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1 Funções inversas
1.1 A noção Intuitiva
A noção de função inversa é bastante natural. Grosso modo, podemos imaginar que uma função rea-
liza determinada operação sobre um valor do seu domínio e a inversa deve “desfazer” essa operação e
retornar ao ponto inicial. Se o domínio de uma função é um conjunto de pessoas e a operação é subir
escada, é bastante intuitivo que a operação inversa deveria ser: descer escada. Da mesma forma, se
o domínio é um conjunto de folhas de papel e a operação sobre cada elemento do conjunto é dobrar
papel também parece razoável sugerir que operação inversa seja desdobrar papel. Esses dois exemplos,
ingênuos e imprecisos, podem dar informações importantes sobre as principais características daquilo
que o senso comum chama de “inverso”; a matemática trará precisão e formalismo a essa noção.
Para exemplificar o que estamos dizendo, agora especificamente no ambiente das funções reais, vamos
revisitar parte do Exemplo 4.1 da Seção 4 do texto Regra da Cadeia, com algumas alterações de letras
para as funções ficarem alinhadas com as notações aqui utilizadas.
Exemplo 1.1 (Exemplo 4.1 da Seção 4 do texto Regra da Cadeia) Consideremos as funções f (x) =
y+1
3x − 1, x ∈ R e g(y) = , y ∈ R e vamos recalcular g ○ f e f ○ g:
3
(3x − 1) + 1 3x
(g ○ f )(x) = g(f (x)) = f (3x − 1) = = =x
3 3
y+1 y+1
(f ○ g)(y) = f (g(y)) = f ( ) = 3( )−1=y+1−1=y
3 3
Observe que obtivemos, (g ○ f )(x) = x, x ∈ R, e (f ○ g)(y) = y, y ∈ R, de modo que g satisfaz aos
requisitos de ser a inversa de f . Observe que D(f ) = D(g) = Im(f ) = Im(g) = R. Vamos analisar mais
detalhadamente como “funcionam” estas funções:
Podemos ver que f “atua” sobre a variável x multiplicando por 3 e depois subtraindo 1. Se, ao calcular
f , obtivermos um valor y, é razoável pensar que somando 1 a y e depois dividindo por 3, teremos a
função inversa. Esquematicamente:
×3 −1
x z→ 3x z→ 3x − 1 = y
y+1
x= ←Ð[ y + 1 ←Ð[ y
3
÷3 +1
Ou seja, o que f “faz”, g “desfaz” e, equivalentemente, o que g “faz”, f “desfaz”:
f
x z→ y
g
←Ð[
dizemos que g é a função inversa da f se, e somente se, para todo x em D(f ), (g ○ f )(x) = x e, para
todo y na imagem de f , (f ○ g)(y) = y.
e, da mesma forma,
Dadas duas funções f e g, como podemos verificar se f e g são inversas uma da outra? Ora, da
Definição 1.1, respeitando-se os domínios e contradomínios das funções, basta verificarmos se (f ○g)(y) =
y e (g ○ f )(x) = x. Mais tarde, veremos que se impusermos a exigência de f ser injetora, poderemos
nos limitar a calcular apenas uma das composições, i.e. (f ○ g)(y) = y ou (g ○ f )(x) = x.
Exemplo 1.2 (Exemplo 2.1 da Seção 2 do texto Regra da Cadeia revisitado com algumas altera-
ções) Vamos
√ verificar se as funções f ∶ R → [−4, ∞] e g ∶ [−4, ∞] → R dadas por f (x) = x2 + 4x e
g(y) = y + 4 − 2 são inversas uma da outra. Para fazermos esta verificação, precisamos determinar
(f ○ g) e (g ○ f ). Já calculamos estas duas funções no Exemplo 2.1 e encontramos que (f ○ g)(y) = y,
y ∈ [−4, ∞], mas (g ○ f )(x) = ∣x + 2∣ − 2 =/ x, x ∈ R. Temos, portanto, que f e g não são uma a inversa da
outra. Porém, se modificarmos o domínio de f , criando a função f1 ∶ [−2, ∞) → [−4, ∞), encontramos
que (g ○ f1 )(x) = ∣x + 2∣ − 2 = x + 2 − 2 = x. Portanto, temos
√ que as funções f1 ∶ [−2, ∞) → [−4, ∞) e
2
g ∶ [−4, ∞) → [−2, ∞) dadas por f1 (x) = x + 4x e g(y) = y + 4 − 2 são uma a inversa da outra. Diante
do que houve neste exemplo, dadas duas funções f e g, para verificar se uma é a inversa da outra,
tenha muito cuidado e não calcule apenas uma das composições, para não tirar uma conclusão errada.
Mais tarde voltaremos a este exemplo, e veremos o fato de f não ser injetiva foi o fator responsável
por (g ○ f )(x) =/ x, x ∈ R.
