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Universidade Federal de Minas Gerais

MAT245: Análise II

Lista 1 - Aplicações Diferenciáveis

Professor:
Arturo Ulises Fernández Pérez
Departamento de Matemática - ICEX

5 de setembro de 2020
Lista 1 - Aplicações Diferenciáveis Vinı́cius Pinheiro Bento

Exercı́cio 1
Calculando as parciais temos: ∂1 f (x, y) = (ex , ex ) || ∂2 f (x, y) = (e y , −e y )
Como cada parcial de f é contı́nua, então f é de classe C1 em R2 . Sua derivada é
!
ex e y
D f (x, y) = x =⇒ det D f (x, y) = −2ex+y
e −e y
Dessa forma, vemos que D f é invertı́vel ∀(x, y) ∈ R2 , pois ex+y , 0.
Se considerarmos f como uma função complexa então não será holomorfa, pois
∂ f1 ∂ f2
= ex , −e y = .
∂x1 ∂x2
Ou seja, não cumpre uma das equações de Cauchy-Riemann.

Exercı́cio 2
Vejamos primeiro a existência das derivadas parciais:
f (t, 0) f (0, t)
∂1 f (0, 0) = lim = 0 = lim = ∂2 f (0, 0)
t→0 t t→0 t

√ r(h, k) |hk|
Com isso, r(h, k) = f (h, k) − f (0, 0) = |hk| =⇒ = √
||(h, k)|| h2 + k2
|hk|
Dessa forma, f é diferenciável em (0, 0) ⇐⇒ L = lim = 0 Observe
(h.k)→(0,0) h2+ k2
porém que:
|h · 0| k2 1
k = 0 =⇒ L = lim =0 || h = k =⇒ L = lim =
h→0 h2 k→0 2k 2 2
Portanto, não existe o limite L. Logo, f não é diferenciável em (0, 0).

Exercı́cio 3
Primeiro veja que | f (0)| ≤ ||0|| = 0 =⇒ f (0) = 0. Agora
f (0 + tei ) − f (0) f (tei ) ||tei ||
2

= ≤ = |t|
t t |t|

Fazendo t → 0 na expressão acima temos que ∂i f (0) = 0, ∀i = 1, . . . , n. Analisando


agora a expressão do resto:
2
r(v) | f (v)| ||v||

r(v) = f (v) − f (0) = f (v) =⇒ = ≤ = ||v||
||v|| ||v|| ||v||

r(v)
Desse modo, lim = 0. Portanto f é diferenciável em 0 e d f (0) é o funcional
v→0 ||v||
linear nulo.

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Lista 1 - Aplicações Diferenciáveis Vinı́cius Pinheiro Bento

Exercı́cio 4
Seja δ > 0 tal que B(a; δ) ⊂ U. Suponha que para algum i ∈ {1, . . . , m} existe ∂i f .
Defina ϕ : (−δ, δ) → R como ϕ(t) = f (a+tei ). Em particular, ϕ assumirá máximo(ou
mı́nimo) local em t = 0, devido à nossa hipótese. Como ϕ é função de uma variável
real sabemos que se existir a derivada de ϕ em t = 0, então tal derivada valerá 0.
Desse modo:
f (a + tei ) − f (a) ϕ(t) − ϕ(0)
∂i f (a) = lim = lim = ϕ0 (0)
t→0 t t→0 t

∂f ∂f
Logo, ϕ0 (0) existe e ϕ0 (0) = (a). Portanto, (a) = 0.
∂xi ∂xi

Exercı́cio 5
No livro grande de Elon há o seguinte teorema:
Teorema. Um aberto A ⊂ Rm é conexo se, e somente se, é conexo por caminhos.
Em sua demonstração pode ser observado que os caminhos poligonais podem
ser tomados como paralelos aos eixos coordenados do espaço Rm . Com isso em
mente vamos seguir.
Fixe a ∈ U. Dado b ∈ U arbitrariamente, existe uma lista finita de pontos em U,
a0 = a, a1 , . . . , ak = b onde a j−1 e a j são ligados por um caminho paralelo a algum
eixo de Rm , e tal caminho estará totalmente contido em U.
Desse modo, a1 = a + sei para algum i e para algum s real. Definamos a função
λ : [0, 1] → R , λ(t) = f (a + stei ). Como as derivadas parciais de f existem em
todo o aberto conexo U, então λ é contı́nua em [0, 1] e derivável em (0, 1). Logo
pelo Teorema do Valor Médio existe θ ∈ (0, 1) tal que λ0 (θ) = f (a + sei ) − f (a) =
f (a1 ) − f (a0 ). Agora observe que:

λ(θ + h) − λ(θ) f (a + sθei + shei ) − f (a + sθei ) ∂f


λ0 (θ) = lim = lim = (a+sθei )·s = 0
h→0 h h→0 h ∂xi

Logo f (a1 ) = f (a0 ). Podemos repetir o argumento ponto a ponto da lista obtida
e concluir que f (a) = f (b). Como o ponto b foi arbitrário concluı́mos que f é
constante em U.

