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Sumário

Introdução 1

1 Introdução 1
1.1 Problemas Introdutórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Permutações e Combinações 4
2.1 Princı́pio Multiplicativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Fatoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.4 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.5 Permutações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.6 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.7 Combinações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.8 Permutações Circulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3 Combinações Coeficientes Binomiais 10


3.1 Um problema de caminho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.2 Permutações com repetições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.3 Fórmula de Pascal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.4 Expansão Binomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.5 Expansão Multinomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.6 Triangulo de Pascal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.7 O número de subconjuntos de um conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4 Algumas Distribuições Especiais 16


4.1 Números de Fibonacci . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.2 Equações Lineares com Coeficientes Unitários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.3 Combinações com Repetições ou Combinações Completas . . . . . . . . . . . . . 20
4.4 Equações com Soluções Restritas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

5 Princı́pio da Inclusão e Exclusão 22


5.1 Um resultado geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5.2 Aplicativos a Equações e Combinações com Repetições . . . . . . . . . . . . . . 23
5.3 Permutações Caóticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5.4 Aplicações em Probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

6 Cap 9: Problemas de Configuração 27


6.1 Princı́pio da casa dos pombos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6.2 Triângulos Cromáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6.3 Separações do Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

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Capı́tulo 1

Introdução

1.1 Problemas Introdutórios


Problema 1.1.1 Quantas sextas-feiras 13 podem existir em um ano? Qual o menor número
possı́vel?
Problema 1.1.2 Uma fábrica faz blocos cúbicos para crianças. As faces de cada cubo são
pintadas de azul ou vermelho. Quantos tipos diferentes de blocos podem ser fabricados?
O que são blocos diferentes?

Problema 1.1.3 Um homem trabalha em um prédio localizado a 7 blocos a leste e 8 blocos ao


norte de sua casa. De quantas maneiras ele pode ir de casa ao trabalho andando apenas 15
blocos?

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Problema 1.1.4 O governador do estado participou da cerimônia de comemoração do cen-
tenário de uma editora. Para expressar sua admiração, o editor ofereceu ao governador um
total de 10 livros a serem escolhidos dentre seus 20 tı́tulos best-sellers. O governador poderia
escolher 10 tı́tulos diferentes, 10 livros iguais ou qualquer combinação de tı́tulos que quisesse
desde que fossem 10 livros ao todo.

1. De quantas maneiras o governador poderia fazer essa escolha?

2. Se ele precisasse escolher 10 livros distintos, de quanta maneiras poderia fazê-lo?

Todos esses problemas podem ser resolvidos simplesmente listando todas os casos possı́veis
e os contando. Vamos aprender maneiras mais sistemáticas de resolvê-los baseados em alguns
princı́pios.
Concluı́mos nossa introdução afirmando um princı́pio básico da contagem. Tão simples
quanto contar o número de páginas entre a página 14 e a 59, inclusive. A resposta é

46 = 59 − 14 + 1.

De forma geral dizemos que o número de inteiros de k até n, inclusive, é

n − k + 1,

onde assumimos que n é maior que k, ou seja, n > k.

1.2 Conjunto de Problemas 1


1. Quantos inteiros existem entre 25 e 79, inclusive?

2. Qual é o 53o inteiro da sequência 86, 87, 88, ...?

3. O maior inteiro de 123 inteiros consecutivos é 307. Qual o menor?

4. O menor inteiro de r inteiros consecutivos é n. Qual é o maior?

5. O maior inteiro de r inteiros consecutivos é k. Qual o menor?

6. Quantos inteiros existem na seuqência n, n+1, n+2, ..., n+h ?


√ √
√ inteiros x satisfazem a desigualdade 12 < x < 15, isto é, x é maior que 12,
7. Quanto
mas x é menor que 15?

8. Quantos inteiros existem em cada sequencia abaixo:

(a) 60, 70, 80, ..., 540;


(b) 15, 18, 21, ..., 144;
(c) 17, 23, 29, 35, ..., 221?

9. Quantos inteiros entre 1 e 2000

(a) são múltiplos de 11?


(b) são múltiplos de 11 mas NÃO são múltiplos de 3?
(c) são múltiplos de 6 mas NÃO são múltiplos de 4?

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10. Qual é a menor quantidade de moedas necessárias para pagar qualquer troco inferior a 1
real? (Existem moedas de 1, 5, 10, 25 e 50 centavos).

11. Um homem tem 47 centavos a receber. Assumindo que o caixa tem todas as quantidades
necessárias de cada moeda, de quantas maneiras diferentes esse troco pode ser pago?

12. Um homem tem seis pares diferentes de meias. Quantas meias ele deve pegar da gaveta
no escuro para garantir que pegou pelo menos um par completo?

13. Um homem tem 12 meias azuis e 12 meias pretas misturadas em uma gaveta. Quantas
meias ele deve retirar, no escuro, para se certificar que que pegou um par de mesma cor?

14. A medida em graus de um angulo de um polı́gono regular é um número inteiro. Quantos


lados esse polı́gono pode ter?

15. Um homem tem uma grande quantidade de tetraedros regulares (pense num dado de 4
faces onde cada face é um triângulo equilátero). Se ele pinta cada face de uma dentre
quatro cores, quantos tetraedros diferentes podem ser fabricados? (Dois tetraedros são
diferentes quando não é possı́vel posicioná-los de modo que todas as faces correspondentes
tenham a mesma cor).

16. Quantos caminhos diferentes existem de um vértice de um cubo até o vértice oposto,
sendo cada caminho percorrido ao longo de três dentre as 12 arestas do cubo?

17. Em uma conferencia formal da suprema corte dos EUA, cada um dos nove juizes aperta
a mão de cada um dos outros oito no inı́cio da sessão. Quantos apertos de mão iniciam
tal sessão?

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Capı́tulo 2

Permutações e Combinações

2.1 Princı́pio Multiplicativo


Problema 2.1.1 Uma loja de roupas masculinas tem cinco estilos diferentes de cintos e sete
diferentes tamanhos disponı́veis em cada estilo. Quantos tipos diferentes de cintos existem na
loja?

A resposta é 35 pois para cada uma dos 5 estilos existem 7 tamanhos, ou seja,

7 + 7 + 7 + 7 + 7 = 5 · 7 = 35

tipos de cintos.
Essa questão simples ilustra o que chamamos de Princı́pio Multiplicativo:
Se um conjunto de objetos pode ser dividido em m diferente tipos e cada um desses m tipos
pode ser dividido em k diferentes subtipos, então existem m · k tipos diferentes ao todo.
Outra forma de enunciar esse princı́pio é:
Se um evento A pode ocorrer de m maneiras diferentes e, se para cada uma dessas m
maneiras possı́veis de A ocorrer, um outro evento B pode ocorrer de k maneiras diferentes,
então o número de maneiras de ocorrer o evento A seguido do evento B é m · k.

Problema 2.1.2 Um homem quer ir a Europa de avião e voltar de navio. Se existem 8 com-
panias aéreas disponı́veis e 9 companhias navais, de quantas maneiras ele pode realizar sua
viajem?

Problema 2.1.3 Em um pic nic cada pessoa pode escolher seu lanche da seguinte forma: um
sanduı́che dentre 4 tipos, uma bebida (café, chá ou leite) e um sorvete escolhido dentre 3 sabores.
De quantas maneiras cada pessoa pode escolher seu lanche?

