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THE OPEN LOGIC TEXT

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Open Logic Project

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the Open Logic Project
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ative Commons Attribu-
tion 4.0 International Li-
cense.
Sumário

I Lógica de Primeira-ordem 4

1 Sintaxe e Semântica 6
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Linguagens de Primeira-Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Termos e Fórmulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4 Leitura única . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.5 Operador principal de uma fórmula . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.6 Subfórmulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.7 Variáveis Livres e Sentenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.8 Substtituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.9 Estruturas para as Linguagens de Primeira-ordem . . . . . . . 18
1.10 Estrutura Coberta para Linguagens de Primeira-ordem . . . . . 20
1.11 A Satisfação de uma Fórmula em uma Estrutura . . . . . . . . . 21
1.12 Atribuição de variáveis (Valorações) . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.13 Extensionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.14 Noções Semânticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Problems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2 Teorias e Seus Modelos 34


2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2 Expressando Propriedades de Estruturas . . . . . . . . . . . . . 36
2.3 Examplos de Teorias de Primeira-ordem . . . . . . . . . . . . . 37
2.4 Expressando Relações em Estruturas . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.5 A teoria dos Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.6 Expressando o Tamanho de um Estrutura . . . . . . . . . . . . 43
Problems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3 Sistemas de Derivação 46
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2 Dedução Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.3 Derivação Axiomática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.4 Tableaux . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.5 O Cálculo de Sequentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

1
SUMÁRIO

4 Dedução Natural 54
4.1 Regras e Derivações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.2 Regra Proposicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.3 Regras com Quantificadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.4 Derivações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.5 Exemplos de Derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.6 Derivations with Quantifiers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.7 Noções Teóricas de Prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.8 Derivabilidade e Consistência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.9 Derivabilidade e Conectivos Proposicionais . . . . . . . . . . . 69
4.10 Derivability and the Quantifiers . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.11 Corretude (Correção) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.12 Derivations with Identity predicate . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.13 Soundness with Identity predicate . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Problems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

Referências Bibliográficas 78

2 Release: (None) ((None))


SUMÁRIO

This file loads all content included in the Open Logic Project. Editorial
notes like this, if displayed, indicate that the file was compiled without
any thought to how this material will be presented. If you can read this,
it is probably not advisable to teach or study from this PDF.
The Open Logic Project provides many mechanisms by which a text
can be generate which is more appropriate for teaching or self-study. For
instance, by default, the text will make all logical operators primitives and
carry out all cases for all operators in proofs. But it is much better to leave
some of these cases as exercises. The Open Logic Project is also a work
in progress. In an effort to stimulate collaboration and improvemenent,
material is included even if it is only in draft form, is missing exercises,
etc. A PDF produced for acourse will exclude these sections.
To find PDFs more suitable for teaching and studying, have a look at
the sample courses available on the OLP website. To make your own,
you might start from the sample driver file or look at the sources of the
derived textbooks for more fancy and advanced examples.

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Parte I

Lógica de Primeira-ordem

4
SUMÁRIO

This part covers the metatheory of first-order logic through complete-


ness. Currently it does not rely on a separate treatment of propositional
logic; everything is proved. The source files will exclude the material on
quantifiers (and replace “structure” with “valuation”, M with v, etc.) if
the “FOL” tag is false. In fact, most of the material in the part on propo-
sitional logic is simply the first-order material with the “FOL” tag turned
off.
If the part on propositional logic is included, this results in a lot of re-
petition. It is planned, however, to make it possible to let this part take
into account the material on propositional logic (and exclude the material
already covered, as well as shorten proofs with references to the respec-
tive places in the propositional part).
Currently four different proof systems are offered as alternatives, se-
quent calculus, natural deduction, signed tableaux, and axiomatic proofs.
This part still needs an introduction (issue #69).

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Capítulo 1

Sintaxe e Semântica

1.1 Introdução
Para desenvolver uma teoria e uma meta-teoria da lógica de primeira-ordem,
nós devemos primeiro definit a sintaxe e a semântica das suas expressões. As
expressões da lógica de primeira-ordem são termos e fórmulas. Os termos
são formados por variáveis, constantes e funções. As fórmulas, por sua vez,
são formadas a partir de predicados juntamente com termos (esses formam
as menores, “fórmulas atômicas”), e então, a partir das fórmulas atômicas,
nós podemos formas as mais complexas usando conectivos e quantificadores
lógicos. Existe diferentes formas de estabelecer as regras de formação; nós
daremos apenas uma das possíveis. Outros sistemas irão escolher diferentes
símbolos, irão selecionas diferentes conjuntos de conectivos como primitivos,
irão usar parênteses diferentemente (ou mesmo de nenhuma forma, como é
o caso da notação polonesa). O quê todas as abordagens têm em comum, en-
tão, é que as regras de formação definem um conjunto de termos e fórmulas
indutivamente. Se feito da forma correta, toda expressão pode resultar essen-
cialmente em uma maneira de acordo com as regras de formação. A defini-
ção indutiva resultando em expressão que possuem leitura única significa que
podemos fornecer significados a essas expressões usando o mesmo método—
definições indutivas.
Fornecer o significado de expressões é o domínio da semântica. O conceito
central em semântica é o da satisfação em uma estrutura. Uma estrutura dá
sentido aos tijolos da linguagem: um domínio é um conjunto não vazio de ob-
jetos. os quantificadores são interpretados sobre esse domínio, constantes são
elementos marcados nesse mesmo domínio, as funções são funções assinala-
das do domínio para o memo domínio, e os predicados são relções assinaladas
no domínio. O domínio juntamente com as atribuições ao vocabulário básico
constitue uma estrutura. As variáveis podem aparecerem fórmulas, e para
dar uma semântica, nós também precisamos atribuir elementos do domínio à
elas—isso é uma atribuição das variáveis (uma valoração). A relação de satis-

6
1.2. LINGUAGENS DE PRIMEIRA-ORDEM

fação, finalmente, junta esses elementos. Uma fórmula pode ser satisfeita por
uma estrutura M com respeito a uma valoração s, escrito como M, s  ϕ. Essa
relação é também definida por indução na estrutura de ϕ, usando as tabelas de
valores verdade para os conectivos lógicos para definir, digamos, a atisfação
de ϕ ∧ ψ em termos da satisfação (ou não) de ϕ e ψ. Temos então que a atri-
buição das variáveis é irrelevante se a fórmula ϕ for uma sentença, i.e., não
possuir variáveis livres, e então podemos simplesmente falar que sentenças
são satisfeitas (ou não) em estruturas.
Com base na relação de satisfação para sentenças M  ϕ, nós podemos
definir as noções semânticas básicas de validade, consequência, e satisfatibili-
dade. Uma sentença é válida,  ϕ, se toda estrutura a satisfaz. Ela será acarre-
tada por um conjunto de sentenças, Γ  ϕ, se toda estrutura que satisfaz todas
as sentenças em Γ também satisfazem ϕ. E, um conjunto de sentenças é satis-
fatível se alguma estrutura satisfaz todas as sentenças nele ao mesmo tempo.
Dado que fórmulas são indutivamente definidas, e a satisfação é, por sua vez,
definida por indução na estrutura das fórmulas, nós podemos usar a indu-
ção para provar propriedades das nossas noções semânticas e relacionadas à
semântica.

1.2 Linguagens de Primeira-Ordem


Expressões em lógica de primeira-ordem são construídas a partir de um vo-
cabulário básico contendo variáveis, constantes, predicados e algumas vezes fun-
ções. Delas, juntamente com os conectivos lógicos, quantificadores e símbolos
de pontuação tais como parênteses e vírgulas, termos e fórmulas são formados.
Informalmente, predicados são nomes de propriedades e relações, cons-
tantes são nomes de objetos individuais, e funções são nomes para mapea-
mentos. Esses, exceto pela identidade =, são os símbolos não lógicos e juntos
formam umalinguagem. Qualquer linguagem de primeira-ordem L é deter-
minada por seus símbolos não lógicos. No caso mais geral, L contém uma
infinitos símbolos de cada tipo.
No caso geral, nós iremos usar os seguintes símbolos na lógica de primeira-
ordem:

1. Símbolos lógicos

a) conectivos lógicos: ¬ (negação), ∧ (conjunção), ∨ (disjunção), →


(condicional), ↔ (bicondicional), ∀ (quantificador universal), ∃ (quan-
tificador existencial).
b) A constante proposicional para a falsidade ⊥.
c) A constante proposicional para a verdade >.
d) O símbolo da identidade =.
e) Um conjunto enumerável de variáveis: v0 , v1 , v2 , . . .

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CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

2. Símbolos não-lógicos, formam a linguagem padrão da lógica de primeira-


ordem

a) Um conjunto enumerável de predicados n-place para cada n > 0:


A0n , A1n , A2n , . . .
b) Um conjunto enumerável de constantes: c0 , c1 , c2 , . . . .
c) Um conjunto enumerável de funções n-place para cada n > 0: f0n ,
f1n , f2n , . . .

3. símbolos de pontuação: (, ), e a vírgula.

A maioria das nossas definições e resultados irão ser formulados para a


linguagem de primeira-ordem padrão completa. Entretanto, dependendo da
aplicação, nós poderemos também restringir a linguagem a somente alguns
poucos predicados, constantes e funções.

Example 1.1. A linguagem L A da Aritmética contém of único predicado biná-


rio <, uma única constante , uma função unária 0, e duas funções binárias +
e ×.

Example 1.2. A linguagem da teoria dos conjuntos L Z contém somente o


único predicado binário ∈.

Example 1.3. A linguagem das ordens L≤ contém somente o predicado biná-


rio ≤.

Mais uma vez, essas são convenções: oficialmente, esses são somente más-
caras, e.g., <, ∈, e ≤ são máscaras para A20 ,  for c0 , 0 para f01 , + para f02 , ×
para f12 .
Você pode estar familiarizado com uma terminologia diferente e símbolos
diferente daqueles que definimos acima. Textos lógicos (e professores) comu-
mente usam tanto ∼, ¬, e ! para a “negação”, ∧, ·, e & para “conjunção”. Co-
mumente usamos símbolos para o “condicional” ou “implicação” são →, ⇒,
e ⊃. Símbolos para “bicondicional,” “bi-implicação,” ou “equivalência (mate-
rial)” são ↔, ⇔, e ≡. O símbolo ⊥ é variavelmente chamado de “falsidade,”
“falsum,”, “absurdo,”, ou “bottom.” O símbolo > é variavelmente chamado
“verdade,” “verum,”, ou “top.”
É convencionado usar letras em caixa baixa (e.g., a, b, c) a partir do início
do alfabeto latino para constantes (por vezes chamados de nomes), e letras
de caixa baixa a partir do final (e.g., x, y, z) para as variáveis. Quantificado-
res combinam com variáveis, e.g., x; variaçoes notacionais incluem ∀ x, (∀ x ),
( x ), Πx, x para o quantificador universal e ∃ x, (∃ x ), ( Ex ), Σx, x para o
V W

quantificador existencial.
Nós podemos tratar todos os operadores proposicionais e ambos os quan-
tificadores como símbolos primitivos da linguagem. Nós poderíamos ao con-
trário escolher um pequeno estoque de símbolos primitivos e tratar os outros

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1.3. TERMOS E FÓRMULAS

operadores como definidas. Conjuntos “funcionalmente completos” de ope-


radores Booleanos incluem {¬, ∨}, {¬, ∧}, e {¬, →}—estes podem ser combi-
nados com qualquer um dos quantificadores para um linguagem de primeira
ordem expressivamente completa.
Você pode estar familiarizado com dois outros operadores: a “barra de
Sheffer” | (nomeado após Henry Sheffer), e a “flecha de Peirce” ↓, também
conhecida como adaga de Quine. Quando dada suas leituras do “nand” e
“nor” (respectivamente), esses operadores são funcionalmente completos por
ele mesmos.

1.3 Termos e Fórmulas


Uma vez que uma linguagem de primeira-ordem L é dada, nós podemos de-
finir expressões construídas a partir do vocabulário básico de L. Isso inclui,
em particular, termos e fórmulas.

Definition 1.4 (Termos). O conjunto dos termos Trm(L) de L é definido indu-


tivamente por:

1. Toda variável é um termo.

2. Toda constante de L é um termo.

3. Se f é uma função n-ária e t1 , . . . , tn são termos, então f (t1 , . . . , tn ) é um


termo.

4. Nada mais é um termo.

Um termo sem variáveis é um termo fechado.

As constantes aparecem na nossa especificação da linguagem e dos termos


como uma categoria especialde símbolos, mas elas podem ser incluídas como
funções 0-árias. Nós poderíamos fazer isso então sem a segunda cláusula na
definição de termos. Nós apenas temos que entender f (t1 , . . . , tn ) somente
como f por ele mesmo, se n = 0.

Definition 1.5 (Fórmula). O conjunto das fórmulas Frm(L) da linguagem L é


definido indutivamente como segue:

1. ⊥ é uma fórmula atômica.

2. > é uma fórmula atômica.

3. Se R é um predicado n-ário de L e t1 , . . . , tn são termos de L, então


R(t1 , . . . , tn ) é uma fórmula atômica.

4. Se t1 e t2 são termos de L, então =(t1 , t2 ) é uma fórmula atômica.

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CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

5. Se ϕ é uma fórmula, então ¬ ϕ é uma fórmula.

6. Se ϕ e ψ são fórmulas, então ( ϕ ∧ ψ) é uma fórmula.

7. Se ϕ e ψ são fórmulas, então ( ϕ ∨ ψ) é uma fórmula.

8. Se ϕ e ψ são fórmulas, então ( ϕ → ψ) é uma fórmula.

9. Se ϕ e ψ são fórmulas, então ( ϕ ↔ ψ) é uma fórmula.

10. Se ϕ é uma fórmula e x é uma variável, então ∀ x ϕ é uma fórmula.

11. Se ϕ é uma fórmula e x é uma variável, então ∃ x ϕ é uma fórmula.

12. Nada mais é uma fórmula.

As definições de conjunto de termos e o de fórmulas são definições induti-


vas. Essencialmente, nós construímos o conjunto de fórmulas em um número
infinitos de estágios. No estágio inicial, nós declaramos todas as fórmula atô-
micas como fórmulas; isso corresponde aos primeiros casos da definição, i.e.,
os casos para >, ⊥, R(t1 , . . . , tn ) e =(t1 , t2 ). “Fórmula atômica” significa qual-
quer fórmula dessa forma.
Os outros casos da definição fornece regras para a construção de novas fór-
mulas além das fórmulas já construídas. No segundo estágio, nós podemos
usá-los para construir fórmulas além das fórmulas atômicas. No terceiro está-
gio, nós construímos novas fórmulas a partir das fórmulas atômicas e aquelas
obtidas no segundo estágio, assim por diante. Uma fórmula é qualquer coisa
eventualmente construída nesse estágio, e nada mais.
Por conveção, nós escrevemos = entre seus argumentos e deixamos de fora
os parênteses: t1 = t2 é uma abreviação para =(t1 , t2 ). Mais ainda, ¬=(t1 , t2 )
é abreviado como t1 6= t2 . Ao escrever a fórmula (ψ ∗ χ) construída apartir
de ψ, χ usando um conectivo binário ∗, nós iremos deixar de fora o par de
parênteses mais externo e escreveremos simplesmente ψ ∗ χ.
Alguns textos de lógica requerem que a variável x deve ocorrer em ϕ para
quê ∃ x ϕ e ∀ x ϕ contem como fórmulas. Nada de ruim ocorrerá se você não
impusser essa regra, e as coisas ficarão mais fáceis.
Se trabalharmos para uma linguagem em uma aplicação específica, nós
iremos com frequência escrever predicados e funções binárias entre os respec-
tivos termos, e.g., t1 < t2 e (t1 + t2 ) na linguagem da aritmética e t1 ∈ t2 na lin-
guagem da teoria dos conjuntos. A função sucessor na linguagem da aritmé-
tica é escrita convencionalmente depois dos seus argumentos: t0 . Oficialmente,
entretanto essas são somente abreviações convencionais para A20 (t1 , t2 ), f02 (t1 , t2 ),
A20 (t1 , t2 ) e f 01 (t), respectivamente.

Definition 1.6 (Identidade sintática). O símbolo ≡ expressa identidade sintá-


tica entre sequências de símbolos (strings), i.e., ϕ ≡ ψ sse ϕ e ψ são strings de
mesmo comprimento e que contém o mesmo símbolo em cada posição.

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1.4. LEITURA ÚNICA

O símbolo ≡ pode ser ladeado por strings obtidad por concatenação, e.g.,
ϕ ≡ (ψ ∨ χ) significa:: a string de símbolos ϕ é a mesma string que a ob-
tida pela concatenação de uma parênteses aberto, a string ψ, o símbolo ∨, a
string χ, e um parênteses fechado, nessa ordem. Se esse é o caso, então nós sa-
bemos que o primeiro símbolo de ϕ é um parênteses aberto, ϕ contém ψ como
substring (começando no segundo símbolo), essa substring é seguida por ∨,
etc.

1.4 Leitura única


A maneira que definimos as fórmulas garante que toda fórmula tem uma lei-
tura única, i.e., existe essencialmente somente uma maneira de construí-la de
acordo com as nossas regrasde formação para fórmulas e somente uma ma-
neira de “interpretá-las”. Se não for assim, nós teríamos fórmulas ambíguas,
i.e., fórmulas que têm mais de uma leitura ou interpretação—e que claramente
é algo que gostaríamos de evitar. Mas, mais importante, sem essa proprie-
dade, a maioria das definições e provas que nós iremos fornecer não segui-
riam.
Talvez a melhor maneira de tornar isso claro é ver o que aconteceria se
nós déssemos más regras para formação de fórmulas que não garantiriam a
leitura úbica. Por exemplo, nós poderíaos esquecer os prênteses nas regras de
formação para os conectivos, e.g., nós poderíamos ter permitido isso:

Se ϕ e ψ são fórmulas, então também será ϕ → ψ.

Começando de uma fórmula atômica θ, isso nos permitiria formar θ → θ. A


partir disso, junto com θ, nós teríamos θ → θ → θ. Mas, existem duas maneiras
de fazê-lo:

1. Tomamos θ para ser ϕ e θ → θ para ser ψ.

2. Tomamos ϕ para ser θ → θ e ψ é θ.

Correpondentemente, existem duas maneiras de “ler” a fórmula θ → θ → θ. É


da forma ψ → χ onde ψ é θ e χ é θ → θ, mas também é da forma ψ → χ com ψ
sendo θ → θ e χ sendo θ.
Se isso acontece, nossas definições nem sempre irão funcionar. Por exem-
plo, quando nós definimos o operador principal da fórmula, nós dizemos: em
uma fórmula da forma ψ → χ, o operador principal é a ocorrência indicada
de →. Mas, se nós pudéssemos emparelhar a fórmula θ → θ → θ com ψ → χ
nas duas maneiras diferentes mencionadas acima, então em um caso nós te-
ríamos a primeira ocorrência de → como o operador principal, e no segundo
caso a segunda ocorrência. Mas pretendemos que o operador principal seja a
função da fórmula, i.e., toda fórmula deve ter exatamente uma ocorrência de
operador principal.

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CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

Lemma 1.7. O número de parênteses à esquerda e à direita em uma fórmula ϕ são


iguais.

Demonstração. Prove isto por indução na maneira em que ϕ é construído. Isso


requer duas coisas: (a) Nós temos que provar primeiro que todas as fórmu-
las atômicas têm a propriedade em questão (a base da indução). (b) Então,
nós temos que provar que, quando nós construímos novas fórmulas além das
fórmulas dadas, as novas fórmulas têm a propriedade desde que as antigas
tenham.
Seja o número de parênteses a esquerdas l ( ϕ), e r ( ϕ) o número de parên-
teses a direita em ϕ, e l (t) e r (t) similarmente o número de parênteses a es-
querda e a direita em um termo t. Nós deixamos a prova que, para qualquer
termo t, l (t) = r (t) como exercício.

1. ϕ ≡ ⊥: ϕ tem 0 parênteses à esquerda e à direita.

2. ϕ ≡ >: ϕ tem 0 parênteses à esquerda e à direita.

3. ϕ ≡ R(t1 , . . . , tn ): l ( ϕ) = 1 + l (t1 ) + · · · + l (tn ) = 1 + r (t1 ) + · · · +


r (tn ) = r ( ϕ). Aqui, nós fazemos uso do fato, deixado como exercício,
que l (t) = r (t) para qualquer termo t.

4. ϕ ≡ t1 = t2 : l ( ϕ) = l (t1 ) + l (t2 ) = r (t1 ) + r (t2 ) = r ( ϕ).

5. ϕ ≡ ¬ψ: Por hipótese de indução, l (ψ) = r (ψ). Logo, l ( ϕ) = l (ψ) =


r ( ψ ) = r ( ϕ ).

6. ϕ ≡ (ψ ∗ χ): Por hipótese de indução, l (ψ) = r (ψ) e l (χ) = r (χ). Logo,


l ( ϕ ) = 1 + l ( ψ ) + l ( χ ) = 1 + r ( ψ ) + r ( χ ) = r ( ϕ ).

7. ϕ ≡ ∀ x ψ: Por hipótese de indução, l (ψ) = r (ψ). Logo, l ( ϕ) = l (ψ) =


r ( ψ ) = r ( ϕ ).

8. ϕ ≡ ∃ x ψ: Similarmente.

Definition 1.8 (Proper prefix). Uma string de símbolos ψ é um prefixo próprio


de uma string de símbolos ϕ se, concatenando ψ e uma string não vazia de sí
mbolos, chegamos em ϕ.

Lemma 1.9. Se ϕ é uma fórmula, e ψ é um prefixo próprio de ϕ, então ψ não é uma


fórmula.

Demonstração. Exercício.

Proposition 1.10. Se ϕ é uma fórmula atômica, então satisfaz uma e somente uma
das seguintes condições.