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Lista 1 - Aplicações Diferenciáveis Vinı́cius Pinheiro Bento

Exercı́cio 6
Por U ser aberto temos U = U ∂U. Como U é limitado então U será compacto.
F

 f (x); x ∈ U

Defina f : U → R , como f (x) = 

.
0; x ∈ ∂U

Usando os limites que estão na hipótese da questão concluı́mos que f é uma


extensão contı́nua de f à U. Como f é contı́nua e U é compacto, então f assume
máximo e mı́nimo em U:
• Se f assume máximo e mı́nimo em ∂U então f deve ser constante e igual a
0 em U. Nesse caso o resultado vale para qualquer c ∈ U.
• Se f assume máximo ou mı́nimo em U seja c ∈ U o ponto em que f o assume.
Em particular, será máximo ou mı́nimo de f em U. Como existem todas as
derivadas parciais de f em U usamos o exercı́cio 4 para concluir que:

∂f ∂f
(c) = · · · = (c) = 0 .
∂x1 ∂xm

Exercı́cio 7
Comecemos definindo a seguinte função auxiliar:

ξ : [0, 1] → R ; ξ(t) = f (a + th, b + k) + f (a, b + tk)

Pelas hipóteses sobre f sabemos que ξ é contı́nua em [0, 1] e diferenciável em (0, 1).
Existe então, pelo Teorema do Valor Médio, θ ∈ (0, 1) tal que ξ0 (θ) = ξ(1) − ξ(0).
Calculemos ξ0 (θ):

ξ(θ + s) − ξ(θ)
ξ0 (θ) = lim =
s→0 s
f (a + θh + sh, b + k) − f (a + θh, b + k) + f (a, b + θk + sk) − f (a, b + θk)
= lim =
s→0 s
f (a + θh + sh, b + k) − f (a + θh, b + k) f (a, b + θk + sk) − f (a, b + θk)
= lim + lim =
s→0 s s→0 s
∂f ∂f
= (a + θh, b + k) · h + (a, b + θk) · k
∂x ∂y

Portanto, temos:
∂f ∂f
(a + θh, b + k) · h + (a, b + θk) · k = ξ(1) − ξ(0) = f (a + h, b + k) − f (a, b) .
∂x ∂y

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Lista 1 - Aplicações Diferenciáveis Vinı́cius Pinheiro Bento

Exercı́cio 8
Seja B = B[0; 1]. Como f é contı́nua e B é compacto, existe a ∈ B tal que f (a)
é o mı́nimo de f em B. Afirmo que a < Sm−1 . De fato, dado u ∈ Sm−1 defina
ϕ : [0, 1] → R , ϕ(t) = f (tu). Assim:
ϕ(1 + h) − ϕ(1) f (u + hu) − f (u) ∂ f
ϕ(1− ) = lim− = lim− = (u) > 0
h→0 h h→0 h ∂u
Por um teorema de Análise 1 existirá δ > 0 tal que t ∈ (1 − δ, 1) =⇒ ϕ(t) < ϕ(1) =
f (u). Devido a isso não podemos ter o mı́nimo de f |B em um ponto de Sm−1 .
Com isso concluı́mos que f terá um mı́nimo local em B(0; 1), que é um aberto.
Como supomos a existência de todas as derivadas direcionais de f em qualquer
ponto podemos concluir diretamente do exercı́cio 4 (Precisamos apenas substituir
∂f
ei por v qualquer) que (a) = 0 , ∀v ∈ Rm .
∂v

Exercı́cio 9
Tomando t = 2 obtemos f (~0) = f (2 · ~0) = 2 · f (~0) =⇒ f (~0) = 0. Como f é
diferenciável na origem, em particular existe ∂i f (0) , ∀i = 1, . . . , m. Logo:

∂f f (hei ) − f (0) |h|  f (ei ); h → 0+

(0) = lim = lim f (ei ) = 

.
∂xi h→0 h h→0 h − f (ei ); h → 0−

∂f
Como o limite acima existe, podemos concluir que f (ei ) = (0) = 0 , ∀i = 1, . . . , m.
∂xi
Agora analisando o resto na origem temos:
r(v) f (v)
r(v) = f (v) − f (0) = f (v) ; onde lim = lim =0
v→0 ||v|| v→0 ||v||
Em particular, dado x ∈ R \ {0} obtemos:
f (hx) f (x)
lim = 0 = lim =⇒ f (x) = 0 , como querı́amos demonstrar.
h→0 ||hx|| h→0 ||x||

Exercı́cio 10
Primeiro notemos que para x = 0 temos f (0) = 2 f (0/2) = 2 f (0) =⇒ f (0) = 0.
x 1 x 1
   
Agora vejamos que f = f = f (x), assim se seguirmos por indução
 4 2 2 4
x 1
concluiremos que f k = k f (x). Fixemos agora x , 0. Como f é diferenciável
2 2
em 0, temos:
∂f f (x/2k ) − f (0)
f 0 (0) · x =
(0) = lim = lim 2k f (x/2k ) = f (x)
∂x k→∞ 1/2 k k→∞

Portanto f tem o mesmo valor que f 0 (0) em cada x ∈ Rm , logo f = f 0 (0), ou seja, f
é linear.

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Lista 1 - Aplicações Diferenciáveis Vinı́cius Pinheiro Bento

Exercı́cio 11
Dado x = (α1 , . . . , αm ) , 0 queremos mostrar que  podemos escrever,
 na base
canônica, a diferencial em x como d f (x) = a||x||a−2
α1 α2 . . . αm . Vejamos as
derivadas parciais de f .
  2a   2a
∂f ||x + te1 || − ||x||
a a (α1 + t)2 + α22 + · · · + α2n − α21 + α22 + · · · + α2n
(x) = lim = lim =
∂x1 t→0 t t→0 t
0
(Temos um polinômio em t e o limite é uma indeterminação , logo podemos
0
usar L’Hospital)

a   a−2
= lim · (α1 + t)2 + α22 + · · · + α2n ·2(α1 +t) = lim a·(α1 +t)||x+te1 ||a−2 = a·α1 ||x||a−2
2

t→0 2 t→0

∂f
A conta é análoga para qualquer i, então (x) = a · αi ||x||a−2 , ∀x ∈ Rm \ {0} e
∂xi
∂f
∀i = 1, . . . , m. Como é um polinômio em m variáveis cada derivada parcial
∂xi
de f é uma função de classe C∞ , logo em particular f ∈ C1 . Portanto, para cada
x ∈ Rm \ {0} temos:
 
d f (x) = a · ||x||a−2 α1 α2 . . . αm =⇒ d f (x) · v = a||x||a−2 hx, vi para todo v ∈ Rm .

Exercı́cio 12
Fixe x ∈ U. Para v ∈ Rm dado e t ∈ R suficientemente pequeno temos:

f (x + tv) − f (x) = d f (x) · tv + ρ(tv)|t|.||v|| onde, lim ρ(tv) = 0


t→0

Logo podemos escrever:

|t|.|d f (x) · v| ≤ | f (x + tv) − f (x)| + |t|.||v||.|ρ(tv)| ≤ |t|.||v|| c + |ρ(tv)|




Portanto, |d f (x) · v| ≤ ||v|| c + |ρ(tv)|




Passando o limite com t → 0 na desigualdade acima obtemos d f (x) · v ≤ c||v||.

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Lista 1 - Aplicações Diferenciáveis Vinı́cius Pinheiro Bento

Exercı́cio 13
(⇐) Seja T : Rm+1 → Rn a transformação linear tal que T|Sm = f . Assim:
F(tei ) − F(0) |t| tei |t| tei
   
= f = T = T(ei )
t t |t| t |t|
A conta acima mostra que ∂i F(0) = T(ei ) , ∀i = 1, . . . , m + 1. Logo, caso F seja
diferenciável em 0 devemos ter F0 (0) = T. Analisando então o resto na origem:
v v
   
r(v) = F(v) − F(0) − T · v = ||v|| f − T(v) = ||v||T − T(v) = 0
||v|| ||v||
r(v)
Portanto lim = 0 , logo F0 (0) = T.
v→0 ||v||
(⇒) Como F é diferenciável em 0 , seja T = F0 (0). Então ∀v ∈ Rm+1 \ {0} e t real :
tv r(tv)
 
