze sı́mbolos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A e B são


utilizados como algarismos, sendo A = 10 e B = 11. Assim, por exemplo, o número 47, é representado no sistema
duodecimal como 3B12 , já que 47 = 3 × 12 + 11.
(a) Prove que um número expresso no sistema duodecimal é um múltiplo de 3 se, e somente se, o algarismo das
unidades é também múltiplo de 3.

(b) Quantos são os múltiplos de 3 que possuem quatro algarismos distintos quando representados no sistema duodec-
imal?
(c) Represente o resultado obtido no item (b) no sistema de numeração posicional duodecimal.

Solução

(a) Seja n um número inteiro de k algarismos representado em um sistema de numeração de base 12. Logo
k−1
X
n= ai · 12i
i=0

em que os ai representam os algarismos de n no sistema duodecimal. Em particular, a0 representa o algarismo das


unidades. Queremos provar que 3|n ⇐⇒ 3|a0 são equivalentes. Para a ida, suponhamos 3|n. Isto equivale a n ≡ 0
mod 3. Assim,
k−1
X
ai · 12i ≡ 0 mod 3.
i=0

Notando que o único termo do somatório que não é múltiplo de 12 é aquele para o qual i = 0, vamos reescrevê-lo isolando
este termo
k−1
X
a0 + ai · 12i ≡ 0 mod 3.
i=1

Agora podemos colocar 12 em evidência, obtendo


k−1
X
a0 + 12 ai · 12i−1 ≡ 0 mod 3.
i=1

Como 12 = 3 × 4, então
a0 ≡ 0 mod 3 ⇐⇒ 3|a0 .
Isso conclui a ida. A volta consiste em notar que todos os passos feitos aqui são reversı́veis.

(b) Queremos escrever um número com quatro algarismos distintos no sistema duodecimal de modo que este seja um múltiplo
de 3. Pelo que vimos no item (a), o algarismos das unidades deve ser um dos algarismos 0, 3, 6 ou 9. E para que possua,
de fato, 4 algarismos, o algarismo de maior valor relativo deve ser diferente de 0. Assim, precisamos dividir nosso prob-
lema em dois casos. O caso I é aquele em que o algarismo das unidades é zero e o caso II aquele em que este vale 3, 6 ou 9.

Em ambos os casos nosso problema será dividido nas seguintes etapas:

(i) escrever o algarismo das unidades (1 possibilidade no caso I e 3 possibilidades no caso II);
(ii) escrever o algarismo de maior valor relativo, que deve ser distinto daquele escolhido na etapa anterior (11 possibil-
idades no caso I e 10 possibilidades no caso II);
(iii) escrever cada um dos outros algarismos, os quais precisam ser diferentes dos dois escolhidos nas etapas anteriores
e também distintos entre si.

No caso 1, o número de possibilidades será 1 × 11 × (10 × 9) = 990.


No caso 2, o número de possibilidades será 3 × 10 × (10 × 9) = 2.700.
Somando o número de possibilidades de cada caso, os quais não possuem interseção, concluı́mos que existem 3.690
múltiplos de 3 representados por quatro algarismos distintos no sistema duodecimal.
(c) Para convertermos a representação de um número do sistema decimal para o sistema duodecimal devemos realizar a
divisão inteira por 12 sucessivas vezes (isto é, dividir por 12 o quociente da divisão anterior) até obtermos um quociente
menor que 12. A representação duodecimal terá como algarismos o quociente da última divisão seguido dos restos de
cada divisão, na ordem inversa daquela segundo a qual foram obtidos no processo.
Como
3.690 = 307 × 12 + 6
307 = 25 × 12 + 7
25 = 2 × 12 + 1
temos que 3.690 = 2.17612 .

Pauta de Correção:
(a) • Provar uma das implicações. [0,25]
• Provar a recı́proca. [0,25]
(b) • Encontrar a quantidade de representações de um dos casos. [0,25]
• Encontrar o total de representações. [0,25]
(c) Apresentar a representação duodecimal do resultado do item (b), mesmo que tenha errado o item (b). [0,25]
[07] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um segmento que tem um vértice de um triângulo como uma de suas extremidades e a outra extremidade sobre o lado
oposto a esse vértice é chamado de ceviana interna do triângulo. O Teorema de Ceva afirma que, em um triângulo
BA0 CB 0 AC 0
ABC, as cevianas internas AA0 , BB 0 e CC 0 se intersectam em um mesmo ponto se, e somente se, 0 · 0 · 0 =
AC BA CB
1.

Prove, utilizando o Teorema de Ceva, que em um triângulo ABC:


(a) as três medianas de um triângulo concorrem em um mesmo ponto.
(b) as três bissetrizes internas de um triângulo concorrem em um mesmo ponto.

Solução

(a) Neste caso os pontos A0 , B 0 e C 0 são os pontos médios dos lados BC, AC e AB, respectivamente. Assim, BA0 = A0 C,
BA0 CB 0 AC 0 BA0 CB 0 AC 0
CB 0 = B 0 A e AC 0 = C 0 B, de modo que = = = 1. Portanto, · · = 1 e, pelo teorema de
A0 C B0A C0B A0 C B 0 A C 0 B
Ceva, as três medianas concorrem no mesmo ponto.
BA0 AB
(b) Considerando a bissetriz interna AA0 , o teorema da bissetriz interna nos garante que = . De modo análogo,
AC0 AC
CB 0 BC
usando esse mesmo teorema, mas considerando as bissetrizes internas BB 0 e CC 0 , obtemos, respectivamente, =
B0A AB
AC 0 AC BA0 CB 0 AC 0 AB BC AC
e = . Portanto, · · = · · = 1. Assim, pelo teorema de Ceva, concluı́mos que as
C0B BC A0 C B 0 A C 0 B AC AB BC
três bissetrizes internas concorrem no mesmo ponto.

Pauta de Correção:
(a) • Observou que BA0 = A0 C, CB 0 = B 0 A e AC 0 = C 0 B. [0,25]
• Provou o resultado. [0,25]
BA0 AB
(b) • Fez uso do teorema da bissetriz interna para concluir = . [0,25]
A0 C AC
CB 0 BC AC 0 AC
• Fez uso do teorema da bissetriz interna para concluir = e = . [0,25]
0
BA AB C 0 B BC
• Concluiu a prova. [0,25]
[08] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Dados x, y ∈ Z, denotamos o maior divisor comum de x e y por (x, y).

(a) Seja a ∈ Z, com a 6= 1, e m ∈ N, mostre que


 m 
a −1
, a − 1 = (m, a − 1)
a−1

(b) Seja m um número natural. Mostre que

16 | (5m − 1) ⇐⇒ 4 | m

Solução

(a) Temos que am − 1 = (a − 1)(am−1 + · · · + a + 1), logo

am − 1
= (am−1 − 1) + (am−2 − 1) + · · · + (a − 1) + m − 1 + 1
a−1
Como a − 1|ak − 1, para todo k natural, temos que

am − 1
= `(a − 1) + m, onde ` ∈ Z.
a−1
 
am − 1
Portanto, , a − 1 = (`(a − 1) + m, a − 1) = (m, a − 1).
a−1
(b) Suponha que 16|5m − 1. Temos que 5m − 1 = 16k, com k ∈ Z e pelo item (a)
 
5m − 1
, 5 − 1 = (m, 5 − 1)
5−1
 
16k
Obtemos , 4 = (m, 4), logo 4 = (4k, 4) = (m, 4). Portanto, 4|m.
4
Suponha que 4|m. Temos que m = 4k, com k ∈ Z e
5m − 1 = 54k − 1 = (54 )k − 1.
Como 624 = 54 − 1|54k − 1 = 5m − 1 e 16|624, concluimos que 16|5m − 1.
(b) Solução Alternativa
 m 
5 −1
Pelo item (a) temos , 5 − 1 = (m, 5 − 1), logo
5−1
 m 
5 −1
, 4 = (m, 4)
4

Portanto,   m
5m − 1 5 − 1
4|m ⇐⇒ 4 = (m, 4) = , 4 ⇐⇒ 4 ⇐⇒ 16|5m − 1
4 4
Pauta de Correção:
am − 1
(a) • Escrever = k(a − 1) + m. [0,25]
a−1
• Concluir o resultado.[0, 25]
(b) • Provar que 16|5m − 1 =⇒ 4|m. [0,5]
• Provar que 4|m =⇒ 16|5m − 1. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2020.2 – Gabarito

[01] [ 1,25 ]

Determine a equação da reta tangente à parábola y = x2 + x + 1 no ponto P = (1, 3) usando o seguinte procedimento:

• Escreva a equação de uma reta r passando pelo ponto P = (1, 3) com inclinação m.
• Determine m de modo que a interseção entre a parábola y = x2 + x + 1 e a reta r tenha um único ponto, no
caso o ponto P .

Solução
A equação de uma reta r passando pelo ponto P = (1, 3) é dada por y = 3 + m(x − 1), onde m é a inclinação de r.

Para calcularmos a interseção da parábola com a reta, resolveremos o sistema



y = x2 + x + 1
y = 3 + m(x − 1)

Assim, x2 + x + 1 = 3 + m(x − 1), donde x2 + (1 − m)x + m − 2 = 0. O sistema terá uma única solução se, e somente se,
∆ = b2 − 4ac = 0.

Calculando ∆ = (1 − m)2 − 4(m − 2) = m2 − 6m + 9 = (m − 3)2 , obtemos ∆ = 0 se, e somente se m = 3.

Portanto a equação da reta tangente é y = 3 + m(x − 1) = 3 + 3(x − 1) = 3x.

Pauta de Correção:

• Escrever a equação da reta r. [0,25]


• Montar o sistema e impor a condição para se obter a interseção. [0,25]
• Concluir que o sistema tem solução única se, e somente se, ∆ = 0. [0,5]
• Calcular o valor de m. [0,25]

[02] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

A expansão de Cantor de um número inteiro positivo a é a soma

a = an n! + an−1 (n − 1)! + · · · + a2 2! + a1 1!
onde ai é um inteiro com 0 6 ai 6 i, para i = 1, 2, . . . , n, e an 6= 0.

Por exemplo 110 = 4 · 4! + 2 · 3! + 1 · 2! + 0 · 1!.

(a) Encontre a expansão de Cantor de 719.

(b) Prove, por indução em m, que


m−1
X
j · j! = m! − 1, para todo m > 2.
j=1
Solução

(a) Observando que 6! = 720 > 719, portanto, o maior valor de n para o qual n! < 719 é n = 5. Assim, dividindo 719 por
120 = 5!, encontramos:

719 = 5 · 5! + 119.
Tomando o resto da divisão acima e dividindo por 24 = 4!, que é o maior valor na forma de fatorial que divide 119,
obtemos:

119 = 4 · 4! + 23.
Tomando o resto da divisão acima e dividindo por 6 = 3!, que é o maior valor na forma de fatorial que divide 23, obtemos:

23 = 3 · 3! + 5.
Tomando o resto da divisão acima e dividindo por 2 = 2!, que é o maior valor na forma de fatorial que divide 5, obtemos:

5 = 2 · 2! + 1.
Das equações acima, concluı́mos que:

719 = 5 · 5! + 4 · 4! + 3 · 3! + 2 · 2! + 1 · 1!.

(b) Para m = 2 temos


2−1
X 1
X
j · j! = j · j! = 1 · 1! = 1 = 2! − 1.
j=1 j=1

Supondo a proposição verdadeira para algum número natural m > 2, provemos que a mesma é também verdadeira para
m + 1, ou seja, que
Xm
j · j! = (m + 1)! − 1.
j=1

Vejamos,
m
X m−1
X
j · j! = m · m! + j · j! = m · m! + m! − 1 = (m + 1) · m! − 1 = (m + 1)! − 1.
j=1 j=1

Logo, a proposição é verdadeira para m + 1 e, consequentemente, para todo m > 2 pertencente aos naturais.

Pauta de Correção:
(a) Determinar a expansão de Cantor do número 719. [0,5]
(b) • Verificar a validade da proposição para m = 2. [0,25]
• Finalizar a prova da indução. [0,5]

Pauta de Correção:
(a) • Encontrar o primeiro termo 5 · 5! da expansão de Cantor do número 719. [0,25]
• Encontrar a expansão de Cantor 5 · 5! + 4 · 4! + 3 · 3! + 2 · 2! + 1 · 1! do número 719. [0,25]
(b) • Verificar a validade da proposição para m = 2. [0,25]
• Finalizar a prova da indução. [0,5]
[03] [ 1,25 ]

Uma expressão exponencial ab com a > 0 e b ∈ R é menor que 1 nos seguintes casos: (i) a < 1 e b > 0 ou (ii) a > 1 e
b < 0.
Usando essa informação, determine o conjunto solução da inequação
3 −6x2 +11x−6
|2x + 1|x < 1,
em que x ∈ R, x 6= − 21 .

Solução
Como x 6= − 12 , a base |2x + 1| é estritamente maior que zero.

Primeiro caso: |2x + 1| < 1 e x3 − 6x2 + 11x − 6 > 0.

|2x + 1| < 1 ⇐⇒ −1 < 2x + 1 < 1 ⇐⇒ −2 < 2x < 0 ⇐⇒ −1 < x < 0

x3 − 6x2 + 11x − 6 = (x − 1)(x − 2)(x − 3) > 0 ⇐⇒ 1 < x < 2 ou x > 3.


Nesse caso não há solução, pois (−1, 0) ∩ ((1, 2) ∪ (3, +∞)) = ∅.

Segundo caso: |2x + 1| > 1 e x3 − 6x2 + 11x − 6 < 0.

|2x + 1| > 1 ⇐⇒ 2x + 1 < −1 ou 2x + 1 > 1 ⇐⇒ x < −1 ou x > 0.

x3 − 6x2 + 11x − 6 = (x − 1)(x − 2)(x − 3) < 0 ⇐⇒ x < 1 ou 2 < x < 3.


((−∞, −1) ∪ (0, +∞)) ∩ ((−∞, 1) ∪ (2, 3)) = (−∞, −1) ∪ (0, 1) ∪ (2, 3).

Logo o conjunto solução é (−∞, −1) ∪ (0, 1) ∪ (2, 3).

Pauta de Correção:
• Estabelecer o primeiro caso. [0,25]
• Resolver o primeiro caso. [0,25]
• Estabelecer o segundo caso. [0,25]
• Resolver o segundo caso. [0,25]
• Escrever a solução final. [0,25]
[04] [ 1,25 ]

Considere um triângulo ABC. Sejam M o ponto médio do segmento BC e Γ a circunferência tal que o segmento AB
é um diâmetro.
Prove que AB = AC se, e somente se, M pertence à circunferência Γ.

Solução

Supondo AB = AC, o triângulo BAC é isósceles de vértice A, portanto a mediana AM é também altura. Desta forma, o
triângulo AM B será retângulo, portanto estará inscrito na circunferência Γ, de diamêtro AB.

Se, por outro lado, assumimos que M ∈ Γ, então, como AB é diâmetro, AM̂ B = 90◦ . Com isso, a mediana AM do triângulo
BAC é também uma altura, provando que BAC é isósceles.

Pauta de Correção:
• Indicar que precisa provar os dois “sentidos” da equivalência, mesmo que um deles apresente erro ou não seja feito. [0, 25]
Provar que, se AB = AC, então M ∈ Γ:
• Dizer que AM é altura do triângulo BAC e concluir que o triângulo AM B é retângulo. [0,25]
• Concluir que M ∈ Γ. [0,25]
Provar que, se M ∈ Γ, então AB = AC:
• Usar o fato de que M ∈ Γ para concluir que o triângulo AM B é retângulo, logo AM é altura do triângulo ABC. [0,25]
• Concluir que o triângulo BAC é isósceles, logo AB = AC. [0,25]

[05] [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

No cilindro circular reto da figura, o raio da base mede 3cm e a altura mede 9cm. Sabe-se ainda que o segmento AB
é perpendicular às bases e que o comprimento do menor arco AC é, em centı́metros, 2π.

(a) Determine a medida do segmento BC.


b
(b) Determine o ângulo ABC.
Solução

(a) Como o comprimento do menor arco AC é 2π e o comprimento da circunferência da base superior é 2π · 3 = 6π, o ângulo
b da figura abaixo será dado por 2π · 360◦ .
central AOC

Pela Lei dos Cossenos,


 
2 2 1
AC = 32 + 32 − 2 · 3 · 3 · cos(120◦ ) ∴ AC = 18 − 18 · − = 27.
2

∴ AC = 3 3.
Como AC está contido em uma base, AB e AC são perpendiculares, logo o triângulo BAC é retângulo em A. Pelo
Teorema de Pitágoras,

2 2 2 2 2 √
BC = AB + AC ∴ BC = 81 + 27 ∴ BC = 108 ∴ BC = 6 3.
(b) Temos que √ √
b = AC 3 3 3
tg ABC = = .
AB 9 3
b = 30◦ .
Com isso, ABC

De forma alternativa, poderı́amos ter feito



b = AC = 3√3 = 1 ,
sen ABC
BC 6 3 2

ou ainda √
b = AB 9 3
cos ABC = √ = ,
BC 6 3 2
b = 30◦ .
que também conduziriam a ABC

Pauta de Correção:
(a) b mede 120◦ . [0,25]
• Observar que o ângulo central AOB
• Determinar AC. [0,25]
• Calcular BC. [0,25]

b = AC b = AC , ou ainda cos ABC


b = AB . [0,25]
(b) • Observar que tg ABC , ou que sen ABC
AB BC BC
• Determinar AB̂C. [0,25]
[06] [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Mostre que a solução da recorrência


(
xn+2 − 10xn+1 + 25xn = 0;
x0 = 3; x1 = 45

é da forma an · bn em que an é uma progressão aritmética e bn é uma progressão geométrica.


(b) Encontre uma recorrência linear de segunda ordem com coeficientes constantes, indicando as condições iniciais,
cuja solução é a sequência
xn = (a + nr) · q n
em que a, r e q são números reais.

Solução

(a) A equação caraterı́stica dessa recorrência é λ2 − 10λ + 25 = 0 cuja raiz única é λ = 5. Logo a solução geral é da forma
xn = C1 · 5n + C2 · n · 5n . Fazendo n = 0 e n = 1 chegamos ao sistema
( (
3 = x0 = C1 C1 = 3
⇐⇒
45 = x1 = 5C1 + 5C2 C2 = 6

Logo a solução é xn = 3 · 5n + 6n · 5n = (3 + 6n) · 5n , onde an = 3 + 6n é uma progressão aritmética e bn = 5n é uma


progressão geométrica.
(b) A equação caracterı́stica da recorrência procurada deve ter q como única raiz. Assim, deve ser λ2 − 2qλ + q 2 = 0. O que
gera a recorrência xn+2 − 2qxn+1 + q 2 xn = 0. Os dois primeiros termos da sequência são x0 = a e x1 = (a + r)q.

Pauta de Correção:
(a) • Encontrar a solução geral da recorrência. [0,25]
• Encontrar C1 e C2 . [0,25]
• Escrever a solução na forma de produto. [0,25]
(b) • Escrever a recorrência. [0,25]
• Determinar os dois primeiros termos. [0,25]

[07] [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Mostre que se 7 | a2 + b2 , onde a e b são números inteiros, então 7 | a e 7 | b.


(b) Resolva a equação diofantina X 2 + Y 2 = 637.

Solução

(a) Considere um número inteiro n e sua divisão por 7,


n = 7q + r onde 0 6 r 6 6. Analisando as possibilidades para os restos da divisão de n2 por 7 temos

n = 7q =⇒ n2 = 7t

n = 7q + 1 =⇒ n2 = 7t + 1
n = 7q + 2 =⇒ n2 = 7t + 4
n = 7q + 3 =⇒ n2 = 7t + 9 = 7(t + 1) + 2
n = 7q + 4 =⇒ n2 = 7t + 16 = 7(t + 2) + 2
n = 7q + 5 =⇒ n2 = 7t + 25 = 7(t + 3) + 4
n = 7q + 6 =⇒ n2 = 7t + 36 = 7(t + 5) + 1
Assim, os possı́veis restos da divisão de um quadrado por 7 são 0, 1, 2 ou 4.
Seja s o resto da divisão de a2 + b2 por 7. Temos que,

7 | a e 7 - b =⇒ s = 1, 2 ou 4

7 - a e 7 | b =⇒ s = 1, 2 ou 4

7 - a e 7 - b =⇒ s = 1, 2, 3, 4, 5 ou 6
2 2
Portanto, se 7 | a + b , então 7 | a e 7 | b.
(b) Suponha x e y inteiros tais que x2 + y 2 = 637.
Temos que 637 = 72 · 13, logo 7 | x2 + y 2 .
Usando o item (a), concluimos que x = 7t e y = 7k, com t, k inteiros. Segue que x2 + y 2 = 72 · t2 + 72 · k2 = 72 · 13,
donde t2 + k2 = 13.
Concluimos que t2 = 4 e k2 = 9 ( ou t2 = 9 e k2 = 4) , portanto

x = ±14 e y = ±21
ou
x = ±21 e y = ±14
Portanto, os pares (x, y) soluções da equação são:
(14, 21), (14, −21), (−14, 21), (−14, −21), (21, 14), (21, −14), (−21, 14) e (−21, −14).

Solução Alternativa item (a)


Dado um número inteiro n, n ≡ r mod 7 onde 0 6 r 6 6. Segue que,

n ≡ 0 mod 7 =⇒ n2 ≡ 0 mod 7

n ≡ 1 mod 7 =⇒ n2 ≡ 1 mod 7
n ≡ 2 mod 7 =⇒ n2 ≡ 4 mod 7
n ≡ 3 mod 7 =⇒ n2 ≡ 2 mod 7
n ≡ 4 mod 7 =⇒ n2 ≡ 2 mod 7
n ≡ 5 mod 7 =⇒ n2 ≡ 4 mod 7
n ≡ 6 mod 7 =⇒ n2 ≡ 1 mod 7
Suponha que 7 - a ou 7 - b, isto é, a 6≡ 0 mod 7 ou b 6≡ 0 mod 7.
Analisando todas as possibilidades obtemos a2 + b2 ≡ 1, 2, 3, 4, 5, 6 mod 7, logo a2 + b2 6≡ 0 mod 7. Portanto, se 7 | a2 + b2 ,
então 7 | a e 7 | b.

Pauta de Correção:
(a) • Determinar os restos da divisão de um quadrado por 7. [0,25]
• Determinar os restos da divisão de a2 + b2 por 7. [0,25]
• Concluir o resultado. [0, 25]
(b) • Usar o item (a) e concluir que 7 | x e 7 | y. [0,25]
• Determinar as soluções. [0,25]

[08] [ 1,25 ]

Seja m um número natural. Dois números inteiros a e b são ditos congruentes módulo m se os restos da divisão
euclidiana de a e b por m são iguais. Quando os inteiros a e b são congruentes módulo m, escreve-se

a ≡ b mod m

Suponha que a, b, m ∈ Z, com m > 1. Prove que a ≡ b mod m se, e somente se, m | b − a.
Solução
Sejam a = mq1 + r1 e b = mq2 + r2 , com 0 6 r1 , r2 < m, as divisões euclidianas de a e b por m, respectivamente.
Suponha que a ≡ b mod m. Segue, da definição, que r1 = r2 e daı́ b − a = m(q2 − q1 ) + r2 − r1 = m(q2 − q1 ), portanto
m|b − a.
Reciprocamente, suponha que m|b − a. Como r2 − r1 = b − a − m(q2 − q1 ) e m|b − a, concluimos que m|r2 − r1 . Sendo
0 6 r1 , r2 < m, temos que |r2 − r1 | < m, logo r2 = r1 . Portanto, a ≡ b mod m.

Pauta de Correção:
• Escreveu as divisões de a e b por m. [0,25]
• Supondo que a ≡ b mod m, considerou a diferença b − a. [0,25]
• Concluiu que m|b − a. [0,25]
• Supondo que m|b − a, concluiu que m|r2 − r1 . [0,25]
• Concluiu que a ≡ b mod m. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2020.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ]

Determine um número inteiro entre 1200 e 1400 que deixa restos 2 e 6 quando dividido, respectivamente, por 11 e 13.

Solução
Queremos determinar uma solução inteira x, 1200 < x < 1400, do seguinte sistema de congruências:

X ≡ 2 mod 11
X ≡ 6 mod 13
Como (11, 13) = 1, podemos aplicar o Teorema Chinês dos Restos para obter a solução geral.
Considere M = 11 · 13 = 143, M1 = 13 e M2 = 11.

A solução geral é dada por X = M1 y1 c1 + M2 y2 c2 + 143t, com t ∈ Z, onde


c1 = 2, c2 = 6 e y1 , y2 são soluções das congruências M1 y1 ≡ 1 mod 11, M2 y2 ≡ 1 mod 13.

Temos que
13y1 ≡ 1 mod 11 ⇔ 2y1 ≡ 1 mod 11
11y2 ≡ 1 mod 13 ⇔ −2y2 ≡ 1 mod 13
com soluções y1 = 6 e y2 = 6.

Assim, X = 13 · 6 · 2 + 11 · 6 · 6 + 143t = 552 + 143t.

Como procuramos uma solução x, 1200 < x < 1400, obtemos t = 5 e x = 1267.

Pauta de Correção:
• Escrever o sistema de congruências. [0,25]
• Escrever a forma da solução geral. [0,25]
• Achar a solução geral. [0,5]
• Achar a solução particular. [0,25]

Solução Alternativa
Queremos determinar uma solução inteira x, 1200 < x < 1400, do seguinte sistema de congruências:

X ≡ 2 mod 11
X ≡ 6 mod 13
Temos que a solução da primeira congruência é dada por X = 2 + 11t. Substituindo na segunda congruência obtemos
2 + 11t ≡ 6 mod 13.
Como,
2 + 11t ≡ 6 mod 13 ⇔ 11t ≡ 4 mod 13 ⇔ −2t ≡ 4 mod 13
−2t ≡ 4 mod 13 ⇔ −12t ≡ 24 ≡ 11 mod 13 ⇔ t ≡ 11 mod 13
Assim segue que, t = 11 + 13k e X = 2 + 11(11 + 13k) = 123 + 143k, com k ∈ Z.
Como procuramos uma solução x, 1200 < x < 1400, obtemos k = 8 e x = 1267.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:


• Escrever o sistema de congruências. [0,25]
• Resolver uma das congruências e substituir a solução na outra. [0,25]
• Achar a solução geral. [0,5]
• Achar a solução particular. [0,25]
Outra Solução Alternativa
Queremos determinar uma solução inteira X, com 1200 < X < 1400 tal que X = 11x + 2 e X = 13y + 6.

Então temos a equação diofantina linear 11x − 13y = 4 que tem como solução particular x = −2 e y = −2.

Como (11, 13) = 1, a solução geral é x = 13t − 2, y = 11t − 2, com t ∈ Z.

Assim segue que X = 11(13t − 2) + 2 = 143t − 20.

Logo temos que 1200 < 143t − 20 < 1400 ↔ 1220 < 143t < 1420 e então t = 9.

Portanto X = 143 · 9 − 20 = 1267.

Pauta de Correção da Outra Solução Alternativa:


• Escrever a equação diofantina linear. [0,25]
• Encontrar a solução geral da equação diofantina linear. [0,5]
• Achar a solução geral para X. [0,25]
• Achar o valor de X. [0,25]

Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Para cada sentença abaixo, diga se ela é verdadeira ou falsa, justificando sua resposta.
(a) Existe um número real x tal que 5x + 7 < 2 − x < 7x + 8.
x2 + 4x + 3
(b) Se x é um número real tal que x > 3, então > 0.
x2 − 4x + 3
(c) Para todo número real x, tem-se que x < 1 =⇒ x2 < 1.

Solução

(a) Temos que


5x + 7 < 2 − x < 7x + 8 ⇐⇒ 5x + 7 < 2 − x e 2 − x < 7x + 8
5 3
⇐⇒ x<− e x>− .
6 4
5 3
Portanto, a sentença é falsa, pois −
<− .
6 4
(b) Como x > 3, temos que x2 + 4x + 3 > 0 e assim

x2 + 4x + 3
> 0 ⇐⇒ x2 − 4x + 3 > 0.
x2 − 4x + 3

Considerando que x2 − 4x + 3 > 0 ⇐⇒ (x − 1)(x − 3) > 0, concluı́mos que, se x > 3 então (x − 1)(x − 3) > 0.
Portanto, a sentença é verdadeira.
(c) A sentença é falsa pois para x = −2 temos que

−2 < 1 e (−2)2 > 1.

Pauta de Correção:
(a) • Escrever que 5x + 7 < 2 − x < 7x + 8 é equivalente a 5x + 7 < 2 − x e 2 − x < 7x + 8. [0,25]
• Resolver as duas inequações e concluir que a sentença é falsa. [0,25]
(b) • Observar que, como x > 3, a inequação é equivalente a x2 − 4x + 3 > 0. [0,25]
• Concluir que, como x > 3, a sentença é verdadeira. [0,25]
(c) Justificar que a sentença é falsa exibindo um valor de x que não verifica a implicação. [0,25]
Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,25; (d)=0,25 ]

Seja D um ponto no interior de um triângulo equilátero ABC de lado ` tal que AD = 7, BD = 8 e CD = 5. Considere
um ponto E no exterior do triângulo ABC, conforme a figura, tal que o ângulo DCEb = 60◦ e CD = CE.

(a) Mostre que os triângulos ACE e BCD são congruentes.


(b) Determine os comprimentos dos segmentos AE e DE.
b
(c) Encontre a medida do ângulo AED.
(d) Encontre o valor de `.

Solução

(a) Como DCE b = B CAb = 60◦ , então B CDb = B CA b − DCAb = 60◦ − DCA
b = DCEb − DCAb = ACE b e, já que AC = BC,
pois ABC é equilátero, e CE = CD, por hipótese, concluı́mos pelo caso LAL, que os triângulos ACE e BCD são
congruentes.
(b) Pela congruência provada no item (a) temos que AE = BD = 8. Além disso, como CD = CE = 5 e DCE b = 60◦ , segue
que o triângulo DCE é equilátero e, portanto, DE = 5.
2 2 2
b = α. Aplicando a lei dos cossenos no triângulo AED temos que AD = AE + DE − 2 · AE · DE · cos α.
(c) Seja AED
b = α = 60◦ .
Segue daı́ que 49 = 64 + 25 − 2 · 8 · 5 · cos α e então cos α = 0, 5. Portanto AED
(d) Usando o fato, já concluı́do no item (b), de que CDE é equilátero e o resultado provado no item (c), temos que
b = 120◦ . Aplicando a lei dos cossenos no triângulo AEC segue que
AEC
2 2 2
AC = AE + CE − 2 · AE · CE · cos 120◦ .

Logo temos que `2 = 64 + 25 − 2 · 8 · 5 · (−0, 5) = 129.



Portanto ` = 129.

Pauta de Correção:
(a) Provar a congruência dos triângulos ACE e BCD. [0,25]
(b) • Determinar o comprimento do segmento AE. [0,25]
• Determinar o comprimento do segmento DE. [0,25]
b usando a lei dos cossenos. [0,25]
(c) Encontrar o valor de AED
(d) Encontrar o valor de ` usando a lei dos cossenos. [0,25]
Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Dizemos que dois polinômios p(X) e q(X) são tangentes para X = r quando a diferença p(X) − q(X) é divisı́vel por
(X − r)2 .

(a) Mostre que p(X) = aX 2 + bX + c e q(X) = (2ar + b)X + (c − ar2 ) são tangentes para X = r.
(b) Seja p(X) = an X n + · · · + a2 X 2 + a1 X + a0 , em que n > 2 e a1 6= 0. Encontre o polinômio de grau 1 que é
tangente a p(X) para X = 0.

Solução

(a)

p(X) − q(X) = aX 2 + bX + c − ((2ar + b)X + (c − ar2 ))


= aX 2 + bX + c − (2ar + b)X − (c − ar2 )
= aX 2 + (b − (2ar + b))X + c − (c − ar2 )
= aX 2 − 2arX + ar2
= a(X − r)2 .

Logo (X − r)2 divide p(X) − q(X).


(b) Seja q(X) = mX + n. Queremos encontrar m, n ∈ R de forma que X 2 divida p(X) − q(X).

p(X) − q(X) = an X n + · · · + a2 X 2 + a1 X + a0 − (mX + n)


= an X n + · · · + a2 X 2 + (a1 − m)X + a0 − n
= X 2 (an X n−2 + · · · + a3 X + a2 ) + (a1 − m)X + a0 − n.

Como o resto r(X) = (a1 − m)X + a0 − n nesta expressão deve ser identicamente nulo, concluı́mos que a1 = m e que
a0 = n, ou seja, q(X) = a1 X + a0 .

Pauta de Correção:
(a) • Escrever o polinômio p(X) − q(X). [0,25]
• Fatorar o polinômio p(X) − q(X). [0,25]
(b) • Escrever o polinômio p(X) − q(X). [0,25]
• Mostrar que o resto é r(X) = (a1 − m)X + a0 − n. [0,25]
• Concluir que o resto é identicamente nulo e mostrar q(X). [0,25]
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Quais são os possı́veis restos da divisão do quadrado de um número inteiro por 5?

(b) Uma tripla pitagórica é uma tripla de inteiros positivos a, b e c tais que a2 + b2 = c2 . Use o item (a) para
mostrar que em toda tripla pitagórica sempre há um múltiplo de 5.

Solução

(a) Todo número inteiro deixa resto 0, 1, 2, 3 ou 4 quando dividido por 5. Desta forma, se n é um inteiro qualquer, temos
uma, e apenas uma, das seguintes situações:

n ≡ 0 mod 5 =⇒ n2 ≡ 0 mod 5
n ≡ 1 mod 5 =⇒ n2 ≡ 1 mod 5
n ≡ 2 mod 5 =⇒ n2 ≡ 4 mod 5
n ≡ 3 mod 5 =⇒ n2 ≡ 4 mod 5
n ≡ 4 mod 5 =⇒ n2 ≡ 1 mod 5
Isto é, um quadrado perfeito deixa resto 0, 1 ou 4 quando dividido por 5.
(b) No caso em que um dos inteiros a ou b é múltiplo de cinco, não há o que provar. Suponhamos então que nem a nem b
sejam múltiplos de 5. Então, deve ocorrer uma das possibilidades abaixo:

(1) a2 ≡ 1 mod 5 e b2 ≡ 1 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 2 mod 5 =⇒ c2 ≡ 2 mod 5


(2) a2 ≡ 4 mod 5 e b2 ≡ 4 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 8 mod 5 =⇒ c2 ≡ 3 mod 5
(3) a2 ≡ 1 mod 5 e b2 ≡ 4 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 5 mod 5 =⇒ c2 ≡ 0 mod 5
(4) a2 ≡ 4 mod 5 e b2 ≡ 1 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 5 mod 5 =⇒ c2 ≡ 0 mod 5

Pelo item (a) sabemos que os dois primeiros casos são impossı́veis, já que os restos da divisão por 5 não podem ser 2
nem 3 e os dois últimos casos significam que c2 , e portanto c, é múltiplo de 5. Isso mostra que deve haver sempre um
múltiplo de 5 entre os inteiros a, b e c.

Pauta de Correção:
(a) • Observar que os inteiros podem ser divididos em classes conforme o resto da divisão por 5. [0,25]
• Encontrar os possı́veis restos da divisão por 5 elevando ao quadrado os representantes de cada classe. [0,25]
(b) • Listar todos os casos possı́veis. [0,25]
• Argumentar, com base no item (a), que os casos (1) e (2) são impossı́veis. [0,25]
• Argumentar que os casos (3) e (4) implicam que c é múltiplo de 5. [0,25]
Questão 06 [ 1,25 ]

Um poliedro é dito inscritı́vel se existir uma esfera que passa por todos os seus vértices. Mostre que um prisma reto
cuja base é um polı́gono regular é um poliedro inscritı́vel.

Solução
Seja A1 A2 ...An o polı́gono regular de uma das bases do prisma. Como este prisma é reto, a outra base será o polı́gono A01 A02 ...A0n
congruente a A1 A2 ...An e tal que os lados correspondentes Ai Ai+1 e A0i A0i+1 são paralelos.

A base A1 A2 ...An é regular, logo, podemos considerar o centro O do cı́rculo C, de raio r, que circunscreve este polı́gono. Como
a outra base, A01 A02 ...A0n , é congruente a A1 A2 ...An , ela será inscritı́vel em um cı́rculo C 0 , de mesmo raio r e centro O0 . Como o
sólido em questão é um prisma, os planos que contém as bases são paralelos, e, como este prisma é reto, o segmento OO0 será
perpendicular a estes planos, e paralelo às arestas Ai A0i .

Seja M o ponto médio de OO0 . Cada triângulo M OAi é retângulo com catetos de medidas M O e r. Como isso, todos estes
triângulos são congruentes, e, consequentemente, M A1 ≡ M A2 ≡ ... ≡ M An . Da mesma forma, cada triângulo M OA0i é
retângulo com catetos de medidas M O0 = M O e r, logo, M A01 ≡ M A02 ≡ ... ≡ M A0n ≡ M A1 ≡ ... ≡ M An .

Assim, M é o centro de uma esfera que passa por todos os vértices


A1 , ..., An , A01 , ..., A0n , tendo os segmentos M Ai e M A0i como raios.

Pauta de Correção:
• Apresentar, mesmo que só em um desenho, o segmento que une os centros dos cı́rculos que circunscrevem as bases. [0,25]
• Afirmar que a esfera que circunscreve o prisma tem centro em M , ponto médio do segmento do item de pauta anterior.
[0,5]
• Mostrar que todos os segmentos que unem M aos vértices do prisma são congruentes. [0,5]

Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

2b
Seja f : (0, +∞) → R, f (x) = ax4 + , onde a e b são números reais positivos.
x2
r !
6 b
(a) Calcule f .
a

(b) Use a desigualdade das médias para provar que o valor encontrado no item anterior é o valor mı́nimo de f .