Dada uma função f , mesmo provado que sua inversa existe, nem sempre é possível apresentá-la expli-
citamente. Mas, em alguns caso simples é possível sim explicitar f −1 . Nestes casos possíveis, dada f ,
como devemos proceder para encontrar f −1 ?
Seguindo o procedimento indicado acima, dado f (x) = 2x − 3, fazendo f (x) = y, temos que y = 2x − 3.
Portanto, segue que
y+3
y = 2x − 3 ⇔ 2x = y + 3 ⇔ x = .
2
y+3
Desta forma, de (1), concluímos que f −1 (y) = , y ∈ R. Observe que os passos para obter x em
2
função de y foram “desfazendo” sucessivamente as operações que f realizou. Observe que, f “atuou”
sobre a variável x multiplicando por 2 e depois subtraindo 3 ao resultado. E, de fato, nossa primeira
passagem acima com o objetivo de isolar x foi somar 3 a y (“desfazendo” a última operação de sub-
trair 3) e depois dividir por 2 o resultado encontrado (“desfazendo” a operação de multiplicar por 2).
Esquematicamente:
×2 −3
x z→2x z→ 2x − 3 = y
y+3
←Ð[ y + 3 ←Ð[ y
2
÷2 +3
f ∶ R Ð→ (0, ∞) g ∶ (0, ∞) Ð→ R
e
x z→ ax y z→ loga (y)
Lembre-se que foi definido que loga (y) = x significa que x é o expoente que devemos dar à base a, de
modo a obter x, ou seja,
loga (y) = x, y ∈ (0, ∞) ⇔ ax = y, x ∈ R.
Observe que a equivalência acima é exatamente a definição equivalente de função inversa dada em (1).
Concluímos assim, que f é invertível e g é sua inversa, i. e. as funções f (x) = ax , a > 0, a =/ 1, x ∈ R
e g(y) = loga (y), y ∈ (0, ∞) são uma a inversa da outra. De fato, calculando f ○ g e g ○ f , para ilustrar,
obtemos:
Observe ainda que (f ○ g)(y) = f (g(y)) = f (loga (y)) = aloga (y) e que (g ○ f )(x) = g(f (x)) = g(ax ) =
loga (ax ), de modo que as igualdades (2) e (3) acima podem ser reescritas como:
f ∶ R Ð→ (0, ∞) g ∶ (0, ∞) Ð→ R
e
x z→ ex y z→ ln(y)
são funções inversas uma da outra, i. e. as funções f (x) = ex , x ∈ R e g(y) = ln(y), y ∈ (0, ∞) são
uma a inversa da outra. Temos, portanto, que
ln(ex ) = x, x ∈ R (7)
√
Exemplo 1.5 Considere f ∶ R Ð→ (0, ∞) dada por f (x) = e3x+2 . Determine f −1 , se possível.
√ √
Seguindo o procedimento indicado, dado que f (x) = e3x+2 , fazendo-se f (x) = y, temos que y = e3x+2 .
Portanto,
√ (∗) ln(y 2 ) − 2
y= e3x+2 ⇔ y 2 = e3x+2 , y > 0 ⇔ 3x + 2 = ln(y 2 ), y > 0 ⇔ 3x = ln(y 2 ) − 2, y > 0 ⇔ x = , y > 0.
3
ln(y 2 ) − 2
De (1), concluímos que f −1 (y) = , y > 0.
3
√ √
(*) Nesta passagem, utilizamos que b2 = a, a > 0 ⇔ ∣b∣ = a, portanto, teremos que b = ∣b∣ = a
se, e somente se, b > 0.
√ ln(y 2 ) − 2
(g ○ f )(x) = g( e3x+2 ) (f ○ g)(y) = f ( )
ln(y 2 ) − 2 √ 3
= ln(y 2 )−2
√3 3( 3
)+2
2
ln ( e3x+2 ) − 2
= √e 2
ln(y )−2+2
=
3
= √e 2
e ln(y )
=
ln(e3x+2 ) − 2 = √e
3 = y2
3x + 2 − 2 = ∣y∣
=
3 = y (y ∈ (0, ∞))
1
= (3x) = x
3
= x
Dada uma função f ∶ A Ð→ B, sabemos que a função inversa deve ser definida com domínio em B
e contradomínio em A. Isso significa que todo elemento de b ∈ B precisa ter uma correspondência
com um elemento a ∈ A de tal modo que f (a) = b. Para que isso aconteça é necessário que B seja a
imagem de f . Em outras palavras, f deve ser sobrejetora. Lembre-se que uma função é sobrejetora se,
e somente se, seu contradomínio é igual a sua imagem. O Diagrama de Venn na figura 1 ilustra o que
acontece quando a Imagem de f e o contradomínio (B) são diferentes, isto é: existem elementos em
B que não são imagem de nenhum valor em A. Se tomarmos, por exemplo, F ∈ B na figura, não será
possível determinar f −1 (F ) e, portanto, não teremos uma função inversa com domínio em B.