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1.4. LEITURA ÚNICA

1. ϕ ≡ ⊥.

2. ϕ ≡ >.

3. ϕ ≡ R(t1 , . . . , tn ) onde R é um predicado n-ário, t1 , . . . , tn são termos, e cada


R, t1 , . . . , tn é unicamente determinado.

4. ϕ ≡ t1 = t2 onde t1 e t2 são termos unicamente determinados.

Proposition 1.11 (Leitura Única). Toda fórmula satisfaz uma e somente uma das
seguintes condições.

1. ϕ é atômica.

2. ϕ é da forma ¬ψ.

3. ϕ é da forma (ψ ∧ χ).

4. ϕ é da forma (ψ ∨ χ).

5. ϕ é da forma (ψ → χ).

6. ϕ é da forma (ψ ↔ χ).

7. ϕ é da forma ∀ x ψ.

8. ϕ é da forma ∃ x ψ.

Mais ainda, em cada caso ψ, ou ψ e χ, são unicamente determinados. Isso significa


que, e.g., não existem pares diferentes ψ, χ e ψ0 , χ0 tal que ϕ é tanto da forma (ψ → χ)
e ( ψ 0 → χ 0 ).

Demonstração. As regras de formação requerem que se uma fórmula não é


atômica, deve começar com um parênteses aberto (, ¬, ou com um quantifica-
dor. Por outro lado, toda fórmula que começa com um dos seguintes símbolos
deve ser atômico: um predicado, uma função, uma constante, ⊥, >.
Então, nós devemos somente mostrar que, se ϕ é da forma (ψ ∗ χ) e tam-
bém da forma (ψ0 ∗0 χ0 ), então ψ ≡ ψ0 , χ ≡ χ0 , e ∗ = ∗0 .
Então, suponha ambos ϕ ≡ (ψ ∗ χ) e ϕ ≡ (ψ0 ∗0 χ0 ). Logo, ou ψ ≡ ψ0 ou
não. Se é isso, claramente ∗ = ∗0 e χ ≡ χ0 , dados que eles são substrings de
ϕ que começam no mesmo lugar e são do mesmo tamanho. O outro caso é
ψ 6≡ ψ0 . Dado que ψ e ψ0 são ambos substrings de ϕ que começam no mesmo
lugar, uma deve ser um prefixo próprio do outro. Mas, isso é impossível por
Lemma 1.9.

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CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

1.5 Operador principal de uma fórmula


Por vezes, é útil falar sobre o último operador usado na construção de uma fór-
mula ϕ. Esse operador é chamado de operador principal de ϕ. Intuitivamente,
esse é o operador mais externo de ϕ. Por exemplo, o operador principal de
¬ ϕ é ¬, o operador principal de ( ϕ ∨ ψ) é ∨, etc.
Definition 1.12 (Operador principal). O operador principal de uma fórmula ϕ
é definido como segue:
1. ϕ is atomic: ϕ não tem operador principal.

2. ϕ ≡ ¬ψ: o operador principal de ϕ é ¬.

3. ϕ ≡ (ψ ∧ χ): o operador principal de ϕ é ∧.

4. ϕ ≡ (ψ ∨ χ): o operador principal de ϕ é ∨.

5. ϕ ≡ (ψ → χ): o operador principal de ϕ é →.

6. ϕ ≡ (ψ ↔ χ): o operador principal de ϕ é ↔.

7. ϕ ≡ ∀ x ψ: o operador principal de ϕ é ∀.

8. ϕ ≡ ∃ x ψ: o operador principal de ϕ é ∃.
Em cada caso, pretendemos a indicação específica da ocorrência do opera-
dor principal na fórmula. Por exemplo, dado que a fórmula ((θ → α) → (α →
θ )) éda forma (ψ → χ) onde ψ é (θ → α) e χ é (α → θ ), a segunda ocorrência
de → é o operador principal.
Esse é uma definição recursiva de uma função que mapeia todas as fórmu-
las não atômicas à ocorrência do operador principal dela. Pelo fato das fór-
mulas serem definidas indutivamente, toda fórmula ϕ satisfaz um dos casos
em Definition 1.12.
Isso garante que para cada fórmula não-atômica ϕ um operador principal
existe. Pelo fato que cada fórmula satisfaz somente uma dessas condições, e
porque as fórmula menores das quais ϕ é construídais são determinadas de
forma única em cada caso, a ocorrência do operador principal de ϕ é única, e
por isso definimos uma função.
Nós chamamos as fórmulas pelos seguintes nomes dependendo em que
símbolo o operador principal está:

1.6 Subfórmulas
Com frequência, é útil falar em fórmulas que constroem uma dada fórmula.
Nós chamamos essas fórmulas de subfórmulas. Qualquer fórmula conta como
subfórmula de si mesma; uma subfórmula de ϕ diferente de ϕ é uma subfór-
mula própria.

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1.6. SUBFÓRMULAS

Operador principal Tipo de fórmula Exemplo


nenhuma fórmula atômica ⊥, >, R ( t1 , . . . , t n ), t1 = t2
¬ negação ¬ϕ
∧ conjunção ( ϕ ∧ ψ)
∨ disjunção ( ϕ ∨ ψ)
→ condicional ( ϕ → ψ)
∀ fórmula universal ∀x ϕ
∃ fórmula existential ∃x ϕ

Definition 1.13 (Subfórmulas Imediatas). Se ϕ é uma fórmula, as subfórmulas


imediatas de ϕ são definidas indutivamente como segue:

1. Fórmulas atômicas não possuem subfórmulas imediatas.

2. ϕ ≡ ¬ψ: A única subfórmula imediata de ϕ é ψ.

3. ϕ ≡ (ψ ∗ χ): As subfórmulas imediatas de ϕ são ψ e χ (∗ é qualquer dos


conectivos binários).

4. ϕ ≡ ∀ x ψ: A única subfórmula imediata de ϕ é ψ.

5. ϕ ≡ ∃ x ψ: A única subfórmula imediata de ϕ é ψ.

Definition 1.14 (Subfórmula Própria). Se ϕ é uma fórmula, as subfórmulas pró-


prias de ϕ são recursivamente definidas como:

1. Fórmulas atômicas não possuem subfórmulas.

2. ϕ ≡ ¬ψ: As subfórmulas próprias de ϕ são ψ junto com todas as sub-


fórmulas próprias de ψ.

3. ϕ ≡ (ψ ∗ χ): As subfórmulas próprias de ϕ são ψ, χ, junto com todas as


subfórmulas próprias de ψ e aquelas de χ.

4. ϕ ≡ ∀ x ψ: As subfórmulas próprias de ϕ são ψ junto com todas as


subfórmulas próprias de ψ.

5. ϕ ≡ ∃ x ψ: As subfórmulas próprias de ϕ são ψ junto com todas as


subfórmulas próprias de ψ.

Definition 1.15 (Subfórmula). As subfórmulas de ϕ são ϕ, ele mesmo, junta-


mente com todas as suas subfórmulas próprias.

Observe a diferença sutil em como nós definimos subfórmulas imediatas


e subfórmulas próprias. No primeiro caso, nós diretamente definimos as sub-
fórmulas imediatas de uma fórmula ϕ para cada possível forma de ϕ. É uma
definição por casos explícita, e os casos espelham a definição indutiva do con-
junto das fórmulas. No segundo caso, nós também espelhamos a maneira

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CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

como o conjunto de todas as fórmulas é definido, mas, em cada caso, nós


também incluímos as fórmulas próprias de fórmulas menores ψ, χ adicional-
mente a essas mesmas fórmulas. Isso faz a definição ser recursiva. Em geral,
a definição de uma função em um conjunto indutivamente definido (no caso,
as fórmulas) é recursivo se os casos na definição da função faz uso de própria
função. Para ser bem definido, nós devemos ter certeza, entretanto que nós
somente usamos os valores da função para argumentos que aparecem “an-
tes” daqueles que estamos definindo—no nosso caso, quando estivermos defi-
nindo “subfórmulas próprias” para (ψ ∗ χ) nós somente usamos subfórmulas
próprias das subfórmulas anteriores ψ e χ.

1.7 Variáveis Livres e Sentenças


Definition 1.16 (Ocorrência livre de variáveis). As ocorrências livres de uma
variável em uma fórmula são definidas indutivamente como segue:

1. ϕ is atomic: toda as ocorrências de variáveis em ϕ são livre.

2. ϕ ≡ ¬ψ: as ocorrências de variáveis livres de ϕ são exatamente aquelas


de ψ.

3. ϕ ≡ (ψ ∗ χ): as ocorrências de variáveis livres de ϕ são aquelas em ψ


juntamente com aquelas em χ.

4. ϕ ≡ ∀ x ψ: as ocorrências de variáveis livres de ϕ são todas aquelas


em ψ exceto para as ocorrências de x.

5. ϕ ≡ ∃ x ψ: as ocorrências de variáveis livres de ϕ são todas aquelas


em ψ exceto para as ocorrências de x.

Definition 1.17 (Variáveis ligadas). Uma ocorrência de uma variável de uma


fórmula ϕ é ligada se ela não é livre.

Definition 1.18 (Escopo). Se ∀ x ψ é uma ocorrência de uma subfórmula em


uma fórmula ϕ, então a ocorrência correspondente de ψ em ϕ é chamada de
escopo da ocorrência correspondentete de ∀ x. Similarmente para ∃ x.
Se ψ é o escopo de uma ocorrência de um quantificador ∀ x ou ∃ x em ϕ,
então todas as ocorrências de x que são livres em ψ são ditas ligadas pela ocor-
rência do quantificador mencionado.

Example 1.19. Considere a seguinte fórmula:

∃v0 A20 (v0 , v1 )


| {z }
ψ

ψ representa o escopo de ∃v0 . O quantificador liga a ocorrência de v0 em ψ,


mas não liga a ocorrência de v1 . Logo v1 é uma variável livre nesse caso.

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1.8. SUBSTTITUIÇÃO

Nós agora podemos ver como isso pode funcionar em uma fórmula mais
complicada ϕ:

θ
z }| {
∀v0 (A10 (v0 ) → A20 (v0 , v1 )) →∃v1 (A21 (v0 , v1 ) ∨ ∀v0 ¬A11 (v0 ))
| {z } | {z }
ψ χ

ψ está no escopo do primeiro ∀v0 , χ está no escopo de ∃v1 , e θ está no escopo


do segundo ∀v0 . O primeiro ∀v0 liga as ocorrência de v0 em ψ, ∃v1 a ocorrência
de v1 em χ, e o segundo ∀v0 liga a ocorrência de v0 em θ. A primeira ocorrência
de v1 e a quarta ocorrência de v0 estão livres em ϕ. A última ocorrência de v0
está livre em θ, mas ligada em χ e ϕ.

Definition 1.20 (Sentença). Uma fórmula ϕ é uma sentença sse ela não contém
ocorrência livre de variáveis.

1.8 Substtituição
Definition 1.21 (Substituição em um termo). Nós definimos s[t/x ], o resul-
tado de substituir t para todo ocorrência de x em s, recursivamente:

1. s ≡ c: s[t/x ] é somente s.

2. s ≡ y: s[t/x ] é somente s também, dado que y é uma variável e y 6≡ x.

3. s ≡ x: s[t/x ] é t.

4. s ≡ f (t1 , . . . , tn ): s[t/x ] é f (t1 [t/x ], . . . , tn [t/x ]).

Definition 1.22. Um termo t é livre para x em ϕ se nenhuma das ocorrências


livres de x em ϕ ocorre no escopo de um quantificador que liga uma variável
em t.

Example 1.23.

1. v8 é livre para v1 em ∃v3 A24 (v3 , v1 )

2. f12 (v1 , v2 ) não é livre para vo em ∀v2 A24 (v0 , v2 )

Definition 1.24 (Substituição em uma fórmula). Se ϕ é uma fórmula, x é uma


variável, e t é um termo livre para x em ϕ, então ϕ[t/x ] é o resultado da
substituição de t para todas as ocorrências livres de x em ϕ.

1. ϕ ≡ ⊥: ϕ[t/x ] é ⊥.

2. ϕ ≡ >: ϕ[t/x ] é >.

3. ϕ ≡ P(t1 , . . . , tn ): ϕ[t/x ] é P(t1 [t/x ], . . . , tn [t/x ]).

Release: (None) ((None)) 17


CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

4. ϕ ≡ t1 = t2 : ϕ[t/x ] é t1 [t/x ] = t2 [t/x ].

5. ϕ ≡ ¬ψ: ϕ[t/x ] é ¬ψ[t/x ].

6. ϕ ≡ (ψ ∧ χ): ϕ[t/x ] é (ψ[t/x ] ∧ χ[t/x ]).

7. ϕ ≡ (ψ ∨ χ): ϕ[t/x ] é (ψ[t/x ] ∨ χ[t/x ]).

8. ϕ ≡ (ψ → χ): ϕ[t/x ] é (ψ[t/x ] → χ[t/x ]).

9. ϕ ≡ (ψ ↔ χ): ϕ[t/x ] é (ψ[t/x ] ↔ χ[t/x ]).

10. ϕ ≡ ∀y ψ: ϕ[t/x ] é ∀y ψ[t/x ], dado que y é uma variável diferente de x;


caso contrário ϕ[t/x ] é somente ϕ.

11. ϕ ≡ ∃y ψ: ϕ[t/x ] is ∃y ψ[t/x ], dado que y é uma variável diferente de


x; caso contrário ϕ[t/x ] é somente ϕ.

Note que uma substituição pode ser vazia: Se x não ocorre em ϕ de forma
alguma, então ϕ[t/x ] é somente ϕ.
A restrição que t deve ser livre para x em ϕ é necessária para excluír casos
como o seguinte. Se ϕ ≡ ∃y x < y e t ≡ y, então ϕ[t/x ] deveria ser ∃y y <
y. Nesse caso, a variável livre y é “capturada” pelo quantificador ∃y após a
substituição, e isso é indesejável.
Por exemplo, nós gostaríamos que fosse o caso que, sempre que ∀ x ψ va-
lesse, também valeria ψ[t/x ]. Mas considere ∀ x ∃y x < y (aqui ψ é ∃y x < y).
É uma sentença que é verdadeira sobre, por exemplo, os números naturais:
para todo número x, existe um número y maior que ele. Se nós permitíssemos
y como uma possível substituição para x, nósterminaríamos com ψ[y/x ] ≡
∃y y < y, que é falso. Impedimos isso, exigindo que nenhuma das variáveis
livres em t terminaria ligada por uma quantificador em ϕ.
Com frequência, nós usamos a seguinte convenção para evitar uma nota-
ção maçante: Se ϕ é uma fórmula com uma variável livre x, nós escrevemos
ϕ( x ) para indicar isso. Quando está claro qual ϕ e x nós temos em mente, e
t é um termo (suponha ser livre para x em ϕ( x )), então nós escrevemos ϕ(t)
para uma simplificação de ϕ( x )[t/x ].

1.9 Estruturas para as Linguagens de Primeira-ordem


Linguagens de primeira-ordem são, por elas mesmas, não-interpretadas: as
constantes, funções, e predicados não possuem um significado específico atre-
lado a eles. Significados são dados especificando a uma estrutura. É especifi-
cado o domínio, i.e., os objetos para os quais as constantes selecionam, as fun-
ções operam, e os quantificadores varrem. Mais ainda, especifica que cons-
tantes selecionam quais objetos, como uma função associa objetos a objetos,
e quais objetos se aplicam aos predicados. Estruturas são as bases para as

18 Release: (None) ((None))


1.9. ESTRUTURAS PARA AS LINGUAGENS DE PRIMEIRA-ORDEM

noções semânticas em lógica, e.g., a noção de consequência, validade, satisfa-


tibilidade. Elas são chamadas diferentemente “estruturas,” “interpretações,”
ou “modelos” na literatura.

Definition 1.25 (Estruturas). A Uma estrutura M, para a linguagem L da ló-


gica de primeira-ordem consiste dos seguintes elementos:

1. Domínio: um conjunto não vazio, |M|

2. Interpretação de constantes: para caa constante c de L, um elemento cM ∈


|M|
3. Interpretação de predicados: para cada predicado n-ário R de L (diferente
de =), uma relação n-ária RM ⊆ |M|n

4. Interpretação de funções: para cada função n-ária f de L, uma função n-


ária f M : |M|n → |M|

Example 1.26. Uma estrutura M para a linguagem da aritmética consiste de


um conjunto, um elemento do |M|, M , como a interpretação da constante ,
uma função unária 0M : |M| → |M|, duas funções binárias +M e ×M , ambas
|M|2 → |M|, e uma relação binária <M ⊆ |M|2 .
Um exemplo óbvio de tal estrutura é a seguinte:

1. |N| = N

2. N = 0

3. 0N (n) = n + 1 para todo n ∈ N

4. +N (n, m) = n + m para todo n, m ∈ N

5. ×N (n, m) = n · m para todo n, m ∈ N

6. <N = {hn, mi : n ∈ N, m ∈ N, n < m}

A estrutura N para L A então definida é chamada de modelo padrão da aritmé-


tica, porque ela interpreta as constantes não lógicas de L A exatamente como
esperaríamos.
Entretanto, existem muitas outras possíveis estruturas para L A . Por exem-
plo, nós poderíamos tomar como domínio o conjunto Z dos inteiros ao contrá-
rio de N, e definir as interpretações de , 0, +, ×, < em acordo. Mas podemos
definir estruturas para L A que não tenham nenhuma relação com números.

Example 1.27. Uma estrutura M para a linguagem L Z da teoria dos conjuntos


requer somente um conjunto e uma única relação binária. Logo tecnicamente,
e.g., o conjunto de pessoas mais a relação “x é mais velho que y” pode ser
utilizado como uma estrutura para L Z , como também N junto com n ≥ m
para n, m ∈ N.

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CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

Uma estrutura particularmente interessante para L Z em que os elementos


do domínio são de fato conjuntos, e a interpretação de ∈ é realmente a relação
“x é um elemento de y” é a estrutura HF dos conjuntos hereditariamente finnitos:

1. |HF| = ∅ ∪ ℘(∅) ∪ ℘(℘(∅)) ∪ ℘(℘(℘(∅))) ∪ . . . ;

2. ∈HF = {h x, yi : x, y ∈ |HF| , x ∈ y}.

As estipulações que fizamos quanto o que conta como uma estrutura im-
pacta nossa lógica. Por exemplo, a escolha para previnir domínios vazios ga-
rante, dada o papel usual da satisfação (ou verdade) para sentenças quan-
tificadas, que ∃ x ( ϕ( x ) ∨ ¬ ϕ( x )) é válida—que é, uma verdade lógica. E a
estipulação que todas as constantes devem fazer referência a um objeto no
domínio garante que a generalização existencial é uma padrão correto de in-
ferência: ϕ( a), portanto ∃ x ϕ( x ). Se permitirmos que nomes se refiram fora
do domínio, ou que não se refiram, então estaríamos a caminho de uma lógica
livre, na qual a generalização existencial requer uma premissa adicional: ϕ( a)
e ∃ x x = a, portanto ∃ x ϕ( x ).

1.10 Estrutura Coberta para Linguagens de Primeira-ordem


Lembre-se que um termo é denominado fechado se não contém variáveis.

Definition 1.28 (Valores de termos fechados). Se t é um termo fechado da


linguagem L e M é uma estrutura para L, o valor ValM (t) é definido como
segue:

1. Se t é apenas uma constante c, então ValM (c) = cM .

2. Se t é da forma f (t1 , . . . , tn ), então

ValM (t) = f M (ValM (t1 ), . . . , ValM (tn )).

Definition 1.29 (Estrutura Coberta). Uma estrutura é coberta se todo elemento


do domínio é o valor de algum termo fechado.

Example 1.30. Seja uma linguagem L com constantes z er o, um, doi s, . . . , o


predicado binário <, e as fuções binárias + e ×. Então, uma estrutura M
para L é uma com domínio |M| = {0, 1, 2, . . .} e atribuições z er o M = 0,
umM = 1, doi s M = 2, assim por diante. Para o símbolo de relação binário
<, o conjunto <M é o conjunto de todos os pares hc1 , c2 i ∈ |M|2 tal que c1 é
menor que c2 : por exemplo, h1, 3i ∈ <M , mas h2, 2i ∈ / <M . Para a função
binária +, defina + de maneira usual—por exemplo, +M (2, 3) associa ao 5,
M

e similarmente para a função binária ×. Logo, o valor de quatr o é apenas 4, e

20 Release: (None) ((None))


1.11. A SATISFAÇÃO DE UMA FÓRMULA EM UMA ESTRUTURA

o valor de ×(doi s, +(tr es, z er o )) (ou em notação infixa, doi s × (tr es + z er o )


ValM (×(doi s, +(tr es, z er o )) =


= ×M (ValM (doi s ), ValM (doi s, +(tr es, z er o )))
= ×M (ValM (doi s ), +M (ValM (tr es ), ValM (z er o )))
= ×M (doi s M , +M (tr es M , z er o M ))
= ×M (2, +M (3, 0))
= ×M (2, 3)
=6

1.11 A Satisfação de uma Fórmula em uma Estrutura


A noção básica que relaciona expressões tais como termos e fórmulas, por um
lado, e estruturas pelo outro, são aquelas dos valores de um termo e satisfação
de uma fórmula. Informalmente, o valor de um termo é um elemento de uma
estrutura— se o termo é apenas uma constante, seu valor é o objeto atribuído
à constante pela estrutura, e se é construída usando funções, o valor é com-
putado a partir dos valores das constantes e as funções atribuídas às funções
no termo. Uma fórmula é satisfeita em uma estrutura se a interpretação dada
aos predicado faz a fórmula verdadeira no domínio da estrutura. Essa noção
de satisfação é especificada indutivamente: a especificação de uma estrutura
diretamente declara quando fórmulas atômicas são satisfeitas, e definimos
quando uma fórmula complexa é satisfeita dependendo do conectivo prin-
cipal ou quantificador, e se as subfórmulas imediatas são satisfeitas. O caso
dos quantificadores aqui é um pouco intrincada, como a subfórmula de uma
fórmula quantificada tem uma variável livre, e estruturas não especificam va-
lores de variáveis. Para lidar com essa dificuldade, nós também introduzímos
as atribuições de variáveis, ou valorações, e não definimos satisfação com respeito
a uma estrutura sozinha, mas com respeito a uma estrutura juntamente com
uma valoração.
Definition 1.31 (Atribuição de Variáveis). Uma atribuição de variável s para
uma estrutura M é uma função que associa cada variável a um elemento
de |M|, i.e., s : Var → |M|.
Uma estrutura atribui um valor a cada constante, e uma atribuição de va-
riável a cada variável. Mas nós queremos usar termos para construir. Mas
queremos usar termos construídos a partir delas para também nomear ele-
mentos do domínio. Para isso, definimos o valor dos termos de forma indu-
tiva. Para constantes e variáveis, o valor é exatamente como a estrutura ou a
atribuição de variáveis o especifica; para termos mais complexos, ele é com-
putado recursivamente usando as funções que a estrutura atribui às funções.