Solução

(a)
r ! r !4
6 b 6 b 2b b2/3 2b 1/3 2/3

3
f =a + r !2 = a a2/3 + 1/3 = a b + 2a1/3 b2/3 = 3 ab2 .
a a b
6 b

a a1/3

(b) Como a, b e x são positivos segue, pela desigualdade entre as médias aritmética e geométrica (MA > MG), que
r r !
2b b b b b √ 6 b
>
3
f (x) = ax4 + 4 3
2
= ax + 2
+ 2
3 ax4 · 2 · 2 = 3 ab2 = f .
x x x x x a

Pauta de Correção:

3
(a) • Encontrar o valor 3 ab2 . [0,5]
(b) • Usar a desigualdade das médias com três termos de modo a obter o resultado. [0,5]
√3
• Concluir que 3 ab2 é o valor mı́nimo. [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um ônibus possui 32 poltronas distribuı́das em 8 fileiras, ou seja, quatro em cada fileira, duas em cada lado do
corredor. Pergunta-se:
(a) Se forem os primeiros a entrar no ônibus, de quantas formas uma criança e seus dois responsáveis podem ocupar
três poltronas do ônibus de modo que todos fiquem na mesma fileira e um dos adultos fique ao lado da criança,
sem que esteja separado pelo corredor?

(b) Se outras 29 pessoas já entraram no ônibus, ocupando as poltronas de forma completamente aleatória, deixando
apenas 3 poltronas livres, qual a probabilidade de que seja possı́vel os três se sentarem da forma estabelecida
no item anterior?

Solução

(a) Ao entrar no ônibus vazio a criança tem 32 duas possibilidades de escolha. Depois que a criança estiver sentada deve-se
decidir qual dos responsáveis sentará ao seu lado, para o que há 2 possibilidades. Estando um dos responsáveis sentado
ao lado da criança, o outro deverá então escolher uma dentre as 2 poltronas restantes na mesma fileira. Considerando
estas três etapas (escolha da criança, escolha do responsável ao seu lado e escolha da poltrona do outro responsável) e
aplicando a elas o princı́pio fundamental da contagem (PFC) podemos concluir que há 32 × 2 × 2 = 128 configurações
de ocupação das três poltronas pela criança e seus responsáveis que atendem as condições do enunciado.
(b) Para encontrar a probabilidade de haver uma configuração que atenda ao item (a) devemos calcular o número de
configurações do espaço amostral que atendem a essas condições e dividir esse número pelo total de configurações do
espaço amostral. Para encontrar o total de configurações basta notar que precisamos escolher quais serão as três poltronas
3 32!
vazias dentre as 32, o que corresponde a C32 = = 32 × 31 × 5 = 4960 configurações. Já as configurações desejadas
3! 29!
são aquelas nas quais as três poltronas livres estão todas na mesma fileira. Assim, para encontrar o total de configurações
desejadas, basta escolhermos uma dentre as 8 fileiras existentes e, a seguir, qual dentre as 4 poltronas da fileira escolhida
estará ocupada, totalizando, pelo PFC novamente, 8 × 4 = 32 possibilidades. Portanto, a probabilidade procurada é
32 8×4 1
= = .
4960 32 × 31 × 5 155

Pauta de Correção:
(a) • Concluir que há 32 possibilidades de escolha para a criança ou concluir que após a criança se sentar há 2 × 2 = 4
possibilidades de escolha para os responsáveis ou concluir alguma contagem parcial correta. [0,25]
• Concluir que há, no total, 128 possibilidades. [0,25]
29 3
(b) • Concluir que há C32 = C32 = 32 × 31 × 5 = 4960 casos possı́veis, que correspondem a todas as maneiras possı́veis
dos 29 passageiros se sentarem aleatoriamente no ônibus. [0,25]
• Concluir que há 8 × 4 = 32 casos favoráveis, que correspondem aos casos possı́veis em que uma fileira terá três
lugares vagos. [0,25]
• Calcular a probabilidade como a razão entre casos favoráveis e casos possı́veis. [0, 25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2019.2 – Gabarito

[01] QstId=227 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove que, se p é primo e p 6= 3, então p2 deixa resto 1 na divisão por 3.

(b) Sejam p, q, r e n primos positivos tais que n = p2 + q 2 + r2 . Mostre que um dos primos p, q, r é igual a 3.

Solução

(a) Considere p primo, p 6= 3. Pela divisão euclidiana, tem-se que

p = 3s + t, com 0 6 t 6 2.

Como p é primo e p 6= 3, segue que t = 1 ou t = 2 e assim p = 3s + 1 ou p = 3s + 2. Analisando os dois casos,


p2 = (3s + 1)2 = 9s2 + 6s + 1 = 3(3s2 + 2s) + 1
p2 = (3s + 2)2 = 9s2 + 12s + 4 = 3(3s2 + 4s + 1) + 1
Portanto, p2 deixa resto igual a 1 na divisão por 3.

(b) Sejam p, q, r e n primos tais que n = p2 + q 2 + r2 . Suponha, por absurdo, que p, q, r 6= 3. Daı́, usando o item (a),

n = (3s1 + 1) + (3s2 + 1) + (3s3 + 1) = 3(s1 + s2 + s3 + 1)

Temos uma contradição, pois n > 3 e n é primo.

Pauta de Correção:

(a) • Escrever que p = 3s + 1 ou p = 3s + 2. [0,25]


• Concluir que, nos dois casos, p2 deixa resto 1 na divisão por 3. [0,25]

(b) • Supor, por absurdo, que p, q, r 6= 3. [0,25]


• Usar o item (a) para escrever n. [0,25]
• Concluir a contradição. [0,25]

[02] QstId=1437 [ 1,25 ]

O Teorema do Ângulo Inscrito afirma que se AB e AC são cordas de um cı́rculo de centro O, então a medida do
ângulo inscrito ∠BAC é igual à metade do ângulo central ∠BOC correspondente. Prove esse teorema no caso em
que o ângulo ∠BAC contém o centro O em seu interior.
Solução

Prolongando o raio AO obtemos o diâmetro AD. Os triângulos AOC e AOB são isósceles de bases AC e AB, respectivamente,
logo
b = OCA
OAC b = α e OAB
b = OBA
b = β.

b o diâmetro AD divide em dois cada um dos ângulos B AC


Como o centro O está no interior do ângulo B AC, b e B OC,
b ou seja,

b = C OD
B OC b + B OD
b e B AC
b = B AO
b + C AO.
b

b = 2α e B OD
Usando o teorema do ângulo externo aplicado aos triângulos AOC e OBA obtemos C OD b = 2β. Concluı́mos
que,
b = C OD
B OC b + B OD
b = 2α + 2β = 2(α + β) = 2B AC.
b
b
B OC
b =
Portanto, B AC .
2

Pauta de Correção:

• Concluir que os triângulos AOC e AOB são isósceles. [0,25]

• Concluir que os ângulos das bases dos triângulos isósceles são congruentes. [0,25]
b e B OC.
• Observar que o diâmetro AD divide em dois cada um dos ângulos B AC b [0,25]

• Aplicar o teorema do ângulo externo duas vezes. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]

[03] QstId=1348 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Sabendo que u e v são as raı́zes reais da equação x2 + bx + c = 0, onde b, c ∈ R, encontre:

(a) Uma equação do segundo grau, com coeficientes dados em função de b e c, que tenha como raı́zes u2 e v 2 .

(b) Uma equação do segundo grau, com coeficientes dados em função de b e c, que tenha como raı́zes u3 e v 3 .

Solução
Note que se u e v são raı́zes da equação x2 + bx + c = 0, então u + v = −b e uv = c.

(a) Pelas relações acima segue que

u2 + v 2 = (u + v)2 − 2uv = b2 − 2c e u2 v 2 = (uv)2 = c2 .

Logo u2 e v 2 são raı́zes da equação do segundo grau x2 + (2c − b2 )x + c2 = 0.

(b) Agora temos que u3 + v 3 = (u + v)3 − 3uv(u + v) = −b3 − 3c(−b) = −b3 + 3bc e u3 v 3 = (uv)3 = c3 .

Logo u3 e v 3 são raı́zes da equação do segundo grau x2 + (b3 − 3bc)x + c3 = 0.


Pauta de Correção:

(a) • Observar que u + v = −b e u · v = c. [0,25]


• Expressar u2 + v 2 em função de b e de c. [0,25]
• Achar a equação pedida. [0,25]

(b) • Expressar u3 + v 3 em função de b e de c. [0,25]


• Achar a equação pedida. [0,25]

Solução Alternativa

Seja u uma raiz da equação x2 + bx + c = 0.

(a) Como u2 + bu + c = 0 então −bu = u2 + c, logo (−bu)2 = u4 + 2cu2 + c2 . Portanto u4 + (2c − b2 )u2 + c2 = 0. Segue-se
que u2 é raiz da equação x2 + (2c − b)x + c2 = 0.

(b) Tem-se que (−bu)3 = (u2 + c)3 = u6 + 3u2 c(u2 + c) + c3 = u6 − 3bcu3 + c3 Portanto u6 + (b3 − 3bc)u3 + c3 = 0. Segue-se
que u3 é raiz da equação x2 + (b3 − 3bc)x + c3 = 0.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

(a) • Escrever −bu = u2 + c. [0,25]


• Desenvolver e obter b2 u2 = u4 + 2cu2 + c2 . [0,25]
• Achar a equação pedida. [0,25]

(b) • Desenvolver (−bu)3 = u6 + 3cu2 (u2 + c) + c3 = u6 − 3bcu3 + c3 . [0,25]


• Achar a equação pedida. [0,25]

[04] QstId=1420 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Determine o número de soluções inteiras não negativas da equação x + y + z + t = 98.

(b) Determine o número de soluções inteiras não negativas da inequação x + y + z 6 98.

Solução
(a) Cada solução da equação x + y + z + t = 98 pode ser representada por uma fila de 98 sinais + e 3 sinais | que separam as
incógnitas. Além disso, cada fila desta forma corresponde a uma solução da equação. Por exemplo, + + ...+ | + + ...+ || + + ...+
| {z } | {z } | {z }
29 37 32
corresponde à solução (29, 37, 0, 32).

Para contar a quantidade de tais filas, basta escolher 98 dentre os 98+3=101 lugares para colocar os sinais de +. Isso pode
98 101!
ser feito de C101 maneiras, ou seja, = 166.650 são as soluções da equação x + y + z + t = 98.
98!3!

(b) Em cada solução inteira não negativa de x + y + z 6 98 definimos a folga da solução por t = 98 − (x + y + z). Assim, existe
uma correspondência biunı́voca entre as soluções inteiras não negativas de x + y + z 6 98 e as soluções inteiras não negativas
de x + y + z + t = 98.

Portanto o número de soluções inteiras não negativas de x + y + z 6 98 é igual a 166.650.

Pauta de Correção:

(a) • Representar as soluções através de dois sı́mbolos colocados em fila. [0,25]


• Identificar uma técnica de contagem adequada (combinação simples ou permutação com repetição) para encontrar
o número de soluções. [0,25]
• Obter a resposta correta. [0,25]
(b) • Observar que o número de soluções da inequação coincide com o número de soluções da equação. [0,25]
• Obter a resposta correta. [0,25]

Pauta Alternativa de Correção para o item (a):

• Identificar a combinação com repetição como técnica de contagem. [0,5]

• Realizar as contas corretamente. [0,25]

[05] QstId=1453 [ 1,25 ]

Você tem dinheiro aplicado à taxa de 10% ao mês. Suponha que, com esse dinheiro, deseja comprar um bem e você
tem duas opções de pagamento:

(I) À vista no valor de R$ 3.500,00.

(II) Em 2 prestações mensais fixas de R$ 2.000,00, vencendo a primeira um mês após a compra.

Qual das opções é a mais vantajosa financeiramente?

Solução
Considere a data da compra à vista como sendo a data zero. Tomando o valor de cada prestação para a data zero com a taxa
de 10%, teremos um total de

2000 2000 2000 · (1, 1) + 2000 4200


+ = = ≈ 3471, 07 que é menor que 3500.
1, 1 (1, 1)2 (1, 1)2 1, 21

Logo a opção (II) é a mais vantajosa .

Pauta de Correção:

• Determinar o valor da prestação ou o valor à vista em alguma data. [0,25]

• Calcular o somatório das prestações em alguma data. [0,25]

• Comparar o somatório com o valor à vista na mesma data. [0,25]

• Concluir corretamente a melhor opção. [0,5]

Solução Alternativa

Digamos que você tem os R$ 3500,00, mas opta pela opção (II).

Assim, após um mês você terá 3500 + 10% · 3500 = 3850 reais. Você paga a primeira parcela de R$ 2000 e ainda sobram 1850
reais.

Após mais um mês, haverá 1850 + 10% · 1850 = 2035 reais na conta. Logo você paga a segunda parcela e sobrarão 35 reais.

Portanto a opção (II) é a mais vantajosa.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Concluir que o valor à vista, após um mês, valerá 3850 reais.[0,25]

• Deduzir a primeira prestação e obter 1850 reais. [0,25]

• Calcular o valor da aplicação de 1850 reais, após um mês. [0,25]

• Concluir que, após pagar a segunda prestação ainda sobrarão 35 reais reais e escolher a segunda opção. [0,5]
[06] QstId=1457 [ 1,25 ]

O copo em forma de tronco de cone circular reto representado na figura está apoiado em uma superfı́cie perfeitamente
horizontal e tem as seguintes medidas: raio da base superior igual a 5 cm, raio da base inferior igual a 3 cm e altura
igual a 12 cm. Se esse copo está preenchido com água até a altura de 9 cm, pergunta-se: é possı́vel transferir toda
a água contida em um outro copo de 200 mL, completamente cheio, para o copo que aparece na figura sem que este
transborde?

Informação: O volume V de um tronco de cone cujos raios das bases são R e r e cuja altura é h é dado por
πh 2
V = (R + Rr + r2 ).
3

Solução
Efetuando um corte transversal passando pelos centros A e D das circunferências da borda e da base do copo obtemos uma figura
como a representada abaixo, na qual estão representados o trapézio ABCD, cujas bases AB e CD medem, respectivamente, 5
cm e 3 cm e cuja altura mede 12 cm e o trapézio PQCD, cuja base PQ mede a e a altura mede 9 cm.

Traçando uma paralela a AD passando por C obtemos os pontos E e T de interseção desta paralela com os segmentos AB e
PQ. Chamaremos de x a medida do segmento TQ. Note que a = 3 + x.
Para saber se o copo irá ou não transbordar ao acrescentarmos 200 mL de água precisamos calcular a capacidade da parte
vazia do copo, isto é, o volume do tronco de cone de altura AP = 3 cm e raios das bases a cm e 5 cm. Resta-nos então a
tarefa de encontrar o valor de a. Para tanto, basta descobrirmos o valor de x, considerando a semelhança entre os triângulos
BCE e QCT. Assim temos:

x 9
=
2 12
x = 1, 5.

Assim, concluı́mos que a = 4, 5 cm e, utilizando a fórmula fornecida para o cálculo do volume V do tronco de cone concluı́mos
que:
3π 2
V = (5 + 5 × 4, 5 + (4, 5)2 )
3
V = π(25 + 22, 5 + 20, 25)

V ≈ 3, 14 × 67, 75

V ≈ 212, 735 cm3 .

Desta forma, como o volume da parte vazia do copo é de aproximadamente 212, 735 cm3 = 212, 735 mL > 200 mL, chegamos
a conclusão de que é possı́vel acrescentar mais 200 mL de água no copo sem que este transborde.

Pauta de Correção:

• Representar o corte transversal do copo por meio de uma figura. [0,25]

• Encontrar o raio da circunferência que representa a superfı́cie da água contida no copo inicialmente. [0,5]

• Calcular o volume da parte vazia do copo. [0,25]

• Concluir que é possı́vel acrescentar mais 200 mL de água no copo sem que este transborde. [0,25]

[07] QstId=1465 [ 1,25 ]

Considere duas progressões aritméticas, de razões não nulas:

(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , bn , . . .)

Mostre que existe uma, e somente uma, função afim f : R → R, tal que
f (a1 ) = b1 , f (a2 ) = b2 , . . . , f (an ) = bn , . . ..

Solução
Sejam r e s, respectivamente, as razões das progressões aritméticas

(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , bn , . . .).

Unicidade: Considere uma função afim f (x) = mx + n tal que f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 . Então,
(
m · a1 + n = b1
m(a1 + r) + n = b1 + s.
s s
Resolvendo o sistema, obtemos m = e n = b1 − a1 . Portanto, existe uma única função afim f (x) = mx + n tal que
r r
f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 .

s  s 
Existência: Agora basta verificar que a função afim f (x) = x + b1 − a1 é tal que f (an ) = bn , para todo n > 1.
r r

Temos que an = a1 + (n − 1)r e bn = b1 + (n − 1)s e assim

s  s  s s
f (an ) = (a1 + (n − 1)r) + b1 − a1 = a1 + (n − 1)s + b1 − a1 = bn
r r r r

Pauta de Correção:

• Considerar uma função f (x) = mx + n tal que f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 . [0,25]

• Calcular m e n. [0,25]

• Escrever os termos gerais das duas sequências. [0,25]

• Mostrar que f (an ) = bn , para todo n > 1. [0,5]


Solução Alternativa

Sejam r e s, respectivamente, as razões das progressões aritméticas

(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , an , . . .)

Existência: O gráfico de uma função afim é uma reta. A equação da reta que passa pelos pontos (a1 , b1 ) e (a2 , b2 ) é dada por

b2 − b1 b1 + s − b1 s
f (x) = b1 + (x − a1 ) = b1 + (x − a1 ) = b1 + (x − a1 )
a2 − a1 a1 + r − a1 r
Vamos mostrar que f (an ) = bn , para todo n > 1.
Temos que an = a1 + (n − 1)r e bn = b1 + (n − 1)s e assim

s
f (an ) = b1 + (a1 + (n − 1)r − a1 ) = b1 + (n − 1)s = bn
r
Unicidade: Considere g(x) = mx + x uma função afim tal que g(an ) = bn , para todo n > 1. Como g(a1 ) = b1 e g(a2 ) = b2
temos que (
m · a1 + n = b1
m · a2 + n = b2
b2 − b1 s s
Obtemos assim, m = = e n = b1 − a1 .
a2 − a1 r r
s s s
Logo temos que g(x) = x + b1 − a1 = b1 + (x − a1 ) = f (x), para todo x real. Portanto g = f .
r r r

Pauta de Correção da Solução Alternativa:


s
• Encontrar a função f (x) = b1 + (x − a1 ). [0,25]
r
• Escrever os termos gerais das duas sequências. [0,25]
• Mostrar que f (an ) = bn , para todo n > 1. [0,25]
• Considerar uma função afim g tal que g(an ) = bn , para todo n > 1. [0,25]
• Mostrar que g = f . [0,25]

[08] QstId=1468 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Mostre que se a, b e c são inteiros tais que a | (b + c) e a | b, então a | c.

(b) Determine os números primos tais que p divide 3p + 382.

Solução

(a) Temos que existem k e ` ∈ Z tais que b + c = ak e b = a`. Logo

a` + c = ak ⇐⇒ c = ak − a` ⇐⇒ c = a(k − `).

Portanto, a | c .
(b) Como p é primo, pelo Teorema de Fermat, temos que p|(3p − 3).
Escrevendo 3p + 382 = 3p − 3 + 385, concluı́mos que p|(3p + 382) se, e somente se, p|385 = 5 · 7 · 11. Portanto p = 5, 7
ou 11.

Pauta de Correção:
(a) • Escrever as hipóteses sob a forma de igualdades. [0,25]
• Provar o resultado. [0,25]
(b) • Observar, usando Fermat, que p divide 3p − 3. [0,25]
• Calcular os valores de p. [0,5]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2019.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Resolva as seguintes recorrências:

(a) an+2 − 5an+1 + 4an = 0, a0 = 1, a1 = 3.

(b) an+2 − 4an+1 + 4an = 2n , a0 = −1, a1 = 6.

Solução

(a) A equação caracterı́stica da recorrência an+2 − 5an+1 + 4an = 0 é dada por r2 − 5r + 4 = 0, cujas raı́zes são r1 = 1 e
r2 = 4. A solução geral é dada por
an = c1 + c2 · 4n

Considerando que a0 = 1 e a1 = 3, obtemos

(
c1 + c2 = 1
c1 + 4c2 = 3
1 2
e resolvendo o sistema, c1 = e c2 = . Portanto,
3 3

1 2
an = + · 4n
3 3
(b) A equação caracterı́stica da recorrência an+2 − 4an+1 + 4an = 2n é dada por r2 − 4r + 4 = 0, cujas raı́zes são r1 = r2 = 2.
A solução geral é dada por an = c1 · 2n + c2 · n · 2n + tn , onde tn é uma solução particular.
Tentaremos uma solução do tipo tn = A · n2 · 2n . Substituindo na recorrência temos que

A · (n + 2)2 · 2n+2 − 4A · (n + 1)2 · 2n+1 + 4A · n2 · 2n = 2n


1 1
Fazendo as contas, obtemos 8A2n = 2n , portanto A = e a solução geral é dada por an = c1 · 2n + c2 · n · 2n + · n2 · 2n .
8 8
Considerando que a0 = −1 e a1 = 6, obtemos

 c1 = −1
 2c1 + 2c2 + 1 = 6
4
31
e daı́, c1 = −1, c2 = . Portanto a solução é dada por
8

31 1
an = −2n + · n · 2n + · n2 · 2n
8 8
Pauta de Correção:

(a) • Escrever a forma da solução geral . [0,25]


• Obter a solução, usando as condições iniciais. [0,25]

(b) • Escrever a forma da solução. [0,25]


• Determinar uma solução particular. [0,25]
• Obter a solução, usando as condições iniciais. [0,25]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Prove, usando indução, que 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer número natural n.

(b) Prove, usando congruências, que 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer número natural n.

Solução

(a) Para n = 1, temos 113 + 123 = 1331 + 1728 = 3059 = 23 · 133, logo divisı́vel por 133.
Suponha que, para um certo k > 1, tenhamos 11k+2 + 122k+1 divisı́vel por 133.
Vamos provar que 11k+3 + 122k+3 também é divisı́vel por 133.
Temos que
11k+3 + 122k+3 = 11k+2 · 11 + 122k+1 · 122 = 11k+2 · 11 + 122k+1 · (133 + 11).

Logo,
11k+3 + 122k+3 = 11 · (11k+2 + 122k+1 ) + 133 · 122k+1 .

Como, por hipótese de indução, 133 divide 11k+2 + 122k+1 , concluı́mos que 11k+3 + 122k+3 é divisı́vel por 133.
Portanto, 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer n natural.

(b) Basta provar que 11n+2 + 122n+1 ≡ 0 mod 133.


Temos, usando propriedades das congruências, que

11n+2 + 122n+1 = 112 · 11n + 12 · (122 )n ≡ 121 · 11n + 12 · 11n ≡ 133 · 11n ≡ 0 mod 133

Uma alternativa para as contas:

11n+2 = 121 · 11n ≡ −12 · 11n mod 133

122n+1 = 12 · 144n ≡ 12 · 11n mod 133

Somando as duas congruências obtemos

11n+2 + 122n+1 ≡ 0 mod 133

Portanto, 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer n natural.

Pauta de Correção:

(a) • Verificar que a afirmação é válida para n = 1. [0,25]


• Concluir a prova por indução. [0,50]

(b) • Indicar que basta provar que 11n+2 + 122n+1 ≡ 0 mod 133. [0,25]
• Concluir a prova. [0,25]

Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Dado um número real x, o piso de x, denotado por bxc, é o único inteiro k tal que k 6 x < k + 1.

(a) Considere a e b, respectivamente, o menor e o maior número natural com n algarismos expressados no sistema
decimal. Forneça expressões algébricas para a e b em função de n.

(b) Mostre que a quantidade de algarismos, no sistema decimal, do número inteiro positivo N é igual a blog N c + 1,
onde log é a função logaritmo decimal.

(c) Mostre que se p é um inteiro positivo, então 2p − 1 tem bp · log 2c + 1 algarismos no sistema decimal.
Solução

(a) O menor número, no sistema decimal, com n algarismos é a = 10n−1 e o maior é b = 10n − 1.

(b) Suponha que N possui n algarismos no sistema decimal. Pelo item (a) segue que 10n−1 6 N 6 10n − 1 < 10n . Como
a função logaritmo decimal é crescente, segue que log 10n−1 6 log N < log 10n , ou seja, n − 1 6 log N < n e assim
blog N c = n − 1. Logo n = blog N c + 1.

(c) Observamos que os únicos números consecutivos que têm quantidades diferentes de algarismos no sistema decimal são
aqueles da forma 10n − 1 e 10n . Como 2p não é uma potência de 10 segue que os números 2p − 1 e 2p têm a mesma
quantidade de algarismos. Logo a quantidade de algarismos de Mp é igual a blog(2p −1)c+1 = blog(2p )c+1 = bp·log 2c+1.

Pauta de Correção:

(a) • Expressar a. [0,25]


• Expressar b. [0,25]

(b) • Utilizar o item (a) e argumentar que a função logaritmo decimal é crescente. [0,25]
• Concluir a demonstração. [0,25]

(c) • Provar o item, utilizando o item (b). [0,25]

Questão 04 [ 1,25 ]

Dados dois segmentos de comprimentos s e q, com s > 2q, indique a construção com régua e compasso, de segmentos
cujos comprimentos sejam iguais às raı́zes da equação do segundo grau x2 − sx + q 2 = 0.

Solução

• Trace uma reta r e marque, sobre a mesma, pontos B e C tais que BC = s.

• Construa um cı́rculo de diâmetro BC.


s
• Trace a reta r0 paralela a reta r distando q dela, a qual intersecta o semicı́rculo superior nos pontos A e D, pois q < .
2
• Temos que o triângulo ABC é retângulo em A.

• Considere H o pé da altura do triângulo ABC relativa ao vértice A, logo AH = q.

• Temos que q 2 = (AH)2 = (BH) · (HC) e BH + HC = s.

Portanto, BH e HC são as raı́zes da equação x2 − sx + q 2 = 0.

Pauta de Correção:
s
• Construir um cı́rculo de raio . [0,25]
2
• Observar que o triângulo ABC é retângulo. [0,25]

• Usar a relação métrica (AH)2 = (BH) · (HC). [0,5]

• Concluir que BH e HC são as raı́zes da equação. [0,25]


Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Sejam A e B conjuntos finitos e não vazios com, respectivamente, a e b elementos.

(a) Qual a relação entre a e b para que exista alguma função bijetiva de A em B ? Nesta condição, quantas funções
bijetivas existem?

(b) Qual a relação entre a e b para que exista alguma função injetiva de A em B ? Nesta condição, quantas funções
injetivas existem?

Solução

(a) Uma função de A em B será bijetiva se for injetiva e sobrejetiva. Pela injetividade, cada elemento de A estará associado
a um elemento diferente de B, e, pela sobrejetividade, todo elemento de B estará associado a algum elemento de A. Isto
resulta em dizer que A e B possuem o mesmo número de elementos, logo a = n(A) = n(B) = b.
Sejam x1 , . . . , xa os elementos de A e y1 , . . . , ya os elementos de B e f : A → B bijetiva. Temos que
• f (x1 ) pode ser qualquer um dos a elementos de B;
• f (x2 ) pode ser qualquer elemento de B, exceto o f (x1 ), resultando em a − 1 possibilidades para f (x2 ).

..
.

• f (xi ) pode ser qualquer elemento de B, exceto f (x1 ), . . . , f (xi−1 ), resultando em a − i − 1 = a − i + 1 possibilidades
para f (xi ).
..
.

• f (xa ) poderá ser apenas o elemento que restar após a escolha de f (x1 ), . . . , f (xa−1 ).
Pelo Princı́pio Multiplicativo, teremos então

a × (a − 1) × (a − 2) × · · · × 1 = a!

funções bijetivas f : A → B possı́veis.

(b) Se uma função de A em B for injetiva, cada elemento de A estará associado a um elemento diferente de B, logo é
necessário que B tenha pelo menos o mesmo número de elementos que A, logo b = n(B) > n(A) = a.
Sejam x1 , . . . , xa os elementos de A e y1 , . . . , yb os elementos de B e f : A → B injetiva. Temos que
• f (x1 ) pode ser qualquer um dos b elementos de B;
• f (x2 ) pode ser qualquer elemento de B, exceto o f (x1 ), resultando em b − 1 possibilidades para f (x2 ).

..
.

• f (xi ) pode ser qualquer elemento de B, exceto f (x1 ), . . . , f (xi−1 ), resultando em b − i − 1 = b − i + 1 possibilidades
para f (xi ).
Fazendo i = a, o número de escolhas para f (xa ) será b − a + 1.
Pelo Princı́pio Multiplicativo, teremos então

b × (b − 1) × (b − 2) × · · · × (b − a + 1) × (b − a) × · · · × 1 b!
b × (b − 1) × (b − 2) × · · · × (b − a + 1) = =
(b − a) × · · · × 1 (b − a)!

funções injetivas f : A → B possı́veis.

Pauta de Correção:

(a) • Afirmar, com justificativa, que a = b. [0,25]


• Mostrar que existem a! funções bijetivas. [0,25]

(b) • Afirmar, com justificativa, que b > a. [0,25]


b!
• Mostrar que existem b × (b − 1) × · · · × (b − a + 1) ou funções injetivas. [0,5]
(b − a)!
Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Considere a função polinomial f : R → R, dada por

f (x) = (x2 + 2019x − 1)2 + (2x + 2019)2

(a) Determine constantes k e h tais que a função possa ser reescrita da maneira f (x) = (x2 + kx + 1)2 + h.

(b) Usando a expressão encontrada no item anterior, encontre o menor valor real α, assumido pela função f .

(c) Encontre a média aritmética de todas as raı́zes reais da equação f (x) = α, com α encontrado no item anterior.

Solução

(a) Desenvolvendo a segunda parcela

(2x + 2019)2 = 4x2 + 4 · 2019x + 20192


= 4(x2 + 2019x) + 20192 .

Se denotarmos µ = x2 + 2019x a expressão de f (x) fica

f (x) = (µ − 1)2 + 4µ + 20192


= µ2 − 2µ + 1 + 4µ + 20192
= µ2 + 2µ + 1 + 20192
= (µ + 1)2 + 20192
= (x2 + 2019x + 1)2 + 20192 .

Logo k = 2019 e h = 20192 .


(b) Como o discriminante de g(x) = x2 + 2019x + 1 é ∆ = 20192 − 4 > 0 e o termo quadrático tem coeficiente positivo,
podemos concluir que o menor valor atingido por g é negativo. Logo o valor mı́nimo de g(x)2 é igual a zero. Assim o
menor valor assumido por f (x) = g(x)2 + 20192 é α = 20192 .
(c) As seguintes equações têm as mesmas raı́zes

(x2 + 2019x + 1)2 + 20192 = 20192


(x2 + 2019x + 1)2 = 0
2
x + 2019x + 1 = 0
2019
Logo a média das raı́zes de f (x) = α é igual a − .
2
Pauta de Correção:
(a) • Encontrar o valor de k. [0,25]
• Encontrar o valor de h. [0,25]
(b) • Concluir que o valor mı́nimo de g é negativo e que, portanto, o valor mı́nimo de seu quadrado é zero. [0,25]
• Encontrar o valor mı́nimo de f . [0,25]
(c) • Encontrar a média das raı́zes. [0,25]

Questão 07 [ 1,25 ]

Um recipiente cilı́ndrico de base circular está parcialmente cheio de água. Quando “deitado”, isto é, apoiado sobre
uma de suas geratrizes, o nı́vel da água atinge um quarto do diâmetro d da base do cilindro, conforme figura. Quando
o cilindro é “levantado”, isto é, apoiado sobre uma de suas bases, o nı́vel da água atinge que fração da altura h do
cilindro?

Observação: Considere desprezı́vel a espessura das paredes e das bases do recipiente.


Solução
A figura abaixo representa a base do cilindro, quando este está deitado. O lı́quido corresponde ao segmento circular hachurado,
de área Ss .

r
Chamando de r o raio da base, como o nı́vel do lı́quido é d/4, na figura acima teremos CD = OC = 2
. Com isso, como
r/2
cos(B ÔC) = r
= 12 , temos B ÔC = 60◦ .
Com isso, o arco AB mede 120◦ , logo a área Ss do segmento circular é obtida subtraindo-se, do setor circular de 120◦ , a
área do triângulo AOB. Com isso,
 √ 
π r2 1 π r2 r √ π 3
Ss = − · AB · OC = − ·12 · · r 3 = r2 − .
3 2 3 2 3 4
Assim, o volume do lı́quido é dado por √ 
π 2 3
V = h · Ss = h r − .
3 4
Ao levantar o cilindro, o volume do lı́quido é dado por ` · Sb , onde ` é o nı́vel do lı́quido e Sb a área da base. Assim,

V = ` · π r2 .

Com isso, temos  √ 


π 3
h r2 − = ` · π r2 ,
3 4
logo  √ 
r2 π
− 3 √
` 3 4 1 3
= = − .
h π r2 3 4π

1 3
Logo, o nı́vel da água, quando o cilindro é levantado, corresponde a 3
− 4π
da altura h do cilindro.

Pauta de Correção:

• Identificar que AÔB = 120◦ . [0,25]


• Calcular a área do segmento circular. [0,25]
• Calculou o volume do lı́quido em função de r e h, quando o cilindro está deitado. [0,25]
• Obter o volume do lı́quido quando o cilindro está em pé, em função do nı́vel ` e de r. [0,25]
• Obter a razão entre o nı́vel ` e h (considerar também se, em vez da razão, o aluno apresentar ` em função de h). [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=1,00; (b)=0,25 ]

(a) Determine o menor número natural c para o qual a equação

5X + 7Y = c

tenha exatamente 4 soluções em N ∪ {0}.

(b) Determine, explicitamente, as 4 soluções obtidas no item (a).

Solução

(a) Considere c, um número natural. Temos que 5 · (3) + 7 · (−2) = 1, logo 5 · (3c) + 7 · (−2c) = c.
Usando a solução particular x0 = 3c e y0 = −2c, escrevemos a solução geral da equação 5X + 7Y = c :

(
x = 3c + 7t
, t ∈ Z.
y = −2c − 5t
−3c −2c
Como procuramos soluções em N ∪ {0} temos que, 3c + 7t > 0 e −2c − 5t > 0. Logo, 6t6 .
7 5
−2c −3c
Como queremos 4 soluções, − > 3, logo c > 105.
5 7
Considerando c = 105, obtemos −45 6 t 6 −42.
Portanto, exatamente 4 soluções correspondentes à t = −45, −44, −43, −42.

(b) Temos a equação 5X + 7Y = 105. Para encontrar as 4 soluções, basta substituir os valores de t na equação geral:
(
x = 315 + 7t
y = −210 − 5t

obtendo (0, 15), (7, 10), (14, 5) e (21, 0).

Pauta de Correção:

(a) • Escrever a solução geral da equação em Z. [0,5]


• Determinar o intervalo para a obtenção de soluções em N ∪ {0}. [0,25]
• Determinar o valor de c. [0,25]

(b) Determinar as 4 soluções. [0,25].

Solução Alternativa

(a) Seja c um número natural tal que a equação 5X + 7Y = c tenha 4 soluções em N ∪ {0} e seja (x0 , y0 ) a solução em
N ∪ {0}, com x0 a menor possı́vel (solução minimal). Então a solução geral dessa equação é dada por
(
x = x0 + 7t
, t ∈ Z.
y = y0 − 5t

Indicando por (x1 , y1 ), (x2 , y2 ), (x3 , y3 ) as outras soluções, com x0 < x1 < x2 < x3 , tem-se que x3 > 21 e daı́

c = 5x3 + 7y3 > 5 · 21 + 7y3 > 105

Tomando c = 105, vamos mostrar que a equação 5X + 7Y = 105 tem exatamente 4 soluções em N ∪ {0}. Nesse caso, a
solução minimal é (0, 15) e a solução geral é dada por
(
x = 7t
y = 15 − 5t,

onde t > 0 e 15 − 5t > 0, isto é, 0 6 t 6 3. Portanto, exatamente 4 soluções.


(b) Temos a equação 5X + 7Y = 105. Para encontrar as 4 soluções não negativas, basta substituir os valores de t = 0, 1, 2, 3
na equação geral obtendo as soluções (0, 15), (7, 10), (14, 5) e (21, 0).

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

(a) • Escrever a solução geral da equação em N ∪ {0}.[0, 5]


• Concluir que c > 105. [0, 25]
• Mostrar que, para c = 105 a equação tem exatamente 4 soluções. [0, 25]

(b) Determinar as 4 soluções. [0,25].


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2018.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Sejam a, b, n ∈ Z com n > 0. Mostre que a + b | a2n − b2n .

(b) Para quais valores de a ∈ N ∪ {0} tem-se que a + 2 | a4 + 2 ?

Solução

(a) Temos que a − b | an − bn , para todo n natural, pois


an − bn = (a − b) · (an−1 + an−2 b + · · · + abn−2 + bn−1 ).
Assim a + b = a − (−b) | a2n − (−b)2n = a2n − b2n .

(b) Usando o item (a), temos que a + 2 | a4 − 24 = a4 − 16.


Como a4 + 2 = (a4 − 16) + 18, segue que a + 2 | a4 + 2, se se somente se, a + 2 | 18.
Assim a + 2 = ±1, ±2, ±3, ±6, ±9 ou ±18 , com a ∈ N ∪ {0}, portanto
a = 0, 1, 4, 7 ou 16.

Pauta de Correção:

(a) • Escrever que a − b divide an − bn . [0,25]


• Escrever que a + b = a − (−b) divide a2n − b2n . [0,25]

(b) • Escrever que a4 + 2 = (a4 − 16) + 18. [0,25]


• Concluir que a + 2 deve dividir 18. [0,25]
• Determinar todos os valores de a. [0,25]

Solução Alternativa para o Item (a)


Vamos provar por indução em n.
Para n = 1, temos a2 − b2 = (a + b)(a − b), logo (a + b) | a2 − b2 .
Suponha que o resultado é válido para n = k, isto é, a2k − b2k = (a + b) · q. E considere

a2(k+1) − b2(k+1) = a2k · a2 − b2k · b2

Somando e subtraindo a2k · b2 e, em seguida, usando a hipótese de indução, temos

a2(k+1) − b2(k+1) = a2k · a2 − a2k · b2 + a2k · b2 − b2k · b2


= a2k · (a2 − b2 ) + (a2k − b2k )b2
= a2k · (a + b) · (a − b) + (a + b) · q · b2
= (a + b) · [a2k · (a − b) + q · b2 ]

Portanto está provado o resultado.

