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2014/2015
Licenciatura em Matemática
1 Curvas
F (t ) = (x (t ), y (t )) ou F (t ) = (x (t ), y (t ), z (t ))
1 Um triângulo só não tem tangentes em três pontos, mas o leitor entenderá por que tem
1
1 CURVAS 2
suas componentes forem de classe C k (no sentido habitual para funções reais
de uma variável real).
Esta derivada goza de várias propriedades análogas às das derivadas de
funções reais de uma variável real, e que podem ser obtidas facilmente a partir
destas. Assim, por exemplo, é válida a Regra da Cadeia na seguinte forma: se
U, V ⊆ R e considerarmos funções F : U → Rn e g : V → U deriváveis, então
(F ◦ g )0(t ) = F 0( g (t )) · g 0(t )
e, no caso de n = 3,
(estas regras dos produtos podem ser verificadas usando a definição de deri-
vada — de maneira análoga à da regra do produto usual em R — ou por “força
bruta” — desenvolvendo o produto à esquerda e a seguir derivando e apli-
cando a regra do produto em R).
ρ: R → Rn
t 7→ P + t v
1 CURVAS 3
γ1 : [0, 2π[ → R2
t 7→ (cos t , sen t )
z
Exemplo 1.4. A função
α: R → R3
t 7→ cos t , sen t , t5
λ : [0, 2π[ → R2
cos t sen t cos t
t 7→ ,
1 + sen2 t 1 + sen2 t
As parametrizações dos exemplos 1.1, 1.2, 1.4 e 1.5 são regulares (ρ0(t ) = v ,
0; kγ10 (t )k = 1 e portanto γ10 (t ) , 0; que α0(t ) , 0 e λ 0(t ) , 0, fica como
exercício).
2 A equação geral das lemniscatas de Bernoulli
(num referencial apropriado) é (x 2 + y 2 )2 =
a 2 (x 2
− y 2 );
nesta lemniscata em particular temos a = 1. As lemniscatas de Bernoulli foram
introduzidas por Jacob Bernoulli em 1694, e definem-se pela conjunção das seguintes propri-
edades: o produto das distâncias de cada ponto P da lemniscata a dois pontos (chamados
focos) F1, F2 é constante; a lemniscata passa pelo ponto médio entre F1 e F2 .
1 CURVAS 5
anula, pelo Teorema do Valor Intermédio terá de ser sempre µ 0 > 0 ou sempre
µ 0 < 0.
Definição 1.7. Dada uma curva, a imagem de uma qualquer das suas para-
metrizações chama-se traço dessa curva.
ções de γ1 e γ3
3π 3π
γ1 |[ 5π , 7π ] : − π8 , π
→ R2
4 4 + 8
8 8
t 7→ (cos t , sen t )
1 CURVAS 9
e 7π 7π
γ3 |[ 13π , 15π ] : − π8 , π
→ R2
4 4 + 8
8 8
7→ (sen t , cos t )
t
1.2 Tangentes
Consideremos a curva parametrizada por γ : I → Rn e um ponto γ(t0 ) do
traço dessa curva. Se tomarmos um outro ponto γ(t ) do mesmo traço, a recta
que passa em γ(t0 ) e γ(t ), e que é uma secante desse traço, tem como vector
director γ(t ) − γ(t0 ) — ou qualquer múltiplo não nulo deste, em particular
γ(t )−γ(t0 )
t −t0
. Se t tender para t0 (e portanto γ(t ) tender para γ(t0 )), γ(tt)−γ(
−t0
t0 )
terá
um limite, por γ ser derivável, e esse limite será não nulo, por γ ser regular;
esse limite, que é γ0(t0 ), será um vector director da tangente ao traço da curva
em γ(t0 ). Esta observação motiva a seguinte definição.
λ 0 : [0, 2π[ → R2
2 cos(2t ) (1 + sen2 t ) − 12 sen2 (2t ) ;
t 7 → * − sen t (2 + cos t ) ,
sen2 t )2 sen 2 t )2
+
, (1 + (1 + -
note que λ 0(t ) , 0, para todo o t ∈ [0, 2π[, e portanto λ é regular. Como
λ( π2 ) = (0, 0) e λ 0( π2 ) = (− 12 , − 12 ), a recta (0, 0) + h(− 12 , − 12 )i, ou seja, a recta de
equação y = x , é a tangente à curva parametrizada por λ em t = π2 ; como
1 CURVAS 10
λ( 3π 0 3π 1 1 1 1
2 ) = (0, 0) e λ ( 2 ) = ( 2 , − 2 ), a recta (0, 0) + h( 2 , − 2 )i, ou seja, a recta de
equação y = −x , é a tangente à curva parametrizada por λ em t = 3π 2 . Repare
que ambas estas rectas são tangentes ao traço da curva, ou seja à lemniscata,
no ponto (0, 0).
γ (b ) = γ (tn )
b
γ (a ) = γ (t0 )
b
b
γ (t1 ) b
γ (t3 )
b
γ (t2 )
Z v1 Z v1
0 0
kα (µ (v )) · µ (v )k dv = k β0(v )k dv ;
v0 v0
Z v1 Z v1
0 0
kα (µ (v )) · µ (v )k dv = k β0(v )k dv .
v0 v0
2π
hélice, entre os pontos (1, 0, 0) e (1, 0, 5 )) é
2π
2π
√
− sen t , cos t , 1
dt = 1 2 26
Z Z r
sen2 t + cos2 t + 2 dt = π.
0
5
0 5 5
s : I → s (I ) ⊆ R
Rt .
t 7→ t kγ0(u )k du
0
Repare que:
5. Como s é uma função real, definida num intervalo, com derivada que
nunca se anula, é injectiva; e portanto é uma bijecção sobre a sua ima-
gem.
é uma reparametrização de γ.
Normalmente usa-se a letra s para representar o parâmetro de γ̃, o que é
natural: s = s (t ).
1 CURVAS 13
e portanto
γ0(t )
k γ̃0(s )k =
0
= 1.
kγ (t )k
Esta propriedade de o vector derivada ser sempre unitário merece uma de-
signação especial: se γ : I → Rn for uma parametrização com a propriedade
de kγ0(s )k = 1, para todo o s ∈ I , o seu parâmetro s não é necessariamente
uma função comprimento de arco tal como definida acima, mas apenas por-
que pode não ter uma origem — isto é, pode nunca acontecer s = 0 (ou dito
ainda de outra forma, não há garantia de que 0 ∈ I ); no entanto, se tomarmos
dois valores s0, s1 ∈ I , s0 < s1 , acontece necessariamente que o comprimento
da curva parametrizada por γ entre s = s0 e s = s1 é
Z s1
1 ds = s1 − s0 .
s0
5 Mesmo que não possa ser obtida a partir de α usando uma função comprimento de arco,
mas, como kγ0(t )k = k γ̃0(µ (t ))k = 1, vem que | µ 0(t )| = 1, isto é, µ 0(t ) = ±1;
integrando, temos µ (t ) = ± t + c .
1.4 Curvatura
Queremos medir a curvatura de uma curva num ponto. Intuitivamente, uma
recta tem curvatura nula em todos os pontos, a curvatura de uma circunfe-
rência é também igual em todos os pontos e tanto menor quanto maior for o
raio e, na seguinte elipse, a curvatura é máxima em A e C e mínima em B e D .