Pelo princı́pio multiplicativo existem 4 · 3 · 3 = 36 maneiras diferentes de escolher o lanche.


Note que a parte grifada do segundo enunciado é bem importante. Se o segundo evento
pode ser restringido pelo primeiro o princı́pio multiplicativo não se aplica.
Uma menina com 7 saias e 5 blusas pode não ter 35 opções para se vestir pois as cores ou
estampas podem não combinar (a saia vermelha pode não ser uma opção pra blusa laranja).
Vajamos agora uma maneira de utilizar o Princı́pio Multiplicativo quando existe um tipo
de dependência entre os eventos que não altera a sua aplicabilidade.

Problema 2.1.4 De quantas maneiras podemos ordenar as letras A, B, C e D?

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Poderı́amos simplesmente listar todas as possibilidades. No entanto é possı́vel responder a
essa pergunta de maneira mais sistemática utilizando o Princı́pio Multiplicativo.
Considere a primeira letra da sequencia. Existem 4 escolhas possı́veis para essa primeira
letra. Uma vez que essa letra foi escolhida, existem 3 opções para a escolha da segunda letra
(independentemente da primeira escolha). Percebe como isso difere das saias e blusas? (uma
das saias pode combinar com todas as blusas enquanto outra pode combinar com apenas uma
blusa. A quantidade de maneiras possı́veis para se escolher a blusa varia de acordo com a
escolha da saia)
Continuando esse processo podemos calcular a quantidade de maneiras que podemos orga-
nizar as quatro letras A, B, C e D:

4 · 3 · 2 · 1 = 24.
Liste todas as 24 maneiras e verifique!
Problema 2.1.5 Em certo paı́s (fictı́cio) as placas dos automóveis tem letras, e não números,
que as distinguem. Precisamente três letras são usadas. Quantas placas podem ser feitas se
contamos com um alfabeto de 26 letras?
Problema 2.1.6 Qual seria a resposta do problema anterior se não fosse permitido usar letras
repetidas em uma placa?

2.2 Conjunto de Problemas 2


1. Quantas placas do problema 2.1.5 começam com a letra Q?
2. Quantas placas do problema 2.1.6 começam com a letra Q? Quantas terminam com a
letra Q?
3. Quantas placas do problema 2.1.5 terminam com uma vogal?
4. Quantas placas do problema 2.1.6 terminam com uma vogal?
5. Uma sala tem seis portas. De quantas maneiras é possı́vel entrar por uma porta e sair
por outra?
6. Uma loja de pneus tem oito tamanhos diferentes de pneus, cada tamanho com ou sem
câmara de ar, de nylon ou rayon, cada um com uma listra branca na lateral ou totalmente
preto. Quantos tipos diferentes de pneus essa loja tem disponı́veis?
7. Quantos inteiros entre 10000 e 100000 tem todos os dı́gitos iguais a 6, 7 ou 8? Quantos
tem todos os dı́gitos iguais a 6, 7, 8 ou 0?

2.3 Fatoriais
É útil em muitas situações ter uma notação especı́fica para produtos do tipo

4·3·2·1
8·7·6·5·4·3·2·1
Tais produtos são chamados de fatoriais.
De forma geral denotamos o produto
n · (n − 1) · (n − 2) · (n − 3) · ... · 1
como n! (lê-se n fatorial).

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2.4 Conjunto de Problemas 3
1. Escreva como um produto e em seguida calcule 3!, 5! e 8!.
12!
2. Calcule o seguinte: 10!
; 2!; 4! + 3!; (4 + 3)!.

3. Calcule (n + 1)! para n = 4.

4. Calcule n! + 1 para n = 4.

5. Calcule (n − r)! para n = 10 e r = 8.

6. Calcule (n − r)! para n = 12 e r = 6.


n!
7. Calcule (n−r)!
para n = 12 e r = 4; Calcule também para n = 10 e r = 6.
n!
8. Calcule r!(n−r)!
para n = 10 e r = 6.

9. Quais das afirmações abaixo são verdadeiras e quais são falsas?

(a) 8! = 8 · 7
10!
(b) 9!
=9
(c) 4! + 4! = 8!
(d) 2! − 1! = 1!
(e) n! = n · (n − 1)!
(f) n! = (n2 − n)(n − 2)

2.5 Permutações
Permutações são arranjamentos ordenados de objetos. Veja como exemplo os Problemas 2.1.4
e 2.1.6.
De quantas maneiras podemos ordenar as letras A, B, C e D? Essa pergunta é equivalente
a Quantas permutações existem dessas quatro letras, quatro a quatro?
Quantas placas podem ser feitas se contamos com um alfabeto de 26 letras sem repetições?
Isso é o mesmo que perguntar Quantas permutações existem de 26 letras tomadas três a três?

Observação: Note que o que frequentemente encontramos com o nome de arranjo em al-
guns livros nós aqui trataremos como permutações. A distinção entre permutações e arranjos
como são descritos no nı́vel básico diz respeito apenas ao fato de utilizarmos todos os obje-
tos disponı́veis no nosso arranjamento ou não. O termo Permutação era empregado apenas
se todos os objetos disponı́veis fossem utilizados, (como no exemplo das letras A, B, C e D).
Caso contrário,como no exemplo das placas, o termo arranjo é mais comumente utilizado. Aqui
trataremos ambas as situações apenas por Permutação.
Denotaremos o número de permutações de n objetos tomados r a r (em grupos de r objetos)
por P (n, r).
Dessa forma a resposta para o problema 2.1.4 seria P (4, 4) e a resposta para o problema
2.1.6 seria P (26, 3).
Como já resolvemos esses dois problemas sabemos que

P (4, 4) = 4 · 3 · 2 · 1 = 24

6
e
P (26, 3) = 26 · 25 · 24 = 15600.
Para encontrar uma fórmula geral para P (n, r) vamos imaginar que temos r caixas distintas
e em cada uma delas vamos colocar um dos n objetos disponı́veis. Então P (n, r) é o número
de maneiras distintas de colocar r objetos distintos, escolhidos de um total de n objetos, nas r
caixas.

Note que precisamos da condição n ≥ r para que seja possı́vel desempenhar a tarefa de
colocar r objetos distintos nas r caixas.
A partir da condição n ≥ r vamos encontrar o valor para P (n, r) em dois casos:

1. n = r Nesse caso o número de caixas é igual ao de objetos. Temos

P (n, r) = P (n, n) = n · (n − 1) · (n − 2) · · · 1 = n!

pelo Princı́pio Multiplicativo


Por exemplo,
P (7, 7) =

2. n > r Vejamos o exemplo em que n = 28 e r = 5.

P (n, r) = P (28, 5) =

Produto de 5 inteiros consecutivos.


Para n e r quaisquer P (n, r) é o produto de r inteiros consecutivos dos quais o n é o
maior.
Quem é o menor?
Sabemos que entre dois inteiros a e b (inclusive) existem b − a + 1 inteiros consecutivos,
onde b ≥ a.
Suponha que estamos multiplicando todos os inteiros entre a e b, inclusive. Suponha que
b = n. e que r é a quantidade de inteiros entre a e b. Então r = n − a + 1 e a = n − r + 1
é o menor inteiro do produto.

n(n − 1)(n − 2) · · · (n − r + 1)(n − r)! n!


P (n, r) = n(n−1)(n−2) · · · (n−r+1) = = .
(n − r)! (n − r)!

Definição 2.5.1 0! = 1

Com a definição observe que P (n, n) = n! = n!