Pauta de Correção da Solução Alternativa do Item (a)


(a) • Provar o caso n = 1. [0,25]
• Provar o caso geral. [0,25]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Dados três pontos A, B e C não colineares, faça o que se pede tendo em vista que este é um problema de Geometria
Plana.

(a) Descreva os passos de construção necessários para obter, utilizando régua e compasso, as duas retas r e s que
contêm C, tais que r equidista de A e B, e s equidista de A e B.

(b) Justifique a construção anterior, isto é, explique porque os passos de construção descritos no item (a) fornecem
realmente as retas procuradas.

Observação: Considere conhecidas as construções, com régua e compasso, da mediatriz de um segmento e da paralela
a um segmento passando por um ponto dado. Estas construções podem ser utilizadas sem maiores detalhamentos.

Solução

(a) Para obter a reta r que equidista de A e B e contém C:


1. Trace o segmento AB;
2. Trace a mediatriz m do segmento AB;
3. Marque o ponto M de interseção entre AB e m, que é o ponto médio de AB;
←−→
4. Trace a reta CM , que é a reta r procurada.
Quanto à reta s, para obtê-la, basta traçar a reta paralela ao segmento AB e que contém C.

(b) Por construção, C pertence tanto a r quanto a s. Sendo s paralela ao segmento AB, equidista de todos os pontos da
←→
reta AB, em particular dos pontos A e B. Resta então mostrar que r também equidista dos pontos A e B.

Para tanto, consideremos os pontos D e E, pés das perpendiculares baixadas a partir dos pontos A e B, respectivamente,
até a reta r, conforme a figura. Agora podemos construir os triângulos AM D e BM E, que são congruentes, pelo caso
LAAo , já que ADMb b são, por construção, ambos retos, AM
e B EM cD e B McE são opostos pelo vértice e os lados AM
e BM são congruentes, uma vez que M é ponto médio de AB. Portanto, AD = BE, de modo que r equidista de A e
B, como querı́amos provar.

Pauta de Correção:

(a) • Indicar que uma das retas é a reta s, paralela a AB passando por C. [0,25]
• Descrever corretamente os passos de construção da reta r. [0,25]
←→
(b) • Argumentar que s equidista de A e B porque equidista de todos os pontos da reta AB. [0,25]
• Apresentar um argumento coerente provando que r equidista de A e B. [0,5]

Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Se r, s e t são as raı́zes da equação x3 + ax2 + bx + c = 0, mostre que r + s + t = −a, rs + rt + st = b e rst = −c.

(b) Se r, s e t são as raı́zes da equação x3 − 4x2 + 5x + 6 = 0, calcule o valor de r2 + s2 + t2 .


Solução

(a) Tem-se que x3 +ax2 +bx+c = (x−r)(x−s)(x−t) = x3 −(r+s+t)x2 +(rs+rt+st)x−rst, donde r+s+t = −a, rs+rt+st = b
e rst = −c.

(b) Usando o resultado do item (a), tem-se que r + s + t = 4 e rs + rt + st = 5. Segue que


(r + s + t)2 = 16, r2 + s2 + t2 + 2(rs + rt + st) = 16, portanto r2 + s2 + t2 = 16 − 2 · 5 = 6

Pauta de Correção:

(a) • Escrever o polinômio dado como (x − r)(x − s)(x − t). [0,25]


• Comparar os coeficientes e concluir o resultado. [0,25]

(b) • Aplicar o resultado do item (a) e obter as relações entre as raı́zes. [0,25]
• Calcular o valor de r2 + s2 + t2 . [0,5]

Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere as funções f : [−1, 1] → R e g : R → R definidas pelas expressões abaixo:

√ 1 √ 1
f (t) = −t2 + 3t + e g(x) = 3 sen x + cos(2x).
2 2
(a) Encontre os valores máximo e mı́nimo de f e os valores reais t em que f assume tais valores.

(b) Encontre os valores máximo e mı́nimo de g e todos os valores reais x em que g assume tais valores.

Solução

(a) Como f é uma função quadrática, seu gráfico no intervalo [−1, 1] é um arco de parábola como ilustrado na figura abaixo.

−b
A abscissa do vértice de uma parábola de equação y = a t2 + b t + c, denotada por tv , é dada pela fórmula tv = e é
2a
o valor em que a função atinge seu valor máximo ou mı́nimo. No caso da função f , como a parábola tem a concavidade
voltada para baixo (já que o coeficiente
√ do termo
√ quadrático é negativo), tv representa o valor no qual essa função atinge
3 3
seu valor máximo. Como tv = e −1 < < 1, então esse é o valor no qual a função assume seu valor máximo no
2 2 √ 
3 5
intervalo. Para encontrar o valor máximo basta então calcular f (tv ) = f = . Quanto ao valor mı́nimo, este será
2 4
um dos extremos do intervalo fechado [−1, 1], uma vez que f é monótona crescente para t < tv e monótona decrescente
1 √ 1 √
para t > tv . Como f (−1) = − − 3 < − + 3 = f (1), então a função atinge seu valor mı́nimo quando t = −1.
2 2
5 1 √
Resumindo, os valores máximo e mı́nimo da função f são e − − 3, nessa ordem, e os valores de t em que a função
√ 4 2
3
assume esses valores são, respectivamente, e −1.
2
(b) Utilizando a identidade trigonométrica cos(2x) = 1 − 2 sen2 x podemos reescrever a função g como g(x) = −sen2 x +
√ 1 √ 1
3 sen x + . Fazendo sen x = t ficamos com g(t) = −t2 + 3 t + , sendo que −1 < t < 1. Desse modo, temos que
2 2
os valores máximo e mı́nimo de g são os mesmos encontrados no item (a) para a função f . Por outro lado, os valores
de x tais√que g assume seu valor máximo ou mı́nimo são, respectivamente, as soluções das equações trigonométricas
3
sen x = e sen x = −1.
2
5 1 √
Assim, os valores máximo e mı́nimo de g são também e − − 3, nessa ordem, e os valores de x em que a função
4 2
assume esses valores são, respectivamente, os elementos dos conjuntos A e B dados por:
 
π 2π
A = x ∈ R; x = + 2kπ ou x = + 2kπ, com k ∈ Z
3 3
 

B = x ∈ R; x = + 2kπ, com k ∈ Z
2
Pauta de Correção:

(a) • Encontrar o máximo e o mı́nimo de f . [0,25]


• Encontrar os valores t do domı́nio nos quais f assume seus valores máximo e mı́nimo. [0,25]

(b) • Encontrar o máximo e o mı́nimo de g. [0,25]


• Encontrar os valores x do domı́nio nos quais g assume seus valores máximo e mı́nimo. [0,5]

Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere a equação diofantina linear 5x + 3y = 2018.

(a) Escreva a solução geral em Z.

(b) Quantas soluções existem em N ∪ {0}?

Solução

(a) Temos que 5 · (−1) + 3 · (2) = 1, logo 5 · (−2018) + 3 · (4036) = 2018. Fazendo a divisão euclidiana de −2018 por 3,
−2018 = 3 · (−673) + 1. Substituindo na equação acima, obtemos

5 · (−3 · 673 + 1) + 3 · (4036) = 2018

5 · (1) + 3 · (4036 − 5 · 673) = 2018

5 · (1) + 3 · (671) = 2018

Portanto, x0 = 1 e y0 = 671 é a solução minimal e a solução geral em Z é dada por


(
x = 1 + 3t
y = 671 − 5t

onde t ∈ Z.

(b) A solução geral em N ∪ {0} é dada por (


x = 1 + 3t
y = 671 − 5t
onde t ∈ N ∪ {0} e 671 − 5t > 0, logo 0 6 t 6 134.
Portanto, existem 135 soluções em N ∪ {0}.

Pauta de Correção:

(a) • Encontrar uma solução particular. [0, 25]


• Encontrar a solução geral em Z. [0, 25]

(b) • Escrever a solução geral em N ∪ {0}. [0, 5]


• Encontrar o número de soluções em N ∪ {0}. [0, 25]
Solução Alternativa

(a) Temos que


3y = 2018 − 5x = 2016 − 3x + 2 − 2x = 3(672 − x) + 2(1 − x)
2(1 − x)
y = 672 − x +
3
Sendo x, y são inteiros, concluimos que 1 − x = 3t, com t ∈ Z. Daı́, obtemos a solução geral em Z
(
x = 1 − 3t
y = 671 + 5t

onde t ∈ Z.

(b) Queremos soluções inteiras não negativas, logo 1 − 3t > 0 e 671 + 5t > 0.
Portanto, −134 6 t 6 0 e assim temos 135 soluções não negativas.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

(a) • Encontrar a solução geral em Z. [0, 5]

(b) • Escrever a solução geral em N ∪ {0}. [0, 5]


• Encontrar o número de soluções em N ∪ {0}. [0, 25]

Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

O método abaixo pode ser utilizado para para encontrar o número de soluções inteiras não negativas da equação
x1 + x2 + · · · + xr = m, onde r e m são inteiros positivos dados.
Vamos aplicar o método para encontrar o número de soluções inteiras não negativas da equação x1 + x2 + x3 + x4 = 6.
Representamos as soluções como quadras de números inteiros não negativos (x1 , x2 , x3 , x4 ), xi ∈ Z, xi > 0. Uma
estratégia que podemos usar para contar o número de soluções é representar cada uma delas num diagrama de quadras
e ruas, contando todos os caminhos que vão do ponto O até o ponto A, sendo permitido apenas dois movimentos:
subir ou deslocar para a direita. Veja na figura abaixo a representação das soluções (1, 3, 2, 0) e (2, 1, 1, 2).
Note que em qualquer solução temos que subir 6 quadras e fazer 3 deslocamentos para a direita. Isso corresponde
9!
ao número de anagramas da “palavra” SSSSSSDDD. Portanto o número de soluções é igual a = 84.
6!3!

(a) Utilize o método indicado acima para calcular o número de soluções inteiras não negativas da equação x1 +
x2 + · · · + xr = m, onde m e r são inteiros positivos dados.

(b) Um mercado vende 5 tipos de frutas em caixas com 12 frutas, de um só tipo ou sortidas. Quantos tipos de
caixas podem ser montadas?

(c) Se o mercado do item (b) resolver colocar pelo menos uma fruta de cada tipo em uma caixa, quantos tipos de
caixas podem ser montadas?
Solução

(a) O número de soluções corresponde à quantidade de percursos num diagrama de quadras e ruas de O até A, em que
subimos m quadras e nos deslocamos r − 1 vezes para a direita, que é equivalente a contar a quantidade de anagramas
(m + r − 1)!
da palavra S
| .{z
. . S} D
| .{z
. . D} e isso é igual a .
m!(r − 1)!
m r−1

(b) Neste problema precisamos encontrar a quantidade de soluções inteiras não negativas da equação x1 +x2 +x3 +x4 +x5 =
12, onde cada xi indica a quantidade de frutas de cada tipo. Pelo item (a) segue que esta quantidade é igual a
(12 + 5 − 1)! 16!
= = 1820.
12!(5 − 1)! 12!4!
(c) Agora resta escolher 7 frutas para completar a caixa e assim precisamos encontrar a quantidade de soluções inteiras não
(7 + 5 − 1)! 11!
negativas da equação x1 + x2 + x3 + x4 + x5 = 7 que é igual a = = 330.
7!(5 − 1)! 7!4!
Pauta de Correção:

(a) Obter a solução da equação. [0,25]

(b) • Escrever a equação que modela o problema. [0,25]


• Encontrar a solução da equação. [0,25]

(c) • Escrever a equação que modela o problema. [0,25]


• Obter a solução da equação. [0,25]

Questão 07 QstId=1349 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Duas esferas de raios r e R, com r < R, são tangentes interiores, isto é, possuem apenas um ponto em comum e o
centro da esfera de raio r está no interior da esfera de raio R.

(a) Prove que o ponto de interseção das duas esferas é colinear aos centros destas esferas.

(b) Sabe-se que o centro da esfera menor é o ponto médio de uma das arestas de um tetraedro regular inscrito na
esfera maior. Calcule r em função de R.

a 6
Dica: Sendo a a aresta do tetraedro, sabe-se que R = .
4
Solução

(a) Sejam O o centro da esfera de raio R, M o centro da esfera de raio r e P o ponto de interseção entre as esferas.

Supondo, por absurdo, que P , M e O não sejam colineares, temos um triângulo OP M . Tome o ponto Q, projeção de P
sobre a reta OM , e P 0 tal que Q seja o ponto médio de P P 0 . Os triângulos OQP e OQP 0 serão congruentes pelo caso LAL,
e, portanto, OP 0 = OP = R. Os triângulos M QP e M QP 0 também serão congruentes por LAL, logo M P 0 = M P = r.
Com isso, ambos P e P 0 pertencem à interseção entre as duas esferas, contradizendo o fato de serem tangentes interiores.

Solução Alternativa para o item(a):

Sejam O o centro da esfera de raio R, M o centro da esfera de raio r e P o ponto de interseção entre as esferas. O plano
α, tangente em P à esfera de raio R, é perpendicular ao raio OP .

O plano α também é tangente à esfera de raio r em P . De fato, todos os pontos da esfera menor, exceto P , são interiores
à esfera maior, e todos os pontos de α, exceto P , são exteriores à esfera maior. Assim, o único ponto de interseção entre
α e a esfera menor é P .

Com isso, o raio M P da esfera de raio r é perpendicular a α no ponto P , logo é colinear ao raio OP da esfera de raio
R. Com isso, O, M e P são colineares.

(b) Para que as esferas sejam tangentes interiores, o ponto P de interseção entre elas é colinear aos centros O e M destas
esferas, como na figura abaixo.
Logo, r = R − M O.
Sejam A e B as extremidades da aresta que contém o ponto M , centro da esfera menor. Como M é ponto médio de
a
AB, AM = . Considerando o triângulo o AOB, que é isósceles, pois AO = AB = R, o ângulo AM̂ O será reto. Assim,
2
aplicando o Teorema de Pitágoras a AM O, temos
2 2 2
M O + AM = AO ,

logo  a 2
2
MO + = R2 ,
2
e, com isso,
2 a2
M O = R2 − .
4

a 6 4R 16R2 8R2
Como R = , temos a = √ , e, portanto, a2 = = . Com isso,
4 6 6 3
8R2
2 8R2 2R2 R2
M O = R2 − 3
= R2 − = R2 − = ,
4 12 3 3

R R 3
logo M O = √ = .
3 3
Com isso, √ √
R 3 3− 3
r = R − MO = R − = · R.
3 3
Pauta de Correção:
(a) Provar corretamente, por qualquer pauta. [0,5]
(b) • Indicar que há a estratégia de obter r fazendo r = R − M O. [0,25]
• Concluir que o triângulo AM̂ O é reto. [0,25]
• Encontrar r. [0,25]

Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere a recorrência definida por a1 = 1, a2 = 5 e para n > 0,

an+2 = 5an+1 − 6an .

(a) Determine o termo geral da recorrência.

(b) Quantos múltiplos de 7 há no conjunto {an | 1 6 n 6 2018, n ∈ Z}?

Solução
(a) A equação caracterı́stica dessa recorrência é r2 − 5r + 6 = 0, que tem soluções r1 = 2 e r2 = 3. Logo a solução da
recorrência é da forma
an = A · 2n + B · 3n .
De a1 = 1, temos que 2A + 3B = 1 e de a2 = 5 temos que 4A + 9B = 5. Assim, A = −1 e B = 1, o que nos dá

an = 3n − 2n .
(b) Precisamos calcular, para qualquer inteiro n, o resto da divisão de 3n − 2n por 7, isto é, 3n − 2n mod 7 e verificar
quantos valores n geram expressões congruentes a 0.
Pelo Pequeno Teorema de Fermat, 36 ≡ 26 ≡ 1 mod 7, logo, 36 − 26 ≡ 0 mod 7 e além disso, se escrevemos n = 6q + r,
temos que 3n − 2n ≡ 3r − 2r mod 7. Assim, para r = 1, ..., 5 temos

a1 = 31 − 21 ≡ 1 mod 7
2 2
a2 = 3 − 2 ≡ 5 mod 7
3 3
a3 = 3 − 2 ≡ 5 mod 7
4 4
a4 = 3 − 2 ≡ 2 mod 7
a5 = 35 − 25 ≡ 1 mod 7

Com isso podemos afirmar que an é múltiplo de 7 ⇐⇒ n é múltiplo de 6. Como 2018 = 6 · 336 + 2 , concluı́mos que
entre 1 e 2018, há 336 múltiplos de 6, logo no conjunto {a1 , a2 , ..., a2018 } há 336 múltiplos de 7.

Pauta de Correção:

(a) • Exibir a equação caracterı́stica e a forma geral da solução. [0,25]


• Utilizar os termos iniciais para encontrar os coeficientes A e B. [0,25]

(b) • Provar que se n é múltiplo de 6, então an é múltiplo de 7. [0,25]


• Listar os casos a1 , a2 , ..., a5 . [0,25]
• Contar corretamente os múltiplos de 6 entre 1 e 2018. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2018.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Isótopos radioativos de um elemento quı́mico estão sujeitos a um processo de decaimento radioativo. Com o passar
do tempo, uma amostra de tais isótopos vai se desintegrando, isto é, emitindo radiação e se transformando em uma
amostra de átomos mais estáveis.
Sabe-se que este decaimento é de tipo exponencial, isto é, denotando por m(t) a massa de um determinado isótopo
radioativo no instante t, tem-se
m(t) = m0 · bt ,

para algum 0 < b < 1, sendo m0 > 0 a massa inicial. A meia vida deste isótopo, denotada T , é o tempo necessário
para que a massa m se reduza à metade de seu valor inicial.

(a) Determine b em função de T .

(b) Determine, em função de T , o tempo necessário para que m se reduza a um terço de seu valor inicial.

Solução

(a) Considere t0 o tempo inicial, isto é, m(t0 ) = m0 . Segue que m0 · bt0 = m0 , logo t0 = 0.
Se T é o tempo necessário para que caia à metade a massa m de uma amostra de isótopos radioativos, a partir do
instante t0 = 0, temos
m0
m(T ) = ,
2
logo,
m0
m0 · bT = ;
2
com isso,
1
bT = .
2
Assim,
 1
1 T
b= .
2

1
Uma outra forma de escrever a última relação acima é b = 2− T .

(b) Seja t o tempo necessário para que a massa de uma amostra decaia a um terço. Temos que
m0
m(t) = ,
3
logo,
m0
m0 · bt = ;
3
portanto,
1
bt =
3
e, com isso,  t
1 1
2− T = .
3
Assim,
t
2− T = 3−1

ou, ainda,
t
2 T = 3.

Finalmente,
t
= log2 3,
T
de sorte que
t = T · log2 3.

Assim, o tempo necessário para que a massa de uma amostra decaia a um terço é T · log2 3.

Pauta de Correção:

(a) • Escrever a equação m(T ) = m20 . [0,25]


1 1
• Obter b = 12 T ou b = 2− T . [0,25]

(b) • Escrever a equação m(t) = m30 . [0,25]


 t
t 1 T 1
• Obter 2 T = 3 ou = . [0,25]
2 3
• Obter t = T · log2 3, ou algum valor equivalente. [0,25]

Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,75; (c)=0,25 ]

O objetivo deste problema é encontrar o número natural x, menor do que 1700 e que deixe restos 2, 2, 1 e 0 quando
dividido por 5, 6, 7 e 11, respectivamente. Para tanto, faça os itens a seguir:

(a) Escreva um sistema de congruências que tenha x como uma solução.

(b) Determine a solução geral do sistema do item (a).

(c) A partir da solução geral do sistema, calcule o valor de x.

Solução

(a) Temos que 0 < x < 1700 é uma solução do seguinte sistema de congruências:


 X ≡ 2 (mod 5)


 X ≡ 2 (mod 6)

 X ≡ 1 (mod 7)



X ≡ 0 (mod 11)

(b) Como 5, 6, 7, 11 são coprimos dois a dois, usaremos o Teorema Chinês dos Restos para determinar a solução geral do
sistema.
Tomamos M = 5 · 6 · 7 · 11 = 2310, M1 = 6 · 7 · 11 = 462, M2 = 5 · 7 · 11 = 385, M3 = 5 · 6 · 11 = 330 e M4 = 5 · 6 · 7 = 210.
Continuando, pondo m1 = 5, m2 = 6, m3 = 7, m4 = 11, c1 = 2, c2 = 2, c3 = 1 e c4 = 0, temos que a solução geral do
sistema é dada por
X ≡ M1 y1 c1 + M2 y2 c2 + M3 y3 c3 + M4 y4 c4 (mod M ),

onde cada yi é solução de Mi · y ≡ 1 (mod mi ), i = 1, 2, 3, 4.


Como c4 = 0 precisaremos determinar apenas y1 , y2 e y3 onde
 
 
 6 · 7 · 11y1 ≡
 1 (mod 5)  2y1 ≡
 1 (mod 5)
5 · 7 · 11y2 ≡ 1 (mod 6) ⇐⇒ y2 ≡ 1 (mod 6)

 

 5 · 6 · 11y ≡ 1 (mod 7)  y ≡ 1 (mod 7)
3 3

Portanto, y1 = 3, y2 = y3 = 1 e, assim,

X ≡ 462 · 3 · 2 + 385 · 1 · 2 + 330 · 1 · 1 ≡ 3872 (mod 2310).

(c) Temos que X= 3872 +2310 t, com t ∈ Z. Como 0 < x < 1700, obtemos x = 3872 − 2310 = 1562 como única solução.

Pauta de Correção:

(a) Escrever o sistema. [0,25]

(b) Determinar a solução geral. [0,75]

(c) A partir da solução geral, obter o valor de x. [0,25]


Questão 03 [ 1,25 ]

Dadas duas retas reversas r e s no espaço, definimos o ângulo entre r e s como o sendo o menor ângulo entre r e
s0 , onde s0 é qualquer reta paralela a s e concorrente com r. Pode-se provar que este ângulo não depende da reta s0
escolhida. Na figura abaixo, as retas reversas r e s são suporte, respectivamente, de uma diagonal do cubo e de uma
diagonal de uma de suas faces.

Calcule, de acordo com a definição acima, o cosseno do ângulo entre r e s.

Solução
De acordo com a definição relembrada no enunciado, precisamos determinar o ângulo entre r e s0 , com s0 paralela a s e
concorrente com r. Ainda de acordo com o enunciado, pode-se escolher qualquer reta s0 com tais propriedades. Vamos, então,
tomar s0 como sendo a paralela a s que concorre com r em um dos vértices do cubo, que chamaremos de A, conforme a figura
abaixo.

Note que s0 é perpendicular a AP , pois está contida no plano da face da base do cubo, que é perpendicular à aresta vertical
AP . Além disso, como s é paralela à diagonal BD da face ABCD do cubo, s0 também é paralela a BD; por fim, como BD é
perpendicular a AC, s0 é também perpendicular a AC.

Assim, como s0 é perpendicular a (ACP ), que é o mesmo plano (ACR), que por sua vez contém r. Logo, s0 é perpendicular a
r e, com isso, o cosseno do ângulo do ângulo entre as retas é 0.

Pauta de Correção:

• Considerar a reta s0 , ou alguma outra paralela a s concorrente com r, ou ainda alguma reta paralela a r e concorrente
com s. [0,25]

• Concluir corretamente que s0 é perpendicular a AC. [0,25]

• Concluir corretamente que s0 é perpendicular ao plano (ACR). [0,25]

• Concluir que s0 é perpendicular a r. [0,25]

• Calcular o cosseno. [0,25]


Solução Alternativa
Temos que s é perpendicular a P R, pois as diagonais de uma face do cubo são perpendiculares. Além disso, s está contida no
plano da face P QRS e AP é perpendicular a esta face, logo s é perpendicular a AP . Com isso, s é perpendicular ao plano
que contém o quadrilátero ACRP . Então, s é ortogonal a toda reta em ACRP , logo, ortogonal a r. Assim, sendo E o ponto
em que s intersecta ACRP e r0 a paralela a r passando por E, temos que s e r0 formam um ângulo de 90◦ uma com a outra.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Mostrou que s é ortogonal é AP . [0,25]


• Mostrou que s é ortogonal é ACRP . [0,25]
• Mostrou que s é ortogonal a r. [0,25]
• Considerou a reta r0 e mostrou que o ângulo entre s e r0 é de 90◦ . [0,25]
• Calcular o cosseno. [0,25]

Solução Alternativa (por Lei dos Cossenos)


Denotamos por a a aresta do cubo. Prolongando a aresta CB do cubo, obtemos o ponto E na interseção deste prolongamento
com s0 . Vamos calcular cos θ, onde θ é a medida do ângulo RÂE.
Pelo caso LLL, os triângulos SP Q e DAB da figura abaixo são congruentes. Além disso, como s0 é paralela a BD, e AD é

paralelo a EB, o quadrilátero AEBD será um paralelogramo. Com isso, BE = AD = a e AE = BD = a 2.

Temos ainda, pelo Teorema de Pitágoras, que


2 2 2
RE = RC + CE = a2 + (2a)2 ,

logo RE = a 5.

√ √ √
O triângulo RAE tem, então, lados de medidas AR = a 3, AE = a 2 e RE = a 5.

Pela Lei dos Cossenos,


2 2 2
RE = AE + AR − 2 · AE · AR · cos θ,
logo
√ √
5a2 = 2a2 + 3a2 − 2 · a 2 · a 3 · cos θ,
e, então
√ √
0 = −2 · a 2 · a 3 · cos θ.
Com isso, cos θ = 0 (e, portanto, o ângulo entre r e s0 mede 90◦ ).

Pauta de Correção da Solução Alternativa (Lei dos Cossenos):

• Considerar a reta s0 . [0,25]


• Obter o ponto E, interseção de s0 com o prolongamento de BC. [0,25]

• Obter RE = a 5. [0,25]
• Aplicar corretamente a Lei dos Cossenos. [0,25]
• Calcular o cosseno. [0,25]
Solução Alternativa (pelo Teorema das Três Perpendiculares)
Na figura que aparece na solução anterior, considerando α o plano que contém a face ABCD, temos RC⊥α. Temos BD k s, e
s k s0 , logo BD k s0 . Por fim, como AC⊥BD (pois ambos os segmentos são diagonais da face quadrada ABCD), temos então
AC⊥s0 .

Como RC⊥α, AC ⊂ α, s0 ⊂ α e AC⊥s0 , pelo Teorema das Três Perpendiculares, temos AR⊥s0 , logo r⊥s0 . Com isso, o ângulo
entre r e s é reto e, portanto, o cosseno do ângulo entre r e r é 0.

Pauta de Correção da Solução Alternativa (Teorema das Três Perpendiculares):

• Considerar a reta s0 , ou alguma outra paralela a s concorrente com r, ou ainda alguma reta paralela a r e concorrente
com s. [0, 25]

• Concluir corretamente que s0 é perpendicular a AC. [0, 25]

• Concluir corretamente que RC é perpendicular ao plano α, da face ABCD. [0, 25]

• Utilizar o Teorema das Três Perpendiculares e concluir que s0 é perpendicular a r. [0, 25]

• Calcular o cosseno. [0, 25]

Questão 04 [ 1,25 ]

Sejam (an ) uma progressão aritmética e (bn ) a sequência definida por bn = a2n+1 − a2n , para todo n > 1. Mostre que
(bn ) é uma progressão aritmética e calcule o primeiro termo e a razão de (bn ) em função do primeiro termo e da
razão de (an ).

Solução
Sejam a o primeiro termo e r a razão da progressão aritmética (an ).

Então ak = a + (k − 1)r, para todo k > 1.

Além disso, para n > 1, temos que

 
bn = a2n+1 − a2n = [a + nr]2 − [a + (n − 1)r]2 = a2 + 2anr + (nr)2 − a2 + 2a(n − 1)r + (n − 1)2 r2 =

a2 + 2anr + n2 r2 − a2 − 2anr + 2ar − n2 r2 + 2nr2 − r2 = 2ar + 2nr2 − r2 =

2ar + r2 + (n − 1)(2r2 ).

Logo (bn ) é uma progressão aritmética com primeiro termo 2ar + r2 e razão 2r2 .

De fato, b1 = 2ar + r2 + (1 − 1)(2r2 ) = 2ar + r2 e, para k > 1, temos que

 
bk+1 − bk = 2ar + r2 + (k + 1 − 1)(2r2 ) − 2ar + r2 + (k − 1)(2r2 ) = 2r2 e

assim está provado o resultado.

Pauta de Correção:

• Determinar a expressão de (bn ). [0,25]

• Verificar que (bn ) é uma progressão aritmética. [0,5]

• Determinar o primeiro termo de (bn ). [0,25]

• Determinar a razão da progressão aritmética (bn ). [0,25]


Solução Alternativa
Sejam a o primeiro termo e r a razão da progressão aritmética (an ).
Calculando a diferença de dois termos consecutivos da sequência (bn ) temos

bn+1 − bn = a2n+2 − a2n+1 − (a2n+1 − a2n ),

onde an+2 = an+1 + r e an+1 = an + r. Logo,

bn+1 − bn = (an+1 + r)2 − a2n+1 − [(an + r)2 − a2n ]

Fazendo as simplificações, obtemos

bn+1 − bn = 2an+1 r − 2an r = 2r(an+1 − an ) = 2r2 .

Portanto, (bn ) é uma progressão aritmética de razão 2r2 .


Temos que b1 = a22 − a21 = (a1 + r)2 − a21 = 2a1 r + r2 = 2ar + r2 .
Portanto, o primeiro termo de (bn ) é igual a 2ar + r2 .

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Considerar a diferença bn+1 − bn . [0,25]

• Verificar que (bn ) é uma progressão aritmética. [0,5]

• Determinar o primeiro termo de (bn ). [0,25]

• Determinar a razão de (bn ). [0,25]

Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Qual a probabilidade de duas pessoas escolhidas ao acaso terem nascido no mesmo dia da semana?

(b) Em um grupo de r pessoas (2 6 r 6 7), qual a probabilidade de haver pelo menos duas delas que tenham
nascido no mesmo dia da semana?

Observação: Suponha que a probabilidade de uma pessoa nascer em determinado dia da semana seja igual a 1/7.

Solução

(a) Escolhidas duas pessoas, o número de pares possı́veis dos dias da semana é igual 7 × 7 = 49. O número de casos
favoráveis, são os pares em que os dias de nascimento da semana são os mesmos, ou seja, igual a 7. Logo a probabilidade
7 1
pedida é igual a = .
49 7

Solução alternativa I
O número de pares possı́veis em que duas pessoas nasceram em dias distintos da semana é igual a 7 × 6 = 42. Temos
42 1
então que a probabilidade pedida é p = 1 − = .
49 7

Solução alternativa II
1
Escolhida uma pessoa, a probabilidade da outra ter nascido no mesmo dia da semana da primeira é p = .
7

(b) O número de casos possı́veis para r pessoas é igual a 7r . O número de casos em que nenhuma das r pessoas nasceu no
mesmo dia da semana, isto é, o número de casos desfavoráveis, é igual a 7 × 6 × · · · × [7 − (r − 1)]. Logo a probabilidade
pedida é

7 × 6 × · · · × (7 − (r − 1))
p=1− .
7r
Pauta de Correção:

(a) • Determinar o cardinal do Espaço Amostral. [0,25]


• Determinar a probabilidade. [0,25]

(b) • Determinar o cardinal do Espaço Amostral. [0,25]


• Determinar a probabilidade. [0,5]

Questão 06 [ 1,25 ]

Para cada n > 0 inteiro considere o número C(n) obtido pela concatenação das potências de 2, com expoentes de 0
até n, conforme exemplificado na tabela abaixo:

n 0 1 2 3 4 5 ···
C(n) 1 12 124 1248 124816 12481632 ···

Mostre, por indução, que C(n) é divisı́vel por 2n para todo n > 0.

Solução
Observemos primeiramente que
C(1) = 12 = 10 + 2, C(2) = 124 = 12 · 10 + 4, C(3) = 1248 = 124 · 10 + 8, C(4) = 124816 = 1248 · 102 + 16, C(5) =
124816 · 102 + 32, C(6) = 12481632 · 102 + 64, C(7) = 1248163264 · 103 + 128, . . ..
De um modo geral,
C(n + 1) = C(n) · 10s + 2n+1 ,

onde s > 1 é o número de algarismos da expansão decimal de 2n+1 .


Agora, por indução sobre n, para n = 0 temos que 20 | C(0).
Suponha que 2n divide C(n), para um certo n > 0.
Temos que C(n + 1) = C(n) · 10s + 2n+1 , onde s > 1.
Como 2n divide C(n) e 2 divide 10s , concluimos que 2n+1 divide C(n) · 10s , logo 2n+1 divide C(n + 1).
Portanto, C(n) é divisı́vel por 2n para todo n > 0.

Pauta de Correção:

• Verificar que C(n) é divisı́vel por 2n para n = 0. [0,25]

• Escrever C(n + 1) = C(n) · 10s + 2n+1 . [0,25]

• Concluir que 2n+1 divide C(n) · 10s . [0,5]

• Concluir a prova. [0,25]

Questão 07 [ 1,25 ]

Seja ABC um triângulo. Se P é o pé da bissetriz interna relativa ao lado BC, prove o Teorema da Bissetriz
Interna, isto é, que

BP BA
= .
PC AC
Solução

←→ ←→
Trace, pelo ponto B, a paralela à reta AP e marque seu ponto de interseção B 0 com a reta AC.
←→ ←−→
Como AP é paralela à reta B 0 B e AP é bissetriz do ∠BAC obtemos
∠ABB 0 = ∠BAP e∠BB 0 A = ∠P AC; como ∠BAP = ∠P AC, segue que ∠BB 0 A = ∠ABB 0 .
Portanto, o triângulo B 0 AB é isósceles de base B 0 B, e assim AB = AB 0 .
←→ ←−→
Aplicando o teorema de Tales às paralelas AP e B 0 B obtemos

BP AB 0 AB
= =
PC AC AC

Pauta de Correção:
←→
• Traçar a paralela a AP e mostrar a igualdade ∠BB 0 A = ∠ABB 0 . [0,5]
• Concluir que AB = AB 0 . [0,25]
• Aplicar o teorema de Tales. [0,25]
• Concluir o resultado. [0,25]

Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

(a) Escreva cos(3x) em termos de cos(x).


r
(b) Mostre que, se um número racional irredutı́vel (r e s inteiros não nulos primos entre si) é raiz de um polinômio
s
P (X) = an X n + an−1 X n−1 + · · · + a1 X + a0 de coeficientes inteiros, então s divide an e r divide a0 .

(c) Use os itens acima para mostrar que cos (20◦ ) é um número irracional.

Solução
(a)

cos(3x) = cos(2x + x)
= cos(2x) · cos x − sen(2x) · senx
= (cos2 x − sen2 x) · cos x − 2 · senx · cos x · senx
= cos3 x − sen2 x · cos x − 2 · sen2 x · cos x
= cos3 x − 3 · sen2 x · cos x
= cos3 x − 3 · (1 − cos2 x) · cos x
= 4 cos3 x − 3 cos x.
r
(b) Suponha r e s como no enunciado, tais que é uma raiz racional irredutı́vel do polinômio P (x) = an xn + an−1 xn−1 +
s
· · · + a1 x + a0 , isto é,

r  r n  r n−1  r 2 r


P = an + an−1 + · · · + a2 + a1 + a0 = 0
s s s s s
Multiplicando a igualdade por sn , temos que

an rn + an−1 rn−1 s + · · · + a2 r2 sn−2 + a1 rsn−1 + a0 sn = 0,

an rn = −(an−1 rn−1 + · · · + a2 r2 sn−3 + a1 rsn−2 + a0 sn−1 )s

a0 sn = −(an rn−1 + an−1 rn−2 s + · · · + a2 rsn−2 + a1 sn−1 )r.

Segue que s|an rn e r|a0 sn e, como, (r, s) = 1 concluı́mos que s|an e r|a0 .

(c) Note que 60o = 3 · 20o .


Por um lado, cos 60o = 1/2; por outro, o item (a) fornece cos 60o = 4 cos3 20o − 3 cos 20o .
Portanto, podemos afirmar que cos 20o satisfaz à equação 4x3 − 3x − 1
2
= 0, e então que é raiz do polinômio com
coeficientes inteiros
P (x) = 8x3 − 6x − 1.

Pelo item (b), as (possı́veis) raı́zes racionais de P devem pertencer ao conjunto {±1, ± 21 , ± 14 , ± 18 }. Calculando as
imagens de cada um desses números, temos

x 1 -1 1/2 -1/2 1/4 -1/4 1/8 -1/8


P (x) 1 -3 -3 1 -19/8 3/8 -111/64 -17/64

Portanto, cos 20o não pode ser um número racional.