B b
C b b
A
D b
1 CURVAS 15
A ideia que vamos seguir para concretizar esta noção intuitiva é a seguinte:
a curvatura deve medir a variação na direcção da tangente — se na vizinhança
de um ponto a tangente varia muito, então a curvatura é grande; se varia
pouco, então a curvatura é pequena. Isto sugere que para calcular a curva-
tura devemos usar uma derivada. Como a derivada de uma parametrização
nos dá um vector director da tangente, podemos pensar em usar a segunda
derivada duma parametrização; mas o vector (primeira) derivada de uma pa-
rametrização pode variar não só em direcção mas também em norma, o que
afectará a sua derivada. A solução consiste em derivar, não uma parametriza-
ção arbitrária, mas uma reparametrização por comprimento de arco. Assim,
a primeira derivada, sendo sempre unitária, não varia em norma.
d 2 γ̃
κ(t0 ) =
2 (s0 )
.
ds
Temos de verificar duas coisas para confirmar que esta definição está bem
formulada:
γ : [0, 2π[ → R2
.
t 7→ (a cos t , a sen t )
Rt Rt
pois kγ0(t )k = k(−a sen t , a cos t )k = a e portanto 0 kγ0(u )k du = 0 a du =
at . Assim,
γ̃ : [0, 2π a
[ → R2
7→ a cos as , a sen as
s
e a curvatura é
cos t sen t
1
κ(t ) =
− ,−
= a
a a
— ou seja, é constante e igual ao inverso do raio da circunferência.
Exemplo 1.9. Uma curva tem curvatura constante nula se e só se o seu traço
está contido numa recta. (exercício)
Já foi referido que pode não ser praticável determinar explicitamente uma
parametrização por comprimento de arco de uma dada curva. Mas isso não
significa que não se possa fazer contas com essa parametrização por compri-
mento de arco. O exemplo seguinte tenta ilustrar esse tipo de situação.
1 CURVAS 17
γ : [0, 2π[ → R2
,
t 7→ (2 cos t , sen t )
2
cuja imagem é a elipse de equação x4 + y 2 = 1. Então
√
γ0(t ) = (−2 sen t , cos t ) donde kγ0(t )k = 3 sen2 t + 1.
R t√
O integral 0 3 sen2 u + 1 du não pode ser escrito em termos de funções ele-
mentares.6 Mas podemos mesmo assim definir
s : [0, 2π[ → R
Z t√
t 7→ 3 sen2 u + 1 du
0
√
e sabemos que s 0(t ) = 3 sen2 t + 1. Definindo uma reparametrização por
comprimento de arco γ̃ = γ ◦ s −1 , temos γ = γ̃ ◦ s , donde
dγ d γ̃ ds d γ̃ √
= · = · 3 sen2 t + 1
dt ds dt ds
e portanto
d γ̃ 1 dγ 1
=√ · =√ (−2 sen t , cos t )
ds 3 sen2 t + 1 dt 3 sen2 t + 1
d γ̃
d ds d 2 γ̃ ds d 2 γ̃ √
= · = · 3 sen2 t + 1
dt ds 2 dt ds 2
6 Isto
é, não pode ser obtido a partir de funções polinomiais, exponenciais, logarítmicas,
trigonométricas e trigonométricas inversas através de um número finito de adições, diferen-
ças, multiplicações, divisões, extrações de raízes e composições.
1 CURVAS 18
e portanto
d γ̃
d 2 γ̃ 1 d ds
=√ · =
ds 2 3 sen2 t + 1 dt
dγ
0 dγ d γ̃ ds d γ̃ dt
γ = = · , donde = ds
,
dt ds dt ds
dt
e portanto
d2γ d 2s
d 2 γ̃ d d γ̃ 1 · ds
− ddtγ · γ00s 0 − γ0s 00
!
dt 2 dt dt 2
= · = = ;
ds 2 dt ds ds ds 3 (s 0)3
dt dt
1 CURVAS 19
(s 0)2 = kγ0 k 2 = γ0 · γ0
e derivando temos
assim,
d 2 γ̃ γ00(s 0)2 − γ0s 0s 00 γ00(γ0 · γ0) − γ0(γ0 · γ00)
= = ;
ds 2 (s 0)4 kγ0 k 4
e como, para quaisquer três vectores u, v, w ∈ R3 ,
u × (v × w) = (u · w) v − (u · v) w,
temos
d 2 γ̃ γ0 × (γ00 × γ0)
= ;
ds 2 kγ0 k 4
ora, como γ00 × γ0 é ortogonal a γ0, temos ainda que kγ0 × (γ00 × γ0)k =
kγ0 k · kγ00 × γ0 k, e portanto
kγ00(t ) × γ0(t )k 2 2
κ(t ) = 0 3
= √ = √ .
kγ (t )k ( 4 sen2 t + cos2 t )3 ( 3 sen2 t + 1)3
γ0(t0 )
t(t0 ) = γ̃0(s0 ) = .
kγ0(t0 )k
γ̃00(s0 )
n(t0 ) = .
k γ̃00(s0 )k
Assim, em cada ponto (de curvatura não nula), t e n são vectores unitários
ortogonais (em pontos de curvatura nula, n não está definido).
dt
Repare que, como = γ̃00 = n k γ̃00 k e κ = k γ̃00 k,
ds
dt
= κ n.
ds
d γ̃
dt d ds d 2 γ̃ ds ds
= = · e > 0,
dt dt ds 2 dt dt
dt d 2 γ̃
os vectores e são colineares e têm o mesmo sentido, de forma que
dt ds 2
d 2 γ̃ dt
ds 2
n =
2
=
dt
.
d γ̃
d t
ds 2
dt
Assim, n pode ser calculado sem ter de recorrer a uma reparametrização por
comprimento de arco.
1 CURVAS 22
temos
γ0(t ) 1
t= = √ (−2 sen t , cos t ),
kγ0(t )k 3 sen2 t + 1
dt 3 sen t cos t 1
= − √ 3 (−2 sen t , cos t ) + √ (−2 cos t , − sen t )
dt 3 sen2 t + 1 3 sen2 t + 1
1
= √ 3 (−2 cos t , −4 sen t ) ,
3 sen2 t + 1
d t
2
= 2
dt
3 sen t + 1
e portanto
dt
1
n= dt
dt =√ (− cos t , −2 sen t ) .
dt 3 sen2 t + 1
t
1
−2 n 2
−1
No caso de curvas planas, isto é, cujo traço está contido num plano, o sen-
tido do vector normal principal tem um significado geométrico: n aponta no
sentido convexo do traço da curva. Para verificar isto, tomaremos uma para-
1 CURVAS 23
b
γ (s )
n
γ (s 0 )
0 00 (s − s0 )2
γ(s ) = γ(s0 ) + γ (s0 ) (s − s0 ) + γ (s0 ) + R 2 (s ),
2
R 2 (s )
onde lim = 0. Mas então, como γ0(s0 ) e γ00(s0 ) são ortogonais,
s →s 0 (s − s0 )2
(s − s0 )2
γ00(s0 ) · (γ(s ) − γ(s0 )) = 0 + kγ00(s0 )k 2 + γ00(s0 ) · R 2 (s );
2
então
kγ00(s0 )k 2
= > 0.
2
Assim, para algum ε > 0 acontece que, se 0 < |s − s0 | < ε, então
e portanto
γ00(s0 ) · (γ(s ) − γ(s0 )) > 0;
7 Isto
também se verifica para uma curva no espaço, mas nesse caso perde-se a interpre-
tação em termos de convexidade.
