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2 SOCIOLOGIA, MODERNIDADE E CIÊNCIA

Relação principal: no início do período o Rei e o Súdito simbolizavam a


maior relação existente na sociedade da época. No final do período, o
Governo e o trabalho aparecem como a relação que predominou.  A divisão
social: início das classes sociais descritas por Marx e outros pensadores que
estudavam a sociedade. Economia ou modo de produzir as
coisas: surgimento das primeiras fábricas e oficinas. O capitalismo era
mercantilista na época das grandes navegações, e no início da idade
contemporânea o capitalismo industrial veio assim se caracterizando, com a
revolução industrial.  As leis e os códigos de condutas sociais: com o início
das estruturações e configurações dos Estados-nações e, sobretudo, na Idade
Contemporânea, com a Revolução Francesa, a questão do direito se tornou
presente em muitos países. Surge a discussão sobre os Direitos Universais do
Homem. A visão de mundo, religião, educação, conhecimento, meio
ambiente e cultura: a visão de mundo passa pelo parâmetro do
Antropocentrismo. A Igreja Protestante nasce com Lutero. Contrarreforma
Católica com os Jesuítas. A natureza é vista como algo a ser explorado para a
produção de artefatos culturais. Nesse período, vigorava a ideia de que a
natureza era fonte inesgotável de riquezas. Nascimento das primeiras
Universidades Modernas, o conhecimento é ampliado em diversas disciplinas
ou áreas, sobretudo aquelas que podem auxiliar o ser humano na compreensão
do mundo, da sociedade que está sendo gestada. Fortalecimento do
liberalismo e início dos ideais comunistas/socialistas.

COMO A IDADE MODERNA PODE SER ENTENDIDA 


Pode ser entendida pelas grandes transformações ocorridas no território
europeu no período. Foi durante a Idade Moderna que os europeus
realizaram as Grandes Navegações e a Expansão Marítima, criando as
condições para a dominação de continentes inteiros, como a África e a
Idade Moderna recém-conhecida América. O domínio dessas regiões resultou na
conquista de inúmeras riquezas por parte das classes dominantes
europeias, criando as bases para que pudessem expandir,
posteriormente, sua forma de organização social para o restante do
mundo.

Esses e outros fatores influenciaram a vida moderna (Capitalismo


mercantilista, Grandes Navegações, Renascimento, Iluminismo, Reforma
Luterana, Contrarreforma Católica). De uma vida essencialmente no campo, a
Europa passa a viver nas cidades que nascem com o capitalismo mercantilista
e mais tarde com o capitalismo industrial.
Também é possível destacar algumas características da Idade Moderna que
ainda condicionam a vida em Sociedade:

A Separação Tempo e Espaço: O ritmo das mudanças, que na modernidade


se dá de maneira muito mais acelerada do que acontecia nas sociedades pré-
modernas. As mudanças ocorridas nas sociedades pré-modernas aconteciam
em uma localidade e ficavam ali restritas, sem influenciar outros centros ou
localidades. Isso não ocorreu na modernidade, em que diferentes áreas do
planeta foram postas em interconexão. O papel dos agentes e instituições: tais
como a família e a Igreja, se modificaram em termos econômicos e culturais,
bem como o surgimento dos Estados Nações em oposição às cidades ou
reinos. Desenvolvimento das cidades: o desenvolvimento de uma sociedade
majoritariamente urbana, que acarretou profundas e diversas modificações na
maneira de ser e estar no mundo. O centro condutor da vida: com a
modernidade, há uma mudança significativa de mentalidade. O ser humano
começa a valorizar com mais ênfase as suas capacidades racionais (ampliação
do conhecimento, maior uso do conhecimento científico, não somente do
conhecimento religioso).

Todas essas transformações, conhecimentos e invenções mudaram por


completo a vida das pessoas que viviam na Europa, no início e durante a Idade
Moderna. Novos conhecimentos foram produzidos para se compreender e
viver em sociedade, as Universidades começaram a ter um importante papel
para essa compreensão, bem como a educação começa a ser vista como direito
e essencial à vida humana. Sobre o modo de produzir as coisas e de
transformar a natureza em bens culturais ou objetos de uso, podemos citar que
nesse período o desenvolvimento do mercantilismo possibilitou a ruptura da
economia feudal. O mercantilismo antecedeu o desenvolvimento da indústria
e trouxe novas necessidades com o surgimento da burguesia, diferentes dos
interesses da nobreza. Posteriormente, o mercantilismo será substituído pelo
capitalismo industrial.

O que foi o Capitalismo Mercantilista ou Comercial?

QUADRO 7 – PRIMEIRA FASE DO SISTEMA CAPITALISTA:


CAPITALISMO COMERCIAL (MERCANTILISTA) – SÉCULO XV –
XVIII
A fase do capitalismo comercial é também chamada de pré-capitalista. Naquele
momento ainda não havia industrialização e o sistema estava baseado em trocas comerciais.
O modelo econômico adotado nesse período foi o mercantilismo, que tinha como principais
características:

o controle estatal da economia – o Rei controlava o mercado;

o protecionismo – proteção do mercado interno;

o metalismo – acúmulo de metais preciosos;

e a balança comercial favorável – mais exportação do que importação.

A crença naquele momento era de que a riqueza disponível no mundo não poderia ser
aumentada, apenas redistribuída. Assim, os países buscavam a acumulação de riquezas por
meio da proteção da economia local e acúmulo de metais decorrente das trocas comerciais
que realizavam com outros países. Foi nesse período que nações europeias exploraram os
recursos de suas colônias, como aconteceu aqui nas Américas.

A monetização é uma ação humana e significa o aproveitamento de algo como


fonte de lucro. O termo é derivado do verbo monetizar, que designa o ato de
transformar algo em dinheiro. Basicamente, qualquer coisa (objeto,
informação, título, dívida etc.) pode ser usada para monetização. Na
atualidade até mesmo as relações entre pessoas.

No início da Idade Moderna, a Europa ainda tinha como base religiosa a Igreja
Católica Apostólica Romana. Essa liderança foi abalada, com um Movimento
liderado por um Monge Agostiniano, Martinho Lutero, que criticou as
indulgências e certas normas católicas, provocando o Movimento de Reforma
Luterana ou Protestante.

Reforma protestante

Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão do século XVI liderado por
Martinho Lutero, simbolizado pela publicação de suas 95 Teses em 31 de outubro de 1517 na
porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Tendo por ponto de partida as críticas às vendas de
indulgências, o movimento de Lutero tornou-se conhecido como um protesto contra os
abusos do clero, evoluindo para uma proposta de reforma no catolicismo romano a partir da
mudança em diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, com base no que Lutero
entendia como um retorno às escrituras sagradas. Os princípios fundamentais extraídos da
Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco Solas.

