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UFSCar – Cálculo Diferencial e Séries. Prof. João C.V.

Sampaio
Quarta lista de problemas. Derivadas parciais.

Derivadas parciais

Sendo f(x, y) definida em uma região D e sendo P0 = (x0 , y0 ) ∈ D, as derivadas parciais


de f em P0 são dadas pelos seguintes limites

∂f f(x0 + ∆x, y0 ) − f(x0 , y0 )) ∂f f(x0 , y0 + ∆y) − f(x0 , y0 ))


(P0 ) = lim (P0 ) = lim
∂x ∆x→0 ∆x ∂y ∆y→0 ∆y

A existência de cada derivada parcial em P0 é subordinada à existência do limite que a define.


É importante notar que, conforme a definição dada pelos limites,

∂f d  ∂f d 
(P0 ) = f(x, y0 ) x=x (P0 ) = f(x0 , y) y=y
∂x dx 0 ∂y dy 0

Para funções w = f(x, y, z), em três variáveis,

∂f f(x0 + ∆x, y0 , z0 ) − f(x0 , y0 , z0 ))


(P0 ) = lim
∂x ∆x→0 ∆x

∂f f(x0 , y0 + ∆y, z0 ) − f(x0 , y0 , z0 ))


(P0 ) = lim
∂y ∆y→0 ∆y

∂f f(x0 , y0 , z0 + ∆z) − f(x0 , y0 , z0 ))


(P0 ) = lim
∂z ∆z→0 ∆z
∂f
O sı́mbolo é lido derivada parcial de f em relação a x, ou “del f del x”.
∂x

1. Calcule as derivadas parciais das funções dadas a seguir.


∂f ∂f
(a) f(x, y) = x3 y2 − x2 y3 . Resposta:= 3x2 y2 − 2xy3 ; = 2x3 y − 3x2 y2
∂x ∂y
∂f ∂f
(b) f(x, y) = cos(xy). Resposta: = −y sen(xy); = −x sen(xy).
∂x ∂y
∂z dz ∂u ∂z dz ∂u
Sugestão. Se z = f(u) e u = u(x, y), então = · e = · .
∂x du ∂x ∂y du ∂y
2 −y2 ∂z 2 2 ∂z 2 2
(c) z = e−x . Resposta: = −2xe−x −y ; = −2ye−x −y
∂x ∂y
x3 + y 2 ∂z x4 + 3x2 y2 − 2xy2 ∂z 2x2 y − 2x3 y
(d) z = . Resposta: = ; =
x2 + y2 ∂x (x2 + y2 )2 ∂y (x2 + y2 )2
2

x ∂f y2 ∂f xy
(e) f(x, y) = p . Resposta: = 2 ; =− 2
x2 + y2 ∂x (x + y2 )3/2 ∂y (x + y2 )3/2
p ∂z 1 ∂z y
(f) z = ln(x + x2 + y2 ). Resposta: =p ; =p p
∂x x2 + y2 ∂y x2 + y2 (x + x2 + y2 )
y ∂z y ∂z x
(g) z = arctg . Resposta: =− 2 ; =
x ∂x x + y2 ∂y x2 + y2
∂z ∂z
(h) z = xy . Resposta: = yxy−1 ; = xy ln x
∂x ∂y
∂z y y ∂z 1 y
(i) z = esen(y/x) . Resposta: = − 2 esen x cos ; = esen x cos
y y

∂x x x ∂y x x
∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
(j) ϕ(x, y, z) = (xy)z . Resposta: = yz(xy)z−1 ; = xz(xy)z−1 , = (xy)z ln(xy)
∂x ∂y ∂z
∂z ∂z
2. Mostre que se z = ln(x2 + xy + y2 ) então x +y = 2.
∂x ∂y
∂z ∂z
3. Mostre que se z = xy + xey/x então x +y = xy + z.
∂x ∂y
x−y ∂u ∂u ∂u
4. Mostre que se u = x + então + + = 1.
y−z ∂x ∂y ∂z
∂z x 1
5. Determinar z = z(x, y), sabendo que = 2 2
. Resposta: z = ln(x2 + y2 ) + C(y),
∂x x +y 2
sendo C uma função real (qualquer) que depende apenas de y.
Z
∂z x x
Sugestão. Se = 2 , então z(x, y) = dx + C(y).
∂x x + y2 x2 + y2
∂z x
6. Determinar z = z(x, y), sabendo que = 2 e z(x, y) = sen y quando x = 1.
∂x x + y2
1 x2 + y2
Resposta: z = ln + sen y.
2 1 + y2
7. No Cálculo 1 aprendemos que se uma função f(x) tem derivada em x0 então f(x) é contı́nua
em x0 . No entanto uma função f(x, y) pode ter derivadas parciais em um ponto P0 = (x0 , y0 )
sem ser contı́nua em P0 . Considere a função


 xy
 se (x, y) 6= (0, 0)
f(x, y) = x + y2
2


 0 se (x, y) = (0, 0)

∂f ∂f
Mostre que existem as derivadas parciais (0, 0) e (0, 0), sendo ambas iguais a 0, mas f
∂x ∂y
∂f d 
não é contı́nua no ponto (0, 0). Sugestão. Use o fato de que (0, 0) = f(x, 0) x=0 e
∂x dx
∂f d 
(0, 0) = f(0, y) y=0 .

