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Wallace Santo
wlsant@im.ufrj.br
17 de Novembro de 2023
Caro leitor,
Seja você um aspirante a concurso ou um estudante universitário, este livro foi
escrito pensando em você. ”Cálculo 1: um curso prático”é mais do que apenas um
livro; é onde busquei ensinar como desenvolver um raciocínio apurado em Cálculo.
Desde sempre, o Cálculo tem sido uma de minhas paixões, e foi o que me motivou
a compartilhar este conhecimento com você. Neste livro, ofereço mais do que
simples fórmulas e teoremas; apresento uma abordagem prática para entender e
aplicar os conceitos de Cálculo de uma maneira que fala diretamente às suas
necessidades, seja em concursos ou na vida acadêmica.
Aqui, você encontrará mais de 400 exercícios cuidadosamente selecionados e
resolvidos, cada um acompanhado de insights valiosos e estratégias para abordar
diferentes tipos de questões. Minha intenção é fazer com que cada problema se
torne uma oportunidade de aprendizado, mostrando o caminho para que você
desenvolva não só uma base sólida, mas também confiança para enfrentar os mais
variados problemas de Cálculo 1.
Este livro é o resultado de anos de estudo e dedicação. Ele é um convite para que
você descubra o cálculo não como um obstáculo, mas como uma ferramenta
poderosa para alcançar seus objetivos. Espero que, ao final deste livro, você
compartilhe do mesmo apreço que tenho por esta disciplina incrível.
Boa sorte em sua jornada de aprendizado e que este livro seja um fiel companheiro
em todas as suas conquistas.
Com carinho e entusiasmo,
Sant.
3
Sumário
1 Limites 6
1.1 Noções de limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Propriedades dos limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Limites laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 Formas indeterminadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.5 Limites infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.6 Limites no infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.7 Limites de funções algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.8 Exemplos gerais de limites algébricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.9 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.10 Exemplos gerais de continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.11 Teorema do confronto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.12 Exemplos com teorema do confronto . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.13 Limites fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.14 Questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.15 Soluções das questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2 Derivadas 43
2.1 Conceitos iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2 Derivadas superiores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.3 Regras de derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.4 Exemplos iniciais de derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.5 Exemplos de reta tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.6 Derivadas trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.7 Exemplos iniciais de derivadas trigonométricas . . . . . . . . . . . . . 64
2.8 Regra da cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
2.9 Derivação implícita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
2.10 Derivadas de funções trigonométricas inversas . . . . . . . . . . . . . 70
2.11 Derivada da função inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
2.12 Teorema de L’Hôpital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
2.13 Questões de derivadas mais gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
2.14 Soluções das questões de derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
2.15 Questões de limites por L’Hopital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
2.16 Soluções das questões de limite por L’Hopital . . . . . . . . . . . . . 80
3 Aplicações de derivadas 86
3.1 Teoremas básicos e exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
3.2 Valores máximos e mínimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.3 Relação entre derivadas e gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
3.4 Concavidade e derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
3.5 Taxas Relacionadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
3.6 Aproximação Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
3.7 Esboçar gráficos com cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
3.8 Questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
3.9 Soluções das questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4 Integrais 109
4.1 Conceitos iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.2 Método da substituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
4.3 Método da integração por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
4.4 Método da substituição trigonométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
4.5 Potências de seno e cosseno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
4.6 Método das frações parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
4.7 Integrais Impróprias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
4.8 Questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
4.9 Solução das questões propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
7 EFOMM 221
7.1 Questões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
7.2 Soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
Definição 1.1 Suponha que f (x) seja definido quando está próximo ao número a.
(Isso significa que f é definido em algum intervalo aberto que contenha a, exceto
possivelmente no próprio a.) Então escrevemos
lim f (x) = L
x→a
é
f (x) → L quando x → a.