B
C
A
D
c
f E
d H
G
e F
I
f
Uma segunda condição é que todo elemento b ∈ B deve ter uma correspondência com um único elemento
de A para que, mais uma vez, a definição de função seja satisfeita. Para que isso ocorra, dados a1 e a2
em A precisamos garantir que f (a1 ) ≠ f (a2 ). Em outras palavras, f deve ser injetora. Lembre-se que
uma função f é injetora se, e somente se, dados x1 e x2 no domínio de f ,
f (x1 ) = f (x2 ) ⇐⇒ x1 = x2 .
O diagrama de Venn a seguir ilustra o que pode acontecer se a função não for injetora. Se tomarmos
D na imagem de f , vemos que a relação inversa poderia associá-lo a dois valores distintos e, portanto,
não seria uma função.
B
A f
C
c
D
d
E
e F
f
g
De um modo geral, a sobrejetividade não se mostra um grande problema, pois uma função não-
sobrejetiva pode ser transformada em uma nova função sobrejetiva, escolhendo-se a imagem a função
como contradomínio da nova função; já a injetividade, esta precisaria ser verificada. Confira o exemplo
a seguir.
√
Exemplo 1.6 Vamos verificar se a função f ∶ R+ Ð→ R descrita por f (x) = x3 + 2 tem uma função
inversa.
• f é injetora? √ √
Suponha que x1 e x2 em R+ (x1 , x2 ≥ 0) são tais que x1 3 + 2 = x2 3 + 2. Então,
√ √ (∗)
x1 3 + 2 = x2 3 + 2 ⇔ x1 3 + 2 = x2 3 + 2 ⇔ x1 3 = x2 3 ⇔ x1 = x2 .
• f é sobrejetora?
Não é difícil ver que a imagem de f é sempre positiva e, portanto, f não é sobrejetora.
√ √
Assim, a função f não é inversível.
√ Todavia, como √x3 + 2 ≥ 2 sempre que x ≥ 0, podemos definir
uma nova função g ∶ R+ Ð→ [ 2, ∞), com g(x) = x3 + 2, que será inversível, pois escolhemos o
contradomínio igual à imagem de f .
Exemplo 1.7 Considere a relação que a cada x associa o valor −x2 +3x+1. Vamos definir uma função
inversível (isto é: escolher domínio e contradomínio) com essa relação. Se tomarmos R como domínio
sabemos que o gráfico será uma parábola com concavidade para baixo como na Figura 3. Observando o
gráfico, verificamos que R não serviria como domínio de uma função invertível com esta relação, pois
não teríamos uma função injetora (por quê?). Mas, perceba que qualquer intervalo que não contenha o
ponto (3/2, 0) (o vértice da parábola) no seu interior, serviria como domínio de uma função injetora,
3 3
e, portanto, invertível em sua imagem. Podemos escolher , por exemplo, D1 = (−∞, ], D2 = [ , ∞),
√ √ 2 2
3 − 13 3 + 13
D3 = (−∞, ], D4 = [ , ∞) etc. Na opção de domínio D1 , o x do vértice da parábola
2 2
y = −x2 + 3x+ é o limite superior do intervalo e na opção D2 , o x do vértice da parábola y = −x2 + 3x+
é o limite inferior do intervalo; já a opção de domínio D3 tem como limite superior do intervalo a
menor raiz de −x2 + 3x + 1 = 0 e a opção de domínio D4 tem como limite inferior a maior raiz de
−x2 + 3x + 1 = 0. Novamente observando o gráfico, para as opções de domínio D1 e D2 , o contradomínio
3 13
seria o intervalo (−∞, f ( )] = (−∞, ) e para as opções de domínio D3 e D4 , o contradomínio seria
2 4
o intervalo (−∞, 0].
4
−2
−3
−4
−5
f
De posse do conhecimento da necessidade da bijetividade da função f para possuir uma inversa e ilumi-
nados pelo exemplo anterior, vamos voltar ao Exemplo 1.2 analisar melhor o problema que encontramos
lá.
Exemplo 1.8 (Exemplo 1.2 revisitado) Voltando à função f ∶ R → [−4, ∞] dada por f (x) = x2 + 4x,
observe que seu gráfico é uma parábola com concavidade para cima, que corta o eixo x nos pontos
(0, 0) e (−4, 0), com vértice no ponto (xv , yv ) = (−2, −4). Desta forma, como xv = −2 é um ponto
interior do domínio de f , f não é uma função injetora. Portanto, não possui inversa. Esta foi a
essência do problema que enfrentamos ao tentarmos inverter a função f . Ela não é invertível, pois
não é injetora! Para que consigamos inverter f é necessário restringir seu domínio de forma que o xv
não seja um ponto interior a ele. No Exemplo 1.2, quando criamos a função f1 ∶ [−2, ∞) → [−4, ∞]
dada por f1 (x) = x2 + 4x, ficamos diante de uma função bijetora
√ que é invertível e, conforme visto, sua
inversa é a função g ∶ [−4, ∞] → [−2, ∞) dada por g(y) = y + 4 − 2. Você pode estar se perguntando se
poderíamos ter escolhido o intervalo (∞, −2]. Poderíamos, mas a inversa não seria a função g! Vamos
calcular quem seria a função inversa da função f2 ∶ (∞, −2] → [−4, ∞] dada por f2 (x) = x2 + 4x. Vamos
seguir o procedimento indicado, que é escrever y = x2 + 4x e depois isolar x, escrevendo-o como função
de y. Assim procedendo, encontramos que
√
2 2
(∗) −4 ± 16 + 4y √
y = x + 4x ⇔ x + 4x − y = 0 ⇔ x = ⇔ x = −2 ± 4 + y.
