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Disciplina: ELT 088 – ASDL

Prof. Maurílio Nunes Vieira

Estudo Dirigido - Séries de Fourier


1. Representação equivalentes de funções harmônicas
Senos e cossenos são conhecidos como funções harmônicas. De forma geral,
considerando possíveis deslocamentos no tempo, sinais deste tipo podem ser escritos
como:
x (t ) = a0 + M cos (0 t −  ) (1a)
= a0 + M cos[0 (t − t0 )] (1b)
= a0 + M cos( 2T t −  ) (1c)
onde
• a0 é o valor médio ou DC (direct current);
• M é a magnitude ou amplitude, também conhecida como valor de pico;
• T é o período fundamental;
• 0 = 2 T é a frequência fundamental (rad/s);
• t0 é um deslocamento temporal; e
•  = 0 t0 é o ângulo de fase na frequência 0 .

a) Estude, digite e execute o código MatLab no Script 1.


i) Na forma de onda resultante, identifique o ângulo de fase;
ii) Altere o período fundamental para T = 4 e repita o item anterior. Veja que um
mesmo atraso representa outro ângulo de fase em uma frequência diferente.

Script 1 – Função harmônica expressa como um cosseno defasado.


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b) Usando identidades trigonométricas (i) expresse o sinal x(t ) = M cos(0 t −  )


na forma:
x(t ) = b cos(0 t ) + c sen(0 t ) (2)

onde b = M cos ( ) e c = M sen( ) .

Assim (Figura 1), M 2 = b 2 + c 2 e  = tg −1 ( bc ) .

ii) Obtenha os coeficientes b e c para o sinal x1 do


Figura 1 – Componentes ortogonais. Os
Script 1. Em seguida, altere o código e plote a forma valores tan-1(b/c) podem diferir,
numericamente, de 0 t0 em múltiplos
de onda segundo a Equação (2), observando se há de  [valores negativos de c e b retornam
o mesmo valor em atan()]
alteração.

c) Usando a fórmula de Euler cos( ) = 12 e + 12 e , (i) mostre que o sinal


j − j

x(t ) = a0 + M cos(0 t −  ) também pode ser expresso na forma fasorial, também


conhecida por forma exponencial complexa:
x(t ) = a0 + a1 e j 0 t + a−1 e− j 0 t (3a)
onde
a1 = M2 e− j  M2 − (3b)

a−1 = a = M2 e
−1
j
 M2  (3c)

Os coeficientes a1 e a−1 são complexos e incorporam tanto a magnitude quando a

defasagem de cada fasor. A amplitude fica agora dividida entre os fasores positivo
(horário) e negativo (anti-horário).

ii) Os coeficientes a1 e a−1 para o sinal x1 do Script 1 estão calculados no Script


2 e utilizados para expressar o sinal x3 conforme a Equação 3a. Veja como
os números e funções complexas foram representados no código. Estude-o,
execute-o (insira as definições que estão no Script 2) e veja se há alteração
nas formas de onda.

Script 2 - Forma exponencial complexa.


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2. Série exponencial de Fourier em tempo contínuo
Nas aulas teóricas, você viu que um sinal x (t ) periódico que atende às 3 condições de
Dirichlet pode ser representado por uma série de Fourier. Na forma exponencial, a
representação em série do sinal é dada por:

x(t ) = ae
k =−
k
j k 0 t
(4)

Onde os coeficientes são:


T
1
ak = 
T t =0
x(t ) e − j k 0 t dt (5)

As equações 4 e 5 são chamadas expressões de síntese e de análise,


SF
respectivamente. É usual representarem-se as transformações na forma x(t ) ⎯ ⎯→ ak

onde SF denota o uso da Série de Fourier. Os limites de integração na Equação 5 podem


ser ajustados, dentro do período do sinal, para simplificar os cálculos. As frequências
obtidas com a Equação 5 são discretas e ocorrem em múltiplos inteiros k de 0 .

Dada a expressão matemática de um sinal x (t ) , sua série de Fourier pode ser


calculada diretamente pela equação 5 ou com o auxílio de propriedades (deslocamento,
derivada e a da convolução − que você estudará no capítulo 4 −, dentre outras).

Um sinal relativamente
1
simples, mas de grande utilidade em
processamento de sinais, é a onda
Figura 2 - Onda quadrada.
quadrada da Figura 2. Sua série
exponencial, obtida com o auxílio da Equação 5, pode ser escrita como:
T1 sen(k  0  T1 )
ak = 2 (6)
T (k  0  T1 )

e foi bastante estudada nas aulas teóricas.

Pode ser interessante e necessário o cálculo numérico de séries de Fourier. Isto


pode ocorrer em situações experimentais onde não se conhece a expressão do sinal ou
onde o cálculo analítico pode ser demasiadamente elaborado.