Isso pode ser interpretado como: f (x) se aproxima de L à medida que x se
aproxima de a.
É importante notar a condição ”mas x ̸= a”na definição de limite. Significa que,
mesmo que estejamos interessados em saber como f (x) se comporta quando x se
aproxima de a, nunca avaliamos f (x) exatamente em x = a. De fato, não é
necessário que f (x) esteja definido exatamente em x = a, mas sim como f (x) se
comporta perto deste ponto.
lim f (x) = L.
x→a
y y
L L
x x
a a
Figura 1 Figura 2
1 Limites
Tanto a figura 1 quanto a figura 2 tem seus limites em L quando x tende à a. Mas,
é importante notar que na figura 2, x = a não está bem definido, ainda assim, o
limite se mantém.
x→a
lim c = c
lim (mx + b) = ma + b
x→a
Exemplo:
lim (3x − 5) = 3 · 4 − 5 = 7
x→4
P3. Se
lim f (x) = L
x→a
e lim g(x) = M
x→a
então:
1. x→a
lim [f (x) + g(x)] = L + M
f (x) L
3. lim = desde que M ̸= 0
x→a g(x) M
P2
= 22 − 3 · 2 + 1 = −1
Assim,
lim (x2 − 3x + 1) = −1
x→2
_ 7
1.3 Limites laterais
x2 − 1 0
lim = , forma indeterminada.
x→1 x − 1 0
h 0
lim x = 0 , forma indeterminada, onde h, é um número real e a = 0.
x→a
1
lim x sen = 0 × ∞, forma indeterminada.
x→0 x
8 _
1 Limites
x
−2 −1 1 2
−5
−10
Figura 3
Podemos perceber que quando lim+ f (x), essa função tende a ∞, mas quando
x→0
lim− f (x), essa função tende a −∞.
x→0
_ 9
1.7 Limites de funções algébricas
x2 − 3x + 2 (x − 1)(x − 2)
lim = lim
x→1 x−1 x→1 x−1
= lim (x − 2)
x→1
= 1 − 2 = −1.
x3 − x2 log x + log x − 1
lim .
x→1 x2 − 1
Solução. Temos:
10 _
1 Limites
(1 + t) − (1 − t)
= lim √ √
t→0 t( 1 + t + 1 − t)
Simplificando, obtemos:
2t
= lim √ √
t→0 t( 1 + t + 1 − t)
Solução. Seja
x2 + 5
L = lim .
x→∞ x2 + 4x + 3
_ 11
1.7 Limites de funções algébricas
1 + x52 1+0
L = x→∞
lim 4 3 = = 1,
1 + x + x2 1+0+0
porque
k
→ 0, quando x → ∞,
x
onde k é uma constante.
Exemplo 1.6 Avalie
3x5 − x2 + 7
lim
x→−∞ 2 − x2
Solução. Dada a função:
3x5 − x2 + 7
f (x) =
2 − x2
Ao calcular lim f (x), vamos focar nos termos de maior grau: 3x5 no
x→−∞
numerador e −x2 no denominador.
Se dividirmos todos os termos no numerador e no denominador por x5 , o
termo de maior grau, obtemos:
3− 1
x3
+ 7
x5
f (x) = 2
x5
− 1
x3
1
lim =0
x→−∞ xn
para qualquer n > 0.
Portanto, a expressão se simplifica para:
3
lim
x→−∞ 25
x
− 1
x3
2 1
O problema é que agora 5 − 3 = 0 − 0, mas não sabemos se isso seria pela
x x
esquerda ou pela direita, temos que avaliar qual das frações é maior. Uma
forma de obter isso seria fatorar pelo termo de menor grau.
3
lim
x→−∞ 1
x3
2
x5
−1
2
Mas, − 1 < 0, logo
x5
3 3
lim = lim
x→−∞ 25
x
− 1
x3
x→−∞ − x13
1
Como o denominador − 3 tende a 0, pela direita, e o numerador é positivo,
x
o resultado do limite é +∞.