Pauta de Correção:

(a) Escrever cos(3x) em função de cos x. [0,25]

(b) • Concluir que s|an rn e r|a0 sn . [0,25]


• Usar o fato (r, s) = 1 e concluir que s|an e r|a0 . [0,25]

(c) • Usar o item (a) para obter cos 20◦ como raiz da polinômio
P (x) = 8x3 − 6x − 1. [0,25]
• Usar o item (b) para concluir que cos 20◦ é um número irracional. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2017.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ]


Encontre as medidas dos lados e ângulos de dois triângulos ABC diferentes tais que AC = 1, BC = b = 30◦ .
3 e ABC

Solução


Considere AC = 1, BC = b = 30◦ e BA = c.
3 , ABC


Aplicando a lei dos cossenos, obtemos 1 = c2 + 3 − 2 3c · cos 30◦ = c2 + 3 − 3c, ou seja, c2 − 3c + 2 = 0. Logo c = 1 ou c = 2.

b = 30◦ e B AC
Para c = 1 obtemos um triângulo isósceles, logo B CA b = 120◦ .


b = 90◦ e C AB
Para c = 2 temos 22 = ( 3)2 + 12 , logo obtemos um triângulo retângulo com B CA b = 60◦ . Para fins de
ilustração, estes triângulos estão esboçados abaixo:

Pauta de Correção:

• Aplicar corretamente a lei dos cossenos. [0,25]

• Determinar os dois valores para a medida do lado AB. [0,50]

• Determinar as medidas dos ângulos no caso AB = 1. [0,25]

• Determinar as medidas dos ângulos no caso AB = 2. [0,25]


SOLUÇÃO ALTERNATIVA


Sejam BC = 3 e a reta r formando um ângulo de 30◦ com BC. A perpendicular ao segmento BC, traçada de C, intersecta
r em um ponto, denotado por A.
√ √
3 BC 3
No triângulo retângulo ABC, tem-se que cos 30◦ = = = , donde BA = 2.
√ 2 2 BA BA
2 2
Usando o teorema de Pitágoras, ( 3) + (AC) = 2 , e daı́ AC = 1. Assim obtemos um triângulo retângulo ABC, com
BA = 2, AC = 1 e B AC b = 60◦ .

Seja A0 o ponto médio de BA, logo BA0 = A0 A = 1. Traçando a mediana CA0 obtém-se o triângulo A0 AC isósceles com
b = 60◦ , logo um triângulo equilátero. Concluimos daı́ que A0 C = 1.
A0 AC
Consequentemente, o triângulo A0 BC é o outro triângulo pedido, com B Ac0 C = 120◦ .

Pauta de Correção :

• Traçar a perpendicular CA e concluir que AB = 2. [0,25]

• Determinar as medidas dos lados e ângulos do triângulo ABC. [0,25]

• Traçar a mediana relativa à hipotenusa AB e mostrar que o triângulo A0 AC é equilátero. [0,50]

• Encontrar as medidas dos lados e ângulos do triângulo A0 BC. [0,25]


Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Sejam a, b e c números reais com a 6= 0. Considere a função f : R → R definida pela expressão f (x) = ax2 + bx + c.

(a) Escreva a expressão de f na forma f (x) = a(x − m)2 + k.

(b) Utilizando o item anterior, prove que, se b2 − 4ac > 0, as raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0, são dadas por
√ √
−b + b2 − 4ac −b − b2 − 4ac
r1 = e r2 = .
2a 2a

Solução

(a) Podemos fatorar a expressão de f como abaixo:

 
b c
f (x) = ax2 + bx + c = a x2 + x +
a a
 
b b2 b2 c
= a x2 + 2 · ·x+ 2 − 2 +
2a 4a 4a a
" 2 #
b 4ac − b2
= a x+ +
2a 4a2
 2
b 4ac − b2
= a x+ + .
2a 4a

(b) Utilizando o item anterior,

ax2 + bx + c = 0 ⇐⇒ f (x) = 0
 2
b 4ac − b2
⇐⇒ a x+ =−
2a 4a
 2 2
b b − 4ac
⇐⇒ a x+ =
2a 4a
 2 2
b b − 4ac
⇐⇒ x+ =
2a 4a2
r
b b2 − 4ac
⇐⇒ x+ =±
b2 −4ac>0 2a 4a2

b 2
b − 4ac
⇐⇒ x+ =±
2a 2|a|

2
b − 4ac b
⇐⇒ x=± −
2a 2a

−b ± b2 − 4ac
⇐⇒ x=
2a
Com isso, as raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0 são dadas por
√ √
−b + b2 − 4ac −b − b2 − 4ac
r1 = e r2 = .
2a 2a

Pauta de Correção:
(a) • Fazer corretamente o completamento de quadrados. [0,5]
• Concluir corretamente as expressões para m e k. [0,25]
(b) • Observar que a expressão dentro da raiz é positiva. [0,25]
• Chegar corretamente à expressão final. [0,25]
Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Considere as sequências pn e qn definidas recursivamente por p1 = q1 = 1,

pn+1 = p2n + 2qn2 , qn+1 = 2pn qn , para n > 1.

(a) Prove que p2n − 2qn2 = 1, para n > 2.


pn
(b) Use o item (a) para concluir que as frações são irredutı́veis para todo n > 2.
qn

Solução

(a) A afirmação é verdadeira para n = 2. De fato, p2 = p21 +2q12 = 1+2 = 3 e q2 = 2p1 q1 = 2, portanto p22 −2q22 = 32 −23 = 1.
Suponha a afirmação verdadeira até um certo k > 2, isto é, p2k − 2qk2 = 1 (hipótese de indução). Vamos provar que a
afirmação é válida para k + 1.
Considerando a recorrência, temos que

p2k+1 − 2qk+1
2
= (p2k + 2qk2 )2 − 2(2pk qk )2 =

= p4k + 4p2k qk2 + 4qk4 − 8p2k qk2 = p4k − 4p2k qk2 + 4qk4 = (p2k − 2qk2 )2

Usando a hipótese de indução, concluı́mos que

p2k+1 − 2qk+1
2
= (p2k − 2qk2 )2 = 1.

Portanto, pelo Princı́pio de Indução Matemática, temos que p2n − 2qn2 = 1, para n > 2.

(b) Seja d o máximo divisor comum entre pn e qn . Como d | pn e d | qn , então d | p2n − 2qn2 . Usando o item (a) obtemos que
d | 1, o que nos mostra que d = 1.

Pauta de Correção:

(a) • Provar a afirmação para n = 2. [0,25]


• Supor a afirmação válida para n = k e provar para n = k + 1. [0,5]

(b) • Provar que (pn , qn ) = 1. [0,5]


Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)= 0,75 ]

Uma técnica simples para calcular o quadrado de um número natural N , representado no sistema decimal, cujo
algarismo das unidades é igual a 5 é a seguinte:

(i) O algarismo das dezenas de N 2 será 2 e o das unidades será 5, ou seja, N 2 “termina”em 25.

(ii) Para determinar os algarismos antecedentes a 25 em N 2 , considere o número a obtido pela retirada do algarismo
5 (algarismo das unidades) do número N que se quer elevar ao quadrado e multiplique pelo seu sucessor a + 1.
Assim, os algarismos do número a × (a + 1) serão os algarismos que antecedem o 25.

Por exemplo: 352 = 1225, pois 3 × 4 = 12; 1952 = 38025, pois 19 × 20 = 380.

(a) Use a técnica acima para calcular 7052 e 99952 .

(b) Prove a validade desse resultado.

Solução

(a) Tem-se que 7052 = 497025, pois 70 × 71 = 4970 e 99952 = 99900025, pois 999 × 1000 = 999000.

(b) Considere um número N , representado no sistema decimal, cujo algarismo das unidades é 5:

N = an · 10n + an−1 · 10n−1 + · · · + a1 · 10 + 5

Tem-se que
N = (an · 10n−1 + an−1 · 10n−2 + · · · + a1 ) ·10 + 5 = 10a + 5
| {z }
a

onde a é o número formado por todos os algarismos, exceto o algarismo 5. Segue daı́ que

N 2 = (10a + 5)2 = (10a)2 + 2 × 10a × 5 + 52 = 100a2 + 100a + 25 = a × (a + 1) × 100 + 25

Portanto, N 2 é o número terminado em 25 e os demais algarismos são obtidos pela multiplicação a × (a + 1).

Pauta de Correção:

(a) • Calcular 7052 , usando a técnica. [0,25]


• Calcular 99952 , usando a técnica. [0,25]

(b) • Escrever N = a · 10 + 5. [0,25]


• Calcular N 2 e concluir o resultado. [0,5]
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Um cubo de aresta de medida 3 é intersectado por um plano, determinando o triângulo DP Q, como mostra a figura
a seguir:

Sabe-se que AP = AQ = 2.

(a) Calcule a área do triângulo DP Q.

(b) Determine a distância do vértice A do cubo ao plano que contém o triângulo DP Q.

Solução

(a) Como AP = AQ = 2 e como P AQ é um triângulo retângulo, temos


2 2 2
P Q = AP + AQ = 22 + 22 = 8,
√ √
logo P Q = 8 = 2 2.

Como os triângulos DAQ e DAP são congruentes (caso LAL), tem-se DP = DQ, logo o triângulo DP Q é isósceles de
vértice D. Tomando o ponto médio M do lado P Q deste triângulo, tem-se então que DM é a altura de DP Q relativa
a P Q.

Como o triângulo AP Q é isósceles de vértice A, temos também que AM é altura de AP Q, logo AM̂ P = 90◦ . Com isso,

AM · P Q = AP · AQ,

logo

AM · 2 2 = 2 · 2,
e, com isso,

AM = 2.

O triângulo DAM é retângulo, logo


2 2 2 √
DM = DA + AM = 32 + ( 2)2 = 11.

Com isso, DM = 11 e
1 1 √ √ √
Área(DP Q) = · P Q · DM = · 2 2 · 11 = 22.
2 2
(b) Sendo d a distância do vértice A ao plano que contém o triângulo DP Q, o volume V do tetraedro DP QA pode ser
calculado de duas formas:
1
· Área(DP Q) · d,
V =
3
1
V = · Área(AP Q) · DA
3
(na primeira, tomamos DP Q como base e, na segunda, AP Q).

Com isso,
Área(DP Q) · d = Área(AP Q) · DA.

Como Área(DP Q) = 22 e
1 1
Área(AP Q) = · AP · AQ = · 2 · 2 = 2,
2 2
temos

22 · d = 2 · 3,

logo
6
d= √ .
22

Pauta de Correção:

Item (a):

• Considerar o ponto M . [0,25]



• Calcular DM = 11. [0,25]

• Obter o valor correto para a área de P DQ. [0,25]

Item (b):

• Calcular o volume do tetraedro DP QA. [0,25]

• Utilizar o volume calculado para obter a distância procurada. [0,25]

Solução Alternativa do Item (b):


O segmento d é a altura do triângulo retângulo DAM . Os catetos medem DA = 3, AM = 2, e a hipotenusa mede

DM = 11. Calculando a área de duas formas diferentes, obtemos a relação:

DM · d = DA · AM ,

√ √ 3 22 6
chegamos a 11d = 3 2, o que nos leva a d = = √ .
11 22

Pauta de Correção da Solução Alternativa do Item (b):

• Identificar d como a altura do triângulo retângulo ADM . [0,25]

• Utilizar qualquer relação métrica para calcular d. [0,25]


Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Sejam a, b números inteiros e p um número primo. Prove que:

(a) se p | ap − bp , então p | a − b.

(b) se p | ap − bp , então p2 | ap − bp .

Solução

(a) Suponha que p | ap − bp . Como p é primo, pelo Pequeno Teorema de Fermat, temos que p | ap − a e p | bp − b, logo
p | ap − bp − (a − b). Agora, como p | ap − bp , concluı́mos que p | a − b.

(b) Suponha que p | ap − bp . Segue que, usando o item (a), p | a − b, ou equivalentemente, a ≡ b mod p. Então temos que
an ≡ bn mod p, para todo n natural.
Daı́,
ap−1 + ap−2 b + · · · + abp−2 + bp−1 ≡ bp−1 + bp−2 b + · · · + bbp−2 + bp−1 ≡ pbp−1 ≡ 0 mod p

Como ap −bp = (a−b)(ap−1 +ap−2 b+· · ·+abp−2 +bp−1 ) e os dois fatores são divisı́veis por p, concluı́mos que p2 | ap −bp .

Pauta de Correção:

Item (a)

• Usar o Pequeno Teorema de Fermat. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]

Item (b)

• Decompor ap − bp e usar o item (a) para concluir que p divide um dos fatores. [0,25]

• Provar que p divide o outro fator. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]


Questão 07 [ 1,25 ]

Resolva a equação de recorrência Fn+2 − Fn+1 − Fn = 0 (n > 0), F0 = 0, F1 = 1.

Solução

A equação caracterı́stica associada a Fn é r2 − r − 1 = 0 cujas raı́zes são dadas por


√ √
1+ 5 1− 5
r1 = e r2 = .
2 2
Então,  √ n  √ n
1+ 5 1− 5
Fn = C1 + C2 .
2 2
Para determinar C1 e C2 usamos F0 = 0 e F1 = 1.

Para n = 0 e n = 1 obtemos o sistema 


 F 0 = C1 + C2 = 0
 √   √ 
 F1 = C1 1+2 5 + C2 1−2 5 = 1

1 1
Resolvendo o sistema, encontramos C1 = √ , C2 = − √ e assim:
5 5

 √ n  √ n
1 1+ 5 1 1− 5
Fn = √ −√ .
5 2 5 2

Pauta de Correção:

• Escrever a equação caracterı́stica. [0,25]

• Achar as raı́zes da equação caracterı́stica. [0,25]

• Escrever a fórmula explı́cita Fn = C1 r1n + C2 r2n . [0,25]

• Atribuir dois valores para n e montar um sistema. [0,25]

• Resolver o sistema. [0,25]


Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]


Considere a função real definida por f (x) = 3 sen(x) + cos(x).

(a) Determine α ∈ [0, 2π] para que f possa ser escrita na forma f (x) = 2 sen(x + α).

(b) Resolva, em R, a equação 3 sen(x) + cos(x) = 2.

Solução

(a) Desenvolvendo a expressão 2 sen(x + α), temos

2 sen(x + α) = 2 [sen(x) cos(α) + sen(α) cos(x)]


= 2 cos(α) sen(x) + 2 sen(α) cos(x).

Assim, para que 2 sen(x + α) seja igual a f (x) = 3 sen(x) + cos(x), é necessário e suficiente que

2 cos(α) = 3 e 2 sen(α) = 1,

ou, equivalentemente, √
3 1
cos(α) = e sen(α) = .
2 2
π
Esta igualdade é satisfeita, para α ∈ [0, 2π], tomando-se α = .
6
(b) Pelo item (a),
√  π
3 sen(x) + cos(x) = 2 ⇐⇒ 2 sen x + =2
 6
π
⇐⇒ sen x + =1
6
π π
⇐⇒ x + = + 2kπ, k ∈ Z
6 2
π π
⇐⇒ x = − + + 2kπ, k ∈ Z
6 2
π
⇐⇒ x = + 2kπ, k ∈ Z
3

Pauta de Correção:

(a) • Usar a fórmula do seno da soma de arcos. [0, 25]


• Concluir que α = π/6. [0, 25]

(b) • Usar o item (a) e reescrever a equação. [0, 25]


• Chegar à solução da equação. [0, 5]

Solução Alternativa para o Item (b):


Podemos reescrever a equação na forma 3 sen(x) = 2 − cos(x).

Elevando os dois lados ao quadrado temos que 3 sen2 (x) = (2 − cos(x))2 , ou seja, 3 sen2 (x) = 4 − 4 cos(x) + cos2 (x). Pela
relação fundamental cos2 (x) + sen2 (x) = 1, segue que 3(1 − cos2 (x)) = 4 − 4 cos(x) + cos2 (x).

Assim temos a equação 4 cos2 (x) − 4 cos(x) + 1 = 0. Fazendo cos(x) = t obtemos a equação do segundo grau 4t2 − 4t + 1 = 0,
1
cuja solução é t = .
2
1 π π
Logo temos que resolver a equação cos(x) = que tem como soluções x = + 2kπ e x = − + 2kπ, com k ∈ Z.
2 3 3
π π
Como as funções seno e cosseno são 2π-periódicas, podemos testar apenas x = e x = − na equação original.
3 3
π  π π √  π √
1 3 3
Sabemos que cos = cos − = , sen = e sen − =− .
3 3 2 3 2 3 2
√ π π
Substituindo na equação 3 sen(x) = 2 − cos(x) vemos que x = é solução e que x = − não é solução.
3 3
π
Portanto as soluções em R são dadas por x = + 2kπ, com k ∈ Z.
3

Pauta de Correção da Solução Alternativa para o Item (b):

• Encontrar a equação em cos(x) e fazer a substituição t = cos(x). [0,25]

• Resolver a equação em t e encontrar os possı́veis valores de x. [0,25]

• Concluir quais são as soluções corretas da equação. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2017.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ]

Determine as equações das duas retas tangentes à parábola de equação y = x2 − 2x + 4 que passam pelo ponto
(2, −5).

Solução
A equação de uma reta tangente à parábola que passa pelo ponto (2, −5) é caracterizada por y = m(x − 2) − 5 , onde m é a
inclinação e o sistema seguinte possui solução única, isto é, a interseção da reta com a parábola possui um único ponto.
(
y = x2 − 2x + 4
y = m(x − 2) − 5

Assim, x2 − 2x + 4 = m(x − 2) − 5, donde x2 − (2 + m)x + 2m + 9 = 0. O sistema terá uma única solução se, e somente se,
∆ = b2 − 4ac = 0.

Calculando ∆ = (2 + m)2 − 4(2m + 9) = m2 − 4m − 32, obtemos ∆ = 0 se, e somente se, m = 8 ou m = −4.

Portanto, y = 8x − 21 e y = −4x + 3 são as equações pedidas.

Pauta de Correção:

• Escrever a equação de uma reta passando por (2, −5). [0,25]


• Caracterizar a reta tangente. [0,25]
• Concluir que o sistema tem solução única se, e somente se, ∆ = 0. [0,25]
• Determinar as duas equações. [0,5]

Questão 02 [ 1,25 ]

Descreva a construção, com régua e compasso, do cı́rculo tangente à reta r e contendo os pontos A e B da figura
abaixo.

Observação: Considere conhecidas as construções, com régua e compasso, da mediatriz de um segmento, da média
geométrica de dois segmentos e da perpendicular a um segmento passando por um ponto dado. Estas construções
podem ser utilizadas sem maiores detalhamentos.
Solução
Vamos supor o problema resolvido:

Para construir o cı́rculo, precisamos construir, primeiramente, seu centro C. Este centro estará na interseção da mediatriz do
segmento AB com a reta perpendicular a r e passando pelo ponto T de tangência entre r e o cı́rculo. Com isso, se soubermos
determinar o ponto T , o problema poderá ser facilmente resolvido.

Sendo P o ponto de interseção entre r e a reta que passa por A e B, sabemos que
2
PA · PB = PT ,

logo, P T é a média geométrica dos segmentos P A e P B. Com isso, podemos fazer a seguinte construção:

1. Marcamos o ponto P de interseção entre as retas da figura e construı́mos o cı́rculo de centro P e raio a, onde a é a
média geométrica dos segmentos P A e P B (esta construção pode, segundo o enunciado, ser feita sem maiores detalhes).
2. Tomamos o ponto T na interseção entre r e o cı́rculo do passo anterior, de forma que T P A seja agudo.
3. Traçamos a reta s, perpendicular a r e passando por T (segundo o enunciado, esta construção pode ser feita sem maiores
detalhes).
4. Traçamos a reta m, mediatriz de AB (esta construção pode ser feita sem maiores detalhes).
5. Marcamos o centro C do cı́rculo na interseção entre m e s.
6. Construı́mos o cı́rculo de centro C e raio CA.

Pauta de Correção:

• Indicar (mesmo que apenas em uma figura) que o centro do cı́rculo está na mediatriz de AB e na reta perpendicular a
r passando por T , ou seguir claramente uma estratégia que utiliza este fato. [0,25]
• Considerar a média geométrica entre os segmentos P A e P B. [0,25]
• Tomar o ponto T de forma que P T seja a média geométrica entre os segmentos P A e P B. [0,5]
• Finalizar a construção do cı́rculo, tomando o centro na mediatriz de AB e na perpendicular a r passando por T . [0,25]

Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove que um número inteiro positivo n possui uma quantidade ı́mpar de divisores positivos se, e somente se,
é um quadrado perfeito.

(b) Sejam a e b números inteiros positivos com (a, b) = 1. Prove que, se ab é um quadrado perfeito, então a e b são
quadrados perfeitos.
Solução

α
(a) Pelo teorema fundamental da aritmética, n = pα
1
1
· pα
2 · · · pk
2 k
sendo
p1 < p2 < · · · < pk números primos e α1 , α2 , . . . , αk números inteiros positivos. A quantidade de divisores de n é dado
por
d(n) = (α1 + 1) · (α2 + 1) · · · (αk + 1).

(i) Se n tem um número ı́mpar de divisores, então todos os fatores de d(n) são números ı́mpares, ou seja, α1 , α2 , · · · , αk
são números pares. Portanto
 α α2 αk
2
1
n= p1 2 · p2 2 · · · pk 2 .

(ii) Por outro lado, se n é um quadrado perfeito, então n = c2 para algum c ∈ Z. Isto implica que todos os αi são números
pares e então d(n) é ı́mpar, por ser o produto de ı́mpares.

(b) Sejam a = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s e b = bγ11 · bγ22 · · · bγt t a decomposição destes números em fatores primos distintos. O fato de
(a, b) = 1 implica que a e b não tem fator primo comum. Portanto a decomposição de ab em fatores primos é

ab = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s · bγ11 · bγ22 · · · bγt t

Como ab é um quadrado perfeito, pelo item (a) a quantidade de divisores de ab é um número ı́mpar, isto é,

d(ab) = (β1 + 1) · (β2 + 1) · · · (βs + 1) · (γ1 + 1) · (γ2 + 1) · · · (γt + 1)

é ı́mpar. Logo d(a) é ı́mpar, d(b) é ı́mpar e novamente pelo item (a) os números a e b são quadrados perfeitos.

Pauta de Correção:

Item (a)

• Supor que n tem uma quantidade ı́mpar de divisores e concluir que n é quadrado perfeito. [0,25]

• Supor que n é quadrado perfeito e concluir que n tem uma quantidade ı́mpar de divisores. [0,25]

Item (b)

• Escrever corretamente a decomposição em primos de ab, usando o fato (a, b) = 1. [0,25]

• Concluir que a e b são quadrados perfeitos. [0,5]

Solução alternativa para o item (b):

(b) Sejam a = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s e b = bγ11 · bγ22 · · · bγt t a decomposição destes números em fatores primos distintos. O fato de
(a, b) = 1 implica que a e b não tem fator primo comum. Portanto a decomposição de ab em fatores primos é

ab = a1β1 · aβ2 2 · · · aβs s · bγ11 · bγ22 · · · bγt t .

Como ab é um quadrado perfeito, os expoentes βi e γj são todos pares. Logo as decomposições de a = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s e
b = bγ11 · bγ22 · · · bγt t em fatores primos distintos têm expoentes pares. Portanto os números a e b são quadrados perfeitos.

Pauta de Correção:

Item (b)

• Escrever corretamente a decomposição de ab em primos distintos usando o fato de que (a, b) = 1. [0,25]

• Concluiur que a e b são quadrados perfeitos. [0,50]


Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Uma permutação de n elementos é dita caótica quando nenhum elemento está na posição original. Por exemplo,
(2, 1, 4, 5, 3) e (3, 4, 5, 2, 1) são permutações caóticas de (1, 2, 3, 4, 5), mas (3, 2, 4, 5, 1) não é, pois 2 está no lugar
original. O número de permutações caóticas de n elementos é denotado por Dn .

(a) Determine D4 listando todas as permutações caóticas de (1, 2, 3, 4).

(b) Quantas são as permutações de (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7) que têm exatamente três números em suas posições original?

Solução

(a) As permutações caóticas de (1, 2, 3, 4) são 2143, 2341, 2413, 3142, 3412, 3421, 4123, 4312 e 4321.

(b) Primeiro escolhemos 3 números entre 1 e 7 que ficam na posição original, o que pode ser feito de C73 = 35 maneiras.
Devemos fazer uma permutação caótica com as demais 4 posições, e isso pode ser feito de D4 = 9 maneiras.

Portanto temos um total de C73 · D4 = 315 permutações de (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7) que têm exatamente três números em suas posições
originais.

Pauta de Correção:

(a) • Listar as 9 permutações caóticas de (1, 2, 3, 4). [0,5]


• Não listar todas as permutações caóticas de (1, 2, 3, 4) mas listar pelo menos 6, sendo todas as listadas caóticas.
[0,25]

(b) • Concluir que existem 35 modos de escolher os 3 números que ficarão na posição original. [0,25]
• Concluir que cada escolha dos 3 números fixados na posição original gera D4 permutações caóticas. [0,25]
• Concluir a contagem 35 · D4 . [0, 25]

Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um tetraedro ABCD possui como base o triângulo equilátero BCD, cujos lados têm medida 1. Suas faces laterais
são tais que AB = AC = AD = `, com B ÂC = C ÂD = B ÂD = α.

(a) Expresse ` em função de α.

(b) Determine, em função de α, a medida da altura deste tetraedro traçada a partir de A.


Solução

(a) Considerando a face ABC, como ` = AB = AC e BC = 1, temos, pela Lei do Cossenos,

12 = `2 + `2 − 2 · ` · ` · cos α,

que implica
2`2 (1 − cos α) = 1,

logo
1
`2 = .
2(1 − cos α)
Com isso, s
1
`= .
2(1 − cos α)

(b) Como as faces ABC, ACD e ABD são triângulos isósceles de vértice A, as alturas relativas a A de cada uma dessas
faces têm seus pés nos pontos médios de BC, CD e BD, respectivamente. Da mesma forma, as alturas da face BCD,
que é um triângulo equilátero, têm pés nos mesmos pontos médios, como mostra a figura abaixo.

Assim, as projeções das arestas AB, AC e AD sobre a base estão sobre as alturas da base, de forma que H, pé da
altura AH do tetraedro, esteja então no incentro/ortocentro/baricentro do triângulo equilátero BCD. Como a altura

3
do triângulo BCD tem medida 2
, temos
√ √
2 3 3
BH = CH = DH = · = .
3 2 3

Assim, como AHB é retângulo em H, temos


2 2 2
AH + BH = AB ,

logo
 √ 2
2 3
AH + = `2 ,
3
que nos dá
2 1 1
AH + = .
3 2(1 − cos α)
Com isso, s
1 1
AH = − ,
2(1 − cos α) 3
que é a altura pedida

Pauta de Correção:

Item (a):

• Aplicar a lei dos cossenos. [0,25]


• Obter ` em função de α. [0,25]
Item (b):

• Obter a distância 3/3 entre um dos vértices da base (B, C ou D) e o pé H da altura pedida. [0,25]
• Considerar um dos triângulos retângulos ABH, ACH ou ADH. [0,25]
• Encontrar a altura correta. [0,25]

Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove a relação de Stifel: para todos n e p inteiros positivos com n > p,
p+1
Cn+1 = Cnp+1 + Cnp .

(b) Considere a sequência de números inteiros



a1 = C 2 ,
2
a = C 2 + · · · + C 2 n > 2.
n 2 n+1 ,

3
Mostre que an = Cn+2 .

Solução

(a) Se n = p obtemos 1 = 0 + 1. Suponhamos então n > p.


Temos que
n! n! n!(n − p) + n!(p + 1)
Cnp+1 + Cnp = + =
(p + 1)!(n − p − 1)! p!(n − p)! (p + 1)!(n − p)!)

n!(n + 1) (n + 1)!
Cnp+1 + Cnp = = p+1
= Cn+1
(p + 1)!(n − p)! (p + 1)!(n − p)!
(b) Para n = 2 temos a2 = C22 + C32 = 1 + 3 = C43 , portanto a afirmação é verdadeira.
3
Suponhamos an = Cn+2 , para n fixo, n > 2. Vamos provar que o resultado vale para n + 1, isto é, an+1 = Cn+3
3
.
2 3 2
Temos que an+1 = an + Cn+2 = Cn+2 + Cn+2 (hipótese de indução).
Agora, usando a relação de Stifel, obtemos

3 2 3
an+1 = Cn+2 + Cn+2 = Cn+3

Portanto, pelo princı́pio de indução, o resultado é válido para todo n > 2.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Provar a relação de Stifel. [0,5]
Item (b)
• Verificar o resultado para n = 2 (base da indução). [0,25]
• Supor o resultado válido para n e provar para n + 1. [0,5]

Solução alternativa para o item (a) com argumento combinatório:


(a) Suponha que de um grupo de n + 1 pessoas tenham que ser formada uma comissão com p + 1 pessoas. Por definição
de número binomial segue que o lado esquerdo da igualdade é uma solução possı́vel para o problema. Por outro lado,
fixemos uma pessoa, digamos P. Vamos considerar as comissões que contém P e as comissões que não contém P. O
número de elementos do primeiro conjunto é igual a y = Cnp , pois como P já faz parte, resta escolher p entre as demais
n. Já, o número de comissões sem P é igual a x = Cnp+1 . Portanto segue o resultado.
p+1
Temos então que x + y = Cn+1 .

Pauta de Correção:

Item (a)

• Encontrar x e y. [0,25]
p+1
• Concluir que Cn+1 = x + y. [0,25]

Solução alternativa para o item (b):

(b) Pela relação de Stifel temos

C43 = C33 + C32


C53 = C43 + C42
C63 = C53 + C52
..
.
3
Cn+1 = Cn3 + Cn2
3 3 2
Cn+2 = Cn+1 + Cn+1 .

Somando-se as igualdades acima, membro a membro, obtemos que

3
Cn+2 = C33 + C32 + · · · + Cn2 + Cn+1
2
.

Como C33 = C22 = 1 segue que

3
Cn+2 = C22 + C32 + · · · + Cn2 + Cn+1
2
.

Pauta de Correção:

Item (b)

• Listar todas as igualdade de Stifel de 4 e n + 2. [0,25]

• Somar termo a termo e concluir a igualdade. [0,50]


Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Uma função f é dita crescente em X ⊂ R se, para todos x1 , x2 ∈ X com x1 < x2 , tem-se f (x1 ) < f (x2 ). Sabendo
que as funções g(x) = xa e h(x) = bx são crescentes em [0, +∞) para a e b reais com a > 0 e b > 1,
x2 +1
(a) prove que a função F (x) = (1 + ex ) é crescente em [0, +∞);
x2 +1
(b) encontre as soluções não negativas da equação (1 + ex ) = 2.

Solução

(a) Suponha x1 < x2 , onde x1 , x2 ∈ [0, ∞).


Como as funções g(x) = xa e h(x) = bx são crescentes em [0, +∞) para a e b reais com a > 0 e b > 1, tem-se que

x1 < x2 =⇒ xa1 < xa2 e bx1 < bx2

Assim, x21 < x22 (tomamos a = 2) e daı́


x21 + 1 < x22 + 1

Concluimos, tomando b = 1 + ex1 > 1, que


2 2
(1 + ex1 )x1 +1 < (1 + ex1 )x2 +1 (1)

Por outro lado, tomando b = e > 1, tem-se que ex1 < ex2 , logo ex1 + 1 < ex2 + 1. Agora, tomando a = x22 + 1, concluimos
que
2 2
(1 + ex1 )x2 +1 < (1 + ex2 )x2 +1 (2)

Usando as desigualdades (1) e (2) concluimos, pela transitividade, que


2 2
F (x1 ) = (1 + ex1 )x1 +1 < F (x2 ) = (1 + ex2 )x2 +1

Portanto, a função F é crescente.


2 2
(b) Temos que a função F (x) = (1 + ex )x +1
é crescente , consequentemente é injetora. A equação (1 + ex )x +1
= 2 é
equivalente à F (x) = 2 = F (0).
Portanto, x = 0 é a única solução não negativa.

Pauta de Correção:

(a) • Concluir a desigualdade (1). [0,25]


• Concluir a desigualdade (2). [0,25]
• Concluir que a função é crescente. [0,25]

(b) • Concluir que a função é injetiva. [0,25]


• Achar a solução única. [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Sejam a, b, m números inteiros, com m > 1 e tais que (a, m) = 1. Prove que a congruência ax ≡ 1 mod m
possui solução. Além disso, mostre que se x1 , x2 ∈ Z são soluções da congruência, então x1 ≡ x2 mod m.

(b) Resolva a congruência 13x ≡ 1 mod 2436.

Solução

(a) Suponha (a, m) = 1. Segue que existem inteiros r, s tais que a · r + m · s = 1. Daı́ temos que ar ≡ 1 mod m, portanto r é
solução. Suponha agora que x1 , x2 são soluções, isto é, ax1 ≡ 1 mod m e ax2 ≡ 1 mod m. Segue que, ax1 ≡ ax2 mod m,
Como (a, m) = 1, concluimos que x1 ≡ x2 mod m.

(b) Considere a congruência 13 · x ≡ 1 mod 2436.


Calculando o mdc(2436, 13) obtemos
187 2 1 1 2
2436 13 5 3 2 1
5 3 2 1 0
Portanto, mdc(2436, 13) = 1. Agora, usando o algoritmo euclidiano estendido, obtemos

13 · 937 + 2436 · (−5) = 1

Portanto, x ≡ 937 mod 2436.

Pauta de Correção:

Item (a)

• Mostrar que a congruência tem solução. [0,25]

• Mostrar que duas soluções são congruentes módulo m. [0,25]

Item (b)

• Mostrar 13 e 2436 são primos entre si. [0,25]

• Achar a solução geral. [0,5]

• Achar apenas uma solução particular. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2016.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,00 ]

A secretaria de educação de um municı́pio recebeu uma certa quantidade de livros para distribuir entre as escolas do
municı́pio. Sabe-se que a quantidade é superior a 1000, inferior a 2000, que se dividi-los entre 7 escolas sobram 4,
entre 9 sobram 2 e entre 13 sobram 6. Encontre a quantidade de livros.

Solução

Indicando por N a quantidade de livros, temos que




 N ≡ 4 mod 7


N ≡ 2 mod 9



N ≡ 6 mod 13

Como (7, 9) = 1, (9, 13) = 1 e (7, 13) = 1, o sistema tem solução.

Pelo Teorema Chinês dos Restos as soluções do sistema são dadas por

N ≡ 117 · y1 · 4 + 91 · y2 · 2 + 63 · y3 · 6 mod 819

onde
 

117y1 ≡ 1 mod 7 
5y1 ≡ 1 mod 7

 

91y2 ≡ 1 mod 9 ⇐⇒ y ≡ 1 mod 9

  2


63y ≡ 1 mod 13 
11y ≡ 1 mod 13
3 3

Os inteiros y1 = 3, y2 = 1 e y3 = 6 satisfazem as condições acima, portanto

N ≡ 117 · 3 · 4 + 91 · 2 + 63 · 6 · 6 mod 819

N ≡ 3854 ≡ 578 mod 819.

Como 1000 < N < 2000, obtemos N = 1397.

Pauta de Correção:

• Montar o sistema. [0,25]

• Escrever a solução geral do sistema. [0,25]

• Encontrar os valores de y1 , y2 e y3 . [0,25]

• Encontrar a solução pedida. [0,25]


Solução Alternativa:

Seja X a quantidade de livros comprada pela secretaria.

Temos que X ≡ 4 mod 7, X ≡ 2 mod 9 e X ≡ 6 mod 13.

Pela primeira equação modular segue que X = 7k + 4, com k ∈ Z.

Substituindo na segunda equação vemos que 7k + 4 ≡ 2 mod 9, somando 5 em ambos os lados temos que 7k ≡ 7 mod 9,

ou seja, k ≡ 1 mod 9.

Logo k = 9n + 1 e assim X = 7k + 4 = 7(9n + 1) + 4 = 63n + 11.

Colocando essa informação na terceira equação segue que 63n + 11 ≡ 6 mod 13.

Isso implica que 11n ≡ 8 mod 13. Multiplicando essa equação por 6 temos que 66n ≡ 48 mod 13, ou seja, n ≡ 9 mod 13.

Assim segue que n = 13t + 9 e X = 63n + 11 = 63(13t + 9) + 11 = 819t + 578. Como 1000 < X < 2000, concluı́mos que a
resposta é X = 1397.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Montar o sistema. [0,25]

• Substituir a primeira congruência na segunda e a segunda na terceira. [0,25]

• Escrever a solução geral do sistema. [0,25]

• Encontrar a solução pedida. [0,25]

Questão 02 [ 1,00 ]

O cone da figura seguinte tem 3 cm de raio e 4 cm de altura, sendo d a distância do vértice a um plano α, paralelo
à base.

Determine d de modo que as duas partes do cone separadas pelo plano α tenham volumes iguais.
Solução

Sejam v o volume do cone pequeno, V o volume do cone grande e Vt o volume do tronco do cone.

Observe que o cone pequeno unido ao tronco de cone completam o cone grande, logo

v + Vt = V.

Queremos v = Vt . logo

2v = V,

ou ainda,
v 1
= .
V 2
Como a razão dos volumes dos cones é igual ao cubo da razão das alturas correspondentes, temos
1  d 3
= ,
2 4
logo

3
d = 2 4cm.

Pauta de Correção:

• Observar que o volume do cone pequeno é a metade do volume total [0,25]

• Utilizar que a razão entre os volumes é igual ao cubo da razão entre as alturas. [0,5]

• Determinar corretamente o valor de d. [0,25]

Solução Alternativa:

Pela semelhança entre os triângulos da figura,


r d
= ,
3 4
3d
logo r = .
4

Com isso, o volume do cone menor será dado por


 2
1 1 3d 3
v= π r2 d = d= π d3 .
3 3 4 16

O volume total do cone é


1
V = π · 32 · 4 = 12π,
3
1
e como v = V , segue que
2
3 1
π d3 = · 12π,
16 2
que, simplificando, nos dá
d3 = 32,

e assim

3
d = 2 4cm.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Escrever corretamente r em função de d. [0,25]

• Obter o volume do cone menor em função apenas de d. [0,25]

• Calcular corretamente o volume V do cone total e observar que v = 21 V . [0,25]

• Determinar corretamente o valor de d. [0,25]

Questão 03 [ 1,00 ]

Sejam x e y números reais positivos tais que x + y = 1.


  
1 1
Prove que 1 + 1+ > 9.
x y

Solução
Como x e y são positivos, a inequação é equivalente à

(x + 1)(y + 1) > 9xy.