0!
n!
= (n−n)! . Ou seja, a formula encontrada no
item 2 também é válida para o item 1 (caso em que n = r).
Podemos definir então um valor fechado para P (n, r).
n!
Definição 2.5.2 P (n, r) = (n−r)!
, para todo n, r ∈ Z+ , n ≥ r.

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Exemplo 2.5.3 Quantos inteiros entre 100 e 999, inclusive, possuem todos os seus dı́gitos
ı́mpares e distintos?

Um problema pode frequentemente ser resolvido utilizando simplesmente o Princı́pio Mul-


tiplicativo como no exemplo a seguir:

Exemplo 2.5.4 Quantos inteiros entre 100 e 999 tem todos os dı́gitos distintos?

Exemplo 2.5.5 Dos inteiros do problema anterior, quantos são ı́mpares?

Alguns problemas podem ser resolvidos considerando casos separados:

Exemplo 2.5.6 Quantos dos primeiros 1000 inteiros positivos tem todos os dı́gitos distintos?

A ideia utilizada nesse último exemplo é chamada de Princı́pio Aditivo: Se o que esta-
mos contando pode ser separado em casos/conjuntos com interseção vazia, a quantidade total
procurada é a soma das quantidades encontradas em cada caso.

2.6 Conjunto de Problemas 4


2.7 Combinações
Enquanto uma permutação é um arrajamento ordenado de objetos, uma combinação é uma
seleção feita sem que se considere a ordem. (Uma salada!)
Denotamos o número de maneiras de escolher r de um total de n objetos distintos por
C(n, r), onde r ≤ n. Podemos entender também o valor C(n, r) como sendo a quantidade de
subconjuntos distintos de um conjunto com n elementos que possuem exatamente r elementos
.
Considere, por exemplo o conjunto cujos elementos são as letras A, B, C, D e E. Todos os
seus subconjuntos de 3 elementos são:

Então C(5, 3) = 10.


Vamos considerar agora o valor de C(26, 3). Note que podemos associar esse valor à quan-
tidade de subconjuntos do conjunto das letras do alfabeto que tem exatamente três elementos.
Um subconjunto desse tipo é, por exemplo, o conjunto formado pelas letras D, Q e X.
Se considerarmos, ao invés de subconjuntos, permutações, esse subconjunto equivale a 6
permutações:
DQX, DXQ, QDX, QXD, XDQ e XQD.
De fato, cada subconjunto (ou combinação) equivale a P (3, 3) = 3! = 6 permutações. Ou
seja,

P (26, 3) = 6C(26, 3).


Nós já sabemos calcular o número P (26, 3) (do problema das placas, lembra?).

P (26, 3) = 15600

8
Então
P (26, 3) 15600
C(26, 3) = = = 2600.
6 6
Podemos generalizar essa relação entre P (n, r) e C(n, r) da seguinte forma:

P (n, r) n!
C(n, r) = = .
r! r!(n − r)!
Notações:
n
nCr, Cr, Crn, (nr) .

Propriedade 2.7.1 C(n, r) = C(n, n − r).

Propriedade 2.7.2 C(n, 0) = 1 e C(0, 0) = 1.

Por ora é conveniente dar valores dar valores às combinações C(n, r) para todos os valores
inteiros de n e r. Para tanto, ficaremos com a definição a seguir:
n!
Definição 2.7.3 C(n, r) = 0, caso n, r ou n − r sejam negativos. C(n, r) = r!(n−r)!
em todos
os outros casos.

2.8 Permutações Circulares


As permutações que consideramos até agora são chamadas de permutações lineares pois consi-
deramos a organização de coisas enfileiradas.
De quantas maneiras podemos sentar 5 pessoas em uma mesa circular? Considere que uma
configuração é igual a outra se podemos rotacionar as pessoas e obter configurações idênticas.

Observe que as permutações acima quando vistas como circulares são idênticas.
Cada permutação circular do grupo corresponde a 5 permutações lineares. Podemos então
concluir que a resposta pra nosso questionamento é
1 1
P (5, 5) = 5! = 4!.
5 5
A quantidade de permutações circulares possı́veis de n objetos é, então, (n − 1)!

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Capı́tulo 3

Combinações Coeficientes Binomiais

Existem outras maneiras de interpretarmos o que introduzimos no capı́tulo passado como com-
binações. Veremos algumas outras interpretações para o número C(n, r).

3.1 Um problema de caminho


Vamos retomar o problema visto no primeiro capı́tulo.

Problema 3.1.1 Um homem trabalha em um prédio localizado a 7 blocos a leste e 8 blocos ao


norte de sua casa. De quantas maneiras ele pode ir de casa ao trabalho andando apenas 15
blocos?

Considere os 15 blocos que o homem precisa caminhar como 15 caixas. Devemos preencher
essas caixas com 7 L e 8 N para descrevermos o caminho que ele fará de casa ao trabalho.
Esse problema é resolvido quando escolhemos quais 7 das 15 caixas serão preenchidas com
L’s (o restante será preenchida com N’s) e podemos fazer isso de

C(15, 7)

maneiras.
Por que não temos P (n, r) maneiras de fazer isso?
Seria diferente escolher as 8 caixas para os N’s ao invés das 7 caixas para os L’s?

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3.2 Permutações com repetições
Acabamos de ver que C(15, 7) pode ser interpretado como o número de permutações de 15
coisas das quais 7 são idênticas e as outras 8 também são idênticas entre si. De forma geral,
C(n, r) pode ser interpretado como o número de permutações distintas de n coisas das quais r
são idênticas e n − r são idênticas.

Definição 3.2.1 Um anagrama é uma permutação de todas as letras de uma palavra.

Exemplo 3.2.2 Quantos anagramas diferentes existem da palavra MISSISSIPPI? Em outras


palavras, em quantas ordens diferentes é possı́vel escrever as letras da palavra MISSISSIPPI?

Considerem 11 caixas onde organizaremos as letras da palavra MISSISSIPPI. Vamos resolver


nosso problema em algumas etapas:

1. Alocar a letra M;
2. Alocar as quatro letras I;
3. Alocar as quatro letras S;
4. alocar as duas letras P.

De quantas maneiras podemos realizar cada tarefa listada acima?


Qual a resposta do nosso problema?
A ordem de alocação das letras altera o resultado?
Outra maneira de encontrar a resposta para o problema é a seguinte: Vamos chamar de x o
quantidade de permutações que procuramos. Note que, se trocarmos cada um dos I’s repetidos
por letras distintas o número de permutações desse novo conjunto de letras seria 4! · x. Se
fizermos o mesmo para todas as letras que se repetem até que nosso novo conjunto de letras
tivesse 11 letras distintas, o total de permutações seria 11! e terı́amos a relação 4!4!2!x = 11!.
Ou seja, terı́amos
11!
x= .
4!4!2!
De maneira mais geral, a quantidade de permutações de um total de n objetos divididos em
grupos de a, b, c e d objetos iguais (a + b + c + d = n) é dada por
n!
.
a!b!c!d!
Isso é válido para qualquer quantidade de grupos de objetos iguais.

3.3 Fórmula de Pascal


Considere os r-subconjuntos, subconjuntos de r elementos, de um conjunto que tem n. Escolha
um dos elementos do conjunto. vamos chamá-lo de T. Divida os r-subconjuntos em dois grupos:

1. Aqueles que contém T;


2. Aqueles que não contém T.

Qual o número total de r-subconjuntos de um conjunto com n elementos?


