ERU403 - Economia Matemática I

Aula 12
Limite, Continuidade e Derivada

Prof. Ian M. Trotter

Departmento de Economia Rural
Universidade Federal de Viçosa

Prof. Ian M. Trotter UFV-DER-ERU403-A12: Limite, Continuidade e Derivada

Definição: Continuidade
Dado um intervalo A (aberto, fechado ou semi-aberto) dos
reais, seja a função

f : A → R.

A função f é contínua em x0 ∈ A se e somente se para todo

δ > 0 existe um ε > 0 tal que:

f (x) ∈ Bδ (f (x0 )), ∀x ∈ Bε (x0 ) ∩ A.

A função f é contínua se e somente se f é contínua em cada

x0 ∈ A.

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Exemplo: Continuidade
Considere a função

f : R → R, y = f (x) = 2x.

Para mostrar que a função f é contínua em x0 = 1, tem-se que

mostrar que para qualquer δ > 0 pode-se encontrar um ε > 0
tal que:

f (x) ∈ (2 − δ, 2 + δ), ∀x ∈ (1 − ε, 1 + ε).

Para δ > 0, seja ε = δ/2. Então, para todo

x ∈ Bε (1) = (1 − δ/2, 1 + δ/2), tem-se:

f (x) > 2(1 − ε) = 2(1 − δ/2) = 2 − δ

f (x) < 2(1 + ε) = 2(1 + δ/2) = 2 + δ.

Portanto, f (x) ∈ Bδ (2) para todo x ∈ Bε (1).

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Exemplo: Continuidade
Considere a função:
(
0, se x ≤ 0
y=
1, se x > 0.

Essa função não é contínua em x0 = 0. Para mostrar isso, seja

δ = 1/2. Continuidade de f em x0 = 0 requer que exista ε > 0
tal que

f (x) ∈ (−1/2, 1/2), ∀x ∈ Bε (0) = (−ε, ε).

Para qualquer ε > 0, Bε (0) contém pontos x tal que

f (x) = 1 ∈
/ Bδ (f (x0 )) = (−1/2, 1/2). Portanto, f não é contínua
em x0 = 0.

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Uma definição alternativa de continuidade pode ser dada em
termos de sequência de números reais.
Teorema: Continuidade
Seja a função

f : A → R, y = f (x).

f é contínua em x0 ∈ A se e somente se para todas as

sequências {xn } tais que x0 ∈ A para todo n ∈ N:

lim xn = x0 =⇒ lim f (xn ) = f (x0 )

n→∞ n→∞

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Definição: Limite direita de uma função
Seja a função f : A → R, com A ⊆ R, x0 , L ∈ R, e
(x0 − h, x0 ) ∪ (x, x0 + h) ⊆ A para algum h > 0.
O limite direita de f em x0 existe e é igual a L se e somente
se, para toda sequência monótona não-crescente {xn } tal que
xn ∈ A para todo n ∈ N:

xn → x0 =⇒ f (xn ) → L.

Se o limite à direita de f em x0 existe e é igual a L, escreve-se

lim f (x) = L.
x↓x0

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Definição: Limite esquerda de uma função
O limite esquerda de f em x0 existe e é igual a L se e somente
se, para toda sequência monótona não-crescente {xn } tal que
xn ∈ A para todo n ∈ N:

xn → x0 =⇒ f (xn ) → L.

Se o limite à esquerda existe e é igual a L, escreve-se:

lim f (x) = L.
x↑x0

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Definição: Existência de limite
O limite de f em x0 existe e é igual a L se e somente se os
limites à direita e à esquerda de f em x0 existem e são iguais a
L:

lim f (x) = lim f (x) = L.

x↓x0 x↑x0

Neste caso, escreve-se:

lim f (x) = L.
x→x0

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Teorema: Existência do limite
Seja a função f : A → R, x0 , L ∈ R, e suponha que
(x0 − h, x0 ) ∪ (x0 , x0 + h) ⊆ A para algum h > 0.

O limite de f em x0 existe e é igual a L se e somente se, para

todo δ > 0 existe um ε > 0 tal que f (x) ∈ Bδ (L) para todo
x ∈ Bε (x0 ).