2
(*) Nesta passagem, resolvemos a equação do segundo
√ grau ax2 + bx + c√
= 0, onde a = 1, b = 4 e c = −y.
Conseguimos então duas relações: g1 (y) = −2 + 4 + y e g2 (y) = −2 − 4 + y que invertem a relação
f (x) = x2 + 4x. Isso não significa que f possui duas inversas, muito pelo contrário, significa que é
preciso mexer no domínio da função f para que possa existir uma inversa. As duas possibilidades
sugerem que duas novas funções invertíveis podem ser criadas,√mexendo-se no domínio. Lembre-se
√ que
a inversa, quando existe, é única. Observe que g1 (y) = √−2 + 4 + y ≥ −2 e g2 (y) = −2 − 4 + y ≤ −2,
portanto, g1 ∶ [−4, ∞) → [−2, ∞), dada por g1 (y) = −2 + 4 + y é a inversa de √ f1 ∶ [−2, ∞) → [−4, ∞)
2
dada por f1 (x) = x + 4x e g2 ∶ [−4, ∞) → (−∞, −2], dada por g2 (y) = −2 − 4 + y é a inversa de
f1 ∶ (−∞, −2] → [−4, ∞), dada por f2 (x) = x2 + 4x.
Cabe observar que o estudo de existência da inversa (mesmo quando não pode ser calculada) é de
suma importância. Imagine, por exemplo, que determinada função f associa o grau de poluição do
subsolo com a quantidade de defensivos agrícolas encontrada em um produto. Se soubermos que essa
função é inversível, por exemplo, podemos mensurar a variação de contaminação do subsolo, medindo
a contaminação do produto.
Sob o ponto de vista matemático, é interessante notar que funções inversíveis têm propriedades que
podem ser deduzidas da inversibilidade. Por exemplo, uma função inversível em determinado domínio,
sempre será monótona - crescente ou decrescente - naquele domínio; também, se a função for monótona,
será inversível. A figura 4 ilustra o que acontece quando a função não é monótona. Como, nesse caso,
ela cresce e depois decresce (ou vice-versa) alguma reta horizontal, (y = constante) vai intersectar
o gráfico de f em mais de um ponto. Todos os pontos de interseção (da forma (x, k)) têm a mesma
imagem, mas os valores da primeira coordenada (x) em cada um deles é diferente. Esse comportamento
mostra que a função não é injetora.
3
A1 A2
2
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7
−1
−2
Figura 4: Se a função não for monótona, existe uma reta horizontal que intersecta o gráfico em mais
de um ponto, o que mostra que a função não é injetora.
Dado o gráfico de uma função f , você pode utilizar o procedimento acima mencionado para determinar
se trata-se do gráfico de uma função injetora. Se você traçar alguma reta horizontal e ela intersectar
o gráfico de f em mais de um ponto, f não é uma função injetora.
(b, a) (a, a)
y=x
(a − b)
(b, b) (a, b)
−0.6 2.6
Pela razão mencionada acima, é frequente, para traçar o gráfico da inversa, fazer o rebatimento (em
relação à essa reta) do gráfico da função. Esse procedimento é útil mas deve ser feito com o enten-
dimento de que, ao fazer isso, estamos “misturando os eixos”. Procedendo assim, a função inversa
f −1 que durante o texto escrevemos como x = f −1 (y), precisaria ser escrita como y = f −1 (x), ou seja,
também ter como variável independente a variável x e como variável dependente a variável y. Assim
procedendo, e esboçando o gráfico das funções f e f −1 no mesmo sistema de eixos coordenados, observe
que a projeção do gráfico de f no eixo x, que representa o domínio de f é igual à projeção gráfico de
f −1 no eixo y, que representa a imagem de de f −1 ; e, da mesma forma, a projeção do gráfico de f −1
no eixo x, que representa o domínio de f −1 é igual à projeção gráfico de f no eixo y, que representa a
imagem de de f .
x3
A figura 6 mostra o gráfico de f (x) = , x ∈ R em azul e de sua inversa em verde. Observe a simetria
8
em relação à reta y = x pontilhada. Além disso, note que a expressão da inversa pode ser obtida,
x3
conforme sabido, escrevendo y = e isolando x, conforme feito abaixo.