Qual o total de r-subconjuntos descritos em cada item acima?
Como os subconjuntos só podem ser de exatamente um dos dois tipo descritos acima (ou
contém T ou não!), obtemos a seguinte igualdade:

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Propriedade 3.3.1

C(n, r) = C(n-1, r)+ C(n-1, r-1)


(3.1)

Essa propriedade é conhecida como Fórmula de Pascal e pode ser descrita de outras manei-
ras.

Propriedade 3.3.2

C(n+1, r) = C(n, r)+ C(n, r-1)


(3.2)

De 3.1 e 3.2 temos:

C(n, r) + C(n + 1, r) = C(n − 1, r) + C(n − 1, r − 1) + C(n, r) + C(n, r − 1).


Subtraindo C(n, r) dos dois lados obtemos uma nova fórmula:

C(n + 1, r) = C(n − 1, r) + C(n − 1, r − 1) + C(n, r − 1).

Com esse tipo de manipulação simples podemos obter novos resultados a partir dos que já
conhecemos.

3.4 Expansão Binomial


Qualquer soma de sois simbolos diferentes como x + y é chamado de binômio. A expansão
binomial, ou teorema binomial, nos dá uma fórmula para as potências de um binômio. Se
calcularmos as primeiras potencias de x + y, obtemos:

Observe a equação da última linha, a expansão de (x + y)5 . Nosso problema é determinar


quais são os coeficientes de cada termo xi y j que, nesse caso, são os números 1, 5, 10, 10, 5, e 1
e usaremos nossos conhecimentos sobre combinações para isso.
Observe o produto abaixo:

(a + b)(c + d)(e + f ) = ace + acf + ade + adf + bce + bcf + bde + bdf.
Sua expansão consiste de 8 termos. Por que isso acontece? De quantas maneiras podemos
escolher um termo de cada binômio? Exatamente 8 = 2 · 2 · 2.
Quantos seriam os termos do produto (a + b)(c + d)(e + f )(p + q)(r + s)? Como seriam esses
termos?
Citamos como exemplo

adeqs e bceps.

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A partir dessas observações vamos olhar para a expansão de (x + y)5 como o produto

(x + y)(x + y)(x + y)(x + y)(x + y).

A primeira coisa que devemos perceber é que para cada xi y j que aparecer na expansão do
binômio teremos i + j = 5.
Existem 32 maneiras de selecionar 5 sı́mbolos, um de cada parêntesis, para criar um dos
termos da expansão do produto. Mas também existem diferentes maneiras de obter um mesmo
termo como vemos a seguir:

(x̄ + y)(x + ȳ)(x + ȳ)(x̄ + y)(x̄ + y) = xyyxx = x3 y 2


e

(x̄ + y)(x̄ + y)(x̄ + y)(x + ȳ)(x + ȳ) = xxxyy = x3 y 2 ,


onde o escolhido de cada parêntesis está destacado com uma barra.
De quantas maneiras podemos escolher os termos de cada parêntesis de modo que seu
produto resulte em x3 y 2 ?
Vimos anteriormente que a resposta para tal pergunte é
5!
C(5, 2) = = 10.
2!3!
Isso significa que o coeficiente desse termo na expansão do binômio será igual a 10, como
vimos na equação inicialmente apresentada.
Analogamente conseguimos calcular os coeficientes para todos os outros termos da expansão
binomial.

(x + y)5 = C(5, 0)x5 + C(5, 1)x4 y + C(5, 2)x3 y 2 + C(5, 3)x2 y 3 + C(5, 4)xy 4 + C(5, 5)y 5 .

Note que cada combinação C(n, r) nos dá o número de maneiras distintas de escrever r y 0 s
e n − r x0 s em uma linha. Ou seja, o número de maneiras de obter o fator xn−r y r .
Podemos então generalizar essa ideia para

(x + y)n = (x + y)(x + y)(x + y) · · · (x + y)

(n fatores).

(x+y)n = C(n, 0)xn +C(n, 1)xn−1 y+C(n, 2)xn−2 y 2 +C(n, 3)xn−3 y 3 +···+C(n, j)xn−j y j +···+C(n, n)y n .

3.5 Expansão Multinomial


Exercı́cio de leitura.
Como encontrar os coeficientes de (x + y + z)n ? E de (x1 + x2 + x3 + · · · + xm )n ?

13
3.6 Triangulo de Pascal
Os coeficientes encontrados para as expansões binomiais de (x + y)n formam um padrão inte-
ressante conforme aumentamos o valor de n. Começamos com (x + y)0 = 1 para dar simetria a
tabela abaixo:

Este é o conhecido Triângulo de Pascal listado aqui até n = 8.


Note que a Fórmula de Pascal, vista anteriormente, nos possibilita calcular a n-ésima linha
a partir da linha anterior:

C(n, r) = C(n − 1, r) + C(n − 1, r − 1).

Qual seria, então, a linha onde n = 9?


O triangulo nos fornece os coeficientes da expansão de (x + y)n em sua n-ésima linha. Se
fizermos x = y = 1, o valor da expansão é exatamente 2n . Como são todas as parcelas dessa
expansão?

C(n, j)xn−j y j = C(n, j),


para x = y = 1.
Ou seja, ao atribuirmos esses valores a x e y cada parcela da expansão é o próprio coeficiente.
Isso nos leva a concluir que a soma dos coeficientes da n-ésima linha do triangulo de Pascal
resulta em 2n .
O que acontece para os valores x = 1 e y = −1?

3.7 O número de subconjuntos de um conjunto


Um homem diz a seu filho: Ao limpar o sótão, encontrei sete edições de uma revista antiga.
Examine-os e tire o que quiser. Tudo o que você não quiser, vou jogar fora.
Quantas seleções diferentes são possı́veis? Outra maneira de indicar esse problema é: quan-
tos subconjuntos existem de um conjunto de sete coisas?
Esses subconjuntos podem ter quantidades de elementos diferentes. De quantas maneiras
ele pode selecionar:
• 7 revistas

• 6 revistas

14
• 5 revistas

• 4 revistas

• 3 revistas

• 2 revistas

• 1 revistas

• 0 revistas

Pelo Princı́pio Aditivo, quantas são as seleções possı́veis?


Outra maneira de resolver esse problema é a seguinte: Para cada uma das revistas ele deve
decidir se deseja mantê-la ou jogá-la no lixo, dando um total de 2 possibilidades para cada
revista. Pelo princı́pio Multiplicativo podemos concluir que ele pode fazer essa seleção de 27
maneiras.
De maneira análoga podemos argumentar que a quantidade total de subconjuntos de um
conjunto de n elementos é 2n .
Pelo que vimos na seção anterior, a soma dos coeficientes da n-ésima linha do triângulo de
Pascal nos fornece exatamente a quantidade de subconjuntos de um conjunto de n elementos.

15
Capı́tulo 4

Algumas Distribuições Especiais

Muitos problemas de análise combinatória (ou contagem) são resolvidos através de refor-
mulações (o problema do caminho, por exemplo). Nessa capı́tulo vamos analisar alguns pro-
blemas que, quando vistos de um perspectiva adequada, se reduzem a problemas envolvendo
combinações.