1 CURVAS 24
mas isto significa precisamente que cos ∠{γ00(s0 ), γ(s ) − γ(s0 )} > 0, ou seja,
00 π
∠{n, γ(s ) − γ(s0 )} = ∠{γ (s0 ), γ(s ) − γ(s0 )} ∈ 0, .
2
(t − t0 )2
γ(t ) ≈ γ(t0 ) + γ0(t0 ) (t − t0 ) + γ00(t0 )
2
tiver contido num plano, esse plano é o plano osculador para todo o valor do
parâmetro (a não ser que a curvatura se anule, pois nesses pontos o plano os-
culador não está definido): de facto, se, para todo o t , γ(t ) = (x (t ), y (t ), z (t ))
pertencer a um plano π de equação ax + by + c z = d , isto é,
a x (t ) + b y (t ) + c z (t ) = d,
e
a x 00(t ) + b y 00(t ) + c z 00(t ) = 0,
ou seja, que γ0(t ) = (x 0(t ), y 0(t ), z 0(t )) e γ00(t ) = (x 00(t ), y 00(t ), z 00(t )) pertencem
ao plano vectorial paralelo a π; assim, o plano osculador γ(t ) + hγ0(t ), γ00(t )i é
paralelo a π e, tendo em comum o ponto γ(t ), é precisamente π.
Se a curva parametrizada por γ não for plana numa vizinhança de t = t0 , o
seu traço afastar-se-á do plano osculador em t = t0 à medida que o parâmetro
t se afastar do valor t0 ; esse afastamento será tanto mais rápido quanto mais
“torto”, ou “torcido”, for o traço. Queremos então medir a velocidade desse
afastamento, ou quão “torcido” é o traço — a essa medida chamaremos torção.
Repare que isso equivale a medir a variação na direcção do plano oscula-
dor — quando t se afastar de t0 , essa direcção variará tanto mais quanto mais
rapidamente o traço da curva se afastar do plano osculador em t = t0 . Quanto
à direcção de um plano, pode ser caracterizada por um vector unitário que lhe
seja perpendicular; ora, é muito fácil introduzir um vector unitário perpendi-
cular ao plano osculador: basta tomar o produto externo t × n.
Este resultado diz-nos que b0(s ) é ortogonal a t(s ); mas, como kb(s )k = 1 para
todo o s , já sabemos que b0(s ) é ortogonal a b(s ); assim, b0(s ) tem de ser coli-
near com n(s ) — isto é, é o produto de um escalar pelo vector unitário n(s ).
db
(s0 ) = −τ(t0 ) n(t0 ).
ds
bα̃ (s ) = −b β̃ (r );
e, como nα = n β ,
τα = τβ .
γ: R → R3
s 7→ (a cos s , a sen s , b s )
(a, b ∈ R tais que a 2 + b 2 = 1, para que γ seja uma parametrização por com-
primento de arco); a torção desta curva é constante, e tem o mesmo sinal de
b (exercício). Na figura seguinte estão representadas duas destas hélices, a da
esquerda com torção positiva, e a da direita com torção negativa.
8 Atenção:alguns autores ignoram este argumento e definem torção como sendo simples-
mente o coeficiente de ddsb relativamente a n, ou seja, como o simétrico da nossa torção.
1 CURVAS 28
z z
y y
x x
a x (t ) + b y (t ) + c z (t ) = (x (t ), y (t ), z (t )) · (a, b , c ) = d ;
dn db dt
= ×t+b× = −τ n × t + b × κ n
ds ds ds
9 Porque estamos a supor que a curvatura nunca se anula e assim temos uma função t 7→ b
definida num intervalo e com derivada nula; se fosse I = I 1 ∪ {t0 } ∪ I 2 com curvatura nula (e
portanto b não definido) em t0 , poderíamos ter b constante igual a b1 em I 1 e constante igual
a b2 em I 2 mas b1 , b2 .
1 CURVAS 29
dn
= −κ t + τ b.
ds
As três equações
dt
= κn
ds
dn
= −κ t +τ b
ds
db
= −τ n
ds
De facto, como
!2
dγ d γ̃ dµ d 2γ d 2 γ̃ dµ d γ̃ d 2µ
= · e = + · ,
dt ds dt dt 2 ds 2 dt ds dt 2
temos
!2
dγ d 2γ d γ̃ dµ 2
* d γ̃ dµ d γ̃ d 2µ +
× = · × + ·
dt dt 2 ds dt 2dt ds dt 2
, ds -
!2
d γ̃ dµ d 2 γ̃ dµ d γ̃ dµ d γ̃ d 2µ
= · × + · × · ;
ds dt ds 2 dt ds dt ds dt 2
mas a segunda parcela do termo da direita é nula, por ser o produto externo
de vectores colineares; assim,
donde
kγ0(t ) × γ00(t )k 2 = (µ 0(t ))6 k γ̃0(s ) × γ̃00(s )k 2 ;
além disso, por ser γ00(t ) = γ̃00(s )(µ 0(t ))2 + γ̃0(s )µ 00(t ), é
γ000(t ) = γ̃000(s )(µ 0(t ))3 + 3γ̃00(s )µ 0(t )µ 00(t ) + γ̃0(s )µ 000(t )
e portanto
! 0 00
0 γ̃00(s ) γ̃ (s )
τ = − γ̃ (s ) × ·
κ(s ) κ(s )
00
γ̃ (s ) γ̃000(s )κ(s ) − γ̃00(s )κ0(s ) γ̃00(s )
!
00 0
= − γ̃ (s ) × + γ̃ (s ) × ·
κ(s ) (κ(s ))2 κ(s )
0 000 00
(γ̃ (s ) × γ̃ (s )) · γ̃ (s ) 0 000 00
(γ̃ (s ) × γ̃ (s )) · γ̃ (s )
=− = −
(κ(s ))2 k γ̃00(s )k 2
e como, por um lado, k γ̃00(s )k 2 = k γ̃0(s ) × γ̃00(s )k 2 (por γ̃0(s ) ser unitário e orto-
gonal a γ̃00(s )) e, por outro, (u×v)·w = −(u×w)·v (para quaisquer u, v, w ∈ R3 )
concluimos finalmente que
M : Rn → Rn
,
P 7→ AP + v
1 CURVAS 32
κ α (s ) = κ β (s ) e τα (s ) = τβ (s ), ∀s ∈I ;
pode ser representada por uma matriz A ortogonal, com det A = 1; sejam v =
β(s0 ) − M (α(s0 )) e
M : Rn → Rn
.
P 7→ AP + v
1d
ktα̃ − t β k 2 + knα̃ − n β k 2 + kbα̃ − b β k 2
2 ds
1d
(tα̃ − t β ) · (tα̃ − t β ) + (nα̃ − n β ) · (nα̃ − n β ) + (bα̃ − b β ) · (bα̃ − b β )
=
2 ds
d tα̃ d t β d nα̃ d n β d bα̃ d b β
! ! !
= (tα̃ − t β ) · − + (nα̃ − n β ) · − + (bα̃ − b β ) · −
ds ds ds ds ds ds
= (tα̃ − t β ) · κ(nα̃ − n β )
−(nα̃ − n β ) · κ(tα̃ − t β ) + (nα̃ − n β ) · τ(bα̃ − b β )
−(bα̃ − b β ) · τ(nα̃ − n β )
= 0;
tM ◦α (s ) = t β (s ), nM ◦α (s ) = n β (s ), bM ◦α (s ) = b β (s ),
mente tα (s0 ) e t β (s0 ) forem não colineares, começamos por fazer uma rotação no plano
htα (s0 ), t β (s0 )i que faça a imagem de tα (s0 ) coincidir com t β (s0 ) (e se tα (s0 ) e t β (s0 ) forem dis-
tintos mas colineares?); a seguir fazemos uma rotação como no caso anterior e consideramos
a composta destas duas rotações.