∂x dy
3

Derivadas parciais de ordem superior

Para a função z = f(x, y), definem-se (caso existam) as derivadas parciais de segunda
ordem (preste atenção às notações, isto é, ao modo de escrever):
∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂2 f
       
∂ ∂f ∂ ∂f ∂ ∂f ∂ ∂f
= , = , = e =
∂x2 ∂x ∂x ∂y2 ∂y ∂y ∂x∂y ∂x ∂y ∂y∂x ∂y ∂x

1. Uma função real f(x, y), definida em uma região D do plano, na qual tem as derivadas parciais
∂2 f ∂2 f
de segunda ordem e , é uma função harmônica se satisfaz a equação de Laplace,
∂x2 ∂y2
∂2 f ∂2 f
+ = 0. Determine quais das seguintes funções são harmônicas.
∂x2 ∂y2
(a) f(x, y) = ex cos y (b) f(x, y) = ln(x2 + y2 )
y
(c) f(x, y) = arctg (d) f(x, y) = sen xy
x
Respostas: Não é harmônica somente a função do item (d).
∂2 f ∂2 f
2. Em cada um dos itens abaixo, calcule e e verifique que são iguais.
∂x∂y ∂y∂x

2x
(a) f(x, y) = 5xy3 − 3x2 y1/3 . Resposta: 15y2 −
y2/3
(b) f(x, y) = xey cos x . Resposta: (cos x − x sen x − xy cos x sen x)ey cos x
p y
(c) f(x, y) = ln |x + x2 + y2 |. Resposta: − 2
(x + y2 )3/2

O problema 2 ilustra com exemplos o Teorema de Clairaut-Schwarz. Este teorema


enuncia que
se f(x, y) é definida numa região aberta D do plano R2 e nesta região tem derivadas
∂f ∂f ∂2 f
parciais de 1 a ordem e e também derivadas parciais mistas de 2 a ordem
∂x ∂y ∂x∂y
∂2 f ∂2 f ∂2 f
e , e estas derivadas parciais mistas são contı́nuas então = em cada
∂y∂z ∂x∂y ∂y∂z
ponto de D.
4

Para a função z = f(x, y), definem-se (caso existam) as derivadas parciais de ordem
superior (preste atenção às notações, isto é, ao modo de escrever)
∂3 f ∂ ∂2 f ∂3 f ∂ ∂2 f ∂3 f
 2 
∂3 f
   
∂ ∂f
3
= 2
, 3
= 2
, 2
= , =
∂x  ∂x ∂x ∂y ∂y ∂y ∂x ∂y ∂x ∂x∂y ∂y∂x2
∂ ∂2 f


∂y ∂x2
∂3 f
 2 
∂3 f
 2 
∂ ∂f ∂ ∂f
= , =
∂x∂y∂x ∂x ∂y∂x ∂y∂x∂y ∂y ∂x∂y
O teorema de Clairaut-Shwarz também enuncia que, caso sejam contı́nuas as deriva-
∂3 f ∂3 f ∂3 f ∂3 f ∂3 f
das parciais mistas , e , temos igualdades = =
∂x2 ∂y ∂y∂x2 ∂x∂y∂x ∂x2 ∂y ∂y∂x2
∂3 f
.
∂x∂y∂x

3. Calcule as derivadas parciais de ordem superior nos pontos indicados.


∂4 w x2 y
(a) (0, π/4, π/6), se w = x 4
+ + 2x3 y cos z. Resposta: 24.
∂x4 sec y
∂3 u
(b) 3
(0, π/2, 0), sendo u = sen(xy) + cos2 (xz) + sen3 (xyz). Resposta: −π3 /8.
∂x
∂f
Sugestão: Você pode usar o fato de que sendo f(x, y, z) uma função real, (x0 , y0 , z0 )
∂x
d ∂n f dn
= (f(x, y0 , z0 ))|x=x0 e, generalizando, (x 0 , y0 , z0 ) = (f(x, y0 , z0 ))|x=x0 .
dx ∂xn dxn
∂2 u x2 + y2
(c) (1, 3, 1), se u = . Resposta: −6
∂y∂x xz
Sugestão: Você pode usar o fato de que sendo u = f(x, y, z) uma função real, temos
∂2 u ∂2
(x0 , y0 , z0 ) = (f(x, y, z0 ))| x=x0 .
∂y∂x ∂y∂x y=y0

∂10 f
(d) (0, 1, 2), se f(u, v, w) = eu ln(1 + vw). Resposta: −1/9
∂v2 ∂u8


 x3 y − xy3
 se (x, y) 6= (0, 0)
4. Seja f(x, y) = x2 + y2


 0 se (x, y) = (0, 0)

∂f ∂f
(a) Verifique que (0, 0) = (0, 0) = 0.
∂x ∂y
∂f d  ∂f d 
Sugestão: (0, 0) = f(x, 0) x=0 , (0, 0) = f(0, y) y=0 .
∂x dx ∂y dy
∂f ∂f
(b) Mostre que (0, y) = −y, e que (x, 0) = x, para todo x e todo y.
∂x ∂y
Sugestão: Se y 6= 0, as derivadas parciais no ponto (0, y) podem ser calculadas a partir
da definição de f(x, y) para (x, y) 6= (0, 0). Para y = 0 use os resultados do item
anterior.
5

∂2 f ∂2 f
(c) Deduza então que (0, 0) = 1 6= (0, 0) = −1.
∂x∂y ∂y∂x
∂2 f ∂2 f
(d) Explique por que ao menos uma das derivadas parciais e não é contı́nua no
∂x∂y ∂y∂x
ponto (0, 0). Sugestão. Veja o Teorema de Clairaut-Schwarz no quadro à página 3.

5. Repita o procedimento, em três etapas, usado no problema anterior, para mostrar que, no
caso da função 

 x2 y
 se x + y 6= 0
f(x, y) = x+y


 0 se x + y = 0

∂2 f ∂2 f
também temos (0, 0) 6= (0, 0).
∂x∂y ∂y∂x

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