A Reforma Protestante teve causas relacionadas a


aspectos políticos, econômicos e teológicos e resultou da corrupção existente na Igreja
Católica. Além disso, resultado de interesses políticos oriundos de nobres que viram na
reforma uma possibilidade de romper o vínculo de autoridade com o papa. Por fim, foi
imposta a questão dos interesses econômicos, uma vez que a Igreja estipulava a cobrança de
impostos de todos os seus fiéis.

No aspecto teológico, o ponto imediato a ser destacado é a insatisfação de Martinho Lutero


com as práticas da Igreja Católica. A Igreja de Roma era, naquele período, a maior
autoridade da Europa Ocidental e detinha um imenso poder, uma vez que era dona de terras e
riquezas gigantescas. Além disso, a autoridade do papa impunha-se além do campo religioso,
alcançando o campo secular (político). Os reis da Europa tinham seu poder sustentado pela
autoridade da Igreja, uma vez que era praticamente impossível manter-se no comando sem a
aprovação do papa. Sendo assim, a Igreja Católica possuía o monopólio da vida política e
religiosa europeia. Centrado no aspecto teológico, muitos começaram a questionar as
posições da Igreja. Antes mesmo de Lutero, já haviam existido na Europa movimentos
religiosos e figuras do clero católico que questionavam determinados princípios do
catolicismo. Em longo prazo, pode-se ressaltar, por exemplo, os valdenses, que surgiram na
França no final do século XII. Em um período imediato, isto é, poucos anos antes do início
da reforma, existiram os pré-reformadores na Europa, que teceram críticas à Igreja de Roma.
Dois nomes que se destacaram nesse contexto foram John Wycliffe e Jan Hus. O primeiro
criticava o acúmulo de poder político e os desvios da Igreja dos verdadeiros ensinamentos de
Jesus. O segundo tecia críticas parecidas contra o enriquecimento da Igreja e a venda de
indulgências.

Com relação às questões políticas, existia uma série de reis, nobres e autoridades em geral
que estavam interessados em romper o poder secular com o religioso. Isso significa que
muitos viam o rompimento como uma forma de consolidar ou de assegurar mais poder sem a
necessidade de ter que se sujeitar a outra autoridade – no caso, o papa.

Nas questões econômicas, há de se destacar que na região norte da Europa havia uma


insatisfação muito grande com a quantidade de impostos que deveriam ser repassados para a
Igreja. Tal questão intensificava-se em um contexto em que as penínsulas Itálica e Ibérica
estavam em franco desenvolvimento e enriquecimento, enquanto regiões como a que
corresponde à atual Alemanha eram pobres e enfrentavam dificuldades econômicas.

A construção teológica iniciada por Martinho Lutero deu origem a um


princípio conhecido como Cinco Solas:

 Sola fide (somente a fé).
 Sola scriptura (somente a Escritura).
 Solus Christus (somente Cristo).
 Sola gratia (somente a graça).
 Soli Deo gloria (glória somente a Deus)

Martinho Lutero foi o fundador do protestantismo, vertente do cristianismo


que rompeu com a Igreja Católica.

No aspecto cultural da Idade Moderna, podemos destacar o Antropocentrismo


e o Renascimento. Contrário ao Teocentrismo, o Antropocentrismo é um
conceito filosofia que ressalta a importância do ser humano como um ser
dotado de inteligência e, portanto, livre para realizar suas ações no mundo. A
palavra vem do grego, significa o ser humano no centro, ou seja, todos os
parâmetros para se viver em sociedade passam pelo ser humano. A Política, a
Economia, a Religião e a Arte terão como centro o Ser Humano. Se na Idade
Média a Cultura era permeada de anjos, igrejas, devoções, santos, das coisas
de Deus, agora, na Idade Moderna, tudo aquilo que a representa ou está
relacionado com a condição humana e o próprio ser humano passar ser um
parâmetro norteador na produção cultural (peças teatrais, música, pinturas).

Monalisa abaixo Monalisa é um exemplo desse período. Ela é retratada


sozinha, no centro. Centro e Individualização, duas características do
Antropocentrismo.

Importante sublinhar que durante a Idade Moderna o homem passa a dar maior
importância a si mesmo, valorizando sua condição humana e sua capacidade de
intervenção na natureza. A visão teocêntrica é sobreposta pela visão antropocêntrica da
realidade. Essa perspectiva de mudança é inter-relacionada com dois novos valores da
sociedade moderna, o individualismo – valorização do indivíduo, e o racionalismo –
valorização da razão

condição para que a educação cumpra seu papel social e político?

FONTE: <https://bit.ly/2W1B7Lr>. Acesso em: 20 mar. 2021

Outro grande Sociólogo desse período é Max Weber. A partir de agora vamos
apresentar a vida, obras e seus conceitos:

FIGURA 13 – MAXIMILIAN KARL EMIL WEBER 


FONTE: <https://bit.ly/3iUpkan>. Acesso em 20 mar. 2021.

Foi na cidade de Erfurt que nasceu Max Weber, em uma família de burgueses
liberais. Desenvolveu estudos de direito, filosofia, história e sociologia,
constantemente interrompidos por uma doença que o acompanhava por toda a
vida. Iniciou a carreira de professor em Berlim e em 1895 foi catedrático em
Heidelberg. Manteve contato permanente com intelectuais de sua época, como
Simmel, Sombart, Tönnies e Georg Lukács. Na política, defendeu
ardorosamente seus pontos de vista liberais e parlamentarista e participou da
comissão redatora da Constituição da República de Weimar. Sua maior
contribuição nas pesquisas e estudos sociológicos foi na Sociologia da
Religião, estabelecendo relações da formação política e crenças religiosas.
Suas principais obras foram: Artigos reunidos da Sociologia da Religião;
Artigos reunidos da Teoria da Ciência; Economia e Sociedade (obra póstuma);
Ética Protestante e Espírito do Capitalismo. Morreu em Monique (COSTA,
1987).

Max Weber formulou com precisão o conceito de ação social, que para ele
baseia-se no processo comunicativo entre sujeitos, tomando como ponto de
partida o sentido dado pelo autor de uma ação e seu objetivo.