8
x3 √ √
y= ⇔ x3 = 8y ⇔ x = 3 8y ⇔ f −1 (y) = 3 8y.
8
Agora, para traçarmos os dois gráficos no mesmo sistema de coordenadas, conforme observado, devemos
usar a letra x para a variável da inversa e√usarmos o eixo horizontal para o domínio√tanto da f , quanto
da f −1 , ou seja, escrevemos y = f −1 (x) = 3 8x, x ∈ R, em vez do usual x = f −1 (y) = 3 8y, y ∈ R.
Figura 6: Note que a interseção entre os gráficos da f e da f −1 ocorre sobre a reta y = x.
Também ela não é sobrejetora pois observando o gráfico da função vemos que sua imagem é o intervalo
[−1, 1].
Logo, a função sen ∶ R → R não tem inversa. Porém, podemos restringir seu domínio e seu contrado-
mínio de tal forma a obter uma nova função que seja bijetora.
π π
sen : [− , ] → [-1,1]
2 2
x ↦ y = sen(x)
π π
Vemos pelo gráfico que sen ∶ [− , ] → [−1, 1] é uma função bijetora e portanto ela tem uma inversa
2 2
que é chamada de arco seno e é denotada pelo símbolo arcsen.
Note que a função arcsen ∶ [−1, 1] → [− π2 , π2 ] é uma função ímpar, uma vez que é a inversa da função
π π
sen ∶ [− , ] → [−1, 1], que é uma função ímpar. Logo, temos que
2 2
arcsen(−x) = −arcsen(x), ∀x ∈ [−1, 1]
π π
Sendo, portanto, sen ∶ [− , ] → [−1, 1] e arcsen ∶ [−1, 1] → [− π2 , π2 ] inversas uma da outra, segue que
2 2
π π
x = arcsen(y) , −1 ≤ y ≤ 1 ⇐⇒ y = sen(x) , − ≤x≤ .
2 2
Ou seja,
π π
arcsen(sen(x)) = x, ∀x ∈ [− , ] ⇐⇒ sen(arcsen(y)) = y, ∀y ∈ [−1, 1].
2 2
Em outras palavras ainda:
π π
(*) x = arcsen(y) é o único valor em [− , ] que satisfaz sen(x) = y.
2 2
Vamos resolver alguns exemplos para entendermos melhor esta nova função.
√ √
3 3
Exemplo 2.1 Vamos calcular arcsen ( ). Da propriedade (*), temos que x = arcsen ( ) é o
2 2
√ √
π π 3 π 3
único valor em [− , ] que satisfaz sen (x) = . Como sabemos que sen ( ) = , e sendo que
2 2 √ 2 3 2
π π π 3 π
∈ [− , ], concluímos que arcsen ( )= .
3 2 2 2 3
1 1
Exemplo 2.2 Vamos calcular arcsen ( ). Da propriedade (*), temos que x = arcsen ( ) é o único
2 2
π π 1 π 1 π π π
valor em [− , ] que satisfaz sen (x) = . Como sabemos que sen ( ) = , e sendo que ∈ [− , ],
2 2 2 6 2 6 2 2
1 π
concluímos que arcsen ( ) = .
2 6
1 1
Exemplo 2.3 Vamos calcular sen (arcsen ( )). Observe que definindo x = arcsen ( ), nosso objetivo
7 7
1
é calcular sen(x). Mas, pela propriedade (∗), temos que x = arcsen ( ) é o único valor em [−1, 1] que
7
1 1 1 1
satisfaz sen (x) = . Como sen (x) = , concluímos que sen (arcsen ( )) = .
7 7 7 7
Observando a forma como o exemplo acima foi resolvido, podemos concluir que
Observando o exemplo acima, será que também vamos concluir que arcsen(sen(y)) = y? Antes de
responder de forma afoita que sim, observe que não invertemos a função seno definido na reta, mas sim
uma restrição da função seno a um intervalo em que o seno é um para um. Confira o exemplo abaixo
para entender melhor o que foi dito.
Exemplo 2.5 Vamos calcular arcsen(sen(π)). Podemos ficar tentados a responder que é π, mas pela
π π
propriedade (∗), temos que x = arcsen (sen(π)) é o único valor em [− , ] que satisfaz sen (x) =
2 2
π π
sen(π) = 0. Como único ângulo x entre − e − , cujo seno é igual a 0, é x = 0, temos que
2 2
π π
arcsen(sen(π)) = arcsen(0) = 0. Então, atenção! a resposta não é π, já que π ∉ [− , ]. Neste
2 2
caso, devemos procurar o ângulo nesse intervalo que tenha o mesmo valor do seno de π.
π π
Dos exemplos acima, observe que arcsen(sen(y)) = y, apenas se y ∈ [− , ]. Caso contrário, devemos
2 2
procurar o ângulo nesse intervalo que tenha o mesmo valor do seno de y.
Também ela não é sobrejetora, pois observando o gráfico da função vemos que sua imagem é o intervalo
[−1, 1].