4.1 Números de Fibonacci


De quantas maneiras podemos organizar oito sinais de + e cinco sinais de - enfileirados de
forma que dois (ou mais) sinais de - nunca fiquem juntos? Veja o exemplo abaixo:

++−+−+++−+−+−
O problema é fácil de resolver se olharmos pra ele da seguinte maneira: escreva os oito sinais
de + com m’s entre eles e também com m’s no começo e no final da linha:

m+m+m+m+m+m+m+m+m
Dessa forma temos oito sinais de + e nove m’s. Para responder nossa pergunta devemos
escolher, dentre os 9 m’s, quais serão substituı́dos por sinais de - e quais serão descartados.
Podemos fazer essa escolha de C(9, 5) maneiras.
De forma geral, podemos dizer que o número de maneiras de escrever k sinais de + e r
sinais de menos enfileirados de modo que os sinais de menos não ocupem posições adjacentes é
C(k + 1, r).
Note que se r > k + 1 essa combinação vale zero. O que está também condizente com a
solução do problema pois, se r > k + 1 é impossı́vel organizar os sinais de modo que não hajam
sinais de - adjacentes.
Considere agora uma sequencia de dez x’s enfileirados

x x x x x x x x x x.
Suponha que cada x pode ser substituı́do por um sinal de + ou de -. Quantas sequências
possı́veis há?
Dessas, quantas sequencias não possuem sinais de - adjacentes? Para responder a essa
pergunta precisamos considerar as diferentes quantidades de sinais de + e - possı́veis em uma
sequencia de dez sı́mbolos.

16
• 10 sinais de +

• 9 sinais de + e 1 de -

• 8 sinais de + e 2 de -
···

• 5 sinais de + e 5 de -

• 4 sinais de + e 6 de -
···

• 10 sinais de -

Usando o resultado que obtivemos anteriormente (e o princı́pio aditivo), qual a resposta


para nossa pergunta?
Para generalizar essa ideia vamos usar n no lugar de 10. Se organizarmos 10 sı́mbolos em
um linha, onde cada sı́mbolo pode ser + ou -, haveria um total de 2n casos possı́veis. Dentre
esses, o número dos que não possuem dois sinais de - adjacentes é dado por

C(n + 1, 0) + C(n, 1) + C(n − 1, 2) + C(n − 2, 3) + · · · (4.1)


onde a soma continua até que apareçam as combinações C(u, v) com v > u pois nesses
casos C(u, v) = 0. Assim, a equação 4.1 denota o número de maneiras de escrever n sinais
enfileirados, cada um sendo um sinal de + ou um sinal de -, de modo que dois sinais de- nunca
sejam adjacentes. Esse número é uma função de n. Vamos denotar essa função por F (n) e
abordar essa questão de uma maneira diferente.
Primeiro, considere essas F (n) sequencias divididas em dois grupos:

• As sequencias que começam com um sinal de +

• as sequencias que começam com um sinal de -

Quantas são as sequencias em cada caso?


Uma sequencia de n sinais que começa com um sinal de + é do tipo

+ x x x x···x

onde há (n − 1) x0 s que podem ser + ou -.


Já uma sequencia de n sinais que começa com um sinal de - é do tipo

− + x x x···x

onde há (n − 2) x0 s que podem ser + ou -.


Ou seja,

F (n) = F (n − 1) + F (n − 2). (4.2)

Definição 4.1.1 Uma sequência é uma função cujo domı́nio é um subconjunto dos números
inteiros formado de inteiros consecutivos. O domı́nio pode ser finito (todos os inteiros entre
dois inteiros dados) gerando uma sequência finita, ou infinito (todos os inteiros maiores ou
iguais a um inteiro dado), gerando uma sequência infinita.

17
Notações:

(an )n≥0
x1 , x2 , x3 , · · · , xn
 
1
n n∈N
(F (n))n≥0
A função F (n) que discutimos até aqui é uma sequencia de números inteiros.
Definição 4.1.2 Uma relação de recorrência ou definição recursiva é uma fórmula que relaci-
ona cada n-ésimo termo de uma sequência a termos anteriores a ele. Uma definição recursiva
só está completa se, além da relação entre o n-ésimo termo e seus termos anteriores, apresentar
valores iniciais que não deixam espaço para ambiguidade.
A sequencia F (n) que encontramos pode ser definida recursivamente se considerarmos a
equação 4.2 desde que estabeleçamos seus valores iniciais. Para isso consideraremos F (0) = 1
e F (1) = 2 como encontramos através da equação 4.1.
A partir desses dois valores iniciais podemos encontrar o valor de F (n) para todo n ≥
0, n ∈ Z.

F (2) = F (0) + F (1) = 1 + 2 = 3


F (3) = F (1) + F (2) = 2 + 5 = 5
F (4) = F (2) + F (3) = 3 + 5 = 8
Essa sequencia é conhecida como números de Fibonacci e é usualmente escrita com os dois
primeiros termos iguais a 1 e os termos seguintes obtidos a partir da recursão vista em 4.2.
A abordagem que utilizamos nos permitiu não somente chegar a uma fórmula recursiva para
a sequencia de Fibonacci mas nos deu também a expressão 4.1 que nos permite além de calcular
seus termos, associar esses ao triângulo de Pascal como podemos ver a seguir:

A soma dos elementos ao longo das diagonais destacadas resultam nos números de Fibonacci.
Observe que na definição clássica da sequencia (com F (0) = 1 e F (1) = 1) a diagonal que
começa na n-ésima linha nos fornece o F (n).

18
4.2 Equações Lineares com Coeficientes Unitários
Considere as soluções da equação x+y+z+w = 12 nos inteiros positivos. As soluções mostradas
abaixo são consideradas distintas.

Em geral, duas soluções dadas por x1 , y1 , z1 e w1 e x2 , y2 , z2 ew2 só são consideradas iguais
se os valores de cada uma das variáveis coincidem, ou seja, x1 = x2 , y1 = y2 , z1 = z2 e w1 = w2 .
Podemos determinar o número de soluções da equação reformulando o problema da seguinte
forma: Se 12 unidades (denotadas por u’s) separadas por 11 espaços (denotados por s’s) são
enfileirados como abaixo,

u s u s u s u s u s u s u s u s u s u s u s u,

e nós escolhermos 3 dos s’s acima e descartarmos todos os outros,

os s’s que ficam separam as 12 unidades em 4 grupos. O número de unidades em cada grupo
pode ser usado como os valores de x, y, z e w que são solução da equação. No exemplo acima
temos x = 2, y = 4, z = 5, w = 1.
Note que qualquer solução possı́vel para a equação dada corresponde a uma seleção de 3 s’s
dentre todos os 11 s’s colocados como separadores das unidades.
Dessa forma podemos afirmar que o número de soluções distintas para a equação é

C(11, 3).

Para um resultado mais geral podemos trocar 12 por m e x + y + z + w pela soma de k


variáveis. Podemos afirmar, por construção análoga a que acabamos de fazer, que o número de
soluções da equação
x1 + x2 + x 3 + · · · + xk = m

C(m − 1, k − 1).
É importante notar que, se k > m não existe solução para a equação nos inteiros positivos.
Nesse caso temos C(m − 1, k − 1) = 0, ou seja, a resposta encontrada para o número de soluções
ainda é válida.
e se procurarmos soluções nos inteiros não negativos? Isso significa incluir o zero como
possı́vel valor para as variáveis da equação. Para resolver a mesma equação, x + y + z + w = 12
considerando agora as soluções nos inteiros não-negativos basta observar que qualquer forma
de organizar três s’s e doze u’s corresponde a uma solução possı́vel.
Dessa forma, para uma equação do tipo

x1 + x2 + x3 + · · · + xk = m

19
temos um total de k − 1 s’s e m u’s para organizar em uma linha. Isso pode ser feito de

C(m + k − 1, k − 1)

maneiras. Ou ainda
C(m + k − 1, m)
maneiras.