Pela hipótese x + y = 1, podemos isolar y = 1 − x e, substituindo na equação, obter a desigualdade equivalente

(x + 1)(2 − x) > 9x(1 − x),

que pode ser reescrita como


8x2 − 8x + 2 > 0,

ou ainda  2
1
8 x− > 0.
2
A última desigualdade, que é satisfeita para todo valor de x, é equivalente à original. Portanto,
  
1 1
1+ 1+ > 9.
x y

Pauta de Correção:

• Chegar corretamente a uma desigualdade envolvendo apenas uma das variáveis e equivalente à original. [0,5]

• Concluir que a desigualdade sempre é satisfeita. [0,5]

Solução Alternativa 1
Como na primeira solução, a equação é equivalente a

(x + 1)(y + 1) > 9xy.


Esta última desigualdade pode ser simplificada para x + y + 1 > 8xy.
1
Agora, usando a hipótese de que x + y = 1, podemos simplificar ainda mais para 2 > 8xy, ou seja, xy 6 , mas isto é
4
√ x+y 1 1
verdadeiro por causa da desigualdade das médias. De fato, xy 6 = , e portanto xy 6 .
2 2 4

Pauta de Correção da Solução Alternativa 1:


1
• Chegar à desigualdade xy 6 . [0,25]
4
• Usar a hipótese. [0,25]

• Resolver a inequação. [0,5]

Solução Alternativa 2
1 x+y x y 1 1
Como x + y = 1 segue que = = + = + .
xy xy xy xy y x
  
1 1 1 1 1 2
Logo 1+ 1+ =1+ + + =1+ .
x y y x xy xy

Pela desigualdade das médias aritmética e geométrica temos que

x+y √ 1 4
> xy que é equivalente a > .
2 xy (x + y)2

Assim segue que


  
1 1 2 2·4
1+ 1+ =1+ >1+ = 1 + 8 = 9.
x y xy (x + y)2

Pauta de Correção da Solução Alternativa 2:


  
1 1 2
• Chegar à igualdade 1 + 1+ =1+ . [0,25]
x y xy
• Usar a desigualdade das médias. [0,25]

• Concluir o que se pede. [0,5]

Questão 04 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Seja f : R → R, f (x) = ax + b. Se f (k) ∈ Z para todo k ∈ Z, mostre que a e b são inteiros.

(b) Seja f : R → R, f (x) = ax2 + bx + c. Se f (k) ∈ Z para todo k ∈ Z, podemos afirmar que a, b e c são todos
inteiros? Justifique a sua resposta.

Solução

(a) Como f (0) = b segue que b é inteiro. Além disso, f (1) = a + b ∈ Z temos que

a + b = c, com c inteiro, então a = c − b ∈ Z.

(b) A resposta é não.


1 2 1
Considere a função f : R → R, f (x) = x + x.
2 2

Para todo inteiro k, k(k + 1) é par, logo


1 2 1
f (k) = (k + k) = · k(k + 1) ∈ Z.
2 2

Pauta de Correção:

Item (a)
• Calcular f (0) e concluir que b é inteiro. [0,25]
• Calcular f (1) e concluir que a é inteiro. [0,25]
Item (b)
• Dar um contraexemplo. [0,25]
• Justificar que a função do contraexemplo satisfaz f (k) ∈ Z, para todo k ∈ Z. [0,25]

Questão 05 [ 1,00 ]

Sejam ABCD um quadrado de lado 1 (uma unidade), M o ponto médio de AB, N o ponto médio de BC e I a
interseção de DN e CM . Calcule a área do triângulo N IC.

Solução

Observe que os triângulos retângulos N CD e M BC são congruentes pelo caso LAL. Consequentemente, temos ∠N CI ≡
∠CDN . Como ∠CDN e ∠CN D são complementares, temos então que ∠N CI e ∠IN C também o são, logo o triângulo N IC
é retângulo de hipotenusa CN .
Os triângulos N IC e M BC têm um ângulo em comum e cada um destes triângulos possui um ângulo reto. Assim, eles têm
dois ângulos congruentes e, por isso, são semelhantes. A razão de semelhança entre os triângulos N IC e M BC é dada por
1 1
CN 1
k= = s 2  = √2 = √ .
CM 1
2 5 5
1+ 2
2

Com isso,

Área(N IC) 1
= k2 = ,
Área(M BC) 5
logo
1
Área(N IC) = Área(M BC),
5
e, como
1 1 1 1
Área(M BC) = · BC · BM = · 1 · = ,
2 2 2 4
temos
1 1 1
Área(N IC) = · = .
5 4 20

Pauta de Correção:

• Concluir que o triângulo N IC é retângulo. [0,25]

• Concluir que os triângulos N IC e M BC são semelhantes. [0,25]


Área(N IC) 1
• Concluir que = ou igualdade equivalente. [0,25]
Área(M BC) 5
• Calcular a área do triângulo N IC. [0,25]

Questão 06 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

De quantas maneiras distintas podemos escolher três números distintos do conjunto I40 = {x ∈ N : 1 6 x 6 40} de
modo que sua soma seja:

(a) um número ı́mpar?

(b) um múltiplo de 3?

Solução

(a) Temos que I40 = {1, 2, ..., 39, 40} = {1, 3, ..., 39} ∪ {2, 4, ..., 40}.
| {z } | {z }
20 ı́mpares 20 pares

Para obtermos um número ı́mpar, somando três números, temos duas possibilidades: três ı́mpares ou apenas um deles
ı́mpar.

O número de possibilidades para a escolha de 3 ı́mpares distintos é igual

3 20! 18 · 19 · 20
a C20 = = = 1140.
3!17! 6
Já, o número de possibilidades para escolhermos dois pares e um ı́mpar distintos é
2 20! 19 · 20
20 · C20 = 20 · = 20 · = 3800.
2!18! 2

Portanto, a resposta é 1140 + 3800 = 4940.

(b) Temos que


I40 = {1, 2, ..., 39, 40} = {3, 6, ..., 39} ∪ {1, 4, 7, ..., 40} ∪ {2, 5, 8, ..., 38}
| {z } | {z } | {z }
13 múltiplos de 3 14 da forma 3k+1 13 da forma 3k+2

Para obtermos um múltiplo de 3, somando três números, temos 4 possibilidades: três múltiplos de 3, três da forma
3k + 1, três da forma 3k + 2 ou
tomando os três de formas distintas 3k, 3k + 1 e 3k + 2.
Portanto, a resposta é

3 3 3
C13 + C14 + C13 + 13 · 14 · 13 = 286 + 364 + 286 + 2366 = 3302.

Pauta de Correção:

Item (a)

• Analisar corretamente as possibilidades de escolhas dos três números. [0,25]

• Fazer corretamente a contagem. [0,25]

item (b)

• Analisar corretamente as possibilidades de escolhas dos três números. [0,25]

• Fazer corretamente a contagem. [0,25]

Questão 07 [ 1,00 ]

Mostre que, para todo número natural n > 1, o resto da divisão do polinômio x2n + x + 1 por x2 − 1 é igual a x + 2.

Solução

Provaremos o resultado usando indução em n.

Para n = 1 temos que x2 + x + 1 = 1 · (x2 − 1) + (x + 2).

Supõe que o resultado vale para um certo k > 1, isto é,

x2k + x + 1 = q(x)(x2 − 1) + (x + 2) ou ainda x2k = q(x)(x2 − 1) + 1.

Agora vamos mostrar a validade do resultado para k + 1. De fato,

 
x2(k+1) + x + 1 = x2k+2 + x + 1 = x2 · x2k + x + 1 = x2 q(x)(x2 − 1) + 1 + x + 1 =

 
x2 · q(x)(x2 − 1) + x2 + x + 1 = x2 · q(x) + 1 (x2 − 1) + (x + 2).

Portanto vale o resultado para todo n > 1.


Pauta de Correção:

• Verificar que a afirmação é válida para n = 1. [0,25]

• Explicitar a hipótese de indução. [0,25]

• Concluir a prova. [0,5]

Solução Alternativa 1:

x2n + x + 1 = (x2 )n + x + 1
= (x2 − 1 + 1)n + x + 1
= (x2 − 1)n + n(x2 − 1)n−1 + · · · + n(x2 − 1) + 1n + x + 1
= (x2 − 1) · q(x) + 1 + x + 1
= (x2 − 1) · q(x) + (x + 2)

Como x + 2 tem grau 1, é o resto da divisão.

Pauta de Correção da Solução Alternativa 1:

• Escrever que x2 = x2 − 1 + 1. [0,25]

• Desenvolver o polinômio na forma q(x)(x2 − 1) + x + 2. [0,5]

• Concluir que x + 2 é o resto. [0,25]

Solução Alternativa 2:
Sabemos que y n − 1 = (y − 1)(y n−1 + · · · + y + 1). Assim,

x2n + x + 1 = (x2 )n + x + 1
= (x2 )n − 1 + 1 + x + 1
= (x2 − 1)((x2 )n−1 + · · · + x2 + 1) + x + 2

Como x + 2 tem grau 1, é o resto da divisão.

Pauta de Correção da Solução Alternativa 2:

• Escrever a fatoração de y n − 1. [0,25]

• Desenvolver o polinômio na forma q(x)(x2 − 1) + x + 2. [0,5]

• Concluir que x + 2 é o resto. [0,25]

Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Dados a, n ∈ N, com a > 2 ı́mpar, mostre que:


an − 1
(a) se é par então a é da forma 4k + 1 ou n é par.
2
an − 1
(b) se a é da forma 4k + 1 ou n é par, então é par.
2
Solução

Solução (a)

an − 1
Suponha que é par e que a não é da forma 4k + 1.
2
an − 1
Temos que = 2k, com k inteiro, logo an = 4k + 1.
2

Como a é ı́mpar temos que a é da forma 4k + 3.

Considerando que

(4k1 + 3)(4k2 + 3) = 4k + 1

(4k1 + 1)(4k2 + 1) = 4k + 1

(4k1 + 1)(4k2 + 3) = 4k + 3

concluı́mos que n é par.

Solução Alternativa (a):

an − 1
Suponha que é par e que a não é da forma 4k + 1.
2
an − 1
Segue que = 2k, daı́ an = 4k + 1 ou equivalentemente an ≡ 1 mod 4.
2

Como a é ı́mpar, então a ≡ 3 ≡ −1 mod 4.

Portanto n é par pois, caso contrário, terı́amos an ≡ −1 mod 4.

Solução (b)

an − 1
Suponhamos que a é da forma 4k + 1. Como (4k1 + 1)(4k2 + 1) = 4k + 1, concluimos que an = 4k + 1, e daı́ = 2k,
2
portanto par.

Suponhamos n é par. Como a é ı́mpar temos que a é da forma 4k + 3.

Considerando que

(4k1 + 3)(4k2 + 3) = 4k + 1

(4k1 + 1)(4k2 + 1) = 4k + 1
an − 1
concluimos que an é da forma 4k + 1. Portanto = 2k é par.
2

Solução Alternativa (b):

an − 1
Suponhamos que a é da forma 4k + 1. Segue que a ≡ 1 mod 4, daı́ an ≡ 1 mod 4. Portanto, = 2k é par.
2

Suponhamos n par. Como a é ı́mpar temos que a ≡ 1 mod 4 ou a ≡ 3 ≡ −1 mod 4. Nos dois casos, an ≡ 1 mod 4, portanto
an − 1
= 2k é par.
2
Pauta de Correção item (a):

• Supor a da forma 4k + 3 (ou n ı́mpar). [0,25]

• Concluir n par (ou a é da forma 4k + 1). [0,25]

Pauta de Correção item (b):

• Concluir o resultado quando a da forma 4k + 1. [0,25]

• Concluir o resultado quando n par. [0,25]

Outra Solução:
 
an − 1 a−1
Começamos escrevendo = (an−1 + · · · + a + 1).
2 2
a−1
Vamos, primeiramente, analisar a paridade de .
2
Como a é impar, ele é da forma 4k + 1 ou 4k + 3.

a−1 a−1
Se a = 4k + 1, então = 2k é par, enquanto que, se a = 4k + 3, então = 2k + 1 é ı́mpar.
2 2

Agora, analisaremos a paridade de an−1 + · · · + a + 1.

Sendo a > 2 ı́mpar, temos que an−1 , . . . , a são ı́mpares.

Assim, se n é par então an−1 + · · · + a + 1 é par.

Agora, se n é ı́mpar, então an−1 + · · · + a + 1 é ı́mpar.

an − 1
Finalmente, observando que é par se, e somente se,
2
a−1
é par ou an−1 + · · · + a + 1 é par concluı́mos que
2
an − 1
é par se, e somente se a é da forma 4k + 1 ou n é par.
2

Pauta de Correção:

 
an − 1 a−1
• Escrever = (an−1 + · · · + a + 1). [0,25]
2 2
a−1
• Analisar corretamente a paridade de . [0,25]
2
• Analisar corretamente a paridade de an−1 + · · · + a + 1. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2016.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Seja x0 , y0 uma solução da equação diofantina aX + bY = c, onde a, b são inteiros não nulos e (a, b) = 1. Prove
que as soluções x, y em Z da equação são x = x0 + tb e y = y0 − ta, com t ∈ Z.

(b) Encontre TODAS as soluções em N ∪ {0} da equação 7X + 19Y = 781.

Solução

(a) Seja x, y uma solução de aX + bY = c, logo ax0 + by0 = ax + by = c. Consequentemente,

a(x − x0 ) = b(y0 − y).

Como (a, b) = 1, segue-se que b|(x − x0 ), logo x − x0 = tb, com t ∈ Z. Substituindo x − x0 na equação acima, segue-se
que y0 − y = ta, isto é, as soluções são do tipo exibido.
Por outro lado, x, y como no enunciado são soluções, pois

ax + by = a(x0 + tb) + b(y0 − ta) = ax0 + by0 = c.

(b) Uma solução da equação 7X + 19Y = 781 é x0 = 3 e y0 = 40. De fato, 7 · 3 + 19 · 40 = 21 + 760 = 781. Pelo item (a)
as soluções da equação são: x = 3 + 19t e y = 40 − 7t com t ∈ Z. Para encontrar as soluções em N ∪ {0} devemos ter
x > 0 e y > 0. Assim segue que

3
3 + 19t > 0 ⇔ 19t > −3 ⇔ t > −
19
40
40 − 7t > 0 ⇔ −7t > −40 ⇔ t 6
7
Logo t = 0, 1, 2, 3, 4, 5 e as soluções procuradas são: (3, 40), (22, 33), (41, 26), (60, 19), (79, 12), (98, 5).

Pauta de Correção:

Item (a)

• Verificar que x = x0 + tb e y = y0 − ta são soluções da equação. [0,25]

• Verificar que as soluções são necessariamente x = x0 + tb e y = y0 − ta. [0,25]

Item (b)

• Encontrar a solução geral da equação. [0,25]

• Encontrar as soluções naturais. [0,25]


Questão 02 [ 1,00 ]

Dados dois segmentos de medidas distintas a e b, descreva como construir, com régua e compasso, segmentos de
a+b √
medidas e ab .
2

Observação: Considere conhecida a construção de perpendiculares.

Solução
Consideramos três pontos colineares A, B e C, de maneira que B pertença ao segmento AC, AB = a e BC = b.

a+b
Construção de :
2

• Traçamos duas circunferências de raio a + b, uma com centro em A e outra com centro em B. Chamamos de D e E os
pontos de interseção entre elas.
• Traçamos a reta por D e E. Chamamos de M a interseção dessa reta com o segmento AC.
a+b
• O segmento AM mede , uma vez que DM é altura do triângulo equilátero ACD e portanto é mediana.
2


Construção de ab :

a+b
• Traçamos uma circunferência de centro no ponto médio M e raio
.
2
• Traçamos uma perpendicular a AC passando por B. Chamamos de X e Y as interseções dessa perpendicular com a
circunferência.
√ 2
• O segmento BX mede ab, pois é a altura do triângulo retângulo ACX e portanto BX = AB · BC.

Pauta de Correção:

a+b
• Construir um segmento de tamanho . [0,5]
2

• Construir um segmento de tamanho ab . [0,5]
Questão 03 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Seja p(X) = an X n + an−1 X n−1 + · · · + a2 X 2 + a1 X + a0 um polinômio com coeficientes inteiros. Se a fração
a
irredutı́vel , com a e b inteiros, é raiz de p(X), mostre que a é divisor de a0 e b é divisor de an .
b
(b) Encontre todas as raı́zes reais do polinômio

p(X) = 2X 4 + X 3 − 7X 2 − 3X + 3.

Solução

a  a n  a n−1  a 2 a


(a) Como p = an + an−1 + · · · + a2 + a1 + a0 = 0, multiplicando a igualdade por bn
b b b b b

temos que an an + an−1 an−1 b + · · · + a2 a2 bn−2 + a1 abn−1 + a0 bn = 0.

Logo an an = −(an−1 an−1 + · · · + a2 a2 bn−3 + a1 abn−2 + a0 bn−1 )b e

a0 bn = −(an an−1 + an−1 an−2 b + · · · + a2 abn−2 + a1 bn−1 )a.

Mas a e b são primos entre si, portanto segue das duas últimas igualdades

acima que b é divisor de an e a é divisor de a0 .

(b) Nesse caso, os divisores de a0 = 3 são 1, −1, 3 e −3 e os divisores de a4 = 2 são 1, −1, 2 e −2.

1 1 3 3
Logo as possı́veis raı́zes racionais de p(X) são 1, −1, 3, −3, , − , e − .
2 2 2 2
 
1
Agora p(1) = −4, p(−1) = 0, p(3) = 120, p(−3) = 84, p = 0 e, com isso, temos duas raı́zes
2
 
1 1
racionais de p(X), a saber −1 e . Assim o polinômio p(X) é divisı́vel por X − (−1) = X + 1 e por 2 X − .
2 2

Dividindo p(X) por (X + 1)(2X − 1) = 2X 2 + X − 1 segue que p(X) = (2X 2 + X − 1)(X 2 − 3).

Portanto p(X) = 0 se, e somente se, 2X 2 + X − 1 = 0 ou X 2 − 3 = 0 e as raı́zes de p(X) são as soluções

1 √ √
dessas equações do segundo grau, ou seja, −1, , 3 e − 3.
2

Pauta de Correção:

Item (a)
a
• Substituir em p(X) = 0 e obter uma igualdade sem denominadores.[0,25]
b
• Concluir que a é divisor de a0 e b é divisor de an . [0,25]

item (b)

• Encontrar as raı́zes racionais de p(X). [0,25]

• Encontrar as raı́zes irracionais de p(X). [0,25]


Questão 04 [ 1,00 ::: (a)=0,25; (b)=0,25; (c)=0,50 ]

A sequência (an ) satisfaz as seguintes condições:


1
• a1 = ;
2
n
X
• ai = n2 an , para n > 2.
i=1

(a) Determine a2 , a3 e a4 .

(b) Conjecture uma expressão para o termo geral an , em função de n.

(c) Prove, por indução em n, a fórmula obtida no item (b).

Solução

(a) Pela definição da sequência an segue que a1 + a2 = 22 a2 , a1 + a2 + a3 = 32 a3 e a1 + a2 + a3 + a4 = 42 a4 .

1 1 1 1 1 1 1
Como a1 = , obtemos a2 = = , a3 = = e a4 = = .
2 2·3 6 3·4 12 4·5 20

1
(b) Pelos resultados obtido no item (a), é possı́vel conjecturar que an = , para todo n > 1.
n(n + 1)
1
(c) Seja P (n) a proposição: an = , para todo n > 1.
n(n + 1)

1 1
Para n = 1 temos que a1 = = .
2 1·2

1
Suponha agora que P (n) é verdadeira para n = k, ou seja, ak = .
k(k + 1)

Resta provar que P (k) implica P (k + 1). De fato, a1 + a2 + · · · + ak + ak+1 = (k + 1)2 ak+1 .

kak
Usando a definição para k temos que k2 ak + ak+1 = (k + 1)2 ak+1 , logo ak+1 = .
k+2

k k 1 1
Agora usando a hipótese de indução segue que ak+1 = ak = · = .
k+2 k + 2 k(k + 1) (k + 1)(k + 2)

Portanto, P (k + 1) é verdadeira.

Pauta de Correção:
Item (a)

• Encontrar a2 , a3 e a4 . [0,25]

Item (b)

• Conjecturar an de forma correta. [0,25]

Item (c)

• Provar o item (c). [0,5]

Alternativa Item (c)


kak
• Usar a definição da sequência para mostrar que ak+1 = . [0,25]
k+2
• Usar a hipótese de indução e concluir a demonstração. [0,25]
Questão 05 [ 1,00 ]

3
Se p é um número natural primo, mostre que 2(p+1) ≡ 256 mod p.

Solução

Como p é primo, pelo Pequeno Teorema de Fermat, temos que

2p ≡ 2 mod p.

Usando propriedades das congruências, segue que

2
2p = (2p )p ≡ 2p ≡ 2 mod p

3 2 2
2p = (2p )p ≡ 2p ≡ 2 mod p

2 2
23p = (2p )3 ≡ 23 mod p

23p = (2p )3 ≡ 23 mod p.

Portanto,
3 3 2
2(p+1) = 2p · 23p · 23p · 21 ≡ 2 · 8 · 8 · 2 ≡ 256 mod p.

Solução alternativa:

2p+1 ≡ 4 mod p

2
2(p+1) ≡ 4p+1 ≡ (2p+1 )2 ≡ 16 mod p

3
2(p+1) ≡ 16p+1 ≡ (4p+1 )2 ≡ 162 ≡ 256 mod p.

Pauta de Correção:

• Usar o Pequeno de Fermat. [0,25]

• Calcular duas congruências. [0,25]

• Completar o cálculo das outras duas congruências. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]


Questão 06 [ 1,00 ]

Seja f : [a, b] → [f (a), f (b)] uma função bijetiva, onde [a, b] e [f (a), f (b)] são intervalos de números reais. Considere
ainda x1 , x2 ∈ [a, b] e y1 , y2 números reais positivos. Mostre que existe um único c ∈ [a, b] tal que

f (x1 )y1 + f (x2 )y2 = f (c) (y1 + y2 ) .

Solução

Sejam x1 , x2 ∈ [a, b] e y1 , y2 números reais positivos. Temos que

f (a)(y1 + y2 ) = f (a)y1 + f (a)y2 6 f (x1 )y1 + f (x2 )y2 e

f (x1 )y1 + f (x2 )y2 6 f (b)y1 + f (b)y2 = f (b)(y1 + y2 ).

f (x1 )y1 + f (x2 )y2


Assim segue que f (a) 6 6 f (b).
y1 + y2

Como f é uma bijeção entre [a, b] e [f (a), f (b)], existe um único c ∈ [a, b]

f (x1 )y1 + f (x2 )y2


tal que f (c) = , ou seja, f (x1 )y1 + f (x2 )y2 = f (c)(y1 + y2 ).
y1 + y2

Pauta de Correção:

• Usar ou observar que f (a) 6 f (x1 ) 6 f (b) e f (a) 6 f (x2 ) 6 f (b). [0,25]
f (x1 )y1 + f (x2 )y2
• Mostrar que pertence ao intervalo [f (a), f (b)]. [0,5]
y1 + y2
• Concluir a existência e a unicidade de c. [0,25]
Questão 07 [ 1,00 ]

Um cubo está pendurado por um de seus vértices, de forma que a corda que o sustenta é colinear a uma das diagonais
do cubo, como mostra a figura.

Determine o cosseno do ângulo entre a corda e uma das arestas do cubo que lhe são adjacentes, representado na
figura.

Solução

Denotando o vértice por onde o cubo está pendurado por A, o vértice oposto por C e um dos vértices das arestas adjacentes
à corda por B, como na figura, temos que o ângulo β procurado é suplementar ao ângulo α := B ÂC.


Denotando por a a aresta do cubo, temos AB = a e AC = a 3. Como BC é perpendicular a AB, o triângulo ABC

AB a 1 1
é reto em B, logo cos α = = √ = √ . Como α e β são suplementares, temos que cos β = − cos α = − √ .
AC a 3 3 3

Solução alternativa:
AB a 1
Considere o ângulo γ := AĈB. Como sen γ = = √ = √ e β = γ + 90◦ (a medida de um ângulo externo
AC a 3 3

do triângulo é a soma das medidas dos ângulos internos não adjacentes a ele), temos:
1 1 1
β − 90◦ = γ ⇒ sen (β − 90◦ ) = sen γ = √ ⇒ sen (90◦ − β) = − √ ⇒ cos β = − √ .
3 3 3
Pauta de Correção:
• Construir um triângulo retângulo que tenha como lados uma aresta, a diagonal do cubo e a diagonal de uma face. [0,25]
• Calcular a medida da diagonal do cubo em função da aresta. [0,25]
• Calcular o cosseno do ângulo suplementar ao pedido (cos α) ou o seno do ângulo da solução alternativa (sen γ). [0,25]
• Obter o cosseno do ângulo pedido (cos β). [0,25]
Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Considere os pontos A, B, C, D, E e F de um cubo distribuı́dos como na figura abaixo.

Determine a probabilidade de,

(a) escolhidos ao acaso 3 pontos distintos dentre os 6 dados, eles determinarem um único plano.

(b) escolhidos ao acaso 4 pontos distintos dentre os 6 dados, eles serem coplanares.

Solução

(a) O número de escolhas de 3 pontos distintos do conjunto {A, B, C, D, E, F } é


6! 6·5·4
C63 = = = 20.
3!3! 3·2·1
Três pontos no espaço determinam um único plano se, e somente se, não são colineares. Dentre as 20 escolhas diferentes
de três pontos, apenas 2 contêm todos os pontos colineares, a saber, {A, B, C} e {D, E, F }. Portanto, há 18 escolhas
em que os 3 pontos determinam um único plano. Logo, a probabilidade pedida é
18 9
P = = = 0, 9.
20 10
(b) O número de escolhas de 4 pontos distintos do conjunto {A, B, C, D, E, F } é
6! 6·5
C64 = = = 15.
4!2! 2·1
Como os pontos dados estão distribuı́dos em duas arestas reversas, temos que quatro deles são coplanares se, e somente
se, houver três deles colineares.
Há 3 possibilidades contendo {A, B, C} e 3 possibilidades contendo {D, E, F }, fazendo um total de 6 casos favoráveis.
Portanto a probabilidade é

6 2
P = = = 0, 4.
15 5

Pauta de Correção:

Item (a)

• Fazer a contagem dos 3 pontos que determinam um plano. [0,25]

• Calcular a probabilidade. [0,25]

Item (b)

• Fazer a contagem dos 4 pontos coplanares. [0,25]

• Calcular a probabilidade. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2015.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Determine TODOS os valores possı́veis para os algarismos x, y, z e t de modo que os números abaixo, representados
na base 10, tenham a propriedade mencionada:

(a) 3x90586y é divisı́vel por 60.

(b) 72z41t é divisı́vel por 99.

Solução
(a) 3x90586y é divisı́vel por 60 = 22 · 3 · 5 se, e somente se, é divisı́vel simultaneamente por 4, 3 e 5.

i) 3x90586y é divisı́vel por 5 se, e somente se, y = 0 ou y = 5.


ii) 3x90586y é divisı́vel por 4 se, e somente se, 6y é divisı́vel por 4. Pelo item anterior, y = 0, pois 65 não é divisı́vel por 4.
iii) 3x905860 é divisı́vel por 3 se, e somente se, 3 + x + 9 + 0 + 5 + 8 + 6 + 0 = 31 + x é divisı́vel por 3. Os possı́veis valores
para x são: 2, 5, 8.

Resposta: 32905860, 35905860 ou 38905860.

b) 72z41t é divisı́vel por 99 = 9 · 11 se, e somente se, é divisı́vel simultaneamente por 9 e 11.

i) 72z41t é divisı́vel por 9 se, e somente se, 7 + 2 + z + 4 + 1 + t = 14 + z + t é divisı́vel por 9. Então z + t = 4 ou z + t = 13.
ii) 72z41t é divisı́vel por 11 se, e somente se, t − 1 + 4 − z + 2 − 7 = t − z − 2 é divisı́vel por 11. Então t − z = −9 ou
t − z = 2.

z + t = 4
Primeiro caso: , sem solução inteira.
t − z = −9

z + t = 4
Segundo caso: ⇔ z = 1 e t = 3.
t − z = 2

z + t = 13
Terceiro caso: ⇔ z = 11 e t = 2.
t − z = −9

z + t = 13
Quarto caso: , sem solução inteira.
t − z = 2

Resposta: 721413

Pauta de Correção:
Item (a)
• Verificar os critérios de divisibilidade por 3, 4 e 5 na conclusão de que um número é divisı́vel por 60 ou mostrar que os
números achados pelos critérios usados são efetivamente divisı́veis por 60. [0, 25]
• Determinar corretamente os valores de x e y. [0, 25]
Item (b)

• Verificar os critérios de divisibilidade por 9 e 11 na conclusão de que um número é divisı́vel por 99. [0, 25]

• Determinar corretamente os valores de z e t. [0, 25]

Questão 02 [ 1,00 ]

A altura CH e a mediana BK são traçadas em um triângulo acutângulo ABC.


Sabendo que BK ≡ CH e K B̂C=H ĈB, prove que o triângulo ABC é equilátero.

Solução
Na figura abaixo, denotamos por P o ponto de interseção entre BK e CH.

Nos triângulos KBC e HCB, temos KB ≡ HC, K B̂C = H ĈB e BC ≡ CB, logo, pelo caso LAL, estes triângulos são
congruentes. Assim, C K̂B = B ĤC = 90◦ , logo a mediana BK é também altura, mostrando que o triângulo ABC é isósceles,
com AB ≡ BC. Da congruência entre os triângulos KBC e HCB, concluı́mos também que BH ≡ CK.

Como BP C é isósceles, temos CP ≡ BP e, consequentemente, P K ≡ P H. Com isso, os triângulos retângulos AHP e AKP
possuem mesma hipotenusa e catetos P H e P K congruentes, logo estes triângulos são congruentes. Com isso, AH ≡ AK. E,
como BH ≡ CK, isto implica que AB ≡ AC.

Como já concluı́mos que AB ≡ BC, temos então AB ≡ BC ≡ AC.

Solução alternativa para mostrar que AB ≡ AC sem usar o segmento AP


Os triângulos AHC e AKB são congruentes, pois são retângulos com ângulos retos nos vértices H e K, o ângulo C ÂH =
B ÂK é comum e os catetos opostos CH ≡ BK são iguais. Logo AB ≡ AC e assim AB ≡ BC ≡ AC.
Pauta de correção:

• Concluir que BK é uma altura, a partir da congruência dos triângulos KBC e HBC, ou argumento equivalente. [0,25]

• Concluir que AB ≡ BC, a partir do fato de a mediana BK ser também altura ou equivalente. [0,25]

• Concluir que AH ≡ AK a partir da congruência dos triângulos AHP e AKP (ou mostrar que os triângulos AHC e
AKB são congruentes). [0,25]

• Concluir que AB ≡ AC. [0,25]

Pauta de correção alternativa:

• Concluir que BK é uma altura, a partir da congruência dos triângulos KBC e HBC, ou argumento equivalente. [0,25]

• Concluir que AB ≡ BC, a partir do fato de a mediana BK ser também altura ou equivalente. [0,25]

• Concluir que AB ≡ AC sem usar o segmento AP . [0,5]


Questão 03 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Calcule o resto da divisão de 28237 por 13.


1000
(b) Determine o algarismo das unidades do número 7(7 )
.

Solução

(a) Como 28 = 2 · 13 + 2, tem-se que 28 ≡ 2 mod 13. Daı́ obtém-se que

282 ≡ 22 ≡ 4 mod 13

283 ≡ 2 · 4 ≡ 8 mod 13

284 ≡ 24 ≡ 3 mod 13

286 ≡ 4 · 3 ≡ −1 mod 13

Escrevendo 237 = 6 · 39 + 3, segue que

28237 ≡ 286·39+3 ≡ (286 )39 · 283 ≡ −8 ≡ 5 mod 13

Portanto, o resto é igual a 5.

Solução Alternativa (a):


Tem-se que 28 = 2 · 13 + 2, logo 28 ≡ 2 mod 13. Como (2, 13) = 1, aplicando o Pequeno Teorema de Fermat, segue-se que
212 ≡ 1 mod 13 e assim
2812 ≡ 212 ≡ 1 mod 13.
Escrevendo 237 = 12 · 19 + 9,

28237 ≡ 2812·19+9 ≡ (2812 )19 · 289 ≡ 289 mod 13

Finalizando

284 ≡ 24 ≡ 3 mod 13

288 ≡ 9 mod 13

289 ≡ 18 ≡ 5 mod 13

Portanto, 28237 ≡ 5 mod 13.

1000
(b)Calcular o algarismo das unidades de 7(7 )
equivale a calcular o resto da divisão deste número por 10. Tem-se que

7 ≡ −3 mod 10

72 ≡ 9 mod 10

74 ≡ 92 ≡ 1 mod 10

74·q ≡ (74 )q ≡ 1 mod 10, para todo q ∈ N.

Por outro lado,


7 ≡ −1 mod 4, logo 71000 ≡ 1 mod 4.
1000
Segue que 71000 = 4 · q + 1, 7(7 )
≡ 74·q+1 ≡ 74·q · 7 ≡ 7 mod 10
1000
Portanto, o algarismo das unidades de 7(7 )
é igual a 7.

Pauta de Correção
Item (a)

• Calcular 286 ou 2812 módulo 13 [0, 25]

• Calcular o resto [0, 25]


Item (b)

• Calcular 74q módulo 10 [0, 25]

• Calcular o algarismo das unidades [0, 25]

Questão 04 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Prove a desigualdade de Bernoulli:


Se x ∈ R, x > −1, então (1 + x)n > 1 + nx, para todo n > 1.
 n
1
(b) Prove que a sequência an = 1 + é crescente, ou seja, que an < an+1 , para todo n > 1.
n
 n
an+1 (n + 2) (n + 1)2 − 1
Sugestão: Mostre que = · e use o item (a).
an (n + 1) (n + 1)2

Solução
(a) Seja P (n) a proposição (1 + x)n > 1 + nx.
Temos que P (1) é verdadeira, uma vez que 1 + x > 1 + x.
Suponha agora que P (n) seja verdadeira para n = k. Mostraremos que P (k) implica P (k + 1). De fato, considere (1 + x)k >
1 + kx. Note que (1 + x) é um número real não negativo, visto que x > −1. Assim, multiplicando ambos os lados da
desigualdade anterior por (1 + x), temos

(1 + x)k+1 = (1 + x)k · (1 + x) > (1 + kx) · (1 + x)


= 1 + kx + x + kx2
= 1 + (k + 1)x + kx2
> 1 + (k + 1)x,
onde a última desigualdade é verdadeira pelo fato do termo kx2 ser não negativo.
 n  n  n
1 1 n+1 (n + 1)n
(b) Seja an = 1+ . Note que an = 1+ = = .
n n n nn

Temos então que

an+1 1 (n + 2)n+1 nn nn · (n + 2)n+1


= an+1 · = n+1
· n
= =
an an (n + 1) (n + 1) (n + 1)2n+1
 n  n  n
(n + 2) n · (n + 2) (n + 2) (n + 1)2 − 1 (n + 2) −1
· = · = · 1 + .
(n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2
−1
Como > −1 segue, pela desigualdade de Bernoulli, que
(n + 1)2

 n  
(n + 2) −1 (n + 2) −n
· 1+ > · 1 + .
(n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2
Assim segue que

 
an+1 (n + 2) −n (n + 2) (n + 1)2 − n
> · 1+ = · =
an (n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2

(n + 2)(n2 + n + 1) n3 + 3n2 + 3n + 2
3
= 3 > 1.
(n + 1) n + 3n2 + 3n + 1
Portanto an+1 > an .
Pauta de correção:

Item (a)

• Fazer o P(1) e indicar a estratégia de prova por indução. [0,25]

• Fazer o passo de indução. [0,25]

Item (b)
an+1
• Mostrou a identidade para da sugestão, e usou o item (a). [0,25]
an
• Finalizou corretamente a questão. [0,25]

Questão 05 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Seja f (x) = ax2 + bx + c uma função quadrática com a > 0 e ∆ = b2 − 4ac > 0.
Considere o triângulo ABV , onde A e B são os pontos de interseção da parábola correspondente ao gráfico de f com
o eixo das abcissas e V é o vértice da parábola.
p
∆(∆ + 4)
(a) Mostre que BV = .
4a
(b) Mostre que o triângulo ABV é equilátero se, e somente se, ∆ = 12.

Solução

(a) Seja C o ponto médio do segmento AB.

As coordenadas dos pontos são


 √   √     
−b − ∆ −b + ∆ b b ∆
A= ,0 ,B = ,0 ,C = − ,0 e V = − ,− .
2a 2a 2a 2a 4a

Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo BCV , temos que


2 2 2
BV = BC + CV .

Calculando os comprimentos dos segmentos:


√  √  √
AB 1 −b + ∆ −b − ∆ ∆ ∆
BC = = · − = e CV = .
2 2 2a 2a 2a 4a

Portanto, p
2 ∆ ∆2 ∆2 + 4∆ ∆(∆ + 4)
BV = 2
+ 2
= , logo BV = .
4a 16a 16a2 4a
(b) Como o triângulo é isósceles (pela simetria da parábola), BV = AV . Portanto, o triângulo será equilátero se, e somente
se, BV = AB. Temos p √
∆(∆ + 4) ∆ √
BV = AB ⇐⇒ = ⇐⇒ ∆ + 4 = 4 ⇐⇒ ∆ = 12.
4a a

Pauta de Correção

Item (a)

• Escrever corretamente as coordenadas dos pontos A, B e V . [0,25]

• Calcular o comprimento do segmento BV . [0,25]

Item (b)

• Estabelecer alguma condição necessária e suficiente para o triângulo ser equilátero. [0,25]

• Igualar as expressões e calcular ∆ corretamente. [0,25]

Questão 06 [ 1,00 ]

No paralelepı́pedo reto retângulo da figura seguinte, calcule a distância do vértice C ao segmento AM , sendo M o
ponto médio de CE.

Solução

Inicialmente, aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo ABC, calculamos o comprimento do segmento AC:
2 2 2
AC = AB + BC = `2 + (2`2 ).

