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O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor

H. Clark
Lição 12 – O Teorema do Valor Médio e o Teorema C. Vinagre

de Taylor

Introdução

Nesta Lição, estuda-se os principais teoremas do Cálculo Diferencial:


os Teoremas do Valor Médio e de Taylor, e algumas aplicações.

O Teorema do Extremo Interior

Ao longo desta Lição, denota-se por I um intervalo de R. Quando

O
necessário, I será declarado aberto, I = (a, b) ou fechado, I = [a, b].

ÇA˜
Definição 12.1 Diz-se que a função f : I → R tem um máximo local em
x0 ∈ I se existe uma vizinhança Vδ (x0 ) = (x0 − δ, x0 + δ) de x0 tal que

A
f (x) ≤ f (x0 ) para todo x ∈ Vδ (x0 ) ∩ I.
R
Neste caso, diz-se que x0 é um ponto de máximo local de f .
Analogamente, diz-se que f possui um mı́nimo local em x0 ∈ I quando
A

existe uma vizinhança Vδ (x0 ) de x0 tal que


EP

f (x) ≥ f (x0 ) para todo x ∈ Vδ (x0 ) ∩ I.

Neste caso, x0 é dito um ponto de mı́nimo local de f .


PR

Diz-se que a função f possui um extremo local em x0 ∈ I quando f


possui um máximo local ou um mı́nimo local em x0 .
Diz-se que o ponto x0 é um ponto interior de I quando x0 não é um
EM

extremo do intervalo I. Ou seja, quando existe uma vizinhança Vδ (x0 ) tal


que Vδ (x0 ) ⊂ I.

Teorema 12.1 (Teorema do Extremo Interior) Seja f : I → R dife-


renciável em x0 ∈ I.

(i) Se x0 não é o extremo à direita de I então f ′ (x0 ) > 0 implica que existe
δ > 0 tal que f (x) > f (x0 ) para x ∈ (x0 , x0 + δ). Por outro lado, f ′ (x0 ) < 0
implica que existe δ > 0 tal que f (x) < f (x0 ) para x ∈ (x0 , x0 + δ).

(ii) Se x0 não é o extremo à esquerda de I então f ′ (x0 ) < 0 implica que


existe δ > 0 tal que f (x) > f (x0 ) para x ∈ (x0 − δ, x0 ). Por outro lado,
f ′ (x0 ) > 0 implica que existe δ > 0 tal que f (x) < f (x0 ) para x ∈ (x0 −δ, x0 ).

(iii) Se x0 é um ponto interior de I e f tem um extremo local em x0 então


f ′ (x0 ) = 0.

1
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Elementos
de
Análise Prova: (i) Por hipótese f ′ (x0 ) > 0. Então lim f (x)−f (x0 )
x−x0 = f ′ (x0 ) > 0.
x→x0
Real Daı́, pela Proposição 7.7 existe um δ > 0 tal que se x ∈ I e 0 < |x − x0 | < δ
então
f (x) − f (x0 )
> 0. (⋆)
x − x0
Como x0 não é o extremo à direita de I então obtém-se δ > 0 suficientemente
pequeno tal que vale (⋆) e (x0 , x0 + δ) ⊂ I. Assim, se x0 < x < x0 + δ então

f (x) − f (x0 )
f (x) − f (x0 ) = (x − x0 ) > 0, (2⋆)
x − x0
ou seja, f (x) > f (x0 ) para x0 < x < x0 + δ.

O
No caso em que f ′ (x0 ) < 0 tem-se a desigualdade oposta, isto é, <

ÇA˜
em lugar de >, tanto em (⋆) como em (2⋆). Isso implica que f (x) < f (x0 )
para x0 < x < x0 + δ. 
A demontração de (ii) é inteiramente análoga a de (i) e ficará como exercı́cio.

A
(iii) Seja x0 um ponto interior de I tal que f é diferenciável em x0 e tem
um extremo local em x0 . Para fixar idéias, suponha que x0 é um ponto de
R
máximo local de f . Se f ′ (x0 ) > 0 então o item (i) leva a uma contradição
com o fato de x0 ser um máximo local. Por outro lado, se f ′ (x0 ) < 0 então
A

o item (ii) gera uma contradição com o fato de f ter um máximo local em
EP

x0 . Logo, deve-se ter f ′ (x0 ) = 0. O caso em que x0 é mı́nimo local segue de


maneira semelhante.
PR

Observação 12.1 O item (iii) do Teorema 12.1 é o que se refere direta-


mente ao ponto de extremo interior. Observe que uma função f : I → R
pode ter um extremo local num ponto x0 sem que exista f ′ (x0 ). Um exemplo
disso é o caso da função f (x) = |x| para x ∈ I = [−1, 1]. Observe também
EM

que se o extremo local x0 não for um ponto interior de I então pode existir
f ′ (x0 ) com f ′ (x0 ) ̸= 0. Um exemplo desta última afirmação é dado pela
função f (x) = x para x ∈ I = [0, 1] onde x0 = 0 é um ponto de mı́nimo e
x0 = 1 é um ponto de máximo.

Teorema 12.2 (Teorema de Darboux) Se f é diferenciável em I = [a, b]


com f ′ (a) ̸= f ′ (b) e se k é um número qualquer entre f ′ (a) e f ′ (b) então
existe pelo menos um ponto c ∈ (a, b) tal que f ′ (c) = k.

Prova: Seja f ′ (a) < k < f ′ (b) (a prova é similar para f ′ (b) < k < f ′ (a)).
Seja g : I → R tal que g(x) = kx − f (x). Note que g é contı́nua e, assim
g assume um valor máximo em I. Sendo g ′ (a) = k − f ′ (a) > 0 segue do
Teorema 12.1 (i) que o máximo de g não ocorre em x = a. Similarmente,
como g ′ (b) = k − f ′ (b) < 0 então do Teorema 12.1 (ii), o máximo de g não
ocorre em x = b. Portanto, g assume seu máximo em algum ponto interior

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c ∈ (a, b). Pelo Teorema 12.1 (iii) tem-se que 0 = g ′ (c) = k − f ′ (c). Logo,
f ′ (c) = k.

Exemplo 12.1 (a) A função h : I = [−1, 1] → R definida por




 para 0 < x ≤ 1,


1
h(x) = 0 para x = 0,



−1 para −1 ≤ x < 0,

é a restrição da função sinal a I, e h não satisfaz a propriedade do valor


intermediário. Por exemplo, 0 = h(0) < 1/2 < 1 = h(1), mas não existe

O
c ∈ (0, 1) tal que h(c) ̸= 1/2. Portanto, pelo Teorema de Darboux, não existe

ÇA˜
uma função f derivável em I tal que f ′ (x) = h(x) para todo x ∈ I.

(b) A função f : I = [−1, 1] → R definida por f (x) = x2 sen(1/x) é di-


ferenciável em I (1 ). A sua derivada f ′ (x) = 2xsen(1/x) − cos(1/x) está
definida em I. Note que f ′ é descontı́nua em x = 0 e satisfaz a propriedade
do Teorema de Darboux. Veja um esboço de f ′ abaixo. A
R
1.5
A
g(x)

1
EP

0.5
PR

−0.5
EM

−1
−1 −0.5 0 0.5 1

f ′ (x) = 2xsen(1/x) − cos(1/x).