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Propriedades dos Limites

Se limx→x0 f (x) = L, limx→x0 g(x) = M, e k é uma constante,

então:
1 limx→x0 k = k
2 limx→x0 [f (x) ± g(x)] = limx→x0 f (x) ± limx→x0 g(x) = L ± M
3 limx→x0 [f (x)g(x)] = [limx→x0 f (x)][limx→x0 g(x)] = LM
4 limx→x0 f (x)/g(x) = [limx→x0 f (x)]/[limx→x0 g(x)] = L/M,
se M 6= 0
5 limx→x0 [f (x)]n = [limx→x0 f (x)]n = Ln

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Definição: Continuidade
Seja a função f : A → R e x0 ∈ A.

f é contínua em x0 se e somente se limx→x0 f (x) existe e

lim f (x) = f (x0 ).

x→x0

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Exemplo
Considere a função f : R → R, y = 2x. Ela é contínua em
x0 = 1?

Note que os limites à direita e à esquerda são iguais, e

portanto limx→1 2x = 2. Como x0 = 1 pertence ao domínio da
função, o limite existe neste ponto e é igual ao valor da função
neste ponto, ou seja, f (1) = 2. Logo, f é contínua em x0 = 1.

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Exemplo
Considere a função
(
0, se x = 0
y=
1, 6 0.
se x =

A função é contínua em x0 = 0?

No que limx→0 f (x) existe e é igual a 1, ou seja:

lim f (x) = lim 1 = 1.

x→0 x→0

Por outro lado, f (0) = 0 6= 1, e logo f não é contínua em x0 = 0.

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Teorema do Valor Intermediário
Seja f : [a, b] → R contínua.

Se f (a) < d < f (b), então existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = d.

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Teorema de Weierstrass
Seja f : A → R contínua no conjunto compacto A ⊂ R. Então
existem x0 , x1 ∈ A tais que:

f (x0 ) ≤ f (x) ≤ f (x1 ), ∀x ∈ A.

Demonstração: Desde que f (A) compacto, este possui um

menor elemento f (x0 ) e um maior elemento f (x1 ). Isto quer
dizer que existe x0 , x1 ∈ A tais que f (x0 ) ≤ f (x) ≤ f (x1 ) para
todo x ∈ A.

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Inclinação do segmento de reta AB:

f (x0 + h) − f (x0 )
h

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Para obter o comportamento da função f próximo de x0 ,
pode-se tomar o limite da inclinação do segmento AB quando h
aproxima-se de zero.

Se este limite existe e é finito, diz-se que a função é

diferenciável no ponto x0 .

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Definição: Função diferenciável
Seja a função f : A → R, com A ⊆ R e x0 um ponto interior de
A. A função f é diferenciável em x0 se e somente se

f (x0 + h) − f (x0 )
lim
h→0 h
existe e é finito. Se f é diferenciável em x0 , esse limite é
chamado de derivada de f em x0 e denotado por f 0 (x0 ).

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Se f : A → R é diferenciável em x0 ∈ A, a função
f 0 : A → R, f 0 (x0 ) é chamada de derivada de f em x0 .

Por sua vez, se f 0 : A → R é diferenciável em x0 ∈ A, chama-se:

f 0 (x0 + h) − f 0 (x0 )
f 00 (x0 ) = lim
h→0 h
a segunda derivada de f em x0 .

Analogamente, podem-se definir derivadas de ordem maiores

de f , e escreve-se f n (x0 ) para a n-ésima derivada de f em x0 ,
se esta derivada existe.

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Para a função f que é diferenciável em um ponto x0 de seu
domínio, f 0 (x0 ) é a inclinação da tangente do gráfico de f em
x0 .

A equação desta tangente é dada por:

y = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ).

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Exemplo: Derivada
Seja a função f (x) = 2 + x + 4x 2 .

Para esta função f e x0 ∈ R, obtém-se:

f (x0 + h) − f (x0 ) 2 + x0 + h + 4(x0 + h)2 − 2 − x0 − 4(x0 )2

=
h h
= 1 + 8x0 + 4h.

Claramente:

lim 1 + 8x0 + 4h = 1 + 8x0 .

h→0

Portanto, f é diferenciável em qualquer ponto x0 ∈ R, com:

f 0 (x0 ) = 1 + 8x0 .

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Teorema
Seja a função f : A → R, com A ⊆ R e x0 um ponto interior de
A.

Se f é diferenciável em x0 , então f é contínua em x0 .

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Demonstração: Para h ∈ R tal que (x0 + h) ∈ R e h 6= 0,
obtem-se:
 
f (x0 + h) − f (x0 )
f (x0 + h) − f (x0 ) = h.
h

Dado que f é diferenciável em x0 ,

lim (f (x0 + h) − f (x0 )) = f 0 (x0 ) lim h = 0.

h→0 h→0

Isto implica que

lim f (x0 + h) = f (x0 ).

h→0

Definindo x = x0 + h, isto pode ser escrito como

lim f (x) = f (x0 ),

x→x0

o que prova que f é contínua em x0 .

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