4.3 Combinações com Repetições ou Combinações Com-


pletas
C(n, r) denota o número de combinações ou seleções possı́veis de r objetos retirados de um
conjunto de n objetos distintos. Suponha agora que existem inúmeras cópias idênticas de
cada um dos n objetos, como livros em uma livraria, por exemplo. Então podemos perguntar o
seguinte: Dadas n categorias distintas de objetos, cada categoria com uma quantidade ilimitada
de objetos, quantas seleções distintas de r objetos são possı́veis? Nesse caso consideramos
possı́vel selecionar todos os objetos de um único tipo, por exemplo.
Essa questão pode ser vista como uma equação do tipo

x1 + x2 + x3 + · · · + xn = r,

onde cada xi representa a quantidade de itens do i-ésimo tipo que estará em nossa seleção.
Mas nós já conhecemos a quantidade de soluções dessa equação:

C(r + n − 1, r)

ou
C(r + n − 1, n − 1).

Exemplo 4.3.1 De quantas maneiras podemos selecionar três moedas se cada uma delas pode
ser de 1, 5, 10 ou 25 centavos?

Aqui temos a equação x1 + x5 + x10 + x25 = 3 onde xi representa a quantidade dd moedas


de i centavos que esará em cada seleção. Nesse caso temos r = 3 e n = 4, logo a resposta é
C(6, 3) = 20.
Outro exemplo é o Problema 1.1.4. Para resolver a primeira parte do problema devemos
contar quantas soluções inteiras não negativas existem para a equação

x1 + x2 + x3 + · · · + x2 0 = 10.
Sabemos que a resposta para essa pergunta é

C(29, 10).

4.4 Equações com Soluções Restritas


Na seção 4.2 consideramos a questão do número de soluções para a equação

x + y + z + w = 12

em dois casos: nos inteiros positivos (maiores que zero) e nos inteiros não negativos (maiores
do que ou iguais a zero).

20
Nosso problema agora é determinar, por exemplo, as soluções da equação

x + y + z + w = 48 (4.3)

no conjunto dos inteiros maiores que 5.


Por exemplo, x = 6, y = 10, z = 12, w = 20 é uma solução.
Como cada variável deve ser maior que 5, se subtrairmos 5 de cada uma devemos ter um
inteiro positivo. Vamos, então, dar nomes a esses valores inteiros, como abaixo:

r = x|5, s = y|5, t = z|5, u = w|5. (4.4)

Se
x + y + z + w = 48
, então
(x − 5) + (y − 5) + (z − 5) + (w − 5) = 48 − 20 = 28
ou seja,
r + s + t + u = 28. (4.5)
Cada solução da equação 4.5 no conjunto dos inteiros positivos é uma solução da equação
4.3 no conjunto dos inteiros maiores que 5. E a relação entre essas soluções é dada pela
transformação 4.4.
A solução x = 6, y = 10, z = 12, w = 20 de 4.3 corresponde a solução r = 1, s = 5, t =
7, m = 15 de 4.5. Abaixo mais exemplos de soluções correspondentes:

[PAREI NA PÁGINA 62]

21
Capı́tulo 5

Princı́pio da Inclusão e Exclusão

5.1 Um resultado geral


Problema 5.1.1 Quantos inteiros, entre 1 e 6300, inclusive, não são divisı́veis por 5?

Como a cada 5 números um é divisı́vel por 5, dos 6300 números em questão exatamente
6300/5 ou 1260 são divisı́veis por 5. A resposta então é 6300 - 1260 = 5040.

Problema 5.1.2 Quantos inteiros, entre 1 e 6300 não são divisı́veis nem por 5 nem por 3?

6300/5 são divisı́veis por 5. 6300/3 são divisı́veis por 3.


A resposta seria
6300 − 2100 − 1260?
Números como 15, 30, 45... (notou o padrão?)são divisı́veis por 5 e 3 simultaneamente e
esses foram removidos do total duas vezes. Devemos então adicionar ao total o número de
inteiros q são divisı́veis por 3 e por 5, ou seja, que são divisı́veis por 15. Existe um total de
6300/15 números assim nesse intervalo.
Portanto a reposta para esse problema seria

6300 − 2100 − 1260 + 420 = 3360

Problema 5.1.3 Quantos inteiros, entre 1 e 6300 não são divisı́veis por 5, nem por 3, nem
por 7?

6300 − 6300/3 − 6300/5 − 6300/7


Há os que são divisı́veis por 3 e 5, 5 e 7, 7 e 3. Todos eles foram retirados duas vezes da
contagem e, portanto devem ser adicionados de volta.

6300 − 6300/3 − 6300/5 − 6300/7 + 6300/(3 · 5) + 6300/(5 · 7) + 6300/(7 · 3)


Há também os que são divisı́veis por 3, 5 e 7 simultaneamente. Esses foram retirados três
vezes (−6300/3 − 6300/5 − 6300/7) e adicionados três vezes (6300/(3 · 5) + 6300/(5 · 7) +
6300/(7 · 3)). Esses são todos os múltiplos de 105. Portanto há 6300/105 números entre 1 e
6300, inclusive, que são divisı́veis por 3, 5 e 7 simultaneamente e a resposta para nosso problema

6300 − 6300/3 − 6300/5 − 6300/7 + 6300/(3 · 5) + 6300/(5 · 7) + 6300/(7 · 3) − 6300/105 = 2880

22
Esses problemas ilustram o princı́pio da inclusão e exclusão que dá nome a este capı́tulo.
Suponha que temos N objetos e desses N uma quantidade N1 tem determinada propriedade
que chamaremos de P1 , N2 tem a propriedade P2 , ..., Ni tem a propriedade Pi , ..., Nk tem a
propriedade Pk . Denotemos por Ni,j o número de objetos que possuem as duas propriedades
Pi e Pj , Ni,j,k , o número de objetos que possuem as três propriedades Pi , Pj e Pk (e assim
sucessivamente).
Para calcular a quantidade de objetos que não possui nenhuma das k propriedades acima o
princı́pio da inclusão e exclusão nos dá a seguinte fórmula:

N
−N1 − N2 − ... − Nk
+N1,2 + N1,3 + ...N1,k + N2,3 + ... + N2,k + ... + N(k−1),k
−N1,2,3 − N1,2,4 − ... − N1,2,k − N1,3,4 − ... − Nk−2,k−1,k
···
(−1)k N1,2,...,k
Observe que a quantidade de termos em cada linha é C(k, j) onde a primeira linha equivale
a j = 0, a segunda a j = 1 e assim por diante.

5.2 Aplicativos a Equações e Combinações com Repetições


Problema 5.2.1 Quantas soluções existem para a equação

x1 + x2 + x3 + x4 = 20 (5.1)

nos inteiros positivos com x1 ≤ 6, x2 ≤ 7, x3 ≤ 8 e x4 ≤ 9?