O Teorema do Valor Médio - TMV

Antes, vê-se um caso particular que, na verdade, é equivalente ao


TVM.

Teorema 12.3 (Teorema de Rolle) Seja f : [a, b] → R contı́nua no in-


tervalo fechado [a, b], diferivável no intervalo aberto (a, b) e que f (a) =
f (b) = 0. Então existe pelo menos um ponto x0 ∈ (a, b) tal que f ′ (x0 ) = 0.
( )
1
Pela Regra da Cadeia: f ′ (x) = 2xsen(1/x) + x2 (−1/x2 ) cos(1/x) = 2xsen(1/x) −
cos(1/x)

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Elementos
de
Análise Prova: Se f for a função constante então f ′ (x0 ) = 0 em todo x0 ∈ (a, b) e,
Real assim o teorema estaria provado. Suponha que f não seja constante. Então
existe x1 ∈ (a, b) tal que f (x1 ) ̸= 0. Trocando f por −f se necessário,
pode-se supor sem perda de generalidade que f (x1 ) > 0. Pelo Teorema do
Máximo-Mı́nimo 10.2 existe x0 ∈ [a, b] tal que f (x0 ) = sup f (x) > 0. Daı́,
x∈[a,b]
como f (a) = f (b) = 0 então x0 deve pertencer ao intervalo aberto (a, b) e x0
é um ponto de máximo relativo de f . Por hipótese, f é derivável em (a, b), e
assim f ′ (x0 ) existe. Do Teorema 12.1 (iii) que f ′ (x0 ) = 0. A figura a seguir
ilustra este teorema.
f ′ (x0 ) = 0

O
ÇA˜
a A
x0 b
R
A

O Teorema de Rolle.
EP

Como uma consequência do Teorema de Rolle, obtém-se o fundamental


PR

Teorema do Valor Médio.

Teorema 12.4 (Teorema do Valor Médio) Suponha que f é contı́nua


no intervalo fechado [a, b] e que f é diferenciável no intervalo aberto (a, b).
EM

Então existe pelo menos um ponto x0 ∈ (a, b) tal que

f (b) − f (a) = f ′ (x0 )(b − a). (⋆)

Prova: Considera-se a função linear φ : [a, b] → R dada por

f (b) − f (a)
φ(x) = f (a) + (x − a).
b−a
Observe que
f (b) − f (a)
φ′ (x) = em (a, b) (2⋆)
b−a
e que φ é a função segmento de reta que liga os pontos (a, f (a)) e (b, f (b)),
conforme a figura abaixo. Se g(x) = f (x)−φ(x) então g é contı́nua em [a, b],
diferenciável em (a, b) e g(a) = g(b) = 0. Portanto, pelo Teorema de Rolle,
existe um ponto x0 ∈ (a, b) tal que g ′ (x0 ) = 0. Como g ′ (x0 ) = f ′ (x0 )−φ′ (x0 )
então f ′ (x0 ) = φ′ (x0 ). Daı́ e de (2⋆) tem-se (⋆).

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C. Vinagre

φ(x)

a x x̄ b

O Teorema do Valor Médio.

O
Algumas Aplicações do Teorema do Valor Médio

ÇA˜
Proposição 12.1 Seja f contı́nua no intervalo fechado I = [a, b], derivável
no intervalo aberto (a, b) e f ′ (x) = 0 para todo x ∈ (a, b). Então f é
constante em I.

A
Prova: É suficiente mostrar que f (x) = f (a) para todo x ∈ I! Assim, se
R
x ∈ I e x > a então aplicando o TVM a f sobre o intervalo fechado [a, x]
obtém-se um ponto x0 ∈ (a, x), o qual depende x e, tal que f (x) − f (a) =
A
f ′ (x0 )(x − a). Como f ′ (x0 ) = 0, por hipótese, então f (x) − f (a) = 0. Logo,
EP

por definição f é constante em I.

Corolário 12.1 Suponha que f e g são contı́nuas em I = [a, b], dife-


renciáveis em (a, b) e que f ′ (x) = g ′ (x) para todo x ∈ (a, b). Então existe
PR

uma constante C ∈ R tal que f (x) = g(x) + C para todo x ∈ I.

Prova: Basta considerar a função h = f − g e aplicar a Proposição 12.1.

Proposição 12.2 Seja f : I → R diferenciável no intervalo I. Então:


EM

(i) f é não-decrescente em I se, e somente se, f ′ (x) ≥ 0 para todo x ∈ I;

(ii) f é não-crescente em I se, e somente se, f ′ (x) ≤ 0 para todo x ∈ I.

Prova: (i) (⇒) Dado qualquer ponto x0 ∈ I então para todo x ∈ I com
x ̸= x0 tem-se quem (f (x) − f (x0 ))/(x − x0 ) ≥ 0, pois por hipótese f é
não-decrescente em I. Desta desigualdade e como f é diferenciável então
f (x) − f (x0 )
f ′ (x0 ) = lim ≥ 0.
x→x0 x − x0
Daı́, da Proposição 7.7 e sendo x0 ∈ I qualquer tem-se que f ′ (x) ≥ 0 para
todo x ∈ I. 
(⇐) A recı́proca. Por hipótese f ′ (x) ≥ 0 para todo x ∈ I. Se x1 , x2 ∈ I e
satisfazem x1 < x2 então aplicando o TVM a f no intervalo fechado [x1 , x2 ]
obtém-se um ponto x0 ∈ (x1 , x2 ) tal que

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Elementos
de
Análise f (x2 ) − f (x1 ) = f ′ (x0 )(x2 − x1 ).
Real Como f ′ (x0 ) ≥ 0 e x2 − x1 > 0 então f (x2 ) − f (x1 ) ≥ 0. Ou seja,
f (x1 ) ≤ f (x2 ), o que prova f ser não-decrescente. 

(ii) A prova da parte (ii) é semelhante e será deixada como exercı́cio.

Observação 12.2 Note que um argumento idêntico ao da prova da Pro-


posição 12.2 mostra que se f ′ (x) > 0 para todo x ∈ I então f é crescente
em I, isto é, x1 < x2 implica f (x1 ) < f (x2 ) para x1 , x2 ∈ I. No entanto, a
recı́proca dessa afirmação não é verdadeira, pois é possı́vel ter f crescente
num intervalo I com f ′ nula em alguns pontos de I. Por exemplo, a função

O
f : R → R definida por f (x) = x3 é crescente em R, mas f ′ (0) = 0. De

ÇA˜
modo análoga vale para funções decrescentes, por exemplo g(x) = −x3 .

Teorema 12.5 (Teste da Primeira Derivada) Seja f contı́nua no in-


tervalo I = [a, b] e seja c um ponto interior de I. Suponha que f é di-

A
ferenciável nos intervalos abertos (a, c), (c, b) e que existe uma vizinhança
Vδ (c) = (c − δ, c + δ) ⊂ I.
R
(i) Se f ′ (x) ≥ 0 para c − δ < x < c e f ′ (x) ≤ 0 para c < x < c + δ então
A
f tem um máximo local em c.
EP

(ii) Se f ′ (x) ≤ 0 para c − δ < x < c e f ′ (x) ≥ 0 para c < x < c + δ então
f tem um mı́nimo local em c.
PR

Prova: (i) Se x ∈ (c − δ, c) então segue do TVM que existe x0 ∈ (x, c),


dependendo da variação de x, tal que f (c) − f (x) = f ′ (x0 )(c − x). Como
f ′ (x0 ) ≥ 0 então f (x) ≤ f (c) para x ∈ (c − δ, c). Similarmente, segue do
TVM e da hipótese f ′ (x) ≤ 0 para x ∈ (c, c + δ) que f (x) ≤ f (c) para
EM

x ∈ (c, c + δ). Portanto, f (x) ≤ f (c) para todo x ∈ (c − δ, c + δ), de modo


que f tem um máximo local em c. 