1 CURVAS 34
d
(M ◦ α − β) = tM ◦α − t β = 0,
ds
como queríamos.
Resumindo o que vimos até agora: duas curvas têm comprimento de arco,
curvatura e torção iguais se e só se são a mesma curva a menos de um mo-
vimento rígido (isto é, se e só se cada uma pode ser obtida a partir da outra
aplicando um movimento rígido).
Para concluirmos que uma curva fica completamente determinada (a me-
nos de um movimento rígido) pelo comprimento de arco, curvatura e torção,
falta apenas ver que dados um parâmetro para ser o comprimento de arco e
duas funções para serem curvatura e torção, existe uma curva com esses ele-
mentos.
Teorema 1.8 (Teorema Fundamental da Teoria Local das Curvas). Dadas fun-
ções κ, τ : I → R de classe C ∞ , com κ(s ) > 0 para todo o s ∈ I , existe uma curva
com uma parametrização por comprimento de arco γ : I → R3 , cuja curvatura
é κ(s ) e cuja torção é τ(s ), para cada s ∈ I . Esta curva é única, a menos de um
movimento rígido.
dt
=κn
ds
dn
=− κt+τb (1)
ds
db
=−τn
ds
d (t · n)
=κn·n− κt·t+τt·b
ds
d (t · b)
=κn·b−τt·n
ds
d (n · b)
=− κt·b+τb·b−τn·n
ds
d (t · t)
= 2κ n · t
ds
d (n · n)
= − 2κ t · n + 2τ b · n
ds
d (b · b)
= − 2τ n · b;
ds
t0 · n0 = t0 · b0 = n0 · b0 = 0, t0 · t0 = n0 · n0 = b0 · b0 = 1
t · n = t · b = n · b = 0, t·t=n·n=b·b=1
1 CURVAS 36
gente unitário é γ0(s ) = t(s ). O vector normal principal é kγγ 00((ss ))k = ktt0((ss ))k =
00 0
κ(s ) n(s )
κ(s ) = n(s ) (por verificar a primeira equação de (1), n ser unitário e κ po-
sitiva). O vector binormal é t(s ) × n(s ) = b(s ) (por (t, n, b) ser ortonormado
com orientação positiva). Por (t(s ), n(s ), b(s )) ser uma solução do sistema (1),
as funções κ(s ) e τ(s ) que lá apareciam (e que são as do enunciado) são a cur-
vatura e a torção desta curva.
Apêndice
Como prometido, vamos demonstrar o resultado seguinte, que foi enunciado
na página 8:
2 Superfícies
2.0 Homeomorfismos
Um conceito muito importante para o que se segue é o de homeomorfismo.
Recordamos que um homeomorfismo entre dois espaços topológicos (ou em
particular entre dois espaços métricos) X e Y é uma aplicação h : X → Y
bijectiva, contínua e tal que a sua inversa h −1 : Y → X é também contínua.
Mas qualquer aplicação é sobrejectiva sobre a sua imagem; isto é, se h :
X → Y for injectiva mas não sobrejectiva, podemos dizer que h : X → h (X ) ⊆
Y é bijectiva. Assim, por abuso de linguagem diremos que uma aplicação
F : U → Rn é um homeomorfismo se for injectiva, contínua e a sua inversa
F −1 : F (U ) → U for também contínua. Dizemos também (sem abuso de lin-
guagem) que U e F (U ) são homeomorfos.
Vejamos três exemplos (um de um homeomorfismo, outro de um não-ho-
meomorfismo e um último de um não-homeomorfismo que pode facilmente
ser transformado num homeomorfismo).
Exemplo 2.1. A aplicação α : R → R2 dada por α(t ) = (t , |t |) é um homeo-
morfismo. A injectividade é imediata (basta reparar que a primeira compo-
nente de α é a função identidade); a continuidade também (tanto a identi-
dade como a função módulo são contínuas); quanto a α −1 ser contínua, basta
reparar que é a restrição ao conjunto α(R) de uma função R2 → R contínua,
nomeadamente a projecção sobre a primeira coordenada (x , y ) 7→ x .
(Parte d)o conjunto α(R) está representado na figura seguinte. Este con-
junto, composto por duas semi-rectas com a mesma origem (0, 0), é portanto
homeomorfo a R.
x
2 SUPERFÍCIES 40
bc
−1 1
O conjunto β(]0, 3π
2 [) está representado na figura acima. Poderíamos pen-
sar que existe uma outra aplicação definida num intervalo de R cuja imagem
é este conjunto e que é um homeomorfismo. Não vamos dar aqui os detalhes
do porquê, mas tal aplicação não existe: este conjunto não é homeomorfo a
nenhum intervalo de R (o problema está na forma de Y perto de (0, 0)).
Exemplo 2.3. A aplicação γ : [0, 2π[ → R2 dada por γ(t ) = (cos t , sen t ) é
também injectiva e contínua, mas não é um homeomorfismo, porque γ −1 não
é contínua em (1, 0): a sucessão dos pontos γ 2π − n1 tende para (1, 0), mas a
sucessão dos valores 2π− n1 não é convergente em [0, 2π[. Podemos facilmente
obter um homeomorfismo a partir de γ, restrigindo o domínio a ]0, 2π[; no
entanto, a imagem deixa de ser a circunferência S1 , e passa a ser S1 \ {(1, 0)}.
Uma circunferência “menos um ponto” é de facto um conjunto homeomorfo
a um intervalo aberto de R, enquanto uma circunferência não é homeomorfa
a um intervalo de R.
R2 → R3 ]0, 2π[×R → R3
e
(u , v ) 7→ (u , |u |, v ) (u , v ) 7→ (cos u , sen u , v )
y z
x x y
3π
]0, 2 [×R → R3 [0, 2π[×R → R3
e
(u , v ) →
7 (cos u , 12 sen 2u , v ) (u , v ) 7→ (cos u , sen u , v )
não são homeomorfimos. Mas aqui é preciso mais cuidado a tirar conclusões
sobre os conjuntos envolvidos: β(]0, 3π
2 [) × R de facto não é homeomorfo a
um subconjunto de R2 ; mas γ([0, 2π[) × R (ou seja, o cilindro de base S1 ) é
homeomorfo a, por exemplo, R2 \ {(0, 0)} — isto porque
R2 \ {(0, 0)} → R3
u v
!
2 2
(u , v ) 7→ √ ,√ , log(u + v )
u2 + v2 u2 + v2
]0, 2π[×] − π2 , π2 [ → R3
(u , v ) 7→ (cos u cos v , sen u cos v , sen v )
x y
σ1 : ]0, 2π[×R → R3
(u , v ) 7→ (cos u , sen u , v )
e
σ2 : ]0, 2π[×] − π2 , π2 [ → R3
(u , v ) 7→ (cos u cos v , sen u cos v , sen v )
são parametrizações de superfície; assim, os conjuntos
S1 × R \ {(1, 0, z ) : z ∈ R} e S2 \ {(x , 0, z ) ∈ R3 : x ≥ 0 e x 2 + z 2 = 1}
σ3 : R2 \ {(0, 0)} → R3
u v
!