Em alguma aplicações do princı́pio da inclusão e exclusão existe uma simetria nas proprie-
dades conforme a condição abaixo:

N1 = N2 = ... = Nk
N1,2 = N1,3 = ... = N1,k = N2,3 = ... = Nk−1,k
N1,2,3 = ... = Nk−2,k−1,k
···
Dizemos, então, que as propriedades P1 , P2 , ...Pk são simétricas se o número de objetos que
possuem a propriedade Pi é igual ao número de objetos que possuem a propriedade Pj para
todo i 6= j, i, j ∈ {1, 2, 3, ..., k} . Além disso, o número de objetos que possuem dua propriedades
quaisquer também é sempre igual (Ni,j tem sempre o mesmo valor não importa quem são i e
j), o número de objetos que possuem quaisquer tês propriedades é o mesmo e assim por diante.
Nesse caso podemos resumir o principio da inclusão e exclusão de

N
−N1 − N2 − ... − Nk
+N1,2 + N1,3 + ...N1,k + N2,3 + ... + N2,k + ... + N(k−1),k
−N1,2,3 − N1,2,4 − ... − N1,2,k − N1,3,4 − ... − Nk−2,k−1,k
···
(−1)k N1,2,...,k
para
N − C(k, 1)N1 + C(k, 2)N1,2 − C(k, 3)N1,2,3 + ... + (−1)k C(k, k)N1,2,3,...,k

23
Problema 5.2.2 Quantas soluções existem para a equação

x1 + x2 + x3 + x4 = 26 (5.2)

nos inteiros entre 1 e 9 (inclusive)?

Generalizando essa ideia, quantas soluções existem para a equação

x1 + x2 + x 3 + · · · + x k = m (5.3)

nos inteiros entre 1 e c (inclusive), onde c é um inteiro fixo conhecido?

C(m − 1, k − 1)
−C(k, −1)C(m − c − 1, k − 1)
+C(k, 2)C(m − 2c − 1, k − 1)
−C(k, 3)C(m − 3c − 1, k − 1)
+C(k, 4)C(m − 4c − 1, k − 1)
+···+
(−1)k C(k, k)C(m − kc − 1, k − 1),

onde os últimos termos são possivelmente nulos.


O que acontece quando m > kc?
Considere o caso em que m = 25, k = 4 e c = 6.

Problema 5.2.3 Um saco de moedas contém 8 moedas de um centavo, 7 de cinco centavos, 4


de dez centavos e 3 de vinte e cinco centavos. Supondo que as moedas de qualquer denominação
sejam idênticas (por exemplo, as 8 de um centavo são idênticos), em quantas maneiras pode
ser feita uma coleção de seis moedas de todo o saco?

5.3 Permutações Caóticas


Uma outra aplicação do princı́pio da inclusão e exclusão é apresentada a partir de agora.
Considere as permutações dos números 1, 2, 3, ..., n, tomados todos de uma vez. Dentre essas
permutações existem aquelas em que nenhum dos números está em sua posição original. Essas
permutações são chamadas de caóticas. Denotaremos o número de permutações caóticas de n
objetos por D(n).
Note que D(1) = 0, D(2) = 1 e D(3) = 2, por exemplo.
Nossa pergunta é: Quanto vale D(n) para um n ∈ N qualquer?
Para responder essa questão usaremos o princı́pio da inclusão e exclusão.
Quanto vale D(7)?
Sabemos que o total de permutações de 7 objetos tomados 7 a 7 é 7!. Diremos então que
N = 7.
Seja P1 a propriedade o número 1 está no sua posição original. Quantas permutações desse
tipo existem dentre as 7! permutações? Temos N1 = 6!.
Esse problema tem a propriedade de simetria discutida anteriormente. Portanto podemos
definir as propriedades e os valores associados a cada uma delas de forma genérica.
Seja Pi a propriedade o número i está no sua posição original, para todo i ∈ {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7} .
Então Ni = 6! para todo i ∈ {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7} .
Definidos dessa forma temos que Ni,j = 5!, Ni,j,k = 4!, Ni,j,k,l = 3!, Ni,j,k,l,x = 2!, Ni,j,k,l,x,y =
1! e Ni,j,k,l,x,y,z = 0!, onde todos esses ı́ndices são números no conjunto {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7}.

24
Pelo princı́pio da inclusão e exclusão (e pela simetria do problema) a quantidade de per-
mutações caóticas de 7 objetos é

D(7) = 7! − C(7, 1) · 6!+ C(7, 2) · 5! − C(7, 3) · 4!+ C(7, 4) · 3! − C(7, 5) · 2!+ C(7, 6) · 1! − C(7, 7) · 0!

Note que
7! 7!
C(7, k) · (7 − k)! = · (7 − k)! =
k!(7 − k)! k!
é a parcela que se repete acima com k ∈ 1, 2, · · · , 7.
Podemos então reescrever a equação acima como
7! 7! 7! 7! 7! 7! 7!
D(7) = 7! − + − + − + − (5.4)
1! 2! 3! 4! 5! 6! 7!
Generalizando:
n! n! n! n!
D(n) = n! − + − + · · · + (−1)n . (5.5)
1! 2! 3! n!

5.4 Aplicações em Probabilidade


Podemos definir, em casos especı́ficos, a probabilidade de ocorrência de determinado evento
como
casos favoráveis
.
total de casos
Essa fórmula só se aplica quando nosso espaço de resultados possı́veis é equiprovável, ou
seja, quando todos os resultados possı́veis tem mesma chance de ocorrer.
Exemplos:

• Lançamento de uma moeda;

• Lançamento de um dado;

• A retirada de uma carta de uma baralho comum (52 cartas distintas).

Devemos, então, modelar nossos problemas de forma que descrevamos um conjunto de


resultados possı́veis equiprováveis para que possamos utilizar a fórmula dada.
No lançamento de dois dados de seis faces, por exemplo, qual a probabilidade de obtermos
resultados que somam 12?
Os resultados possı́veis são

2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, e12.

A resposta então deveria ser


1
.
11
Note que, no entanto, é mais provável tirar resultados que somam 7 do que resultados que
somam 12. Então esse espaço de resultados não é equiprovável.
Uma outra maneira de descrever os resultados possı́veis seria:

25
Cada um dos resultados descritos acima tem mesma probabilidade de ocorrer. Então esse
espaço é equiprovável e podemos aplicar nossa fórmula.
São 36 resultados possı́veis e só um deles é favorável. Portanto a probabilidade que procu-
ramos é
1
.
36
Problema 5.4.1 Qual é a probabilidade de obter uma cara e duas coroas quando três moedas
são jogadas?

Problema 5.4.2 Se dez moedas caı́rem no chão, qual a probabilidade de haver cinco caras e
cinco coroas viradas para cima?

Problema 5.4.3 Qual é a probabilidade de que seis cartas tiradas aleatoriamente de um baralho
padrão de 52 cartas sejam cartões vermelhos?

Problema 5.4.4 Qual é a probabilidade de obter um total de 13 pontos quando quatro dados
de seis faces são jogados?

Problema 5.4.5 Se uma permutação dos inteiros 1, 2, 3, · · · , n é tomada aleatoriamente, qual


é a probabilidade de que seja uma permutação caótica?