QUADRO 14 – TEORIA DA AÇÃO SOCIAL

A teoria sociológica da ação social foi amplamente trabalhada pelo teórico Max Weber, que
acreditava que a principal função da Sociologia era compreender os diversos aspectos da
ação social. A ação social é entendida por Weber como qualquer ação realizada por um
sujeito em um meio social que, no entanto, possua um sentido determinado por seu autor. O
contínuo processo de comunicação está intimamente ligado ao conceito de ação social. A
manifestação do sujeito que deseja uma resposta é manifestada em função dessa resposta. Em
outras palavras, uma ação social constitui-se como ação a partir da intenção de seu autor
quanto à resposta que deseja de seu interlocutor.

A partir desse entendimento, Weber justifica que a função dos esforços sociológicos é
justamente tentar compreender os sentidos dados às ações humanas em suas relações sociais.
As relações humanas e, por sua vez, as ações que estão inseridas no contexto dessas relações,
possuem sentido atribuído a elas por seus autores. Para que se compreenda o processo de
comunicação e de interação social, é necessário, então, que se compreenda o sentido da ação,
bem como, ainda mais importante, desvende-se o objetivo do autor da ação em seu esforço
comunicativo. Peguemos, por exemplo, a ação social de um abraço, que pode carregar uma
infinidade de sentidos. O autor da ação, ao realizá-la, deseja que seu interlocutor apreenda o
sentido que desejou implantar em seu ato, e não apenas que entenda o sentido genérico do ato
de abraçar.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3CUOvBw>. Acesso em: 29 jul. 2021.

FIGURA 14 – CARACTERIZAÇÃO DA AÇÃO SOCIAL

FONTE: <https://bit.ly/3spSxNy>. Acesso em: 20 mar. 2021.


Max Weber escreveu sobre os tipos de dominação. O autor citou que podemos
legitimar três tipos:

QUADRO 15 – TIPOS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA

Dominação Legal: onde qualquer direito pode ser criado e modificado através de um estatuto
sancionado corretamente, tendo a “burocracia” como o tipo mais puro desta dominação. Os
princípios fundamentais da burocracia, segundo o autor, são a Hierarquia Funcional, a
Administração baseada em Documentos, a Demanda pela Aprendizagem Profissional, as
Atribuições são oficializadas e há uma Exigência de todo o Rendimento do Profissional. A
obediência se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra, que se conhece
competente para designar a quem e em que extensão se há de obedecer. Weber classifica este
tipo de dominação como sendo estável, uma vez que é baseada em normas que, como foi dito
anteriormente, são criadas e modificadas através de um estatuto sancionado corretamente. Ou
seja, o poder de autoridade é legalmente assegurado.

Dominação Tradicional: onde a autoridade é, pura e simplesmente, suportada pela existência


de uma fidelidade tradicional. O governante é o patriarca ou senhor, os dominados são os
súditos e o funcionário é o servidor. O patriarcalismo é o tipo mais puro desta dominação.
Presta-se obediência à pessoa por respeito, em virtude da tradição de uma dignidade pessoal
que se julga sagrada. Todo o comando se prende intrinsecamente a normas tradicionais (não
legais), como um tipo de “lei moral”. A criação de um novo direito é, em princípio,
impossível, em virtude das normas oriundas da tradição. Também é classificado por Weber
como sendo uma dominação estável, devido à solidez e estabilidade do meio social, que se
acha sob a dependência direta e imediata do aprofundamento da tradição na consciência
coletiva.

Dominação Carismática: onde a autoridade é suportada graças a uma devoção afetiva por
parte dos dominados. Ela assenta sobre as “crenças” transmitidas por profetas, sobre o
“reconhecimento” que pessoalmente alcançam os heróis e os demagogos, durante as guerras
e revoluções, nas ruas e nas tribunas, convertendo a fé e o reconhecimento em deveres
invioláveis que lhes são devidos pelos governados. A obediência a uma pessoa se dá devido
as suas qualidades pessoais. Não apresenta nenhum procedimento ordenado para a nomeação
e substituição. Não há carreiras e não é requerida formação profissional por parte do
“portador” do carisma e de seus ajudantes. Weber coloca que a forma mais pura de
dominação carismática é o caráter autoritário e imperativo. Contudo, Weber classifica a
Dominação Carismática como sendo instável, pois nada há que assegure a perpetuidade da
devoção afetiva ao dominador, por parte dos dominados.

FONTE: Adaptado de Weber (1982)

Segundo o professor e pesquisador Sell (2002), podemos apresentar os tipos


ideais de educação de Max Weber da seguinte forma:

 Educação carismática: conforme explica Weber, “isto significa que eles


[os educadores] simplesmente desejavam despertar e testar uma
capacidade considerada como um dom de graça exclusivamente
pessoal, pois não se pode ensinar nem preparar um carisma” (WEBER,
1982, p. 482). Entre os exemplos citados por Weber estão os mágicos
(ou feiticeiros) e os heróis guerreiros,
 Educação especializada: de acordo com a explicação de Weber, trata-se
das “tentativas especializadas de treinar o aluno para finalidades úteis à
administração – na organização das autoridades públicas, escritórios,
oficinas, laboratórios industriais, exércitos disciplinados” (WEBER,
1982, p. 482). Weber esclarece ainda que esse treinamento pode ser
realizado com qualquer pessoa.
 Educação humanística: retomando os termos weberianos temos, que “a
pedagogia do cultivo finalmente procura educar um tipo de homem,
cuja natureza depende do ideal de cultura da respectiva camada
decisiva. Isso significa educar um homem para certo comportamento
interior e exterior” (WEBER, 1982, p. 483). Entre os exemplos citados
pelo autor está a camada dos guerreiros no Japão, no qual “a educação
visará a fazer do aluno um cavalheiro e um cortesão estilizado, que
despreza os homens que usam a pena, tal como os samurais japoneses
os desprezaram” (WEBER, 1982, p. 483). Depois dessas definições
conceituais, Weber se dirige para a realidade, perguntando-se pelo
caráter da educação chinesa: “o importante, no caso, é definir a posição
da educação chinesa em termos dessas formas” (WEBER, 1982, p.
482).

O professor e pesquisador Sell (2002) prossegue sua explanação, afirmando


que Weber também faz várias referências à educação ocidental, mostrando
suas diferenças para com a educação chinesa. Pretendemos interpretar esses
fragmentos à luz da teoria weberiana da racionalização. Falando da educação
moderna, Weber toma como exemplo o caso da Alemanha, e constata o
conflito entre uma concepção humanista de educação uma concepção técnica
de educação:

Na Alemanha, essa educação [trata-se da educação humanista] foi, até


recentemente e de forma quase exclusiva, uma condição preliminar para a
carreira oficial que leva a posições de comando na administração civil e
militar. Ao mesmo tempo, essa educação humanista marcou os alunos que se
preparavam para tais carreiras, como pertencendo socialmente ao estamento
culto, porém, trata-se de uma diferença muito importante entre a China e o
Ocidente o treinamento racional e especializado foi acrescentado a essa
qualificação educacional honorífica, que substituiu em parte (SELL, 2002, p.
483).