Daı́ segue que AC = ` 5.

Analisando agora o triângulo ACM , concluı́mos que ele é retângulo em C pois o segmento M C é perpendicular à face
ABCD do paralelepı́pedo e, portanto, perpendicular ao segmento AC contido nesta face.

Ainda observando o triângulo retângulo ACM , o segmento CN é perpendicular à hipotenusa AM pois CN representa a
distância de C à reta AM e, por definição, distância de ponto à reta é sempre perpendicular à reta.

Então, usando o Teorema de Pitágoras temos:

2
 √ 2
AM = (2`)2 + ` 5 ,
e assim

AM = 3`.
Usando que o produto da hipotenusa pela altura correspondente é igual ao produto dos catetos temos que:

AM · CN = AC · CM ,
substituindo os valores correspondentes temos que:


3` · CN = ` 5 · 2`,
logo, √
2` 5
CN = .
3

Pauta de correção:
• Calcular AC corretamente. [0,25]
• Calcular AM corretamente. [0,25]
• Observar que a distância de C ao segmento AM é o comprimento de um segmento CN perpendicular a AM . [0,25]
• Calcular CN . [0,25]

Questão 07 [ 1,00 ]

cos(3x− π4 )
Determine todos os valores de x ∈ R tais que 1 − cos2 x = 1.

Solução
Reescrevendo a equação da forma
π
(sen2 x)cos(3x− 4 ) = 1,
notamos inicialmente que a equação está bem definida para todo x ∈ R visto que a base é um número real não negativo.
Usando propriedades das exponenciais, observamos a ocorrência de apenas duas situações:

(i) A base é igual a 1 e o expoente é um número real qualquer, ou seja, sen2 x = 1 e cos 3x − π4 ∈ R.
π
Nesse caso temos sen x = ±1, isto é, x = + nπ, n ∈ Z.
2 
(ii) A base é um número real positivo e o expoente é nulo, isto é, sen2 x > 0 e cos 3x − π4 = 0.
π π π π
Nesse caso, temos 3x − = + kπ, k ∈ Z, isto é, x = + k , k ∈ Z.
4 2 4 3

Observação: Visto que sen2 x e cos 3x − π
4
não se anulam para o mesmo valor de x, a situação 00 nunca ocorre na equação.

Pauta de Correção:

• Analisar, no caso (i), a ocorrência sen x = 1. [0,25]

• Analisar, no caso (i), a ocorrência sen x = −1. [0,25]

• Fazer corretamente o caso (ii). [0,5]

Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Será formada uma fila com h homens e m mulheres, onde h > 2 e m > 1.

(a) Quantas filas distintas poderão ser formadas, tendo um homem no final da fila?

(b) Qual a probabilidade de uma das filas do item (a) ter um homem na primeira posição da fila?

Solução

(a) Há h possibilidades de escolha do homem para o final da fila. Em seguida devemos formar uma fila com h + m − 1
pessoas (h − 1 homens e m mulheres) que pode ser feito de (h + m − 1)! maneiras. Com isso, o número de filas possı́veis
tendo um homem no final é igual a h · (h + m − 1)! .

(b) Para formar uma fila com um homem no final e outro no inı́cio, temos h possibilidades para o homem no final, h − 1
maneiras para escolha do primeiro da fila e (m+h−2)! modos de formar o restante da fila. Assim temos h(h−1)(h+m−2)!
filas com um homem em primeiro lugar e um homem no final da fila.
Portanto a probabilidade de uma das filas do item (a) ter um homem em primeiro lugar é igual a

h(h − 1)(h + m − 2)! (h − 1)(h + m − 2)! h−1


= = .
h · (h + m − 1)! (h + m − 1)(h + m − 2)! h+m−1

Pauta de correção:

Item (a)

• Calcular corretamente a quantidade de filas. [0,5]

Item (b)

• Encontrar o total de casos favoráveis. [0,25]

• Calcular corretamente a probabilidade. [0,25]


Gabarito e Pauta de Correção – ENQ 2015.1

Questão 01 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Mostre que se x e y são números irracionais tais que x2 − y 2 seja racional
não nulo, então x + y e x − y são ambos irracionais.
(b) Sabendo que a raiz quadrada de um número primo é irracional, prove que
√ √ √ √
se p e q são primos distintos, então p + q e p − q são números
irracionais.

Solução

(a) Sejam x e y irracionais tais que x2 − y 2 é racional não nulo (em particular
x 6= ±y). Agora suponha, por absurdo, que x + y e x − y não são ambos
irracionais, isto é, que pelo menos um deles é racional. Note que, como x 6= −y
e x 6= y, temos que

x2 − y 2 x2 − y 2
x−y = e x+y = .
x+y x−y

donde se conclui que, no caso de x2 − y 2 ser racional,

x + y ∈ Q ⇐⇒ x − y ∈ Q.

(x + y) + (x − y)
Mas isto implica que x = é racional, o que dá um absurdo.
2
Logo x + y e x − y são números irracionais.

√ √
(b) Sejam p e q primos distintos. Logo p e q são números irracionais.
√ √  √ √  √ 2 √
Note que p+ q p − q = ( p) − ( q)2 = p − q é um número racional
√ √
não nulo. Portanto, pelo item (a), podemos concluir que tanto p + q quanto
√ √
p − q são irracionais.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Deduzir que x + y é racional se, e somente se, x − y é racional. [0,25]
• Provar que x + y e x − y são irracionais. [0,25]
Item (b)
• Usar o item (a) e deduzir o resultado do item (b). [0,5]
Questão 02 [ 1,00 ::: (a)=0,75; (b)=0,25 ]

   
a+b a−b
(a) Sabendo que sen a + sen b = 2 sen cos , prove que
2 2
 
x+y
se x, y ∈ (0, π) e x 6= y, então sen x + sen y < 2 sen .
2
(b) Use o resultado do item (a) para resolver a equação
q  √ 
√ 2x + x π
sen(2x)sen x = sen , 0<x< .
2 2

Solução

(a) Sejam 0 < x < π e 0 < y < π. Combinando essas duas desigualdades obtemos
x+y
0< <π (1)
2
π x−y π
− < < (2)
2 2 2
x−y
Como x 6= y, temos que 6= 0, e portanto, por (2),
2
x − y
0 < cos < 1.
2
x + y
Multiplicando esta última desigualdade por 2 sen , que é um número
2
positivo, por causa de (1), obtemos
x + y x − y x + y
2 sen cos < 2 sen .
2 2 2
Juntando essa desigualdade com a identidade dada no enunciado, concluı́mos
que
x + y
sen x + sen y < 2 sen .
2
π √
(b) Como 0 < x < , temos que 0 < 2x < π e 0 < x < π.
√ 2
Se 2x 6= x e usando o item (a) obtemos a seguinte desigualdade
q  √  √
√ 2x + x sen(2x) + sen x
sen(2x)sen x = sen > ,
2 2
que contradiz a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica dos números

positivos sen(2x) e sen x.
√ 1
Portanto 2x = x e assim concluı́mos que x = .
4

2
Pauta de Correção:

Item (a)
x − y
• Deduzir que 0 < cos < 1. [0,25]
2
x + y
• Provar que sen x + sen y < 2 sen . [0,5]
2
Item (b)
• Encontrar a solução da equação. [0,25]

Questão 03 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Considere o conjunto de todos os números naturais com quatro algarismos


tais que os algarismos lidos da esquerda para a direita estão em ordem estrita-
mente decrescente.
(a) Quantos elementos possui tal conjunto?
(b) Se escrevermos tais números em ordem crescente, que número ocupa a
109a posição?

Solução

(a) A cada escolha de quatro dı́gitos (sem repetição), entre os dez dı́gitos, temos
uma única ordem decrescente; portanto o número de elementos pedido é igual a
!
10
= 210.
4

(b) A quantidade dos que iniciam com o dı́gito 3 é 1 (apenas o número 3210);

4 iniciam com o dı́gito 4, a saber 4210, 4310, 4320 e 4321; os que iniciam com o
! !
5 6
dı́gito 5 são no total de = 10; com o dı́gito 6 são = 20; com o dı́gito 7
3 3

são 35.
Até este momento temos um total de 70 números em ordem crescente.
A quantidade daqueles que iniciam com o dı́gito 8 e são seguidos do dı́gito:

• 2 é apenas 1 número, a saber 8210;


!
3
• 3 é = 3;
2

3
!
4
• 4 é = 6;
2
!
5
• 5 é = 10;
2
!
6
• 6 é = 15.
2

Agora temos um total de 105 números.


Os números seguintes serão 8710, 8720, 8721, 8730.
Assim concluı́mos que o número que ocupa a 109a posição é 8730.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Calcular corretamente a quantidade de elementos do conjunto. [0,5]
Item (b)
• Encontrar o número que está na 109a posição. [0,5]

Questão 04 [ 1,00 ]

As diagonais AD e CE do pentágono regular ABCDE de lados de medida


a, intersectam-se no ponto P . Determine AP e P D em função de a.

Solução
Cada ângulo interno do pentágono regular tem medida
360◦
âi = 180◦ − = 180◦ − 72◦ = 108◦ .
5
Como DC ≡ DE, o triângulo CDE é isósceles de vértice D, e, como C D̂E = 108◦ ,
180◦ − 108◦
temos DĈE = DÊC = = 36◦ .
2

4
Como os triângulos CDE e DEA são congruentes (LAL), temos também DÂE =
AD̂E = 36◦ .

Como E ÂP = 36◦ e P ÊA = 108◦ − 36◦ = 72◦ , temos que E P̂ A = 180◦ − 36◦ −
72 = 72◦ , logo o triângulo EAP é isósceles de vértice A. Com isso, AP = EA = a.

Os triângulos DP E e DEA possuem, cada um, dois ângulos de medida 36◦ ,


fazendo com que seus terceiros ângulos tenham também a mesma medida. Assim,
esses triângulos são semelhantes, com

PD DE
= .
EA AD
Como EA = DE = a e AD = AP + P D = a + P D, temos

PD a
= ,
a a + PD
logo,
P D(a + P D) = a2 ,
e então
2
P D + a P D − a2 = 0.
Resolvendo a equação, temos

−a ± 5a2
PD = .
2
Tomando a solução positiva, temos
√ 
a 5−1
PD = .
2

Pauta de Correção:
• Observar ou utilizar a congruência entre os triângulos CDE e DEA. [0,25]

5
• Concluir que o triângulo EAP é isósceles de vértice A e obter AP = a. [0,25]
• Mostrar que os triângulos DP E e DEA são semelhantes. [0,25]
• Calcular P D. [0,25]

Questão 05 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Um cubo de 20cm de aresta, apoiado em um piso horizontal e com a parte


superior aberta, contém água até a altura de 15cm. Colocando uma pirâmide
regular de base quadrada sólida de altura 30cm com a base apoiada no fundo
do cubo, o nı́vel da água atinge a altura máxima do cubo, sem derramar.

(a) Qual o volume do tronco de pirâmide submerso?


(b) Qual o volume da pirâmide?

Solução

(a) Como, ao submergir o tronco de pirâmide, a água ocupa integralmente o volume


do cubo, a soma do volume Vt do tronco de pirâmide com o volume inicial da
água, dado por 20 · 20 · 15, será o volume do cubo. Assim,

Vt + 15 · 202 = 203
e, portanto,

Vt = 203 − 202 · 15 = 202 · (20 − 15) = 202 · 5 = 2000cm3 .

Solução alternativa do item (a):

Sendo H = 30cm a altura da pirâmide e a = 20cm a aresta do cubo, o volume (Vt )


do tronco de pirâmide submerso é igual ao volume da coluna de água que subiu, de
5cm, ou seja,
Vt = a · a · 5 = 20 · 20 · 5 = 2000cm3 .
(b) Sejam V o volume da pirâmide de altura H = 30cm e h = H − a = 10cm a
altura da pirâmide emersa e v seu volume. Da relação entre V e v, tem-se que
 3  3
V H 30
= =
v h 10
e, portanto,
V
v= .
27
Mas, sabe-se que
V − v = Vt = 2000
e, com isso
v = V − 2000.

6
Logo,
V
= V − 2000,
27
e, portanto,
27000 3
V = cm .
13

Pauta de Correção:

Item (a), primeira solução:


• Indicar que o volume do tronco da pirâmide somado ao da água é igual ao volume
do cubo. [0,25]
• Calcular corretamente o volume do tronco da pirâmide. [0,25]
Item (a), solução alternativa:
• Indicar que o volume do tronco da pirâmide é igual ao volume da coluna de água
que subiu. [0,25]
• Calcular corretamente o volume do tronco da pirâmide. [0,25]
Item (b)
• Obter uma relação entre o volume total V da pirâmide e o volume v da parte
emersa. [0,25]
• Calcular corretamente o volume total da pirâmide. [0,25]

Questão 06 [ 1,00 ]

Sejam a, b e c inteiros tais que a3 + b3 + c3 é divisı́vel por 9. Mostre que pelo


menos um dos inteiros a, b ou c é divisı́vel por 3.

Solução

Observamos primeiramente que, se um número n não é divisı́vel por 3 então ele é


da forma 3k + 1 ou 3k + 2, logo n3 é da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
Suponha que nenhum dos inteiros a, b, c seja divisı́vel por 3. Segue que os cubos
desses números são da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
Considerando todas as possibilidades para a soma de três cubos, a soma a3 +b3 +c3
será da forma 9k + 1, 9k + 3, 9k + 6 ou 9k + 8:
a3 + b3 + c3
9k1 + 1 9k2 + 1 9k3 + 1 9k + 3
9k1 + 1 9k2 + 1 9k3 + 8 9k + 1
9k1 + 1 9k2 + 8 9k3 + 8 9k + 8
9k1 + 8 9k2 + 8 9k3 + 8 9k + 6

Portanto, obtemos a3 + b3 + c3 não divisı́vel por 9.

Solução alternativa:

7
Observamos primeiramente que, se um número n não é divisı́vel por 3 então ele é
da forma 3k + 1 ou 3k + 2, logo n3 é da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
Portanto, se n não é divisı́vel por 3 então n3 ≡ 1 mod 9 ou n3 ≡ 8 mod 9.
Suponha que nenhum dos inteiros a, b, c seja divisı́vel por 3. Segue que os cubos
desses números são congruentes a 1 ou a 8 módulo 9.
Considerando todas as possibilidades para a soma de três cubos teremos:
a3 + b3 + c3 ≡ 1 + 1 + 1 ≡ 3 mod 9
a3 + b3 + c3 ≡ 1 + 1 + 8 ≡ 1 mod 9
a3 + b3 + c3 ≡ 1 + 8 + 8 ≡ 8 mod 9
a3 + b3 + c3 ≡ 8 + 8 + 8 ≡ 6 mod 9
Portanto, obtemos a3 + b3 + c3 não divisı́vel por 9.

Pauta de Correção:

• Observar que, se n não é divisı́vel por 3 então n é da forma 3k + 1 ou 3k + 2.


[0,25]
• Observar que, se n não é divisı́vel por 3 então n3 é da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
[0,25]
• Supor que nenhum dos inteiros a, b, c seja divisı́vel por 3 e considerar todas as
possibilidades para a3 + b3 + c3 . [0,25]
• Concluir o resultado. [0,25]

Questão 07 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Considere um conjunto formado por 11 números inteiros positivos di-


ferentes, menores do que 21. Prove que podemos escolher dois desses
números tais que um divide o outro.
(b) Exiba um conjunto com 10 números inteiros positivos, menores do que 21,
tais que nenhum deles é múltiplo de outro.

Solução

(a) Vamos distribuir os números de 1 a 20 em 10 conjuntos disjuntos como, por


exemplo: {1, 2, 4, 8, 16}, {3, 6, 12}, {5, 10, 20}, {7, 14}, {9, 18}, {11}, {13}, {15},
{17}, {19}.
Tomando 11 números de 1 a 20, pelo Princı́pio das Gavetas, como há 10 conjun-
tos, necessariamente teremos 2 números no mesmo conjunto, e portanto, temos
a propriedade desejada.
(b) Algumas respostas possı́veis:
{11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20}, {10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19},
{9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20}, {9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19}
{8, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20}, {8, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19},

8
{8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 19}, {7, 8, 11, 12, 13, 15, 17, 18, 19, 20},
{7, 8, 10, 11, 12, 13, 15, 17, 18, 19}, {6, 7, 9, 10, 11, 13, 15, 16, 17, 19},
{6, 7, 8, 9, 11, 13, 15, 17, 19, 20}, {6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19},
{6, 7, 9, 11, 13, 15, 16, 17, 19, 20}, {6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19},
{6, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 19}, {6, 8, 9, 11, 13, 14, 15, 17, 19, 20},
{6, 9, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20}, {4, 6, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 17, 19}
e {4, 6, 7, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19} .

Pauta de Correção:

Item (a)
• Exibir a partição do conjunto dos números de 1 a 20 em 10 conjuntos dois a
dois disjuntos com a propriedade indicada na solução. [0,25]
• Concluir a prova do item (a). [0,25]
Item (b)
• Exibir um conjunto com a propriedade solicitada. [0,5]

Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Considere o seguinte sistema de congruências




X ≡ 1 mod 9
X ≡ 5 mod 7


X ≡ 3 mod 5

(a) Encontre o menor número natural que satisfaz o sistema.


(b) Alguma solução do sistema é solução da congruência X ≡ 926 mod 3?

Solução
(a) Como (9, 7) = 1, (9, 5) = 1 e (7, 5) = 1, o sistema tem solução. Pelo Teorema
Chinês dos Restos as soluções do sistema são

x = 35 · y1 · 1 + 45 · y2 · 5 + 63 · y3 · 3 + t · 315
sendo t ∈ Z, y1 solução de 35Y ≡ 1 mod 9, y2 solução de 45Y ≡ 1 mod 7 e y3 solução
de 63Y ≡ 1 mod 5. Os inteiros y1 = 8, y2 = 5 e y3 = 2 satisfazem as condições
impostas. Portanto

x = 35 · 8 + 45 · 25 + 63 · 6 + 315 · t = 1783 + t · 315

Para encontrar e menor solução positiva devemos impor 1783 + t · 315 > 0 para t ∈ Z.
−1783
1783 + t · 315 > 0 ⇐⇒ t > ⇐⇒ t > −5
315

9
A menor solução é x0 = 1783 − 5 · 315 = 208.

(a) Solução alternativa


Observe
 que
 X ≡ 1 mod 9 (
 X ≡ 1 mod 9
X ≡ 5 mod 7 ⇐⇒

 X ≡ −2 mod 35
X ≡ 3 mod 5
Assim, x = 1 + 9k = −2 + 35t, com k, t ∈ Z.
Segue-se que 35t − 9k = 3 com solução particular t0 = −3, k0 = −12 e solução
geral
(dada por
t = −3 + 9r, r ∈ Z
k = −12 + 35r, r ∈ Z
Portanto, x = 1 + 9(−12 + 35r) e a menor solução natural ocorre quando r = 1,
obtendo x = 208.

(b) As soluções do sistema são as soluções da congruência X ≡ 208 mod 315. Portanto
queremos saber se o sistema de congruências
(
X ≡ 208 mod 315
X ≡ 926 mod 3

possui solução. Suponhamos que existe a ∈ Z que satisfaz o sistema, isto é, existem
y, z ∈ Z tais que a − 208 = y · 315 e a − 926 = z · 3. Subtraindo as equações, temos
718 = 315y −3z. Como a última equação não tem solução, pois (315, 3) = 3 não divide
718, então o sistema não tem solução. Ou seja, nenhuma solução do item (a) é solução
da equação X ≡ 926 mod 3.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Encontrar as soluções do sistema de congruências. [0,25]
• Encontrar a menor solução. [0,25]
Item (b)
• Descrever o sistema de congruências. [0,25]
• Mostrar que o sistema não tem solução. [0,25]

10
GABARITO E PAUTA DE CORREÇÃO DO ENQ-2014.2

Questão 1 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Sejam a, b, p inteiros, com p primo. Demonstre que:

(a) se p não divide a, então (p, a) = 1.

(b) se p | ab, então p | a ou p | b.

Solução

(a) Suponha que p - a e seja d = (p, a). Segue que d | p e d | a. Como p é primo, d = p ou d = 1. Mas d 6= p, pois
p - a e, consequentemente d = 1.

(b) Basta provar que, se p | ab e p - a, então p | b. Suponha então que p | ab e p - a. Segue que (a, p) = 1 e daı́,
existem r e s inteiros tais que ra + sp = 1. Multiplicando esta equação por b tem-se que rab + spb = b. Mas
p | ab e p | p, portanto p | b.

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)

• Usar o fato de que p é primo e concluir que (p, a) = p ou (p, a) = 1 [0, 25]

• Concluir que (p, a) = 1 [0, 25]

Item (b)

• Escrever a estratégia da prova [0, 25]

• Concluir a prova [0, 25]

Questão 2 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Duas sequências de números reais xn e yn estão relacionadas pelas recorrências

xn+1 = 2xn + yn , yn+1 = 5xn − 2yn .

(a) Mostre que a sequência xn satisfaz a recorrência xn+2 = 9xn .

(b) Suponha x0 = y0 = 1. Encontre as fórmulas gerais para as sequências xn e yn em função de n.


Solução

(a) Como xn+1 = 2xn + yn e yn+1 = 5xn − 2yn , segue que xn+2 = 2xn+1 + yn+1 = 2(2xn + yn ) + 5xn − 2yn =
4xn + 2yn + 5xn − 2yn = 9xn .

(b) A recorrência xn+2 − 9xn = 0 tem como equação caracterı́stica r2 − 9 = 0, cujas raı́zes são r1 = −3 e r2 = 3.
Com isso a solução da recorrência é dada por xn = C1 (−3)n + C2 · 3n . Como x0 = y0 = 1 temos que
x1 = 2x0 + y0 = 3. Logo segue que 1 = C1 (−3)0 + C2 · 30 e 3 = C1 (−3)1 + C2 · 31 , ou seja, C1 + C2 = 1 e
−3C1 + 3C2 = 3, cuja solução é C1 = 0 e C2 = 1. Portanto xn = 3n e yn = xn+1 − 2xn = 3n+1 − 2 · 3n = 3n .

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)

• Provar o resultado [0, 5]

Item (b)

• Determinar xn [0, 25]

• Encontrar yn [0, 25]

Questão 3 [ 1,0 pt ]

Considere o triângulo ABC de lados a, b, c e alturas ha , hb e hc relativas respectivamente aos lados a, b e


1 1 1
c. Prove que ABC é semelhante a um triângulo de lados , e .
ha hb hc

Solução
No triângulo ABC, temos que ha é a altura relativa ao lado a, hb é a altura relativa ao lado b e hc é a altura relativa
ao lado c. Sendo assim, podemos escrever três relações que fornecem a mesma área, ou seja, a área do triângulo
ABC:
a · ha b · hb c · hc
= =
2 2 2
a
Dessa forma, temos que a · ha = b · hb = c · hc . Como a · ha = (1/h a)
, podemos reescrever a expressão anterior na
forma:
a b c
1 = 1 = 1 ,
ha hb hc

o que mostra que os triângulos de lados a, b, c e lados (1/ha ), (1/hb ), (1/hc ) são semelhantes.

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Observar que a · ha /2, b · hb /2 e c · hc /2 são, as três, expressões da área do triângulo (ou, obviamente, que
a · ha ,b · hb e c · hc são o dobro da área) [0,5]

• Utilizar a conclusão anterior para concluir que a/(1/ha ) = b/(1/hb ) = c/(1/hc ) [0,25]

• Concluir a semelhança [0,25]


Questão 4 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Sejam x e y dois números racionais com x < y.


x+y y−x
(a) Prove que x < < y e que x < x + √ < y.
2 2
(b) Mostre que entre dois números racionais quaisquer existe pelo menos um número racional e um
irracional.

Solução
x+y
(a) Como x < y por hipótese, somando x em ambos os lados desta desigualdade tem-se 2x < x+y, logo x < .
2
De modo análogo, somando y em ambos os lados de x < y tem-se x + y < 2y, ou seja, x+y 2 < y. Portanto
x+y y−x
segue-se que x < < y. Por outro lado, x < y ⇒ y − x > 0 ⇒ √ > 0 e somando x em ambos os
2 2
y−x
lados desta última desigualdade obtém-se x < x + √ . Para demonstrar a segunda parte da desigualdade,
2
y−x
observe que x + √ < y
√ 2 √ √ √
equivale a 2x + y − x < 2y, ou ainda, ( 2 − 1)x < ( 2 − 1)y que nos dá x < y. Portanto, usando argumento
y−x
de volta, pode-se concluir que x + √ < y e, juntando as duas partes chega-se a desigualdade desejada,
2
y−x
x < x + √ < y.
2
x+y
(b) A primeira parte do item (a) nos diz que o número z1 = está situado entre os números racionais x e y e
2
como soma e produto de números racionais é um número racional, segue que z1 satisfaz a condição requerida.
y−x
A segunda parte de (a) nos diz que o número z2 = x + √ também está situado entre os números racionais
2
1
x e y e para concluir, basta ver que z2 é irracional. Sabemos que √ é irracional e que produto de irracional
2
1 y−x
por racional não nulo é irracional. Como y − x > 0 é racional, segue que √ · (y − x) = √ é irracional.
2 2
y−x
A soma de um racional com um irracional também é irracional e portanto z2 = x + √ é irracional e está
2
situado entre os números racionais x e y.

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)
x+y
• Provar que x < <y [0,25]
2

y−x
• Provar que x < x + √ < y [0,25]
2
Item (b)

• Provar que entre dois números racionais existe pelo menos um racional [0,25]

• Provar que entre dois números racionais existe pelo menos um irracional [0,25]
Questão 5 [ 1,0 pt ]

Em uma cesta contendo ovos, na contagem de dois em dois, de três em três, de quatro em quatro e de
cinco em cinco, sobram 1, 2, 3 e 4 ovos, respectivamente. Qual é a menor quantidade de ovos que a cesta
pode ter?

Solução
Representamos por N o número procurado. Sabemos que N é uma solução do seguinte sistema de congruências:


 x ≡ 1 mod 2


 x ≡ 2 mod 3

 x ≡ 3 mod 4



x ≡ 4 mod 5

Como (3, 4) = (3, 5) = (4, 5) = 1 consideramos primeiramente o sistema formado pelas três últimas congruências e
usamos o Teorema Chinês dos Restos para resolvê-lo. Neste caso, M = 3 · 4 · 5 = 60, M1 = 20, M2 = 15 e M3 = 12.
Por outro lado, y1 = 2, y2 = 3 e y3 = 3 são soluções, respectivamente, das congruências 20y1 ≡ 1 mod 3, 15y2 ≡ 1
mod 4 e 12y3 ≡ 1 mod 5. Portanto, uma solução é dada por

M1 y1 c1 + M2 y2 c2 + M3 y3 c3 = 20 · 2 · 2 + 15 · 3 · 3 + 12 · 3 · 4 = 359.

As soluções do sistema são x = 359 + 60t, onde t ∈ Z. A menor solução é 59, quando t = −5. Como 59 também
satisfaz a primeira congruência concluimos que N = 59.

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Montar o sistema [0, 25]

• Determinar a solução geral [0, 5]

• Obter a menor solução positiva [0,25]

Outra solução :
Representamos por N o número procurado. Sabemos que N é uma solução do seguinte sistema de congruências:


 x≡ 1 mod 2


 x≡ 2 mod 3

 x≡ 3 mod 4



x≡ 4 mod 5

Somando 1, nos dois lados, de cada congruência:




 x+1≡ 0 mod 2


 x+1≡ 0 mod 3

 x+1≡ 0 mod 4



x+1≡ 0 mod 5

o qual é equivalente à congruência x + 1 ≡ 0 mod [2, 3, 4, 5], onde [2, 3, 4, 5] = 60, obtemos as soluções x + 1 = 60t,
onde t ∈ Z. A menor solução positiva ocorre quando t = 1, portanto N = 59.
PAUTA DE CORREÇÃO:

• Montar o sistema [0, 25]

• Determinar a solução geral [0, 5]

• Obter a menor solução positiva [0,25]

Questão 6 [ 1,0 pt ]

Um professor do Ensino Médio propôs a seguinte questão:

“Dada a sequência 1, 4, 9, 16, . . ., determine o quinto termo”.

Um aluno achou um resultado diferente de 25, que era a resposta esperada pelo professor. Ele obteve
um polinômio P (x) satisfazendo cinco condições: P (1) = 1, P (2) = 4, P (3) = 9, P (4) = 16 e P (5) 6= 25.
Encontre um polinômio P (x) satisfazendo as condições acima e tal que P (5) = 36.

Sugestão: Analise o polinômio Q(x) = P (x) − x2 .

Solução
Seja Q(x) = P (x) − x2 . Observe que x = 1, x = 2, x = 3, x = 4 são raı́zes de Q(x) e podemos escrevê-lo da seguinte
forma:
Q(x) = h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4),

onde h(x) é uma função de x. Temos então que

P (x) = x2 + h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4).

Como o enunciado pede para encontrarmos um polinômio, façamos h(x) = k, sendo k uma constante a ser determinada
11
com P (5) = 36. Substituindo x = 5 em P (x), P (5) = 36 = 52 + k.4.3.2.1 e encontramos k = 24 .
11
Logo P (x) = x2 + 24 (x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4) é um polinômio que satisfaz as condições do enunciado.

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Observar que x = 1, x = 2, x = 3, x = 4 são raı́zes de Q(x) [0,25]

• Descrever que Q(x) é da forma Q(x) = h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4) [0,25]

• Descrever que P (x) = x2 + h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4) [0,25]

• Mostrar algum h(x) e escrever P (x) [0,25]

Questão 7 [ 1,0 pt ]

Considere um cubo de aresta a. A partir de um vértice, e sobre as três arestas que nele concorrem, são
a
assinalados os pontos que distam 3 deste vértice. Os três pontos assim obtidos, junto com o vértice do
cubo, são vértices de um tetraedro. Repetindo o processo para cada vértice, e retirando-se do cubo os oito
tetraedros assim formados, obtém-se o poliedro P restante. Calcule a área total de P .

Solução
A área do total poliedro P pode ser calculada subtraindo-se, da área total do cubo, as áreas de 24 triângulos retângulos
a
de catetos 3, correspondentes às 3 faces laterais de cada um dos 8 tetraedros retirados, e somando-se a área de 8

a 2
triângulos equiláteros de lado 3 , correspondentes às bases de cada um dos 8 tetraedros.

As áreas acima são dadas por:

• Área total do cubo:


AC = 6a2 .

a
• Área de cada triângulos retângulos de catetos 3:

1  a 2 a2
A1 = · = .
2 3 18

a 2
• Área de cada triângulos equiláteros de lados 3 :

√ !2 √ √ √
a 2 3 2a2 3 a2 3
A2 = · = · = .
3 4 9 4 18

Assim, a área do poliedro P é dada por

AP = 6 AC − 24 A1 + 8 A2

2 a2 a2 3
= 6a − 24 · +8·
18 √ 18
2 2
4a 4a 3
= 6a2 − +
√3 9
a2 · (4 3 + 42)
= .
9

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Apresentar a estratégia para cálculo da área e calcular corretamente a área do cubo [0,25]

• Calcular corretamente a área de cada face triangular a ser retirada (A1 ) [0,25]

• Calcular corretamente a área de cada face triangular a ser somada (A2 ) [0,25]

• Calcular corretamente a área total, a partir das áreas acima obtidas, observando o número correto de faces a
serem somadas ou retiradas [0,25]

Outra solução:
O poliedro P obtido é formado por 8 faces triangulares e 6 faces octogonais. Considerando A1 a área de uma face
triangular e A2 a área de uma face octogonal, teremos que a área A do Poliedro P será dada por A = 8 · A1 + 6 · A2 .
As faces octogonais são obtidas, cada uma, retirando-se de um quadrado de lado a quatro triângulos retângulos
2 2
cujos catetos medem a3 . A área de cada um desses triângulos será 12 a3 = a18 . Assim, a área de cada face octogonal
a2 7a2
será A1 = a2 − 4 · 18 = 9 .

a 2
As faces triangulares são equiláteras, de lados l = 3 , que podem ser obtidos √
observando que os lados do tetraedro
a a2 3
retirado são triângulos retângulos de catetos medindo 3 . Sendo assim, A2 = 18 .
Assim podemos calcular a área A do poliedro P :

AP = 6 · (A1 ) + 8 · (A2 )

7a2 a2 3
= 6· +8·
9√ 18
a2 · (4 3 + 42)
= .
9

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Calcular corretamente a área de cada face triangular [0,25]

• Apresentar uma forma correta de cálculo da área de cada face octogonal (retirando as áreas dos quatro
triângulos ou outro caminho equivalente) [0,25]

• Obter corretamente a área de cada face octogonal [0,25]

• Calcular corretamente a área total, a partir das áreas obtidas para cada tipo de face, observando o número
correto de faces de cada tipo [0,25]

Questão 8. [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Considere que foram efetuadas todas as permutações possı́veis dos algarismos que compõem o número
78523, listando os números obtidos em ordem crescente.

(a) Determine a posição ocupada pelo número 78523.

(b) Calcule a soma de todos os números listados.

Solução

(a) Para obter a posição do número 78523 nesta lista, calcularemos quantos números estão antes dele na lista.
Os primeiros números, nesta lista, são aqueles que iniciam com 2. Permutando os outros 4 algarismos, temos
4! = 24 números que iniciam com 2. Os próximos números são os iniciados com 3. Como no caso anterior,
trata-se de 24 números. Seguem-se os números iniciados com 5, que também são 24 números. Os próximos
números são os iniciados com 72, 73 e 75. Para cada um destes casos, permutandos os outros 3 algarismos,
temos mais 3! = 6 números. Finalmente, temos os números iniciados com 782 e 783, com 2 números em cada
caso. Sendo assim, a posição do número 78523 é

3 × 24 + 3 × 6 + 2 × 2 + 1 = 95.

Outra Solução:

Para obter a posição do número 78523 nesta lista, calcularemos quantos números estão depois dele na lista.
Permutando os 5 algarismos, calculamos que a lista tem um total de 5! = 120 números. Os últimos números,
nesta lista, são aqueles que iniciam com 8. Permutando os outros 4 algarismos, temos 4! = 24 números que
iniciam com 8. Antes destes temos o número 78532, que está imediatamente após o número 78523. Sendo
assim, a posição do número 78523 é
120 − 24 − 1 = 95.

(b) Permutando os 5 algarismos, vemos a lista tem um total de 5! = 120 números. Para calcular a soma destes
números, devemos perceber que cada algarismo do número 78523 aparece na posição das unidades em 4! = 24
números. Assim temos (7 + 8 + 5 + 2 + 3) × 24 = 600 unidades. O mesmo ocorre na posição das dezenas,
centenas, milhares e dezenas de milhares. Portanto, a soma é igual a

600 × 10000 + 600 × 1000 + 600 × 100 + 600 × 10 + 600 = 6.666.600.

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)
• Perceber que existem 24 números iniciando com 2, 3 e 5 [0,25]
• Calcular corretamente a posição ocupada pelo número 78523 [0,25]
Solução alternativa para o item (a)

• Perceber que existem 24 números iniciando com 7 e 8 [0,25]


• Calcular corretamente a posição ocupada pelo número 78523 [0,25]

Item (b)
• Perceber que cada algarismo aparece 24 vezes em cada posição [0,25]
• Calcular corretamente a soma [0,25]
ENQ2014.1 - Gabarito e Pauta de Correção

Questão 1 [ 1,0 pt ]

O máximo divisor comum de dois inteiros positivos é 20. Para se chegar a esse resultado pelo processo das divisões
sucessivas, os quocientes encontrados foram, pela ordem, 1, 5, 3, 3, 1 e 3. Encontre os dois números.

Solução
Utilizando o processo das divisões sucessivas, para os inteiros positivos a, b, obtém-se:

• a = b · 1 + r; 0 < r < b

• b = r · 5 + r1 ; 0 < r 1 < r

• r = r1 · 3 + r2 ; 0 < r 2 < r 1

• r1 = r2 · 3 + r3 ; 0 < r 3 < r 2

• r2 = r3 · 1 + r4 ; 0 < r 4 < r 3

• r3 = r4 · 3

Portanto, r4 = (a, b) = 20 e r3 = 60. Substituindo esses valores nas equações anteriores encontra-se a = 6180 e b = 5200.

Pauta de correção

• Demonstrar saber o que é o processo das divisões sucessivas [0,25]

• Realizar todas as etapas do processo para este caso [0,25]

• Encontrar os valores corretos dos restos [0,25]

• Obter os valores corretos de a e b [0,25]

Questão 2 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Dado um polı́gono regular convexo de n lados inscrito em um cı́rculo de raio R, seja ln o comprimento dos lados e
seja an a distância do centro do cı́rculo aos lados do polı́gono (an é o apótema do polı́gono).

(a) Calcule l12 e a12 em função de R.

(b) Use o item (a) para obter o valor de tg 75◦ .

Solução
(a) Dados um cı́rculo de raio R e um dodecágono regular nele inscrito, considere um triângulo cujos lados sejam dois raios do
cı́rculo e um dos lados do dodecágono. Este triângulo tem dois lados de medida R e um de medida l12 . O ângulo do triângulo
oposto ao lado de medida l12 é central, correspondendo a um arco de medida 360◦ /12 = 30◦ . Assim, pela lei dos cossenos,

(l12 )2 = R2 + R2 − 2 · R · R · cos 30◦ ,


logo,

(l12 )2 = R2 (2 − 3),

e, com isso, q

l12 = R 2− 3.

