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Fı́sica II

Desafio 5

Daniel Ferreira Betoret


NºUSP: 12556524
Outubro, 2021

1. a) Usando as convenções estabelecidas implicita ou explicitamente pelo desafio, pode-se escrever as


componentes da força resultante provenientes da inclinação no plano x-z como na Figura 2b da seguinte
forma:

F xz = T ∆y sin(θ(x0 + ∆x))ẑ + T ∆y cos(θ(x0 + ∆x))x̂ − T ∆y sin(θ(x0 ))ẑ − T ∆y cos(θ(x0 ))x̂

=⇒ F xz = T ∆y[cos(θ(x0 + ∆x)) − cos(θ(x0 ))]x̂ + T ∆y[sin(θ(x0 + ∆x)) − sin(θ(x0 ))]ẑ


Semelhantemente, no plano y-z, a força devido à inclinação, sendo α(y) o ângulo que a membrana faz
em relação ao plano x-y na direção de y (análogo a θ(x)), é a seguinte:

F yz = T ∆x[cos(α(y0 + ∆y)) − cos(α(y0 ))]ŷ + T ∆x[sin(α(y0 + ∆y)) − sin(α(y0 ))]ẑ


Agora, uma vez que a tensão é a única força atuando no problema, essas componentes são todas.
Assim sendo, podemos escrever a força resultante da seguinte maneira:

F R = T ∆y[cos(θ(x0 + ∆x)) − cos(θ(x0 ))]x̂ + T ∆x[cos(α(y0 + ∆y)) − cos(α(y0 ))]ŷ


 
+T ∆y [sin(θ(x0 + ∆x)) − sin(θ(x0 ))] + ∆x [sin(α(y0 + ∆y)) − sin(α(y0 ))] ẑ

b) Se θ(x0 ), θ(x0 + ∆x), α(y0 ) e α(y0 + ∆y) são ângulos tais que valha a aproximação de pequenos
ângulos, temos

cos(θ(x0 )) ≈ 1 ≈ cos(θ(x0 + ∆x)) ≈ cos(α(y0 )) ≈ cos(α(y0 + ∆y)).


Assim sendo, as componentes nas direções x e y se anulam e, pois, também o faz a projeção da força
resultante no plano x-y.

c) Assumindo que θ(x) se mantém aproximadamente constante em y e α(y) em x, podemos calcular


as aproximações em ȳ = y0 + ∆y/2 e x̄ = x + ∆x/2, respectivamente. Assim, e usando a aproximação de
pequenos ângulos citada, podemos calcular as respectivas componentes da tração:

Txz (x0 + ∆x) = T ∆y sin(θ(x + ∆x)) ȳ ≈ T ∆y tan(θ(x + ∆x)) ȳ
e, analogamente,
Txz (x0 ) ≈ T ∆y tan(θ(x0 )) ȳ

Tyz (y0 + ∆y) ≈ T ∆x tan(α(y0 + ∆y)) x̄

Tyz (y0 ) ≈ T ∆x tan(α(y0 )) x̄
Portanto, a força resultante seria:

Fz (x̄, ȳ) ≡ F R · ẑ = T ∆y [tan(θ(x0 + ∆x)) − tan(θ(x0 ))] ȳ
(1)
+ T ∆x [tan(α(y0 + ∆x)) − tan(α(y0 ))] x̄

1
Por fim, como observação, podemos escrever as outras tangentes como:

tan(θ(x0 + ∆x)) ȳ ≈ ∂x z x0 +∆x,ȳ

tan(α(y0 + ∆y)) x̄ ≈ ∂y z x̄,y +∆y
0

tan(α(y0 )) x̄ ≈ ∂y z x̄,y0

d) Usando a equação (1) e as relações para as tangentes acima, podemos escrever:

Fz (x̄, ȳ) ≈ T ∆y[∂x z(x0 + ∆x, ȳ) − ∂x z(x0 , ȳ)] + T ∆x[∂y z(x̄, y0 + ∆y) − ∂y z(x̄, y0 )] (2)

e) O elemento de massa em questão tem massa ∆m = σ∆x∆y. Assim sendo, podemos usar a equação
(2) e escrever a lei de Newton:

σ∆x∆y∂t2 z(x̄, ȳ) = Fz (x̄, ȳ) = T ∆y[∂x z(x0 + ∆x, ȳ) − ∂x z(x0 , ȳ)] + T ∆x[∂y z(x̄, y0 + ∆y) − ∂y z(x̄, y0 )]
 