Assim:
3x5 − x2 + 7
lim = +∞
x→−∞ 2 − x2
12 _
1 Limites
x2 − 6x + 5
Exemplo 1.7 lim
x→5 x−5
Solução. Para calcular esse limite, podemos tentar fatorar o numerador. Ao
fatorar x2 − 6x + 5, obtemos (x − 5)(x − 1). Usando essa fatoração, a expressão
torna-se:
(x − 5)(x − 1)
lim
x→5 x−5
Cancelando os termos (x − 5), obtemos:
lim x − 1 = 5 − 1 = 4
x→5
x2 − 4x
Exemplo 1.8 lim
x→−4 x2 − 3x − 4
Solução. Para calcular esse limite, podemos tentar fatorar tanto o numerador
quanto o denominador. Fatorando, obtemos:
x(x − 4)
lim
x→−4 (x − 4)(x + 1)
Cancelando os termos (x − 4), obtemos:
x −4 −4 4
lim = = =
x→−4 x + 1 −4 + 1 −3 3
x2 − 5x + 6
Exemplo 1.9 lim
x→5 x−5
x2 − 5x + 6 6
Solução. Observe que lim = , mas como x → 5, ele pode tender
x→5 x−5 0
tanto pela direita quanto pela esquerda. Então os limites laterais são diferentes,
esse limite pode ir pra +∞ ou −∞ quando x → 5, logo, não existe.
x2 − 4x
Exemplo 1.10 lim
x→−1 x2 − 3x − 4
x2 − 4x 5
Solução. Observe que lim = , mas como x → −1, ele pode tender
x→−1 x2 − 3x − 4 0
tanto pela direita quanto pela esquerda. Então os limites laterais são diferentes,
esse limite pode ir pra +∞ ou −∞ quando x → −1, logo, não existe.
t2 − 9
Exemplo 1.11 lim
t→−3 2t2 + 7t + 3
(t − 3)(t + 3)
lim
t→−3 (2t + 1)(t + 3)
_ 13
1.8 Exemplos gerais de limites algébricos
2y 2 + 3y + 1
Exemplo 1.12 lim
y→−1 y 2 − 2y − 3
2y 2 + 3y + 1 = (2y + 1)(y + 1)
y 2 − 2y − 3 = (y + 1)(y − 3)
Substituindo y = −1 diretamente na expressão simplificada, obtemos:
(2(−1) + 1)(−1 + 1)
=0
(−1 + 1)(−1 − 3)
(−5 + h)2 − 25
Exemplo 1.13 lim
h→0 h
O limite se torna:
25 − 10h + h2 − 25 −10h + h2
lim = lim
h→0 h h→0 h
Simplificando a expressão:
lim (−10 + h) = −10
h→0
(2 + h)3 − 8
Exemplo 1.14 lim
h→0 h
8 + 12h + 6h2 + h3 − 8
lim = lim (12 + 6h + h2 )
h→0 h h→0
Substituindo h = 0, obtemos:
(2 + h)3 − 8
lim = 12
h→0 h
Outra possível solução seria verificar que é possível fazer uma fatoração por
diferença de cubos a3 − b3 = (a − b)(a2 + ab + b2 ).
