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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

INSTITUTO DE MATEMÁTICA, ESTATÍSTICA E FÍSICA - IMEF


CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I

INTEGRAÇÃO MÚLTIPLA

INTEGRAIS ITERADAS

Vimos que tem significado derivar funções de várias variáveis em relação a uma
variável, mantendo as outras variáveis constantes. De modo análogo podemos integrar
funções de várias variáveis.
f
Por exemplo: Se conhecemos x, y   y  4 x 3 y 2 , então considerando y como
x
constante, podemos integrar esta função em relação à variável x, assim obtemos:
f
f  x, y   
x
 
x, y  dx   y  4 x 3 y 2 dx  y  dx  4 y 2  x 3 dx 
x4
 y x  4 y 2   C  y   xy  x 4 y 2  C  y 
4
Observe que a constante de integração C  y  , é uma função que depende da
f
variável y. Assim, integrando a função x, y   y  4 x 3 y 2 em relação à variável x,
x
pudemos recuperar f x, y   xy  x y  C  y  , mas apenas parcialmente, pois C  y 
4 2

pode ser qualquer função dependente da variável y.


Considerando agora a definição de integrais definidas para funções de várias
variáveis, como por exemplo:

 y  4 x
1

y
3
 
y 2 dx  xy  x 4 y 2 1
y 
 1  y  14  y 2  y  y  y 4  y 2  
 y  y2  y2  y6  y  y6

De modo análogo, podemos integrar uma função f x, y  em relação à variável


y, mantendo x como constante. Resumindo:
g2  y  f
 x, y  dx   f x, y gg12yy  f g 2  y , y   f g1  y , y 
g1  y  x
h2  x  f
 x, y  dy   f x, y hh12xx  f x, h2 x   f x, h1 x 
h1  x  y

Observe que a variável de integração não pode aparecer em nenhum dos


extremos de integração.
No exemplo anterior, calculamos a integral definida de uma função de duas
variáveis x e y , mantendo y como constante e integrando a função em relação à variável
x. Como resultado desta integral definida, obtivemos uma função dependente somente
da variável x, ou seja:

 y  4 x y dx  y  y
1
3 2 6
y

Assim, podemos calcular a integral definida desta função em relação à variável y, num
determinado intervalo de integração, como por exemplo:
1
 1 y  4 x 3 y 2 dx  dy  1 y  y 6 dy   y  y   1  1  5
   
2 7
1
0  y  0 
2

7  0 2 7 14

A integral do exemplo anterior é uma integral iterada, neste tipo de integral, os


colchetes representados no exemplo normalmente não são escritos. Usualmente
escrevemos as integrais iteradas como:
g2  y  h2  x 
f x, y  dxdy ou f x, y  dydx .
b d

a g1  y  
c h1  x 

Observe que os extremos de integração internos podem variar com relação à


variável externa de integração, já os extremos de integração externos devem ser
constantes em relação à ambas as variáveis de integração. Os extremos de integração
para uma integral iterada identificam dois conjuntos de intervalos limitantes para as
variáveis. No exemplo anterior, os extremos de integração internos indicam que a
variável x está no intervalo y  x  1 e os extremos de integração externos indicam que
a variável y está no intervalo 0  y  1. Juntos estes dois intervalos determinam a região
de integração R da integral iterada, como mostra a figura a seguir.
INTEGRAL DUPLA
CÁLCULO DE ÁREAS E VOLUMES

Seja z  f x, y  uma função não negativa, definida em uma região retangular
fechada R do plano xy, limitada pelas retas: x  a , x  b , y  c e y  d , conforme
mostra a figura abaixo.

Vamos determinar um número real positivo V que representa o volume do sólido


limitado superiormente pela superfície z  f x, y  e inferiormente pela região R.

Inicialmente, traçamos retas paralelas aos eixos dos x e dos y, respectivamente, a


fim de obter uma partição da região R formada por pequenos retângulos, conforme
mostra a figura abaixo.