Portanto, todas as vezes em que discorre sobre a educação ocidental, Weber


insiste nas características racionais desta última. Em suma, o processo
histórico de desenvolvimento da educação no Ocidente também é o
desenraizamento e o multiculturalismo pensado por Weber em termos de um
processo de racionalização. Além disso, a vitória da educação técnica sobre a
educação humanística na Alemanha também demonstra como a força
avassaladora do processo de desencantamento e “secularização do mundo”
atinge todas as esferas da vida social, inclusive a educação.

As grandes contribuições de Weber para a Sociologia da Educação: de forma


simples, a educação consiste na maneira de preparar os homens para o
exercício das funções estabelecidas pela racionalização da vida. A educação
sistemática constitui uma série de conteúdos que servem para treinar os
indivíduos para operar nessas novas funções racionais, ou seja, a
administração burocrática do Estado Moderno. Isso está diretamente ligado ao
mundo Ocidental, onde a complexificação da sociedade e o capitalismo
geraram uma racionalização da vida social e a educação, portanto, voltou-se
para a formação de indivíduos aptos para as funções racionais estabelecidas.

A concepção de educação para Weber, nas palavras da professora e


pesquisadora Trevisan (2009, p. 35), é de que,

a educação humanística e intelectualizante deram espaço à ‘confecção’ de


profissionais capacitados para este mundo racional: diferentemente das ideias
de Durkheim, para quem a educação é um processo de preparação do sujeito
para constituir sua parte no todo orgânico da sociedade para a harmonia do
organismo social. De modo diferente também da teoria de Marx segundo a
qual a educação aparece como forma de emancipação do sujeito alienado pelo
capitalismo. Weber concebe a educação como uma forma de ampliar a
estratificação social, de obter dinheiro e poder, de competição entre os
indivíduos, como uma ação racional, o que chama de desencantamento.

Sobre a racionalidade e a finalidade da Educação, Weber descreve que,

conforme seu método analítico da racionalidade, há três tipos (tipos ideais) de


finalidade para a educação: despertar o carisma, preparar o aluno para uma
conduta de vida e transmitir conhecimento especializado. Vamos dar maior
importância aqui ao terceiro caso, ao que Weber chamou de pedagogia do
treinamento. Nessa perspectiva, devido à crescente racionalização da vida
social e a burocratização do aparato estatal, a educação tem paulatinamente
deixado de preparar o indivíduo de uma forma mais humanística em favor de
uma preparação mais especializada. Desse modo, Weber expressa seu
pessimismo quanto ao rumo da educação como um mecanismo de obtenção de
poder, dinheiro, de ascensão social e status (TREVISAN, 2009, p. 35).

Podemos observar que Weber via a educação como parte do processo


capitalista, da racionalização da vida, ou seja, o fim da possibilidade de
formação emancipatória e humanística do ser humano e o início de um
processo de educação para o trabalho e o dinheiro. 
4 KARL MARX E A EDUCAÇÃO

Weber não chegou a presenciar a vitória de nenhuma revolução comunista,


mas sua crítica ferrenha ao capitalismo trouxe para muitos rebeldes uma
certeza: a mudança era inevitável. Estamos falando de Karl Marx.

FIGURA 16 – KARL HEINRICH MARX 

FONTE: <https://bit.ly/3yX0Oeo>. Acesso em: 20 mar. 2021.

Nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836 matriculou-se na


Universidade de Berlim e doutorou-se em filosofia em Iena. Foi redator de
uma gazeta liberal em Colônia. Mudou-se em 1842 para Paris, onde conheceu
Friedrich Engels, seu companheiro de ideias e publicações por toda a vida.
Expulso da França em 1845, foi para Bruxelas participar da recém-fundada
Liga dos Comunistas. Em 1848 escreveu com Engels o Manifesto do Partido
Comunista, obra fundadora do marxismo enquanto movimento político e
social a favor do proletariado. Com o malogro das revoluções sociais de 1848,
Marx mudou-se para Londres, onde se dedicou a um grande estudo da
economia e da política. Marx foi um dos fundadores da Associação
Internacional dos Operários, ou Primeira Internacional. Morreu em 1883, após
intensa vida política e intelectual. Suas principais obras foram: A Ideologia
Alemã, Miséria da Filosofia, Para a crítica da economia política, A Luta de
Classes em França, O Capital (COSTA, 1987).
A palavra proletariado deriva de proletário, que tem origem no latim
advindo do antigo Império Romano. Os proletários eram os homens sem
posses, que tinham seus filhos (sua prole, daí a origem da palavra proletário)
como única coisa a oferecer ao Império para que servissem no exército
imperial.

No século XIX, o termo foi ressignificado. O filósofo e sociólogo alemão


Karl Marx utilizou o termo proletariado tal como entendemos hoje: o

, pobre, que tende a permanecer nessa condição por causa do pouco que
recebe.

FONTE: <https://bit.ly/3CXABij>. Acesso em: 22 mar. 2021.

Caro acadêmico, é o momento de estudarmos algumas ideias, conceitos e


pensamentos de Karl Marx. Alguns conceitos são básicos, tais como: forças
de produção, relações de produção, ideologia, infraestrutura, superestrutura,
classes sociais, mercadoria, alienação, mais-valia, fetichismo da mercadoria,
força de trabalho, valor de troca e valor de uso.

A perspectiva de Karl Marx era uma perspectiva de Materialismo Histórico e


Dialético, ou seja, de interpretar os acontecimentos históricos como fatores
econômicos sociais. O Materialismo Histórico é a parte real da vida, coisas
que os seres humanos precisam para sobreviver, bem como capital, trabalho
etc., ou seja, a base econômica é o seu fundamento e a produção e reprodução
da sociedade capitalista só se realiza porque capitalistas e trabalhadores
entram em uma relação de dominação e exploração.

O materialismo dialético é a concepção filosófica do Partido marxista-


leninista. Chama-se materialismo dialético porque o seu modo de abordar os
fenômenos da natureza, seu método de estudar esses fenômenos e de concebê-
los é dialético, e sua interpretação dos fenômenos da natureza, seu modo de
focalizá-los e sua teoria, é materialista.

O materialismo histórico é a aplicação dos princípios do materialismo


dialético ao estudo da vida social, aos fenômenos da vida da sociedade, ao
estudo desta e de sua história.

FONTE: <https://bit.ly/2UoFj76>. Acesso em: 12 maio 2021.