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Capı́tulo 6

Cap 9: Problemas de Configuração

6.1 Princı́pio da casa dos pombos


Se oito pombos voarem em sete casas, pelo menos uma das casas conterá dois ou mais pombos.
Em termos gerais, se n + 1 pombos estão em n casas de pombo, pelo menos uma das
casas contém dois ou mais pombos. Esta forma simples do princı́pio da casa dos pombos (ou
princı́pio das gavetas de Dirichlet) que pode ser generalizado da seguinte forma: se 2n + 1
pombos estiverem em n casas de pombos, pelo menos uma das casas contém três ou mais
pombos.
Aqui está uma reformulação ainda mais forte. A declaração abaixo inclui todas as afirmações
anteriores como casos especiais:
Se kn + 1 pombos estiverem em n casas de pombos, pelo menos uma das casas contém k + 1
ou mais pombos.
Como demonstrar esse princı́pio?
O que podemos afirmar se considerarmos o princı́pio falso?

6.2 Triângulos Cromáticos


Considere seis pontos em um plano, não colineares (em uma linha reta) três a três. Existem
C(6, 2) segmentos de reta conectando os pontos. Sejam esses quinze segmentos coloridos pelo
uso de duas cores, digamos vermelho e azul; Todos os segmentos podem ser vermelhos, todos
podem ser azuis, ou alguns podem ser vermelhos e o resto azuis. Dizemos que qualquer triangulo
que conecta três dos pontos é cromático se todos os seus lados tem a mesma cor.
Devemos provar que não importa como os quinze segmentos de linha são coloridos, sempre
é possı́vel encontrar um triângulo cromático. Essa é uma propriedade do número 6; 6 é o menor
número de pontos em um plano (não colineares trrês a três), de modo que, não importa como
cada um dos segmentos que unem pares de pontos sejam coloridos de uma das duas cores, é
sempre possı́vel encontrar um triângulo cromático.

Demonstração: Escolha um dos seis pontos, digamos A, sem perda de generalidade, e con-
sidere os segmentos que ligam A a todos os outros pontos. Como temos cinco desses segmentos

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e apenas duas cores, podemos afirmar, pelo princı́pio da casa dos pombos, que pelo menos três
segmentos são de uma mesma cor. No nosso exemplo temos AB, AC e AE vermelhos.
Consideramos, então, o triângulo formado pelos vértices B, C e E (os mesmos tomados
anteriormente que se ligavam a A por segmentos de mesma cor). Para esse triângulo há duas
opções:

1. Seus três lados são azuis;

2. Possui pelo menos um lado vermelho.

No primeiro caso, ele é um triângulo cromático e isso encerra nossa demonstração. No


segundo caso, o triângulo formado por seu lado vermelho (BE no nosso exemplo) mais os
segmentos que ligam suas extremidades a A (AB e AE no nosso exemplo) formam um triângulo
cromático. Isso completa a demonstração.
Observamos outra forma de declarar o mesmo princı́pio. Em um grupo de seis pessoas
quaisquer é sempre possı́vel encontrar três pessoas que se cumprimentaram (dois a dois) com
um aperto de mão ou três pessoas das quais nenhuma se cumprimentou com um aperto de mão.

6.3 Separações do Plano


Considere n retas em um plano que satisfaçam as seguinte condições: (1) cada reta é infinita em
extensão em ambas as direções; (2) Quaisquer duas retas NÃO são paralelas; (3) Quaisquer três
retas não são concorrentes, isto é, três retas não se cruzam em um mesmo ponto. Em quantas
regiões o plano estará separado pelas n retas? Seja f (n) o número de regiões nas quais as n
retas separam o plano; Encontramos, por simples observação, que f (1) = 2, f (2) = 4, f (3) = 7.
Nosso problema é encontrar o valor de f (n) para um n qualquer.
Para resolver esse problema encontraremos uma expressão para a diferença f (k) − f (k − 1)
para k = 2, 3, · · · , n e somamos as expressões encontradas. Essa soma resultará é f (n) − f (1)
pois todas as outras parcelas serão adicionadas e subtraı́das. esse tipo de soma é frequentemente
chamada de soma telescópica.
Para encontrar a expressão apropriada nesse caso, considere n − 1 retas no plano que o
dividem em f (n − 1) regiões. Agora introduza a n-ésima reta. O que acontece?
A n-ésima reta divide a primeira região (a região em que a reta nasce) em duas. A partir
daı́, cada vez que a reta cruza uma das n − 1 retas anteriores, divide mais uma região em duas.
Note que cada região dividida em duas aumenta em uma unidade a quantidade de regiões.
Sendo assim, a n-ésima reta divide o plano em 1 + (n − 1) = n regiões a mais do que as n − 1
retas anteriores, ou seja,
f (n) − f (n − 1) = n

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Agora aplicamos o método da soma ”telescópica”; Isto é, escrevemos a equação f (k)−f (k −
1) seguida de suas contrapartes com k substituı́do sucessivamente por n − 1, n − 2, · · · , 3, 2:

Outro problema que pode ser resolvido com mesma técnica é enunciado abaixo:

Problema 6.3.1 n + k retas, das quais exatamente k são paralelas entre si, nenhum outro
grupo de retas é paralelo e três retas não se cruzam no mesmo ponto, dividem o plano em
regiões. Em quantas regiões o plano é dividido por essas retas?

Seja G(n, k) o número de regiões em que o plano é dividido por k retas paralelas entre si
mais n retas seguindo as regras do problema anterior. Por exemplo, G(1, 2) = 6 e G(2, 2) = 10.
Usaremos um argumento análogo ao anterior para resolver esse problema. Para isso, considere
um número fixo n de retas quaisquer (dentro das regras) e k − 1 retas paralelas. Quando
acrescentamos a k-ésima reta paralela quantas regiões aumentamos? Lembre-se que o número
de regiões acrescidas é igual ao número de retas cruzadas mais um.
Sendo assim,
G(n, k) − G(n, k − 1) = n + 1
pois a k-ésima reta paralela acrescentada cruza todas as n retas.
Note que, ao variarmos o número de retas paralelas, temos sempre um acréscimo de n + 1
retas, pois n retas serão cruzadas.
Temos

de onde podemos obter


G(n, k) = G(n, 0) + k(n + 1).
n(n+1)
Note que G(n, 0) = f (n) = 2
+ 1.
Portanto
n2 + 2nk + n + 2k + 2
G(n, k) = .
2

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Uma abordagem alternativa seria desenvolver a soma telescópica até o termo G(n, 3) −
G(n, 2). Dessa forma obterı́amos

G(n, k) = (k − 2)(n + 1) + G(n, 2).

Mas qual o valor de G(n, 2)?


Observe que, para obter todas as G(n, 2) regiões terı́amos n + 2 retas ao todo dividindo o
plano. Imagine que temos n + 1 retas que dividem o plano e acrescentaremos mais uma de
modo que esta seja paralela a uma das n + 1 retas anteriores. Essa nova configuração nos
dá exatamente as regiões G(n, 2). Antes de acrescentarmos a reta paralela temos um total de
f (n + 1) regiões. Ao acrescentar a reta paralela, essa reta cruza n das n + 1 retas existentes
(pois não cruza a reta à qual é paralela). Cruzando n das retas, acrescenta n + 1 regiões à
quantidade de regiões prévia. Portanto

G(n, 2) = f (n + 1) + n + 1
= (n+1)(n+2)
2
+1+n+1
n2 +3n+2+2n+4
= 2
2
= n +5n+6
2

Então

G(n, k) = (k − 2)(n + 1) + G(n, 2)


2
= kn − 2n + k − 2 + n +5n+6 2
2 +5n+6
= 2kn−4n+2k−4+n
2
2 +n+2
= 2kn+2k+n
2
.

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Capı́tulo 7

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