F(tv) − T(tv) = r(tv) = ||tv|| f − t.T(v), onde lim =0
||tv|| t→0 ||tv||

r(tv) v v
   
Em particular, se fixarmos t > 0 , = f −T .
||tv|| ||v|| ||v||
v v
   
Tomando o limite com t → 0 concluı́mos que f =T . Ou seja, f = T|Sm .
||v|| ||v||

Exercı́cio 14
(⇒) Suponha f 0 (a) = g0 (a). Pela diferenciabilidade de f e g temos:

 f (a + v) − f (a) = f (a) · v + ρ1 (v)||v||; lim ρ1 (v) = 0

 0
 v→0
(?) 
 g(a + v) − g(a) = g (a) · v + ρ2 (v)||v||; lim ρ2 (v) = 0

 0
v→0

Como também vale g(a) = f (a) podemos subtrair a segunda equação da primeira
e obter:
f (a + v) − g(a + v) f (a + v) − g(a + v)
= ρ1 (v) − ρ2 (v) =⇒ lim =0.
||v|| v→0 ||v||

(⇐) Note que (?) continua valendo. Portando, dado v ∈ Rm \ {0} , para t suficien-
temente pequeno temos:
f (a + tv) − g(a + tv) = f 0 (a) · v − g0 (a) · v .t + |t|.||v|| ρ1 (tv) − ρ2 (tv) =⇒
 

f (a + tv) − g(a + tv) f 0 (a) · v − g0 (a) · v



=⇒ + ρ2 (tv) − ρ1 (tv) = ±

|t|.||v|| ||v||
Fazendo t → 0 na equação acima e usando nossa hipótese, concluı́mos que:
f 0 (a) · v − g0 (a) · v

0= =⇒ f 0 (a) · v = g0 (a) · v , ∀v ∈ Rm \ {0}
||v||
Como ambas são transformações lineares obtemos finalmente f 0 (a) = g0 (a).

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Exercı́cio 15
Basta calcularmos:

f (x, t) − f (x, 0) x.t x2 − t2


D2 f (x, 0) = lim = lim · 2 2 =x
t→0 t t→0 t x +t
f (t, y) − f (0, y) y.t t2 − y2
D1 f (0, y) = lim = lim · 2 = −y
t→0 t t→0 t t + y2
Agora:
D2 f (t, 0) − D2 f (0, 0) t
D1,2 f (0, 0) = lim = lim = 1
t→0 t t→0 t

D1 f (0, t) − D1 f (0, 0) −t
D2,1 f (0, 0) = lim = lim = −1
t→0 t t→0 t

Portanto, D1,2 f (0, 0) , D2,1 f (0, 0) .

Exercı́cio 16
∂f f (a + tv) − f (a)
Sabemos que f 0 (a) · v = (a) = lim . Ou seja,dado ε > 0, para cada
∂v t→0 t
u ∈ Rm fixado, existe κ0 > 0 tal que:

f (a + tk u) − f (a)

k > κ0 =⇒ − f (a) · u < ε
0
tk

Considere agora p > 0 natural, tal que j > p =⇒ ||v j − v|| < 1. Como limitamos a
sequência (v j ) j podemos tomar o κ0 acima como suficientemente grande e κ0 > p
de forma que:

f (a + tk v j ) − f (a)

k > κ0 =⇒ − f 0 (a) · v j < ε , ∀j > p

tk

Em particular temos a desigualdade acima com j = k. Isso mostra o que querı́amos

f (a + tk vk ) − f (a)
lim = lim f 0 (a) · vk = f 0 (a) · v
k→∞ tk k→∞

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Exercı́cio 17
Fixe y ∈ Rn e seja v = b − a. Defina ξ : [0, 1] → R como ξ(t) = f (a + vt) , y . Note


que ξ é diferenciável em (0, 1) e contı́nua em [0, 1]. Desse modo, pelo Teorema do
Valor Médio existe t y ∈ (0, 1) tal que ξ(1) − ξ(0) = ξ0 (t y ) .

ξ(1) = f (b), y ; ξ(0) = f (a), y ; seja c y = a + vt y




Com isso:
ξ(t y + h) − ξ(t y ) f (c y + hv) − f (c y ) ∂f
* + * +
ξ (t y ) = lim
0
= lim ,y = (c y ), y
h→0 h h→0 h ∂v

∂f
Como f é diferenciável em c y vale a fórmula (c y ) = f 0 (c y ) · v = f 0 (c y ) · (b − a) .
∂v
Finalmente temos então:

f (b) − f (a), y = ξ(1) − ξ(0) = f 0 (c y ) · (b − a) .



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