Em seus estudos, Marx relacionou os conceitos de Homem, de Trabalho e de


História, o Homem como ser de necessidades, satisfação das necessidades e
de produção de bens materiais. O Homem, aqui, é entendido nas suas relações
sociais (forma como se comportam, agem e pensam), que são determinadas
pela forma de produção da vida material. Produção Material, aqui, se entende
a partir de como os indivíduos trabalham e produzem os meios necessários
para a sustentação das sociedades. O Trabalho é entendido como ação humana
de transformação da natureza. A história humana é a história das relações dos
homens com a natureza e dos homens entre si.

Para Marx, a história das sociedades que estão baseadas na apropriação


privada dos meios de produção confunde-se com a história das lutas de
classes. O pensador procura evidenciar os antagonismos de interesses
presentes em uma sociedade de classes. O conflito é algo inerente a essa
sociedade, já que a relação entre classes está baseada na exploração e na
desigualdade social. Apesar das relações de classe não se limitarem somente à
polaridade entre detentores dos meios de produção e assalariados, já que
existem outras relações como a classe média, por exemplo, esta relação
conflituosa é que acaba por permear toda a vida social. Marx distingue dois
tipos de classes: classe em si e classe para si. A primeira seria constituída de
grupos de pessoas que compartilham de uma mesma situação, a segunda
seriam grupos que passam organizar politicamente para defenderem
conscientemente seus interesses, formando uma identidade de classe. As
condições econômicas transformam primeiro a massa da população do país
em trabalhadores. A dominação do capital criou para esta massa uma situação
comum, interesses comuns. Assim, pois, esta massa já é uma classe com
respeito ao capital, mas ainda não é uma classe para si. Na luta, esta massa se
une, se constitui como classe para si. Marx também acredita que por meio da
luta de classes é que ocorrem as transformações na sociedade. A luta de
classes seria o motor da história e a classe explorada o agente de mudança. A
luta de classes irá conduzir à ditadura do proletariado, sendo esta a transição
para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes (BASSI,
2018, s. p.).

QUADRO 15 – MAIS-VALIA
No sistema capitalista, o trabalhador vende sua força de trabalho como uma mercadoria.
Contudo, esta tem características distintas das outras mercadorias. O trabalhador oferece
sua força de trabalho e o empregador paga com o salário. Estabelece-se uma ideia de
igualdade, segundo a qual os homens são iguais diante da lei, do Estado, do mercado
etc., e se veem dessa forma.

Contudo, o valor de sua força de trabalho durante o tempo que está produzindo é maior
do que seu salário. Esse trabalho excedente é o valor não pago e que integra o capital,
transformando-se na riqueza dos dominantes.

Esse trabalho excedente é o que Marx denomina de mais-valia, que se traduz no grau de
exploração da força de trabalho pelo capital. O que impede o trabalhador de perceber que
existe um excedente de seu trabalho que não é pago é sua situação de alienação.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3g8seGU>. Acesso em: 29 jul. 2021.

QUADRO 16 – MERCADORIA

A mercadoria surge como o ponto a priori de Marx, como o pilar fundamental desse sistema
que tem como característica fundamental a aquisição de mercadorias em prol da satisfação de
necessidades pessoais, sejam elas provindas do estômago (necessidade) ou da mente (desejo),
conferindo-lhe assim um caráter universal, comum a todos. Marx apresenta-nos o conceito de
mercadoria como sendo algo com duplo caráter, que em essência define-se como Valor de
Uso (substância de valor) e Valor de Troca (grandeza de valor). As mercadorias aparecem no
mercado de infinitas formas, são produzidas de infinitas maneiras e atendem as mais diversas
necessidades. A diversidade de mercadorias é tão grande que é impossível mensurá-las em
sua totalidade. Tal diversidade é superada por Marx por meio de uma abstração, pela redução
de toda a diversidade de mercadorias existentes para apenas um fator: a utilidade. Uma
mercadoria, para ser considerada como tal, precisa antes de tudo ser útil para alguém, possuir
seu Valor de Uso, independente de qual seja essa utilidade. No entanto, não é possível
mensurar quantitativamente a utilidade de algo, sendo ela intrínseca e subjetiva. É preciso
algo que torne as mercadorias comensuráveis entre si, que possibilite a efetivação da troca
nos processos mercantis, que demonstre sua objetividade. Para Marx, a quantidade de
trabalho humano médio despendido na produção de uma mercadoria, abstraído e incorporado
nela, é que define seu caráter quantitativo, sua substância de valor, seu Valor de Troca. O
Valor de Uso é efetivado apenas durante o consumo e serve como base de sustentação para o
Valor de Troca que se realiza.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3CUqBpS>. Acesso em: 29 jul. 2021.

QUADRO 17 – ALIENAÇÃO, FEITICHISMO


A partir do conceito de alienação, Karl Marx propôs a tese de que o homem, no contexto do
Capitalismo, se aliena com relação ao fruto de seu trabalho e a sua própria essência e espécie.
Marx desenvolveu o conceito de “alienação” em sua obra “Manuscritos Econômico-
filosóficos” ou “Manuscritos de Paris” (1844), obra que, embora escrita ainda em sua
“juventude”, só veio a ser conhecida por um público maior em 1932. Nas palavras de Sell
(2013, p. 48), para Marx, a alienação significa que a “exteriorização e objetivação dos bens
sociais que resultam do processo de trabalho tornaram-se autônomos e independentes do
homem, apresentando-se como realidades ‘estranhas’ e opostas a ele, como um ser alheio que
o domina”.

Fetichismo da Mercadoria

O sistema capitalista sustenta-se graças ao desenvolvimento tecnológico que traz novos e


modernos elementos e aumento da produtividade. Esse aumento na produtividade se dá
devido ao que Marx chamou de divisão do trabalho social, em que cada qual realiza sua
atividade individual abstrata, sua “especialidade”, sem relação com o produto final. Esse
sistema atende aos interesses particulares dos grupos dominantes e muito eventualmente o
trabalhador. As decisões a respeito do trabalho do proletário são tomadas pelo empregador. O
trabalhador acaba por perder o prazer por seu ofício, como se fosse um apêndice da máquina,
e que pode ser facilmente substituído por outro trabalhador que negocie melhor preço por sua
força de trabalho. O trabalhador está alienado do produto do seu trabalho. Por uma ironia
histórica, as imagens que mais são utilizadas para mostrar os trabalhadores alienados são do
filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin.
O clássico do cinema mudo mostra o Homem como se fosse uma peça da grande engrenagem
industrial, um apêndice da máquina. Dentro dos escritos contemporâneos que interpretam as
teorias de Marx, o uso das imagens do filme de Chaplin é feito para ilustrar que o produto do
trabalhador parece ter surgido independente de seu produtor, como uma espécie de feitiço.
As mercadorias no sistema capitalista ocultam as relações sociais de exploração do trabalho.
O fetichismo da mercadoria é essa espécie de obscurecimento das percepções, como se a
exploração do trabalho não ocorresse e as relações sociais existissem sob a forma de objetos,
mercadorias.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3g8seGU>. Acesso em: 29 jul. 2021.