2 2
(u , v ) 7→ √ ,√ , log(u + v )
u2 + v2 u2 + v2
R2 → R3
(u , v ) 7→ (u , |u |, v )
]0, 2π[×] − π2 , π2 [ → R3
(u , v ) 7→ (− cos u cos v , sen v , sen u cos v )
x y
dadas por
σ1 (u , v ) = (cos u cos v , sen u cos v , sen v )
e
σ2 (u , v ) = (− cos u cos v , sen v , sen u cos v );
e
σ3 : R2 \ {(0, 0)} → R3
u v ;
!
2 2
(u , v ) 7→ √ ,√ , log(u + v )
u2 + v2 u2 + v2
cada um dos conjuntos
{σ1, σ2 } e {σ3 }
é um atlas do cilindro S1 × R.
Tal como no caso das curvas, não é suficiente pedir que as parametrizações
de superfície sejam diferenciáveis; vamos exigir também que sejam regulares:
∂σ ∂σ
(u 0, v 0 ) × (u 0, v 0 ) , 0,
∂u ∂v
independentes.
Uma superfície diz-se regular se tiver um atlas composto de parametrizações
regulares.
2 SUPERFÍCIES 46
∂σ1
∂u × ∂σ1
∂v = (− sen u cos v , cos u cos v , 0) × (− cos u sen v , − sen u sen v , cos v )
= (cos u cos2 v , sen u cos2 v , sen v cos v )
∂σ2
∂u × ∂σ2
∂v = (sen u cos v , 0, cos u cos v ) × (cos u sen v , cos v , − sen u sen v )
= (− cos u cos2 v , sen v cos v , sen u cos2 v )
(v ∈ ] − π2 , π2 [).
∂σ1 ∂σ1
× = (− sen u , cos u , 0) × (0, 0, 1) = (cos u , sen u , 0) , 0
∂u ∂v
∂σ2 ∂σ2
× = (cos u , − sen u , 0) × (0, 0, 1) = (− sen u , − cos u , 0) , 0
∂u ∂v
x , y , f (x , y ) : (x , y ) ∈ U ,
x , f (x , z ), z : (x , z ) ∈ U e
f (y , z ), y , z : (y , z ) ∈ U
2 SUPERFÍCIES 47
gf : U → R3
(u , v ) →
7
u , v , f (u , v )
S = (x , y , z ) ∈ R3 : f (x , y , z ) = c
S ∩V = x , y , g (x , y ) : (x , y ) ∈ W ;
* x u xv + ;
, y u y v -(u 0, v 0 )
h: V → W
(u , v ) 7→
x (u , v ), y (u , v )
13 Usaremos ∂σ ∂σ ∂ 2 σ ∂ 2 σ
normalmente a notação σu , σv , σuu , σuv , . . . para . . . res-
∂u , ∂v , ∂u 2 , ∂u ∂v ,
pectivamente.
14 Este argumento é análogo à demonstração da proposição 1.1. No entanto é mais simples,
donde
σ̃ũ × σ̃ṽ = (uũ vṽ − vũ uṽ ) (σu × σv ) = Jac Φ (σu × σv )
γ(t ) = σ u (t ), v (t ) .
γ0 = σu u 0 + σv v 0
TS (P ) = hσu , σv i
pois hσ̃ũ , σ̃ṽ i é o espaço ortogonal ao vector σ̃ũ × σ̃ṽ , hσu , σv i é o espaço orto-
gonal ao vector σu × σv e estes dois vectores são colineares, devido à relação
σ̃ũ × σ̃ṽ = Jac (σ −1 ◦ σ̃) (σu × σv ).
Repare também que a regularidade de S (isto é, a independência linear de
σu e σv ) nos garante que TS (P ) tem dimensão 2: é um plano vectorial.
Analogamente à(s) tangente(s) a uma curva num ponto, é natural consi-
derar também o plano afim tangente a S em P :
Mas, para todos os efeitos técnicos, é o espaço vectorial tangente que nos
interessa.
Um dos aspectos técnicos em que é necessário o espaço tangente é a ex-
tensão da noção de diferencial a funções entre superfícies.17
Consideremos duas superfícies S 1 e S 2 , um ponto P ∈ S 1 e uma função
f : S 1 → S 2 para a qual queremos que exista uma diferencial em P , que repre-
sentaremos por dfP . Esta diferencial deve ser uma aplicação linear que dê uma
aproximação da variação de f quando o argumento se afasta “pouco” de P . Re-
pare que acabámos de encontrar uma estrutura linear (o espaço tangente) que
17 Algunsautores falam em derivada (global ou total), em vez de diferencial. Para que não
restem dúvidas: dada uma função f : U ⊆ Rn → Rm e dado um ponto P ∈ Ů , chamamos aqui
diferencial de f em P à aplicação linear dfP : Rn → Rm tal que limH →0 k f (P +H )−kfH(Pk)−dfP (H )k = 0
(se essa aplicação existir).
2 SUPERFÍCIES 53
f ◦ γ = σ2 ◦ (σ2−1 ◦ f ◦ σ1 ) ◦ (σ1−1 ◦ γ)
P w f f (P ) dfP (w)
S1 S2
−→
σ1 ↑ σ2 ↑
σ2−1 ◦ f ◦ σ1
U (u 0, v 0 ) Ũ (ũ 0, ṽ 0 )
−→
Para podermos definir dfP (w) como ( f ◦ γ)0(t0 ), falta vermos que a escolha
particular de γ é irrelevante: se escolhermos outra parametrização de curva
α nas mesmas condições (isto é, α(s0 ) = P e α0(s0 ) = w) teremos o mesmo
resultado (isto é, ( f ◦ α)0(s0 ) = ( f ◦ γ)0(t0 )). De facto, já sabemos que
γ(t ) = σ1 (u γ (t ), v γ (t )) e α(s ) = σ1 (u α (s ), v α (s ))
será
u γ0 (t0 ) = a = u α0 (s 0 ) e v γ0 (t0 ) = b = v α0 (s 0 )
( f ◦ γ)0(t0 ) = σ2ũ (ũu u γ0 (t0 ) + ũv v γ0 (t0 )) + σ2ṽ (ṽu u γ0 (t0 ) + ṽv v γ0 (t0 ))
= σ2ũ (ũu a + ũv b ) + σ2ṽ (ṽu a + ṽv b )
(σ2ũ e σ2ṽ calculadas em (ũ 0, ṽ 0 ) = f˜(u 0, v 0 ); ũu , ũv , ṽu e ṽv calculadas em
(u 0, v 0 )), o que mostra que ( f ◦ γ)0(t0 ) depende de a e b mas não de γ. Repare
ainda que a última igualdade diz que o vector ( f ◦ γ)0(t0 ) ∈ TS 2 ( f (P )) tem, na
base (σ2ũ , σ2ṽ ), coordenadas
ũu ũv + * a + a
(ũu a + ũv b, ṽu a + ṽv b ) = * = J f˜(u 0, v 0 ) * +
, ṽu ṽv - , b - ,b -
dfP : TS 1 (P ) → TS 2 (f (P ))
w 7 → (f ◦ γ)0(t0 )
A discussão acima mostra que dfP é uma aplicação linear cuja matriz, rela-
tivamente às bases (σ1u (u 0, v 0 ), σ1v (u 0, v 0 )) de TS 1 (P ) e (σ2ũ (ũ 0, ṽ 0 ), σ2ṽ (ũ 0, ṽ 0 ))
de TS 2 ( f (P )), é a matriz jacobiana de σ2−1 ◦ f ◦ σ1 em (u 0, v 0 ).