A altura do triângulo considerado acima, relativa ao lado de medida l12 , tem medida a12 , e divide o triângulo em dois
triângulos retângulos cujos catetos medem a12 e l12 /2, e cuja hipotenusa é R. Assim,
 2
l12
R2 = + (a12 )2 ,
2

logo,
 2
l12
(a12 )2 = R2 −
2

2 2− 3 2
= R −R ·
4

2 2+ 3
= R · .
4
Portanto, p

2+ 3 R
a12 = .
2
(b) O primeiro triângulo considerado no item (a), é isósceles e tem o ângulo do vértice de medida 30◦ . Logo, seus outros
dois ângulos medem 75◦ . O triângulo retângulo utilizado em (a) para o cálculo de a12 tem então catetos adjacente e oposto
de medidas p √ p √
R 2− 3 R 2+ 3
l12 /2 = e a12 = ,
2 2
respectivamente. Assim, p p
√  √
a12
◦ R 2 + 3 /2 2+ 3
tg 75 = = p √  = p √ .
l12 /2 R 2 − 3 /2 2− 3
p √
Multiplicando numerador e denominador da expressão acima por 2 + 3, obtém-se

tg 75◦ = 2 + 3.

Pauta de correção
Item (a)

• Encontrar o valor correto de l12 [0,25]

• Encontrar o valor correto de a12 [0,25]

Item (b)

• Identificar triângulo retângulo com ângulo interno de 75◦ [0,25]

• Obter o valor correto de tg 75◦ [0,25]

Questão 3 [ 1,0 pt ]

Um quadrilátero tem os seus vértices sobre cada um dos lados de um quadrado, cujo lado tem medida 1. Sabendo
que as medidas dos lados desse quadrilátero são a, b, c e d, prove que

2 ≤ a2 + b2 + c2 + d2 ≤ 4.
Solução
Denote por ABCD o quadrado de lado 1 e por M N OP o quadrilátero inscrito no quadrado tal que P M = a, M N = b, N O = c
e OP = d, conforme mostra a figura.
Denote ainda por x = AM , y = BN , z = CO e t = DP . Como o quadrado ABCD tem lado 1, tem-se que M B =
1 − x, CN = 1 − y, OD = 1 − z e P A = 1 − t. Usando o Teorema de Pitágoras nos triângulos retângulos AM P, M BN, N CO
e ODP, conclui-se que

a2 = x2 + (1 − t)2 ,
b2 = (1 − x)2 + y 2 ,
c2 = (1 − y)2 + z 2 ,
d2 = (1 − z)2 + t2 .

Somando, obtém-se

a2 + b2 + c2 + d2 = [x2 + (1 − x)2 ] + [y 2 + (1 − y)2 ]


+ [z 2 + (1 − z)2 ] + [t2 + (1 − t)2 ]
= (2x2 − 2x + 1) + (2y 2 − 2y + 1)
+ (2z 2 − 2z + 1) + (2t2 − 2t + 1)
= f (x) + f (y) + f (z) + f (t),

onde f (x) = 2x2 −2x+1, x ∈ [0, 1]. Agora é necessário calcular os valores de máximo e mı́nimo da função f (x) = 2x2 −2x+1, x ∈
[0, 1]. Visto que f é uma função quadrática de coeficiente lı́der positivo, o valor mı́nimo ocorre no vértice (desde que esse vértice
esteja dentro do intervalo) e o valor máximo ocorre em um dos extremos do intervalo. Como f (0) = f (1) = 1, a simetria da
parábola assegura que o vértice está dentro do intervalo e ocorre em x = 1/2. Como f (1/2) = 1/2, obtém-se que
1
≤ f (x) ≤ 1, ∀ x ∈ [0, 1].
2
Desta forma, como a2 + b2 + c2 + d2 = f (x) + f (y) + f (z) + f (t), conclui-se que
1 1 1 1
2= + + + ≤ a2 + b2 + c2 + d2 ≤ 1 + 1 + 1 + 1 = 4.
2 2 2 2

Pauta de correção

• Perceber que as medidas a, b, c e d são hipotenusas de triângulos retângulos e usar o Teorema de Pitágoras: [0,25].

• Perceber que a soma a2 + b2 + c2 + d2 pode ser escrita da forma f (x) + f (y) + f (z) + f (t), onde f (u) = 2u2 − 2u + 1:
[0,5]

• Usar máximos e mı́nimos de funções quadráticas no intervalo [0, 1] para concluir as desigualdades: [0,25].
Questão 4 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

De uma caixa contendo 50 bolas numeradas de 1 a 50 retiram-se duas bolas, sem reposição. Determine a probabi-
lidade de:

(a) o número da primeira bola ser divisı́vel por 3 e o número da segunda bola ser divisı́vel por 5.

(b) o número da primeira bola ser divisı́vel por 4 ou o número da segunda bola ser divisı́vel por 6.

Solução

(a) Das 50 bolas numeradas que constam na caixa, 16 bolas correspondem a números divisı́veis por 3 e 10 bolas correspon-
dem a números divisı́veis por 5. Entretanto há 3 bolas (15, 30 e 45) que correspondem a números divisı́veis por 15,
sendo, portanto, divisı́veis tanto por 3 quanto por 5.
O evento retirar da caixa duas bolas, sem reposição, de modo que o número da primeira seja divisı́vel por 3 e da segunda
seja divisı́vel por 5, pode ser distribuı́do em dois eventos:
Evento A: O número da primeira bola é divisı́vel por 3, mas não por 5, e o número da segunda bola é divisı́vel por 5:

13 10 130
P (A) =× =
50 49 2450
Evento B: O número da primeira bola é divisı́vel por 3 e também por 5, e o número da segunda bola é divisı́vel por 5:

3 9 27
×
P (B) = =
50 49 2450
157
Assim, a probabilidade de o número da primeira bola ser divisı́vel por 3 e o da segunda ser divisı́vel por 5 é 2450
.

(b) Das 50 bolas numeradas que constam na caixa, 12 bolas correspondem a números divisı́veis por 4 e 8 bolas compreendem
a números divisı́veis por 6. Entretanto há 4 bolas (12, 24, 36 e 48) que compreendem a números divisı́veis por 12, sendo,
portanto, divisı́veis tanto por 4 quanto por 6.
A probabilidade de retirar da caixa duas bolas, sem reposição, de modo que o número da primeira seja divisı́vel por 4
ou o da segunda seja divisı́vel por 6, pode ser calculada retirando-se da probabilidade total a probabilidade do evento
o número da primeira bola não ser divisı́vel por 4 e o da segunda não ser divisı́vel por 6, que não satisfaz a condição
inicial apresentada . Tal evento deve ser analisado sob dois outros eventos que o compõem:
Evento C: O número da primeira bola não é divisı́vel por 4 mas é divisı́vel por 6, e o número da segunda bola não é
divisı́vel por 6:

4 42 168 84
P (C) =× = =
50 49 2450 1225
Evento D: O número da primeira bola não é divisı́vel por 4 e nem é divisı́vel por 6, e o número da segunda bola não é
divisı́vel por 6:

34 41 1394 697
×
P (D) = = =
50 49 2450 1225
Desse modo, a probabilidade de o número da primeira bola não ser divisı́vel por 4 e o da segunda não ser divisı́vel por
781
6 é 1225
. Logo, a probabilidade de retirar da caixa duas bolas, sem reposição, de modo que o número da primeira seja
divisı́vel por 4 ou o da segunda seja divisı́vel por 6 é:
781 444
1− =
1225 1225

Pauta de correção
Item (a)
• Calcular corretamente a probabilidade de um dos dois eventos (A ou B) [0,25]

• Calcular corretamente a probabilidade do outro evento e encontrar a resposta correta [0,25]

Item (b)

• Calcular corretamente a probabilidade de um dos dois eventos (C ou D) [0,25]

• Calcular corretamente a probabilidade do outro evento e encontrar a resposta correta [0,25]

Questão 5 [ 1,0 pt ]

Para todo n inteiro positivo, seja


1 1 1
Hn = 1 + + + ··· + .
2 3 n
Prove, por indução em n, que n + H1 + · · · + Hn−1 = nHn , para todo n ≥ 2.

Solução

Seja P (n) a proposição: n + H1 + · · · + Hn−1 = nHn , para todo n ≥ 2.


 
3 1
Para n = 2 temos que 2 + H1 = 2 + 1 = 3 = 2 · = 2 · 1 + = 2H2 .
2 2
Suponha agora que P (n) é verdadeira para n = k, ou seja,

k + H1 + · · · + Hk−1 = kHk .

Resta provar que P (n) continua válida para n = k + 1.

De fato, (k + 1) + H1 + · · · + Hk−1 + H(k+1)−1 = (k + H1 + · · · + Hk−1 ) + Hk + 1 =


 
1
kHk + Hk + 1 = (k + 1)Hk + 1 = (k + 1) Hk + = (k + 1)Hk+1
k+1
e assim P (k + 1) é verdadeira.

Pauta de correção

• Provar para n = 2 [0,25]

• Provar para n = k + 1 [0,75]

Questão 6 [ 1,0 pt ::: (a)=0,25; (b)=0,75 ]

Considere o prisma ABCDEF de bases triangulares da figura.

(a) Mostre que os tetraedros ABCE e CDEF têm o mesmo volume.

(b) Mostre também que os tetraedros CDEF e ACDE têm o mesmo volume e conclua que o volume de um
tetraedro é a terça parte do produto da área da base pela altura.

Informação: Assuma o fato de que dois tetraedros com bases de mesma área e alturas congruentes têm volumes
iguais.
Solução

(a) Considerando o tetraedro ABCE com base ABC, sua altura é igual à do prisma. Considerando CDEF com base DEF ,
sua altura também é igual à do prisma. Como ABC e DEF são congruentes, pela definição de prisma, as bases dos
tetraedros têm mesma área. Como as alturas são congruentes, ABCE e CDEF têm mesmo volume.

(b) Como ACDF é um paralelogramo, os triângulos ACD e CDF são congruentes, logo têm mesma área. Observe que
estes dois triângulos estão contidos em um mesmo plano π. Considerando ACD como base de ACDE, a altura deste
tetraedro é a distância de E a π. Sendo CDF a base de CDEF , a altura é a distância de B a π. Mas, pela definição de
prisma, BE é paralelo a π, logo, as distâncias de B e E a π são iguais, e, então, os tetraedros têm mesma altura. Como
a área da base é igual, os volumes são iguais.
O volume do prisma é dado por Área(ABC) · h, onde h é sua altura. Os volumes dos três tetraedros ABCE, CDEF e
ACDE, nos quais o prisma pode ser decomposto, são iguais, logo

Área(ABC) · h = Volume(ABCE) + Volume(CDEF ) + Volume(ACDE)


= 3Volume(ABCE),

logo Volume(ABCE) = 31 Área(ABC) · h.

Pauta de correção
Item (a)

• Concluir a igualdade dos volumes, utilizando que as bases ABC e DEF são congruentes e que as alturas relativas a
estas bases são iguais [0,25]

Item (b)

• Perceber um dos seguintes fatos: [0,25]


– que as bases ACD e CDF têm a mesma área;
– que a altura de ACDE relativa ao vértice E é congruente à altura de CDEF relativa a E.

• Perceber o outro desses dois fatos e concluir a igualdade dos volumes [0,25]

• Concluir que o volume do tetraedro é um terço do volume do prisma, utilizando a decomposição do prisma nos tetraedros
ACDE, CDEF e ABCE e o fato de que têm mesmo volume. [0,25]
Questão 7 [ 1,0 pt ]

Mostre que a7 ≡ a mod 21, para todo inteiro a.

Solução
Seja a um inteiro qualquer. Observe que 21 = 3 × 7, com (3,7)=1 e assim [3,7]=21. Como 3 e 7 são primos, pelo Pequeno
Teorema de Fermat, tem-se que a7 ≡ a mod 7 e a3 ≡ a mod 3. Tomando a congruência a3 ≡ a mod 3, elevando ao quadrado,
segue que a6 ≡ a2 mod 3. Em seguida, multiplicando por a, vemos que a7 ≡ a3 mod 3, donde a7 ≡ a mod 3. Agora, como
a7 ≡ a mod 3 e a7 ≡ a mod 7, segue que a7 ≡ a mod [3, 7], isto é, a7 ≡ a mod 21.
Alternativa 1: Pode-se também mostrar que a7 ≡ a mod 3 usando a outra forma do Pequeno Teorema de Fermat: Se 3 | a
tem-se que a ≡ 0 mod 3 , portanto a7 ≡ a mod 3. No caso 3 - a, (a, 3) = 1 e pelo Pequeno Teorema de Fermat a2 ≡ 1 mod 3.
Elevando ao cubo e em seguida multiplicando por a tem-se que a7 ≡ a mod 3.
Alternativa 2: Pode-se usar também classes residuais: Seja a um inteiro qualquer. Segue que a ≡ 0 mod 3, a ≡ 1 mod 3
ou a ≡ 2 mod 3. Se a ≡ 0 mod 3 tem-se que a7 ≡ a mod 3. Se a ≡ 1 mod 3 tem-se que a7 ≡ 1 mod 3, donde a7 ≡ a mod 3.
No caso a ≡ 2 mod 3, elevando ao quadrado, segue que a7 ≡ 27 mod 3, onde 27 ≡ 2 mod 3, portanto a7 ≡ a mod 3.

Pauta de correção
• Provar que a7 ≡ a mod 7 [0, 25]
• Provar que a7 ≡ a mod 3 [0, 5]
• Concluir que a7 ≡ a mod [3, 7] [0, 25]

Questão 8 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Sejam f : X → Y e g : Y → X duas funções. Prove que:


(a) se g ◦ f é injetiva, então f é injetiva.

(b) se f ◦ g é sobrejetiva, então f é sobrejetiva.

Solução

(a) O objetivo é mostrar que, dados x1 , x2 ∈ X satisfazendo f (x1 ) = f (x2 ), então x1 = x2 . Assuma f (x1 ) = f (x2 ). Como
g : Y → X é uma função, tem-se que g(f (x1 )) = g(f (x2 )), isto é, (g ◦ f )(x1 ) = (g ◦ f )(x2 ). Como g ◦ f : X → X é
injetiva por hipótese, conclui-se que x1 = x2 , ou seja, f : X → Y é injetiva.
(b) O objetivo é mostrar que, dado qualquer y ∈ Y, existe x ∈ X tal que f (x) = y. Visto que f ◦ g : Y → Y é sobrejetiva,
dado qualquer y ∈ Y, existe y1 ∈ Y tal que (f ◦ g)(y1 ) = y, isto é f (g(y1 )) = y. Denotando por x = g(y1 ) ∈ X, conclui-se
que, dado y ∈ Y, existe x = g(y1 ) ∈ X tal que f (x) = y, isto é, f é sobrejetiva.

Pauta de correção
Item (a)
• Usar corretamente as definições de injetividade e composição de funções [0,25]
• Concluir corretamente a solução do item [0,25]
Item (b)
• Usar corretamente as definições de sobrejetividade e composição de funções [0,25]
• Concluir corretamente a solução do item [0,25]
EXAME NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO 2013 - 2

GABARITO

Questão 1.
Considere um triângulo equilátero de lado 3 e seja A1 sua área. Ao ligar os pontos médios de cada lado, obtemos
um segundo triângulo equilátero de área A2 inscrito no primeiro. Para este segundo triângulo equilátero, ligamos
os pontos médios de seus lados e obtemos um terceiro triângulo equilátero de área A3 inscrito no segundo e assim
sucessivamente, gerando uma sequência de áreas (An ), n = 1, 2, 3, . . . √
9 3
Usando o Princípio de Indução Finita, mostre que a fórmula An = n é verdadeira para todo n ≥ 1 natural.
4
Uma solução:

Usando do teorema de Pitágoras conseguimos obter a altura, h1 , do primeiro triângulo, a saber:


 2 √
3 27 3 3
h21 2
=3 − = =⇒ h1 = ·
2 4 2
Assim, concluímos que a área do primeiro triângulo é dada por

3.h1 9 3
A1 = =
2 4

9 3
Acabamos de verificar, assim, a validade da fórmula An = n para n = 1.
4
Agora, supondo que a fórmula seja válida para algum k, ou seja, que

9 3
Ak = k
4
devemos mostrar que ela é válida para k + 1. Como o triângulo inscrito tem área igual a 1/4 da do triângulo obtido
no estágio anterior, concluímos que
√ √
1 Hip.Ind. 1 9 3 9 3
Ak+1 = Ak = · k = k+1
4 4 4 4

9 3
Portanto, o Princípio de Indução Finita garante a validade da fórmula An = n para todo natural n ≥ 1.
4

Uma outra maneira, mais detalhada, de provar o passo indutivo é a seguinte:


Denotemos por hk e Lk a altura e a medida do lado do triângulo da etapa k, respectivamente, e notemos que
 2 √
2 2 Lk 3Lk
(hk ) = Lk − =⇒ hk = ·
2 2

3 2
Logo Ak = L .
4 k
Na etapa k + 1 teremos uma triângulo equilátero cuja medida do lado é metade da medida do lado do triângulo
anterior. Além disso, a altura será
 2  2 √
2 Lk Lk 3Lk
(hk+1 ) = − =⇒ hk+1 = ·
2 4 4

Portanto, a área do triângulo da etapa k + 1 é



hk+1 L2k
Ak+1 =
2
√ 2
1 3Lk
= ·
4 4
1
= · Ak
4

Hip.Ind. 1 9 3
= ·
4 4k

9 3
= ,
4k+1
o que prova que a fórmula vale para
√ k + 1.
9 3
Por Indução, a fórmula An = n vale para todo natural n ≥ 1.
4

Questão 2.
A sequência (an ), n ≥ 0, é definida da seguinte maneira:
• a0 = 4
• a1 = 6
an
• an+1 = , n≥1
an−1
a) Encontre a7 .
b) Encontre a soma dos primeiros 2013 termos da sequência.

Uma solução:

a) Basta fazer um cálculo direto: a7 = 6. Na verdade a sequência é dada por 4, 6, 6/4, 1/4, 1/6, 4/6, 4, 6,... e
vemos que ela se repete em ciclos de tamanho 6; os termos de índices n = 6, 12, ..., 6k, ... k ∈ N são todos iguais a 4;
isto será usado no ítem b).
b) Para encontrarmos a soma, primeiramente observamos que a soma do seis primeiros termos a0 + a1 + . . . a5 é
6 1 1 4 151 151
igual a 4 + 6 + + + + = . Assim, até 2009 (incluindo-o) temos 335 blocos iguais a . Portanto, a soma
4 4 6 6 12 12
solicitada é igual a

151 6 50723
335( )+4+6+ = .
12 4 12

Questão 3.
Um cone de revolução tem altura x e está circunscrito a uma esfera de raio 1. Calcule o volume desse cone em função
de x.

Uma solução:

x
T
O 1
1

A M r B

Sejam:
AB um diâmetro da base do cone,
M o centro da base,
C o vértice do cone,
O o centro da esfera inscrita no cone e
T o ponto de tangência da geratriz CB do cone com a esfera.
Temos CM = x e OM = OT = 1.

Seja r o raio da base do cone. O comprimento de uma geratriz do cone é CB = x2 + r 2 .
Como CM é perpendicular a AB e OT é perpendicular a CB, os triângulos CT O e CM B são semelhantes. Daí,

OC OT x−1 1
= ⇒√ =
CB MB 2
x +r 2 r
Elevando ao quadrado e aplicando a propriedade das proporções que permite obter nova fração equivalente às
anteriores subtraindo-se numeradores e denominadores (ou fazendo os cálculos), temos:
x2 − 2x + 1 1 x2 − 2x x−2 x
2 2
= 2 = 2
= ⇒ r2 =
x +r r x x x−2
1 2 π x πx2
O volume do cone é V = πr x = · ·x= .
3 3 x−2 3(x − 2)

Questão 4. Na figura, temos um triângulo equilátero ABC e um segundo triângulo P QR cujos lados RP , P Q, QR
são, respectivamente, perpendiculares aos lados AB, BC, AC do triângulo ABC.

C
R

A P B

a) Mostre que o triângulo P QR é equilátero. Conclua que AP = BQ = CR.


b) Se o triângulo ABC tem área 1, encontre a área do triângulo P QR.

Uma solução:

a) Basta observar que cada um dos ângulos do triângulo menor P QR mede 60o para concluir que ele é equilátero.
Para mostrar que AP = BQ notamos que os triângulos P AR e QBP são congruentes, pois são semelhantes e
acabamos de mostrar que P R = BQ. Analogamente AP = CR.
Logo AP = BQ = CR.

b) Primeiramente, notemos que AP R é um triângulo retângulo 30o -60o -90o , ou seja, é a metade
de um triângulo
AP
1
equilátero. Logo, temos que AR = 2AP , e, consequentemente, P B = AR = 2AP , ou ainda, . =
PB
2
1
Se chamarmos L o comprimento do lado do triângulo ABC e l o lado do triângulo P QR, temos que AP = L e
3
2
AR = P B = L. Daí,
3
P itágoras 4 2 1 2 1
l2 = (RP )2 = L − L = L2
9 9 3
1 1
e a razão entre as áreas dos triângulos P QR e ABC é , logo o triângulo P QR tem área igual a .
3 3

Questão 5.
Sejam f : R → R uma função periódica e g : R → R uma função qualquer.
a) A função composta g ◦ f é necessariamente periódica? Em caso afirmativo, demonstre; em caso negativo,
apresente um contra-exemplo.
b) A função composta f ◦ g é necessariamente periódica? Em caso afirmativo, demonstre; em caso negativo,
apresente um contra-exemplo.

Uma solução:

a) Seja T > 0 o período de f , então f (x + T ) = f (x), ∀x ∈ R.


Como
(g ◦ f )(x + T ) = g(f (x + T )) = g(f (x)) = (g ◦ f )(x), ∀x ∈ R,

concluímos que g ◦ f é também periódica.

b) É falso. Considere, por exemplo, as funções f (x) = sen(x) e g(x) definida por


 0, se x < 0

g(x) =

 π , se x ≥ 0

2
Então f ◦ g não é periódica.


 0, se x < 0

(f ◦ g)(x) =


 1, se x ≥ 0

Se existisse T > 0 tal que (f ◦ g)(x + T ) = (f ◦ g)(x), ∀x ∈ R, tomando x = −T , (f ◦ g)(0) = 1 = (f ◦ g)(−T ) = 0,


uma contadição.

Questão 6.
Considere a equação:

1 3
|x||x − 3| = 2|x −|
2 2
a) Quais são as raízes dessa equação? Explique detalhadamente como as encontrou.
1 3
b) Esboce, em um mesmo plano cartesiano, os gráficos das funções f (x) = |x||x − 3| e g(x) = 2|x − | e marque
2 2
as raízes que você encontrou no ítem a).

Uma solução:

a) A equação é equivalente as igualdades:


x2 − 3x = 4x − 6, ou x2 − 7x + 6 = 0, cujas raízes são x = 1 e x = 6; e
x2 − 3x = −4x + 6 ou x2 + x − 6 = 0, cujas raízes são x = −3 e x = 2.
Logo, temos quatro raízes: -3, 1, 2 e 6.

b) Os gráficos das funções estão esboçados na figura abaixo:


f(x)

g(x)

-3 12 6

raízes

Questão 7.
Determine todos os inteiros X que são soluções da congruência

X 49 + X 14 + X 12 − 2X ≡ 0 (mod7)

Uma solução:

Se X ≡ 0(mod7), é claro que X é solução da congruência dada. Podemos então supor que 7 não divide X e
procurar outras possíveis soluções. Neste caso, pelo Teorema de Fermat, sabemos que

X 6 ≡ 1(mod7)

e que X 7 ≡ X(mod7). Concluímos que X 49 ≡ (X 7 )7 ≡ X 7 ≡ X(mod7), X 14 ≡ (X 7 )2 ≡ X 2 (mod7) e X 12 ≡ (X 6 )2 ≡


1(mod7). Substituindo na congruência dada, temos:

X 49 + X 14 + X 12 − 2X ≡ X 2 − X + 1(mod7)

Analisando cada caso (exceto X ≡ 0(mod7) que já sabemos ser solução da congruência original), temos a tabela
abaixo, na qual todas as congruências são módulo 7.

X ≡ 1 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 1

X ≡ 2 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 3
X ≡ 3 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 0

X ≡ 4 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 6

X ≡ 5 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 0

X ≡ 6 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 3

As soluções de X 49 + X 14 + X 12 − 2X ≡ 0 (mod7) são X ≡ 0, X ≡ 3 e X ≡ 5, ou seja, o conjunto solução é:

S = {X : X = 7K, K ∈ Z} ∪ {X : X = 7K + 3, K ∈ Z} ∪ {X : X = 7K + 5, K ∈ Z}

Questão 8.
Encontre o menor natural k, k > 2008, tal que 1 + 2 + · · · + k seja um múltiplo de 13. Justifique sua resposta.

Uma solução:
k(k + 1)
Sabemos que 1 + 2 + · · · + k = . Assim, para que a soma seja um múltiplo de 13, temos que ter que k(k + 1)
2
é um múltiplo de 13 e já que 13 é um número primo, então ou k ou k + 1 é um múltiplo de 13. Como queremos o
menor valor de k para que isto aconteça, devemos ter que k + 1 é um múltiplo de 13; assim k + 1 = 2015 e portanto
k = 2014.
GABARITO - QUALIFICAÇÃO - Março de 2013

Questão 1. (pontuação: 1,5)

É dado um retângulo ABCD tal que em seu interior estão duas circunferências tangentes exteriormente no ponto T ,
como mostra a figura abaixo. Uma delas é tangente aos lados AB e AD e a outra é tangente aos lados CB e CD.

D C

A B

a) Mostre que a soma dos raios dessas circunferências é constante (só depende das medidas dos lados do retângulo).
b) Mostre que o ponto T pertence à diagonal AC do retângulo.

Uma solução:

a) No retângulo ABCD consideremos AB = a e BC = b. Sem perda de generalidade consideraremos b ≤ a e


a ≤ 2b, pois sem esta última condição as tangências indicadas não ocorreriam.

Sejam O e O0 os centros das circunferências e r e r0 os respectivos raios. Seja s = r + r0 . Como a reta que contém
os centros das circunferências passa pelo ponto de tangência então OO0 = OT + T O0 = r + r0 = s.

D C

T O´
r E b
O r´
r

A a B

A paralela a AB por O e a paralela a BC por O0 cortam-se em E. Temos:

i) r + OE + r0 = a, ou seja, OE = a − s

ii) r + EO0 + r0 = b, ou seja, EO0 = b − s.


Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo OEO0 temos:

s2 = (a − s)2 + (b − s)2

Desenvolvendo e simplificando encontramos s2 − (2a + 2b)s + a2 + b2 = 0.


Como claramente s < a + b, pois as circunferências estão no interior do retângulo, o valor de s que procuramos é
a menor raiz da equação acima. Assim,
p √
2a + 2b −4a2 + 8ab + 4b2 − 4(a2 + b2 ) 2a + 2b − 2 2ab √
s= = = a + b − 2ab,
2 2
0
o que comprova que o valor de s = r + r é constante e só depende das medidas dos lados do retângulo.

b) As retas AO e O0 C são paralelas ou cincidentes porque fazem 45o com os lados do retângulo. Se forem
coincidentes, o resultado é óbvio. Senão traçamos os segmentos AT e T C e o segmento OO0 (que passa por T ). Os
ângulos T OA e T O0 C são congruentes porque são alternos internos nessas paralelas em relação à transversal OO0 .

D C

T O´
O

A B

Temos ainda que



OT r r 2 OA
0
= 0 = √ = 0 .
OT r 0
r 2 OC
Como ∠T OA = ∠T O0 C e OT
O0 T = OA
O0 C então os triângulos T OA e T O0 C são semelhantes. Assim, ∠OT A = ∠O0 T C
e, portanto, os pontos A, T e C são colineares.

Questão 2. (pontuação: 1,0)

O poliedro representado na figura abaixo é tal que:


i) há exatamente um plano de simetria;
ii) em cada vértice, os planos das faces que se tocam são perpendiculares dois a dois, sendo possı́vel decompor o
sólido em três paralelepı́pedos;
iii) as dimensões nunca ultrapassam 19;
iv) os comprimentos das arestas são inteiros maiores do que 1;
v) o volume é igual a 1995.
x

2y
z
z y z

y
3x z 4y

a) Descreva o plano de simetria do poliedro.


b) Encontre os valores de x, y e z.

Uma solução:
a) O plano de simetria do poliedro é o plano perpendicular às arestas de comprimento 3x, que passa pelos seus
pontos médios.

b) Para calcular o volume do sólido, observamos que ele pode ser decomposto como união de três paralelepı́pedos,
e
V = 12xyz + 6xyz + xyz = 19xyz

Daı́, 19xyz = 1995, xyz = 105 e as possibilidades para x, y e z são: 3, 5 e 7; como as dimensões não podem
ultrapassar 19, x não poderá ser 7, y não poderá ser 5 ou 7. Deveremos ter, portanto, z = 7, x = 5 e y = 3, de modo
que as dimensões são as indicadas na figura:

5 5
7
5
6

7 3 7

3
15 7 12

Questão 3. (pontuação: 1,5)



O objetivo desta questão é demonstrar que a função f (x) = cos x, x ≥ 0, não é periódica, ou seja, não existe
√ √
nenhum número real positivo T tal que cos x + T = cos x para todo x ≥ 0.
a) Encontre todos os valores de T ≥ 0 para os quais f (T ) = f (0) e, a seguir, encontre todos os valores de T ≥ 0
para os quais f (T ) = f (2T ).
b) Use o ı́tem a) para mostrar que f (x) não é periódica.
Uma solução:

a) Se f (T ) = f (0), T ≥ 0, então cos T = cos0 = 1 e

T = 2kπ, k = 0, 1, 2, . . . ⇒ T = 4k 2 π 2 , k = 0, 1, 2, . . . (1)

Reciprocamente se T = 4k 2 π 2 , k = 0, 1, 2, . . . , então f (T ) = f (0).


√ √
Por outro lado, se f (T ) = f (2T ), T ≥ 0, então cos 2T = cos T e

√ √ √ √ √ √
2T = T + 2mπ, m ∈ Z tais que T + 2mπ ≥ 0 ou 2T = − T + 2mπ, m ∈ Z tais que − T + 2mπ ≥ 0

Logo

√ √ √ 4m2 π 2
T = 2mπ ⇒ 2T − 2 2T + T = 4m2 π 2 ⇒ T =
2T − √ , m = 0, 1, 2, . . . (2)
3−2 2

(para esses valores de T é imediato verificar que T + 2mπ ≥ 0) ou

√ √ √ 4m2 π 2
T = 2mπ ⇒ 2T + 2 2T + T = 4m2 π 2 ⇒ T =
2T + √ , m = 0, 1, 2, . . . (3)
3+2 2

(para esses valores de T é imediato verificar que − T + 2mπ ≥ 0).
4m2√
π2 4m2√
π2
Reciprocamente, se T = 3−2 2
ou T = 3+2 2
, m = 0, 1, 2, . . . , é imediato constatar que f (T ) = f (2T ).

b) Para mostrar que f não é periódica, suponhamos o contrário, isto é, admitamos a existência de um número
positivo T tal que
√ √
cos x + T = cos x,

para todo x ≥ 0.
Então,
√ √
cos 2T = cos T = cos0,

e, de a) (1), obtemos as igualdades 2T = 4k12 π 2 e T = 4k22 π 2 , com k1 e k2 inteiros positivos, logo

√ k1
2= ∈ Q,
k2

o que é impossı́vel dado que 2 é um número irracional.

Questão 4. (pontuação: 1,0)


A derivada de um polinômio p(x) = an xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0 é, por definição, o polinômio

p0 (x) = nan xn−1 + (n − 1)an−1 xn−2 + ... + 2a2 x + a1 .

Admita a regra da derivada do produto:

(p.q)0 (x) = p0 (x).q(x) + p(x).q 0 (x)

e prove que a ∈ R cumpre p(a) = p0 (a) = 0 se, e somente se, p(x) = (x − a)2 s(x) para algum polinômio s(x).

Uma solução:
(⇐) Supondo p(x) = (x − a)2 .s(x) = (x2 − 2ax + a2 ).s(x), vem que p0 (x) = 2(x − a).s(x) + (x − a)2 .s0 (x), logo,
p(a) = p0 (a) = 0.
(⇒) Reciprocamente, supondo p(a) = p0 (a) = 0, temos, pelo algoritmo da divisão, que p(x) = (x − a)q(x) para
algum polinômio quociente q(x). Derivando esta última igualdade, vem

p0 (x) = q(x) + (x − a).q 0 (x)

donde q(a) = 0, logo, novamente pelo algoritmo da divisão q(x) = (x − a).s(x) para algum polinômio s(x), e daı́
p(x) = (x − a)2 .s(x)

Questão 5. (pontuação: 1,5)

a) Maria tem 10 anéis idênticos e quer distribuı́-los pelos 10 dedos de suas mãos. De quantas maneiras diferentes
ela pode fazer isto? Suponha que é possı́vel colocar todos os anéis em qualquer um dos dedos.
b) Suponha agora que os 10 anéis sejam todos distintos. De quantas maneiras Maria pode distribuı́-los em seus
dedos? Aqui também, suponha que é possı́vel colocar todos os anéis em qualquer um dos dedos e que a ordem dos
anéis nos dedos é relevante.

Uma solução:
a) Numeramos os dedos de Maria de 1 a 10. Para descrever como Maria colocou seus anéis, basta dizer quantos
deles há em cada dedo; se xi é o número de anéis no i-ésimo dedo, temos então x1 + x2 + · · · + x10 = 10. O número
9 19!
de soluções inteiras não negativas dessa equação é C10+9 = 9!10! , que é a resposta a nosso problema.
Uma outra maneira de resolver o problema é denotar por A os anéis e por um traço, - , a separação dos anéis nos
dedos. Assim, por exemplo A A A A A - - - - A - - - - A A A A -, indicará que 5 anéis foram colocados no dedo
de número 1, um anel no dedo de número 5 e quatro anéis no dedo de número 9. Como existe uma correspondência
biunı́voca entre estes anagramas com 19 sı́mbolos (são 10 A´s e 9 traços -) e as configurações dos anéis nas mãos,
19!
há, neste caso, 9!10! maneiras diferentes da Maria colocar os 10 anéis.

b) Basta multiplicar o resultado encontado no ı́tem a) por 10!, pois quando os anéis são idênticos, a ordem em que
aparecem não é importante e cada configuração com 10 A´s idênticos obtidas em a) gerará 10! configurações com
19! 19!
anéis distintos, já que diferentes permutações dos anéis gerarão configurações distintas. A resposta é 10! 9!10! = 9! .

Uma outra solução é a seguinte: Supomos os anéis numerados de 1 a 10. Para descrever como Maria coloca seus
anéis, basta dizer, em cada dedo do primeiro ao décimo, a ordem em que eles aparecem da base do dedo até a ponta.
Indicando a passagem de um dedo para o seguinte pelo sı́mbolo -, vemos que uma descrição consiste de uma sequência
formada pelos números de 1 a 10 e por nove traços -. Para construir uma dessas sequências, ordenamos primeiro
os números, o que pode ser feito de maneiras 10! diferentes. Com isso, são criados 11 espaços entre os números
(contam-se também os espaços à esquerda e à direita da sequência numérica), nos quais devemos distribuir os nove
traços -. Estamos então buscando o número de soluções inteiras não negativas de y1 + y2 + · · · + y11 = 9 (aqui yi
19!
indica quantos traços serão colocados no i-ésimo espaço vazio), que é 9!10! . A resposta a nosso problema é então
19! 19!
10! 9!10! = 9! .

Questão 6. (pontuação: 1,0)


Uma sequência (an ) é tal que a1 = 1 e

a1 + a2 + · · · + an
an+1 = para todo n ≥ 1.
n+1
Mostre que os valores de an , para n ≥ 2, são todos iguais.

Uma solução:
1
Basta proceder por indução finita para mostrar qu an = 2 para todo n ≥ 2.
a1 1
Para n = 2, temos a2 = a1+1 = 2 = 2.
1
Admitamos agora que aj = 2, para j = 2, . . . n e mostremos que an+1 = 21 .

1
a1 + a2 + · · · + an 1+ 2 + 12 · · · + 1
2 1 + (n − 1) 21 1
an+1 = = = =
n+1 n+1 n+1 2
1
Segue, então, pelo Princı́pio da Indução Finita, que an = 2 para todo n ≥ 2.

Questão 7. (pontuação: 1,5)


Seja n ∈ N = {1, 2, 3, . . . } e considere os conjuntos:
nn o
A = {d ∈ N; d|n} e B= ; c∈A .
c
Denotemos por S(n) a soma dos divisores naturais de n e por S ∗ (n) a soma dos seus inversos.
a) Mostre que A = B e com isto conclua que
S(n)
S ∗ (n) = .
n
b) Mostre que n é um número perfeito se, e somente se,

S ∗ (n) = 2.

Uma solução:

a) Temos que
x ∈ A ⇐⇒ n = xc para algum c ∈ A

n
⇐⇒ x= para algum c ∈ A
c

⇐⇒ x ∈ B.
Seja A = {d1 , . . . , dr }, di 6= dj para i 6= j, logo
X X  
n n 1 1
S(n) = x= x= + ··· + =n + ··· + = nS ∗ (n),
d1 dr d1 dr
x∈A x∈B

daı́ segue-se que


S(n)
S ∗ (n) =
.
n
b) Por definição, sabemos que n é perfeito se, e somente se, S(n) = 2n. O resultado segue imediatamente, pois, em
virtude do item (a),
S(n) = 2n ⇐⇒ S ∗ (n) = 2.

Questão 8. (pontuação: 1,0)


Mostre que se p é primo, p > 3, então p2 deixa resto 1 na divisão por 24.
Uma solução:

Observe que como p > 3 é primo, então p = 3q + r com r = 1 ou 2. Temos assim dois casos a considerar:

• Se r = 1, p = 3q + 1 e como p − 1 é par, q deve ser par; assim q = 2k para algum k. Logo p2 = (3.2k + 1)2 =
12k(3k + 1) + 1; mas ou k é par ou 3k + 1 é par, assim temos que p2 = 24m + 1, para algum m, como querı́amos
mostrar.