QUADRO 18 – IDEOLOGIA
O conceito de ideologia aparece em Marx como equivalente de ilusão, falsa consciência,
concepção idealista na qual a realidade é invertida e as ideias aparecem como motor da vida
real. Para Marx, os ideólogos promoviam uma subversão entre a realidade e o
pensamento, submetendo aquela a este, isto é, invertendo a relação, de modo que os fatos se
adequassem às ideias, e não as ideias aos fatos. A Ideologia crítica concebida por Karl Marx,
em contraposição aos ideólogos alemães, era uma designação negativa do termo, atribuindo
ao termo uma dissociação proposital entre a realidade e as ideias, promovida por uma classe
burguesa como forma de obnubilar a apreensão da realidade pelos trabalhadores com o
intuito de explorá-los. De acordo com Marx, as ideologias surgem por meio de relações
sociais, econômicas e políticas, em contextos de ideias conflitantes, de contradições e
contrastes sociais manifestos em desigualdade de recursos, de direitos, de acesso a bens e
serviços.

Portanto, as ideologias podem ter por finalidade naturalizar conflitos para que eles sejam
considerados aceitáveis, na tentativa de normalizar, justificar, amenizar e mesmo ocultar as
tensões sociais. Assim, elas contribuem para a manutenção e reprodução de determinado
arranjo social, possibilitando que aqueles que, de alguma forma, são prejudicados e
poderiam insurgir-se contra ele, enxerguem-no como bom ou como impossível de ser
modificado. Marx aponta a ideologia como uma falsa consciência da realidade. Para ele, ela é
um instrumento de ocultamento da realidade utilizado pela classe dirigente para sobrepor-
se às demais classes com a aquiescência delas. O monopólio da produção intelectual e
cultural pela classe dominante permitiu que ela manipulasse, a seu favor, a valoração dos
fatos de maneira sistemática. Assim, as suas ideias prevaleceram e foram interiorizadas pelos
demais, ainda que para eles colocá-las em prática não representasse os mesmos benefícios.
Em síntese, para Marx, a ideologia é a percepção da realidade com base em uma perspectiva
sobre ela que vem da classe que tem o monopólio dos meios de produção material e
intelectual. A ideologia restringe a compreensão da realidade a uma única visão dos fatos, ou
seja, toma um recorte da realidade como se fosse a sua totalidade. Como parte
desse mecanismo da classe burguesa de alienar os trabalhadores quanto à sua própria
realidade, Marx identifica um processo que ele conceitua como fetichismo, isto é, a
dissociação entre a mercadoria e a forma como ela foi produzida.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3m7St3Y>. Acesso em: 29 jul. 2021.

Para saber mais!


O pensamento de Marx iniciou-se como uma crítica aos pensamentos de
Hegel. Segundo Marx, os movimentos dialéticos da sociedade se desenvolvem
como um resultado das condições materiais da vida dos homens, ou seja, não
são as ideias que formam a sociedade, mas as condições materiais dos homens
é que produzem as suas ideias e o seu modo de agir na sociedade. Não é a
religião que cria o homem, mas o homem que cria a religião, não é a
constituição que desenvolve um povo, mas um povo que desenvolve uma
constituição. Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que
determina a consciência. A raiz do homem é o próprio homem em sua
condição material, e não em sua condição ideal. A liberdade desse homem não
passa pela filosofia, pela teologia ou pela autoconsciência, mas pela sua
condição histórica e material. Dessa forma Marx acredita unir a teoria à
prática. E a libertação do homem começa pela libertação da sua exploração, e
libertá-lo de ser explorado passa pelo fim do capital, pois o capital é a
propriedade privada dos produtos do trabalho de outros homens. A
propriedade privada não existiu sempre, e nem sempre existirá, sendo uma
criação humana e como tal também pode ser modificada ou destruída. O
capital é o trabalho expropriado dos trabalhadores, o trabalho alienado dos
trabalhadores, surgindo da exploração dos trabalhadores e tornando-se
estranho a esses mesmos trabalhadores, pois não lhes pertence mais. Quanto
mais o trabalhador é explorado, mais o capital não é reconhecido por ele, da
mesma forma que quanto mais o homem põe em Deus, menos conserva de si e
para si. O trabalho é vida de trabalhador que se torna objeto, objeto que não
lhe pertence, que lhe é alheio, que lhe é alienado. O trabalhador, com seu
trabalho, cria objetos que não lhe pertencem mais, assim como a vida, em
forma de trabalho colocada nesses objetos, também não lhe pertence mais. A
vida do trabalhador torna-se estranha a esse mesmo trabalhador, isso é
alienação.

FONTE: <https://bit.ly/3yZIFwz>. Acesso em: 20 mar. 2021.

Como Marx se manifestava com relação à Educação?

Nas Instruções aos Delegados do Conselho Central Provisório da AIT, de


1868, Marx assim se manifesta:

Afirmamos que a sociedade não pode permitir que pais e patrões empreguem,
no trabalho, crianças e adolescentes, a menos que se combine esse trabalho
produtivo com a educação. Por educação entendemos três coisas: 1) Educação
intelectual. 2) Educação corporal, tal como a que se consegue com os
exercícios de ginásticas militares. 3) Educação tecnológica, que recolhe os
princípios gerais e de caráter científico de todo o processo de produção e, ao
mesmo tempo, inicia as crianças e os adolescentes no manejo de ferramentas
elementares dos diversos ramos industriais (MARX; ENGELS, 2006, p. 68).
Nas palavras de Marx, a educação relaciona-se com o trabalho.