Seja  a partição considerada da região R. Suponha que a partição  possui n


sub-regiões retangulares Ri , i  1,2,, n , com dimensões xi e yi , então a área de
cada uma destas sub-regiões Ri será dada por: Ai  xi  yi . Vamos definir a norma
da partição  , que será denotada por  , como o comprimento da maior diagonal dos
n retângulos desta partição.
Em cada retângulo Ri , i  1,2,, n , escolhemos um ponto  xi , y i  e
determinamos f xi , yi  . Obtemos assim, n prismas retos, cujas bases são os retângulos
Ri com área Ai  xi  yi e a altura f xi , yi  , sendo o volume dado por
Vi  f xi , yi  Ai . Formamos assim a seguinte soma:
n

 f x , y  A ,
i 1
i i i

que é a soma dos volumes de todos os prismas retos de bases retangulares determinados,
de acordo com a figura abaixo. Esta soma é chamada de soma de Riemann de
z  f x, y  sobre R.

Suponha agora que mais retas paralelas aos eixos dos x e dos y são traçadas, de
modo que as dimensões dos retângulos Ri , i  1,2,, n se tornem cada vez menores.
Fazemos isso de tal modo que a maior diagonal dos retângulos Ri tende a zero quando
o número n de retângulos tende ao infinito. Neste caso, se
n
lim
 0
 f x , y  A
i 1
i i i

existe, ele será igual ao volume V procurado, ou seja:


n
V  lim
 0
 f x , y  A
i 1
i i i .

DEFINIÇÃO: Dizemos que uma função f x, y  é integrável em uma região fechada R,
n
se f for definida em R e se existir o limite lim
 0
 f x , y  A , sendo este limite a
i 1
i i i

integral dupla de f x, y  sobre a região R. Escrevemos:


n
lim
 0
 f x , y  A   f x, y  dA .
i 1
i i i
R

Outros símbolos para a integral dupla acima são:

 f x, y  dydx
R
ou  f x, y  dxdy
R

*OBS.:
1. A região R é denominada de região de integração.
2. O limite na definição acima deve ser independente da escolha das retas que
subdividem a região R e dos pontos xi , yi  tomados nos retângulos Ri , i  1,2,, n .

3. A existência do limite na definição acima depende da função z  f x, y  e


também da região R. No nosso estudo, vamos supor que o contorno da região R é
formado por um número finito de arcos de curvas suaves, isto é, arcos de curvas que não
contêm pontos angulosos. Nesse caso, se f é contínua sobre R, temos a garantia da
existência da integral dupla.

4. Quando z  f x, y   0 para todo x, y   R , então a integral dupla

 f x, y  dA pode ser interpretada com o volume do sólido limitado superiormente pela
R

superfície z  f x, y  e inferiormente pela região R. No caso do exemplo anterior, o


volume do sólido limitado superiormente pela superfície z  f x, y  e inferiormente
pela região retangular fechada R, que é limitada pelas retas:
x  a , x  b , y  c e y  d , sendo z  f x, y   0 para todo x, y   R é dado por:

 f x, y  dy dx    f x, y dx dy ,


d b b d
V 
c a a c

se f x, y  for contínua na região R.

5. Quando f x, y   1 na integral dupla  f x, y  dA , temos que  dA


R R
representa a área da região R.

PROPRIEDADES DA INTEGRAL DUPLA

Para enunciar as propriedades a seguir, supomos que a fronteira da região R é


formada por um número finito de arcos de curvas suaves e que as funções f x, y  e
g x, y  são contínuas sobre a região R. Assim, temos a garantia da existência das
integrais duplas envolvidas.
Proposição:

1.  k f x, y  dA  k  f x, y  dA , para todo k  IR .


R R

2.   f x, y   g x, y dA   f x, y  dA   g x, y  dA .


R R R

3. Se f x, y   g x, y  , para todo x, y   R , então  f x, y  dA   g x, y  dA .


R R

4. Se f x, y   0 , para todo x, y   R , então  f x, y  dA  0 .


R

5. Se a região R é composta de duas sub-regiões R1 e R2 que não têm pontos


em comum, exceto possivelmente os pontos de suas fronteiras, então:

 f x, y  dA   f x, y  dA   f x, y  dA


R R1 R2

INTEGRAIS DUPLAS SOBRE REGIÕES GENÉRICAS

1. Considere uma região R no plano xy limitada pelas retas x  a e x  b e


pelas curvas y  g1 x  e y  g 2 x  , conforme mostra a figura a seguir. Se f x, y  é
uma função contínua na região R, então:
g2 x 
 f x, y  dA    f x, y  dy dx
b

a g1  x 
R

*OBS.: Se na integral dupla acima consideramos f x, y   1 , temos que:


g2 x 
dy dx    y g12 x  dx   g 2 x   g1 x dx ,
b b g x b
AR   
a g1  x  a a

onde AR representa a área da região R.