• Se r = 2, p = 3q + 2 e, sendo p é ı́mpar, temos que q também será impar, digamos q = 2k + 1, para algum k.
Substituindo, temos que p2 = (3q + 2)2 = (6k + 5)2 = 12k(3k + 5) + 24 + 1, mas ou k é par ou 3k + 5 é par, assim
temos que p2 = 24m + 1, para algum m, como querı́amos mostrar.
GABARITO - QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Questão 1. (pontuação: 1)
No octaedro regular duas faces opostas são paralelas. Em um octaedro regular de aresta a, calcule a distância
entre duas faces opostas.
Obs: no seu cálculo, você pode afirmar as propriedades que está utilizando sem precisar demonstrá-las, mas deve
descrevê-las detalhadamente.

D G
C
O M
A
B

Uma solução:

A figura acima mostra o octaedro regular ABCDEF de aresta a. As diagonais AC e EF determinam o centro O
do octaedro. Seja M o ponto médio da aresta BC. Como a reta BC é perpendicular ao plano (EOM ), os planos
(EBC) e (EOM ) são perpendiculares. No triângulo retângulo EOM a altura OG relativa à hipotenusa é a distância
do ponto O à face (EBC). Temos:

a 2
OE = 2 , metade da diagonal do quadrado BEDF ,
a
OM = 2 , distância do centro do quadrado ABCD ao lado BC, e

EM = a 2 3 , altura do triângulo equilátero EBC.

Assim, a relação OG.EM = OE.OM fornece OG = a 6 6 .
Como a distância de O à face (F DA) é igual ao comprimento de OG temos que a distância entre duas faces opostas

a 6
do octaedro regular é o dobro do comprimento de OG, ou seja, igual a 3 .

Outra solução:

Podemos decompor a pirâmide ABCDE em quatro tetraedros congruentes ao tetraedro BCEO. A pirâmide
√ √ √
a2 .OE a3 2 1 a2 3 a2 3
ABCDE tem volume igual a V = 3 = e o tetraedro BCEO tem volume igual aW = 3 4 OG = 12 OG.
√ 6
a 6
Da igualdade V = 4W segue que OG = 6 , logo a distância entre duas faces opostas do tetraedro regular é igual a

a 6
3 .

Questão 2. (pontuação: 1,5)


A figura abaixo mostra uma folha de papel retangular ABCD com AB = 25 cm e BC = 20 cm. Foi feita uma
dobra no segmento AE de forma que o vértice B coincidiu com o ponto P do lado CD do retângulo.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

D P C

A B

(a) Calcule o comprimento do segmento DP .


(b) Calcule a razão entre as áreas dos triângulos ADP e P CE.
(c) Calcule o comprimento do segmento AE.

Uma solução:
a) Como os triângulos AEB e AEP são congruentes, então AP = AB = 25 cm . Assim, pelo teorema de Pitágoras,
p
DP = 252 − 202 = 15 cm

D 15 P 10 C
 
7,5

25 E
20
12,5

A 25 B

b) Temos P C = 25 − 15 = 10 cm. O ângulo AP E é reto pois é igual ao ângulo ABE. Assim, os ângulos α e β
da figura são complementares e, como consequência, os triângulos ADP e P CE são semelhantes, pois possuem os
AD 20
mesmos ângulos e a razão de semelhança é k = PC = 10 = 2. Assim, a razão entre as áreas desses triângulos é
2
k = 4.
CE DP CE 15
c) Da semelhança dos triângulos ADP e P CE tem-se PC = AD , ou seja, 10 = 20 , o que dá CE = 7, 5 cm e,
consequentemente, BE = 12, 5 cm.
O teorema de Pitágoras pode ser usado no triângulo ABE para calcular o comprimento de AE. Isto dá AE =
p
252 + (12, 5)2 cm.

Observando que, neste problema, AB é o dobro de BE, o cálculo acima é imediato. Se um triângulo retângulo

possui catetos a e 2a, então sua hipotenusa mede a 5. Assim, neste caso, obtemos facilmente que

√ 25 5
AE = 12, 5 5 = cm
2
Questão 3. (pontuação: 1)
Em uma caixa há três dados aparentemente idênticos. Entretanto, apenas dois deles são normais, enquanto o
terceiro tem três faces 1 e três faces 6. Um dado é retirado ao acaso da caixa e lançado duas vezes.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Se a soma dos resultados obtidos for igual a 7, qual é a probabilidade condicional de que o dado sorteado tenha
sido um dos dados normais?

Uma solução:

Queremos obter

P (dado normal e soma 7)


P (dado normal|soma 7) =
P (soma7)
Mas

6 1
P (soma 7|dado normal) = =
36 6

6×3 1
P (soma 7|dado anormal) = =
36 2
(o primeiro resultado pode ser qualquer das faces; o segundo, qualquer das três faces diferentes da obtida no primeiro
lançamento). Logo

P (dado normal e soma 7)


P (dado normal|soma 7) = =
P (soma7)

P (dado normal) × P (soma 7|dado normal)


=
P (dado normal) × P (soma 7|dado normal) + P(dado anormal) × P (soma 7|dado anormal)

2 1
3 × 6 2
2 1 1 1 =
3 × 6 + 3 × 2
5

Outra solução:

Nomeemos os dados da seguinte forma: N1 e N2 (dados normais) e A (dado anormal).


Se o dado retirado for N1 são 36 casos possı́veis para dois lançamentos deste dado e somente 6 casos favoráveis
com soma 7. Se o dado retirado for N2 também são 36 casos possı́veis para dois lançamentos deste dado e somente 6
casos favoráveis com soma 7. Se o dado retirado for A são 36 casos possı́veis para dois lançamentos deste dado, mas
agora 18 casos favoráveis com soma 7.
Logo, no total são 30 os casos possı́veis para que a soma dê 7 e dentre estes, somente em 12 a soma é proveniente
de dados normais. Portanto

P (dado normal e soma 7) 12 2


P (dado normal|soma 7) = = = .
P (soma 7) 30 5

Questão 4. (pontuação: 1,5)


A linha poligonal da figura começa na origem e passa por todos os pontos de coordenadas inteiras do plano
cartesiano.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

-2 -1 1 2 3

-1

-2

(a) Seja n um número inteiro não negativo. Mostre que o comprimento c(n) da linha poligonal da origem até o
ponto (n, n) é igual a 4n2 .
(b) Qual é o comprimento da linha poligonal entre os pontos (7, 10) e (11, −20)?

Uma solução:

a) A passagem do ponto (n, n) para o ponto (n + 1, n + 1) é ilustrada no diagrama abaixo:

(-n-1, n+1) (n+1, n+1)

(n, n)

(-n-1, -n) (n, -n)

Assim, o comprimento adicional ao passar de (n, n) para (n + 1, n + 1) é 2n + (2n + 1) + (2n + 1) + (2n + 2) =


8n + 4 = 4(2n + 1).
A partir daı́, pode-se calcular diretamente a soma 4(2.0+1)+4(2.1+1)+...+4(2(n−1)+1) = 4(1+3+...+(2n−1)) =
4(1 + 2n − 1).n/2 = 4n2 .

Alternativamente, pode-se recorrer à indução finita:


A fórmula dada claramente vale para n = 0. Suponhamos válida para n. Para n+1, o comprimento é 4n2 +4(2n+1)
= 4(n + 1)2 ; logo, a fórmula vale para n + 1. Portanto, pelo PIF, vale a fórmula para todo n inteiro não negativo.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Outra solução:
Até chegar ao ponto (n, n), teremos passado por todos os pontos de coordenadas inteiras do retângulo [−n, n − 1] ×
[−(n − 1), n], que possui 2n.2n pontos; a linha poligonal tem, assim, comprimento igual a (4n2 − 1) + 1 (a primeira
parcela exprime o comprimento da poligonal no retângulo acima; a segunda, corresponde ao segmento final).

b) Como ilustra o diagrama abaixo, o comprimento entre (7, 10) e (11, −20, ) é c(20) − c(10) + 3 + 40 + 9 =
4.202 − 4.102 + 52 = 1252.

(20, 20)

3
(10, 10)
(7, 10)
40

(10, -10)
9

(11, -20) (20, -20)

Questão 5. (pontuação: 1)
Um corpo está impregnado de uma substância radioativa cuja meia-vida é um ano. Quanto tempo levará para que
sua radioatividade se reduza a 10% do que é?

Uma solução:
Se M0 é a massa da substância radioativa no ano t = 0 e M é a massa da mesma substância após t anos, então
M = M0 .at , para um certo a, com 0 < a < 1. A informação sobre a meia-vida nos diz que M0 .a1 = 21 M0 , logo a = 12 .
M0
Queremos achar t de modo que M0 .at = 10 , ou seja ( 12 )t = 1
10 . Então, tomando logaritmos na base 10,

1
t= .
log10 2
[Como log10 2 ≈ 0, 3010 então t ≈ 3, 3 ≈ 3 anos e 4 meses]

Questão 6. (pontuação: 1,5)


p p
Qual é o menor valor da expressão 16x/y + y/(81x) quando x e y são números reais positivos quaisquer?
Justifique sua resposta.

Uma solução:
p p
A expressão dada é o dobro da média aritmética entre 16x/y e y/(81x), logo seu valor é maior do que ou igual
ao dobro da média geométrica desses números. Ou seja:

p p qp p 4
16x/y + y/(81x) ≥ 2. 16x/y. y/(81x) =
3
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Além disso, a igualdade vale se, e somente se, 16x/y = y/(81x), isto é 16.81.x2 = y 2 . Isto acontece, por exemplo,
quando x = 1 e y = 36. Em outras palavras, com x = 1 e y = 36, a expressão dada atinge seu valor mı́nimo, que é
igual a 34 . Há, entretanto, infinitos pontos para os quais este valor mı́nimo é atingido.
Poderı́amos também “completar quadrados” para obter a igualdade
p p 1 1 16 1 1 1 4
16x/y + y/(81x) = ((16x/y) 4 − (y/(81x)) 4 )2 + 2.( ) 4 = ((16x/y) 4 − (y/(81x)) 4 )2 +
81 3
e proceder como acima.

Questão 7. (pontuação: 1)
Mostre que, para todo n ∈ N, é inteiro o número 17 n7 + 51 n5 + 23
35 n.

Uma solução:
Pelo Pequeno Teorema de Fermat temos que n7 ≡ n mod 7 e n5 ≡ n mod 5, logo 7 divide n7 − n e 5 divide n5 − n,
para todo n. Portanto, a igualdade

1 7 1 5 23 n7 − n n5 − n
n + n + n= + +n
7 5 35 7 5
nos permite concluir o desejado.

Outra solução:
Basta usar o Princı́pio de Indução Finita:
1 1 23
Se n = 0 a expressão é também igual a zero. Observe que quando n = 1, a expressão torna-se 7 + 5 +
35 = 1.
1 7
Suponha agora que 7n + 15 n5 + 23
35 n é um número inteiro e mostremos que 1
7 (n + 1)7 + 15 (n + 5 23
1) + 35 (n + 1)
também é inteiro.
Expandindo em seus binômios de Newton

1 1 1 1 1 1 23 23
{ C(7, 0)n7 + C(7, 1)n6 + ... + C(7, 7)n0 } + { C(5, 0)n5 + C(5, 1)n4 + ... + C(5, 5)n0 } + n +
7 7 7 5 5 5 35 35
vemos que todos os termos desta última expressão são números inteiros, exceto talvez 17 n7 , 15 n5 , 23 1 1
35 n, 7 , 5 e 23
35 . Mas,
por hipótese de indução, a soma dos três primeiros elementos desta última lista é um número inteiro e a soma dos
três restantes é igual a 1, logo a expressão toda é um inteiro.

Questão 8. (pontuação: 1,5)


Um número natural m é dito um quadrado se existe a ∈ N tal que m = a2 .

(a) Mostre que o algarismo das unidades (na base 10) de um quadrado só pode ser um dos seguintes: 0, 1, 4, 5, 6
ou 9.

(b) Mostre que todo quadrado é da forma 4n ou 4n + 1.

(c) Mostre que nenhum número que escrito na base 10 tem a forma m = dd . . . d (todos os algarismos iguais), com
m > 10 e d ∈ {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, é um quadrado.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Uma solução:
a) Escrevamos a = 10b + c, com c ∈ {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}. Logo,

m = a2 = (10b + c)2 = 10(10b2 + 2bc) + c2 .

Portanto, o algarismo das unidades de m coincide o algarismo das unidades de c2 . Fazendo variar c no conjunto
{0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, temos os seguintes possı́veis valores:

c2 = 0, c2 = 1, c2 = 4, c2 = 9, c2 = 16,

c2 = 25, c2 = 36, c2 = 49, c2 = 64, c2 = 81,


o que prova a asserção.

b) Todo número natural a se escreve na forma 4s + r, com r = 0, 1, 2 ou 3.

Temos que

r = 0: m = a2 = (4s)2 = 4(4s2 ),

r = 1: m = a2 = (4s + 1)2 = 4(4s2 + 2s) + 1,

r = 2: m = a2 = (4s + 2)2 = 4(4s2 + 4s) + 4 = 4(4s2 + 4s + 1),

r = 3: m = a2 = (4s + 3)2 = 4(4s2 + 6s) + 9 = 4(4s2 + 6s + 2) + 1,

logo m é da forma 4n ou 4n + 1.

[Observe também que se dois números a e b deixam restos r1 e r2 , respectivamente, na divisão por um número c,
então o produto ab deixa o mesmo resto na divisão por c que o produto r1 r2 . Assim, apenas temos que olhar para
02 , 12 , 22 , 32 e observar que estes quatro números deixam resto 1 ou 0 na divisão por 4].

c) Os casos d = 2, 3, 7 e 8 são consequências imediatas do item (a).

Os casos d = 1, 4 e 9 são tratados a seguir. Temos que

m = 11 . . . 1 = 100x + 11 = 4(25x + 2) + 3,
logo m é da forma 4n + 3. Portanto, m não é um quadrado.
Os números m = 44 . . . 4 = 4(11 . . . 1) e m = 99 . . . 9 = 9(11 . . . 1) não podem ser quadrados, pois, caso contrário,
11 . . . 1 seria um quadrado.

O caso d = 5 segue do fato de

m = 55 . . . 5 = 100y + 55 = 4(25y + 13) + 3,

logo da forma 4n + 3.

O caso d = 6 segue do fato de m = 66 . . . 6 = 4(25z + 16) + 2, logo da forma 4n + 2.


EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 1.
(a) Prove que, para quaisquer x, y, z, a, b, c ∈ R, tem-se

(ax + by + cz)2 ≤ (a2 + b2 + c2 )(x2 + y 2 + z 2 ) .

(b) Excetuando o caso trivial em que a = b = c = 0, mostre que vale a igualdade se, e somente se, existe m ∈ R
tal que x = ma, y = mb e z = mc.

UMA SOLUÇÃO

(a) Efetuando as operações indicadas, vemos que

(a2 + b2 + c2 )(x2 + y 2 + z 2 ) − (ax + by + cz)2 = (ay − bx)2 + (az − cx)2 + (bz − cy)2 .

Como todo quadrado em R é ≥ 0, segue-se a desigualdade proposta.


(b) Quanto à igualdade, ela é evidente no caso em que x = ma, y = mb e z = mc, para algum m ∈ R.
x
Reciprocamente, se ela vale então, supondo, por exemplo, a 6= 0, pomos m = a. Sabendo (pelo visto acima) que
ay − bx = az − cx = bz − cy =, de x = ma resultam 0 = ay − bx = ay − mab e daı́ (como a 6= 0) tiramos y = mb.
Analogamente, obtemos z = mc.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 2.
(a) Usando o gráfico com o qual se define geometricamente o logaritmo natural ln, mostre que ln(1 + x) < x para
todo x > 0, e daı́ ln x < x.

(b) Tomando x em vez de x nesta última desigualdade, prove que para todo x suficientemente grande o quociente
ln x
x pode tornar-se tão pequeno quanto desejemos.
(c) Prove ainda que essa conclusão é válida para logaritmos em qualquer base > 1.

UMA SOLUÇÃO

(a) ln(1 + x) é a área de uma faixa de hipérbole, contida no retângulo de altura 1 e base igual ao intervalo [1, 1 + x]
do eixo das abscissas. Daı́ ln(1 + x) < x, pois x é a área desse retângulo. Como ln x é uma função crescente de x,
tem-se ln x < ln(1 + x) < x.

√ √ √ 1 √
(b) Colocando-se x no lugar de x, tem-se ln x < x, ou seja, 2 ln x < x. Dividindo ambos os membros por
x, vem
ln x 2
<√ .
x x
ln x √2 4
Se desejarmos ter x < , basta tomar x
< , isto é, x > 2 .
(c) Finalmente, se log x significar o logaritmo de x na base a, então tomando c = log e teremos log x = c ln x, e daı́

log x ln x
=c ,
x x
ou seja, os dois quocientes diferem apenas por uma constante. Então
log x 2c
≤√ ,
x x
4c2
que é menor do que  se x > 2 .
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 3.
Uma moeda, com probabilidade 0, 6 de dar cara, é lançada 3 vezes.
(a) Qual é a probabilidade de que sejam observadas duas caras e uma coroa, em qualquer ordem?
(b) Dado que foram observadas duas caras e uma coroa, qual é a probabilidade de que tenha dado coroa no primeiro
lançamento?

UMA SOLUÇÃO

(a) Para saı́rem duas caras e uma coroa, só há as 3 possibilidades: coroa-cara-cara, cara-coroa-cara, e cara-cara-
coroa. Cada uma delas tem probabilidade 0, 6 × 0, 6 × (1 − 0, 6) = 0, 36 × 0, 4 = 0, 144. Logo a probabilidade de
saı́rem duas caras e uma coroa é de 3 × 0, 144 = 0, 432.

(b) Dado que foram observadas duas caras e uma coroa, ocorre apenas uma das 3 possibilidades acima, todas
equiprováveis. E só uma delas começa com coroa. Então a probabilidade de ter dado coroa no primeiro lançamento
é de 31 .
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 4.
Considere a sequência an definida como indicado abaixo:

a1 = 1
a2 = 1 + 2
a3 = 2 + 3 + 4
a4 = 4 + 5 + 6 + 7
...

(a) O termo a10 é a soma de 10 inteiros consecutivos. Qual é o menor e qual é o maior desses inteiros? Calcule
a10 .
(b) Forneça uma expressão geral para o termo an .

UMA SOLUÇÃO

(a) Uma maneira de fazer é ir até a décima linha, seguindo a regra sugerida, em que o último termo de uma linha
é o primeiro termo da seguinte.

a1 = 1
a2 = 1 + 2
a3 = 2 + 3 + 4
a4 = 4 + 5 + 6 + 7
a5 = 7 + 8 + 9 + 10 + 11
a6 = 11 + 12 + 13 + 14 + 15 + 16
a7 = 16 + 17 + 18 + 19 + 20 + 21 + 22
a8 = 22 + 23 + 24 + 25 + 26 + 27 + 28 + 29
a9 = 29 + 30 + 31 + 32 + 33 + 34 + 35 + 36 + 37
a10 = 37 + 38 + 39 + 40 + 41 + 42 + 43 + 44 + 45 + 46

Então a10 é a soma de uma P.A. com primeiro termo 37, último termo 46, e razão 1. Portanto
37 + 46
a10 = · 10 = 415 .
2

(b) Primeiro vejamos qual é a lei que rege o primeiro termo de an . Chamemos de bn esse primeiro termo. Temos
b1 = 1, b2 = 1, b3 = 2, b4 = 4, b5 = 7 etc. Daı́ b2 −b1 = 0, b3 −b2 = 1, b4 −b3 = 2, b5 −b4 = 3, isto é, bn −bn−1 = n−2.
Ou seja, bn − bn−1 , n ≥ 2, é uma P.A. de razão 1 e primeiro termo igual a zero. Então bn é igual a 1 mais a soma
dessa P.A. até o termo n − 2:
(n − 2)(n − 1)
bn = 1 + .
2
O último termo de an é igual a bn + n − 1. Então, sendo an a soma de uma P.A. de n termos com o primeiro igual a
bn e o último igual a bn + n − 1, resulta que

bn + (bn + n − 1)
an = n · .
2
Colocando essa expressão explicitamente em função de n, temos
 
n−1
an = n · bn +
2
 
1
= n · 1 + (n − 1)(n − 2 + 1)
2
 
1
= n · 1 + (n − 1)2 ,
2

que é um polinômio cúbico em n.


(Nessas horas, vale a pena conferir se a fórmula bate com o que esperamos, examinando os primeiros casos. Confira!)
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 5.
Seja ABC um triângulo equilátero de lado 6 e AD um segmento perpendicular ao plano desse triângulo de
comprimento 8.
(a) Localize o ponto P do espaço que é equidistante dos quatro pontos A, B, C e D e calcule a distância comum
R = P A = P B = P C = P D.
(b) Calcule o cosseno do ângulo entre as retas reversas AC e BD.

UMA SOLUÇÃO

(a) O ponto P deve estar no plano paralelo a ABC a 4 unidades de distância de A, pois esse é o plano dos pontos
equidistantes de A e D. Ao mesmo tempo, ele deve estar na reta perpendicular ao plano determinado por ABC que
passa pelo centro H de ABC, pois essa reta é o conjunto de pontos que equidistam de A, B e C.

A distância de H a qualquer um dos vértices do triângulo é igual a 2 3 (o que pode ser obtido de vários modos).

Como AHP é triângulo-retângulo, de catetos AH = 2 3 e HP = 4, e hipotenusa AP = R, então R2 = 12 + 16 = 28,

logo R = 2 7.

(b) Chame de Q o ponto do plano de ABC tal que AQBC é paralelogramo. O ângulo procurado é o ângulo
b
α = QBD. Todos os lados do triângulo QBD são conhecidos: (i) BD = 10, porque BAD é retângulo com catetos
iguais a 6 (o lado do triângulo ABC) e 8 (a altura do ponto D); (ii) BQ = AC = 6; (iii) QD = 10 (pela mesma
razão de (i)). Então, pela Lei dos Cossenos,

102 = 102 + 62 − 2 · 10 · 6 · cos α ,

de onde sai cos α = 0, 3.


EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 6.
No triângulo ABC assinale o ponto P do lado AC e o ponto Q do lado BC de forma que AP = 13 AC e BQ = 23 BC.
Seja J o ponto de interseção de AQ e BP .
JA
(a) Mostre que JQ = 34 . Sugestão: Trace QL paralelo a BP e use semelhança de triângulos.
JB
(b) Calcule a razão JP .
(c) Decida se a área do triângulo BP Q é maior do que, menor do que ou igual à metade da área do triângulo ABC.

UMA SOLUÇÃO

(a) Para facilitar, sejam BC = 3a e AC = 3b. Traçamos QL paralela a BP . Temos AP = b e P C = 2b.


Da semelhança dos triângulos BP C e QLC vem
LC QC 1
= = .
PC BC 3
Logo,
2b
LC =
3
e
4b
PL = .
3
Assim,
JA PA b 3
= = = .
JQ PL 4b/3 4

(b) Seja JP = x. Da semelhança entre AJP e AQL vem

JP AJ 3
= = .
QL AQ 7
Daı́,
7x
QL = .
3
Da semelhança dos triângulos BP C e QLC temos
BP BC 3
= = .
QL QC 1
Daı́, BP = 7x e BJ = 6x. Assim,
JB
= 6.
JP

(c) Seja 3h a distância de A à reta BC. A área do triângulo ABC é

3a · 3h 9ah
S= = .
2 2
O triângulo BP Q tem base BQ = 2a e altura igual à distância de P à reta BC, que é igual a 2h. A área do triângulo
BP Q é
2a · 2h 4ah
S1 = = .
2 2
Assim, S1 = 49 S < 12 S. Em palavras, a área do triângulo BP Q é menor do que a metade da área do triângulo ABC.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 7.
(a) Mostre que nenhum número natural da forma 4n + 3 pode ser escrito como o quadrado ou a soma de dois
quadrados de números naturais.
(b) Mostre que nenhum número a da forma 11 . . . 1 (n dı́gitos iguais a 1, n > 1) é o quadrado ou a soma de dois
quadrados de números naturais.

UMA SOLUÇÃO

(a) Suponhamos por absurdo que existam x, y, z ∈ N tais que z 2 = 4n + 3 ou que x2 + y 2 = 4n + 3. Terı́amos então
que z 2 ≡ 3 mod 4 ou que x2 + y 2 ≡ 3 mod 4.
Sendo, para todo a ∈ N, a ≡ 0 mod 4, a ≡ 1 mod 4, a ≡ 2 mod 4, ou a ≡ 3 mod 4, segue que

a2 ≡ 0 mod 4 ou a2 ≡ 1 mod 4.

Portanto, z 2 6≡ 3 mod 4 e x2 + y 2 6≡ 3 mod 4, o que é uma contradição.

(b) Para a = 11, por inspeção, o resultado é óbvio. Agora suponhamos n ≥ 2 e ponhamos a = 100b + 11, onde
b ≥ 0. Portanto, temos
a = 25 × 4b + 4 × 2 + 3 = 4(25b + 2) + 3 ,

o que nos diz que a é da forma 4n + 3, logo não é nem um quadrado nem uma soma de dois quadrados de números
naturais.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 8.
Considere o sistema de congruências: (
x ≡ c1 mod n1
x ≡ c2 mod n2
Denotamos como de costume o mdc e o mmc de n1 e n2 por (n1 , n2 ) e [n1 , n2 ], respectivamente.
(a) Mostre que a e a0 são soluções do sistema se, e somente se, a ≡ a0 mod [n1 , n2 ]. O enunciado, da forma como
está, é incorreto. O certo seria: Mostre que, se a é solução, então a0 é solução se, e somente se, a ≡ a0 mod [n1 , n2 ].
(b) Mostre que o sistema admite solução se, e somente se, c2 ≡ c1 mod (n1 , n2 ).
(c) Dadas as progressões aritméticas (an ) de primeiro termo 5 e razão 14 e (bn ) de primeiro termo 12 e razão 21,
mostre que elas possuem termos comuns (isto é, existem r e s tais que ar = bs ). Mostre que esses termos comuns
formam uma PA e determine seu primeiro termo e sua razão.

UMA SOLUÇÃO

(a) Obs. Se o sistema admite uma solução a, então todo número da forma a + kn1 n2 é também uma solução. Em
outras palavras, se a0 ≡ a mod n1 n2 , então a0 é uma solução. Mas isso não dá todas as soluções, como o próprio
enunciado deixa evidente, a menos que n1 e n2 sejam primos entre si.
Suponha que a seja uma solução. Se a0 é outra solução do sistema, subtraindo uma da outra obtemos que
a0 ≡ a mod n1 e a0 ≡ a mod n2 . Por outro lado, essas duas condições juntas implicam que a0 é solução do sistema.
Ou seja: a0 é solução do sistema se, e somente se, a0 ≡ a mod n1 e a0 ≡ a mod n2 . Mas dizer que a0 ≡ a mod n1 e
a0 ≡ a mod n2 equivale a afirmar que a0 ≡ a mod [n1 , n2 ].

(b) Pelo que acabamos de mostrar, o sistema admite uma solução se, e somente se, ele admite uma solução
a > max{c1 , c2 }. Portanto, o sistema admite solução se, e somente se, existem x, y ∈ N tais que a − c1 = xn1 e
a − c2 = yn2 . Sem perda de generalidade, podemos supor c2 ≥ c1 . Assim, a existência de soluções do sistema é
equivalente à existência de soluções da equação diofantina xn1 − yn2 = c2 − c1 . Por sua vez, essa equação diofantina
possui solução se, e somente se, (n1 , n2 ) divide c2 − c1 , o que equivale a c2 ≡ c1 mod (n1 , n2 ).

(c) Os termos comuns a ambas as PAs são soluções do sistema


(
x ≡ 5 mod 14
x ≡ 12 mod 21,

o qual possui soluções dado que 12 ≡ 5 mod (14, 21), por (b).
Listemos os primeiros termos de ambas as PAs:
an : 5, 19, 33, . . .
bn : 12, 33, 54, . . .
Assim, 33 é o menor termo comum a ambas as PAs e pela parte (a) temos que os termos comuns a ambas PAs são
dados por cn = 33 + n[14, 21] = 33 + 42n, os quais formam uma PA de primeiro termo 33 e razão 42.
PROFMAT – Exame de Qualificação 2012-1

Gabarito

1.
(10pts) Um corpo está contido num ambiente de temperatura constante. Decorrido o
tempo (em minutos), seja ( ) a diferença entre a temperatura do corpo e do ambiente.
Segundo a Lei do Resfriamento de Newton, ( ) é uma função decrescente de , com a
propriedade de que um decréscimo relativo

( ) ( )
( )

no intervalo de tempo depende apenas da duração desse intervalo (mas não


do momento em que essa observação se iniciou). Isto posto, responda à seguinte
pergunta:

Num certo dia, a temperatura ambiente era de 30o. A água, que fervia a 100 o numa
panela, cinco minutos depois de apagado o fogo ficou com a temperatura de 60o. Qual era
a temperatura da água 15 minutos após apagado o fogo?

SOLUÇÃO: Pela Lei do Resfriamento de Newton, a função ( ), em que é o


momento em que o fogo foi apagado, cumpre as hipóteses do Teorema de Caracterização
das funções de tipo exponencial. Logo existe uma constante , com , tal que
( ) , onde ( ). Temos Logo ( ) . O
problema nos diz que ( ) Portanto e daí vem .

Segue-se que ( ) ( ) e que ( ) . Portanto, 15


minutos após o fogo ser apagado, a temperatura da água é de aproximadamente
graus.

Alternativamente, pode-se usar a informação sobre o decréscimo relativo constante de


( ) diretamente. Temos ( ) e ( ) . Portanto

( ) ( )
( )

e, assim, ( ) ( ) Pela propriedade mencionada,

( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )

o que nos conduz a ( ) ( ) ( ) ( ) Em seguida usamos novamente a mesma


informação, obtendo

( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )
o que nos conduz a ( ) ( ) ( ), e o resultado segue.

2.
(a) (5pts) Dado um número , quanto medem os lados do retângulo de perímetro
mínimo cuja área é ?

(b) (10pts) Justifique matematicamente por que não se pode responder o item (a) se
trocarmos “mínimo” por “máximo”.

SOLUÇÃO:
(a) Sejam e as dimensões de um retângulo de área . Então , ou seja, a média
geométrica de e , dada por √ , é igual a √ . A média geométrica desses dois
números positivos é sempre maior do que ou igual a sua média geométrica, e a igualdade
se dá se, e somente se, (o que, por conseguinte, resulta em √ ). Então o
perímetro , que é 4 vezes a média aritmética, é mínimo e igual a √ quando o
retângulo é um quadrado de lados iguais a √ .
(b) Basta mostrar que não existe retângulo de perímetro máximo com área fixada. Para
isso, é suficiente mostrar que existem retângulos com essa área de perímetro tão grande
quanto se queira. Por exemplo, para cada número natural tomamos o retângulo

de lados √ e . Evidentemente a área desse retângulo é Por outro lado, seu
perímetro é √ √ , que é maior do que √ . Assim, dado qualquer número
sempre se pode achar tal que o perímetro de é maior do que , bastando tomar tal
que √ .
3.
Uma moeda honesta é lançada sucessivas vezes.

(a) (10pts) Se a moeda for lançada 4 vezes, qual é a probabilidade de que o número
observado de caras seja ímpar? E se a moeda for lançada 5 vezes?
(b) (5pts) Observando o resultado do item (a), formule uma conjectura sobre a probabilidade
de se observar um número ímpar de caras em lançamentos da moeda.
(c) (10pts) Demonstre, utilizando indução finita, a conjectura do item (b).

SOLUÇÃO:

(a) Para quatro lançamentos, (1 cara) (3 caras) . Logo, a probabilidade


de um número ímpar de caras é .
Para cinco lançamentos, (1 cara) , (3 caras) ,
(5 caras) .
Logo, para 5 lançamentos a probabilidade de um número ímpar de caras é igual a
.
(b) A conjectura é que para todo natural a probabilidade de se obter um número ímpar de
caras em lançamentos é ⁄ (e, automaticamente, a probabilidade se obter um número
par de caras também é igual a ⁄ ).
(c) Verifiquemos se a conjectura é verdadeira para . A probabilidade de um número
ímpar de caras em 1 lançamento é a probabilidade de ocorrer uma cara em 1 lançamento,
e isso é exatamente igual a ⁄ . Portanto a conjectura vale neste caso. Agora supomos
que a conjectura é verdadeira para e vamos verificá-la para . Um número ímpar de
caras em lançamentos ou tem um número ímpar de caras nos primeiros
lançamentos e uma coroa no último lançamento ou tem um número par de caras nos
primeiros lançamentos e uma cara no último lançamento. Então (no ímpar de caras em
lançamentos) (no ímpar de caras em lançamentos) (coroa) + (no par de
caras em lançamentos) (cara) .

Obs. O que estamos buscando no item (c) é a soma dos coeficientes , com ímpar,
dividida por . Se olharmos para a expansão de ( ) , usando o binômio de
Newton, veremos que ela é a soma dos coeficientes , com par, subtraída dos
coeficientes , com ímpar. Como o resultado é zero, a soma dos coeficientes pares é
igual à dos coeficientes ímpares. Por outro lado, ( ) ( ) ,e( ) é
a soma de todos os coeficientes . Assim, a soma dos coeficientes ímpares, dividida por
, deve ser metade desse valor, isto é, . Essa solução não usa indução finita diretamente.
4.
é um quadrado, é o ponto médio do lado e é o ponto médio do lado .
Os segmentos e cortam-se em .

(a) (5pts) Mostre que .


(b) (5pts) Calcule a razão .
(c) (5pts) Se calcule a área do quadrilátero .

Obs: Para mostrar os itens (b) e (c) você pode usar o resultado do item (a) mesmo que não
o tenha demonstrado.

SOLUÇÃO:

(a) Há várias maneiras de se calcular essa proporção. Vejamos duas:


Primeira: Bastará mostrar que . Como é perpendicular a , então os
triângulos e são semelhantes. Logo,

Isso implica

Como e , todos os termos do lado direito


podem ser colocados em função de e a igualdade segue.
Segunda: De fato não é necessário usar a perpendicularidade, pois a afirmação
vale mesmo que seja um paralelogramo. Seja o ponto médio de .O
segmento corta em que é o ponto médio de . Então
e . Como os triângulos e são semelhantes, segue que

(b) Aproveitando a construção da segunda solução de (a), a mesma semelhança de


triângulos nos dá . E, sendo , segue que ( ) .

(c) Usaremos [polígono ] para denotar a área do polígono Evidentemente


Queremos calcular . Mas por causa da
semelhança entre os triângulos e , compartilhando o ângulo oposto a
e , respectivamente,
Portanto .

5.
Na figura abaixo, é um cubo de aresta 1. e são arestas e a
face está contida em um plano horizontal . Seja o tetraedro . Seja um
ponto da aresta (diferente de e de ) e o plano paralelo a que passa por . A
intersecção de com é o quadrilátero , como mostrado na figura.

(a) (5pts) Mostre que é um retângulo.


(b) (5pts) Mostre que o perímetro de é igual a √ , independentemente do
ponto .

H
G
E
F

P
Q
X N
D M
C
A
B

SOLUÇÃO:

(a) Primeiro mostremos que e são paralelos a e, portanto, são paralelos


entre si. Mostraremos para , sendo análogo o caso de . Mas isso segue de
que ⁄ ⁄ , que implica semelhante a e, portanto,
paralelo a . Da mesma forma, demonstra-se que e são paralelos a
. Isto mostra que os lados opostos de são iguais. Mas, de fato, são
perpendiculares, pois é ortogonal a . Logo, é um retângulo.
(b) Como todas as diagonais das faces têm o mesmo tamanho, as faces do tetraedro
são triângulos equiláteros. Em particular, é equilátero e, portanto, é
equilátero. Sendo assim, é igual a . Por outro lado, também é
equilátero, implicando que também o é. Logo . Então
√ De maneira inteiramente análoga, √ . Logo o
perímetro de é igual a √ .
6.
Um truque de adivinhação de números.
(a) (5pts) Descreva e justifique métodos práticos para obter os restos da divisão por 9, 10
e 11, respectivamente, de um número natural escrito no sistema decimal.
(b) (5pts) Ache as soluções mínimas de cada uma das seguintes congruências:
i.
ii.
iii.
(c) (10pts) Um mágico pede a sua audiência para escolher um número natural de pelo
menos dois algarismos e menor do que 1000, e de lhe revelar apenas os restos ,
e da divisão de por 9, 10 e 11, respectivamente (tarefa fácil, pelo item (a)). Sem
nenhuma outra informação ele consegue descobrir . Explique como ele consegue
fazer isto.
(d) (5pts) Supondo que a plateia tenha dado as seguintes informações ao mágico: ,
e , qual foi o valor de que o mágico achou?

SOLUÇÃO:

(a) Escrevamos um número na sua representação decimal: .


Restos da divisão por 9: Como , temos que

Logo o resto da divisão de por 9 é igual ao resto da divisão de


por 9. Podemos repetir o mesmo procedimento a etc.
Restos da divisão por 10: Como , temos que

logo o resto da divisão de por 10 é .

Restos da divisão por 11: Como


{
temos que

logo o resto da divisão de por 11 é igual ao resto da divisão de


por 11, ao qual podemos aplicar novamente a regra acima etc.
(b) A congruência é equivalente à congruência , cuja
solução mínima é claramente . A congruência é equivalente à
congruência , cuja solução mínima é claramente . A congruência
é equivalente à congruência , cuja solução mínima é
claramente .
(c) O mágico tem que resolver o seguinte sistema de congruências:

{
O Teorema Chinês dos Restos nos diz que o sistema tem uma única solução módulo
, dada pela expressão
( ) ( ) ( )
em que , e são as soluções das equações diofantinas do item (b). Logo

e só existe um valor de satisfazendo essa equação e a restrição de que


.
(d) Temos que achar natural em tal que
.
Então

Observação. O item (d) poderia ser resolvido de maneira menos educada como segue.
Escrevamos o número na sua representação decimal. As informações
sobre os restos dadas, , e , nos conduzem às seguintes
congruências: , ,e , que
resolvidas por tentativas nos dão o resultado , e .

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