Para Marx, a educação deve estar integrada ao trabalho produtivo desde a


infância. Isso não deve ser entendido como apologia à exploração do trabalho
infantil. É que para esse filósofo, o homem constrói sua humanidade em sua
práxis no mundo, por meio do trabalho. Ao transformar o mundo, também se
transforma. Pode-se dizer que o trabalho é a categoria fundante da
humanização, para Marx, e também um “princípio educativo” (LOMBARDI,
2008). Nessa perspectiva, a educação associada ao trabalho produtivo, tem a
função de reintegrar o trabalho intelectual ao trabalho manual (concepção e
execução), separados pela divisão social do trabalho nas sociedades
capitalistas. A intenção é que o trabalhador tenha uma compreensão integral
do processo produtivo e não esteja alienado do mesmo. Isso também pode ser
visto como uma possibilidade de superar a ruptura entre a ciência e o trabalho,
típica da produção industrial. Lombardi (2008, p. 11) destaca que a teoria
marxista entende que: “com o trabalho produtivo, a educação deveria
possibilitar o acesso aos conhecimentos historicamente produzidos pela
humanidade, em seus aspectos filosófico, científico, literário, intelectual,
moral, físico, industrial e cívico” (SAUL, 2014, p. 30)

Qual a grande contribuição da Educação na visão de Marx para o ser humano?

No bojo da filosofia proposta por Marx, a educação está associada ao conceito


de omnilateralidade e deve contribuir para o desenvolvimento integral do ser
humano, no sentido de promover o acesso à produção de cultura e a
construção de saberes. Sobre a referida concepção, Manacorda (1991, p. 81)
esclarece que:

A omnilateralidade é, portanto, a chegada histórica do homem a uma


totalidade de capacidades produtivas e, ao mesmo tempo, a uma totalidade de
capacidades de consumo e prazeres, em que se deve considerar, sobretudo, o
gozo daqueles bens espirituais [inclusa a educação], além dos materiais, e dos
quais o trabalhador tem estado excluído em consequência da divisão do
trabalho.

É importante salientar que, para Marx, a educação politécnica caminha lado a


lado com a concepção de omnilateralidade. É o próprio desenvolvimento do
capitalismo (e suas contradições) que cria bases para a sua implementação.
Em consonância desse entendimento, Lombardi (2008, p. 14) aponta que:

Os fundamentos dessa educação omnilateral e politécnica eram decorrência da


própria transformação da indústria, que constantemente revoluciona as bases
técnicas da produção, e com ela, a divisão do trabalho. Articulando o
desenvolvimento das forças produtivas com a implementação de
transformações nas bases técnicas de produção, cujas dimensões promovem
transformações na divisão do trabalho, é que Marx vislumbrou uma educação
mais ampla, integral e flexível.

Em contraposição à visão capitalista, o marxismo entende que a associação do


trabalho à educação politécnica não tem como objetivo principal o aumento da
produtividade e do lucro, mas está relacionada à questão do desenvolvimento
pleno das capacidades humanas, ou seja, à construção do homem omnilateral
(SAUL, 2014).

Para saber mais!

Qual a diferença entre socialismo e comunismo?

Há várias correntes da teoria marxista. Em uma delas, o socialismo é a etapa


de transição inevitável entre o sistema capitalista e o comunista. Este último
seria organizado sem divisão de classes sociais e suprimiria até a existência do
próprio Estado. Essa sociedade utópica nunca se concretizou, mas países e
partidos adotaram as ideias socialistas. Karl Marx (1818-1883) defendia que
os trabalhadores se unissem em uma revolução para acabar com o poder da
burguesia e a propriedade privada dos meios de produção. O objetivo era
instalar um sistema político voltado aos interesses dos trabalhadores (ou
proletários, termo do Manifesto do Partido Comunista, de 1848), em que o
dinheiro não fosse o foco. No socialismo, o governo controla a produção e a
distribuição dos bens.

FONTE: <https://bit.ly/3gfbMVj>. Acesso em: 21 mar. 2021.

A alienação de que fala Marx é consequência do afastamento entre os


interesses do trabalhador e aquilo que ele produz. De modo mais amplo, trata-
se também do abismo entre o que se aprende apenas para cumprir uma função
no sistema de produção e uma formação que realmente ajude o ser humano a
exercer suas potencialidades. Você já pensou se a educação, como é praticada
a seu redor, procura dar condições ao aluno para que se desenvolva por inteiro
ou se responde apenas a objetivos limitados pelas circunstâncias?

FONTE: <https://bit.ly/3iYkuJq>. Acesso em: 23 mar. 2021.

RESUMO DO TÓPICO
Neste tópico, você aprendeu que:

 A sociedade moderna se caracterizou por símbolos, valores,


representações e instituições marcadas por determinadas formas de
saber e de poder, ocupantes de uma posição hegemônica.

 A Idade Moderna pode ser entendida pelas grandes transformações


ocorridas no território europeu no período. Foi durante a Idade
Moderna que os europeus realizaram as Grandes Navegações e a
Expansão Marítima, criando as condições para a dominação de
continentes inteiros, como a África e a recém-conhecida América.

 Outros fatores influenciaram a vida moderna (Capitalismo


mercantilista, Grandes Navegações, Renascimento, Iluminismo,
Reforma Luterana). De uma vida essencialmente no campo, a Europa
passa a viver nas cidades, que nascem com o capitalismo mercantilista
e mais tarde com o capitalismo industrial.

 Sobre a produção do conhecimento, a Idade Moderna é um período de


grandes transformações. Essas transformações e o desenvolvimento da
ciência moderna levaram o ser humano a questionar os critérios e os
métodos usados para aquisição do conhecimento verdadeiro da
realidade.

 No início da Idade Moderna, a Europa ainda tinha como base religiosa


a Igreja Católica Apostólica Romana. Esta liderança foi abalada, com
um Movimento liderado por um Monge Agostiniano, Martinho Lutero,
que criticou as indulgências e certas normas católicas, provocando o
Movimento de Reforma Luterana ou Protestante.

 No aspecto cultural da Idade Moderna podemos destacar o


Antropocentrismo e o Renascimento.

 Durkheim nasceu em Épinal, na Alsácia. Descendente de uma família


de rabinos, iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior
de Paris, indo depois para Alemanha. Lecionou Sociologia em Bordéus,
primeira cátedra dessa ciência na França. Transferiu-se em 1902 para a
Sorbonne, para onde levou inúmeros cientistas, entre eles seu sobrinho
Marcel Mauss, reunindo-se em um grupo que ficou conhecido como
escola sociológica francesa. Morreu em Paris.

 Foi na cidade de Erfurt que nasceu Max Weber, em uma família de


burgueses liberais. Desenvolveu estudos de direito, filosofia, história e
sociologia. Iniciou a carreira de professor em Berlim e, em 1895, foi
catedrático em Heidelberg. Manteve contato permanente com
intelectuais de sua época, como Simmel, Sombart, Tönnies e Georg
Lukács. Na política, defendeu ardorosamente seus pontos de vista
liberais e parlamentarista e participou da comissão redatora da
Constituição da República de Weimar.