2 T ∂x z(x0 + ∆x, ȳ) − ∂x z(x0 , ȳ) ∂y z(x̄, y0 + ∆y) − ∂y z(x̄, y0 )
=⇒ ∂t z(x̄, ȳ) = +
σ ∆x ∆y
Tomando, agora, o limite, temos:

∂t2 z(x0 , y0 ) = lim ∂t2 z(x̄, ȳ)


(∆x,∆y)→(0,0)
 
T ∂x z(x0 + ∆x, ȳ) − ∂x z(x0 , ȳ) ∂y z(x̄, y0 + ∆y) − ∂y z(x̄, y0 )
= lim +
(∆x,∆y)→(0,0) σ ∆x ∆y
T 2
=⇒ ∂t2 z(x0 , y0 ) =
∂x z(x0 , y0 ) + ∂y2 z(x0 , y0 )

σ
assumindo que os limites dos termos convergem separadamente.
Por fim, notamos que, uma vez que o ponto (x0 , y0 ) foi escolhido arbitrariamente, sem nenhuma
caracterı́stica oficial, podemos generalizar a equação anterior e escrever:

∂t2 z = v 2 [∂x2 z + ∂y2 z] (3)

2. a) Para demonstrar o que foi pedido, verificamos que a função dada pelo enunciado a menos de
uma constante soluciona, de fato, a equação (3):

−Akx ,ky ω 2 eiωt+ikx x+iky y = −Akx ,ky v 2 [kx2 eiωt+ikx x+iky y + ky2 eiωt+ikx x+iky y ]
exp(iωt+ikx x+iky y)̸=0
⇐==============⇒ ω 2 = v 2 (kx2 + ky2 ) (4)

Ou seja, se os valores de kx , ky e ω obedecem à equação (4), então a equação (3) também é solucionada.

b) A grande diferença é que, uma vez fixado ω, k, a menos de um sinal, também o seria no caso
unidimensional. Nesse caso, no entanto, fixado ω, kx e ky podem assumir quaisquer valores em uma
circunferência no plano em torno da origem e de raio ω/v. Portanto, há infinitas combinações possı́veis
de kx e ky para cada ω.]

c) As arestas do sistema são constituı́das dos pontos em que uma coordenada é 0 ou L. Assim sendo
e uma vez que, nesses pontos, o valor de z deve ser 0, podemos escrever as seguintes condições:
 
∀y∀t z(0, y, t) = 0
 
∀y∀t z(L, y, t) = 0
 
∀x∀t z(x, 0, t) = 0

2
 
∀x∀t z(x, L, t) = 0
em que, é claro, por convenção, (x, y) ∈ [0, L] × [0, L].

d) Fazendo x = 0 na equação 4 do desafio, podemos escrever, para todo y e t:

z(0, y, t) = cos(ωt)[akx ,ky cos(ky y) + bkx ,ky sin(ky y)] + sin(ωt)[ekx ,ky cos(ky y) + fkx ,ky sin(ky y)] = 0

=⇒ akx ,ky = bkx ,ky = ekx ,ky = fkx ,ky = 0


porque seno e cosseno são linearmente independentes.
Podemos fazer o mesmo para y = 0 com o que sobrou dos termos, obtendo:
h i
∀x∀t z(x, 0, t) = sin(kx x)[ckx ,ky cos(ωt) + gkx ,ky sin(ωt)] = 0
=⇒ ckx ,ky = gkx ,ky = 0
Resta, então:

z(x, y, t) = dkx ,ky cos(ωt) sin(kx x) sin(ky y) + hkx ,ky sin(ωt) sin(kx x) sin(ky y) (5)

e) Derivando z na equação (5) e igualando-o a zero, obtemos:

∀x∀y∂t z(x, y, 0) = ωhkx ,ky sin(kx x) sin(ky y) = 0


=⇒ hkx ,ky = 0
se ω ̸== 0. Porem, tendo em vista que a membrana estaria parada se ω fosse nulo, esse caso não nos
interessa.