Release: (None) ((None)) 21


CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

Definition 1.32 (Valores dos Termos). Se t é um termo da linguagem L, M é


uma estrutura para L, e s é uma atribuição de variável para M, o valor ValM
s (t)
é definido como segue:

1. t ≡ c: ValM M
s (t) = c .

2. t ≡ x: ValM
s ( t ) = s ( x ).

3. t ≡ f (t1 , . . . , tn ):

ValM M M M
s ( t ) = f (Vals ( t1 ), . . . , Vals ( tn )).

Definition 1.33 (x-Variant). Se s é uma atribuição de variável para uma estru-


tura M, então qualquer atribuição de variáveis s0 para M que difere de s em
no máximo ao que é atrubuído à x é chamado de x-variante de s. Se s0 é uma
x-variante de s, escrevemos s ∼ x s0 .

Note que uma x-variante de uma valoração s não tem que atribuir algo
diferente para x. De fato, toda atribuição conta como uma x-variante de si
mesma.

Definition 1.34 (Satisfação). A satisfaçãode uma fórmula ϕ em uma estru-


tura M relativa a uma valoração s, em símbolos: M, s  ϕ, é definida re-
cursivamente como segue. (Nós escrevemos M, s 2 ϕ para denotar “não
M, s  ϕ.”)

1. ϕ ≡ ⊥: M, s 2 ϕ.

2. ϕ ≡ >: M, s  ϕ.

3. ϕ ≡ R(t1 , . . . , tn ): M, s  ϕ sse hValM M M


s ( t1 ), . . . , Vals ( tn )i ∈ R .

4. ϕ ≡ t1 = t2 : M, s  ϕ sse ValM M
s ( t1 ) = Vals ( t2 ).

5. ϕ ≡ ¬ψ: M, s  ϕ sse M, s 2 ψ.

6. ϕ ≡ (ψ ∧ χ): M, s  ϕ sse M, s  ψ e M, s  χ.

7. ϕ ≡ (ψ ∨ χ): M, s  ϕ sse M, s  ϕ ou M, s  ψ (ou ambos).

8. ϕ ≡ (ψ → χ): M, s  ϕ sse M, s 2 ψ ou M, s  χ (ou ambos).

9. ϕ ≡ (ψ ↔ χ): M, s  ϕ sse ou ambos M, s  ψ e M, s  χ, ou nem


M, s  ψ nem M, s  χ.

10. ϕ ≡ ∀ x ψ: M, s  ϕ sse para todo x-variante s0 de s, M, s0  ψ.

11. ϕ ≡ ∃ x ψ: M, s  ϕ sse existe uma x-variante s0 de s tal que M, s0  ψ.

22 Release: (None) ((None))


1.11. A SATISFAÇÃO DE UMA FÓRMULA EM UMA ESTRUTURA

As atribuições de variáveis são importantes nas últimas duas cláusulas.


Nós não podemos definir satisfação de ∀ x ψ( x ) por “para todo a ∈ |M|,
M  ψ( a).” Nós não podemos definir satisfação de ∃ x ψ( x ) por “para pelo
menos um a ∈ |M|, M  ψ( a).” A razão é que a não é um símbolo da lin-
guagem, e logo ψ( a) não é uma fórmula (isto é, ψ[ a/x ] está indefinido). Nós
também não podemos supor que temos constantes ou termos disponíveis que
nomeiem todo elemento de M, dado que não há nada na definição das estru-
turas que requeram. Mesmo na linguagem padrão o conjunto de constantes
é enumerável, logo se |M| não é enumerável não existem enumerable não há
nem mesmo um número suficiente de constantes para nomear todos os obje-
tos

Example 1.35. Seja ={ a, b, f , R} onde a e b são constantes, f é uma função


binária, e R é um predicado binário. Considere a estrutura M definida por:

1. |M| = {1, 2, 3, 4}

2. aM = 1

3. bM = 2

4. f M ( x, y) = x + y if x + y ≤ 3 e = 3 caso contrário.

5. RM = {h1, 1i, h1, 2i, h2, 3i, h2, 4i}

A função s( x ) = 1 que atribui 1 ∈ |M| a toda variável é uma atribuição de


variáveis para M.
Logo

ValM M M M
s ( f ( a, b )) = f (Vals ( a ), Vals ( b )).

Dado que a e b são constantes, ValM


s ( a) = a
M = 1 e ValM ( b ) = bM = 2. Logo
s

ValM M
s ( f ( a, b )) = f (1, 2) = 1 + 2 = 3.

Para computar o valor de f ( f ( a, b), a) temosque considerar

ValM M M M M
s ( f ( f ( a, b ), a )) = f (Vals ( f ( a, b )), Vals ( a )) = f (3, 1) = 3,

um vez que 3 + 1 > 3. Dado que s( x ) = 1 e ValM


s ( x ) = s ( x ), temos também

ValM M M M M
s ( f ( f ( a, b ), x )) = f (Vals ( f ( a, b )), Vals ( x )) = f (3, 1) = 3,

Uma fórmula atômica R(t1 , t2 ) é satisfeita se atupla de valores dos seus ar-
gumentos, i.e., hValM M M
s ( t1 ), Vals ( t2 )i, é um elemento de R . Logo, e.g., temos
M M
M, s  R(b, f ( a, b)) dado que hVal (b), Val ( f ( a, b))i = h2, 3i ∈ RM , mas
M, s 2 R( x, f ( a, b)) since h1, 3i ∈/ RM [ s ].

Release: (None) ((None)) 23


CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

Para determinar se uma fórmula não-atôomica ϕ é satisfatível, você aplica


as cláusulas na definição indutiva que se aplica ao conectivo principal. Por
exemplo, o conectivo principal em R( a, a) → ( R(b, x ) ∨ R( x, b) é o →, e

M, s  R( a, a) → ( R(b, x ) ∨ R( x, b)) sse


M, s 2 R( a, a) ou M, s  R(b, x ) ∨ R( x, b)

Dado que M, s  R( a, a) (por conta h1, 1i ∈ RM ) não podemos determinar


ainda a resposta e devemos primeiro descobrir se M, s  R(b, x ) ∨ R( x, b):

M, s  R(b, x ) ∨ R( x, b) sse
M, s  R(b, x ) or M, s  R( x, b)

E este é o caso, dado que M, s  R( x, b) (uma vez que h1, 2i ∈ RM ).

Relembre que uma x-variante de sé uma atribuição de variáveis que difere


de s em no máximo ao que se refere a x. Para todo elemento de |M|, existe
uma x-variante de s: s1 ( x ) = 1, s2 ( x ) = 2, s3 ( x ) = 3, s4 ( x ) = 4, e com
si (y) = s(y) = 1 para todas as variáveis y diferentes de x. Esses são todas
as x-variantes de s para a estrutura M, uma vez que |M| = {1, 2, 3, 4}. Note,
em particular, que s1 = s é também uma x-variante de s, i.e., s é sempre uma
x-variante si mesmo.
Para determinar se uma fórmula existencialmente quntificada ∃ x ϕ( x ) é
satisfeita, temos que determinar se M, s0  ϕ( x ) para pelo menos uma x-
variante s0 de s. Logo,

M, s  ∃ x ( R(b, x ) ∨ R( x, b)),

dado que M, s1  R(b, x ) ∨ R( x, b) (s3 também deve valer). Mas,

M, s 2 ∃ x ( R(b, x ) ∧ R( x, b))

dado que para nenhum dos si , M, si  R(b, x ) ∧ R( x, b).


PAra determinar se uma fórmula universalmente quantificada ∀ x ϕ( x ) é
satisfeita, temos que determinar se M, s0  ϕ( x ) para toda x-variante s0 de s.
Logo,
M, s  ∀ x ( R( x, a) → R( a, x )),
dado que M, si  R( x, a) → R( a, x ) para todo si (M, s1  R( a, x ) e M, s j 2
R( x, a) para j = 2, 3, e 4). Mas,

M, s 2 ∀ x ( R( a, x ) → R( x, a))

dado que M, s2 2 R( a, x ) → R( x, a) (por conta M, s2  R( a, x ) e M, s2 2


R( x, a)).

24 Release: (None) ((None))


1.12. ATRIBUIÇÃO DE VARIÁVEIS (VALORAÇÕES)

Para casos mais complicados, considere

∀ x ( R( a, x ) → ∃y R( x, y)).

Dado que M, s3 2 R( a, x ) e M, s4 2 R( a, x ), os casos interessantes onde de-


vemos nos preocupar sobre o consequente do condicional são somente s1 e
s2 . Será que M, s1  ∃y R( x, y) vale? Esse será o caso, se existir pelomenos
uma y-variante s10 de s1 tal que M, s10  R( x, y). De fato, s1 é uma y-variante
(s1 ( x ) = 1, s1 (y) = 1, e h1, 1i ∈ RM ), logo a resposta é sim. Para deter-
minar se M, s2  ∃y R( x, y) devemos olhar para as y-variantes de s2 . Aqui,
s2 não satisfaz R( x, y) (s2 ( x ) = 2, s2 (y) = 1, e h2, 1i ∈ / RM ). Entretanto,
considere s20 ∼y s2 with s20 (y) = 3. M, s20  R( x, y) dado que h2, 3i ∈ RM ,
e logo M, s2  ∃y R( x, y). Resumindo, para toda x-variante si de s, tanto
M, si 2 R( a, x ) (i = 3, 4) ou M, si  ∃y R( x, y) (i = 1, 2), e logo

M, s  ∀ x ( R( a, x ) → ∃y R( x, y)).

Por outro lado,


M, s 2 ∃ x ( R( a, x ) ∧ ∀y R( x, y)).
As únicas x-variantes si de s com M, si  R( a, x ) são s1 e s2 . Mas para cada,
existe por sua vez uma y-variante si0 ∼y si com si0 (y) = 4 tal que M, si0 2
R( x, y) e logo M, si 2 ∀y R( x, y) para i = 1, 2. Resumindo, nenhuma das
x-variantes si ∼ x s são tais que M, si  R( a, x ) ∧ ∀y R( x, y).
Lembre-se que uma x-variante de s é uma atribuição de variáveis que di-
fere de s no máximo no que se refere a x. Para todo elemento de |M|, existe
uma x-variante de s: s1 ( x ) = 1, s2 ( x ) = 2, s3 ( x ) = 3, s4 ( x ) = 4, e com
si (y) = s(y) = 1 para todas as variáveis y diferentes de x. Essas são todas
as x-variantes de s para a estrutura M, dado que |M| = {1, 2, 3, 4}. Note, em
particular, que s1 = s é também uma x-variante de s, i.e., s é sempre uma
x-variante de si mesmo.

1.12 Atribuição de variáveis (Valorações)


Uma atribuição de variáveis s fornece um valor para toda variável—e existe
um número infinito delas. Claramente, isso não é necessário. Exigímos que
as atribuições de variáveis atribuam valores para todas as variáveis simples-
mente porque torna as coisas mais fáceis. O valor de um termo t, e se uma
fórmula ϕ é satisfeita em uma estrutura com o respeito a s, somente depende
da valoração que s faz às variáveis em t e as variáveis livres de ϕ.Esse é o
conteúdo das duas próximas proposições. Para fazer a ideia de “depender
de” precisa, mostramos que quaisquer duas atribuições de variáveis que con-
cordem em todas as variáveis em t dão o mesmo valor, e que ϕ é satisfeita
em relação a uma sse é satisfeita relativamente à outra, se duas atribuições de
variáveis concordarem com todas as variáveis livres de ϕ.

Release: (None) ((None)) 25


CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

Proposition 1.36. Se as variáveis de um termo t estão entre x1 , . . . , xn , e s1 ( xi ) =


s2 ( xi ) para i = 1, . . . , n, então ValM M
s1 ( t ) = Vals2 ( t ).

Demonstração. Por indução na complexidade de t. Para o caso base, t pode ser


uma constante ou uma das variáveis x1 , . . . , xn . Se t = c, então ValM s1 ( t ) =
cM = ValM s2 ( t ) . Se t = x , s
i 1 i( x ) = s (
2 ix ) pela hipótese da proposição, e logo
M M
Vals1 (t) = s1 ( xi ) = s2 ( xi ) = Vals2 (t).
Para o passo indutivo, suponha que t = f (t1 , . . . , tk ) e que a afirmação vale
para t1 , . . . , tk . Então

ValM M
s1 ( t ) = Vals1 ( f ( t1 , . . . , tk )) =

= f M (ValM M
s1 ( t1 ), . . . , Vals1 ( tk ))

Para j = 1, . . . , k, as variáveis de t j estão entre x1 , . . . , xn . Logo por hipótese


de inndução, ValM M
s1 ( t j ) = Vals2 ( t j ). Logo,

ValM M
s1 ( t ) = Vals2 ( f ( t1 , . . . , tk )) =

= f M (ValM M
s1 ( t1 ), . . . , Vals1 ( tk )) =

= f M (ValM M
s2 ( t1 ), . . . , Vals2 ( tk )) =
= ValM M
s2 ( f ( t1 , . . . , tk )) = Vals2 ( t ).

Proposition 1.37. Se a variáveis livres em ϕ estão entre x1 , . . . , xn , e s1 ( xi ) = s2 ( xi )


for i = 1, . . . , n, então M, s1  ϕ sse M, s2  ϕ.

Demonstração. Vamos usar indução na complexidade de ϕ. Para o caso base,onde


ϕ é atômica, ϕ pode ser: >, ⊥, R(t1 , . . . , tk ) para um predicado R k-ário e ter-
mos t1 , . . . , tk , ou t1 = t2 para termos t1 e t2 .

1. ϕ ≡ >: tanto M, s1  ϕ e M, s2  ϕ.

2. ϕ ≡ ⊥: tanto M, s1 2 ϕ e M, s2 2 ϕ.

3. ϕ ≡ R(t1 , . . . , tk ): seja M, s1  ϕ. Então

hValM M M
s1 ( t1 ), . . . , Vals1 ( tk )i ∈ R .

Para i = 1, . . . , k, ValM M
s1 ( ti ) = Vals2 ( ti ) por Proposition 1.36. Logo temos
M M
também que hVals2 (ti ), . . . , Vals2 (tk )i ∈ RM .

26 Release: (None) ((None))


1.12. ATRIBUIÇÃO DE VARIÁVEIS (VALORAÇÕES)

4. ϕ ≡ t1 = t2 : suponha que M, s1  ϕ. Então, ValM M


s1 ( t1 ) = Vals1 ( t2 ).
Logo,

ValM M
s2 ( t1 ) = Vals1 ( t1 ) (by Proposition 1.36)
= ValM
s1 ( t 2 ) (since M, s1  t1 = t2 )
M
= Vals2 (t2 ) (by Proposition 1.36),

assim M, s2  t1 = t2 .

Agora suuponha que M, s1  ψ iff M, s2  ψ para todas as fórmulas ψ mais


simples que ϕ. O passo de indução segue por casos determinados pelo ope-
rador principal de ϕ. Em cada caso, nós somente demonstramos a direção de
ida da dupla implicação (bicondicional); a prova da direção contrária é simé-
trica. Em todos os casos, exceto para aqueles dos quantificadores, aplicamos
a hipótese de indução para subfórmulas ψ de ϕ. As variáveis livres de ψ estão
entre as mesmas de ϕ. Logo, se s1 e s2 concordam nas variáveis livres de ϕ,
elas também concordam nas variáveis livres de ψ, e a hipótese de indução se
aplica à ψ.

1. ϕ ≡ ¬ψ: se M, s1  ϕ, então M, s1 2 ψ, assim pela hipótesede indução,


M, s2 2 ψ, logo M, s2  ϕ.

2. ϕ ≡ ψ ∧ χ: se M, s1  ϕ, então M, s1  ψ e M, s1  χ, por hipótese de


indução, M, s2  ψ e M, s2  χ. Logo, M, s2  ϕ.

3. ϕ ≡ ψ ∨ χ: se M, s1  ϕ, então M, s1  ψ ou M, s1  χ. Por hipótese de


indução, M, s2  ψ ou M, s2  χ, logo M, s2  ϕ.

4. ϕ ≡ ψ → χ: se M, s1  ϕ, então M, s1 2 ψ ou M, s1  χ. Por hipótese de


indução, M, s2 2 ψ ou M, s2  χ, logo M, s2  ϕ.

5. ϕ ≡ ψ ↔ χ: se M, s1  ϕ, então ou M, s1  ψ e M, s1  χ, ou M, s1 2 ψ
e M, s1 2 χ. Por hipótese de indução, ou M, s2  ψ e M, s2  χ ou
M, s2 2 ψ e M, s2 2 χ. Em ambos os casos, M, s2  ϕ.

6. ϕ ≡ ∃ x ψ: se M, s1  ϕ, existe uma x-variante s10 de s1 tal que M, s10  ψ.


Seja a x-variante s20 de s2 que atribui a mesma coisa a x como faz s10 . As
variáveis livres de ψ estão entre x1 , . . . , xn , e x. s10 ( xi ) = s20 ( xi ), dado
que s10 e s20 são x-variantes de s1 e s2 , respectivamente, e por hipótese
s1 ( xi ) = s2 ( xi ). s10 ( x ) = s20 ( x ) pela maneira que definimos s20 . Então, a
hipótese de indução se aplica à ψ e s10 , s20 , assim M, s20  ψ. Logo, existe
uma x-variante de s2 que satisfaz ψ, e logo M, s2  ϕ.

7. ϕ ≡ ∀ x ψ: se M, s1  ϕ, então para todo x-variante s10 de s1 , M, s10  ψ.


Considere uma x-variante s20 arbitrária de s2 , seja uma x-variante s10 de s1
que atribui a mesma coisa à x como faz s20 . As variáveis livres de ψ estão

Release: (None) ((None)) 27


CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

entre x1 , . . . , xn , e x. s10 ( xi ) = s20 ( xi ), dado que s10 e s20 são x-variantes de


s1 e s2 , respectivamente, e por hipótese s1 ( xi ) = s2 ( xi ). s10 ( x ) = s20 ( x )
pela maneira como definimos s10 . Então a hipótese de indução é aplicada
à ψ e s10 , s2 , e temos que M, s20  ψ. Uma vez que s20 é uma x-variante
arbitrária de s2 , toda x-variante de s2 satisfaz ψ, e logo M, s2  ϕ.

Por indução, nós temos que M, s1  ϕ sse M, s2  ϕ sempre quando as variá-


veis livres em ϕ estão entre x1 , . . . , xn e s1 ( xi ) = s2 ( xi ) para i = 1, . . . , n.

Sentenças não possuem variáveis livres, logo quaisquer duas atribuições


de variáveis atribuem as mesmas coisas a todas (nenhuma) variáveis livres
de qualquer sentença. A proposição provada anteriormente significa que a
satisfação de uma sentença em uma estrutura é completamente independente
de uma valoração. Nós iremos guardar esse fato. Ele justifica a definição da
satisfação de uma sentença em uma estrutura (sem mencionar uma valoração)
que como segue.

Corollary 1.38. Se ϕ é uma sentença e s uma atribuição de variáveis, então M, s  ϕ


sse M, s0  ϕ para toda valoração s0 .

Demonstração. Seja dada qualquer atribuição de variáveis s0 . Dado que ϕ é


uma sentença, ela não possui variáveis livres, e toda valoração s0 trivialmente
atribui as mesmas coisas a todas as variáveis livres de ϕ como faz s. Logo
a condição de Proposition 1.37 é satisfeita, e temos que M, s  ϕ sse M, s0 
ϕ.

Definition 1.39. Se ϕ é uma sentença, dizemos que uma estrutura M satisfaz ϕ,


M  ϕ, sse M, s  ϕ para toda valoração s.

Se M  ϕ, nós também simplesmente dizemos que ϕ é verdadeiro em M.

Proposition 1.40. Seja uma estrutura M, uma sentença ϕ, euma valoração s. M 


ϕ sse M, s  ϕ.

Demonstração. Exercício.

Proposition 1.41. Suponha que ϕ( x ) contenha somente x livre, e M é uma estru-


tura. Então:

1. M  ∃ x ϕ( x ) sse M, s  ϕ( x ) para pelo menos uma valoração s.

2. M  ∀ x ϕ( x ) sse M, s  ϕ( x ) para toda valoração s.

Demonstração. Exercício.