Logo, a função cos ∶ R → R não tem inversa. Porém, podemos restringir seu domínio e seu contradomí-
nio de tal forma a obter uma nova função que seja bijetora.
O gráfico de arcos(x) é
Sendo, portanto, cos ∶ [0, π] → [−1, 1] e arcos ∶ [−1, 1] → [0, π] inversas uma da outra, segue que
x = arcos(y) , −1 ≤ y ≤ 1 ⇐⇒ y = cos(x) , 0 ≤ x ≤ π.
Ou seja,
arccos(cos(x)) = x, ∀x ∈ [0, π] ⇐⇒ cos(arcos(y)) = y, ∀y ∈ [−1, 1].
Em outras palavras ainda:
Vamos resolver alguns exemplos para entendermos melhor a função arco cosseno.
1 1
Exemplo 2.6 Vamos calcular arcos (− ). Da propriedade (**), temos que x = arcos (− ) é o único
2 2
1 2π 1 2π
valor em [0, π] que satisfaz a cos (x) = − . Como sabemos que cos ( ) = − , e sendo que ∈ [0, π],
2 3 2 3
1 2π
concluímos que arcos (− ) = .
2 3
1 1
Exemplo 2.7 Vamos calcular arcos ( √ ). Da propriedade (**), temos que x = arcos ( √ ) é o único
2 2
1 π 1 π
valor em [0, π] que satisfaz a sen (x) = √ . Como sabemos que cos ( ) = √ , e sendo que ∈ [0, π],
2 4 2 4
1 π
concluímos que arcos ( √ ) = .
2 4
3π
Exercício: Qual é o valor de arcos (cos ( ))?
2
Ela é sobrejetora, pois observando o gráfico da função, vemos que sua imagem é todo o conjunto R.
Porém, não é injetora, pois, por exemplo, tg(0) = tg(π).
π
Logo, a função tg ∶ R − { + kπ, ∣ k ∈ Z} → R não tem inversa. Porém, podemos restringir seu domínio,
2
de tal forma a obter uma nova função que seja bijetora.
π π
tg : (− , ) → R
2 2
x ↦ y = tg(x)
π π
Vemos pelo gráfico que tg ∶ (− , ) → R é uma função bijetora e portanto tem uma inversa que é
2 2
chamada de arco tangente e é denotada pelo símbolo arctg.
π π
Esta função tem como domínio o conjunto R e sua imagem é o conjunto (− , ).
2 2
Note que f (y) = arctg(y) é uma função contínua. Podemos ver pelo gráfico que
π π
lim arctg(x) = e lim arctg(x) = − .
x→+∞ 2 x→−∞ 2
π π π
Isto é, as retas y = e y = − são assíntotas horizontais. Este fato é consequência que das retas x =
2 2 2
π
e x = − serem assíntotas verticais do gráfico da função tangente.
2
π π
Note que a função arctg ∶ R → (− , ) é uma função ímpar, uma vez que é a inversa da função
2 2
π π
tg ∶ (− , ) → R, que é uma função ímpar. Logo, temos que
2 2
arctg(−x) = −arctg(x), ∀x ∈ R.
π π π π
Sendo, portanto, tg ∶ (− , ) → R e arctg ∶ R → (− , ) inversas uma da outra, segue que
2 2 2 2
π π
x = arctg(y) , y ∈ R ⇐⇒ y = tg(x) , − < x < .
2 2
Ou seja,
π π
arcstg(tg(x)) = x, ∀x ∈ (− , ) ⇐⇒ tg(arctg(y)) = y, ∀y ∈ R.
2 2
Em outras palavras ainda:
Observando a Figura 7, percebemos que o gráfico da função f em azul possui derivada positiva em
todo seu domínio (retas tangentes com inclinação positiva em cada ponto) e, portanto, será crescente
e consequentemente, injetora.
Tomando como contradomínio o conjunto imagem da f , ela será bijetora e, portanto, inversível. O
gráfico da inversa f −1 em verde na Figura 8 é obtido invertendo abscissa e ordenada do gráfico da f ,
pois se (x, f (x)) pertence ao gráfico da f , então (f (x), x) pertence ao gráfico da f −1 .
Sabemos que se a função f possui derivada no ponto (a, f (a)), então a função p, dada por p(x) =
f (a) + f ′ (a)(x − a), aproxima a função f numa vizinhança de a, isto é, f (x) ≈ p(x), para x suficiente-
mente próximo de a.
Seria pedir demais que a inversa de p aproximasse f −1 numa vizinhança do ponto f (a)? Lembre-se
que o gráfico de p é a reta tangente ao gráfico de f no ponto (a, f (a)). Desta forma, se esboçarmos
o gráfico de f e sua reta tangente no ponto (a, f (a)) e, no processo de obter o gráfico de f −1 , fizer-
mos a reflexão do gráfico de f , acompanhado de sua reta tangente, em torno da reta y = x, vamos
encontrar o gráfico de f −1 e uma reta r que se mostra obviamente tangente ao gráfico de f −1 no ponto
(f (a), a). Da forma com que r foi obtida, r e a reta tangente ao gráfico de f são simétricas em rela-
ção à reta y = x, indicando que são gráficos de funções inversas uma da outra. Então, não, não seria
demais pedir que a inversa de p aproximasse f −1 numa vizinhança do ponto f (a); seria até bem natural.