f ) Primeiramente, qualquer solução da equação (3) pode ser escrita como uma série infinita de com-
binações lineares dos termos que aparecem na equação 4 do desafio. As condições de contorno, impostas
sobre cada termo da soma como foram para um termo nos exercı́cios d e e – isto é, assumindo que a
série é bem comportada e converge sem problemas –, garantem que os únicos termos restantes sejam os
proporcionais a cos(ωt) sin(kx x) sin(ky y). Podemos, agora, impor as últimas condições de contorno:
h i
∀y∀t z(L, y, t) = dkx ,ky cos(ωt) sin(kx L) sin(ky y) = 0
nn π o
x
=⇒ kx ∈ : nx ∈ N (6)
L
e, semelhantemente, h i
∀x∀t z(x, L, t) = dkx ,ky cos(ωt) sin(kx x) sin(ky L) = 0
nn π o
y
=⇒ ky ∈ : ny ∈ N (7)
L
Podemos, portanto, indexar os coeficientes com nx e ny , substituir todos os possı́veis valores de kx e
ky encontrados em (6) e (7) e, lembrando que, se nx ou ny forem iguais a zero, o termo todo se anula
por conta da dependência em forma de seno, podemos finalmente escrever a série de Fourier para z da
seguinte forma:

+∞  n πx   n πy 
x y
X
z(x, y, t) = anx ,ny cos(ωt) sin sin
nx ,ny =1
L L

3. a) Pela equação 8 do desafio, temos o seguinte:

∂x2 u = ∂x {∂x u} = ∂x ∂r u∂x r + ∂θ u∂x θ = ∂x {∂r u}∂x r + ∂r u∂x2 r + ∂x {∂θ u}∂x θ + ∂θ u∂x2 θ


= ∂r2 u∂x r + ∂r ∂θ u∂x θ ∂x r + ∂r u∂x2 r + ∂r ∂θ u∂x r + ∂θ2 u∂x θ ∂x θ + ∂θ u∂x2 θ


 

3
∂x2 u = ∂r2 u(∂x r)2 + 2∂r ∂θ u∂x r∂x θ + ∂θ2 u(∂x θ)2 + ∂r u∂x2 r + ∂θ u∂x2 θ (8)
assumindo que as derivadas parciais de u comutam.

b) Usando a equação (8), sua variação para y e as expressões dadas em 10 no desafio, podemos
escrever:
 2    2  2  
2 2 x xy 2 y y 2xy
∂x u = ∂r u 2 + 2∂r ∂θ u − 3 + ∂θ u 4 + ∂r u 3 + ∂θ u
r r r r r4
e  2    2  2  
2 2 y xy 2 x x 2xy
∂y u = ∂r u 2 + 2∂r ∂θ u 3 + ∂θ u 4 + ∂r u 3 + ∂θ u − 4
r r r r r
o que implica

:0  2 :0
x2 + y 2 x + y2
 2
x + y2
    
xy xy 2xy  2xy

∂x2 u+∂y2 u = ∂r2 u + 2∂ ∂ u
r θ 3 − 2∂ ∂
r θ u +∂θ
2
u +∂r u + ∂ u
θ   − ∂θ u
r2  r
 r3 r4 r3  r 4 r4

x2 +y 2 =r 2 1 1
=======⇒ ∂x2 u + ∂y2 u = ∂r2 u + ∂r u + 2 ∂θ2 u (9)
r r

c) Substituindo a expressão para u dada na equação 13 do desafio na equação 12 do mesmo, obtemos:



1 1 :0

R(r)∂t2 S(t) = v 2 S(t)∂r2 R(r) + S(t)∂r R(r) + 2 ∂θ
S(t)R(r)
r r
v2
 
·(S(t)R(r))−1 1 2 1
=========⇒ ∂t S(t) = ∂r2 R(r) + ∂r R(r)
S(t) R(r) r
o que só vale se S(t), R(r) ̸= 0.

d) Da equação 15 do desafio, tiramos:

1 ω2
∂r2 R(r) + ∂r R(r) = − 2 R(r) (10)
r v
e
∂t2 S(t) = −ω 2 S(t)
que é a equação do oscilador harmônico. Como provado inúmeras vezes no decorrer do curso, sua solução
geral, nos reais, é da forma S(t) = A cos(ωt) + B sin(ωt).

e) Para provar o que foi pedido, observa-se que, sendo a equação linear, provar que um múltiplo de
R(r) (exceto por 0 · R(r), é claro) satisfaz a equação é equivalente a provar que R(r) a satisfaz. Portanto,
podemos descartar a constante A. Além disso, definimos Rn (r) como cada termo da série dada para
J0 (ωr/v), ou seja:

(−1)n  ω 2n
Rn (r) ≡ r
(n!)2 2v
o que é feito somente para facilitar as contas.
Com isso, calculamos, pois, as derivadas de R, termo a termo, assumindo convergência:

(−1)n  ω 2n
∂r Rn (r) = (2nr2n−1 ), n⩾1
(n!)2 2v
em que se indica que a fórmula é válida somente quando n ⩾ 1 porque R0 (r) = 1, isto é, constante,
e sua derivada é nula. Portanto, sendo o resultado final uma série, podemos eliminar o resultado nulo
e reindexar os termos de forma que ∂r Rn+1 → ∂r Rn , ou seja, substituindo n na expressão por n + 1,
chegando a:

4
(−1)n+1  ω 2n+2
(2n + 2)r2n+1 ,

∂r R(r) = 2
n⩾0 (11)
(n + 1!) 2v
Derivando (11) mais uma vez, chegamos a:

(−1)n+1  ω 2n+2
∂r2 R(r) = (2n + 2)(2n + 1)r2n ,

2
n⩾0 (12)
(n + 1!) 2v
em que nenhum termo é abandonado porque a potência mı́nima de ∂r R é r1 , ou seja, não há termos
constantes.
Podemos, agora, passar o termo do lado direito da equação (10) para o esquerdo e calcular a soma
dos três termos:
+∞ +∞ +∞
1 ω2 X 1X ω2 X
∂r2 R(r) + ∂r R(r) + 2 R(r) = ∂r2 Rn (r) + ∂r Rn (r) + 2 Rn (r)
r v n=0
r n=0 v n=0
+∞  +∞
ω2
 X
X
2 1
= ∂r Rn (r) + ∂r Rn (r) + 2 Rn (r) = Sn (r),
n=0
r v n=0
com
1 ω2
Sn (r) ≡ ∂r2 Rn (r) + ∂r Rn (r) + 2 Rn (r)
r v
Provamos, agora, que Sn (r) = 0 para todo n ⩾ 0:

(−1)n  ω 2n ω2 ω 2 (2n + 2)r2n+1 ω 2 r2n


 
−1 −1
Sn (r) = ∂r2 R(r) = 2n

(2n+2)(2n+1)r + +
(n!)2 2v (n + 1)2 4v 2 (n + 1)2 4v 2 r v2

(−1)n  ω 2n 1 ω2   ω 2 r2n 



2n 2n
= − (2n + 1)r + r +
(n!)2 2v n + 1 2v 2 v2
(−1)n  ω 2n ω 2 r2n ω 2 r2n
 
= − + =0
(n!)2 2v v2 v2

∴ Sn (r) = 0
Sendo cada termo do somatório, pois, nulo, a soma também o é, o que prova que R obedece à equação
(10) e, como já dito, qualquer de seus múltiplos de forma AJ0 (ωr/v).

f ) Seja I o conjunto com o qual o conjunto das raı́zes de J0 é indexado. Sendo a membrana circular
fixa em seu entorno, u deve ser constante para r = L, se L é o raio do cı́rculo. Como as equações são todas
lineares e homogêneas, podemos sempre escolher as constantes de u de forma que a constante citada seja
0 nos extremos. Portanto, temos:
 
∀t u(L, t) = 0 (13)
Agora, sabe-se dos exercı́cios d e e que uma função do tipo u(r, t) = C(A cos(ωt) + B sin(ωt))J0 ωv r


soluciona a equação de onda e todas as demais. Se, no entanto, impormos a condição (13) sobre u,
vemos que, visto que seno e cosseno são linearmente independentes e não desejamos a solução trivial, é
necessário que J0 se anule, ou seja:
ωL
∈ {αn : n ∈ I}
v
r
T αn
=⇒ ωn = (14)
σ L
sendo que aqui foi construı́do um conjunto indexado da mesma forma que as raı́zes da função de Bessel
de que cada possı́vel frequência é um elemento.

g) Derivando a expressão introduzida em f para u e impondo a condição 17 do desafio, temos:

5
 ω  
n
∀r ∂t u(r, 0) = ωn BCJ0 r = 0 =⇒ B = 0
v
uma vez que, enquanto houver constantes multiplicativas, a solução trivial sempre será contemplada.
Agora, assim como foi dito no exercı́cio 2.f , as soluções gerais sempre podem ser escritas como
séries nos modos normais já obtidos aqui. Além disso, todas as condições impostas continuam válidas
e, portanto, todas as soluções são séries da forma cos(ωn t)J0 ωvn r . Podemos, portanto, escrever uma


solução geral da seguinte forma:


ω 
n
X
u(r, t) = an cos(ωn t)J0 r (15)
v
n∈I

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