2. Considere agora que R é uma região do plano xy limitada pelas retas
y  c e y  d e pelas curvas x  h1 x  e x  h2 x  , conforme mostra a figura a seguir.
Se f x, y  é uma função contínua na região R, então:
h 2 y 
 f x, y  dA    f x, y  dx dy
d

c h 1 y 
R

*OBS.: Se na integral dupla acima consideramos f x, y   1 , temos que:


h 2 y 
xhh yy dy  c h2  y   h1  y dy ,
d d d
AR    dx dy   2

c h 1 y  c 1

onde AR representa a área da região R.

Exemplos:
1. Calcular por integração dupla, a área da região limitada pelas curvas: y  2 x e
yx .2

Solução:
Vamos determinar a área da região representada na figura a seguir.

Temos:
2
 x2 x3 
dy dx    y  2 dx    
2 2x 2 2x 2
AR    2 x  x dx  2 
2
  
x2
0 0 x 0
 2 3 0
2
 x3  8 12  8 4
 x 2    4    u.a.
 3 0 3 3 3
2. Calcule  xy dA
R
sendo R a região compreendida entre y  2 x e y  x 2 .

Solução: A região de integração está representada na figura do exemplo


anterior.
Temos:
2x
2 2x 2 2x 2  y2 
 xy dA   
R
0 x2
x y dy dx   x 
0 x2
y dy dx   x    dx 
0
 2  x2
2  4x 2 x 4  2 x5 
  x     dx    2 x   dx 
3
0
 2 2  0
 2 
2 2
 x4 1 x6   x4 x6  16 64
 2          
 4 2 6  0  2 12  0 2 12
16 24  16 8
8  
3 3 3
3. Calcular por integração dupla, a área da região limitada pelas curvas: y  4  2 x e
y 2  2 x  16 .

Solução:
Vamos determinar a área da região representada na figura a seguir.

Reescrevendo as equações da reta e da parábola, obtemos respectivamente:


y4 y 2  16
x e x .
2 2
Assim a área da região R será dada por:
1
 y 4 
  
1
 y 4 
x 1
4 4 4
AR   
2 dx dy   2
dy   y  4  y 2  16 dy 
3 1 2
2
y 16  3 
1 2
y 16  3 2
2
4
1 y2 y3 
1 4
2 3

  12  y  y dy  12 y 
2

2 2
  
3  3

1
 12  4 
4 2 43 
  12   3 
 3
2

 3  343
3
  u.a.
2  2 3  2 3  12

y4 y 2  16
4. Calcule  y dA sendo R a região compreendida entre x 
R
2
e x
2
.

Solução: A região de integração está representada na figura do exemplo


anterior, então:
1
 y 4 
  
1
 y 4 
y dx dy   y  x 
4 4 4 y
 y dA     dy   y  4  y 2  16 dy 
2 2

R
3 1 2
2
y 16  3 
1 2
y 16  3 2
2
4
1 12 y 2 y 3 y 4 
1 4
2 3

  12 y  y 2  y 3 dy  
2 2

3

  
4  3


1
 
43 4 4 
      2

 33   34  343
 

2
6 4 6 3
2  3 4  3 4 
 24

CÁLCULO DE VOLUMES POR INTEGRAÇÃO DUPLA:

Exemplos:
1. Calcular por integração dupla o volume do sólido limitado pelos planos
coordenados, pelos planos x  1 , y  1 e z  2  x  y .

Solução: Vamos calcular o volume representado na figura a seguir.


Temos:
1
 y2 
V    2  x  y  dy dx   2 y  xy   dx 
1 1 1

0 0 0
 2 0
1
 1 12  13  3 x2 
   2  1  x  1   dx     x  dx   x   
0
 2  0
2  2 2 0
3 1
   1u.v.
2 2

2. Calcular por integração dupla, o volume do sólido limitado pelos planos


coordenador e pelo plano z  1  x  y .