σu × σv
kσu × σv k
ou seja,
N σ̃ (P ) = N σ (P ) se Jac Φ > 0
e
N σ̃ (P ) = −N σ (P ) se Jac Φ < 0.
Definição 2.12. Uma superfície diz-se orientável se tiver um atlas A tal que,
para todas as parametrizações σ : U → R3 , σ̃ : Ũ → R3 em A, para as quais
σ(U ) ∩ σ̃(Ũ ) , ∅, se verifica Jac (σ −1 ◦ σ̃) > 0.
∂σ1 ∂σ1
∂u × ∂v
N σ1 =
∂σ1 ∂σ1
= (cos u cos v , sen u cos v , sen v ) = σ1 (u , v )
∂u × ∂v
e
∂σ2 ∂σ2
∂u × ∂v
N σ2 =
∂σ2 ∂σ2
= (− cos u cos v , sen v , sen u cos v ) = σ2 (u , v )
∂u × ∂v
o que significa que, no caso particular de S2 , podemos definir uma orientação
pela função N S2 tal que N S2 (x , y , z ) = (x , y , z ); e, naturalmente, outra orien-
tação pela função Ñ S2 tal que Ñ S2 (x , y , z ) = (−x , −y , −z ).
ora, para cada t , γ0(t ) é um vector do espaço vectorial TS (γ(t )); vamos exami-
nar a função que a cada w ∈ TS (P ) faz corresponder w · w, uma função muito
útil em vários problemas métricos.
IS, P : TS (P ) → R
.
w 7→ w · w
E = σu · σu F = σu · σv G = σv · σv ,
de forma que
IS, P (σu u 0 + σv v 0) = Eu 02 + 2F u 0v 0 + Gv 02
2 SUPERFÍCIES 59
Iσ : R2 → R
;
(a, b ) 7→ E a + 2F ab + G b 2
2
E F +* a +
IS (σu a + σv b ) = Iσ (a, b ) = (a b ) * .
, F G b
-, -
E F +
Representamos por FIσ a matriz * de Iσ , de forma que, se A = a
,
b
, F G -
˜ ˜
* E F + = ( J Φ)T * E F + J Φ,
˜ ˜
, F G - , F G -
ou seja,
FIσ̃ = ( J Φ)T FIσ J Φ.
2 SUPERFÍCIES 60
Como
(σu · σv )2 = kσu k 2 kσv k 2 cos2 ∠{σu , σv }
e
kσu × σv k 2 = kσu k 2 kσv k 2 sen2 ∠{σu , σv },
temos que
kσu × σv k 2 + (σu · σv )2 = kσu k 2 kσv k 2,
det FI = EG − F 2 = kσu × σv k 2 .
Foi dito acima que a primeira forma fundamental é útil em diversos pro-
blemas métricos — isto porque contém toda a informação sobre o produto
interno em TS (P ); de facto, como
(v + w) · (v + w) = v · v + w · w + 2 v · w,
temos
(v + w) · (v + w) − v · v − w · w
v·w=
2
e portanto, sendo v, w ∈ TS (P ),
aproximação; e tal como então aproximámos esse comprimento por uma so-
ma de comprimentos de segmentos de recta, agora aproximaremos esta área
por uma soma de áreas de paralelogramos. Seja então σ uma parametrização
da porção de superfície, e consideremos quatro pontos dessa porção, da forma
σ(u 0, v 0 ), σ(u 0 + h, v 0 ), σ(u 0, v 0 + k ) e σ(u 0 + h, v 0 + k ) (ou seja, tais que os
seus parâmetros são os vértices do rectângulo [u 0, u 0 + h ] × [v 0, v 0 + k ]20 ); se
os números |h |, |k | forem “muito pequenos”, esses pontos estarão próximos de
ser os vértices de um paralelogramo21 , cuja área será uma aproximação da área
de σ([u 0, u 0 + h ] × [v 0, v 0 + k ])22 ; mas a área de um paralelogramo cujos lados
são (segmentos associados a)os vectores v, w é kvk·kwk·sen ∠{v, w} = kv×wk
logo, neste caso, a área do paralelogramo será
S2 \ {(x , 0, z ) ∈ R3 : x ≥ 0 e x 2 + z 2 = 1},
f : S1 → S2
(0, y , z ) →
7 (cos y , sen y , z )
d (IdS )P = Id TS (P )
d ( g ◦ f )P = dg f (P ) ◦ dfP .
3. Por 1.,
d ( f −1 ◦ f )P = d (IdS 1 )P = Id TS1 (P )
e
d ( f ◦ f −1 )f (P ) = d (IdS 2 )f (P ) = Id TS2 (f (P )) ;
por 2.,
d ( f −1 ◦ f )P = d ( f −1 )f (P ) ◦ dfP
e
d ( f ◦ f −1 )f (P ) = df f −1 (f (P )) ◦ d ( f −1 )f (P ) = dfP ◦ d ( f −1 )f (P ) ;
TV ∩S 1 (P ) → Tf (V ∩S 1 ) ( f (P )) é invertível; mas TV ∩S 1 (P ) = TS 1 (P ) e Tf (V ∩S 1 ) ( f (P )) =
TS 2 ( f (P )).
Reciprocamente, suponhamos que P ∈ S 1 e dfP : TS 1 (P ) → TS 2 (f (P )) é in-
vertível. Sejam σ1 : U → R3 e σ2 : V → R3 parametrizações locais de S 1 e
S 2 , com P = σ1 (u 0, v 0 ) e f (P ) = σ2 (ũ 0, ṽ 0 ). Então a matriz de dfP (numa base
apropriada) é a matriz jacobiana de σ2−1 ◦ f ◦σ1 e, como a primeira é invertível,
podemos aplicar o Teorema da Função Inversa à segunda e concluir que, para
uma certa vizinhança W de (u 0, v 0 ), a função σ2−1 ◦ f ◦ σ1 |W é um difeomor-
F : R3 → R3
(x , y , z ) 7→ ((x + 1) cos y , (x + 1) sen y , z )
2 SUPERFÍCIES 66
0 0 1
Pelo que vimos na secção anterior, é claro que se f for uma isometria local
e v, w ∈ TS 1 (P ),
v · w = dfP (v) · dfP (w).
temos
dfP (w) = ( f ◦ σ)u a + ( f ◦ σ)v b .
σ: R2 → R3
,
(u , v ) 7→ (0, u , v )
a função
f ◦σ : R2 → R3
(u , v ) 7→ (cos u , sen u , v )
não é uma parametrização de S 2 , porque não é injectiva; mas, restringindo o
domínio de σ a qualquer intervalo da forma ]a, a + 2π[ (a ∈ R), f ◦ σ|]a, a +2π[
é uma parametrização local de S 2 e os coeficientes das primeiras formas fun-
damentais de S 1 e S 2 , em pontos P e f (P ), relativamente às parametrizações
σ|]a, a +2π[ e f ◦ σ|]a, a +2π[ são iguais, pois
2 SUPERFÍCIES 69
σu · σu = (0, 1, 0) · (0, 1, 0) = 1 =
= (− sen u , cos u , 0) · (− sen u , cos u , 0) = ( f ◦ σ)u · ( f ◦ σ)u
σu · σv = (0, 1, 0) · (0, 0, 1) = 0 =
= (− sen u , cos u , 0) · (0, 0, 1) = ( f ◦ σ)u · (f ◦ σ)v
σv · σv = (0, 0, 1) · (0, 0, 1) = 1 = (0, 0, 1) · (0, 0, 1) = (f ◦ σ)v · (f ◦ σ)v .