(ii) A prova de (ii) é inteiramente análoga e ficará como exercı́cio.

Observação 12.3 A recı́proca do Teste da Primeira Derivada 12.9 não é


válida. De fato, a função f : R → R definida por f (x) = x2 (sen(1/x) + 2)
se x ̸= 0 e f (0) = 0 é diferenciável em todo R e satisfaz f (x) > 0 se
x ̸= 0, já que |sen(1/x)| ≤ 1. Em particular, 0 é um ponto de mı́nimo
local. A derivada de f é dada por f ′ (x) = 2x(sen(1/x) + 2) − cos(1/x) se
x ̸= 0 e f ′ (0) = 0. Assim, se xk = 1/(2kπ) para k ∈ N então xk → 0,
quando k → ∞, e f ′ (xk ) < 0 para todo k suficientemente grande, já
que cos(1/xk ) = 1 e lim (2xk (sen(1/xk ) + 2)) = 0. Por outro lado, se
zk = 2/((2k + 1)π) para k ∈ N então zk → 0 quando k → ∞, e f ′ (zk ) > 0
para todo k ∈ N, já que zk > 0, cos(1/zk ) = 0 e sen(1/zk ) = 1. Portanto,

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existem pontos arbitrariamente próximos de 0 para os quais f ′ é negativa e


pontos arbitrariamente próximos de 0 para os quais f ′ é positiva.

Proposição 12.3 Seja f : I → R diferenciável no intervalo I. Se existe


C > 0 tal que |f ′ (x)| ≤ C para todo x ∈ I então |f (x) − f (y)| ≤ C|x − y|
para todos x, y ∈ I.

Prova: Pela hipótese, dados x, y ∈ I então pelo TVM existe x0 ∈ (x, y) tal
que f (x) − f (y) = f ′ (x0 )(x − y). Como, também por hipótese, |f ′ (x0 )| ≤ C
então |f (x) − f (y)| ≤ |f ′ (x0 )||x − y| ≤ C|x − y|.
A Proposição 12.3 garante que se a derivada de uma função é limitada

O
no Dom f ′ então f é uma função do tipo Lipschitz no Dom f . Além disso,

ÇA˜
veja Proposição 10.3, f é uniformemente contı́nua em seu domı́nio.

Exemplo 12.2 (a) Recorde-se das disciplinas de Cálculo que as funções


trigonométricas sen x e cos x são deriváveis em todo reta real R, e que
A
(sen x)′ = cos x, (cos x)′ = −sen x e que sen2 x + cos2 x2 = 1. Daı́, segue
R
que |sen x| ≤ 1 e | cos x| ≤ 1. Do TVM conclui-se que existe ξ entre
x, y ∈ R tal que |sen x − sen y| = | cos ξ||x − y| ≤ |x − y| para todos x, y ∈ R.
A
Em particular, tomando x ≥ 0 e y = 0 obtém-se
EP

−x ≤ sen x ≤ x para todo x ≥ 0.

(b) A função exponencial f (x) = ex tem derivada f ′ (x) = ex para todo


x ∈ R. Portanto, f ′ (x) > 1 para x > 0 e 0 < f ′ (x) < 1 para x < 0. A
PR

partir destas relações, mostra-se que

ex ≥ 1 + x para x ∈ R, (⋆)
EM

com igualdade ocorrendo se, e somente se, x = 0. De fato,

(i) se x = 0 e como e0 = 1 então tem-se a igualdade.

(ii) Seja x > 0. Aplicando o TVM à função ex no intervalo [0, x], obtém-se

ex − 1 = eξ x > x para algum ξ ∈ (0, x).

Daı́, ex > 1 + x se x > 0. Se x < 0 aplicando novamente o TVM à função


ex no intervalo [x, 0] obtém-se ex > 1 + x, já que 0 < f ′ (x) = ex < 1 para
x < 0. Portanto, ex > 1 + x para todo x ̸= 0. Logo, de (a) e (b) tem-se que
(⋆) é verdade.

(c) (Desigualdade de Bernoulli) Para qualquer α ∈ R define-se a função


f (x) = xα para x > 0 por
xα = eα log x .

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Elementos
de
Análise Das disciplinas de Cálculo tem-se que (log x)′ = 1/x para x > 0. Daı́ e da
Real Regra da Cadeia, obtém-se

α
(xα )′ = (eα log x )′ = eα log x · = αeα log x e− log x = αe(α−1) log x = αxα−1 .
x

Usando estes fatos (os quais deverão ser provados numa segunda disciplina
de Análise) prova-se a desigualdade de Bernoulli: para todo α > 1 vale

(1 + x)α ≥ 1 + αx para todo x > −1, (⋆)

com igualdade valendo se, e somente se, x = 0. Para α = 1 vale a igualdade

O
para todo x ∈ R. A desigualdade (⋆) foi vista anteriormente para α ∈ N

ÇA˜
e a prova é feita via PIM. Pode-se estendê-la a todo α ∈ R com α > 1
usando o Teorema do Valor Médio. De fato, se g(x) = (1 + x)α então
g ′ (x) = α(1 + x)α−1 e aplicando o TVM a g no intervalo [0, x] com x > 0,
obtém-se g(x) − g(0) = g ′ (x0 )x para algum x0 ∈ (0, x). Ou seja,
A
(1 + x)α − 1 = α(1 + x0 )α−1 x.
R
Como x0 > 0 e α − 1 > 0 segue que (1 + x̄)α−1 > 1 e portanto (1 + x)α >
A

1 + αx.
EP

Quando −1 < x < 0 uma aplicação semelhante do TVM à função g


no intervalo [x, 0] produz novamente (1 + x)α > 1 + αx.
Como o caso x = 0 resulta em igualdade, concluı́-se que vale (⋆) com
PR

igualdade ocorrendo se, e somente se, x = 0.

A fórmula de Taylor
EM

Seja f : I → R uma função n−vezes derivável em x0 ∈ I. Retornando


à Definição 11.1 define-se

f ′ (x) − f ′ (x0 ) f ′′ (x) − f ′′ (x0 )


f ′′ (x0 ) = lim , f ′′′ (x0 ) = lim ,...
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0

Ou seja, a derivada segunda de f em x0 é a derivada primeira de f ′ em x0


e assim por diante. Desse modo define-se a derivada n-ésima da função f
em x0 ∈ I e donota-se por f (n) (x0 ), desde que se tenha definida em x0 ∈ I
a derivada (n − 1)-ésima de f , i.é., f (n−1) .
Quando f é n vezes derivável em Vδ (x0 ) ⊂ I diz-se que f é n vezes
derivável em x0 ∈ I. Quando f é n vezes derivável em qualquer x ∈ I diz-se
que f é n vezes derivável em I. Neste caso, f (k) (x) para k = 1, 2, . . . , n são
funções.