28 Release: (None) ((None))


1.13. EXTENSIONALIDADE

1.13 Extensionalidade
Extensionalidade pode ser expressa informalmente como segue: os únicos fa-
tores que suportam a satisfação da fórmula ϕ em uma estrutura M relativa-
mente a atribuição de variáveis s, são o tamanho do domínio e as atribuições
feitas pela M e s aos elemenntos da linguagem que realmente aparecem em ϕ.
Uma consequência imediata da extensionalidade é que onde duas estru-
turas M e M0 concordam em todos os elementos da linguagem aparecem em
uma sentença ϕ, e possuem o mesmo domínio, M e M0 devem também con-
cordar se ϕ é verdadeira, ou não.

Proposition 1.42 (Extensionalidade). Seja uma fórmula ϕ, e as estruturas M1 e


M2 com domínios |M1 | = |M2 |, e s uma valoração em |M1 | = |M2 |. Se cM1 =
cM2 , RM1 = RM2 , e f M1 = f M2 para toda constante c, um símbolo de relação R, e
função f ocorrendo em ϕ, então M1 , s  ϕ sse M2 , s  ϕ.

M
Demonstração. Primeiro prove (por indução em t) que para todo termo, Vals 1 (t) =
ValM
s ( t ). Então prove a proposição por indução em ϕ, fazendo uso da afirma-
2

ção que acabou de ser provada para a base da indução (onde ϕ é atômico).

Corollary 1.43 (Extensionalidade para Sentenças). Seja uma sentença ϕ e M1 ,


M2 como em Proposition 1.42. Então M1  ϕ sse M2  ϕ.

Demonstração. Segue de Proposition 1.42 por Corollary 1.38.

Mais ainda, o valor de um termo, e se uma estrutura satisfaz uma fórmula,


ou não, somente depende dos valores dos seus subtermos.

Proposition 1.44. Seja uma estrutura M, termos t e t0 , e uma valoração s. Seja


uma x-variante s0 ∼ x s de s dada por s0 ( x ) = ValM 0 M 0
s ( t ). Então Vals ( t [ t /x ]) =
M
Vals0 (t).

Demonstração. Por indução em t.

1. Se t é uma constante, digamos, t ≡ c, então t[t0 /x ] = c, e ValM


s (c) =
cM = ValMs 0 ( c ) .

2. Se t é uma variável diferente de x, digamos, t ≡ y, então t[t0 /x ] = y, e


ValM M 0
s ( y ) = Vals0 ( y ) dado que s ∼ x s.

3. Se t ≡ x, então t[t0 /x ] = t0 . Mas ValM M 0


s0 ( x ) = Vals ( t ) pela definição
de s0 .

Release: (None) ((None)) 29


CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

4. Se t ≡ f (t1 , . . . , tn ), então temos:


0
ValM
s ( t [ t /x ]) =
0 0
= ValM
s ( f ( t1 [ t /x ], . . . , tn [ t /x ]))
pela definição de t[t0 /x ]
0 0
= f M (ValM M
s ( t1 [ t /x ]), . . . , Vals ( tn [ t /x ]))
pela definição de ValM
s ( f ( . . . ))
= f M (ValM M
s0 ( t1 ), . . . , Vals0 ( tn ))
por hipótese de indução
= ValM M
s0 ( t ) pela definição de Vals0 ( f ( . . . ))

Proposition 1.45. Seja uma estrutura M, uma fórmula ϕ, um termo t, e uma va-
loração s. Seja uma x-variante s0 ∼ x s de s dada por s0 ( x ) = ValM
s ( t ). Então
0
M, s  ϕ[t/x ] iff M, s  ϕ.

Demonstração. Exercício.

1.14 Noções Semânticas


Dada a definição de estruturas para linguagens de primeira-ordem, nós pode-
mos definir algumas propriedades semânticas básicas e relacionametos entre
sentenças. A mais simples destas é a noção de validade de uma sentença. Uma
sentença é válida se é satisfeita em toda estrutura. Sentenças válidas são aque-
las que são satisfeitas independentemente de como são interpretados os sím-
bolos não-lógicos nela contidos. Sentenças válidas são dessa forma chamadas
de verdades lógicas—elas são verdadeiras, i.e., satisfeitas, em qualquer estru-
tura, assim sua verdade depende somente dos símbolos lógicos ocorrendo
nela e na estrutura sintática, mas não nos símbolos não lógicos e nas interpre-
tações deles.
Definition 1.46 (Validade). Uma sentença ϕ é válida,  ϕ, sse M  ϕ para toda
estrutura M.
Definition 1.47 (Acarretamento). Um conjunto de sentenças Γ acarreta uma
sentença ϕ, Γ  ϕ, sse para toda estrutura M com M  Γ, M  ϕ.
Definition 1.48 (Satisfatibilidade). Um conjunto de sentenças Γ é satisfatível
se M  Γ para alguma estrutura M. Se Γ não é satisfatível, ele é chamado de
insatisfatível.
Proposition 1.49. Uma sentença ϕ é válida sse Γ  ϕ para todo conjunto de senten-
ças Γ.

30 Release: (None) ((None))


1.14. NOÇÕES SEMÂNTICAS

Demonstração. Para direção de ida, seja uma sentença válida ϕ, e seja um con-
junto de sentenças Γ. Seja uma estrutura M tal que M  Γ. Dado que ϕ é
válida, M  ϕ, logo Γ  ϕ.
Para contra-positiva da direção contrária, seja uma sentença ϕ que não é
válida, então existe uma estrutura M com M 2 ϕ. Quando Γ = {>}, dado
que > é válido, M  Γ. Assim, existe uma estrutura M tal que M  Γ, mas
M 2 ϕ, assim Γ não acarreta ϕ.

Proposition 1.50. Γ  ϕ sse Γ ∪ {¬ ϕ} é insatisfatível.

Demonstração. Para direção de ida, suponha que Γ  ϕ e suponha o contrário


de que exista uma estrutura M tal que M  Γ ∪ {¬ ϕ}. Dado que M  Γ e
Γ  ϕ, M  ϕ. Também, dado que M  Γ ∪ {¬ ϕ}, M  ¬ ϕ, logo temos
os dois casos M  ϕ e M 2 ϕ, uma contradição. Assim, não pode existir tal
estrutura M, assim Γ ∪ { ϕ} é insatisfatível.
Para direção contrária, suponha que Γ ∪ {¬ ϕ} é insatisfatível. Logo, para
toda estrutura M, ou M 2 Γ ou M  ϕ. Assim, para toda estrutura M com
M  Γ, M  ϕ, logo Γ  ϕ.

Proposition 1.51. Se Γ ⊆ Γ 0 e Γ  ϕ, então Γ 0  ϕ.

Demonstração. Suponha que Γ ⊆ Γ 0 e Γ  ϕ. Seja uma estrutura M tal que


M  Γ 0 ; então M  Γ, e dado Γ  ϕ, nós temos que M  ϕ. Logo, sempre que
M  Γ 0 , M  ϕ, assim Γ 0  ϕ.

Theorem 1.52 (Semantic Deduction Theorem). Γ ∪ { ϕ}  ψ sse Γ  ϕ → ψ.

Demonstração. Para direção de ida, seja Γ ∪ { ϕ}  ψ e seja uma estrutura M tal


que M  Γ. Se M  ϕ, então M  Γ ∪ { ϕ}, assim, dado que Γ ∪ { ϕ} acarreta
ψ, obtemos M  ψ. Consequentemente, M  ϕ → ψ, logo Γ  ϕ → ψ.
Para direção contrária, seja Γ  ϕ → ψ e uma estrutura M tal que M 
Γ ∪ { ϕ}. Então M  Γ, assim M  ϕ → ψ, e dado que M  ϕ, M  ψ. Logo,
sempre que M  Γ ∪ { ϕ}, M  ψ, logo Γ ∪ { ϕ}  ψ.

Proposition 1.53. Seja uma estrutura M, e uma fórmula ϕ( x ) com uma variável
livre x, e um termo fechado t. Então:

1. ϕ(t)  ∃ x ϕ( x )

2. ∀ x ϕ( x )  ϕ(t)

Demonstração. 1. Suponha M  ϕ(t). Seja uma valoração s com s( x ) =


ValM (t). Então M, s  ϕ(t) dado que ϕ(t) é uma sentença. Por Proposi-
tion 1.45, M, s  ϕ( x ). Por Proposition 1.41, M  ∃ x ϕ( x ).

Release: (None) ((None)) 31


CAPÍTULO 1. SINTAXE E SEMÂNTICA

2. Suponha que M  ∀ x ϕ( x ). Seja uma valoração s com s( x ) = ValM (t).


Por Proposition 1.41, M, s  ϕ( x ). Por Proposition 1.45, M, s  ϕ(t). Por
Proposition 1.40, M  ϕ(t) dado que ϕ(t) é uma sentença

Problems
Problem 1.1. Prove Lemma 1.9.

Problem 1.2. Prove Proposition 1.10

Problem 1.3. Dê uma definição indutiva das ocorrências de variáveis ligadas


Give an inductive definition of the bound variable occurrences de acordo com
as linhas Definition 1.16.

Problem 1.4. Seria N, o modelo padrão da aritmética, coberta? Explique.

Problem 1.5. Seja uma linguagem L = {c, f , A} com uma constante, uma
função unária e um predicado binário, e seja a estrutura M dada por

1. |M| = {1, 2, 3}

2. cM = 3

3. f M (1) = 2, f M (2) = 3, f M (3) = 2

4. AM = {h1, 2i, h2, 3i, h3, 3i}

(a) Faça s(v) = 1 para todas as variáveis v. descubra se

M, s  ∃ x ( A( f (z), c) → ∀y ( A(y, x ) ∨ A( f (y), x )))

Explique por que ou por que não.


(b) Dê uma estrutura diferente e uma atribuição de variáveis para as quais
a fórmula não é satisfeita.

Problem 1.6. Complete a prova de Proposition 1.37.

Problem 1.7. Prove Proposition 1.40

Problem 1.8. Prove Proposition 1.41.

Problem 1.9. Suponha que L é uma linguagem sem função. Dada uma estru-
tura M, uma constante c e a ∈ |M|, defina M[ a/c] como sendo semelhante a
estrutura M, exceto que cM[ a/c] = a. Defina M ||= ϕ para sentenças ϕ por:

1. ϕ ≡ ⊥: não M ||= ϕ.

2. ϕ ≡ >: M ||= ϕ.

32 Release: (None) ((None))


1.14. NOÇÕES SEMÂNTICAS

3. ϕ ≡ R(d1 , . . . , dn ): M ||= ϕ sse hdM M M


1 , . . . , dn i ∈ R .

4. ϕ ≡ d1 = d2 : M ||= ϕ sse dM M
1 = d2 .

5. ϕ ≡ ¬ψ: M ||= ϕ sse não M ||= ψ.

6. ϕ ≡ (ψ ∧ χ): M ||= ϕ sse M ||= ψ e M ||= χ.

7. ϕ ≡ (ψ ∨ χ): M ||= ϕ sse M ||= ψ ou M ||= χ (ou ambos).

8. ϕ ≡ (ψ → χ): M ||= ϕ sse não M ||= ψ ou M ||= χ (ou ambos).

9. ϕ ≡ (ψ ↔ χ): M ||= ϕ sse ou ambos M ||= ψ e M ||= χ, ou nem M ||= ψ


nem M ||= χ.

10. ϕ ≡ ∀ x ψ: M ||= ϕ sse para todo a ∈ |M|, M[ a/c] ||= ψ[c/x ], se c não
ocorre ψ.

11. ϕ ≡ ∃ x ψ: M ||= ϕ sse existe um a ∈ |M| tal que M[ a/c] ||= ψ[c/x ], se
c não ocorre em ψ.

Seja x1 , . . . , xn todas variáveis livres em ϕ, c1 , . . . , cn símbolos constantes que


não ocorrem em ϕ, a1 , . . . , an ∈ |M|, e s( xi ) = ai .
Mostre que M, s  ϕ sse M[ a1 /c1 , . . . , an /cn ] ||= ϕ[c1 /x1 ] . . . [cn /xn ].
(Esse problema mostra que é possível dar semântica para lógica de primeira-
ordem que faz sem uso de atribuição de variáveis.)

Problem 1.10. Suponha que f é um símbolo funcional que não ocorre em ϕ( x, y).
Mostre que existe uma estrutura M tal que M  ∀ x ∃y ϕ( x, y) sse existe um M0
tal que M0  ∀ x ϕ( x, f ( x )).
(Esse problema é um caso especial do que conhecemos como Teorema de
Skolem; ∀ x ϕ( x, f ( x )) é chamado de forma normal de Skolem de ∀ x ∃y ϕ( x, y).)

Problem 1.11. Prosiga com a prova de Proposition 1.42 em detalhe.

Problem 1.12. Prove Proposition 1.45

Problem 1.13. 1. Mostre que Γ  ⊥ sse Γ é insatisfatível.

2. Mostre que Γ ∪ { ϕ}  ⊥ sse Γ  ¬ ϕ.

3. Suponha que c não ocorra em ϕ ou Γ. Mostre que Γ  ∀ x ϕ sse Γ 


ϕ[c/x ].

Problem 1.14. Complete a prova de Proposition 1.53.

Release: (None) ((None)) 33


Capítulo 2

Teorias e Seus Modelos

2.1 Introdução
O desenvolvimento do método axiomático é um marco significativo na his-
tória da ciência, e é de especial importância para a história da matemática.
Um desenvolvimento axiomático de um campo envolve o esclarecimento de
muitas questões: Essa área fala sobre o quê? Quais são os conceitos mais
fundamentais? Como eles se relacionam? Podem todos os conceitos da área
serem definidos em termos desses conceitos fundamentais? Quais são as leis
que esses conceitos obedecem ou deve obedecer?
O método axiomático e a lógica foram feitos um para o outro. A lógica
formal fornece as ferramentas para a formulação de teorias axiomáticas, para
a prova de teoremas a partir dos axiomas da teoria de uma maneira preci-
samente especificada, para o estudo das propriedades de todos os sistemas
satisfazendo os axiomas de uma maneira sistemática.

Definition 2.1. Um conjunto de sentenças Γ é fechada sse, sempre quando Γ 


ϕ então ϕ ∈ Γ. O fecho de um conjunto de sentenças Γ é { ϕ : Γ  ϕ}.
Nós dizemos que Γ é axiomatizado por um conjunto de sentenças ∆ se Γ é o
fecho de ∆

Nós podemos pensar uma teoria axiomática como um conjunto de senten-


ças que é axiomatizada pelo seu conjunto de axiomas ∆. Em outros termos,
quando temos uma linguagem de primeira-ordem que contém símbolos não
lógicos para as primitivas de uma ciência axiomaticamente desenvolvida que
queremos estudar, juntamente com o conjunto de sentenças que expressam as
leis fundamentais da ciência, podemos pensar a teoria como uma represen-
tada por todas as sentenças nessa linguagem que são acarretadas pelos axio-
mas. Isso vale para os exemplos simples com uma única primitiva e axiomas
simples, tais como a teoria das ordens parciais, até teorias complexas como a
mecânica Newtoniana.

34
2.1. INTRODUÇÃO

Os fatos lógicos importantes que fazem essa abordagem formal ao método


axiomático tão importante são os seguintes. Suponha que Γ é um sistema de
aximas para uma teoria, i.e, uma teoria de sentenças.

1. Nós podemos afirmar precisamente quendo um sistema de axiomas cap-


tura uma classe de estruturas pretendida. Isso é, se estamos interessados
em uma certa classe de estruturas, nós iremos capturar com sucesso essa
classe pelo sistema de axiomas Γ sse as estruturas são exatamente aque-
las M tais que M  Γ.

2. Podemos falhas em respeito a isso por conta que existem M tais que
M  Γ, mas M não corresponde a uma das estruturas pretendidas. Isso
pode nos levar a adição de axiomas que não são verdadeiros em M.

3. Se obtivermos sucesso pelo menos com respeito a Γ ser verdadeiro em


todas as estruturas pretendidas, então uma sentença ϕ é verdadeira em
todas as estruturas pretendidas sempre que Γ  ϕ. Logo, podemos usar
as ferramentas lógicas (tais como métodos de prova) para mostrar que
sentenças são verdadeiras em todos os sistemas pretendidos simples-
mente mostrando que elas são acarretadas pelos axiomas.

4. Por vezes, nós não temos estruturas pretendidas em mente, mas em vez
disso partimos dos próprios axiomas: começamos com algumas primi-
tivas que gostaríamos que satisfizessem certas leis que codificamos em
um sistema de axiomas. Uma coisa que gostaríamos de verificar imedi-
atamente é que os axiomas não contradigam entre si: se eles entram em
contradição, não pode existir conceito que obedeça essas regras, e esta-
ríamos tentando codificar uma teoria incoerente. Podemos verificar que
isso não acontece pela busca de um modelo de Γ. E se existem modelos
de nossas teorias, podemos usar métodos lógicos para investigá-las, e
podemos também usar métodos lógicos para contruir modelos.

5. A independência dos axiomas é também uma questão importante. Pode


acontecer que um dos axiomas seja de fato uma consequência de outros,
e logo, redundante. Podemos provar que um axioma ϕ em Γ é redun-
dante provando Γ \ { ϕ}  ϕ. Também podemos provar que um axioma
não é redundante mostrando que ( Γ \ { ϕ}) ∪ {¬ ϕ} é satisfatível. Por
exemplo, foi assim que se demonstrou que o postulado das paralelas é
independente dos outros axiomas da geometria

6. Outra questão importante é da possibilidade da definição de conceitos


em uma teoria: a escolha da linguagem determina em que consiste os
modelos de uma teoria. Mas nem todo aspecto da teoria deve ser re-
presentado separadamente em seus modelos. Por exemplo, toda orde-
nação ≤ determina uma ordem estrita correspondente <—dado uma,
podemos definir a outra. Logo, não é necessário que um modelo de

Release: (None) ((None)) 35


CAPÍTULO 2. TEORIAS E SEUS MODELOS

uma teoria que envolva tal ordem deve também conter a ordem estrita
correspondente. Quando é o caso, em geral, que uma relação pode ser
definnida em termos de outras? Quando é impossível definir uma rela-
ção em termos de outra (e, portanto, deve adicioná-la aos primitivos do
idioma).

2.2 Expressando Propriedades de Estruturas


Muitas vezes é útil e importante expressar condições sobre funções e rela-
ções, ou mais geralmente, que as funções e relações em uma estrutura satisfa-
çam essas condições. Por exemplo, gostaríamos de ter maneiras de distinguir
aquelas estruturas para uma linguagem que "captura"o que queremos que os
predicados "signifiquem"daqueles que não o fazem.
Naturalmente, somos completamente livres para especificar quais estru-
turas "pretendemos", por exemplo, podemos especificar que a interpretação
do predicado ≤ deve ser uma ordem, ou que só estamos interessados em in-
terpretações de L em que o domínio consista de conjuntos e ∈ é interpretado
pela relação "é um elemento de". Mas podemos fazer isso com sentenças da
linguagem? Em outras palavras, que condições em uma estrutura M podemos
expressar por uma sentença (ou talvez um conjunto de sentenças) na lingua-
gem de M? Existem algumas condições que nós não conseguiremos expressar.
Por exemplo, não há sentença de L A , que só é verdade em uma estrutura M
se |M| = N. Não podemos expressar “o domínio contém apenas números
naturais”. Mas existem “propriedades estruturais” de estruturas que talvez
possamos expressar. Que propriedades de estruturas poderíamos expressar
por sentenças? Ou, para colocar de outra forma, que coleções de estruturas
poderíamos descrever como aquelas que tornam uma sentença (ou um con-
junto de sentenças) verdadeira?
Definition 2.2 (Modelo de um conjunto). Seja um conjunto de sentenças Γ em
uma linguagem L. Nós dizemos que uma estrutura M é um modelo de Γ se
M  ϕ para todo ϕ ∈ Γ.
Example 2.3. A sentença ∀ x x ≤ x é verdadeira em M sse ≤M é uma relação
reflexiva. A sentença ∀ x ∀y (( x ≤ y ∧ y ≤ x ) → x = y) é verdadeira em M
sse ≤M é anti-simétrica. A sentença ∀ x ∀y ∀z (( x ≤ y ∧ y ≤ z) → x ≤ z) é
verdadeira em M sse ≤M é transitiva. Logo, os modelos de
{ ∀ x x ≤ x,
∀ x ∀y (( x ≤ y ∧ y ≤ x ) → x = y),
∀ x ∀y ∀z (( x ≤ y ∧ y ≤ z) → x ≤ z) }
são exatamente aquelas estruturas em que ≤M é reflexiva, anti-simétrica, e
transitiva, i.e., uma ordem parcial. Portanto, podemos tomá-los como axiomas
para a teoria de primeira-ordem de ordem parciais.

36 Release: (None) ((None))


2.3. EXAMPLOS DE TEORIAS DE PRIMEIRA-ORDEM

2.3 Examplos de Teorias de Primeira-ordem


Example 2.4. A teoria das ordens lineares estritas na linguagem L< é axioma-
tizada pelo seguinte conjunto

∀ x ¬ x < x,
∀ x ∀y (( x < y ∨ y < x ) ∨ x = y),
∀ x ∀y ∀z (( x < y ∧ y < z) → x < z)

Ele captura completamente as estruturas pretendidas: toda ordem linear es-


trita é modelo desse sistema de axiomas, e vice-versa, se R é uma ordem linear
sob o conjunto X, então a estrutura M com |M| = X e <M = R é modelo dessa
teoria.

Example 2.5. A teoria de grupos na linguagem  (constante), · (função binária)


é axiomatizada por

∀ x ( x · ) = x
∀ x ∀y ∀z ( x · (y · z)) = (( x · y) · z)
∀ x ∃y ( x · y) = 

Example 2.6. A teoria da aritmética de Peano é axiomatizada pelas seguintes


sentenças na linguagem da aritmética L A .