Na Figura 8, em laranja, temos a reta tangente ao gráfico da f em um ponto (a, f (a)) e, em vermelho,
a reta tangente ao gráfico da f refletida em relação á reta y = x. Observe que não há como a reta em
vermelho não ser a reta tangente ao gráfico de f −1 no ponto (f (a), a).
Figura 8: Observe a simetria em relação à reta y = x, tanto das funções, quanto das retas tangentes.
Observe que a inversa de p é obtida fazendo y = p(x) e isolando x. Ou seja, para encontrar p−1 ,
procedemos como abaixo.
1 1
y = f (a) + f ′ (a)(x − a) ⇔ y − f (a) = f ′ (a)(x − a) ⇔ x − a = (y − f (a)) ⇔ x = a + (y − f (a)).
f ′ (a) f ′ (a)
1
Obtemos, assim, que p−1 (y) = a + (y − f (a)). Realizando a troca entre as variáveis x e y para
f ′ (a)
1
podermos utilizar o mesmo sistema de eixos coordenados, encontramos: p−1 (x) = a + (x − f (a)).
f ′ (a)
Sendo assim, se realmente o gráfico de p−1 for a reta tangente ao gráfico de f −1 no ponto (a, f (a)), isto
1
é, se a reta y = a + ′ (x − f (a)) for a reta tangente ao gráfico de f −1 no ponto (f (a), a), podemos
f (a)
1
concluir que f −1 é uma função diferenciável no ponto f (a) e que (f −1 )′ (f (a)) = ′ . A menos de
f (a)
“pequenos detalhes”, nosso raciocínio contém a essência do Teorema da Função Inversa que veremos na
próxima seção.
3.2 O Teorema da Função Inversa
Teorema 1 Seja f ∶ I ⊂ R Ð→ R, dada por y = f (x), uma função diferenciável em um intervalo aberto
I. Se f ′ (x) ≠ 0, ∀x ∈ I, então f ∶ I Ð→ Im(f ) ⊂ R é invertível em I, f −1 é diferenciável em Im(f ) e
1
(f −1 )′ (y) = (∗)
f ′ (f −1 (y))
Obs:
1 1
1) (f −1 )′ (y) = = , onde f (x) = y.
f ′ (f −1 (y)) f ′ (x)
2) Uma vez demonstrado que a f −1 é diferenciável, a relação (∗) é obtida usando a regra da cadeia.
De fato, sabemos que f ○ f −1 (y) = y, derivando os dois lados em relação a y e usando a regra da
cadeia do lado esquerdo, obtemos
1
f ′ (f −1 (y)).(f −1 )′ (y) = 1 ⇒ (f −1 )′ (y) = .
f ′ (f −1 (y))
3) A relação obtida no item anterior f ′ (f −1 (y)).(f −1 )′ (y) = 1 nos diz que os pontos onde tanto a f
quanto a f −1 são deriváveis não podem ter derivada nula. Para ilustrar esta observação, vamos
voltar ao raciocínio inicial de fazer a reflexão do gráfico de f com sua reta tangente no ponto
(a, f (a)) para obter o gráfico de f −1 e a reta ao gráfico de f −1 no ponto (f (a), a). Lembre-se que
o único caso em que o gráfico de uma função g possui reta tangente em um ponto (x0 , g(x0 )), mas
g ′ (x0 ) não existe, é quando a reta tangente neste ponto é vertical. Porém, a única possibilidade da
reta tangente ao gráfico de f −1 no ponto (f (a), a) ser vertical é se a reta tangente ao gráfico f no
ponto (a, f (a)) for horizontal, o que equivale a f ′ (a) = 0. Portanto, para f −1 ter derivada em todos
os pontos de um intervalo, precisamos eliminar a possibilidade de f ′ zerar em algum ponto deste
intervalo.
4) Observe que, embora seja preciso eliminar a possibilidade de f ′ zerar em algum ponto do intervalo
para que f −1 seja diferenciável no intervalo, para a simples existência da inversa, é possível ter um
ponto x0 no intervalo em que f ′ (x0 ) = 0. Veja o caso da função f (x) = x3 , x ∈ R. Temos que
f ′ (0) = 0, mas, como a função f é monotonamente crescente, f é invertível. Mas, é claro que sua
inversa não é derivável em x0 = 0.
1
(arcsen)′ (y) = √
1 − y2
Podemos usar o TFI para derivar arcos(y). Consideremos, então, y = cos(x), x ∈ (0, π), com imagem
em (−1, 1) e sua inversa, x = arcos(y), y ∈ (−1, 1), com imagem em (0, π) . A derivada de y = cos(x)
é y ′ = −sen(x), que não se anula em (0, π). Portanto:
1 1
(arcos)′ (y) = =−
−sen(arcos(y)) sen(x).
