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1 Existência e Unicidade
Autora: Paulla Borges Avila da Silva
(Graduada em Ciências Exatas e Tecnológicas)
dy = f (x, y)
dx
y(x ) = y .
0 0
Assim,
Zx
0
(y(x)) = (y0 + f (s, y(s))ds)0
x0
0
y (x) = f (x, y(x)).
2
∂f
Lema 0.2. Sejam f : Ω ⊂ R2 −→ R, Ω aberto, uma função contı́nua tal que é,
∂y
também, contı́nua em Ω e (x0 , y0 ) ∈ Ω. Suponha que Ω aberto, e, assim, existem a > 0 e
b > 0 tais que o retângulo
Q = {(x, y) | x0 − a ≤ x ≤ x0 + a, y0 − b ≤ y ≤ y0 + b}
∂f ∂f
Demonstração. Como é contı́nua em Ω, consequentemente é também contı́nua em
∂y ∂y
∂f
Q. Pelo Teorema de Weierstrass (Lima, 1976), se Q é fechado tem-se que é limitada,
∂y
logo existe uma constante K > 0 tal que
∂f
(x, y) ≤ K,
∂y
para todo (x, y) em Q. Agora são considerados dois pontos quaisquer (x, y1 ) e (x, y2 ) do
retângulo Q. Segue do Teorema do Valor Médio (Lima, 1976),
∂f
f (x, y1 ) − f (x, y2 ) = (x, s)(y1 − y2 ),
∂y
∂f
| f (x, y1 ) − f (x, y2 ) |= (x, s) | y1 − y2 | .
∂y
Assim,
| f (x, y1 ) − f (x, y2 ) |≤ K | y1 − y2 | .
Q = {(x, y) | x0 − a ≤ x ≤ x0 + a, y0 − b ≤ y ≤ y0 + b}
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esteja contido em Ω. Seja M > 0 tal que
| f (x, y) |≤ M, em Q
r≤a e M r ≤ b.
dada por
Zx
yn (x) = y0 + f (s, yn−1 (s))ds.
x0
4
Aplicando módulo em ambos os lados da igualdade (4) encontra-se
Zx
| yn (x) − y0 | = f (s, yn−1 (s))ds
x0
Zx
≤ |f (s, yn−1 (s))| ds. (5)
x0
Assim,
para todo [x0 − r, x0 + r]. Agora, integrando ambos os lados da inequação (6) e pela
desigualdade (5) encontra-se
Zx
| yn (x) − y0 |≤ M ds ,
x0
| yn (x) − y0 |≤ M | x − x0 | .
Logo,
| yn (x) − y0 |≤ M r ≤ b.
y 0 = f (x, y),
5
Demonstração. Considere f : Ω ⊂ R2 −→ R, r > 0 e (x0 , y0 ) de acordo com Lema (0.3).
Seja a função constante
A função (7) é contı́nua e seu gráfico está contido em Q. Seja agora, a sequência
de funções, tal que (yn (x))n ≥ 0
Zx
y0 (x) = y0 e yn (x) = y0 + f (s, yn−1 (s))ds, n ≥ 1, (8)
x0
para todo x ∈ [x0 − r, x0 + r]. Nota-se que para todo n ≥ 1, o gráfico de yn está contido
em Q. A sequência definida em (8) é denominada sequência de Picard para o problema
y 0 = f (x, y)
(9)
y(x ) = y .
0 0
+∞
X
y0 + [yn (x) − yn−1 (x)]. (10)
n=1
Tem-se que, para todo n ≥ 1,
n
X
yn (x) = y0 + [yk (x) − yk−1 (x)].
k=1
Assim, a sequência (8) será uniformemente convergente no intervalo [x0 −r, x0 +r],
caso a série (10) também seja (Guidorizzi, 2000).
Para isso, precisa-se provar que
+∞
X
[yn (x) − yn−1 (x)], (11)
n=1
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é uniformemente convergente no intervalo [x0 − r, x0 + r].
De fato, considere M como o valor máximo de
| y1 (x) − y0 (x) |,
em [x0 − r, x0 + r]. Como y1 e y0 são contı́nuas fica garantida a existência desse máximo.
Assim, pode-se dizer que
Tendo
Zx
y3 (x) − y2 (x) = [f (s, y2 (s)) − f (s, y1 (s))]ds,
x0
7
encontra-se,
Zx
| y3 (x) − y2 (x) |≤ K | y2 (s) − y1 (s) | ds , ∀x ∈ [x0 − r, x0 + r].
x0
De (14),
Zx
| y3 (x) − y2 (x) |≤ KM K | s − x0 | ds
x0
Zx
2
≤ MK | s − x0 | ds .
x0
| x − x0 |2
| y3 (x) − y2 (x) |≤ M K 2 ∀ x ∈ [x0 − r, x0 + r].