¬∃ x x 0 = 
∀ x ∀y ( x 0 = y0 → x = y)
∀ x ∀y ( x < y ↔ ∃z ( x + z0 = y))
∀ x ( x + ) = x
∀ x ∀y ( x + y0 ) = ( x + y)0
∀ x ( x × ) = 
∀ x ∀y ( x × y0 ) = (( x × y) + x )

mais todas as sentenças da forma

( ϕ() ∧ ∀ x ( ϕ( x ) → ϕ( x 0 ))) → ∀ x ϕ( x )

Dado que existem infinitas sentenças da forma anterior, esse sistema de axi-
omas é infinito. A última forma é chamada de esquema de indução. (De fato,
o esquema de indução é um pouco mais complicada do que apresentamos
aqui.)
O terceiro axioma é uma definição explícita de <.

Example 2.7. A teoria dos conjuntos puros desempenham um papel impor-


tante nos fundamentos (e na filosofia) da matemática. Um conjunto é puro se

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CAPÍTULO 2. TEORIAS E SEUS MODELOS

todos os seus elementos são também conjuntos. Entretanto, o conjunto vazio


conta como puro, mas um conjunto que tem alguma coisa, que não é um con-
junto, como elemento não seria puro. Assim, os conjuntos puros são aqueles
que são formados somente a partir do conjunto vazio e não “urelementos,”
i.e., objetos que não são eles mesmos conjuntos.
O que segue pode ser considerado como um sistema de axiomas para uma
teoria dos conjuntos puros:

∃ x ¬∃y y ∈ x
∀ x ∀y (∀z(z ∈ x ↔ z ∈ y) → x = y)
∀ x ∀y ∃z ∀u (u ∈ z ↔ (u = x ∨ u = y))
∀ x ∃y ∀z (z ∈ y ↔ ∃u (z ∈ u ∧ u ∈ x ))

mais todas as sentenças da forma

∃ x ∀y (y ∈ x ↔ ϕ(y))

O primeiro axioma diz que existe um conjunto sem elementos (i.e., ∅ existe);
o segundo diz que conjuntos são extensionais; o terceiro que para quaisquer
conjuntos X e Y, o conjunto { X, Y } existe; o quarto que, para quaisquer con-
juntos X e Y, o conjunto X ∪ Y existe.
As sentenças mencionadas por último são coletivamente chamadas de es-
quema ingênuo da compreensão. Ele essencialmente diz que para todo ϕ( x ), o
conjunto { x : ϕ( x )} existe—logo, à primeira vista, um axioma verdadeiro,
útil e talvez até mesmo necessário. É chamado “ingênuo” porque, como acon-
tece, torna esta teoria insatisfatória: Se você tomar ϕ(y) como sendo ¬y ∈ y,
você obtém a sentença
∃ x ∀y (y ∈ x ↔ ¬y ∈ y)
e essa sentença não é satisfeita em qualquer estrutura.

Example 2.8. Na área da mereologia, a relação de paternidade é uma relação


fundamental. Assim como a teoria dos conjuntos, existem teorias de paterni-
dade que axiomatizam várias concepções (algumas vezes conflitantes) dessa
relação.
A linguagem da mereologia contém um único símbolo de predicado biná-
rio 2 P , e P ( x, y) “significa” que x é uma parte de y. Quando tivérmos essa
interpretação em mente, uma estrutura para essa linguagem é chamada uma
estrutura de paternidade. Claramente, nem toda estrutura para um único predi-
cado binário irá realmente merecer esse nome. Para ter a chance de capturar
“paternidade,” P M deve satisfazer algumas condições, que podemos estabe-
lecer como axiomas para a teoria de paternidade. Por exemplo, paternidade
é uma ordem parcial de objetos: todo objeto é uma parte (embora uma parte
imprópria) de si mesma; não é o caso que dois objetos diferentes possam ser

38 Release: (None) ((None))


2.4. EXPRESSANDO RELAÇÕES EM ESTRUTURAS

partes um do outro; uma parte de uma parte de um objeto é ela própria parte
desse objeto. Observe que nesse sentido “é uma parte de” se assemelha a “é
um subconjunto de,” mas não se parece com ’é um elemento de” que é nem
reflexivo nem transitivo.

∀ x P ( x, x ),
∀ x ∀y ((P ( x, y) ∧ P (y, x )) → x = y),
∀ x ∀y ∀z ((P ( x, y) ∧ P (y, z)) → P ( x, z)),

Mais ainda, quaisques dois objetos tem uma soma mereologica (um objeto que
tem esse dois objetos como partes, e é minimal com esse respeito).

∀ x ∀y ∃z ∀u (P (z, u) ↔ (P ( x, u) ∧ P (y, u)))

Esses são somente alguns dos princípios básicos da paternidade considerada


pelos metafísicos. Princípios adicionais, entretanto, rapidamente tornam-se
de difícil de formulação ou escrita sem a introdução de algumas relações de-
finidas. Por exemplo, a maioria dos metafísicos interessados em mereologia
também veem o seguinte como um princípio válido: sempre que um objeto x
tem uma parte própria y, ele também tem uma parte z que não tem partes em
comum com y, e tal que a fusão de y e z é x.

2.4 Expressando Relações em Estruturas


Um dos principais usos das fórmulas que podemos colocá-las para desem-
penhar é expressar propriedades e relações em uma estrutura M em termos
de primitivas da linguagem L de M. Mas isso significa o seguinte: o do-
mínio de M é um conjunto de objetos. As constantes, funções, e predicados
são interpretados em M por algums objetos em |M|, funções em |M|, e re-
lações em |M|. Por exemplo, se A20 está em L, então M atribui a ela uma
M
relação R = A20 . Então a fórmula A20 (v1 , v2 ) expressa essa mesma relação,
no seguinte sentido: se uma valoração s associa v1 a um a ∈ |M| e v2 para
b ∈ |M|, então
Rab sse M, s  A20 (v1 , v2 ).

Observe que temos envolver atribuições de variáveis aqui: não podemos sim-
plesmente dizer isso “Rab sse M  A20 ( a, b)” porque a e b não são símbolos da
nossa linguagem: ele são elementos de |M|.
Dado que não temos apenas fórmulas atômicas, mas podemos combiná-
las usando conectivos lógicos e os quantificadors, fórmulas mais complexas
podem definir outras relações que não são construídas diretamente em M.
Estamos interessados em como fazer isso, e especialmente, quais relções po-
demos definir em uma estrutura.

Release: (None) ((None)) 39


CAPÍTULO 2. TEORIAS E SEUS MODELOS

Definition 2.9. Seja uma fórmula ϕ(v1 , . . . , vn ) de L em que somente v1 ,. . . , vn


ocorre livre, e seja uma estrutura M para L. ϕ(v1 , . . . , vn ) expressa a relação R ⊆
|M|n sse
Ra1 . . . an sse M, s  ϕ(v1 , . . . , vn )
para qualquer atribuição de variáveis s com s(vi ) = ai (i = 1, . . . , n).

Example 2.10. No modelo padrão da aritmética N, a fórmula v1 < v2 ∨ v1 = v2


expressa a relação ≤ nos N. A fórmula v2 = v10 expressa a relação sucessor, i.e.,
a relação R ⊆ N2 onde Rnm vale, se m é o sucessor de n. A fórmula v1 = v20
expressa a relação predecessor. As fórmulas ∃v3 (v3 6=  ∧ v2 = (v1 + v3 )) e
∃v3 (v1 + v3 0 ) = v2 ambas expressam a relação <. Isso significa que o símbolo
predicado < é de fato supérfluo na linguagem da aritmética; ele pode ser
definido.

Essa ideia não é somente interessante em estruturas específicas, mas ge-


ralmente sempre quando usamos uma linguagem para descrever um modelo
pretendido ou modelos, i.e., quando consideramos teorias. Essas teorias por
vezes contém poucos predicados como símbolos básicos, mas no domínio eles
são usados para descrever por vezes muitas outras relações que desempe-
nham um papel importante. Se essas outras relações podem sistematicamente
expressas pelas relações que interpretam os predicados básicos da linguagem,
dizemos que podemos definí-los na linguagem.

2.5 A teoria dos Conjuntos


Quase toda matemática pode ser desenvolvida dentro da teoria dos conjuntos.
O desenvolvimento da matemática nessa teoria envolve uma série de coisas.
Primeiro, é necessário um conjunto de axiomas para a relação ∈. Assim, um
número de sistemas de axiomas foram desenvolvidos, por vezes com confli-
tos de propriedades do ∈. O sistema de axiomas conhecido como ZFC, Teoria
de Cojuntos de Zermelo-Fraenkel com o axioma da escolha, destaca-se: é o de
longe o sistema mais amplamente usando e estudado, por conta de seus axi-
omas serem sufucuente para a prova de todas as coisas que os matemáticos
esperem que sejam permitidas de provar. Mas, antes de estabelecer, primeiro
é necessário ficar claro como podemos ao menos expressar todas as coisas que
matemáticos esperaríam expressar. Para iniciantes, a linguagem não contém
constantes ou funções, logo parece difícil a primeira vista que possamos falar
sobre conjuntos particulares (tais como ∅ ou N), operações sobre conjuntos
(tais como X ∪ Y e ℘( X )), muito menos outras construções que envolvem ou-
tras coisas além de conjuntos, tais como relações e funções.
Para começar, “é um elemento de” não é a única relação que estamos in-
teressados: “é um subconjunto de” parece ser tão importante quanto. Mas,
nós podemos definir “é um subconjunto de” em termos “é um elemento de.”
Para fazer isto, nós devemos encontrar uma fórmula ϕ( x, y) na linguagem da

40 Release: (None) ((None))


2.5. A TEORIA DOS CONJUNTOS

teoria dos conjuntos que é satisfeita pelo par de conjuntos h X, Y i sse X ⊆ Y.


Mas X é um subconjunto de Y somente no cado em que todos os elementos
de X são também elementos de Y. Logo, nós podemos definir ⊆ pela fórmula

∀z (z ∈ x → z ∈ y)

Agora, sempre que nós quisermos usar a relação ⊆ em uma fórmula, nós po-
demos ao contrário podemos usar essa fórmula (com x e y substituído de
acordo, e uma variável ligada z renomeada quando necessário). Por exem-
plos, a extensionalidade dos conjuntos significa que se qualquer conjuntos x e
y são contidos um no outro, então x e y devem ser os mesmo conjuntos. Isto
pode ser expresso por ∀ x ∀y (( x ⊆ y ∧ y ⊆ x ) → x = y), ou, se nós substituír-
mos ⊆ pela definição acima, por

∀ x ∀y ((∀z (z ∈ x → z ∈ y) ∧ ∀z (z ∈ y → z ∈ x )) → x = y).

Este é de fato um dos axiomas de ZFC, o “axioma da extensionalidade.”


Não existe constante para para ∅, mas podemos expressar “x é vazio” por
¬∃y y ∈ x. Então, “∅ existe” torna a sentença ∃ x ¬∃y y ∈ x. Este é outro axi-
oma de ZFC. (Observe que o axioma da extensionalidade implica que existe
um único conjunto vazio.) Sempre que Whenever quisermos falar sobre ∅ na
linguagem da teoria dos conjuntos, nós poderíamos escrever isso como “existe
um conjunto que é vazio . . . ” Como um exemplo, para expressar o fato que ∅
é um subconjunto de todo conjunto, nós podemos escrever

∃ x (¬∃y y ∈ x ∧ ∀z x ⊆ z)

onde, claramente, x ⊆ z poderia, por sua vez, ser substituído pela sua defini-
ção.
Para falar sobre operações em conjuntos, tais como X ∪ Y e ℘( X ), nós po-
demos utilizar um truque similar. Não existe símbolos de função na teoria
dos conjuntos, mas nós podemos expressar relações funcionais X ∪ Y = Z e
℘( X ) = Y por

∀u ((u ∈ x ∨ u ∈ y) ↔ u ∈ z)
∀u (u ⊆ x ↔ u ∈ y)

uma vez que os elementos de X ∪ Y são exatamente os conjuntos que são


simultaneamente os conjuntos que são elementos de X ou elementos de Y,
e os elementos de ℘( X ) são exatamente os subconjuntos de X. Entretanto.
isto não nos permite usar x ∪ y ou ℘( x ) como se fossem termos: nós somente
podemos utilizar as fórmulas completas que definem as relações X ∪ Y = Z e
℘( X ) = Y. De fato, nós não sabemos que estas relações são sempre satisfeitas,
i.e., nós não sabemos que as uniões e os conjuntos potência sempre existem.
Por exemplo, a sentença ∀ x ∃y ℘( x ) = y é outro axioma de ZFC (o axioma do
conjunto potência).

Release: (None) ((None)) 41


CAPÍTULO 2. TEORIAS E SEUS MODELOS

Que tal falarmos sobre pares ordenado e funções? Aqui, nós temos que ex-
plicar como nós podemos pensar sobre pares ordenados e funções como um
tipo especial de conjuntos. Uma maneira de definir um par ordenado h x, yi é
como o conjunto {{ x }, { x, y}}. Mas, como antes, nós não podemos introdu-
zir um símbolo de função que nomeia esse conjunto; nós somente podemos
definir a relação h x, yi = z, i.e., {{ x }, { x, y}} = z:

∀u (u ∈ z ↔ (∀v (v ∈ u ↔ v = x ) ∨ ∀v (v ∈ u ↔ (v = x ∨ v = y))))

Isto os diz que os elementos u de z são exatamente aqueles conjuntos que


ou possuem x como seu único elemento ou possuem x e y como seus únicos
elementos (em outras palavras, aqueles conjuntos que, ou são idênticos a { x }
ou idênticos { x, y}). Uma vez que tenhamos isso, nós podemos dizer mais
coisas, e.g., que X × Y = Z:

∀z (z ∈ Z ↔ ∃ x ∃y ( x ∈ X ∧ y ∈ Y ∧ h x, yi = z))

Uma função f : X → Y pode ser pensada como a relação f ( x ) = y, i.e.,


como o conjunto de pares {h x, yi : f ( x ) = y}. Nós podemos então dizer que
um conjunto f é uma função de X para Y se (a) ela é uma relação ⊆ X × Y,
(b) ela é total, i.e., para todo x ∈ X existe algum y ∈ Y tal que h x, yi ∈ f e
(c) é funcional, i.e., sempre que h x, yi, h x, y0 i ∈ f , y = y0 (porque os valores
de funções devem ser únicos). Logo, “ f é uma função de X para Y” pode ser
escrita como:

∀u (u ∈ f → ∃ x ∃y ( x ∈ X ∧ y ∈ Y ∧ h x, yi = u)) ∧
∀ x ( x ∈ X → (∃y (y ∈ Y ∧ maps( f , x, y)) ∧
(∀y ∀y0 ((maps( f , x, y) ∧ maps( f , x, y0 )) → y = y0 )))

onde maps( f , x, y) abrevia ∃v (v ∈ f ∧ h x, yi = v) (esta fórmula expressa


“ f ( x ) = y”).
Agora também não seria difícil expressar que f : X → Y é injetiva, por
exemplo:

f : X → Y ∧ ∀ x ∀ x 0 (( x ∈ X ∧ x 0 ∈ X ∧
∃y (maps( f , x, y) ∧ maps( f , x 0 , y))) → x = x 0 )

Uma função f : X → Y é injetiva sse, sempre que f associa x, x 0 ∈ X a um


único y, x = x 0 . Se abreviarmos essa fórmula como inj( f , X, Y ), já estaríamos
na posição de formular na linguagem da teoria dos conjuntos alguma coisa
não trivial como o Teorema de Cantor: Não existe uma função injetiva de
℘( X ) para X:
∀ X ∀Y (℘( X ) = Y → ¬∃ f inj( f , Y, X ))
Alguém pode pensar que a teoria dos conjuntos exige um outro axioma
que garanta a existência de um conjunto para toda propriedade definidora. Se

42 Release: (None) ((None))


2.6. EXPRESSANDO O TAMANHO DE UM ESTRUTURA

ϕ( x ) é uma fórmula da teoria dos conjuntos com a variável livre x, podemos


considerar a sentença
∃y ∀ x ( x ∈ y ↔ ϕ( x )).
Essa sentença afirma que existe um conjunto y cujos elementos são todos e so-
mente aqueles x que satisfazem ϕ( x ). Esse esquema é chamado de “princípio
da compreensão.” Parece bastante útil; infelizmente é inconsistente. Consi-
dere ϕ( x ) ≡ ¬ x ∈ x, então o princípio da compreensão afirma

∃y ∀ x ( x ∈ y ↔ x ∈
/ x ),

i.e., afirma a existência de um conjunto de todos os conjuntos que não são


elementos de si mesmos. Tal conjunto nãoexiste—este é o paradoxo de Russel.
ZFC, de fato, contém uma restrita—e consistente—versão desse princípio, o
pricípio da separação:

∀z ∃y ∀ x ( x ∈ y ↔ ( x ∈ z ∧ ϕ( x )).

2.6 Expressando o Tamanho de um Estrutura


There are some properties of structures we can express even without using
the non-logical symbols of a language. For instance, there are sentences which
are true in a structure iff the domain of the structure has at least, at most, or
exactly a certain number n of elements.

Proposition 2.11. A sentença

ϕ ≥ n ≡ ∃ x1 ∃ x2 . . . ∃ x n ( x1 6 = x2 ∧ x1 6 = x3 ∧ x1 6 = x4 ∧ · · · ∧ x1 6 = x n ∧
x2 6 = x3 ∧ x2 6 = x4 ∧ · · · ∧ x2 6 = x n ∧
..
.
x n −1 6 = x n )

is true in a structure M iff |M| contains at least n elements. Consequently, M 


¬ ϕ≥n+1 iff |M| contains at most n elements.
Proposition 2.12. The sentence

ϕ = n ≡ ∃ x1 ∃ x2 . . . ∃ x n ( x1 6 = x2 ∧ x1 6 = x3 ∧ x1 6 = x4 ∧ · · · ∧ x1 6 = x n ∧
x2 6 = x3 ∧ x2 6 = x4 ∧ · · · ∧ x2 6 = x n ∧
..
.
x n −1 6 = x n ∧
∀y (y = x1 ∨ . . . y = xn ) . . . ))

is true in a structure M iff |M| contains exactly n elements.

Release: (None) ((None)) 43


CAPÍTULO 2. TEORIAS E SEUS MODELOS

Proposition 2.13. A structure is infinite iff it is a model of

{ ϕ ≥1 , ϕ ≥2 , ϕ ≥3 , . . . }

There is no single purely logical sentence which is true in M iff |M| is


infinite. However, one can give sentences with non-logical predicate symbols
which only have infinite models (although not every infinite structure is a
model of them). The property of being a finite structure, and the property of
being a non-enumerable structure cannot even be expressed with an infinite
set of sentences. These facts follow from the compactness and Löwenheim-
Skolem theorems.
There is no single purely logical sentence which is true in M iff |M| is
infinite. However, one can give sentences with non-logical predicate symbols
which only have infinite models (although not every infinite structure is a
model of them). The property of being a finite structure, and the property of
being a non-enumerable structure cannot even be expressed with an infinite
set of sentences. These facts follow from the compactness and Löwenheim-
Skolem theorems.

Problems
Problem 2.1. Encontre fórmulas em L A que definem as seguintes relações:

1. n está entre i e j;

2. n dividi igualmente m (i.e., m é um múltiplo de n);

3. n é um número primo (i.e., nenhum outro número diferente de 1 e n


divide igualmente n).

Problem 2.2. Suponha que a fórmula ϕ(v1 , v2 ) expressa a relação R ⊆ |M|2


em uma estrutura M. Encontre fórmulas que expressam as seguintes relações:

1. a inversa R−1 de R;

2. o produto relatvo R | R;

Você pode encontrar uma maneira de expressar R+ , o fecho transitivo de R?

Problem 2.3. Seja uma linguagem L contendo um símbolo de predicado bi-


nário < somente (sem contantes, funções ou outro predicado—exceto =). Seja
uma estrutura N tal que |N| = N, e <N = {hn, mi : n < m}. Prove o seguinte:

1. {0} é definível em N;

2. {1} é definível em N;

3. {2} é definível em N;

44 Release: (None) ((None))


2.6. EXPRESSANDO O TAMANHO DE UM ESTRUTURA

4. para cada n ∈ N, o conjunto {n} é definível em N;

5. todo subconjunto finito de |N| é definível em N;

6. todo subconjunto co-finito de |N| é definível em N (onde X ⊆ N é co-


finito sse N \ X é finito).

Problem 2.4. Mostre que o princípio da Compreensão é inconsistente mos-


trando uma derivaçãoque mostra

∃y ∀ x ( x ∈ y ↔ x ∈
/ x ) ` ⊥.

Pode ser útil mostrar primeiro ( A → ¬ A) ∧ (¬ A → A) ` ⊥.

Release: (None) ((None)) 45


Capítulo 3

Sistemas de Derivação

Esse Capítulo coleciona um material geral sobresistemas de deriva-


ções. Um livro texto usando um sistema específico pode inserir mais uma
seção de resumo relevante no início do capítulo introduzindo o sistema.