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Seja f : I = [a, b] → R uma função com derivadas f ′ , f ′′ , . . . , f (n)


contı́nuas em I. Se x0 ∈ I então o polinômio, p, de grau n definido por

f ′′ (x0 )
p(x) = f (x0 ) + f ′ (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2
2! (12.1)
f (n) (x0 )
+ ··· + (x − x0 )n
n!
é chamado de polinômio de Taylor de grau n para f em x0 . Note que

p(x0 ) = f (x0 ), p′ (x0 ) = f ′ (x0 ), . . . , p(n) (x0 ) = f (n) (x0 ).

A Definição 11.1 da derivada f ′ de f em x0 ∈ I é dada por

O
f (x) − f (x0 )

ÇA˜
f ′ (x0 ) = lim
x→x0 x − x0

o que significa dizer que f ′ (x0 ) está muito próximo da função quociente
(f (x) − f (x0 ))/(x − x0 ) quando x está muito próximo de x0 . Por isto, as
vezes escreve-se
f (x) − f (x0 )
A
R
f ′ (x0 ) ≈ .
x − x0
A

Por esta razão f ′ (x0 ) é caracterizada na Proposição 11.2 a menos de uma


EP

função erro ou resto de aproximação, rx0 (x) = r(x), definida por

f (x) = f (x0 ) + f ′ (x0 ) · (x − x0 ) + r(x) com (12.2)


PR

r(x)
lim = 0. (12.3)
x→x0 x − x0
Portanto, de (12.2) tem-se a igualdade

f (x) − f (x0 )
EM

r(x)
f ′ (x0 ) = −
x − x0 x − x0

desde que r satisfaça (12.3).


Talvez, esta tenha sido a motivação para Taylor generalizar o TVM
para o caso em que existam derivadas de ordens maiores que 1.

Teorema 12.6 (Teorema de Taylor) Sejam n ∈ N e f : I = [a, b] → R


tal que f, f ′ , . . . , f (n) são contı́nuas em I, e que f (n+1) exista em (a, b). Se
x0 ∈ I é um ponto qualquer fixo então para todo x ∈ I com x ̸= x0 existe ξ
entre x e x0 tal que

f (n+1) (ξ)
f (x) = p(x) + r(x), r(x) = (x − x0 )n+1 e (12.4)
(n + 1)!
r(x)
lim = 0. (12.5)
x→x0 (x − x0 )n+1

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O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
Elementos
de
Análise Note que se n = 1 então de (12.1), (12.4) e (12.5) obtém, em particular,
Real o TVM, f (x) = f (x0 ) + f ′ (ξ)(x − x0 ) para ξ entre x e x0 .
Prova: Seja x ∈ I tal que

f (x) = p(x) + M (x − x0 )n+1 , (a)

onde M ∈ R. Deve-se que mostrar que M = f (n+1) (ξ)/(n + 1)! para algum
ξ entre x0 e x. Considera-se a função

g(t) = f (t) − p(t) − M (t − x0 )n+1 a ≤ t ≤ b. (b)

O
Daı́ e de (12.1), tem-se

ÇA˜
g (n+1) (t) = f (n+1) (t) − (n + 1)!M a < t < b. (c)

Portanto, a prova estará completa se for mostrado que g (n+1) (ξ) = 0 para
algum ξ entre x0 e x. Como p(k) (x0 ) = f (k) (x0 ), para k = 0, . . . , n, então

A
g(x0 ) = g ′ (x0 ) = · · · = g (n) (x0 ) = 0. (d)
R
Tomando t = x em (b) e em seguida usando (a) tem-se g(x) = 0, e de
A
(d) g(x0 ) = 0. Portanto, pelo Teorema de Rolle existe pelo menos um ξ1
entre x0 e x tal que g ′ (ξ1 ) = 0. Como g ′ (x0 ) = 0 = g ′ (ξ1 ) então pelo
EP

Teorema de Rolle existe pelo menos um ξ2 entre x0 e ξ1 tal que g ′′ (ξ2 ) = 0.


Após n iterações deste procedimento, resulta que g (n) (ξn ) = 0 para algum
PR

ξn entre x0 e ξn−1 . Finalmente, sendo g (n) (ξn ) = 0 = g (n) (x0 ) resulta pelo
Teorema de Rolle que existe pelo menos um ξ = ξn+1 entre x0 e ξn tal que
g (n+1) (ξ) = 0. Portanto, de (c) tem-se que M = f (n+1) (ξ)/(n + 1). Daı́ e de
(a) tem-se (12.4)1 , isto é, f (x) = p(x) + r(x). 
EM

Mostra-se agora o limite em (12.5). Observe da definição de r(x) que

r(x0 ) = r′ (x0 ) = · · · = r(n+1) (x0 ) = 0. (e)

Usando (e) mostra-se (12.5) por meio do PIM. De fato, note que P [n] é o
limite em (12.4)2 . Então:

• Para n = 1 tem-se por (e) que

r(x) (d) r(x) − r(x0 ) (d) ′


lim = lim = r (x0 ) = 0. (f)
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0

• Seja (12.5) válido para um determinado k. Assim, de (e) e se φ(x) = r′ (x)


então φ(x0 ) = φ′ (x0 ) = · · · = φ(k) (x0 ) = 0. Portanto,

r′ (x) φ(x)
lim = lim = 0. (g)
x→x0 (x − x0 )k x→x0 (x − x0 )k

10
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
H. Clark
C. Vinagre

Seja x ∈ I. Pelo TMV existe ξ (o qual depende de x) entre x0 e x tal que


r(x) − r(x0 ) = r′ (ξ)(x − x0 ). Daı́ e de (e) resulta que r(x) = r′ (ξ)(x − x0 ).
Portanto,

r(x) r′ (ξ)(x − x0 ) r′ (ξ)


lim = lim = lim
x→x0 (x − x0 )k+1 x→x0 (x − x0 )k+1 x→x0 (x − x0 )k
[ ]
r′ (ξ) (ξ − x0 )k
= lim .
x→x0 (ξ − x0 )k (x − x0 )k

(ξ−x0 )k
Estanto ξ entre x0 e x tem-se que |ξ − x0 | ≤ |x − x0 |. Assim, (x−x0 )k
≤ 1.
Além disso, por (g) tem-se que

O
r′ (ξ)
lim = 0.

ÇA˜
x→x0 (ξ − x0 )k

Logo, pelo PIM (12.5) vale para todo n ∈ N.