2
| x − x0 |n−1
| yn (x) − yn−1 (x) |≤ M K n−1 ∀x0 − r ≤ x ≤ x0 + r.
(n − 1)!
(Kr)n−1
| yn (x) − yn−1 (x) |≤ M ,
(n − 1)!
é convergente, dessa forma pode-se dizer pelo teste de Weierstrass (Lima, 1976), que a
série
+∞
X
[yn (x) − yn−1 (x)],
n=1
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converge uniformemente em [x0 − r, x0 + r].
Considere y = y(x), com x ∈ [x0 − r, x0 + r], dada por
De (15),
Zx
lim yn (x) = y0 + lim f (s, yn−1 (s))ds,
n→∞ n→∞
x0
logo,
Zx
y(x) = y0 + lim f (s, yn−1 (s))ds. (17)
n→∞
x0
9
Sabendo que
lim f (s, yn−1 (s)) = f (s, y(s)).
n→∞
Conclui-se
Zx
y(x) = y0 + f (s, y(s))ds ∀x ∈ [x0 − r, x0 + r]. (18)
x0
Pelo Lema (0.1) sabe-se que y = y(x) da forma (18), com x ∈ [x0 − r, x0 + r], é solução
da equação
y 0 = f (x, y),
dy = f (x, y)
dx (19)
y(x ) = y .
0 0
Demonstração. Sejam
y1 = y1 (x), x∈I
e
y2 = y2 (x), x∈J
y 0 = f (x, y),
e tais que
y1 (x0 ) = y2 (x0 ) = y0 .
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Seja Q o retângulo dado por
Q = {(x, y) | x0 − a ≤ x ≤ x0 + a, y0 − b ≤ y ≤ y0 + b},
d ≤ d1 e Kd < 1. (21)
Como y1 = y1 (x) e y2 = y2 (x) são soluções do problema de valor inicial (19), então
y1 (x0 ) = y2 (x0 ) = y0 . Além disso, pelo Lema (0.1)
Zx
y1 (x) = y0 + f (s, y1 (s))ds (22)
x0
e
Zx
y2 (x) = y0 + f (s, y2 (s))ds, ∀ x ∈ [x0 − d, x0 + d]. (23)
x0
Zx
| y1 (x) − y2 (x) |= [f (s, y1 (s)) − f (s, y2 (s))]ds , (25)
x0
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para todo x ∈ [x0 − d, x0 + d]. Sabendo que
Zx Zx
[f (s, y1 (s)) − f (s, y2 (s))]ds ≤ | [f (s, y1 (s)) − f (s, y2 (s))] | ds ≤
x0 x0
Zx
≤ | [f (s, y1 (s)) − f (s, y2 (s))] | ds ∀ x ∈ [x0 − d, x0 + d].
x0
Assim,
Zx
| y1 (x) − y2 (x) |≤ | [f (s, y1 (s)) − f (s, y2 (s))]ds | . (26)
x0
Zx
| y1 (x) − y2 (x) |≤ K | y1 (s) − y2 (s) | ds . (27)
x0
Considere agora,
Assim,
| y1 (s) − y2 (s) |≤ M1 ∀s ∈ [x0 − d, x0 + d]. (28)
De (27) e (28),
| y1 (x) − y2 (x) |≤ KM1 | x − x0 |,
e, portanto,
| y1 (x) − y2 (x) |≤ KM1 d ∀x ∈ [x0 − d, x0 + d].
Logo,
M1 ≤ KdM1 ,
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isso é um absurdo, visto que foi considerado que Kd < 1, consequentemente M1 = 0.
Logo,
| y1 (x) − y2 (x) |= 0,
neste intervalo.
Já para o último questionamento pode-se dizer que determinar uma solução de
uma equação diferencial é algo ”similar”ao cálculo de uma integral e sabe-se que há
integrais que não possuem primitivas, como por exemplo as integrais elı́pticas. Assim,
não é de esperar que todas as equações diferenciais possuam soluções explı́citas.
Vale destacar que este tópico de EDO foi estudado durante o projeto de iniciação
cientı́fica, Métodos Numéricos Aplicados na Engenharia, com a orientação do professor
Jarbas Alves Fernandes.
Na seção 2.6 estudou-se o problema da propagação da podridão em maçãs. Para
este fim, na próxima seção será estudada de forma sucinta a equação logı́stica contı́nua.
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Referências Bibliográficas
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