3.1 Introdução
Lógicas possuem com frequência uma semântica e um sistema de derivação.
A semântica diz respeito a conceitos tais como a verdade, satisfatibilidade,
validade, e consequência. A proposta de um sistema de derivação é prover
um método puramente sintático para estabelecer a consequência e a validade.
Eles são puramente sintáticos no sentido em que uma derivação em tal sis-
tema é um objeto sintático finito, usualmente uma sequência (ou outro arranjo
finito) de sentenças ou fórmulas. Bons sistemas de derivação possuem uma
propriedade que qualquer sentença dada ou arranjo de sentenças ou fórmulas
pode ser verificado mecanicamente ser correto.
O mais simples (e historicamente primeiro) sistema de derivação para ló-
gica de primeira-ordem foi o axiomático. Uma sequência de fórmulas vale
como uma derivação em tal sistema se cada fórmula individual nele está tanto
entre um conjunto fixo de “axiomas” ou segue das fórmulas que vieram antes
na sequência por uma das “regras de inferência” fixadas—e pode ser mecani-
camente verificado se uma fórmula é um axioma, e se é obtida corretamente
das outras fórmulas por uma das regras de inferência. Sistemas de prova
axiomática são fáceis de descrever—e também tem o trabalho meta-teorético
fácil—mas derivações nele são difíceis de ler e entender, e também difíceis de
produzir.
Outros sistemas de derivação foram desenvolvidos com o objetivo de tor-
nar fácil a construção de derivações ou fácil de entender derivações uma vez
completas. Os exemplos são dedução natural, árvores de verdade, também

46
3.1. INTRODUÇÃO

conhecidas como provas tableaux, e o cálculo sequente. Alguns sistemas de


derivação são planejados especialmente com a mecanização em mente, e.g.,
o método de resolução é fácil de implementar em software (mas suas deri-
vaçõoes são essensialmente difíceis de entender). A maioria desses outros
sistemas de prova representam derivações como árvores de fórmulas em vez
de uma sequência. Isso faz com que seja mais fácil ver que partes de uma
derivação dependem em outras partes.
Logo, para uma dada lógica, tal como a lógica de primeira-ordem, os sis-
temas de prova diferentes irão dar diferentes explicações de o que é para uma
sentença ser um teorema e o quê significa para uma sentença ser derivável de
algumas outras. No entanto, isto é feito (via derivações axiomáticas, dedu-
ções naturais, derivações de sequentes, árvores de verdade, ou refutações por
resolução), nós queremos que essas relações casem com as noções semânticas
de validade e consequência. Vamos escrever ` ϕ para “ϕ é um teorema” e
“Γ ` ϕ” para “ϕ é derivávela partir de Γ. ”Enquanto ` é definida, nós quere-
mos que ela case com , isto é:

1. ` ϕ se e somente se  ϕ

2. Γ ` ϕ se e somente se Γ  ϕ

A direção “somente se” da relação acima é chamada corretude. Um sistema de


derivação é correto se derivabilidade garante a consequência (ou validade).
Todo sistema de derivação descente deve ser correto; sistemas de derivação
não-corretos não são úteis de nenhuma forma. Afinal, todo propósito de uma
derivação é prover uma garantia sintática da validade ou da consequência.
Nós iremos provar a corretude para os sistemas de derivação que apresenta-
remos.
A direção contrária “se” é também importante: é chamada de completude.
Um sistema de derivação completo é forte o suficiente para mostrar que ϕ é
um teorema sempre quando ϕ é válido, e que Γ ` ϕ sempre quando Γ  ϕ. A
completude é difícil de estabelecer, e algumas lógicas não possuem sistemas
de derivação completo. A lógica de primeira-ordem tem. Foi Kurt Gödel
o primeiro a provar completude para um sistema de derivação da lógica de
primeira-ordem em sua dissertação de 1929.
Um outro conceito que está ligado aos sistemas derivação é o de consis-
tência. Um conjunto de sentenças é chamado de inconsistente se qualquer
coisa pode ser derivado dele, e consistente caso contrário. A inconsistência é
a contraparte sintática da insatisfação: como conjuntos insatisfatíveis, conjun-
tos inconsistentes de sentenças não fazem boas teorias, elas são defeituosos
de um forma fundamental. Conjuntos consistentes de sentenças podem não
ser verdadeiros ou úteis, mas ao menos passam esse limiar mínimo da utili-
dade lógica. Para diferentes sistemas de derivação, a definição específica de
consistência de conjuntos de sentenças pode diferir, mas como `, queremos
que a consistência coincida com sua contraparte semântica, satisfatibilidade.

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CAPÍTULO 3. SISTEMAS DE DERIVAÇÃO

Queremos que seja sempre o caso que Γ é consistente se, e somente se, ele for
satisfatível. Aqui, a direção ’se” equivale à completude (consistência garante
satisfação), e a direção "somente se"equivale à corretude (a satisfação garante
a consistência). Na verdade, para a lógica de primeira ordem clássica, as duas
versões de corretude e completude são equivalente.

3.2 Dedução Natural


Dedução natural é um sistema de derivação que pretende simular o raciocínio
real (especialmente o tipo regimentado de raciocínio empregado por matemá-
ticos). Raciocínio real procede por inúmeros padrões “naturais”. Por exemplo,
a prova por casos nos permite estabelecer uma conclusão com base em uma
premissa disjuntiva, estabelecendo que a conclusão segue de um dos termos
da disjunção. A prova indireta nos permite estabelecer uma conclusão mos-
trando que a negação dela leva a uma contradição. A prova condicional esta-
belece uma afirmação condicional “se . . . , então . . . ” mostrando que o conse-
quente segue do antecedente. A dedução natural é a formalização de alguma
dessas inferências naturais. Cada um dos conectivos lógicos e quantificadores
vêm com duas regras, uma regra de introdução e uma de eliminação, e elas
correspondem a um tal padrão de inferência natural. Por exemplo, →Intro
corresponde a uma prova condicional, e ∨Elim a provas por casos. Uma re-
gra particularmente simples é a ∧Elim que permite a inferência de ϕ (ou ψ) a
partir de ϕ ∧ ψ.
Uma característica que distingue a dedução natural de outros sistemas de
derivação é o uso que ele faz das hipóteses. Uma derivação em dedução na-
tural é uma árvore de fórmulas. Uma única fórmula fica na raíz da árvore,
e as “folhas” da árvore são fórmulas das quas a conclusão é derivada. Emm
dedução natural, algumas fórmulas folha desempenham o papel dentro da
derivação, mas são “consumidas” no momento em que a derivação alcança
a conclusão. Isso corresponde à prática, em um raciocínio real, da introdu-
ção de hipóteses que somente permanecem com efeito por um curto período
de tempo. Por exemplo, em uma prova por casos, nós assumimos a verdade
de cada disjunção; na prova condicional, nós assumimos a verdade do an-
tecedente; na prova indireta, nós vamos supor que é verdadeira a negação
da conclusão. Essa maneira de introduzir suposições hipotéticas e então fa-
zendo uso delas no serviço para estabelecer passos intermediários é a marca
registrada da dedução natural. As fórmulas nas folhas de uma derivação de
dedução natural é chamada de hipóteses, e algumas das regras de inferência
“descartam” hipóteses. Por exemplo, se nós tivéssemos uma derivação de ψ a
partir de algumas hhipóteses que incluam ϕ, então a regra →Intro nos permite
inferi ϕ → ψ e descartar qualquer hipótese na forma ϕ. (Para manter um regis-
tro de quais hipóteses são discartadas em quais inferências, nós rotulamos a
inferência e as hipóteses que são descartadas com um número.) As hipóteses

48 Release: (None) ((None))


3.3. DERIVAÇÃO AXIOMÁTICA

que permanecem não descartadas no final da derivação são, juntas, suficien-


tes para a para a verdade da conclusão, e logo, uma derivação estabelece que
suas hipóteses não descartadas acarretam sua conclusão.
A relação Γ ` ϕ baseada em dedução natural vale sse existe uma derivação
em que ϕ é a última sentença na árvore, e cada folha que não é descartada está
em Γ. ϕ é um teorema em dedução natural sse existe uma derivação em que
ϕ é a última sentença e todas as hipóteses são descartadas. Por exemplo, aqui
está uma derivação que mostra que ` ( ϕ ∧ ψ) → ϕ:

[ ϕ ∧ ψ ]1
ϕ ∧Elim
1 →Intro
( ϕ ∧ ψ) → ϕ
O rótulo 1 indica que a hipótese ϕ ∧ ψ é descartada na inferência →Intro.
Um connjunto Γ é inconsistente sse Γ ` ⊥ em dedução natural. A regra
⊥ I faz com que, de um conjunto inconsistente, qualquer sentença possa ser
derivada.
Sistemas de dedução natural foram desenvolvidos por Gerhard Gentzen
e Stanisław Jaśkowski nos anos de 1930, e desenvolvido posteriormente por
Dag Prawitz e Frederic Fitch. Porque suas inferências espelham os métodos
naturais de prova, é o sistema favoritodos filósofos. As versões desenvolvidas
por Fitch são com frequência usadas em livros introdutórios de lógica. Na
filosofia da lógica, as regras naturais de dedução são por vezes consideradas
para dar significados aos operadores lógicos (“proof-theoretic semantics”).

3.3 Derivação Axiomática


Derivações axiomáticas são as mais antigas e mais simples sistemas de driva-
ção lógica. Suas derivações são simplesmente sequências de sentenças. Uma
sequência de sentenças conta como uma derivação correta se toda sentença ϕ
nela satisfaz uma das seguintes condições:

1. ϕ é um axioma, ou

2. ϕ é um elemento de um conjunto de sentenças Γ, ou

3. ϕ é justificado por uma regra de inferência.

Para ser um axioma, ϕ deve se ter a forma de uma dos esquemas fixos de sen-
tenças. Existem muito conjuntos de esquemas de axiomas que fornecem um
satisfatório (correto e completo) sistema de derivações para lógica de primeira-
ordem. Alguns são organizados de acordo com os conectivos que eles gover-
nam, e.g., os esquemas

ϕ → (ψ → ϕ) ψ → (ψ ∨ χ) (ψ ∧ χ) → ψ

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CAPÍTULO 3. SISTEMAS DE DERIVAÇÃO

são axiomas comuns que governam →, ∨ e ∧. Alguns sistemas de axiomas al-


mejam um número mínimo de axiomas. Dependendo dos conectivos que são
considerados como primitivos, é até mesmo possível encontrar um sistema de
axiomas que consiste de um único axioma.
Uma regra de inferência é uma afirmação condicional que dá uma condi-
ção suficiente para uma sentença em uma derivação ser justificada. Modus
ponens é uma regra muito comum: ela afirma que, se ϕ e ϕ → ψ já são justifica-
dos, então ψ também é justificado. Isso significa que uma linha na derivação,
contendo uma sentença ψ é justificada, dado que tanto ϕ e ϕ → ψ (para alguma
sentença ϕ) apareçam antes de ψ na derivação.
A relação ` baseada em derivações axiomáticas é definida como segue:
Γ ` ϕ sse existe uma derivação com a sentença ϕ como sua última fórmula
(e Γ é tomado como como um conjunto de sentenças nessa derivação que são
justificadas por (2) acima). ϕ é um teorema se ϕ tem uma derivação onde Γ
é vazio, i.e., toda sentença na derivação é justificada tanto por (1) ou (3). Por
exemplo, aqui está uma derivação que mostra que ` ϕ → (ψ → (ψ ∨ ϕ)):

1. ψ → (ψ ∨ ϕ)
2. (ψ → (ψ ∨ ϕ)) → ( ϕ → (ψ → (ψ ∨ ϕ)))
3. ϕ → (ψ → (ψ ∨ ϕ))

A sentença na linha 1 é da forma do axioma ϕ → ( ϕ ∨ ψ) (com os papeis de ϕ e


ψ trocados). A sentença na linha 2 é da forma do axioma ϕ → (ψ → ϕ). Assim,
ambas linhas são justificadas. A linha 3 é justificada por modus ponens: se
abreviarmos como θ, então a linha 2 tem a forma χ → θ, onde χ é ψ → (ψ ∨ ϕ),
i.e., linha 1.
U conjunto Γ é inconsistente se Γ ` ⊥. Um sistema axiomático completo
também irá provar que ⊥ → ϕ para qualquer ϕ, e logo se Γ é inconsistente,
então Γ ` ϕ para qualquer ϕ.
Sistema de derivação axiomática para logica foram primeiramente dados
por Gottlob Frege em seu Begriffsschrift de 1879, que por essa razão é frequen-
temente considerado o primeiro trabalho da lógica moderna. Eles foram apri-
morados no Principia Mathematica de Alfred North Whitehead e Bertrand Rus-
sell, e pelos trabalhos de David Hilbert e seus estudante nos anos de 1920. Fre-
quentemente, são chamados de “sistemas de Frege” ou “sistemas de Hilbert.”
Eles são bem versáteis nisso, e com frequência é fácil desenvolver um sistema
axiomático para uma lógica. Dado que derivações possuem uma estrutura
muito simples e somente uma ou duas regras de inferência, é relativamente
fácil provar coisas sobre eles. Entretanto, esses sistemas são muito difíceisna
prática, i.e., é difícil encontrar e escrever provas.

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3.4. TABLEAUX

3.4 Tableaux
Enquanto muitos sistemas de prova operam com organização de sentenças
tableau opera com fórmulas rotuladas. Uma fórmula rotulada é um par con-
sistindo de um marcação de valor verdade (T ou F) e uma sentença

T ϕ ou F ϕ.

Um tableau consiste de fórmulas rotuladas organizadas em uma árvore rami-


ficada para baixo. Ele começa com um número de hipóteses e continua com
fórmulas rotuladas que resultam de uma das fórmulas rotuladas acima dela
pela aplicação de uma das regras de inferência. Cada regra nos permite adi-
cionar uma ou mais fórmulas rotuladas ao final do ramo, ou duas fórmula
rotuladas lado a lado—nesse caso o ramo se divide em dois, com as duas fór-
mulas rotuladas formando o final de dois ramos.
Uma regra aplicada a uma fórmula marcada complexa resulta na adição de
fórmulas rotuladas que são imediatamente subfórmulas. Elas vêm em pares,
uma regra para cada um dos dois marcadores. Por exemplo, a regra ∧T aplica
a T ϕ ∧ ψ, e permite a adição de ambas as fórmulas marcadas T ϕ e Tψ ao fim
de qualquer ramo contendo T ϕ ∧ ψ, e a regra ϕ ∧ ψF permite a um ramo ser
dividido pela adição de F ϕ e F ψ lado a lado. Um tableau está fechado se todo
os seus ramos contém um par de fórmulas assinaladas T ϕ e F ϕ.
A relação ` baseada em tableaux é definida como segue: Γ ` ϕ sse existe
algum conjunto finito Γ0 = {ψ1 , . . . , ψn } ⊆ Γ tal que existe um tableau fe-
chado para as hipóteses
{F ϕ, Tψ1 , . . . , Tψn }
Por exemplo, aqui está um tableau fechado que mostra que ` ( ϕ ∧ ψ) → ϕ:

1. F ( ϕ ∧ ψ) → ϕ Assumption
2. Tϕ ∧ ψ →F 1
3. Fϕ →F 1
4. Tϕ →T 2
5. Tψ →T 2

Um conjunto Γ é inconsistente no cálculo tableau se existe um tableau fe-


chado para hipóteses
{Tψ1 , . . . , Tψn }
para algum ψi ∈ Γ.
O tableaux foi inventado independentemente por Evert Beth e Jaako Hin-
tikka nos anos de 1950, e simplificado e popularizado por Raymond Smullyan.
Ele é bastante fácil de usar, dado que construir um tableaux é um um proce-
dimento muito sistemático. Por conta da natureza sistemática do tableaux,

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CAPÍTULO 3. SISTEMAS DE DERIVAÇÃO

eles também levam também a implementação por computador. Entretanto, o


tableaux tem a leitura difícil e suas conexões com provas com frequência não
são fáceis de ver. A abordagem é também um tanto geral, e muitas lógicas
diferentes possuem sistemas tableaux. O tableaux também nos ajuda a encon-
trar estruturas que satisfazem uma dada sentença (ou conjunto de sentenças):
se o conjunto é satisfatível, ele não terá um tableaux fechado, i.e., qualquer
tableaux terá um ramo aberto. A estrutura satisfatória pode ser “medida” um
ramo aberto, provendo que todas as regras possíveis de serem aplicadas fo-
ram aplicadas naquele ramo. Existe também uma conexão muito próxma com
o cálculo de sequentes: essencialmente, um tableau fechado é uma derivação
condensada em cálculo de sequentes, escrita de cima para baixo.

3.5 O Cálculo de Sequentes


Enquanto muitos sistemas de derivação operam com a organização de sen-
tenças, o cálculo de sequentes opera com os sequentes. Um sequente é uma
expressão na forma
ϕ1 , . . . , ϕm ⇒ ψ1 , . . . , ψm ,
que é um par de sequências de sentenças, separadas pelo símbolo de sequente ⇒.
Qualquer uma das sequências pode estar vazias. Uma derivação no cálculo
de sequentes é uma árvore de sequentes, onde os sequentes mais ao topo são
de uma forma especial (eles são chamados de “sequentes iniciais” ou “axio-
mas”) e todo outro sequente segue dos sequentes imediatamente acima dele
por uma das regras de inferência. As regras de inferência ou manipulam as
sentenças nos sequentes (adicionando, removendo, ou reorganizando-os tanto
na esquerda quando na direita), ou elas introduzem uma fórmula complexa
na conclusão da regra. Por exemplo, a regra ∧L permite que a inferência a
partir de ϕ, Γ ⇒ ∆ para A ∧ ψ, Γ ⇒ ∆, e a regra →R permite a inferência a
partir de ϕ, Γ ⇒ ∆, ψ para Γ ⇒ ∆, ϕ → ψ, para qualquer Γ, ∆, ϕ, e ψ. (Em
particular, Γ e ∆ podem ser vazios.)
A relação ` básiada em cálculo de sequentes é definida como segue: Γ ` ϕ
sse existe alguma sequência Γ0 tal que todo ϕ em Γ0 está em Γ e existe uma
derivação com o sequente Γ0 ⇒ ϕ na sua raíz. ϕ é um teorema no cálculo de
sequentes se o sequente ⇒ ϕ tem uma derivação. Por exemplo, aqui está uma
derivação que mostra que ` ( ϕ ∧ ψ) → ϕ:
ϕ ⇒ ϕ
ϕ∧ψ ⇒ ϕ
∧L
→R
⇒ ( ϕ ∧ ψ) → ϕ
Um conjunto Γ é inconsistente no cálculo de sequentes se existe uma de-
rivação Γ0 ⇒ (onde todo ϕ ∈ Γ0 está em Γ e o ladodireito do sequente está
vazio). Usando a regra WR, qualquer sentença pode ser derivada a partir de
um conjunto inconsistente.

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3.5. O CÁLCULO DE SEQUENTES

O cálculo de sequentes foi inventado nos anos de 1930 por Gerhard Gent-
zen. Por causa do seu desenvolvimento sistemático e simétrico, ele é um for-
malismo muito útil para o desenvolvimento de uma teoria das derivações. É
relativamente fácil encontrar derivações no cálculo de sequentes, mas essas
derivações são com frequência difíceis de ler e suas conexões com provas não
são fáceis de ver por vezes. O cálculo provou ser uma abordagem bastante
elegante para os sistemas de derivação, ainda assim, muitas lógicas possuem
um sistema de cálculo de sequentes.

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Capítulo 4

Dedução Natural

This chapter presents a natural deduction system in the style of Gent-


zen/Prawitz.
To include or exclude material relevant to natural deduction as a proof
system, use the “prfND” tag.

4.1 Regras e Derivações


Sistemas de dedução natural destinam-se a fazer um paralelo com o raciocínio
informal utilizado em provas matemáticas (daí ser um pouco “natural”). Pro-
vas em dedução natural começam com suposições. Regras de inferência são
então aplicadas. Suposições são “discartadas” pelas regras ¬Intro, →Intro,
∨Elim e ∃Elim regras de inferência, e o rótulo da suposição discartada é colo-
cado ao lado da inferência por clareza.

Definition 4.1 (Fórmula Inicial). Uma fórmula inicial ou suposição é qualquer


fórmula na posição mais alta de qualquer ramo.

Derivações em dedução natural são de fato árvores de sentenças, onde as


sentenças no nível mais alto são suposições, e se uma sentença fica abaixo de
outra, ou duas, ou outras três sequentes, ela deve seguir corretamente de uma
regra de inferência. As sentenças no topo de uma inferência são chamadas de
premissas, e a sentença abaixo é chamada de conclusão da inferência. As regras
vêm em pares, uma introdução e uma eliminação para cada operador. Elas
introduzem um operador na conclusão ou removem um operador de uma
premissa da regra. Alguma das regras permitem uma suposição de um certo
tipo ser descartada. Para indicar qual suposição é descartada por qual infe-
rência, também atribuímos rótulos à suposição e à regra de inferência. Isso é
indicado escrevendo a suposição como “[ ϕ]n ”.

54
4.2. REGRA PROPOSICIONAIS

É costume considerar regras para todos os operadores, mesmo para aque-


les (se houver) que consideramos como definidos.

4.2 Regra Proposicionais

Regras para ∧

ϕ∧ψ
ϕ ∧Elim
ϕ ψ
∧Intro
ϕ∧ψ ϕ∧ψ
ψ
∧Elim

Regras para ∨

ϕ [ ϕ]n [ψ]n
∨Intro
ϕ∨ψ
ψ
∨Intro ϕ∨ψ χ χ
ϕ∨ψ n ∨Elim
χ

Regras para →

[ ϕ]n
ϕ→ψ ϕ
ψ
→Elim
ψ
n →Intro
ϕ→ψ

Regras para ¬

[ ϕ]n
¬ϕ ϕ
¬Elim


¬ ϕ ¬Intro
n

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CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

Regras para ⊥

[¬ ϕ]n

⊥ ⊥
ϕ I

n
⊥ ⊥
ϕ C

Note que ¬Intro e ⊥C são bem similares: A diferença é que ¬Intro deriva uma
sentença negada ¬ ϕ, mas ⊥C uma sentença positiva ϕ.

4.3 Regras com Quantificadores

Regras para ∀

ϕ( a) ∀ x ϕ( x )
∀Intro ∀Elim
∀ x ϕ( x ) ϕ(t)

Nas regras para ∀, t é um termo aterrado (um termo que não contém variá-
veis), e a é uma constante que não ocorre na conclusão ∀ x ϕ( x ), ou em qual-
quer suposição que não é descartada em uma derivação terminando com a
premissa ϕ( a). Chamamos a de autovariável da inferência ∀Intro.