Solução: Vamos calcular o volume representado na figura a seguir.

1 x
1 1 x  2

1  x  y  dy dx  0  y  xy  y  dx 
1
V  
0 0
 2 0
 1  x 
2
1  1  2x  x
2

1  x  x  1  x  
1
  dx  0   dx 
0
 2   2 
1  1  x  
1
1  1 1
3
  1  x  dx    
1 1
    0    u.v.
2

2 0 2  3 0 2  3 6

3. Calcular o volume do sólido limitado pelos planos coordenados e pelas


superfícies: z  2  y e x  4  y 2 .

Solução: Vamos calcular o volume representado na figura a seguir.


2  y  dx dy  0 2 x  xy 04 y
2 4 y 2 2
V  
2
dx 
0 0
2
      2

  2  4  y 2  4  y 2  y dx   y 3  2 y 2  4 y  8 dx 
0 0

2
 y4 y3 y2  68
   2  4  8 y   u.v.
4 3 2 0 3

4. Calcular por integração dupla, o volume do sólido limitado no 1º octante


pelos planos coordenados, pelo plano x  2 y  2 e pelo parabolóide z  4  x 2  y 2 .

Solução: Vamos calcular o volume representado na figura a seguir.

2 2 y
 
V 
1

2 2 y
 
4  x  y dx dy   4 x 
2 2 x3 1
 xy 2  dy 
0 0 0
 3 0
1 
  4  2  2 y  
2  2 y 3  2  2 y   y 2  dy  1 1 14 y 3  30 y 2  16 dx   
3 0

 3 
0

1
1  y4 y3  19
  14   30   16 y   u.v.
3  4 3 0 6
CÁLCULO DE VOLUMES POR INTEGRAÇÃO TRIPLA

Vimos que a área de uma região plana R pode ser calculada através de uma
integral definida simples e também por uma integral dupla sobre a região R. De modo
análogo, podemos calcular o volume de um sólido através de uma integral dupla e
também através de uma integral tripla.
Exemplos:
1. Calcular por integração dupla, o volume do sólido limitado no primeiro
octante pelos planos coordenados y  0 e z  0 e pelas superfícies: z  1  y 2 ,
x  3 e y  2x .

Solução:
Vamos calcular por integração tripla o volume do sólido representado na figura a
seguir

 z  0  1  y dx dy 
1 3 1 y 2 1 3 1 3
V    dz dx dy   1 y
dx dy  
2
2
y y y
0 0 0 0
2 2 2

1 y3 
  
 y

  1  y 2  x  y dy   1  y 2   3   dy    3   3 y 2 
3
1 1 y
 dy 
0
2
0
 2 0
 2 3 
1
 y 2 3y3 y 4  1 1 11
 3 y      3  1  u.v.
 4 3 12  0 4 12 6

2. Calcular por integração dupla, o volume do sólido limitado no primeiro


octante pelos planos coordenados e pelos planos: z  6  y , x  3 e y  4 .

Solução: Vamos calcular por integração tripla o volume do sólido representado


na figura a seguir.
 z 
3 4 6 y
 6  y  dy dx 
3 4 3 4
V   dz dy dx   dy dx  
6 y
0
0 0 0 0 0 0 0
4
 y2 
  6 y   dx   24  8 dx  16  x 0  16  3  48u.v
3 3 3
0
 2 0 0

3. Calcular por integração dupla, o volume do sólido limitado no primeiro octante


pelos planos coordenados e pelos cilindros: y 2  z 2  1 , x 2  z 2  1 .

Solução: Vamos calcular por integração tripla o volume do sólido representado


na figura a seguir.

y 0 1 z
1 1 z 2 1 z 2 1 1 z 2 1 1 z 2
V    dy dx dz    dx dz   
2
1  z 2 dx dz 
0 0 0 0 0 0 0


1

0
1  z 2 x  0 1 z dz  
2 1

0
1  z 2  1  z 2 dz   1  z 2 dz 
0
1
 
1
 z3  1 2
  z    1   u.v.
 3 0 3 3

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