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Considerando que um dado material esteja sujeito a um estado de tensões triaxial x, y e z
em determinado ponto, veremos que nesta posição desenvolvem-se as deformações normais
correspondentes x, y e z. Para estabelecermos relações entre estas componentes de tensão e
deformação podemos empregar o Princípio da Superposição (válido para pequenas
deformações) conjuntamente à aplicação da Lei de Hooke e do coeficiente de Poisson. O
procedimento é ilustrado na Figura 15, onde são obtidas deformações normais na direção x em
um elemento cúbico a partir da aplicação das tensões normais x, y e z separadamente.
1
z
x = − z
x = −
E
Ao superpor as três deformações normais calculadas acima, obtém-se a deformação normal x
para o estado de tensões triaxial atuando no elemento. Repetindo o procedimento para as
direções y e z, obtêm-se as seguintes relações:
x − ( y + z ) , z − ( x + y )
1 1 1
x = y = y − ( x + z ) e z =
E E E
As equações acima expressam a forma geral da Lei de Hooke para um estado de tensão triaxial,
sendo válidas somente quando o Princípio da Superposição de Efeitos é válido. Para isso, o
material deve ter comportamento elástico linear com pequenas deformações. Como o material
é considerado isotrópico, o elemento ilustrado na figura acima permanece um bloco retangular
quando submetido a tensões normais, ou seja, não apresenta deformações por cisalhamento.
Por convenção, considera-se que as tensões normais são positivas em tração e negativas em
compressão. As deformações normais são tomadas como positivas quando provocam
alongamento do material e negativas quando geram contração.
Se aplicarmos agora uma tensão de cisalhamento xy no elemento, observa-se que o material se
deforma apresentando somente deformação por cisalhamento xy. Da mesma forma, yz e xz
produzem apenas deformações por cisalhamento yz e xz, respectivamente. Assim, pela Lei de
Hooke para tensão de cisalhamento e deformação por cisalhamento, obtêm-se as seguintes
relações:
1 1 1
xy = xy , yz = yz e xz = xz
G G G
onde G é o módulo de corte ou cisalhamento, apresentando a seguinte relação com o módulo
de elasticidade E:
E
G=
2.(1+)
2
1 − −
0 00
x E E E
x
− −
0 0 0 y
1
y E E E
z z
= − − 1
0 0 0
xy E E E xy
yz 0 0 0 G 0 0 yz
xz 0 0 0 0 G 0 xz
0 0 0 G
0 0
Quando um material elástico é submetido a tensão normal, há alteração em seu volume. Para
demonstrar este efeito, vamos considerar um elemento de volume (Figura 17 a) submetido às
tensões principais x, y e z, como mostrado na Figura 17 b. O elemento tem originalmente as
dimensões dx, dy e dz (volume igual a dV=dx.dy.dz) (Figura 17 a), sendo que após a aplicação
das tensões elas se tornam (1 + x).dx, (1 + y).dy e (1 + z).dz (Figura 17 b), respectivamente.
A mudança de volume é então determinada por:
V = (1 + x ).(1 + y ).(1 + z ).dx.dy.dz − dx.dy.dz
3
Quando um elemento de volume do material é submetido a uma pressão uniforme p (Figura 17
c), a pressão é a mesma em todas as direções e é sempre normal em qualquer superfície sobre
a qual atua. Este estado é conhecido como hidrostático, onde as tensões normais são iguais em
todas as direções e, portanto, um elemento do material estará sujeito neste caso a tensões
principais x = y = z = - p. Substituindo este resultado na equação que define a deformação
volumétrica, obtém-se:
p E E
=− , K=
e (− ) (− )
onde o termo à direita da equação acima é conhecido como Módulo de Compressibilidade K.
Para um material incompressível, seu valor teórico é infinito, o que se obtém quando = 0,5.
Imagine uma placa fina de material elástico linear, contida no plano xy, submetida somente à
ação de forças contidas no plano da placa. Devido à ausência de carregamento, nas faces da
placa a tensão normal z é nula. Além disso, em razão da pequena espessura da placa, pode-se
considerar que z não varia consideravelmente ao longo da espessura, de modo que pode ser
tomada como nula em toda a placa. Da mesma forma, as componentes de tensão tangencial na
direção z, xz e yz, são nulas. Assim, aplicando estes resultados à Lei de Hooke generalizada,
obtêm-se as seguintes relações:
1 1 − 1
x = x − .y , y = y − x , z = x + y e xy = xy
E E E G
ou, de forma inversa:
E E
x = + y , y =
x
y + . x , z = 0 e xy = G. xy
(1 − ) (1 − )
Considera-se agora um corpo com uma das dimensões muito maior que as demais. O
carregamento atuante se dá de forma igual em todas as seções ao longo desta maior dimensão,
com as cargas contidas no plano das seções. Como o comprimento de uma das dimensões é
muito maior que o comprimento das demais, ocorre constrição lateral, onde as seções vizinhas
a uma dada seção impedem sua deformação na direção da maior dimensão. Considerando esta
maior dimensão na direção z, pode-se assumir que z = 0 (em regiões afastadas das extremidades
do corpo). Aplicando estas observações à Lei de Hooke generalizada, obtém-se:
Em estado plano de deformações, uma das tensões principais corresponde à direção normal ao
plano de deformações, sendo que as duas tensões principais restantes são determinadas em um
plano transversal a essa direção. Assim, em estado plano de tensões uma das tensões principais
4
é nula, enquanto que no estado plano de deformações, esta tensão deve ser calculada pela lei de
Hooke generalizada, ou seja:
= ( + )
onde é o coeficiente de Poisson e as tensões principais são indicadas por apóstrofos.