Regras para ∃

[ϕ( a)]n
ϕ(t)
∃Intro
∃ x ϕ( x )
∃ x ϕ( x ) χ
n
χ ∃Elim

Mais uma vez, t é um termo aterrado, e a é uma constante que não ocorre
na premissa ∃ x ϕ( x ), na conclusão χ, ou qualquer suposição que não é des-
cartada em uma derivação terminando com duas premissas (diferentes das
suposições ϕ( a)). Nós chamamos a de autovariável da inferência ∃Elim.
A condição de que uma “autovariável” não ocorra na premissas nem em
qualquer suposição que não é descartada nas derivações que levam às premis-
sas para a inferência ∀Intro ou ∃Elim é chamada de condição de autovariável.

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4.4. DERIVAÇÕES

Usamos o termo “autovariável” mesmo que a nas regras acima seja uma
constante. Isso tem razões históricas.
Em ∃Intro e ∀Elim não existem restrições, e o termo t pode ser qualquer
coisa, logo não temos que nos preocupar sobre qualquer condição. Poroutro
lado, nas regras ∃Elim e ∀Intro, a condição de autovariável requer que a cons-
tante a não ocorra em nenhum lugar na conclusao ou em uma suposição não
descartada. A condição é necessária para garantir que o sistema é correto,
i.e., somente deriva sentenças de suposições não descartadas das quais eles
seguem. Sem essa condição, o seguinte seria permitido:

[ ϕ( a)]1
*∀Intro
∃ x ϕ( x ) ∀ x ϕ( x )
∃Elim
∀ x ϕ( x )

Entretanto, ∃ x ϕ( x ) 2 ∀ x ϕ( x ).

4.4 Derivações
Nós já dissemos o que é uma suposição, e já demos as regras de inferência.
Derivações em dedução natural são geradas indutivamente a partir dessas:
cada derivação ou é uma suposição por si só, ou consiste de uma, duas, ou
três derivações seguidas por uma aplicação correta de uma inferência.

Definition 4.2 (Derivação). Uma derivação de uma sentença ϕ a partir de um


conjunto de hipóteses Γ é uma árvore de sentenças satisfazendo as seguintes
condições:

1. As sentenças nos níveis mais altos da árvore ou estão em Γ ou foram


descartadas por uma regra de inferência na árvore.

2. A sentença no nível mais baixo da árvore é ϕ.

3. Toda sentença na árvore exceto ϕ é uma premissa de uma aplicação


correta de uma regra de inferência cuja conclusão aparece diretamente
abaixo dessa sentença na árvore.

Nós então dizemos que ϕ é a conclusão da derivação e que ϕ é derivávelable a


partir de Γ.

Example 4.3. Toda hipótese por si só é uma derivação. Logo, e.g., χ ele mesmo
é uma derivação, e também será θ será. Nós podemos uma nova derivação a
partir dessa pela aplicação, digamos da regra ∧Intro,

ϕ ψ
∧Intro
ϕ∧ψ

Release: (None) ((None)) 57


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

Estas regras pretendem ser gerais: podemos substituir o ϕ e ψ nela por


qualquer sentença, por exemplo, por χ e θ. Então a conclusão seria χ ∧ θ, e
logo
χ θ
∧Intro
χ∧θ
é uma derivação correta. Claramente, podemos também trocar as hipóteses,
tal que θ desenpenhe o papel de ϕ e χ que de ψ. Assim,
θ χ
∧Intro
θ∧χ
é também uma derivação correta.
Podemos aplicar uma outra regra, digamos, →Intro, que nos permite con-
cluir uma condicional e nos permite descartar hipóteses que é identica a con-
clusão desse condicional. Logo as seguintes derivações seeriam corretas:

[ χ ]1 θ χ [ θ ]1
∧Intro ∧Intro
χ∧θ χ∧θ
1 →Intro 1 →Intro
χ → (χ ∧ θ ) θ → (χ ∧ θ )

4.5 Exemplos de Derivação


Example 4.4. Vamos dar uma derivação da sentença ( ϕ ∧ ψ) → ϕ.
Nós começamos escrevendo a conclusão desejada no final da derivação.

( ϕ ∧ ψ) → ϕ
A seguir, precisamos especular qual tipo de inferência poderia resultar em
uma sentença dessa forma. O operador principal da conclusão é →, assim
tentaremos chegar a conclusão usando a regra →Intro. É recomendado escre-
ver as hipóteses envolvidas e rotular as regras de inferência a medida que for
progredindo, assim seria fácil ver se todas as hipóteses foram descartadas ao
final da prova.
[ ϕ ∧ ψ ]1

ϕ
1 →Intro
( ϕ ∧ ψ) → ϕ
Agora, precisamos preencher nos passos a partir da hipótese ϕ ∧ ψ até ϕ.
Dado que somente temos um conectivo para trabalhar, ∧, devemos usar a
regra de eliminação para o ∧. Isso nos dá a seguinte prova:
[ ϕ ∧ ψ ]1
ϕ ∧Elim
1 →Intro
( ϕ ∧ ψ) → ϕ

58 Release: (None) ((None))


4.5. EXEMPLOS DE DERIVAÇÃO

Nós agora temos uma derivação correta de ( ϕ ∧ ψ) → ϕ.

Example 4.5. Agora vamos fornecer uma derivação de (¬ ϕ ∨ ψ) → ( ϕ → ψ).


Começamos escrevendo a conclusão desejada na base da derivação, a parte
mais baixa.

(¬ ϕ ∨ ψ) → ( ϕ → ψ)

Para encontrar uma regra lógica que possa nos dar essa conclusão, olhamos
para os conectivos lógicos na conclusão: ¬, ∨, e →.
No momento, só nos importamos com a primeiro ocorrência de → porque
é o operador principal da sentença no sequente final, enquanto ¬, ∨ e a se-
gunda ocorrência de → estão no escopo de outro conectivo, assim nós iremos
tratar destes depois. Portanto, iniciamos com a regra →Intro. Uma aplicação
correta deve ter este aspecto:

[¬ ϕ ∨ ψ]1

ϕ→ψ
1 →Intro
(¬ ϕ ∨ ψ) → ( ϕ → ψ)

Isso nos deixa com duas possibilidades para continuar. Ou podemos conti-
nuar trabalhando da base para o topo e procurar por outra aplicação da regra
→Intro, ou podemos trabalhar de cima para baixo e aplicar uma regra ∨Elim.
Vamos fazer a última. Nós vamos usar a hipótese ¬ ϕ ∨ ψ como a premissa
maisà esquerda de ∨Elim. Para uma aplicação válida de ∨Elim, as outras
duas premissas devem ser idênticas para a conclusão ϕ → ψ, mas cada uma
pode ser derivada, por sua vez, de outra hipótese, a saber as duas disjunções
de ¬ ϕ ∨ ψ. Assim nossa derivação irá parecer com isto aqui:

[¬ ϕ]2 [ ψ ]2

[¬ ϕ ∨ ψ]1 ϕ→ψ ϕ→ψ


2
ϕ→ψ
∨Elim
1 →Intro
(¬ ϕ ∨ ψ) → ( ϕ → ψ)

Em cada um dos dois ramos da direita, queremos derivar ϕ → ψ, o que é

Release: (None) ((None)) 59


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

feito melhor usando →Intro.


[¬ ϕ]2 , [ ϕ]3 [ ψ ]2 , [ ϕ ]4

ψ ψ
3 →Intro 4 →Intro
[¬ ϕ ∨ ψ]1 ϕ→ψ ϕ→ψ
2
ϕ→ψ
∨Elim
1 →Intro
(¬ ϕ ∨ ψ) → ( ϕ → ψ)
Para as duas partes faltantes da derivação, precisamos derivações de ψ a
partir de ¬ ϕ e ϕ no meio, e a partir de ϕ e ψ na esquerda. Vamos tomar o
primeiro. ¬ ϕ e ϕ são duas premissas de ¬Elim:
[¬ ϕ]2 [ ϕ ]3
¬Elim

ψ
Usando ⊥ I , podemos obter ψ como uma conclusão e completar o ramo.
[ ψ ]2 , [ ϕ ]4
[¬ ϕ]2 [ ϕ ]3
⊥Intro
⊥ ⊥
I
ψ ψ
3 →Intro 4 →Intro
[¬ ϕ ∨ ψ]1 ϕ→ψ ϕ→ψ
2
ϕ→ψ
∨Elim
1 →Intro
(¬ ϕ ∨ ψ) → ( ϕ → ψ)
Vamos olhar agora para o ramo mais à direita. Aqui é importante perceber
que a definição de derivação permite hipóteses serem descartadas, mas não exige
que elas sejam. Em outras palavras, se nós podemos derivar ψ a partir de uma
das hipóteses ϕ e ψ sem usar a outra, está tudo bem. E para derivar ψ a partir
de ψ é trivial: ψ por si só é uma derivação, e nenhuma inferência é necessária.
Logo, podemos simplesmente deletar a hipótese ϕ.
[¬ ϕ]2 [ ϕ ]3
¬Elim
⊥ ⊥
I
ψ [ ψ ]2
3 →Intro →Intro
[¬ ϕ ∨ ψ]1 ϕ→ψ ϕ→ψ
2
ϕ→ψ
∨Elim
1 →Intro
(¬ ϕ ∨ ψ) → ( ϕ → ψ)
Note que na derivação terminada, a inferência →Intro mais a direita não des-
carta nenhuma hipótese realmente.

60 Release: (None) ((None))


4.5. EXEMPLOS DE DERIVAÇÃO

Example 4.6. Até o momento, nós ainda não precisamos da regra ⊥C . Ela é
especial no sentido que nos permite descartar uma hipótese que não é uma
subfórmula da conclusão da regra.
Está diretamente relacionada com a regra ⊥ I . De fato, a regra ⊥ I é um
caso especial da regra ⊥C —exite uma lógica chamada “lógica intuicionista”
na qual somente ⊥ I é permitida. A regra ⊥C é o último recurso quandonada
mais funciona. Por exemplo, suponha que queremos derivar ϕ ∨ ¬ ϕ. Nossa
estratégia usual seria tentar derivar ϕ ∨ ¬ ϕ usando ∨Intro. Mas isto exigiria
derivar ou ϕ ou ¬ ϕ com nenhuma hipótese, e isso não pode ser feito. ⊥C ao
resgate!

[¬( ϕ ∨ ¬ ϕ)]1

1
⊥ ⊥C
ϕ ∨ ¬ϕ

Agora estamos procurando uma derivação de ⊥ a partir de ¬( ϕ ∨ ¬ ϕ). Dado


que ⊥ é a conclusão de ¬Elim, nós podemos tentar isto:

[¬( ϕ ∨ ¬ ϕ)]1 [¬( ϕ ∨ ¬ ϕ)]1

¬ϕ ϕ
¬Elim
1
⊥ ⊥C
ϕ ∨ ¬ϕ

Nossa estratégia para encontrar uma derivação de ¬ ϕ pede uma aplicação


de ¬Intro:

[¬( ϕ ∨ ¬ ϕ)]1 , [ ϕ]2


[¬( ϕ ∨ ¬ ϕ)]1


2
¬ ϕ ¬Intro ϕ
¬Elim
1
⊥ ⊥C
ϕ ∨ ¬ϕ

Aqui, obtemos ⊥ facilmente pela aplicação de ¬Elim para a hipótese ¬( ϕ ∨


¬ ϕ) e ϕ ∨ ¬ ϕ que segue da nossa nova hipótese ϕ por ∨Intro:

Release: (None) ((None)) 61


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

[ ϕ ]2 [¬( ϕ ∨ ¬ ϕ)]1
[¬( ϕ ∨ ¬ ϕ)]1 ϕ ∨ ¬ ϕ ∨Intro
¬Elim

2
¬ϕ ¬ Intro ϕ
¬Elim
1
⊥ ⊥C
ϕ ∨ ¬ϕ

Pelo lado direito, usamos a mesma estratégia, exceto que obtemos ϕ por ⊥C :

[ ϕ ]2 [¬ ϕ]3
[¬( ϕ ∨ ¬ ϕ)]1 ϕ ∨ ¬ϕ ∨ Intro [¬( ϕ ∨ ¬ ϕ)]1 ϕ ∨ ¬ ϕ ∨Intro
¬Elim ¬Elim
⊥ ⊥ ⊥
2
¬ ϕ ¬Intro 3
ϕ C
¬Elim
1
⊥ ⊥C
ϕ ∨ ¬ϕ

4.6 Derivations with Quantifiers


Example 4.7. When dealing with quantifiers, we have to make sure not to
violate the eigenvariable condition, and sometimes this requires us to play
around with the order of carrying out certain inferences. In general, it helps
to try and take care of rules subject to the eigenvariable condition first (they
will be lower down in the finished proof).
Let’s see how we’d give a derivation of the formula ∃ x ¬ ϕ( x ) → ¬∀ x ϕ( x ).
Starting as usual, we write

∃ x ¬ ϕ( x ) → ¬∀ x ϕ( x )

We start by writing down what it would take to justify that last step using the
→Intro rule.
[∃ x ¬ ϕ( x )]1

¬∀ x ϕ( x )
→Intro
∃ x ¬ ϕ( x ) → ¬∀ x ϕ( x )

Since there is no obvious rule to apply to ¬∀ x ϕ( x ), we will proceed by setting


up the derivation so we can use the ∃Elim rule. Here we must pay attention
to the eigenvariable condition, and choose a constant that does not appear in
∃ x ϕ( x ) or any assumptions that it depends on. (Since no constant symbols

62 Release: (None) ((None))


4.6. DERIVATIONS WITH QUANTIFIERS

appear, however, any choice will do fine.)

[¬ ϕ( a)]2

[∃ x ¬ ϕ( x )]1 ¬∀ x ϕ( x )
2 ∃Elim
¬∀ x ϕ( x )
→Intro
∃ x ¬ ϕ( x ) → ¬∀ x ϕ( x )

In order to derive ¬∀ x ϕ( x ), we will attempt to use the ¬Intro rule: this re-
quires that we derive a contradiction, possibly using ∀ x ϕ( x ) as an additional
assumption. Of course, this contradiction may involve the assumption ¬ ϕ( a)
which will be discharged by the →Intro inference. We can set it up as follows:

[¬ ϕ( a)]2 , [∀ x ϕ( x )]3


3 ¬Intro
[∃ x ¬ ϕ( x )]1 ¬∀ x ϕ( x )
2 ∃Elim
¬∀ x ϕ( x )
→Intro
∃ x ¬ ϕ( x ) → ¬∀ x ϕ( x )

It looks like we are close to getting a contradiction. The easiest rule to apply is
the ∀Elim, which has no eigenvariable conditions. Since we can use any term
we want to replace the universally quantified x, it makes the most sense to
continue using a so we can reach a contradiction.

[∀ x ϕ( x )]3
∀Elim
[¬ ϕ( a)]2 ϕ( a)
¬Elim

1
3 ¬Intro
[∃ x ¬ ϕ( x )] ¬∀ x ϕ( x )
2 ∃Elim
¬∀ x ϕ( x )
→Intro
∃ x ¬ ϕ( x ) → ¬∀ x ϕ( x )

It is important, especially when dealing with quantifiers, to double check


at this point that the eigenvariable condition has not been violated. Since the
only rule we applied that is subject to the eigenvariable condition was ∃Elim,
and the eigenvariable a does not occur in any assumptions it depends on, this
is a correct derivation.

Example 4.8. Sometimes we may derive a formula from other formulas. In


these cases, we may have undischarged assumptions. It is important to keep
track of our assumptions as well as the end goal.

Release: (None) ((None)) 63


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

Let’s see how we’d give a derivation of the formula ∃ x χ( x, b) from the
assumptions ∃ x ( ϕ( x ) ∧ ψ( x )) and ∀ x (ψ( x ) → χ( x, b)). Starting as usual, we
write the conclusion at the bottom.

∃ x χ( x, b)

We have two premises to work with. To use the first, i.e., try to find a
derivation of ∃ x χ( x, b) from ∃ x ( ϕ( x ) ∧ ψ( x )) we would use the ∃Elim rule.
Since it has an eigenvariable condition, we will apply that rule first. We get
the following:

[ ϕ( a) ∧ ψ( a)]1

∃ x ( ϕ( x ) ∧ ψ( x )) ∃ x χ( x, b)
1 ∃Elim
∃ x χ( x, b)

The two assumptions we are working with share ψ. It may be useful at this
point to apply ∧Elim to separate out ψ( a).

[ ϕ( a) ∧ ψ( a)]1
∧Elim
ψ( a)

∃ x ( ϕ( x ) ∧ ψ( x )) ∃ x χ( x, b)
1 ∃Elim
∃ x χ( x, b)

The second assumption we have to work with is ∀ x (ψ( x ) → χ( x, b)). Since


there is no eigenvariable condition we can instantiate x with the constant sym-
bol a using ∀Elim to get ψ( a) → χ( a, b). We now have both ψ( a) → χ( a, b) and
ψ( a). Our next move should be a straightforward application of the →Elim
rule.

∀ x (ψ( x ) → χ( x, b)) [ ϕ( a) ∧ ψ( a)]1


∀Elim ∧Elim
ψ( a) → χ( a, b) ψ( a)
→Elim
χ( a, b)

∃ x ( ϕ( x ) ∧ ψ( x )) ∃ x χ( x, b)
1 ∃Elim
∃ x χ( x, b)

64 Release: (None) ((None))


4.6. DERIVATIONS WITH QUANTIFIERS

We are so close! One application of ∃Intro and we have reached our goal.

∀ x (ψ( x ) → χ( x, b)) [ ϕ( a) ∧ ψ( a)]1


∀Elim ∧Elim
ψ( a) → χ( a, b) ψ( a)
→Elim
χ( a, b)
∃Intro
∃ x ( ϕ( x ) ∧ ψ( x )) ∃ x χ( x, b)
1 ∃Elim
∃ x χ( x, b)

Since we ensured at each step that the eigenvariable conditions were not vio-
lated, we can be confident that this is a correct derivation.

Example 4.9. Give a derivation of the formula ¬∀ x ϕ( x ) from the assumpti-


ons ∀ x ϕ( x ) → ∃y ψ(y) and ¬∃y ψ(y). Starting as usual, we write the target
formula at the bottom.
¬∀ x ϕ( x )
The last line of the derivation is a negation, so let’s try using ¬Intro. This will
require that we figure out how to derive a contradiction.

[∀ x ϕ( x )]1


1 ¬Intro
¬∀ x ϕ( x )

So far so good. We can use ∀Elim but it’s not obvious if that will help us
get to our goal. Instead, let’s use one of our assumptions. ∀ x ϕ( x ) → ∃y ψ(y)
together with ∀ x ϕ( x ) will allow us to use the →Elim rule.

∀ x ϕ( x ) → ∃y ψ(y) [∀ x ϕ( x )]1
→Elim
∃y ψ(y)


1 ¬Intro
¬∀ x ϕ( x )

We now have one final assumption to work with, and it looks like this will
help us reach a contradiction by using ¬Elim.

∀ x ϕ( x ) → ∃y ψ(y) [∀ x ϕ( x )]1
→Elim
¬∃y ψ(y) ∃y ψ(y)
¬Elim

1 ¬Intro
¬∀ x ϕ( x )

Release: (None) ((None)) 65


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

4.7 Noções Teóricas de Prova


Assim como nós definimos um número considerável de noções semânticas
(validade, acarretamento, satisfatibilidade), afora iremos definir noções teóri-
cas de prova. Essas não definidas apelando para a satisfação de sentenças em
estruturas, mas apelando para derivabilidade ou não-derivabilidade de certas
sentenças a partir de outras. Foi uma descoberta importante que essas noções
coincidem. Esse é o conteúdo da corretude e dos teoremas de completude.

Definition 4.10 (Teoremas). Uma sentença ϕ é um teorema se existe uma de-


rivação de ϕ em dedução natural em que todas as hipóteses são descartadas.
Escrevemos ` ϕ se ϕ é um teorema e 0 ϕ caso contrário.

Definition 4.11 (Derivabilidade). Uma sentença ϕ é derivável a partir de um


conjunto de sentenças Γ, Γ ` ϕ, se existe uma derivação com conclusão ϕ e
em que toda hipótese ou é descartada ou está em Γ. Se ϕ não é derivável a
partir de Γ, escrevemos Γ 0 ϕ.

Definition 4.12 (Consistência). Um conjunto de sentenças Γ é inconsistente sse


Γ ` ⊥. Se Γ não é inconsistente, i.e., se Γ 0 ⊥, dizemos que é consistente.

Proposition 4.13 (Reflexividade). Se ϕ ∈ Γ, então Γ ` ϕ.

Demonstração. A hipótese ϕ por si só é uma derivação de ϕ onde toda hipótese


não-descartada (i.e., ϕ) está em Γ.

Proposition 4.14 (Monotonicidade). Se Γ ⊆ ∆ e Γ ` ϕ, então ∆ ` ϕ.

Demonstração. Qualquer derivação de ϕ a partir de Γ é também uma deriva-


ção de ϕ a partir de ∆.

Proposition 4.15 (Transitividade). Se Γ ` ϕ e { ϕ} ∪ ∆ ` ψ, então Γ ∪ ∆ ` ψ.

Demonstração. Se Γ ` ϕ, existe uma derivação δ0 de ϕ com todas hipóteses


não-descartadas em Γ. Se { ϕ} ∪ ∆ ` ψ, então existe uma derivação δ1 de ψ
com todas as hipóteses não-descartadas em { ϕ} ∪ ∆. Agora considere:

∆, [ ϕ]1

δ1 Γ
δ0
ψ
1 →Intro
ϕ→ψ ϕ
ψ
→Elim

As hipóteses não-descartadas estão agora todas entre Γ ∪ ∆, logo isso mostra


Γ ∪ ∆ ` ψ.

