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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

INSTITUTO DE MATEMÁTICA, ESTATÍSTICA E FÍSICA


CÁLCULO DIFRENCIAL E INTEGRAL I

COORDENADAS POLARES

Seja P um ponto do plano cuja distância até a origem (ponto O) seja igual a r e
seja o ângulo (geralmente medido em radianos) entre o eixo polar e a reta OP,
conforme mostra a figura abaixo.

Assim, o ponto P é representado pelo par ordenado r ,  , sendo r e  as


coordenadas polares do ponto P. Usamos a convenção de que um ângulo é positivo se
for medido no sentido anti-horário e negativo se for medido no sentido horário. Se
P  0 , então r  0 , e convencionamos que 0,  representa o polo para qualquer valor
de  . Quando r é negativo, convencionamos, conforme mostra a figura abaixo, que os
pontos  r ,  e r ,  pertencem a mesma reta que passa pelo polo (ponto O) e estão à
mesma distância r de O. Observe que o ponto  r ,  representa o mesmo ponto
r,    .

A relação entre as coordenadas polares e cartesianas pode ser observada na


figura a seguir, na qual o polo corresponde à origem do sistema de coordenadas
cartesianas e o eixo polar coincide com o eixo dos x.
Se o ponto P tiver coordenadas cartesianas x, y  e coordenadas polares r ,  ,
então a partir da figura acima temos:
x y
cos   e sen 
r r
ou seja:

Embora as equações acima tenham sido deduzidas de acordo com a figura



anterior, considerando o caso r  0 e 0    , estas equações são válidas para todos
2
os valores de r e  . A partir das equações anteriores e também a partir da figura
anterior, podemos obter as seguintes equações:

Curvas Polares: O gráfico de uma equação polar r  f   consiste em todos os pontos


Pr ,  que possuem pelo menos uma representação r ,  cujas coordenadas satisfazem
a equação polar.

Exemplos de algumas curvas:


INTEGRAIS DUPLAS EM COORDENADAS POLARES

Suponha que desejamos calcular a integral dupla  f x, y  dA , onde R é uma das
R
regiões mostradas a seguir.

Nos dois casos a descrição da região R é complicada em coordenadas


cartesianas, mas fica mais fácil em coordenadas polares.
A figura a seguir representa o retângulo polar (retângulo curvo)
R  r ,  a  r  b,      .

Para calcular a integral dupla  f x, y  dA ,


R
onde R é o retângulo polar,

ba
dividimos o intervalo a, b em m subintervalos ri1 , ri  de larguras iguais r  e
m
dividimos o intervalo  ,   em n subintervalos  j 1 , j  de larguras iguais
 
  . Então os círculos r  ri e    j dividem o retângulo polar R nos
n
retângulos polares menores mostrados na figura a seguir.
As coordenadas polares dos centros das sub-regiões determinadas, que
chamaremos de sub-retângulos polares Rij  r ,  ri1  r  ri , j1     j , tem as
seguintes coordenadas polares:
ri  ri1  ri  e  j   j 1   j  .
1 1
2 2

Temos que a área de um setor circular de raio r e ângulo central  é igual a


1 2
r  . Como a área do sub-retângulo polar pode ser considerada como a diferença entre
2
as áreas de dois setores circulares de raios ri1 e ri , ambos com ângulo central
   j   j 1 , temos que a área de Rij é dada por:

Ai 
1 2
2
1 1
ri   ri21  ri 2  ri 21  
2 2
 
 ri  ri 1 ri  ri1   ri r
1
2   
  r
ri

Apesar de termos definido a integral dupla  f x, y  dA


R
em termos de

retângulos convencionais, podemos mostrar que para funções contínuas f, obtemos a


mesma resposta usando os retângulos polares. As coordenadas cartesianas do centro de
Rij são ri cos  j , ri sen j  , portanto uma soma de Riemann dada por:

 f r cos  , r sen r r


m n

i j i j i
i 1 j 1

Assim, se f é contínua no retângulo polar R dado por 0  a  r  b,      ,


onde 0      2 , então:

 f r cos  , r sen r r    f r cos  , rsen  rdrd


m n 
f x, y  dA  lim
b

R
m ,n
i 1 j 1
i j i j i
a

A fórmula acima define a conversão das coordenadas cartesianas para as


coordenadas polares em uma integral dupla, escrevendo x  r cos  e y  rsen ,
usando os limites de integração apropriados para r e  , e substituindo dA por rdrd .
 3x  4 y dA , onde R é a região do semiplano superior limitado
2
Exemplo: Calcule
R

pelos círculos x  y  1 e x 2  y 2  4 .
2 2

Solução:

A região R pode ser descrita como:



R  x, y  1  x 2  y 2  4 , 
que corresponde a metade do anel mostrado na figura a seguir e que em coordenadas
polares é dado por 1  r  2 e 0     .

Então fazendo a conversão das coordenadas cartesianas para as coordenadas


polares conforme definimos anteriormente, temos:

 3x  4 y dA    3r cos   4r 


 2
2 2
sen 2 rdrd 
0 1
R

 3r 
 2
 2
cos   4r 3 sen 2 drd 
0 1
2
  r3 r4 
  3
3  cos   4  sen 2  d 
0
 4 1
 
  
   7 cos   15 
sen
 
2
  d 
0
 1 1
 cos 2

 2 2 
 15 15 
   7 cos    cos 2  d 
0
 2 2 

 15 15  15
 7 sen    sen2  
 2 4 0 2

*OBS.: 1. Conforme vimos anteriormente, se f x, y  for contínua e não negativa na



 f x, y  dA    f r cos  , rsen  rdrd
b
região polar R, então a integral dupla
a
R
representa o volume do sólido limitado inferiormente pela região polar R e
superiormente pela superfície f x, y  .
2. A forma como definimos a integral dupla sobre uma região polar pode ser
estendida para outros tipos de regiões polares, como por exemplo a região representada
na figura a seguir.

Assim, se f x, y  é contínua na região D  r,       , h1   r  h2  ,


então:
  h2  
 f x, y  dA      f r cos  , rsen  rdrd
D
h1

3. Em particular, se f x, y  =1 nas integrais duplas


 b
 f x, y  dA    f r cos  , rsen  rdrd
 a
R
e
  h2  
 f x, y  dA      f r cos  , rsen  rdrd ,
D
h1

então:
 b
 dA  
R
 a  rdrd  Área da região R
e
 h2  
 dA      rdrd  Área da região D
D
h1

Exemplos:

1. Calcular por integração dupla em coordenadas polares a área da região interior


à curva r  4 cos  e exterior à curva r  2 .

Solução:

A figura a seguir mostra a região R.


De acordo com a figura temos:
  4 cos
4 cos r2 
AR   dA  2 3
 rdrd  2 3
2 d 
R
0 2 0
 2
 
   
 2 3  8 cos 3 4  4 cos 2  2 d 
     
2
 2 d 2
0
 1  1 cos2  0

 2 2 
 
 2 3 2  4 cos 2 d  22  2sen2 03 
0

 4 4 3 
    u.a.

 3 2 

2. Calcular por integração dupla em coordenadas polares a área da região interior


à cardióide r 1  sen .

Solução: A região R está representada na figura a seguir.

De acordo com a figura temos:

  1 sen
1 sen r2 
AR   dA  2    2 rdrd  2   
2 d 
2 
R

2
0  2 0
 
 2 2

1  sen 2 d    
 2 
2 1  2 sen  sen 
  d 
2
  

2
2 1 1
 cos 2

 2 2 


3 1   3 1 2 3
  2   2 sen  cos 2  d    2 cos   sen2   u.a.
 2 2  2 4  2
2
2

3. Calcular por integração dupla em coordenadas cilíndricas, o volume do sólido


limitado pelo plano z  0 e pela superfície z  1  x 2  y 2 .

Solução:

A figura a seguir mostra o sólido procurado.