14 _
1 Limites
x+2
Exemplo 1.15 lim
x→−2 x3 + 8
x3 + 8 = (x + 2)(x2 − 2x + 4)
t3 − 1 = (t − 1)(t2 + t + 1)
Substituindo t = 1 diretamente na expressão simplificada, obtemos:
t4 − 1 (t2 + 1)(t + 1) 4
lim = =
t→1 t − 1
3 2
t +t+1 3
√
9+h−3
Exemplo 1.17 lim
h→0 h
Solução. Usando a técnica de racionalização, multiplicamos e dividimos por seu
conjugado: √
9+h+3
√
9+h+3
Isso nos dá:
h
lim √
h→0 h( 9 + h + 3)
Substituindo h = 0, obtemos:
1 1
lim √ =
h→0 ( 9 + h + 3) 6
√
4u + 1 − 3
Exemplo 1.18 lim
u→2 u−2
Solução. Usando a técnica de racionalização, multiplicamos e dividimos por seu
conjugado: √
4u + 1 + 3
√
4u + 1 + 3
Isso nos dá: √
4u − 8 4u + 1 + 3
lim √ =√
u→2 (u − 2)( 4u + 1 + 3) 4u + 1 + 3
_ 15
1.9 Continuidade
1.9 Continuidade
Definição 1.2 Uma função f é contínua em um número a se
e f é contínua à esquerda em a se
Exemplo 1.19
mas
lim f (x) = lim− ⌈x⌉ = n − 1 ̸= f (n)
x→n− x→n
16 _
1 Limites
1. f + g
2. f − g
3. cf
4. f g
f
5. se g(a) ̸= 0
g
Teorema 1.4 Os seguintes tipos de funções são contínuas para todo o número de
seus domínios:
Teorema 1.5 Seja f contínua em b e lim g(x) = b, então lim f (g(x)) = f (b). Em
x→a x→a
outras palavras,
lim f (g(x)) = f lim g(x) .
x→a x→a
_ 17
1.10 Exemplos gerais de continuidade
f (a)
y = f (x)
y=N
f (b)
x
a c b
Figura 4
4x3 − 6x2 + 3x − 2 = 0
entre 1 e 2.
Solução. Seja f (x) = 4x3 − 6x2 + 3x − 2. Estamos procurando por uma solução
da equação dada, isto é, um número c entre 1 e 2 tal que f (c) = 0. Portanto,
tomamos a = 1, b = 2 e N = 0. Temos:
f (1) = 4 − 6 + 3 − 2 = −1 < 0
f (2) = 32 − 24 + 6 − 2 = 12 > 0
Logo, f (1) < 0 < f (2), isto é, N = 0 é um número entre f (1) e f (2). Como f é
contínua, por ser um polinômio, o Teorema do Valor Intermediário afirma que
existe um número c entre 1 e 2 tal que f (c) = 0. Em outras palavras, a equação
4x3 − 6x2 + 3x − 2 = 0 tem pelo menos uma raiz c no intervalo (1, 2).
18 _
1 Limites
9f (2) = 36 =⇒ f (2) = 4.
√
(a) f (x) = x2 + 7 − x, a = 4
√
Dado que f (4) = 16 + 3, f é contínua em a = 4.
2t − 3t2
(c) h(t) = , a = 1.
1 + t3
_ 19
1.10 Exemplos gerais de continuidade
2t − 3t2
lim h(t) = lim
t→1 t→1 1 + t3
2(1) − 3(1)2
=
1 + 13
2−3
=
1+1
1
=− .
2
1
Dado que h(1) = − , h é contínua em a = 1.
2
1
(a) f (x) = , a = −2.
x+2
1
Solução. A função f (x) = é indefinida em x = −2 porque o
x+2
denominador se torna zero, resultando em uma divisão por zero.
Matematicamente, podemos afirmar que:
f (−2) é indefinido.
(b)
1
se x ̸= −2
f (x) = x + 2 a = −2
1 se x = −2
.
Solução. Para x = −2, f (x) é definido como 1. No entanto, ao nos
aproximarmos de -2 pela esquerda (x → −2− ), o valor de f (x) tende ao
infinito negativo. E ao nos aproximarmos de -2 pela direita (x → −2+ ), f (x)
tende ao infinito positivo. Portanto, o limite:
lim f (x)
x→−2
(c)
ex se x < 0
f (x) = a=0
x2 se x ⩾ 0
.
Solução. Para verificar a continuidade de f em a = 0, precisamos verificar
os limites laterais. O limite pela esquerda é:
20 _