Exemplo 12.3 (a) (Regra de L’Hôpital para derivadas de ordem n + 1)


A
Sejam I = [a, b] e f, g : I → R, n + 1 vezes diferenciáveis no ponto x0 ∈ I
R
com derivadas até ordem n nulas em x0 . Se g (n+1) (x0 ) ̸= 0 então
A
f (x) f (n+1) (x0 )
lim = (n+1) . (12.6)
x→x0 g(x) g (x0 )
EP

De fato, pelo Teorema de Taylor e de 12.1, tem-se


( f (n+1) (x ) rf (x) )
0
f (x) = (x − x0 )n+1
PR

+ ,
(n + 1)! (x − x0 )n+1
( g (n+1) (x ) rg (x) )
0
g(x) = (x − x0 )n+1 +
(n + 1)! (x − x0 )n+1
EM

com
rf (x) rg (x)
lim = lim = 0.
x→x0 (x − x0 )n+1 x→x0 (x − x0 )n+1

Portanto,

f (n+1) (x0 ) rf (x)


+
f (x) (n + 1)! (x − x0 )n+1 f (n+1) (x0 )
lim = lim (n+1) = (n+1) .
x→x0 g(x) x→x0 g (x0 ) rg (x) g (x0 )
+
(n + 1)! (x − x0 )n+1

(b) Mostrar que o número e ≈ 2, 71828 com erro menor que 10−5 . Con-
siderando a função f (x) = ex e tomando x0 = 0 e x = 1 na fórmula de
Taylor 12.4. Precisa-se determinar n tal que |r(1)| < 10−5 onde por (12.4)
tem-se
f (n+1) (x0 )
r(x) = f (x) − p(x) = (x − x0 )n+1 ,
(n + 1)!

11
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
Elementos
de
Análise Para isso usa-se o fato de que f ′ (x) = ex e a limitação inicial ex ≤ 3 para
Real 0 ≤ x ≤ 1. Como f (k) (x) = ex para todo k ∈ N. Em particular, f (k) (0) = 1
para todo k ∈ N. Daı́ o n-ésimo polinômio de Taylor é dado por

x2 xn
p(x) = 1 + x + + ··· +
2! n!
e o resto para x = 1 é r(1) = eξ /(n + 1)! para algum ξ tal que 0 < ξ < 1.
Como eξ < 3, deve-se buscar um valor de n tal que 3/(n + 1)! < 10−5 . Um
cálculo revela que 9! = 362880 > 3 × 105 de modo que o valor n = 8 proverá
o resultado desejado. Mais ainda, como 8! = 40320 nenhum valor menor de
n será satisfatório. Assim, para n = 8 obtém-se

O
1 1

ÇA˜
e ≈ p(1) = 1 + 1 + + · · · + = 2, 71828
2! 8!
com erro menor do que 10−5 .
O Teorema de Taylor pode ser usado para se obter desigualdades como
mostra o exemplo a seguir. A
R
(c) Mostrar para todo x ∈ R que
A
1 1 1
1 − x2 ≤ cos x ≤ 1 − x2 + |x|3 . (⋆)
2 2 6
EP

Em particular, tem-se
1 − cos x 1
lim 2
= . (2⋆)
x→0 x 2
PR

Aplica-se o Teorema de Taylor à função f (x) = cos x em x0 = 0 e


n = 2 para obter
1
cos x = 1 − x2 + r(x),
2
EM

com
f ′′′ (x0 ) 3 sen x0 3
r(x) = x = x ,
3! 6
para algum x0 entre 0 e x. A desigualdade cos x ≤ 1 − 12 x2 + 61 |x|3 segue da
fórmula para r(x) com n = 2 e do fato que |sen y| ≤ 1 para todo y ∈ R.
Quanto à desigualdade 1− 12 x2 ≤ cos x argumenta-se do seguinte modo.
Se 0 ≤ x ≤ π então 0 ≤ x0 ≤ π. Sendo x0 e x3 positivos, tem-se r(x) ≥ 0.
Também, se −π ≤ x ≤ 0 então −π ≤ x0 ≤ 0. Como sen x0 e x3 são ambos
negativos, de novo tem-se r(x) ≥ 0. Portanto, tem-se 1 − 12 x2 ≤ cos x para
|x| ≤ π. Se |x| ≥ π então 1 − 21 x2 < −3 ≤ cos x e a desigualdade vale.
De (⋆) obtém-se

1 cos x − 1 1 1
− x2 ≤ 2
≤ − + |x|.
2 x 2 6
Tomando o limite x → 0 e usando a Proposição 7.5 tem-se (2⋆).

12
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
H. Clark
C. Vinagre

Extremos Locais

O Teste da Primeira Derivada 12.9 ajuda a determinar se um ponto


onde a derivada de f se anula é um máximo local ou um mı́nimo local, ou
simplesmente não é um extremo local. Se existem derivadas de ordens mais
altas, essas também podem ser usadas para essa determinação.

Teorema 12.7 Seja I um intervalo, x0 um ponto interior de I e seja n ≥ 2.


Suponha que as derivadas f ′ , f ′′ , . . . , f (n) existam e sejam contı́nuas numa
vizinhança de x0 e f ′ (x0 ) = · · · = f (n−1) (x0 ) = 0, mas f (n) (x0 ) ̸= 0.

O
(i) Se n é par e f (n) (x0 ) > 0 então f tem um mı́nimo local em x0 .

ÇA˜
(ii) Se n é par e f (n) (x0 ) < 0 então f tem um máximo local em x0 .

(iii) Se n é ı́mpar então f não tem um extremo local em x0 .

Prova: Pelo Teorema de Taylor (2 ) tem-se para x ∈ I e A


R
f (n) (x0 )
f (x) = p(x) + r(x) = f (x0 ) + (x − x0 )n , (a)
A
n!
onde x0 é um ponto entre x0 e x. Seja Vδ (x0 ) = (x0 − δ, x0 + δ) ⊂ I. Então
EP

(i) Se n é par e f (n) (x0 ) > 0 então para x ∈ Vδ (x0 ) tem-se que
(x − x0 )n ≥ 0, e de (a) resulta que f (x) ≥ f (x0 ) para todo x ∈ Vδ (x0 ).
PR

Logo, f tem um mı́nimo local em x0 .


(ii) Se n é par, f (n) (x0 ) < 0 e (x − x0 )n ≥ 0 para x ∈ Vδ (x0 ), então de
(a) resulta que f (x) ≤ f (x0 ) para todo x ∈ Vδ (x0 ). Logo, f tem um máximo
local em x0 .
EM

(iii) Se n é ı́mpar então (x − x0 )n é positivo se x > x0 e negativo se


(n)
x < x0 . Consequentemente, se x ∈ Vδ (x0 ) então f n!(x0 ) (x − x0 )n terá sinais
opostos à esquerda e à direita de x0 . Logo, f não pode ter extremo local
em x0 .

Exercı́cios Propostos - EP

Antes de tentar resolver os exercı́cios propostos, é imprescindı́vel para


a aprendizagem, estudar e fazer cuidadosamente sem consultar os exem-
plos e as proposições anteriores!
2
Usando a representação

f ′′ (x0 ) f (n) (x0 )


f (x) = f (x0 ) + f ′ (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2 + · · · + (x − x0 )n
2! n!

13
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
Elementos
de
Análise EP 12.1 Mostre que a função ln x não tem máximo local no intervalo (1, 2).
Real
EP 12.2 Sejam a1 , a2 , . . . , an números reais e seja f definida em R por


n
f (x) = (x − ai )2 para n ∈ N.
i=1

Mostre que f tem um ponto de mı́nimo local.

EP 12.3 Seja f : [a, b] → R uma função tal que f, f ′ , . . . , f (n−1) sejam


contı́nuas em ]a, b[ e com f (n) limitada em ]a, b[. Mostre que existe uma
constante real K ≥ 0 tal que

O
ÇA˜
|f (x) − p(x)| ≤ K |x − x0 |n com x0 ∈ [a, b]. (12.7)

EP 12.4 Sejam f : R → R uma função de classe C n (R) ( 3 ) e x0 ∈ R.