Isto significa, nomeadamente, que se tivermos uma curva no plano y z ,
a sua imagem por f será uma curva no cilindro S 1 × R com o mesmo com-
primento. Mas para tirar a mesma conclusão sobre os respectivos traços é
necessário verificar se f é injectiva no traço da curva inicial: por exemplo, o
segmento de recta de extremos (0, 0, 0) e (0, 3π, 3π), que tem comprimento
√
3 2π, é enviado no traço da curva parametrizada por γ(t ) = (cos t , sen t , t ),
t ∈ [0, 3π] (segmento de uma hélice circular), que tem o mesmo compri-
mento; mas o segmento de extremos (0, 0, 0) e (0, 0, 3π), de comprimento 3π,
é enviado na circunferência S1 × {0} (com uma semi-circunferência percor-
rida duas vezes), de perímetro apenas 2π.
N : S → S2
dNP : TS (P ) → TS (P ).
IIS, P : TS (P ) → R
.
w 7→ −dNP (w) · w
γ0 = σu u 0 + σv v 0
e
(N ◦ γ)0 = (N ◦ σ)u u 0 + (N ◦ σ)v v 0
2 SUPERFÍCIES 71
de forma que
Como σu , σv ∈ TS (P ) e (N ◦ σ)(u 0, v 0 ) = N (P ) ⊥ TS (P ),
(N ◦ σ) · σu = 0 e (N ◦ σ) · σv = 0.
(N ◦ σ)u · σu = − N · σuu ;
(N ◦ σ)v · σu = − N · σuv = (N ◦ σ)u · σv ;
(N ◦ σ)v · σv = − N · σvv .
de forma que
II(w) = II(σu u 0 + σv v 0) = e u 02 + 2 f u 0v 0 + g v 02
IIσ : R2 → R
;
(a, b ) 7→ e a 2 + 2f ab + g b 2
2 SUPERFÍCIES 72
e f +* a +
IIS (σu a + σv b ) = IIσ (a, b ) = (a b ) * .
, f g -, b -
e f +
Representamos por FIIσ a matriz * de IIσ , de forma que, se A = a
,
b
, f g -
π
N
w
P C
nota anterior, γ 0(x ) = (1, 0, zx (x , 0)); mas como γ 0(0) ∈ TS (P ) e este plano tem equação z = 0,
é zx (0, 0) = 0 e γ 0(0) = (1, 0, 0), ou seja γ 0(0) é colinear com o eixo dos x e portanto com w.
2 SUPERFÍCIES 74
κ n (w) = γ00 · N
= (σuu u 02 + σuv u 0v 0 + σu u 00 + σvu u 0v 0 + σvv v 02 + σv v 00) · N
= (σuu · N ) u 02 + 2(σuv · N ) u 0v 0 + (σvv · N ) v 02
= II(σu u 0 + σv v 0)
= II(γ0) = II(−γ0)
w
!
= II .
kwk
{w ∈ TS (P ) : kwk = 1}
* e f +* a +
= λ*
E F +* a +
e Iσ (a, b ) = 1,
, f g -, b - , F G -, b -
ou seja, escrevendo A = a
,
b
FII A = λFI A e AT FI A = 1.
A primeira condição pode ainda ser escrita como (FII − λFI )A = 0, ou ainda,
já que FI é invertível (det FI = EG − F 2 = kσu × σv k 2 , 0),
(FI −1 FII − λ I 2 ) A = 0;
σ : ]0, 2π[×R → R3
(u , v ) 7→ (cos u , sen u , v )
logo, temos
−1
−1 1 0 + * −1 0 + = * −1 0 + .
FI FII = *
, 0 1 - , 0 0 - , 0 0 -
e
t2 = 0 (− sen u , cos u , 0) + 1 (0, 0, 1) = (0, 0, 1)
2 SUPERFÍCIES 77
t1 = a 1 σu + b 1 σv , t2 = a 2 σu + b 2 σv
a
vectores representativos das direcções principais; assim, escrevendo T1 = b1
1
e T2 = ba22 temos
Como
t1 · t2 = (a 1 σu + b 1 σv ) · (a 2 σu + b 2 σv )
= E a 1 a 2 + F (a 1b 2 + a 2b 1 ) + G b 1b 2 = T1T FIT2
T2T FIIT1 = κ 1T2T FIT1 = κ 1 (t2 · t1 ) e T1T FIIT2 = κ 2T1T FIT2 = κ 2 (t1 · t2 ).
Mas tanto T2T FIIT1 , sendo uma matriz 1 × 1 (um número real), como FII são
matrizes simétricas, logo são iguais às suas transpostas, e portanto
ou seja,
κ 1 (t1 · t2 ) = κ 1 (t2 · t1 ) = κ 2 (t1 · t2 ),
e a curvatura média de S em P é
κ1 + κ2
H = .
2
det FII eg − f 2
K = κ 1 κ 2 = det(FI −1 FII ) = = .
det FI EG − F 2
• um ponto parabólico se K = 0 e H , 0;
• um ponto planar se K = H = 0.
25 Mas atenção: um ponto pode ser planar sem que a superfície seja (nem sequer local-
mente) plana — ou seja, sem que a superfície (nem sequer numa vizinhança do ponto) esteja
contida num plano: por exemplo, no cilindro de equação y = x 4 , que pode ser parametrizado
por σ(u , v ) = (u , u 4, v ), os pontos da recta x = 0, y = 0 são planares (exercício).
2 SUPERFÍCIES 81
Nu = a 11 σu + a 21 σv
(2)
Nv = a 12 σu + a 22 σv
e = −a 11 E − a 21 F f = −a 11 F − a 21G
f = −a 12 E − a 22 F g = −a 12 F − a 22G
ou seja,
* e f +
= −*
E F + * a 11 a 12 +
, f g - , F G - , a 21 a 22 -
ou ainda,
−1
* a 11 a 12 + = − * E F + * e f +
, a 21 a 22 - , F G - , f g -
(3)
1 * G −F + * e f +
=− 2
EG − F
, −F E - , f g -
2 SUPERFÍCIES 82
Por outro lado, repare que, em cada ponto σ(u , v ), o terno (σu , σv , N )
forma uma base de R3 . Vamos escrever as derivadas de segunda ordem de
σ nessa base.
1 2
σuu = Γ11 σu + Γ11 σv + λ 1 N
1 2
σuv = Γ12 σu + Γ12 σv + λ 2 N
1 2
σvu = Γ21 σu + Γ21 σv + λ 3 N
1 2
σvv = Γ22 σu + Γ22 σv + λ 4 N
1 2
σuu = Γ11 σu + Γ11 σv + e N
1 2
σuv = σvu = Γ12 σu + Γ12 σv + f N (4)
1 2
σvv = Γ22 σu + Γ22 σv + g N
∂(σu · σu )
Eu = = 2(σuu · σu )
∂u
∂(σu · σv )
Fu = = σuu · σv + σu · σvu
∂u
∂(σu · σu )
Ev = = 2(σuv · σu )
∂v
e portanto
1 1 2 1 2
Eu = σuu · σu = (Γ11 σu + Γ11 σv + e N ) · σu = Γ11 E + Γ11 F
2
1 1 2 1 2
Fu − Ev = σuu · σv = (Γ11 σu + Γ11 σv + e N ) · σv = Γ11 F + Γ11G
2
2 SUPERFÍCIES 83
1 2 1
Γ11 E + Γ11 F = 2 Eu
Γ1 F + Γ2 G = Fu − 1 Ev
11 11 2
1 2 1 1 2 1
Γ12 E + Γ12 F = 2 Ev e Γ22 E + Γ22 F = Fv − 2 G u
Γ1 F + Γ2 G = 1 G u Γ1 F + Γ2 G = 1 G v
12 12 2 22 22 2
(σuu )v = (σuv )u ,
1 1 2 2
(Γ11 )v σu + Γ11 σuv + (Γ11 )v σv + Γ11 σvv + ev N + e Nv =
1 1 2 2
= (Γ12 )u σu + Γ12 σuu + (Γ12 )u σv + Γ12 σvu + fu N + f Nu .