A onda quadrada da Figura 2 é estudada no Script 3, onde a série de Fourier é


calculada no MatLab. O período T e a duração T1 do pulso estão definidos na linha 3,
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enquanto a amplitude está na linha 7. A equação de análise (5) está implementada na linha
12, utilizando cálculo com a variável simbólica t definida na linha 6. A integral é
calculada com int(..., t, -T1, T1), onde t é a variável de integração e -T1 e T1 são
os limites da integral. Excetuando-se t, todos os coeficientes da expressão
x*exp(j*k*w0*t) são constantes. Assim, a linha 12 calcula, efetivamente, o valor
numérico de cada coeficiente. Na linha 12, os 2L + 1 coeficientes a k são indexados

como a(k+L+1) porque a indexação de vetores no MatLab inicia em 1. Como exemplo,


a posição a(1) do vetor equivale ao coeficiente a− L da série.

Script 3 - Série de Fourier (análise e síntese) para uma onda quadrada

A síntese da forma de onda (Equação 4) com -L  k  L é implementada nas linhas


jk t
15-22. A linha 18 gera cada um dos fasores e 0 . Na linha 22, o somatório da Equação

4 é realizado com a soma − sum() − do produto elemento-a-elemento (.*) dos vetores de


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coeficientes (a) e de fasores (fasor). Por fim, a onda resultante é traçada nas linhas 24-
26 no intervalo -t0  t  T .

d) Edite e implemente as linhas 1-26 do Script 3. Observe os resultados, comente.


Faça também variações na duração T1, número L de fasores, etc.
Os coeficientes a k são, em geral, complexos, sendo necessária a representação tanto

do módulo quanto da fase ou, de forma equivalente, das respectivas partes real e
imaginária. No Script 3 os coeficientes a k traçados nas linhas 28-31; a função stem() gera

o gráfico com hastes.


e) No Script 3, os coeficientes a k são reais; justifique isso em termos da simetria do

sinal analisado. A linha 30 pode ser alterada para expressar a magnitude do


espectro:

onde abs(a)  | ak | = {[real (ak )]2 + [imag (ak )]2 } 2 .


1

O espectro de fase,  k , é traçado nas linhas 33-36 do Script 3. A função angle() calcula

k = tan −1 (real (ak ) / imag (ak )) , lidando com valores nulos na parte imaginária.
f) Justifique, pelas figuras no Script 3, os valores  k =   3.14 em k = 15, -14, -

13, etc.
g) Explore o Script 3 com outros sinais, como x(t ) = t 2 , 0  t  T (Figura 3). Altere o
código para reproduzir os resultados
da Figura 3, estando atento aos limites
de integração (linha 12) e ao ajuste
das escalas verticais pelo comando
ylim() (que pode ser excluído para
ajuste automático). Observe a
simetria par do espectro de
magnitudes e a simetria ímpar do
espectro de fase (Figura 3). Observe
também o fenômeno de Gibbs nas
extremidades do sinal x(t)
aproximado. Figura 3 - Estudo do sinal x(t)= t2., 0  t < T, T = 2.
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O cálculo analítico dos coeficientes da série de Fourier de x(t ) = t 2 , 0  t  T pode
ser feito usando o método da derivada. Com algum trabalho algébrico obtém-se:
a0 = 13 T 2
SF 
t 2 , 0  t  T ⎯ ⎯→ 2(1 + jk ) (7)
 ak = (k )2 , k 0
 0

h) Altere o Script 3 incluindo uma figure(2) com painéis subplot() para exibir a
magnitude e a fase calculados a partir da Equação (7). Compare esses valores com
os obtidos pela integração numérica (item g).
i) Procure explicar porque o espectro de magnitudes está concentrado nas baixas
frequências.

3. Série exponencial de Fourier em tempo discreto


É possível estender os conceitos das seções anteriores a sinais de tempo discreto e obter
uma representação de um sinal x[ n] , com período fundamental N, como:
N −1
x[n] =  ak e j k 0 n (8)
n =0

N −1
1
onde ak =
N
 x[n] e
n =0
− j k 0 n
(9)

Essas equações de síntese (8) e análise (9) são facilmente implementadas


computacionalmente para realizar o processamento digital de um sinal x[ n] resultante da
amostragem de um sinal tempo contínuo x (t ) . Nas equações 8 e 9 está implícito que a
amostragem ocorre em intervalos regulares T = 1, que não deve ser confundido aqui com
o período fundamental T0 = 2 0 . Mais discussões sobre esse assunto serão, todavia,

adiadas para o final da 2ª. parte do curso.

4. Entrega de atividades
Entregue um relatório com os resultados (gráficos, etc.) e discussões relacionadas aos
quesitos apresentados ao longo do Estudo Dirigido. Os scripts MatLab que você gerou
devem estar incluídos, em formato pdf, ao final do trabalho, ou distribuídos ao longo do
texto.

Bibliografia
A. Paramides & A. Veloni (2011), Signals and Systems Laboratory with MATLAB,
CRC Press.

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