Mostre que existe constante real, K > 0, tal que

|f (x) − p(x)| ≤ K,
A
R
para alguma vizinhança de x0 ∈ R.
A
EP

EP 12.5 Seja f (x) = ex com |x| ≤ 1. Mostre que o resto, r(x), da expansão
de Taylor de f em x0 = 0 tende a zero quando n → ∞.

EP 12.6 Considere a função f (x) = log x para x ∈ R e x > 0. Determine o


PR

polinômio de Taylor de ordem 3 de f em x0 = 1.

EP 12.7 Considere a função f (x) = log(1 + x) para x ∈ R e x ≥ 0. Escreva


a fórmula de Taylor de f até a ordem n = 2 em x0 = 0. Deduza que
EM

log(1 + x) − x possui a ordem de x2 , isto é, conclua que

x2
| log(1 + x) − x| < .
2
para todo x > 0.

EP 12.8 Use a fórmula de Taylor na vizinhança de x0 = 0 para mostrar


que
x2
cos x ≥ 1 − para todo x ∈ R.
2
Sugestão: Escreva a fórmula de Taylor para a função cosseno até a ordem
n = 3; bastará então mostrar que R3 (x) ≥ 0 para todo x ∈ R. Para isto,
considere os casos: 0 ≤ x < π, −π < x ≤ 0 e |x| ≥ π.
3
f é de classe C n (R) quando f, f ′ , . . . , f (n) são contı́nuas em R.

14
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
H. Clark
C. Vinagre

EP 12.9 Sejam f, g : (a, b) → R funções duas vezes deriváveis em β ∈


(a, b) e suponha que f (β) = g(β), f ′ (β) = g ′ (β) e f (x) ≥ g(x) em (a, b).
Mostre que f ′′ (β) ≥ g ′′ (β).

EP 12.10 Use o TVM para provar que (x − 1)/x < ln x < x − 1 para x > 1.

O
ÇA˜
A
R
A
EP
PR
EM

15
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
Elementos
de
Análise Resolução dos Exercı́cios Propostos - REP
Real
Agora que você já fez ou pelo menos tentou fazer os exercı́cios propos-
tos, eis suas resoluções e, também, serão feitas algumas obsevações visando
consolidar sua aprendizagem.

REP 12.1 Suponha que existe x0 ∈ (1, 2) no qual a função ln atinge o


máximo localmente. Assim, por definição de máximo local de uma função,
existe δ > 0 tal que ln x ≤ ln x0 para todo x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) ∩ (1, 2).
Em particular,

O
ln x ≤ ln x0 para todo x ∈ (x0 , x0 + δ) ∩ (1, 2). (∗)

ÇA˜
Como a função ln é derivável em todos os pontos de (1, 2) então

ln x − ln x0 1
lim = .
x→x0 x − x0 x0

A
Como 1/x0 é positivo então, pela Proposição 7.7, existe δ ′ > 0, com δ ′ < δ
R
tal que

ln x − ln x0
A
> 0 para todo x ∈ (x0 , x0 + δ ′ ) ∩ (1, 2).
x − x0
EP

Portanto,

ln x − ln x0
ln x − ln x0 = (x − x0 ) > 0 para todo x ∈ (x0 , x0 + δ ′ ) ∩ (1, 2).
x − x0
PR

Assim, ln x−ln x0 > 0 para todo x ∈ (x0 , x0 +δ ′ )∩(1, 2) ⊂ (x0 , x0 +δ)∩(1, 2).
Isto contradiz (∗). Logo, a função ln não tem máximo local em (1, 2).
EM

REP 12.2 Derivando f obtém-se


n
f ′ (x) = 2 (x − ai ) = 2[nx − a] com a = a1 + · · · + an .
i=1

Daı́, o ponto
1∑
n
1
x0 = ai = a,
n n
i=1

é ponto crı́tico de f . Mostra-se agora, por meio do Teste da Derivada Pri-


meira, que x0 é mı́nimo local de f . De fato, seja δ > 0 um número real
qualquer arbitrariamente pequeno. Então n ∈ (n − δ, n + δ). Assim, há duas
situações a considerar:

1
(i) n < n + δ, o que resulta 1/(n + δ) < 1/n. Assim, x1 := a<
n+δ
1
a = x0 . Portanto, como δ > 0 é pequeno, então x1 pertence a
n

16
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
H. Clark
C. Vinagre

vizinhança (x0 − ρ, x0 ) de x0 com ρ > 0 adequado. Além disso, como


n/(n + δ) < 1, tem-se
[ 1 ]
f ′ (x1 ) = 2[nx1 − a] = 2 n a − a < 2[a − a] = 0.
n+δ
Portanto, para todo x ∈ (x0 − ρ, x0 ) resulta que f ′ (x) < 0. Note
que esta conclusão decorre do fato de δ ser um número real positivo
qualquer arbitrariamente pequeno.
1
(ii) n − δ < n, o que resulta 1/n < 1/(n − δ). Assim, x2 = a >
n−δ
1
a = x0 . Portanto, como δ > 0 é pequeno então x2 ∈ (x0 , x0 + ρ) com

O
n
ρ > 0. Além disso, como n/(n − δ) > 1 então

ÇA˜
[ 1 ]
f ′ (x2 ) = 2[nx2 − a] = 2 n a − a > 2[a − a] = 0.
n−δ
Portanto, para todo x ∈ (x0 , x0 + ρ) resulta que f ′ (x) > 0.

A
Dos itens (i) e (ii) conclui-se que x0 é ponto de mı́nimo local de f .
R
Observação - Use o Teorema 12.7 e conclua o mesmo resultado de modo
mais simples, pois f ′′ (x) = 2n para todo x ∈ R.
A
EP

REP 12.3 A existência da constante K satisfazendo (a) é uma consequência


do Teorema de Taylor. De fato, para todo x ∈ [a, b] existe ξ entre x0 e x tal
que
f (n) (ξ)
PR

f (x) = p(x) + (x − x0 )n . (b)


n!
Como, por hipótese, existe constante real M ≥ 0 tal que f (n) (x) ≤ M para
todo x ∈ (a, b) então, em particular, f (n) (ξ) ≤ M . Daı́ e de (b) resulta
EM

f (n) (ξ) M
|f (x) − p(x)| = |x − x0 |n ≤ |x − x0 |n .
n! n!
Logo, K = M/n!.

REP 12.4 Como f (n) é contı́nua em todo R então f (n) é contı́nua em x0 .


Portanto, dado ϵ > 0 existe δ = δ(ϵ, x0 ) > 0 tal que f (n) (x) − f (n) (x0 ) < ϵ
para todo x ∈ R ∩ Vδ (x0 ), onde
Vδ (x0 ) = {x ∈ R; |x − x0 | < δ} = (x0 − δ, x0 + δ). Daı́, resulta

f (n) (x) < ϵ + f (n) (x0 ) para todo x ∈ Vδ (x0 ). (i)

Como f ∈ C n (R), aplicando o Teorema de Taylor na vizinhança Vδ (x0 )


tem-se para todo x ∈ Vδ (x0 ), x ̸= x0 , que existe ξ entre x0 e x tal que

f (n) (ξ)
|f (x) − p(x)| = |x − x0 |n . (ii)
n!