66 Release: (None) ((None))


4.8. DERIVABILIDADE E CONSISTÊNCIA

Observe em particular que isso significa que, se Γ ` ϕ e ϕ ` ψ, então


Γ ` ψ. Segue também que se ϕ1 , . . . , ϕn ` ψ e Γ ` ϕi para cada i, então Γ ` ψ.

Proposition 4.16. Γ é inconsistente sse Γ ` ϕ para toda sentença ϕ.

Demonstração. Exercício.

Proposition 4.17 (Compactness). 1. Se Γ ` ϕ, então existe um subconjunto


finito Γ0 ⊆ Γ tal que Γ0 ` ϕ.

2. Se todo subconjunto finito de Γ é consistente, então Γ é consistente.

Demonstração. 1. Se Γ ` ϕ, então existe uma derivação δ de ϕ a partir


de Γ. Seja Γ0 um conjunto de hipóteses não-descartadas de δ. Dado
que qualquer derivação é finita, Γ0 somente pode conter um número fi-
nito sentenças. Assim, δ é uma derivação de ϕ a partir de um conjunto
finito Γ0 ⊆ Γ.

2. Isto é a contra-positiva de (1) para o caso especial ϕ ≡ ⊥.

4.8 Derivabilidade e Consistência


Vamos estabelecer agora um número de propriedade da relação de derivabi-
lidade. Eles são independentemente interessantes, mas irão desempenhar um
papel na prova do teorema da completude.

Proposition 4.18. Se Γ ` ϕ e Γ ∪ { ϕ} é inconsistente, então Γ é inconsistente.

Demonstração. Seja δ1 a derivação de ϕ a partir de Γ e δ2 a derivação de ⊥ a


partir de Γ ∪ { ϕ}. Então, podemos derivar:

Γ, [ ϕ]1
Γ
δ2
δ1

1
¬ ϕ ¬Intro ϕ
¬Elim

Na nova derivação, a hipótese ϕ é descartada, logo é uma derivação a partir
de Γ.

Proposition 4.19. Γ ` ϕ sse Γ ∪ {¬ ϕ} é inconsistente.

Demonstração. Primeiro, suponha que Γ ` ϕ, i.e., existe uma derivação δ0 de ϕ


a partir das hipóteses não descartadas Γ. Obtemos uma derivação de ⊥ a
partir de Γ ∪ {¬ ϕ} como segue:

Release: (None) ((None)) 67


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

Γ
δ0
¬ϕ ϕ
¬Elim

Agora suponha que Γ ∪ {¬ ϕ} é inconsistente, e seja δ1 a derivação corres-
pondente de ⊥ a partir de hipóteses não descartadas em Γ ∪ {¬ ϕ}. Obtemos
uma derivação de ϕ a partir de Γ sozinho usando ⊥C :

Γ, [¬ ϕ]1

δ1

⊥ ⊥
ϕ C

Proposition 4.20. Se Γ ` ϕ e ¬ ϕ ∈ Γ, então Γ é inconsistente.

Demonstração. Suponha Γ ` ϕ e ¬ ϕ ∈ Γ. Então, existe uma derivação δ de ϕ


a partir de Γ. Considere essa aplicação simples da regra ¬Elim:

δ
¬ϕ ϕ
¬Elim

Dado que ¬ ϕ ∈ Γ, todas as hipóteses não descartadas estão em Γ, isso mostra
que Γ ` ⊥.

Proposition 4.21. Se Γ ∪ { ϕ} e Γ ∪ {¬ ϕ} são ambos inconsistentes, então Γ é


inconsistente.

Demonstração. Existem derivações δ1 e δ2 de ⊥ a partir de Γ ∪ { ϕ} e ⊥ a partir


de Γ ∪ {¬ ϕ}, respectivamente. Podemos, então, derivar

Γ, [¬ ϕ]2 Γ, [ ϕ]1

δ2 δ1

⊥ ⊥
2
¬¬ ϕ ¬Intro 1
¬ ϕ ¬Intro
¬Elim

Dado que as hipóteses ϕ e ¬ ϕ são descartadas, essa é uma derivação de ⊥ a
partir Γ sozinho. Logo, Γ é inconsistente.

68 Release: (None) ((None))


4.9. DERIVABILIDADE E CONECTIVOS PROPOSICIONAIS

4.9 Derivabilidade e Conectivos Proposicionais


Proposition 4.22. 1. Amvos valem ϕ ∧ ψ ` ϕ e ϕ ∧ ψ ` ψ

2. ϕ, ψ ` ϕ ∧ ψ.

Demonstração. 1. Nós podemos derivar ambos

ϕ∧ψ ϕ∧ψ
ϕ ∧Elim ψ
∧Elim

2. Podemos derivar:

ϕ ψ
∧Intro
ϕ∧ψ

Proposition 4.23. 1. ϕ ∨ ψ, ¬ ϕ, ¬ψ é inconsistente.

2. Ambos valem ϕ ` ϕ ∨ ψ e ψ ` ϕ ∨ ψ.

Demonstração. 1. Considere a seguinte derivação:

¬ϕ [ ϕ ]1 ¬ψ [ ψ ]1
¬Elim ¬Elim
ϕ∨ψ ⊥ ⊥
1 ∨Elim

Essa é uma derivação de ⊥ a partir de hipóteses não descartadas ϕ ∨ ψ,
¬ ϕ, e ¬ψ.
2. Podemos derivar ambos

ϕ ψ
∨Intro ∨Intro
ϕ∨ψ ϕ∨ψ

Proposition 4.24. 1. ϕ, ϕ → ψ ` ψ.

2. Ambos valem ¬ ϕ ` ϕ → ψ e ψ ` ϕ → ψ.

Demonstração. 1. Podemos derivar:

ϕ→ψ ψ
ψ
→Elim

2. Isso é mostrado pelas seguintes derivações:

Release: (None) ((None)) 69


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

¬ϕ [ ϕ ]1
¬Elim ψ
⊥ ⊥
I →Intro
ψ ϕ→ψ
1 →Intro
ϕ→ψ

Observe que →Intro pode, mas não tem que, Descartar a hipótese ϕ.

4.10 Derivability and the Quantifiers


Theorem 4.25. If c is a constant not occurring in Γ or ϕ( x ) and Γ ` ϕ(c), then
Γ ` ∀ x ϕ ( x ).

Demonstração. Let δ be a derivation of ϕ(c) from Γ. By adding a ∀Intro infe-


rence, we obtain a proof of ∀ x ϕ( x ). Since c does not occur in Γ or ϕ( x ), the
eigenvariable condition is satisfied.

Proposition 4.26. 1. ϕ(t) ` ∃ x ϕ( x ).

2. ∀ x ϕ( x ) ` ϕ(t).

Demonstração. 1. The following is a derivation of ∃ x ϕ( x ) from ϕ(t):

ϕ(t)
∃Intro
∃ x ϕ( x )

2. The following is a derivation of ϕ(t) from ∀ x ϕ( x ):

∀ x ϕ( x )
∀Elim
ϕ(t)

4.11 Corretude (Correção)


Um sistema de derivação, tal como a dedução natural, é correto se não pode
derivar coisas que de fato seguem como verdade. Corretude é então uma
propriedade garantida de seguança para sistemas dedutivos. Dependendo de
qual propriedade teórica de prova está em questão, nós gostaríamos de saber
por exemplo, que

1. toda sentença derivável é válida;

2. se uma sentença é derivável a partir de outras, é também consequência


lógica delas;

70 Release: (None) ((None))


4.11. CORRETUDE (CORREÇÃO)

3. se um conjunto de sentenças é inconsistente, ele é insatisfatível.

Essas são propriedades importantes de um sistema de derivação. Se quais-


quer dessas não valem, o sistema de derivação é deficiente—ele irá derivar
muita coisa. Consequentemente, estabelecer a corretude de um sistema de
derivação é da mais alta importância.

Theorem 4.27 (Corretude). Se ϕ é derivável a partir de hipóteses não descartadas


Γ, então Γ  ϕ.

Demonstração. Seja uma derivação δ de ϕ. Nós procedemos por indução no


número de inferências em δ.
Para a base da indução, nós mostramos que a afirmação para 0 inferências.
Nesse caso, δ consiste somente da fórmula inicial. Toda dórmula inicial ϕ é
uma hipótese não descartada, e como tal, qualquer estrutura M que satisfaz
todas as fórmulas não descartadas da prova, também satisfaz ϕ.
Agora para o passo indutivo. suponha que δ contenha n inferências. As
premissas da inferência mais abaixo são derivadas usando sub-derivações,
cada uma delas contém menos que n inferências. Nós supomos a hipótese de
indução: as premissas da última inferência seguem de hipóteses não descarta-
das das sub-derivações terminando nessas premissas. Temos que mostrar que
ϕ segue das hipóteses não descartadas da dedução inteira.
Vamos distinguir os casos de acordo com o tipo da última inferência. Pri-
meiro, nós consideramos as possíveis inferências com somente uma premissa.

1. Suponha que a última inferência é a ¬Intro: A derivação tem a forma

Γ, [ ϕ]n

δ1


¬ ϕ ¬Intro
n

Pela hipótese de indução, ⊥ segue das hipóteses não descartadas Γ ∪


{ ϕ} de δ1 . Considere uma estrutura M. Nós precisamos mostrar que, se
M  Γ, então M  ¬ ϕ. Suponha por absurdo que M  Γ, mas M 2 ¬ ϕ,
i.e., M  ϕ. Isso significaria que M  Γ ∪ { ϕ}. Isso é o contrário da
nossa hipótese de indução. Logo, M  ¬ ϕ.

2. A última inferência for ∧Elim: Existem duas variantes: ϕ ou ψ podem


ser inferidas da premissa ϕ ∧ ψ. Considere o primeiro caso. A deriva-
ção δ parece com:

Release: (None) ((None)) 71


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

Γ
δ1

ϕ∧ψ
ϕ ∧Elim

Pela hipótese de indução, ϕ ∧ ψ segue das hipóteses não descartadas Γ


de δ1 . Considere uma estrutura M. Nós precisamos mostrar que, se
M  Γ, então M  ϕ. Suponha M  Γ. Pela nossa hipótese indutiva
(Γ  ϕ ∨ ψ), nós sabemos que M  ϕ ∧ ψ. Pela definição, M  ϕ ∧ ψ
sse M  ϕ e M  ψ. (O caso onde ψ é inferido de ϕ ∧ ψ é trabalhado de
maneira similar.)
3. A última inferência é ∨Intro: Existem duas variantes: ϕ ∨ ψ pode ser
inferida a partir da premissa ϕ ou da premissa ψ. Considere o primeiro
caso. A derivação tem a forma

Γ
δ1
ϕ
∨Intro
ϕ∨ψ

Pela hipótese de indução, ϕ segue das hipóteses não descartadas Γ de δ1 .


Considere uma estrutura M. nós precisamos mostrar que, se M  Γ,
então M  ϕ ∨ ψ. Suponha M  Γ; então M  ϕ dado que Γ  ϕ (a
hipótese de indução). Logo, também deve ser o caso que M  ϕ ∨ ψ. (O
caso em que ϕ ∨ ψ é inferido a partir de ψ é tratado de maneira similar.)
4. A última inferêcia é →Intro: ϕ → ψ é inferido a partir da sub-derivação
com hipótese ϕ e conclusão ψ, i.e.,

Γ, [ ϕ]n

δ1

ψ
n →Intro
ϕ→ψ

Pela hipótese de indução, ψ segue das hipóteses não descartadas de δ1 ,


i.e., Γ ∪ { ϕ}  ψ. Considere uma estrutura M. As hipóteses não des-
cartadas de δ são eexatamente Γ, dado que ϕ [e descartada na última
inferência. Logo nós precisamos mostrar que Γ  ϕ → ψ. Por absurdo,
suponha que para alguma estrutura M, M  Γ mas M 2 ϕ → ψ. Logo,
M  ϕ e M 2 ψ. Mas pela hipótese, ψ é uma consequência de Γ ∪ { ϕ},
i.e., M  ψ, que é uma contradição. Logo, Γ  ϕ → ψ.

72 Release: (None) ((None))


4.11. CORRETUDE (CORREÇÃO)

5. A última inferência for ⊥ I : Aqui, δ termina em

Γ
δ1

⊥ ⊥
ϕ I

Por hipótese de indução, Γ  ⊥. Nós temos que mostrar que Γ  ϕ.


Suponha que não; então para algum M nós temos M  Γ e M 2 ϕ. Mas
sempre temos que M 2 ⊥, logo, isso significaria que Γ 2 ⊥, contrari-
ando a hipótese de indução.

6. A última inferência é ⊥C : Exercício.

7. A última inferência é ∀Intro: Então δ tem a forma

Γ
δ1

ϕ( a)
∀Intro
∀ x ϕ( x )

A premissa ϕ( a) é uma consequência das hipóteses não descartadas Γ


por hipótese de indução. Considere alguma estrutura, M, tal que M  Γ.
Nós precisamos mostrar que M  ∀ x ϕ( x ). Dado que ∀ x ϕ( x ) é uma
sentença, isso significa que nós temos que mostrar que, para toda atri-
buição de variável s, M, s  ϕ( x ) (Proposition 1.41). Dado que Γ con-
siste inteiramente de sentenças, M, s  ψ para todo ψ ∈ Γ por Defini-
0
tion 1.34. Seja M0 semelhante a M exceto que aM = s( x ). Dado que
a não ocorre em Γ, M0  Γ por Corollary 1.43. Dado que Γ  A( a),
M0  A( a). Dado que ϕ( a) é uma sentença, M, s  ϕ( a) por Proposi-
tion 1.40. M0 , s  ϕ( x ) sse M0  ϕ( a) pela Proposition 1.45 (lembre-se
que ϕ( a) é somente ϕ( x )[ a/x ]). Logo, M0 , s  ϕ( x ). Dado que a não
ocorre em ϕ( x ), pela Proposition 1.42, M, s  ϕ( x ). Mas s foi uma atri-
buição de variáveis arbitrária, logo M  ∀ x ϕ( x ).

8. A última inferência é ∃Intro: Exercício.

9. A última inferência é ∀Elim: Exercício.

agora vamos considerar as possíveis inferências com muitas hipóteses: ∨Elim,


∧Intro, →Elim, e ∃Elim.
1. A última inferência é ∧Intro. ϕ ∧ ψ é inferida a partir das premissas ϕ e
ψ, e δ tem a forma

Release: (None) ((None)) 73


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

Γ1 Γ2

δ1 δ2

ϕ ψ
∧Intro
ϕ∧ψ

Pela hipótese de indução, ϕ segue das hipóteses não descartadas Γ1


de δ1 , e ψ segue a partir das hipóteses não descartadas Γ2 de δ2 . As
hipóteses não descartadas de δ são Γ1 ∪ γ2 , logo nós temos que mostrar
que Γ1 ∪ Γ2  ϕ ∧ ψ. Considere uma estrutura M com M  Γ1 ∪ Γ2 . Dado
que M  Γ1 , deve ser o caso que M  ϕ como Γ1  ϕ, e dado que M  Γ2 ,
M  ψ since Γ2  ψ. Juntos, M  ϕ ∧ ψ.

2. A última inferência ∨Elim: Exercício.

3. A última inferência é →Elim. ψ é inferido a partir das premissas ϕ → ψ


e ϕ. A derivação δ parece com isso:

Γ1 Γ2
δ1 δ2
ϕ→ψ ϕ
ψ
→Elim

Por hipótese de indução, ϕ → ψ segue a partir das hipóteses não descar-


tadas Γ1 de δ1 e ϕ segue das hipóteses não descartadas Γ2 de δ2 . Consi-
dere uma estrutura M. Nós precisamos mostrar que, se M  Γ1 ∪ Γ2 , en-
tão M  ψ. Suponha que M  Γ1 ∪ Γ2 . Dado que Γ1  ϕ → ψ, M  ϕ → ψ.
Dado que Γ2  ϕ, temos M  ϕ. Isso significa que M  ψ (Para se M 2 ψ,
dado que M  ϕ, teríamos M 2 ϕ → ψ, contradizendo M  ϕ → ψ).

4. A última inferência é ¬Elim: Exercício.

5. A última inferência é ∃Elim: Exercício.

Corollary 4.28. Se ` ϕ, então ϕ é válida.

Corollary 4.29. Se Γ é satisfatível, então é consistente.

Demonstração. Vamos provar a contra-positiva. Suponha que Γ não é consis-


tente. Então Γ ` ⊥, i.e., então existe uma dedução de⊥ a partir das hipóteses
não descartadas em Γ. Pela Theorem 4.27, qualquer estrutura M que satis-
faz Γ deve satisfazer ⊥. Dado M 2 ⊥ para todo estrutura M, nem M pode
satisfazer Γ, i.e., Γ não satisfatível.

74 Release: (None) ((None))


4.12. DERIVATIONS WITH IDENTITY PREDICATE

4.12 Derivations with Identity predicate


Derivations with identity predicate require additional inference rules.

t1 = t2 ϕ ( t1 )
=Elim
ϕ ( t2 )
=Intro
t=t
t1 = t2 ϕ ( t2 )
=Elim
ϕ ( t1 )

In the above rules, t, t1 , and t2 are closed terms. The =Intro rule allows us
to derive any identity statement of the form t = t outright, from no assumpti-
ons.

Example 4.30. If s and t are closed terms, then ϕ(s), s = t ` ϕ(t):

s=t ϕ(s)
=Elim
ϕ(t)

This may be familiar as the “principle of substitutability of identicals,” or Leib-


niz’ Law.

Example 4.31. We derive the sentence

∀ x ∀y (( ϕ( x ) ∧ ϕ(y)) → x = y)

from the sentence

∃ x ∀y ( ϕ(y) → y = x )

We develop the derivation backwards:

∃ x ∀y ( ϕ(y) → y = x ) [ ϕ( a) ∧ ϕ(b)]1

a=b
1 →Intro
(( ϕ( a) ∧ ϕ(b)) → a = b)
∀Intro
∀y (( ϕ( a) ∧ ϕ(y)) → a = y)
∀Intro
∀ x ∀y (( ϕ( x ) ∧ ϕ(y)) → x = y)

We’ll now have to use the main assumption: since it is an existential formula,
we use ∃Elim to derive the intermediary conclusion a = b.

Release: (None) ((None)) 75


CAPÍTULO 4. DEDUÇÃO NATURAL

[∀y ( ϕ(y) → y = c)]2


[ ϕ( a) ∧ ϕ(b)]1

∃ x ∀y ( ϕ(y) → y = x ) a=b
2 ∃Elim
a = b
1 →Intro
(( ϕ( a) ∧ ϕ(b)) → a = b)
∀Intro
∀y (( ϕ( a) ∧ ϕ(y)) → a = y)
∀Intro
∀ x ∀y (( ϕ( x ) ∧ ϕ(y)) → x = y)
The sub-derivation on the top right is completed by using its assumptions
to show that a = c and b = c. This requies two separate derivations. The
derivation for a = c is as follows:

[∀y ( ϕ(y) → y = c)]2 [ ϕ( a) ∧ ϕ(b)]1


∀Elim ∧Elim
ϕ( a) → a = c ϕ( a)
a=c →Elim

From a = c and b = c we derive a = b by =Elim.

4.13 Soundness with Identity predicate


Proposition 4.32. Natural deduction with rules for = is sound.

Demonstração. Any formula of the form t = t is valid, since for every struc-
ture M, M  t = t. (Note that we assume the term t to be ground, i.e., it
contains no variables, so variable assignments are irrelevant).
Suppose the last inference in a derivation is =Elim, i.e., the derivation has
the following form:

Γ1 Γ2

δ1 δ2

t1 = t2 ϕ ( t1 )
=Elim
ϕ ( t2 )
The premises t1 = t2 and ϕ(t1 ) are derived from undischarged assumptions Γ1
and Γ2 , respectively. We want to show that ϕ(t2 ) follows from Γ1 ∪ Γ2 . Con-
sider a structure M with M  Γ1 ∪ Γ2 . By induction hypothesis, M  ϕ(t1 )
and M  t1 = t2 . Therefore, ValM (t1 ) = ValM (t2 ). Let s be any variable
assignment, and s0 be the x-variant given by s0 ( x ) = ValM (t1 ) = ValM (t2 ).
By Proposition 1.45, M, s  ϕ(t1 ) iff M, s0  ϕ( x ) iff M, s  ϕ(t2 ). Since
M  ϕ(t1 ), we have M  ϕ(t2 ).

76 Release: (None) ((None))


4.13. SOUNDNESS WITH IDENTITY PREDICATE

Problems
Problem 4.1. Dê uma derivação do que segue:

1. ¬( ϕ → ψ) → ( ϕ ∧ ¬ψ)

2. ( ϕ → χ) ∨ (ψ → χ) a partir da suposição ( ϕ ∧ ψ) → χ

Problem 4.2. Give derivations of the following:

1. ∃y ϕ(y) → ψ from the assumption ∀ x ( ϕ( x ) → ψ)

2. ∃ x ( ϕ( x ) → ∀y ϕ(y))

Problem 4.3. Prove Proposition 4.16

Problem 4.4. Prove que Γ ` ¬ ϕ sse Γ ∪ { ϕ} é inconsistente.

Problem 4.5. Complete a prova de Theorem 4.27.

Problem 4.6. Prove that = is both symmetric and transitive, i.e., give deriva-
tions of ∀ x ∀y ( x = y → y = x ) and ∀ x ∀y ∀z(( x = y ∧ y = z) → x = z)

Problem 4.7. Give derivations of the following formulas:

1. ∀ x ∀y (( x = y ∧ ϕ( x )) → ϕ(y))

2. ∃ x ϕ( x ) ∧ ∀y ∀z (( ϕ(y) ∧ ϕ(z)) → y = z) → ∃ x ( ϕ( x ) ∧ ∀y ( ϕ(y) → y =


x ))

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Referências Bibliográficas

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