Temos que:
2
V   f  x, y  dA   1  x 2  y 2 dA  
1

R R
0 
0
1  r 2  rdrd 

1
 3 

1 2 1
 
1
1 2  1  r 2 2 
    1  r   2rdrd    
 
 d 
2
2

2 0 0 2 0  3 
 2 0
1 2 2
 0  1 d   d   0 
1 2 2 1 2
  u.v.
2 0 3 3 0 3 3

4. Calcular por integração dupla em coordenadas cilíndricas, o volume do sólido


limitado no interior do cilindro x 2  y 2  2 y , z  0 e abaixo do cone z  x 2  y 2 .

Solução:

Observe que completando quadrados, a equação x 2  y 2  2 y se transforma em


x 2   y  1  1 . Além disso, fazendo a conversão das equações cartesianas para as
2

coordenadas cilíndricas, temos:


(i) x 2  y 2  2y , então obtemos a equação r  2sen .

r2 2 rsen

(ii) z  x 2  y 2  r 2 , então obtemos a equação z  r .

A figura a seguir representa o sólido procurado.

De acordo com a figura, temos que o volume do sólido é dado por:


 2 sen
V   f  x, y  dA   x 2  y 2 dA    r  rdrd 
0 0
R R
2 sen
 2 sen r3 
  8
  r drd    
2
d   sen3 d 
0 0 0
 3 0 0 3

8 
  sen  sen
3 0   
2 8 
3 0

 d   sen  1  cos 2  d  
1cos2 

8 cos 3  
8 
3 0
 2

3

  sen  sen cos  d   cos  
3  0

8 4 32
   u.v.
3 3 9

CÁLCULO DE VOLUMES POR INTEGRAÇÃO TRIPLA EM COORDENADAS


CILÍNDRICAS:

Do mesmo modo como consideramos nas coordenadas cartesianas, podemos


calcular o volume de um sólido sobre uma região polar através da integração dupla em
coordenadas cilíndricas e também através da integração tripla em coordenadas
cilíndricas.

Exemplos:

1. Calcular por integração tripla em coordenadas cilíndricas, o volume do sólido


limitado superiormente pela esfera x 2  y 2  z 2  16 e inferiormente pelo cone
z  x2  y 2 .

Solução:

O sólido está representado na figura a seguir.

Fazendo a conversão das equações cartesianas para as coordenadas cilíndricas, temos:

(i) da equação x 2  y 2  z 2  16 , obtemos: r 2  z 2  16  z 2  16  r 2 . Como



r2
no sólido proposto é considerado somente o hemisfério norte da esfera, temos
z  16  r 2 .
(ii) da equação z  x 2  y 2 , obtemos z  r .
 z  16  r 2
Considerando a intersecção das duas superfícies temos:  , daí
 zr
obtemos: r  16  r 2 , ou seja: r 2  16  r 2  2r 2  16  r  2 2 . Como z  r e
z  0 , obtemos z  r  2 2 . Assim a curva de interseção das duas superfícies projetada
no plano xy é a circunferência de centro na origem e raio r  2 2 . Assim o volume do
sólido é dado por:
r  z r
2 2 2 16r 2 2 2 2
V    rdzdrd   
16r 2
drd 
0 0 r 0 0


0
2

0
2 2

r  16  r 2  r drd    2

0 
0
2 2


 
r 16  r 2 2  r 2  drd 
1


2 2
 
 
3 2 2
 1 16  r 2 r   1 r3 
 
3
2 2
2
   d     d 
3
  3    16  r 2
0
 2 3 0
 3 3 0
 2 0
 64  32 2  2
 
3 
 64  32 2 
  d  
 3
   02 

64
3
2  2 u.v.  
   
0

2. Calcular por integração tripla em coordenadas cilíndricas, o volume do sólido


limitado pelas superfícies: x 2  y 2  9 , z  2 e z  4 .

Solução:

O sólido está representado na figura a seguir.

Observe que a equação do cilindro x 2  y 2  9 é dada em coordenadas


cilíndricas por: r  3 . De acordo com a figura, temos que o volume do sólido é dado
por:

 r  z  drd   2r drd 
2 3 4 2 3 2 3
V   rdzdrd  
4
2
0 0 2 0 0 0 0
3
2  r 
2
d  9   0  18 u.v.
2 9
 2   d  2
2
0
 2 0 0 2

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