17
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
Elementos
de
Análise Como ξ ∈ Vδ (x0 ) então por (i) tem-se, em particular, que
Real
f (n) (ξ) < ϵ + f (n) (x0 ) . (iii)

Substituindo (iii) em (ii) tem-se para todo x ∈ Vδ (x0 ), que

ϵ + f (n) (x0 ) n
|f (x) − p(x)| ≤ δ = K.
n!

REP 12.5 Sendo f (x) = ex tem-se f ′ (x) = · · · = f (n−1) (x) = ex . Assim,


r(x) da expansão de Taylor de f em x0 = 0 é dado por

O
r(x) = xn+1 com ξ ∈]0, x[.
(n + 1)!

ÇA˜
Sendo |x| ≤ 1 tem-se que |ξ| < 1 e |x|n+1 ≤ 1. Portanto,

e|ξ| e
0 ≤ |r(x)| = |x|n+1 ≤ .
(n + 1)! (n + 1)!

Daı́, como lim e


A
= 0, tem-se lim r(x) = 0 para |x| ≤ 1.
R
n→∞ (n+1)! n→∞

REP 12.6 O polinômio de Taylor de ordem 3 em x0 = 1 de uma função f


A

é dada por
EP

1 ′′ 1
p(x) = f (1) + f ′ (1)(x − 1) + f (1)(x − 1)2 + f ′′′ (1)(x − 1)3 .
2 3!
Em particular, se f (x) = log x então
PR

1 1 2
f ′ (x) = , f ′′ (x) = − 2 e f ′′′ (x) = .
x x x3
Daı́, f (1) = log 1 = 0, f ′ (1) = 1, f ′′ (x) = −1 e f ′′′ (1) = 2. Logo,
EM

1 2
p(x) = 1(x − 1) − (x − 1)2 + (x − 1)3 . para todo
2 3!
REP 12.7 Pela fórmula de Taylor de ordem 2 tem-se para todo x > 0 que
1 ′′
f (x) = f (0) + f ′ (0)x + f (ξ)x2 onde 0 < ξ < x. (a)
2
Como
1 1 1
f ′ (x) = e f ′′ (x) = − então f ′′ (ξ) = − .
1+x (1 + x)2 (1 + ξ)2

Logo f ′ (0) = 1 e |f ′′ (ξ)| ≤ 1. Além disso, pela definição de f tem-se que


f (0) = 0. Portanto de (a) obtém-se

x2 x2
|f (x) − x| ≤ para todo x > 0 . Logo, | log(1 + x) − x| < .
2 2

18
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
H. Clark
C. Vinagre

REP 12.8 Usando a expansão de Taylor da função f (x) = cos x na vizi-


nhança de x0 = 0, tem-se
cos 0 1
cos x = cos 0 − sen 0(x − 0) − (x − 0)2 + R3 (x) = 1 − x2 + R3 (x),
2 2
onde ′′′
f (α) 3 sen α 3
R3 (x) = x = x para α entre 0 e x.
3! 6
Deve-se mostrar que R3 (x) ≥ 0 para todo x ∈ R. De fato, se 0 ≤ x < π
então 0 ≤ α < π e sen α ≥ 0. Assim, sen α e x3 têm o mesmo sinal.
Portanto, R3 (x) ≥ 0. Agora, se −π < x ≤ 0 então −π < α ≤ 0 e sen α ≤ 0.
Portanto, sen α e x3 são ambos negativos. Portanto, R3 (x) ≥ 0. Ou seja,

O
x2

ÇA˜
cos x ≥ 1 − para todo |x| ≤ π.
2
Por outro lado,

x2
cos x > −3 > 1 −
2 A
para todo |x| ≥ π.
R
Logo,
x2
cos x ≥ 1 − para todo x ∈ R.
A
2
EP

REP 12.9 Como f e g são duas vezes deriváveis em β tem-se, pela Fórmula
de Taylor, as seguntes identidades:

f ′′ (β)
f (x) = f (β) + f ′ (β)(x − β) + (x − β)2 + rf (x), (12.8)
PR

2
g ′′ (β)
g(x) = g(β) + g ′ (β)(x − β) + (x − β)2 + rg (x), (12.9)
2
onde as funções resto rf (x) e rg (x) satisfazem
EM

rf (x) rg (x)
lim = lim = 0. (12.10)
x→β (x − β) 2 x→β (x − β)2

Subtraindo (12.9) de (12.8) tem-se

f (x) − g(x) = [f (β) − g(β)] + [f ′ (β) − g ′ (β)](x − β) +


[f ′′ (β) − g ′′ (β)]
(x − β)2 + rf (x) − rg (x).
2
Daı́, e sendo por hipótese f (β) − g(β) = 0 e f ′ (β) − g ′ (β) = 0, resulta

[f ′′ (β) − g ′′ (β)]
f (x) − g(x) = (x − β)2 + rf (x) − rg (x).
2
Dividindo esta igualdade por (x − β)2 obtém-se

f (x) − g(x) f ′′ (β) − g ′′ (β) rf (x) rg (x)


= + − . (12.11)
(x − β)2 2 (x − β)2 (x − β)2

19
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
Elementos
de
Análise Por hipótese, f (x) − g(x) ≥ 0 em (a, b). Assim, o primeiro membro da
Real igualdade (12.11) é maior ou igual a zero. Tomando o limite x → β em
(12.11) e observando que o primeiro termo do lado direito não depende de
x resulta
f (x) − g(x) f ′′ (β) − g ′′ (β) rf (x) rg (x)
0 ≤ lim = + lim − lim .
x→β (x − β) 2 2 x→β (x − β) 2 x→β (x − β)2

Usando (3) na identidade acima tem-se

f (x) − g(x) f ′′ (β) − g ′′ (β)


0 ≤ lim = .
x→β (x − β) 2 2

O
Portanto,

ÇA˜
f ′′ (β) − g ′′ (β)
0≤ ⇔ f ′′ (β) ≥ g ′′ (β).
2
REP 12.10 A função ln x é derivável em (0, ∞). Em particular ln x é
derivável em (1, ∞) e como a derivada de ln x é 1/x para todo x > 0 então
pelo TVM existe ξ ∈ (1, x) tal que A
R
1 ln x − ln 1 ln x
= (ln ξ)′ = = para x > 1.
ξ x−1 x−1
A

Daı́, tem-se
EP

x−1
= ln x para x > 1. (a)
ξ
De (a) e como 1/x < 1/ξ, pois 1 < ξ < x, então
PR

x−1 x−1
< = ln x para x > 1. (b)
x ξ

De (a) e como 1/ξ < 1, pois ξ > 1, então


EM

x−1 1
ln x = = (x − 1) < x − 1 para x > 1. (c)
ξ ξ

De (b) e (c) tem-se o resultado desejado.

20
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
H. Clark
C. Vinagre

Complementos - C

O objetivo dos “Complementos” é trazer mais informações sobre o


assunto abordado nesta Lição. É uma boa tarefa buscar outros fontes na
“Biblioteca” quando não conseguir resolvê-los com os recursos já adquiridos.
Alguns são totalmente semelhantes aos até aqui estudados, outros serão
resolvidos.