1
(arcos)′ (y) = − √
1 − y2
Obs: Note que as funções arcsen e arcos não são deriváveis (derivada lateral) em 1, nem em −1, pois
tanto seno quanto o cosseno possuem derivada nula nos pontos correspondentes, o que nos levaria a
retas tangentes verticais nos gráficos das inversas após a simetria em relação à reta y = x.
Podemos usar o TFI para derivar arctg(y). Consideramos , então, y = tg(x), x ∈ (−π/2, π/2), com
imagem em R e sua inversa, x = arctg(y), y ∈ R, com imagem em (−π/2, π/2). A derivada de y = tg(x)
é y ′ = sec2 (x), que não se anula em (−π/2, π/2). Portanto:
1 1
(arctg)′ (y) = =
sec2 (arctg(y)) sec2 (x)
1
(arctg)′ (y) =
1 + y2
Exemplo 3.5 A derivada de ln(y), y ∈ (0, +∞).
Embora já tenhamos apresentado (e utilizado!) a derivada da função ln, conforme prometido, vamos
demonstrar a fórmula da sua derivada. Podemos usar o TFI para derivar ln(y). Consideremos , então,
y = ex , x ∈ R, com imagem em (0, ∞) e sua inversa, x = ln(y), y ∈ (0, ∞), com imagem em R (cf.
Exemplo 1.4). A derivada de y = ex é y ′ = ex , que não se anula em R. Portanto:
1 1
(ln)′ (y) = = .
eln(y) y
Ou seja,
1
(ln)′ (y) =
y
Podemos usar o TFI para derivar loga (y). Consideremos , então, y = ax , a > 0, a =/ 1, x ∈ R, com
imagem em (0, ∞) e sua inversa, x = loga (y), y ∈ (0, ∞), com imagem em R (cf. Exemplo 1.4). Vamos
inicialmente utilizar a regra da cadeia para calcular a derivada de y = ax . Observe que a = eln(a) ,
portanto, ax = (eln(a) )x = exln(a) . Desta forma, utilizando a regra da cadeia, temos que
′
(ax ) = (exln(a) ) = exln(a) (xln(a)) = ln(a) ax .
′
Temos assim que, y ′ = ln(a)ax , que não se anula em R, segue do TFI que
1 1
(loga )′ (y) = log
= .
ln(a)a a (y) ln(a) y
Ou seja,
1
(loga )′ (y) =
ln(a) y
diferenciável, inversível, com inversa diferenciável. Em (8), Ix0 e If (x0 ) são intervalos abertos contendo,
respectivamente, x0 e f(x0 ) e f˜ associa a cada x ∈ Ix0 o valor de f (x).
Observe que essa função f˜ em (8) não é exatamente a função f original: seu domínio e contradomínio
não coincidem necessariamente com os de f . No entanto, em muitas situações, para não ficarmos com
a notação carregada, continuamos a usar a notação f em vez de f˜, desde que não cause confusão, tendo
em mente que se trata de um restrição.
Considere o gráfico de uma função f (x) na figura 9. Essa função não é inversível. Mas podemos
definir, a partir de f , duas novas funções:
Essas “novas” funções (muitas vezes chamadas restrições de f ) têm função inversa (pois são bijetoras).
Nesse caso, dizemos que f tem inversa local.
Iỹ
ỹ
Ix0 Ix1
x0 x1
Figura 9: Podemos pensar em inverter uma função com domínio em Ix0 e Imagem em Iỹ e também
uma função com domínio em Ix1 e imagem em Iỹ .
A fim de delimitar bem o contexto do Teorema da Função Inversa, acrescentamos que ele só cuida
de funções localmente de classe C 1 e tenta identificar a existência de inversa local diferenciável.
f˜ ∶ Ix0 Ð→ Iy0
x z→ y = f (x)
• O Teorema afirma que f tem inversa local perto de um ponto em que a derivada não é 0. O
Teorema não afirma nada sobre pontos em que a derivada é 0.
Exemplo 3.8 Considere y = f (x) = esen(x) + 2x, x ∈ R. Queremos usar o Teorema da Função Inversa
em uma vizinhança de x = 0. Começamos verificando que essa função é de classe C 1 (R). Calculamos
f ′ (x) = cos(x)esen(x) + 2. Assim, f ′ (0) = 3. Observamos que f (0) = 1 e, portanto, sabemos que
Existe uma inversa local, f −1 (y) com domínio em algum intervalo em torno de 1 e imagem em algum
intervalo em torno de 0. Sabemos também que essa inversa é diferenciável e podemos conhecer valores
aproximados de f −1 (y), para valores de y próximos de 1. Para isso, derivamos a inversa em y = 1:
1 1
(f −1 )′ (1) = =
f ′ (0) 3