Usando agora (2) e (4) podemos escrever os dois lados desta equação como
combinações lineares de σu , σv e N ; considerando apenas os coeficientes de
σu , temos
1 1 1 2 1 1 1 1 2 1
(Γ11 )v + Γ11 Γ12 + Γ11 Γ22 + e a12 = (Γ12 )u + Γ12 Γ11 + Γ12 Γ12 + f a11
1 2 eg − f 2
e a 12 − f a 11 = − e f G − e g F − f eG + f F = F
EG − F 2 EG − F 2
= FK
2 SUPERFÍCIES 84
e portanto
1 ) + Γ1 Γ1 + Γ2 Γ1 − (Γ1 ) − Γ1 Γ1 − Γ2 Γ1
(Γ12 u 12 11 12 12 11 v 11 12 11 22
K = .
F
Esta fórmula não se destina aqui a ser efectivamente utilizada, mas sim a
mostrar que a curvatura gaussiana pode ser calculada usando apenas os sím-
bolos de Christoffel (e duas das suas derivadas) e um dos coeficientes da pri-
meira forma fundamental — e portanto, em última análise, usando apenas os
coeficientes da primeira forma fundamental. Combinando esta observação
com a proposição 2.7, fica provado o Teorema Egrégio de Gauss:26
2.7 Geodésicas
Nesta última secção vamos apresentar brevemente um tipo de curva que deve
cumprir em cada superfície mais ou menos o mesmo papel que as rectas (e
semi-rectas, e segmentos de recta) cumprem nos planos.28
Já vimos que as rectas são as curvas com curvatura nula. Vamos examinar
a curvatura de uma curva qualquer numa superfície, com vista a caracterizar
as curvas que, num certo sentido, têm curvatura mínima — de maneira que a
sua curvatura se reduz à que é induzida pela curvatura da superfície.
Sejam σ : U → R3 uma parametrização de superfície e γ : I → σ(U ) uma
parametrização por comprimento de arco duma curva em S = σ(U ); recor-
demos que a curvatura dessa curva será κ = kγ00 k. Em cada ponto σ(u 0, v 0 ) =
γ(s0 ), o vector γ0, unitário, será tangente à superfície e o vector N , também
unitário, será normal à superfície; assim, o terno
(γ0, N , γ0 × N )
γ00 = a N + b (γ0 × N ).
28 Noque se segue, onde estiver “rectas” entenda-se “curvas cujos traços são rectas, semi-
rectas ou segmentos de recta”.
2 SUPERFÍCIES 86
κ g = γ00 · (γ0 × N ),
Definição 2.27. Uma geodésica é uma curva cuja curvatura geodésica é cons-
tante nula.
Exemplo 2.23. Num plano, como as curvaturas normais são sempre nulas,
κ g = 0 é equivalente a κ = 0. Isto é, as geodésicas dos planos são as suas
rectas.
2 SUPERFÍCIES 87
Exemplo 2.24. Qualquer recta contida numa superfície é uma geodésica dessa
superfície, pois para ser κ = 0 tem de ser κ n = κ g = 0.
Em particular, uma curva plana (que não seja uma recta) numa superfície
S é uma geodésica de S se e só se o plano que contém o seu traço for ortogonal
ao plano tangente à superfície em todo o ponto da curva.
d 1
(Eu 0 + F v 0) = (Eu u 02 + 2Fu u 0v 0 + G u v 02 )
ds 2
d 1
(F u 0 + Gv 0) = (Ev u 02 + 2Fv u 0v 0 + G v v 02 ).
ds 2
d d d σu
((σu u 0 + σv v 0) · σu ) = (σu u 0 + σv v 0) · σu + (σu u 0 + σv v 0) ·
ds ds ds
00 0 0 0 0
= γ · σu + (σu u + σv v ) · (σuu u + σuv v ),
isto é,
d 1
(Eu 0 + F v 0) = γ00 · σu + (Eu u 02 + 2Fu u 0v 0 + G u v 02 )
ds 2
e portanto
d 1
γ00 · σu = 0 ⇔ (Eu 0 + F v 0) = (Eu u 02 + 2Fu u 0v 0 + G u v 02 ).
ds 2
2 SUPERFÍCIES 89
Analogamente,
d 1
γ00 · σv = 0 ⇔ (F u 0 + Gv 0) = (Ev u 02 + 2Fv u 0v 0 + G v v 02 ).
ds 2
Exemplo 2.27. Como a função f do exemplo 2.18 (pág. 63) é uma isometria
local (v. exemplo 2.20, pág. 68) e as geodésicas dos planos são as suas rectas, as
imagens dessas rectas por f são geodésicas de S1 ×R. É fácil verificar que essas
imagens são as geratrizes do cilindro, as circunferências (secções horizontais
do cilindro) e as hélices contidas no cilindro.
1 02 1 0 0 1 02
u 00 + Γ11 u + 2Γ12 u v + Γ22 v =0
2 02 2 0 0 2 02
v 00 + Γ11 u + 2Γ12 u v + Γ22 v =0
(envolvendo os símbolos de Christoffel) que torna mais visível a sua estrutura como equações
diferenciais em u e v .
30 Única, isto é, a menos de prolongamentos ou segmentos: qualquer segmento de geodé-
sica é ainda uma geodésica e uma geodésica que não seja maximal pode ser prolongada.
2 SUPERFÍCIES 90
31 Uma demonstração pode ser vista em [A Pressley, 1.ª ed., sec. 8.4; 2.ª ed., sec. 9.4]
Referências
[PV Araújo] Paulo Ventura Araújo, Geometria Diferencial, Instituto de Mate-
mática Pura e Aplicada, 1998.
[FR Dias Agudo] F. R. Dias Agudo, Análise Real, vol. II, Escolar Editora, 1990.
As figuras das páginas 41, 42, 44, 53, 73 e 74 foram desenhadas com o programa
Geogebra.
As superfícies das páginas 57, 79 e 80 foram desenhadas com o programa 3D-
XplorMath-J.
As outras figuras foram desenhadas com comandos de PSTricks em LATEX(com
alguma ajuda do Geogebra).
CONTEÚDO 92
Conteúdo
1 Curvas 1
1.0 Continuidade e derivação de funções vectoriais . . . . . . . . . 1
1.1 Definições iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Tangentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Comprimento de arco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4 Curvatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.5 Triedro de Frenet; torção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.6 Movimentos rígidos; teorema fundamental da teoria local das
curvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Apêndice (demonstração da proposição 1.1) . . . . . . . . . . . . . . 36
2 Superfícies 39
2.0 Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.1 Definições iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2 Espaço tangente; diferenciabilidade; orientação . . . . . . . . 50
2.3 Primeira forma fundamental; comprimento e área . . . . . . . 58
2.4 Difeomorfismos e isometrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.5 Segunda forma fundamental; curvatura . . . . . . . . . . . . . 69
2.6 Teorema Egrégio de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2.7 Geodésicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85