Funções Convexas

O
A noção de convexidade desempenha um papel fundamental na Ma-
temática assim como em outras ciências. Em particular, em problemas de

ÇA˜
otimização que surgem em áreas diversas como nas várias modalidades de
engenharia, economia, etc.

Definição 12.2 Seja I ⊂ R um intervalo. Diz-se que uma função f : I → R


A
é convexa em I se para quaisquer pontos z, w ∈ I e todo θ satisfazendo
R
0 ≤ θ ≤ 1, tem-se
A
f ((1 − θ)z + θw) ≤ (1 − θ)f (z) + θf (w). (12.12)
EP

Observe que se z < w então quando θ varia de 0 a 1, o ponto (1 −


θ)z + θw percorre o intervalo de z a w. Assim, se f é convexa em I e se
z, w ∈ I então o segmento de reta unindo os pontos (z, f (z)) e (w, f (w)),
PR

pertencentes ao gráfico de f , se situa acima do gráfico de f .


EM

y = (1 − θ)f (z) + θf (w)

y = f ((1 − θ)z + θw)

z (1 − θ)z + θw w

Figura 12.1: Uma função convexa.

(
Sejam A = (z, f (z)), B = (w, f (w)), C = (1 − θ)z + θw, f ((1 − θ)z +
)
θw) , AB o segmento de reta ligando A a B, AC e CB os segmentos de reta

21
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
Elementos
de
Análise ligando A a C e C a B, respectivamente, e mAB , mAC e mCB as inclinações
Real das retas contendo AB, AC e CB, respectivamente. Observe que
f (w) − f (z) f ((1 − θ)z + θw) − f (z)
mAB = , mAC = ,
w−z θ(w − z)
f ((1 − θ)z + θw) − f (w)
mCB = .
(1 − θ)(z − w)

Assim, somando −f (z) a cada membro de (12.12) e em seguida dividindo


ambos os membros por θ(w − z) obtém-se

mAC ≤ mAB .

O
De modo semelhante, obtém-se mAB ≤ mCB , donde resultam as desigual-

ÇA˜
dades
mAC ≤ mAB ≤ mCB . (12.13)

Teorema 12.8 Se f : I → R é convexa no intervalo I então existem as

A
derivadas laterais f ′ + (x0 ) e f ′ − (x0 ) para todo x0 ∈ I. Em particular, f é
contı́nua em todo ponto interior de I.
R
Prova: Sejam x1 , x2 ∈ I satisfazendo: (i) x1 < x2 < x0 ou (ii) x0 < x2 < x1 .
A

Observa-se que a reta contendo o segmento ligando os pontos (x1 , f (x1 )) e


EP

(x0 , f (x0 )) pode ser descrita pela equação

f (x1 ) − f (x0 )
y = f (x0 ) + (x − x0 ). (12.14)
x1 − x0
PR

Em ambos os casos (i) x1 < x2 < x0 e (ii) x0 < x2 < x1 , o ponto x2 satisfaz
x2 = (1 − θ)x0 + θx1 para algum θ com 0 ≤ θ ≤ 1. Logo, o ponto (x2 , f (x2 )),
pertencente ao gráfico de f , fica acima do ponto (x2 , y2 ) pertencente à reta
EM

ligando (x0 , f (x0 )) a (x1 , f (x1 )). Usando (12.14) tem-se

f (x1 ) − f (x0 )
f (x2 ) ≤ f (x0 ) + (x2 − x0 ). (12.15)
x1 − x0
Portanto, no caso (i), por (12.15) tem-se

f (x2 ) − f (x0 ) f (x1 ) − f (x0 )


≥ , (12.16)
x2 − x0 x1 − x0
ao passo que no caso (ii) tem-se

f (x2 ) − f (x0 ) f (x1 ) − f (x0 )


≤ .
x2 − x0 x1 − x0
Então a função g(x) = (f (x) − f (x0 ))/(x − x0 ) para x ∈ I com x ̸= x0 é
crescente em ambos os intervalos I− = (−∞, x0 ) ∩ I e I+ = (x0 , ∞) ∩ I.
Além disso, usando (12.13) deduz-se que g é limitada superiormente em I−
e inferiormente em I+ (por quê?). Concluı́-se então que existem os limites

22
O Teorema do Valor Médio e o Teorema de Taylor
H. Clark
C. Vinagre

laterais lim g(x) e lim g(x) que, por definição, são as derivadas laterais
x→x0 − x→x0 +
f ′ − (x0 ) e f ′ + (x0 ).
Quando f é duas vezes diferenciável a convexidade pode ser caracte-
rizada de modo bastante simples como mostra o resultado seguinte.

Teorema 12.9 Seja I um intervalo aberto e suponha que f : I → R é


duas vezes diferenciável em todo ponto de I. Então f é convexa em I se, e
somente se, f ′′ (x) ≥ 0 para todo x ∈ I.

Prova: (⇒) Pelo Teorema de Taylor 12.1(B), dado a ∈ I e h ∈ R tal que


a ± h ∈ I, tem-se

O
1
f (a + h) = f (a) + f ′ (a)h + f ′′ (a)h2 + r(h),

ÇA˜
2
1
f (a − h) = f (a) − f (a)h + f ′′ (a)h2 + r(−h),

2
r(h)
onde lim 2 = 0. Somando essas equações e dividindo por h2 , obtém-se
h→0 h

f (a + h) − 2f (a) + f (a − h) A
r(h) r(−h)
= f ′′ (a) + 2 + ,
R
h2 h h2
donde segue que
A
f (a + h) − 2f (a) + f (a − h)
f ′′ (a) = lim . (12.17)
EP

h→0 h2
Se f é convexa, como a = 12 (a + h) + 12 (a − h), tem-se
1 1 1 1
f (a) = f ( (a + h) + (a − h)) ≤ f (a + h) + f (a − h).
PR

2 2 2 2
Portanto, f (a + h) − 2f (a) + f (a − h) ≥ 0. Como h > 0 para todo h ̸= 0,
2

vemos que o limite em (12.17) deve ser não-negativo. Logo, f ′′ (a) ≥ 0 para
todo a ∈ I.
EM

(⇐) Sejam z, w ∈ I, 0 < θ < 1 e ponhamos x0 = (1 − θ)z + θw. Pelo


Teorema de Taylor 12.1(A), tem-se
1
f (z) = f (x0 ) + f ′ (x0 )(z − x0 ) + f ′′ (x01 )(z − x0 )2 , (12.18)
2
1
f (w) = f (x0 ) + f ′′ (x0 )(w − x0 ) + f ′′ (x02 )(w − x0 )2 , (12.19)
2
para algum x01 entre x0 e z, e algum x02 entre x0 e w. Multiplicando (12.18)
por (1−θ) e (12.19) por θ, e em seguida somando as duas equações, obtém-se
(1 − θ) ′′ θ
(1 − θ)f (z) + θf (w) = f (x0 ) + f (x01 )(z − x0 )2 + f ′′ (x02 )(w − x0 )2
2 2
≥ f (x0 ) = f ((1 − θ)z + θw),

já que
(1 − θ) ′′ θ
f (x01 )(z − x0 )2 + f ′′ (x02 )(w − x0 )2 ≥ 0
2 2
pelo fato de que f ′′ é não-negativa. Logo, f é convexa em I. 

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