 A dominação é sempre resultado de uma relação social de poder


desigual, onde se percebe claramente a existência de um lado que
comanda (domina) e outro que obedece. Podemos assemelhar, assim, a
dominação a qualquer situação em que indivíduos são subordinados ao
poder de outros. No entanto, a dominação se difere das relações de
poder em geral por apresentar uma tendência a se estabilizar, a procurar
manter-se sem provocar confrontos.

 Marx nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836 matriculou-


se na Universidade de Berlim e doutorou-se em filosofia em Iena. Foi
redator de uma gazeta liberal em Colônia. Mudou-se em 1842 para
Paris, onde conheceu Friedrich Engels, seu companheiro de ideias e
publicações por toda a vida. Expulso da França em 1845, foi para
Bruxelas participar da recém-fundada Liga dos Comunistas. Em 1848
escreveu com Engels o Manifesto do Partido Comunista, obra
fundadora do marxismo enquanto movimento político e social a favor
do proletariado.

 A perspectiva de Karl Marx era uma perspectiva de Materialismo


Histórico e Dialético, ou seja, interpreta os acontecimentos históricos
como fatores econômicos sociais. O Materialismo Histórico é a parte
real da vida, coisas que os seres humanos precisam para sobreviver,
bem como capital, trabalho etc., ou seja, a base econômica é o seu
fundamento e a produção e reprodução da sociedade capitalista só se
realiza porque capitalistas e trabalhadores entram em uma relação de
dominação e exploração.

AUTOATIVIDADES
Unidade 1 - Tópico 2
1  Foi uma das formas encontradas pelos historiadores para se dividir a
história da humanidade. Seu recorte temporal inicia-se com a queda do
Império Bizantino e a tomada da cidade de Constantinopla pelo Império
Turco-Otomano, em 1453. Seu recorte final está delimitado com a Revolução
Francesa, em 1789. Esse período ficou conhecido como?

A) 

Idade Média.

B) 

Idade Contemporânea.

C) 

Idade Antiga.

D) 

Idade Moderna.

Responder

2  Os fatos sociais são apresentados por Durkheim como maneiras coletivas de


pensar, de sentir e de agir que estão presentes na realidade das sociedades,
estando diretamente vinculados aos aspectos morais que regem a vida das
pessoas e as relações que estas estabelecem entre si. Valores, costumes,
hábitos, regras, leis, normas e estruturas sociais são alguns dos componentes
que dão forma aos fatos sociais e, sobretudo, a sua capacidade de influenciar o
comportamento dos seres humanos a partir de fatores externos aos próprios
indivíduos. Sobre os Fatos Sociais, analise as sentenças a seguir:

I-    Em primeiro lugar, a generalidade corresponde à capacidade dos fatos


sociais exercerem o seu poder de influência sobre a totalidade ou sobre a
maioria dos membros de uma sociedade ou grupo social.

II-   Em segundo lugar, a exterioridade compreende e delimita a existência dos


fatos sociais independentemente das vontades pessoais.

III- Por fim, a coercitividade representa a condição de coerção social a qual os


indivíduos se tornam suscetíveis diante dos fatos sociais, o que permite com
que suas estruturas sejam alteradas sem grande capacidade de resistência.

Assinale a alternativa CORRETA:


A) 

Somente a alternativa I está correta.

B) 

Somente a alternativa III está correta.

C) 

Todas as alternativas estão corretas.

D) 

Somente as alternativas I e II estão corretas.

Responder

3  Nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836 matriculou-se na


Universidade de Berlim e doutorou-se em filosofia em Iena. Foi redator de
uma gazeta liberal em Colônia. Mudou-se em 1842 para Paris, onde conheceu
Friedrich Engels, seu companheiro de ideias e publicações por toda a vida.
Expulso da França em 1845 foi para Bruxelas participar da recém-fundada
Liga dos Comunistas. Em 1848 escreveu com Engels o Manifesto do Partido
Comunista, obra fundadora do marxismo, enquanto movimento político e
social a favor do proletariado. Com o malogro das revoluções sociais de 1848,
Marx mudou-se para Londres, onde se dedicou a um grande estudo da
economia e da política. Marx foi um dos fundadores da Associação
Internacional dos Operários, ou Primeira Internacional. Morreu em 1883, após
intensa vida política e intelectual. Suas principais obras foram: A Ideologia
Alemã, Miséria da Filosofia, Para a crítica da economia política, A Luta de
Classes em França e O Capital.

Sobre o conceito de alienação em Marx, assinale a alternativa CORRETA:

A) 

A partir do conceito de alienação Karl Marx propôs a tese de que o homem,


no contexto do Capitalismo, se aliena com relação ao fruto de seu trabalho e a
sua própria essência e espécie.

B) 

O sistema capitalista sustenta-se graças ao desenvolvimento tecnológico que


traz novos e modernos elementos e aumento da religiosidade.
C) 

O conceito de alienação aparece em Marx como equivalente de ilusão, falsa


consciência, concepção idealista na qual a realidade é invertida e as ideias
aparecem como motor da vida real.

D) 

Numa de suas frases mais famosas, escrita em 1845, o pensador alemão Karl
Marx dizia que, até então, os filósofos haviam alienado o mundo de várias
maneiras. "Cabe agora transformá-lo", concluía.

Responder

4  A obra "Escola de Atenas” é um afresco elaborado pelo artista renascentista


Rafael Sanzio, entre os anos de 1506 e 1510; e se encontra disponível ao
acesso e à visitação no Palácio Apostólico do Vaticano, em Roma. Trata-se de
uma alegoria que mostra um grupo de filósofos e pensadores de várias épocas
históricas, que rodeiam Aristóteles e Platão, ilustrando a retomada e
continuidade histórica do pensamento filosófico clássico. A obra também é
identificada como uma síntese do pensamento renascentista, que rompe
drasticamente com as ideologias que predominaram ao longo da Idade Média,
destacando o Renascimento comercial, urbano, artístico, bem como as grandes
navegações e a reforma religiosa. A partir do contexto do Renascimento,
disserte sobre os aspectos que prevaleceram nas mentalidades renascentistas.

Responder

5  Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim são considerados e identificados


como ‘sociólogos clássicos’ e seus pressupostos teóricos e metodológicos são
revisitados por estudiosos e pesquisadores até os dias atuais. Estes sociólogos
viveram e assistiram ao fortalecimento dos ideais Iluministas, da Revolução
Francesa, do positivismo, do capitalismo e da sociedade moderna industrial.
Foi neste momento que a Sociologia e os Estudos Sociais se consolidaram
como conhecimento científico. Diante disto, disserte sobre o contexto
econômico e as problemáticas sociais a partir de Marx e Weber.

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