As possíveis configurações de círculos de Mohr para o estado plano de deformações são
mostradas abaixo.
4.8 Exemplos
Exemplo 1:
Dado o sólido abaixo, calcular as deformações totais e os respectivos
alongamentos/contrações nas direções x, y e z.
x − ( y + z ) =
1 1
x = − (15 − 40 )
E 2x105
x = 1,375x10−4
1 1
y = y − ( x + z ) = − ( 20 − 40 )
E 2x105
y = 1, 05x10−4
5
z − ( x + y ) =
1 1
z = − − ( 20 + 15)
E 2x105
z = −2,525x10−4
Considerando que as tensões são constantes ao longo de cada direção, os
alongamentos/contrações são obtidos por:
L x = x .L x = 1,375x10−4 .20 = 0, 00275cm
L y = y .L y = 1, 05x10−4 .30 = 0, 00315cm
L z = z .L z = −2,525x10−4 .15 = −0, 00378cm
Exemplo 2:
O sólido abaixo está confinado entre dois suportes indeslocáveis, e após a sua montagem
nos suportes sofre uma variação de temperatura de +50ºC. Calcular as deformações totais
nas direções x e z e a tensão na direção y.
6
x = + x10−4 = 0, 003375
z = x = 0, 003375
Finalmente, os alongamentos são obtidos por:
L x = x .L x = 0, 003375.20 = 0, 0675cm
L z = z .L z = 0, 003375.10 = 0, 03375cm
Exemplo 3:
Um corpo prismático foi inserido em um orifício perfeitamente ajustado em um sólido
indeformável e submetido a uma tensão de compressão de 30 MPa e uma variação de
temperatura de +10ºC. Calcular a deformação total do corpo na direção z e as tensões nas
direções x e y. Considere: E = 200.000 MPa; = 0,4; = 2x10-5 ºC-1.
Considerando que o material permanecerá dentro do regime elástico linear, a solução pode ser
obtida tomando-se separadamente os efeitos da tensão aplicada e da temperatura.
A deformação específica em função da variação da temperatura é dada por:
x = y = z = T
x = y = z = 2x10−5.10 = 0, 0002
Como o corpo está confinado nas direções x e y, surgirão nestas direções tensões normais de
compressão que causarão no corpo deformações específicas de contração iguais àquelas da
dilatação térmica, fazendo com que não haja variação de dimensões nas direções x e y. Como
só está sendo considerado o efeito da temperatura, z = 0. Assim, temos:
x − ( y + z )
1
x =
E
1
−0, 0002 = x − y
2x105
1
y = y − ( x + z )
E
1
−0, 0002 = y − x
2x105
Resolvendo um sistema formado pelas duas equações acima, obtém-se:
x = y = −66, 7 MPa
7
z = z − ( x + y ) + 0, 0002
E
−
z = . ( −66, 7 − 66, 7 ) + 0, 0002
2x105
z = 0, 000467
Considerando que o corpo está confinado nas direções x e y, as deformações específicas
correspondentes à tensão aplicada são nulas. Logo:
x − ( y + z )
1
x =
E
x − ( y − 30 )
1
0=
2x105
1
y = y − ( x + z )
E
1
0= y − ( x − 30 )
2x105
Resolvendo o sistema formado pelas duas equações acima, obtém-se:
x = y = −20 MPa
Bibliografia
Mecânica dos materiais. 5. ed. Beer, Ferdinand Pierre e Johnston, E. Russell, Jr. Porto Alegre:
AMGH, 2011.
Mecânica dos materiais. Gere, James M. São Paulo : Cengage Learning, 2010.
Resistência dos materiais. 7. ed. Hibbeler, Russell Charles São Paulo: Pearson Education, 2010.
Resistência dos materiais 4. ed. Beer, Ferdinand Pierre, Johnston, E. Russell, Jr. e DeWolf, John
T. São Paulo : McGraw-Hill, 2006.
Introdução à Mecânica Estrutural, Masuero, João Ricardo e Creus, Guillermo Juan, Ed. da
Universidade.